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A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi designada relatora do pedido da Procuradoria-geral da República (PGR) para investigar o ministro da Educação, Milton Ribeiro, pelos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa. Caberá à ministra decidir sobre a abertura do inquérito e autorizar as diligências solicitadas pelo Ministério Público Federal na esteira da denúncia de captura do Ministério da Educação por pastores que intermediam o acesso a verbas da pasta - esquema revelado pelo Estadão.

Ao encaminhar ao Supremo, nesta quarta-feira (24), o pedido de abertura das apurações contra o ministro da Educação, o procurador-geral da República Augusto Aras já requereu a colheita de oito depoimentos: do próprio chefe do MEC; dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura; e dos prefeitos Nilson Caffer (Guarani D'Oeste - SP), Adelícia Moura (Israelândia - GO), Laerte Dourado (Jaupaci - GO), Doutor Santo (Jandira - SP) e Calvet Filho (Rosário - MA).

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O PGR também pediu o envio dos autos à Polícia Federal, para análise das "circunstâncias de produção" do áudio em que Ribeiro admite que prioriza o atendimento a prefeitos que chegam ao Ministério da Educação por meio dos pastores que integram o esquema de aparelhamento da pasta. Além disso, Aras quer que o órgão e que a Controladoria-Geral da União esclareçam o cronograma de liberação das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e os critérios adotados para os repasses.

Junto da solicitação de instauração de inquérito, Aras enviou à Corte máxima seis representações recebidas pelo Ministério Público Federal após a denúncia de aparelhamento religioso do MEC.

A petição do PGR acabou encaminhada ao gabinete de Cármen Lúcia, por prevenção, em razão de ter sido distribuído ao gabinete da ministra uma notícia-crime contra o presidente da República Jair Bolsonaro e o ministro da Educação em razão de acusações de mesmo teor. Como mostrou o Estadão, há ainda ao menos outras três petições enviadas por deputados e senadores ao Supremo, que devem ser incorporadas à investigação principal.

O MEC chegou a tentar blindar Bolsonaro de mais uma denúncia de irregularidade envolvendo seu governo, sustentando que o presidente não pediu tratamento preferencial a prefeitos ligados aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Aras, no entanto, considerou que, em nenhum momento, Milton Ribeiro "apontou falsidade" das denúncias feitas pela imprensa, inclusive admitindo encontros com os pastores do gabinete paralelo.

O prefeito Professor Kelton Pinheiro (Cidadania) da cidade de Bonfinópolis, no interior de Goiás, revelou que os pastores “do MEC” Gilmar Santos e Arilton Moura, apontados como operadores do gabinete paralelo criado no Ministério da Educação, chegaram a oferecer desconto de 50% na propina para liberação de verbas para escolas. Moura teria cobrado R$ 15 mil pelo serviço de envio de verbas, conseguidas através de negociações privilegiadas e extraoficiais com a pasta federal, devido à relação do lobby evangélico com o ministro Milton Ribeiro e o presidente Jair Bolsonaro (PL). 

O gestor fez a declaração ao Estadão na manhã desta quinta-feira (24). De acordo com Kelton, o desconto na propina foi oferecido pelo pastor Arilton Moura durante um almoço no restaurante Tia Zélia, em Brasília, após uma reunião com o ministro da Educação, Milton Ribeiro. 

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Segundo Kelton, o pastor Arilton disse que o valor da propina era de R$ 30 mil. No entanto, ele propôs o pagamento de R$ 15 mil ao prefeito, porque ele teria sido “indicado pelo pastor Gilmar”. O pastor Arilton Moura, narrou o prefeito, se aproximou deles depois de ter passado por outras mesas. "Sentou do meu lado, em um dos lados da mesa, falou: 'olha prefeito, eu vou ser direto com você. Tem lá um recurso para liberar com ministro, mas eu preciso de R$15 mil hoje'", afirmou Arilton Moura, de acordo com o relato. 

O gabinete paralelo 

Desde a semana passada, denúncias de um suposto gabinete no Ministério da Educação sugerem que o ministro Milton Ribeiro intermediou o interesse de pastores bolsonaristas através da pasta. Verbas bilionárias foram liberadas em negociações privilegiadas entre o MEC e essas lideranças religiosas, apesar de nenhum envolvido ter cargo oficial no governo. 

De acordo com áudio divulgado na segunda-feira (21) pelo jornal Folha de São Paulo, o ministro Ribeiro diz que houve um "pedido especial" do presidente Jair Bolsonaro para atender aos pedidos dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. 

Milton Ribeiro foi convocado para prestar depoimento na Comissão de Educação do Senado Federal. O chefe da pasta federal deve comparecer à Casa Legislativa na próxima quinta-feira (31). 

O colegiado também aprovou convites aos pastores beneficiados, Gilmar Santos e Arilton Moura; ao presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes da Ponte; e ao prefeito de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB). As datas ainda não foram definidas, mas a previsão é que a agenda seja estipulada após a oitiva do ministro. 

 

A Comissão de Educação (CE) aprovou nesta quinta-feira (24) convite ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, para explicar as acusações de que ele estaria envolvido em esquema irregular de distribuição de verbas da pasta a pedido do presidente da República, Jair Bolsonaro. A audiência para ouvir o ministro será na quinta-feira (31). Os senadores ainda aprovaram requerimento pedindo o comparecimento dos demais atores envolvidos nas denúncias, como o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Márcio Lopes da Ponte; os pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura; além de prefeitos que relataram o esquema.

Inicialmente os requerimentos (REQ 9/2022 e REQ 12/2022) apresentados pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Jean Paul Prates (PT-RN) sugeriam a convocação do ministro, no entanto, como o gestor manifestou ao presidente da comissão, Marcelo Castro (MDB-PI), disponibilidade em comparecer ao colegiado, o chamamento foi convertido em convite.

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Os senadores Wellington Fagundes (PL-MT) e Vanderlan Cardoso (PSD-GO) também estiveram com o ministro. Segundo eles, Milton Ribeiro manifestou desimpedimento para esclarecer os fatos.

"O ministro já se colocou a disposição. Será muito importante ouvir o ministro acerca desses assuntos aqui", disse Vanderlan.

Para Randolfe, os fatos que envolvem o ministro são “graves” e precisam ser apurados com urgência.

"As denúncias dão conta de crime, de tráfico de influência e de corrupção passiva, no mínimo. As denúncias mais recentes chegam ao ponto de indicar o pagamento de propina com barras de ouro que totalizaria R$ 300 mil a título de liberação de recursos. Os depoimentos e falas mais recentes do ministro da Educação inclusive não negam os fatos. Então, pela gravidade desses acontecimentos, se faz urgente que se ouça não só o ministro da Educação (...), se ouçam todas as pessoas envolvidas", afirmou.

As denúncias sobre o possível esquema no Ministério da Educação veio à tona após a divulgação de um áudio, pelo jornal Folha de São Paulo, em que Milton Ribeiro relata um “pedido especial” do presidente Jair Bolsonaro para priorizar liberação de verbas a aliados dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

De acordo com os relatos publicados na imprensa, os pastores são apontados como lobistas que atuavam no MEC para ajudar prefeitos a conseguir liberação de recursos públicos, em troca do pagamento de dinheiro. O esquema destinaria recursos do ministério para obras e compras de equipamentos escolares em cidades indicadas pelos pastores. O Procurador Geral da República, Augusto Aras, pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) investigue a atuação dos pastores.

Pastores e prefeitos

O senador Randolfe Rodrigues ainda apresentou um requerimento (REQ 11/2022), que foi votado como item extrapauta, para que os demais envolvidos nas denúncias possam ser ouvidos pela comissão. Os senadores aprovaram o chamamento do presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Márcio Lopes da Ponte; os pastores, Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura; além dos prefeitos Calvet Filho (Rosário-MA), Helder Aragão (Anajatuba-MA), Junior Garimpeiro (Centro Novo-MA), Marlene Miranda (Bom Lugar-MA) e Kelton Pinheiro (Bonfinópolis-GO). Os depoimentos serão agendados somente após a audiência com o ministro.

"De igual sorte, assim como os acontecimentos que envolvem o ministro da Educação necessitam o imediato esclarecimento da sua excelência no Plenário desta comissão, seria de bom tom ouvirmos as demais pessoas envolvidas nesse episódio", defendeu Randolfe durante a discussão.

Wellington Fagundes também considerou importante ouvir os nomes aprovados para que os fatos sejam esclarecidos.  

"Quanto mais claro pudermos deixar esse assunto, principalmente para nós que trabalhamos na Comissão de Orçamento", melhor.

*Da Agência Senado

O esquema de propina no Ministério da Educação (MEC) envolvia compra de Bíblias para serem distribuídas nas cidades e dinheiro para a igreja evangélica. Prefeitos de dois municípios afirmam que o pastor Arilton Moura, que faz parte do gabinete paralelo MEC, denunciado pelo Estadão, era quem fazia a negociação em troca de verbas do governo. Versões da Bíblia comentada por Gilmar Santos, outro pastor próximo de Ribeiro, foram distribuídas em um evento com o ministro na cidade de Nova Odessa, no interior de São Paulo. Santos é também o dono da editora Cristo para Todos, que produz os livros.

O prefeito de Bonfinópolis (GO), Professor Kelton (Cidadania), relatou ao Estadão que foi convidado para almoçar por um dos pastores após uma reunião no Ministério da Educação, no começo do ano passado. No restaurante, contou, Arilton disse que se o prefeito tivesse "interesse" em recurso para escola no município, o pastor poderia "organizar".

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"Mas eu quero R$ 15 mil", afirmou Arilton, segundo o perfeito. "Você tem que me dar R$ 15 mil para eu custear minhas despesas aqui, que eu tenho em Brasília."

Professor Kelton contou que disse ao pastor que o município não poderia fazer este tipo de pagamento, "que não era legal". "Eu, pessoalmente, não tenho condições de fazer isso."

Segundo um prefeito do interior paulista, que pediu para não ser identificado, a aquisição de Bíblias era uma condição prévia para que Ribeiro fosse até a cidade. O mesmo teria ocorrido em São João da Boa Vista, a 200 quilômetros da capital. Fontes ouvidas pelo Estadão disseram que as Bíblias deveriam ser compradas pela Prefeitura. A Constituição determina que o Brasil é um Estado laico, ou seja, que não incentiva ou tem relações econômicas com nenhuma religião específica. E a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) veda qualquer forma de proselitismo.

Gilmar Santos controla a editora Cristo Para Todos, que leva o mesmo nome do ministério religioso liderado por ele em Goiânia. A editora foi fundada em 2013 com capital social de R$ 110 mil no bairro Jardim América, onde fica também a sede da igreja.

No evento em Nova Odessa, houve pregação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que não têm cargo no MEC, mas direcionam a agenda do ministro. "Foi uma situação muito desconfortável, escandaloso para quem é da educação. Eles iam chamando as pessoas e pediam para retirar brindes, que era a Bíblia", contou uma secretária que esteve no evento e pediu para seu nome não ser publicado.

Ela disse que as Bíblias estavam em mesas junto a profissionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do MEC, que resolviam eventuais dificuldades das Prefeituras com merenda, transporte e materiais didáticos.

Representantes de prefeituras e pastores de igrejas da região, perto de Campinas, também foram chamados. Jovens da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) tentaram entrar, mas foram impedidos pela polícia.

Durante o atendimento a prefeituras em Nova Odessa, em cima do palco, o pastor Arilton Moura perguntou se a plateia sabia o motivo de eles estarem ali. "Porque vimos a necessidade do evangelismo em cada município desses", afirmou. Ao discursar, o ministro agradeceu o pastor Gilmar Santos e o chamou de "meu amigo, meu irmão".

Educadores de Nova Odessa reclamam da influência religiosa até na formação de coordenadores pedagógicos, com leitura de trechos da Bíblia e bênçãos. Procurado, o prefeito da cidade, Claudio José Schooder (PSD), conhecido como Leitinho, não respondeu até a conclusão desta edição.

PESQUISA. Em sua página do Facebook, Gilmar Santos diz que passou anos estudando as passagens da Bíblia que falam sobre cura e o livro seria um resultado dessa pesquisa. O nome da obra é Bíblia, Estudos da Cura Divina. O Estadão tentou contato com a editora, mas não obteve sucesso.

Em São João da Boa Vista, a visita do ministro foi em abril de 2021. Procurada pela reportagem, a prefeita Maria Teresinha de Jesus Pedroza (DEM) negou que tenha comprado Bíblias para distribuição durante o evento. "Ele fez um palestra no Teatro Municipal, houve um almoço e uma recepção. O ministro foi convidado para vir a São João através de contatos que temos na política", afirmou. "É um absurdo, como as pessoas podem inventar coisas, não teve nada de Bíblia, foi uma reunião de trabalho", completou.

O suposto gabinete paralelo estabelecido no Ministério da Educação não parece ter afetado o apoio da ministra Damares Alves, dos Direitos Humanos, ao amigo e ministro Milton Ribeiro, titular do MEC. Damares acredita que Ribeiro é uma pessoa “amada e honrada” e disse que, no caso de algum crime de corrupção ser encontrado, a culpa seria dos assessores do chefe da Educação. A declaração foi feita à coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, nesta quinta-feira (24). 

“Milton é uma pessoa amada e honrada. Se algum assessor aprontou tem que ser punido o assessor e não este grande ser humano que é o meu pastor Milton”, disse Damares. Questionada sobre a declaração do ministro de priorizar pastores acusados de pedir propina, a ministra desconversou. “Precisam ser responsabilizados, se for confirmado. Eles não podiam ter usado o nome de uma pessoa íntegra como o ministro Milton”, completou. 

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Pastor presbiteriano e ministro da Educação, Milton Ribeiro é suspeito de ter montado um gabinete paralelo com outros pastores na pasta, ainda que os demais líderes religiosos sequer tenham cargos no governo. O chamado lobby evangélico do MEC revelou que religiosos associados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus ministros atuavam na negociação de verbas federais bilionárias e conseguiam privilégio nas ações da Educação. 

De acordo com o jornal O Globo, os pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura, apontados como parte do gabinete, se encontraram pelo menos quatro vezes com o presidente Jair Bolsonaro em Brasília. A reportagem indicou que houve três encontros com o chefe do Executivo no Palácio do Planalto e um evento no Ministério da Educação, junto ao ministro Milton Ribeiro. 

Em áudio divulgado na segunda-feira (21) pelo jornal Folha de São Paulo, o ministro Ribeiro diz que houve um "pedido especial" de Bolsonaro para atender aos pleitos do pastor Gilmar Santos. 

- - > LeiaJá também: Vínculo de religiosos com governo é anterior a Milton 

 

O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para investigar o ministro da Educação, Milton Ribeiro, pelos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa. O ministro teria cometido os delitos ao permitir o aparelhamento religioso da estrutura do MEC com a criação de um gabinete paralelo operado por pastores evangélicos, conforme revelou a série de reportagens do Estadão.

No documento encaminhado ao gabinete do presidente do Supremo, Luiz Fux, o chefe da mais alta instância do Ministério Público Federal (MPF) afirma que as representações encaminhadas à PGR por parlamentares "portam grau de plausibilidade e lastro probatório material" que demandam a instauração de inquérito para "elucidação da possibilidade do cometimento dos delitos". Além do inquérito solicitado pela Procuradoria-Geral, existem outras quatro petições enviadas por deputados e senadores ao Supremo, que devem ser incorporadas à investigação principal.

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O procurador-geral solicitou ainda autorização para tomar outras medidas, como a coleta do depoimento de Milton Ribeiro, dos pastores acusados de operarem o gabinete paralelo e de todos os prefeitos citados nas reportagens que relatam o esquema. Aras também cobrou o envio para inspeção da Polícia Federal (PF) do áudio divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo, no qual o ministro da Educação atribui ao presidente Jair Bolsonaro (PL) a abertura das portas do Ministério para os líderes religiosos envolvidos na denúncia.

A PGR também exigiu que o Ministério da Educação (MEC) e a Controladoria-Geral da União (CGU) apresentem o cronograma de liberação das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e os critérios adotados na destinação do dinheiro.O inquérito tem prazo inicial de 60 dias para transcorrer. Ao determinar as medidas, Aras destacou que o ministro Milton Ribeiro em momento algum negou as revelações do Estadão.

"Da análise das alegações do Ministro representado, observa-se que este em momento algum negou ou apontou falsidade no conteúdo da notícia veiculada pela imprensa, admitindo, inclusive, a realização de encontros com os pastores nela mencionados", escreveu Aras.

Na última terça, 22, o MEC lançou uma nota para blindar Bolsonaro do escândalo. Mesmo com os áudios contestando a versão de Milton Ribeiro, a pasta da Educação se restringiu a dizer que o presidente não pediu tratamento preferencial a prefeitos ligados aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Em outro trecho, o Ministério diz apenas que os pedidos dos municípios são encaminhados para avaliação da área técnica.

Segundo Aras, "em que pese a sua menção (Milton Ribeiro) à 'nenhuma possibilidade de determinar a alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado', a posição por ele ocupada - na cúpula do órgão máximo da área de educação do país - proporciona-lhe direção política sobre o funcionamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e o seu respectivo cronograma".

"À ideia de que 'não há qualquer hipótese e nenhuma previsão orçamentária que possibilite a alocação de recursos para igrejas de qualquer denominação religiosa', se opõe o argumento de que não é apenas a destinação dos próprios recursos públicos a igreja que se inquina, mas a existência de uma potencial contrapartida à prioridade concedida na liberação dessas verbas", completou.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou nesta quarta-feira, 23, em entrevista à CNN Brasil que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não viu "nada de mais" no áudio vazado e que fica à frente da pasta.

"Presidente me ligou e disse: Milton, não vejo nada de mais que você falou no áudio e disse que eu estava gozando da confiança dele", relata o chefe da Educação. "O que ele Bolsonaro falou é que permaneço no cargo", acrescentou, dizendo que não deixa a cadeira, embora não tenha apego a ela.

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Ele ainda manteve a estratégia de isentar Bolsonaro do gabinete paralelo instalado no MEC. De acordo com o ministro, os pastores foram recebidos a pedido do presidente, mas não receberam tratamento especial. "Em nenhum momento o presidente pediu tratamento especial. Não pediu para atender, pediu para eu receber", disse. "Gostaria de registrar que eu recebo a todos".

O ministro ainda declarou que não pode responder pelos pastores envolvidos no suposto escândalo de corrupção.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse nesta quarta-feira (23) que se reuniu com o pastor Arilton - protagonista do gabinete paralelo na pasta revelado pelo Estadão - mesmo após ele mesmo ter denunciado o religioso à Controladoria Geral da União (CGU) por "conversas estranhas" e negou ter conhecimento do pedido de propina em ouro. "Se provar que eles fizeram, fui enganado", declarou o ministro em entrevista à CNN Brasil.

Como revelou a reportagem do Estadão, os pastores do gabinete paralelo cobraram 1 kg de ouro para a liberação de verbas a municípios.

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"Em agosto, fui a uma determinada cidade e ouvi um comentário dessa natureza que chegou. Não foi diretamente, e eventualmente eu, depois, recebi denúncia anônima de uma possível prática, não estou falando que houve, desse tipo de pedido, de intermediação", relatou Ribeiro, sem citar a palavra "propina". "Uma conversa que não era que achava boa", seguiu o ministro, que disse ter pedido à CGU a instalação de uma investigação sigilosa. "Chegou a respeito no nome de alguns, entre eles o pastor Arilton."

De acordo com Milton, os encontros com o pastor, que passou a ser investigado, se mantiveram, mas fora do MEC. "Imagina se uma hora para outra eu parasse de atendê-los? Eu não fiz isso", disse, sobre sua suposta estratégia de não deixar pistas da investigação.

O ministro reafirmou que os repasses a municípios se dão por critérios técnicos, e não pessoais. "Quando um pedido é feito, ele entra numa lista que é organizada pelos técnicos do FNDE." No entanto, como mostrou o Estadão, demandas intermediadas pelo gabinete paralelo foram liberadas em tempo recorde.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) entrou nesta quarta-feira, 23, com uma representação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro, por suposto crime de responsabilidade.

O pedido é para que o ministro seja afastado do cargo até a conclusão das investigações sobre o loteamento do orçamento do Ministério da Educação (MEC) a líderes evangélicos.

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"Os fatos evidenciam uma verdadeira negociata espúria em troca da destinação de verbas públicas", diz um trecho da representação.

Como mostrou o Estadão, pastores formam um gabinete paralelo no MEC, com controle da agenda e das verbas da pasta, e chegaram a pedir pagamentos em dinheiro e até em ouro em troca de conseguir a liberação de recursos para construção de escolas e creches.

O senador defende que é o caso de impeachment. Randolfe alega que a conduta do ministro viola os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência.

"As verbas destinadas à educação não podem ficar na mão de agentes estranhos ao Estado, servindo de moeda de troca para angariar apoio político e ganhos indevidos", escreve o senador.

A distribuição de recursos a partir de demandas pessoais, sem observar critérios técnicos, também é contestada na representação por suposta violação das diretrizes básicas das leis orçamentárias.

Além de atribuir crime de responsabilidade ao ministro da Educação, Randolfe também afirma que os detalhes noticiados até o momento indicam crimes de peculato, emprego irregular de verbas públicas, corrupção passiva, prevaricação e advocacia administrativa.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, que tem a atribuição de investigar o ministro em razão do foro por prerrogativa de função, acionou o STF mais cedo pedindo um inquérito não só contra Milton Ribeiro, mas também contra pastores, servidores e prefeitos envolvidos no esquema do gabinete paralelo do MEC.

Pressionado por uma ala da bancada evangélica a demitir o ministro da Educação, Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu aguardar mais um pouco. De acordo com relatos feitos ao Estadão/Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Bolsonaro prefere deixar o auxiliar em "banho-maria", enquanto avalia os desdobramentos do pedido de propina em ouro feito por um pastor que atua no gabinete paralelo do MEC. O caso foi revelado pelo Estadão.

Dois ministros da ala política do governo disseram à reportagem que não apostam na queda do colega, ao menos neste momento, por causa da boa relação de Ribeiro com Bolsonaro e a primeira-dama Michelle. O ministro é pastor presbiteriano. O escândalo, porém, rachou a base de Bolsonaro no meio evangélico. "Não seremos complacentes com quem quer que seja", disse nesta quarta-feira, 23, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica.

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Uma das ideias avaliadas no Palácio do Planalto é incentivar a saída de Ribeiro na reforma ministerial, prevista para o próximo dia 31. Neste caso, ele deixaria o MEC com o discurso de que vai concorrer a uma cadeira de deputado federal. O problema é que até agora ele não se filiou a nenhum partido e, com o escândalo, dificilmente conseguirá legenda.

De qualquer forma, esta seria uma maneira de o Palácio do Planalto responder à pressão pela saída do ministro sem que ele ficasse exposto ao constrangimento de perder o cargo no auge da crise.

Até agora, a orientação dada a Ribeiro pelo núcleo duro do governo é a de agir com cautela e evitar qualquer exposição que aumente a temperatura. O ministro cancelou viagens e mantém apenas agendas internas. Nesta quarta-feira, 23, ele recebeu no gabinete o senador Wellington Fagundes (PL-MT). Passou um café para o convidado e se mostrou disposto a prestar esclarecimentos no Congresso.

O escândalo no coração do MEC, no entanto, tem aumentado e continuará no radar do governo. O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de uma investigação contra os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, responsáveis pela intermediação de agendas e verbas no ministério, como tem mostrado o Estadão em uma série de reportagens.

Três pastores evangélicos com trânsito no governo relataram mal-estar com a situação, mas disseram que vão dar um "voto de confiança" a Ribeiro. O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, no entanto, não foi na mesma linha. Para Sóstenes, a nota do ministro não foi suficiente para esclarecer as graves denúncias e "atos isolados" de dois pastores "não vão manchar a imagem" dos religiosos. "Não temos problema nenhum de entregar quem quer que seja nas mãos da Polícia Federal", disse o deputado.

Um dos pastores que controlam um gabinete paralelo no Ministério da Educação pediu pagamentos em dinheiro e até em ouro em troca de conseguir a liberação de recursos para construção de escolas e creches, disse ao Estadão/Broadcast o prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB). Segundo o prefeito, o pastor Arilton Moura solicitou R$ 15 mil antecipados para protocolar demandas da prefeitura e mais um quilo de ouro após a liberação dos recursos.

"Ele (Arilton) disse: ‘Traz um quilo de ouro para mim’. Eu fiquei calado. Não disse nem que sim nem que não", afirmou Braga, que diz não ter aceitado a proposta.

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O prefeito afirmou que a conversa ocorreu em abril de 2021 durante almoço no restaurante Tia Zélia, em Brasília, logo após uma reunião com o ministro Milton Ribeiro no Ministério da Educação. A reunião no MEC, fora da agenda oficial do ministro, foi uma das diversas solicitadas pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos.

"Ele disse que tinha que ver a nossa demanda, de R$ 10 milhões ou mais, tinha que dar R$ 15 mil para ele só protocolar (a demanda no MEC). E, na hora que o dinheiro já estivesse empenhado, era para dar um tanto, X. Para mim, como a minha região era área de mineração, ele pediu 1 quilo de ouro", afirmou Braga ao Estadão/Broadcast. Na cotação desta terça-feira, 22, um quilo de ouro valia R$ 304 mil.

"Ele (Arilton) falou, era um papo muito aberto. O negócio estava tão normal lá que ele não pediu segredo, ele falou no meio de todo mundo. Inclusive, tinha outros prefeitos do Pará. Ele disse: ‘Olha, para esse daqui eu já mandei tantos milhões, para outro, tantos milhões’", declarou, se referindo a verbas do MEC. "Assim mesmo eu permaneci calado, não aceitei a proposta", disse o prefeito. Braga afirmou que até hoje não recebeu os recursos que solicitou no MEC.

DEMANDAS

Também nesse encontro, segundo o Estadão/Broadcast apurou, o pastor repassou o número da sua conta-corrente para que prefeitos anotassem e pudessem fazer os repasses da taxa de R$ 15 mil, apenas para dar entrada nas demandas ao ministério. Um dos presentes relatou que, após deixar "as demandas na mão" de Arilton, recebeu a conta do pastor para que o dinheiro fosse transferido. Como não efetuou a transferência, o pedido "não foi protocolado".

No encontro que antecedeu o almoço, o ministro teria afirmado que havia muitos recursos no MEC e estimulou prefeitos a buscarem verbas para seus municípios.

PROVA

Um vídeo postado no perfil da prefeitura de Luís Domingues no Instagram comprova que Braga esteve em Brasília e se reuniu com Ribeiro em abril de 2021. "O prefeito Gilberto Braga está nesse (sic) momento em Brasília na reunião dos prefeitos maranhenses com ministro da Educação, Milton Ribeiro, senador Roberto Rocha e a equipe do MEC", diz trecho da legenda do vídeo.

O Estadão/Broadcast revelou com fotos, vídeos e documentos públicos que os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura têm livre acesso ao gabinete do ministro Milton Ribeiro e participaram de 22 reuniões no MEC.

A reportagem procurou os pastores para questionar sobre o relato de pedido de pagamento. Arilton não quis se manifestar. "Não, não vou comentar", disse. Gilmar Santos não atendeu. O jornal não conseguiu contato com o MEC. Em conversas anteriores com o Estadão/Broadcast, os pastores confirmaram que usaram a relação com Ribeiro para abrir as portas do MEC aos prefeitos. E negaram ter pedido contrapartida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A dupla de pastores que capturou o gabinete do ministro da Educação, Milton Ribeiro, como revelou o Estadão, conseguiu emplacar um homem de confiança com acesso a dados privilegiados da pasta na Secretaria Executiva, o órgão que gerencia e administra a estrutura do ministério. O advogado Luciano de Freitas Musse, nomeado gerente de projetos em abril do ano passado pelo próprio ministro, atua como apoio aos religiosos que oferecem a prefeitos o serviço de agilizar repasses de verbas destinadas à construção de escolas.

Antes de ocupar o cargo no MEC, Musse acompanhava os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em agendas no gabinete de Ribeiro. No dia 6 de janeiro de 2021, os registros oficiais mostram uma "visita de cortesia" de Arilton em que ele estava acompanhado pelo advogado. O solicitante do encontro foi o pastor. Em ao menos outras quatro agendas oficiais, a presença de Musse como integrante da comitiva dos pastores também é registrada.

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A atuação de Musse é questionada por quem acompanha o setor. "Toda vez que a decisão sobre a alocação de recursos públicos cai nas mãos de pessoas inexperientes ou que não visam o bem comum, o mínimo que acontece é um risco ao dinheiro público. E, no limite, pode ser criminoso", disse o professor João Marcelo Borges, pesquisador da área de políticas educacionais na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O pesquisador vê um enfraquecimento do Plano de Ações Articuladas (PAR), o sistema de planejamento da área da educação. "Quanto mais o MEC se afasta das regras do PAR, mais risco ele corre de acabar distribuindo recursos apenas por razões políticas."

Em uma série de reportagens, o Estadão revelou que os pastores não têm vínculos com a administração pública nem com o setor de ensino, mas têm acesso privilegiado à estrutura do ministério. Áudios e imagens revelados pelas reportagens mostram Ribeiro creditando aos dois a "instrumentalidade" da pasta.

USURPAÇÃO

Por meio de um gabinete paralelo, os pastores levam prefeitos para reuniões com o ministro e, dias depois, os pleitos são contemplados. O Estadão mostrou que ao menos R$ 9,7 milhões foram pagos ou empenhados após agendas solicitadas pelos religiosos da igreja Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus, com sede em Goiânia. Somente em termos de compromisso foram firmados R$ 160 milhões em dezembro por interferência direta dos pastores. Para advogados, a atuação dos pastores pode configurar crime de tráfico de influência e de usurpação de função pública.

Os pastores também já tiveram acesso ao Palácio do Planalto, sendo recebidos pelo menos duas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro. As portas do governo foram abertas aos dois religiosos pelo deputado João Campos (Republicanos-GO), que é pastor da Assembleia de Deus Ministério Vila Nova, ligado à convenção de Madureira.

O prefeito de Jaupaci (GO), Laerte Dourado (Progressista), esteve no MEC em busca de um investimento de R$ 800 mil para a área da educação da cidade em duas oportunidades no ano passado. Ele disse à reportagem que chegou aos pastores por intermédio de "Luciano". "Acho que ele é de Goiânia, mas eles têm propriedade no meu município", disse Dourado.

'FACILIDADES'

O Estadão apurou que Musse repassa aos pastores informações sobre convênios travados sobre os quais eles possam se apresentar para resolver. Além de acesso a convênios, há informações sobre o andamento de liberação de recursos. Segundo um prefeito que pediu para não ser identificado, eles identificam "dificuldades" e os pastores apresentam "facilidades".

À reportagem, Musse negou que tenha sido indicado ao cargo por Gilmar e Arilton. O advogado admitiu que conhece os religiosos, mas desligou o telefone quando foi questionado sobre as agendas que teve no Ministério da Educação como integrante da comitiva da igreja Cristo para Todos. Não ligou mais de volta.

A Secretaria Executiva dos ministérios é a estrutura onde ficam a execução e o acompanhamento das políticas e as grandes iniciativas da pasta. O gerente de projetos, cargo em que os pastores emplacaram seu aliado, possui o portfólio dos principais trabalhos que o ministério toca e faz esse acompanhamento. "Ter um cargo assim é bom, é estratégico, importante", afirmou um técnico do ministério.

Uma das prefeituras que foram atendidas pelo MEC depois de agenda intermediada pelos pastores foi a de Guatapará (SP). O município, de 8 mil habitantes, recebeu, ano passado, R$ 214 mil do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a compra de ônibus escolares. O pedido estava represado desde junho de 2019, mas foi liberado depois que representantes da cidade estiveram no MEC acompanhados dos pastores, em 23 de dezembro de 2020 e em 27 de maio de 2021.

O secretário de Administração de Guatapará, Ailton Aparecido da Silva, é pastor e disse à reportagem que fundou uma filial da igreja Cristo para Todos, há três anos, na cidade. Afirmou que não é obrigado a fazer repasses financeiros para a matriz da entidade religiosa, cujo líder é Gilmar Santos. O nome do secretário consta de uma agenda na qual o Gilmar foi o solicitante.

EXONERAÇÃO

Na sexta-feira passada, quando o Estadão revelou a influência de pastores sobre a agenda e a liberação de verbas do Ministério da Educação, o ministro Milton Ribeiro exonerou um de seus assessores especiais. Odimar Barreto dos Santos é apontado como representante de interesses do gabinete paralelo formado por religiosos na estrutura da pasta.

A exoneração de Odimar Santos foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União. Além de major da reserva da Polícia Militar de São Paulo, ele atua como pastor da Igreja Presbiteriana Jardim de Oração, em Santos (SP), da qual faz parte o ministro Milton Ribeiro. Dentro do MEC, Odimar era apontado como um dos responsáveis por fazer a interlocução com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

Desde que a dupla de religiosos passou a intermediar o acesso de prefeitos à pasta e ao ministro da Educação, no começo do ano passado, Odimar era presença constante nas reuniões promovidas pelos pastores.

Nos registros oficiais do MEC, o então assessor aparece em boa parte das reuniões nas quais Gilmar Santos e Arilton Moura estiveram presentes, sendo várias delas com Milton Ribeiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A atuação de um grupo de pastores para liberar verbas públicas no Ministério da Educação (MEC) provocou reações no Congresso nesta terça-feira, 22, chegou ao Ministério Público, ao Judiciário, ao Tribunal de Contas da União (TCU) e culminou em uma série de pedidos para investigar o titular da pasta, Milton Ribeiro. Pelo menos uma das ações mira também o presidente Jair Bolsonaro (PL). No fim do dia, deputados e senadores começaram a colher assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o objetivo de apurar o gabinete paralelo em funcionamento no MEC. O caso foi revelado pelo Estadão.

No Congresso, até aliados do governo cobraram uma investigação e a saída de Ribeiro. Partidos do Centrão, como PL, Republicanos e Progressistas, estão de olho na vaga. O MEC tem um orçamento de aproximadamente R$ 280 bilhões, um dos maiores da Esplanada, e o escândalo preocupa Bolsonaro, que é candidato à reeleição em outubro.

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), disse que Ribeiro precisa se explicar. "Não pode haver dúvidas com relação à seriedade tanto do trabalho do ministro, principalmente da Educação, quanto do ministério", afirmou Lira. "Se o áudio for como é, extrapola as atividades do ministro e da pasta."

Em uma conversa gravada, Ribeiro admitiu dar prioridade ao atendimento a prefeitos que chegam ali por meio dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, como noticiou o jornal Folha de S. Paulo. Dentro do ministério, Ribeiro afirmou a prefeitos que a prática atende a uma solicitação de Bolsonaro. Indicou, ainda, que existe cobrança de uma contrapartida pela liberação de recurso.

Ao se manifestar pela primeira vez sobre o caso, na tarde de ontem, porém, o ministro negou favorecimento de cidades na liberação de verbas, mas admitiu a relação com os pastores (mais informações nesta página). Diante da nova crise política, até mesmo a bancada evangélica pediu esclarecimentos a Ribeiro. O que mais desagradou à bancada foi o fato de os pastores Gilmar e Arilton - que controlam a agenda do MEC e participam de reuniões nas quais é discutida a distribuição dos recursos - serem totalmente "desconhecidos" em Brasília.

Em agenda no Tocantins, Bolsonaro disse que zela pelo dinheiro público, mas não citou o MEC. "Quero dizer da satisfação de estar à frente do Executivo federal, buscando atender a todos os brasileiros, zelando pelo dinheiro público", disse ele. "Estamos há três anos e três meses sem corrupção no governo federal."

Parlamentares afirmaram que vão acionar a Procuradoria-Geral da República para que Ribeiro seja investigado por suspeita de improbidade administrativa. Os deputados Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e Túlio Gadelha (PDT-PE) protocolaram pedidos para que a PGR apure as denúncias contra o ministro. O pedetista também apresentou requerimento para que Ribeiro seja convocado a prestar esclarecimentos na Câmara.

Como mostrou o Estadão, o gabinete paralelo é capitaneado por Gilmar Santos e Arilton Moura, que, mesmo sem vínculos com a administração pública, atuam como intermediários de prefeitos no MEC para facilitar a liberação de verba.

O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), os deputados Felipe Rigoni (União-ES), Tabata Amaral (PSB-SP) e o secretário municipal de Educação do Rio, Renan Ferreirinha (PSD), entraram com uma ação na PGR contra Ribeiro. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) ajuizou no Supremo Tribunal Federal notícia-crime contra o ministro.

CPI

Presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, o deputado Professor Israel (PV-DF) disse estar confiante na criação da CPMI para investigar suspeita de irregularidades no MEC. Para ser aberta uma comissão precisa do apoio de 172 deputados e 26 senadores. O deputado calcula que terá as assinaturas necessárias até a próxima semana.

A liderança da Minoria na Câmara encaminhou ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, uma representação contra Bolsonaro e Ribeiro pelos crimes de advocacia administrativa e prevaricação. Deputados e senadores também pediram a convocação de Ribeiro ao Congresso. Uma representação chegou ao TCU pedindo a apuração de irregularidades "na gestão financeira, e operacional" do MEC.

CARGO

A briga pelo Ministério da Educação começou há alguns meses, quando o governo pediu a Ribeiro que se filiasse a um partido. Ele, no entanto, não concordou. Agora, há a possibilidade de essa ideia voltar para que Ribeiro saia do MEC sem ser demitido. Ontem, segundo interlocutores, o próprio ministro teria admitido que pode deixar a pasta e indicar o secretário executivo Victor Godoy Veiga para o seu lugar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, 23, a abertura de uma investigação contra os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, pela atuação deles no Ministério da Educação (MEC). O pedido tem como base representações de parlamentares a partir de uma série de reportagens do Estadão que revelou a existência do gabinete paralelo e a cobrança de propina em dinheiro e um quilo de ouro para prefeitos em troca de recursos para a construção de creches e escolas públicas nos municípios.

Conforme apurou o Estadão, logo após as revelações, subprocuradores-gerais se movimentaram para encaminhar representações a Aras contra o ministro da Educação, mas a iniciativa foi abandonada na medida em que parlamentares recorreram à Justiça para cobrar respostas ao gabinete paralelo. A avaliação dos integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) é de que a maior parte das denúncias deverá ser analisada pela primeira instância no Distrito Federal, sobretudo as acusações de improbidade.

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Na última terça-feira, 22, diversos parlamentares de oposição acionaram a PGR e outras instâncias do Ministério Público (MP), como a Procuradoria da República no Distrito Federal, para cobrar investigações que levem à responsabilização dos pastores, do ministro da Educação e do presidente Jair Bolsonaro (PL), tido como o responsável por abrir as portas do MEC para as lideranças religiosas.

Os deputados federais Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e Túlio Gadêlha (PDT-PE) acionaram a PGR com requerimentos pela abertura de investigação contra Milton Ribeiro por suspeita de prática dos crimes de responsabilidade e de improbidade administrativa ao conferir poderes institucionais a pastores sem cargos públicos. O pedetista ainda protocolou um requerimento de convocação do ministro da Educação para prestar esclarecimentos no plenário da Câmara sobre as revelações do Estadão.

Além do pedido de investigação encaminhado por Aras ao STF, a Liderança da Minoria na Câmara e o senador Fabiano Contarato (PT-ES) também acionaram a Suprema Corte cobrando providências contra o esquema de controle da agenda e dos recursos do MEC. O inquérito solicitado pelo procurador-geral deve ser distribuído por prevenção à ministra Cármen Lúcia, que relata outros processos com o mesmo tema.

As digitais do pastor Arilton Moura Correia estão no Palácio do Planalto. Ou vice-versa. Os registros do prédio de trabalho do presidente Jair Bolsonaro marcam 19 datas com entradas do religioso nos primeiros nove meses do governo.

Entre janeiro e setembro de 2019, logo no primeiro ano de mandato, o líder evangélico, integrante de um gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC) através do qual intermediava liberação de verbas, só não aparece em visita ao palácio presidencial em março.

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Das 19 datas com registros de entrada, via “Lei de Acesso à Informação”, em 4 ocasiões estão registradas entradas múltiplas em um mesmo dia, somando 23 registros de entrada no Planalto no período citado (ver abaixo). Além do gabinete presidencial, no Palácio do Planalto funcionam a Casa Civil, a Secretaria-Geral e o GSI.

REGISTROS DE ENTRADA DE ARILTON MOURA CORREIA NO PALÁCIO DO PLANALTO ENTRE JANEIRO E SETEMBRO DE 2019

Janeiro:

ARILTON MOURA CORREIA 16/1/2019 17:50

Fevereiro:

ARILTON MOURA CORREIA 20/2/2019 14:44

Março:

Sem entradas

Abril de 2019:

ARILTON MOURA CORREIA 24/4/2019 17:23

ARILTON MOURA CORREIA 25/4/2019 09:35

ARILTON MOURA CORREIA 25/4/2019 15:47

ARILTON MOURA CORREIA 29/4/2019 08:51

Maio:

ARILTON MOURA CORREIA 16/5/2019 17:16

ARILTON MOURA CORREIA 22/5/2019 17:35

ARILTON MOURA CORREIA 23/5/2019 15:48

Junho:

ARILTON MOURA CORREIA 5/6/2019 15:19

ARILTON MOURA CORREIA 6/6/2019 16:32

ARILTON MOURA CORREIA 7/6/2019 15:14

Julho:

ARILTON MOURA CORREIA 4/7/2019 14:24

ARILTON MOURA CORREIA 4/7/2019 16:50

ARILTON MOURA CORREIA 10/7/2019 16:52

ARILTON MOURA CORREIA 31/7/2019 15:27

Agosto:

ARILTON MOURA CORREIA 8/8/2019 11:34

ARILTON MOURA CORREIA 8/8/2019 13:33

ARILTON MOURA CORREIA 21/8/2019 14:07

ARILTON MOURA CORREIA 22/8/2019 13:56

ARILTON MOURA CORREIA 28/8/2019 14:51

ARILTON MOURA CORREIA 28/8/2019 16:14

Setembro:

ARILTON MOURA CORREIA 5/9/2019 14:54

Reportagens do Estado de São Paulo (Breno Pires, André Shalders e Júlia Affonso) ao longo desta semana mostraram que os pastores evangélicos Arilton Moura e Gilmar Santos formam um gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC), através do qual conseguiram pagamentos e reservas de valores (os chamados “empenhos”) em torno de R$ 9,7 milhões num tempo recorde depois de participarem de agenda com a pasta.

Ontem, a Folha de São Paulo (Paulo Saldaña), revelou áudio de conversa gravada onde o ministro Milton Ribeiro afirma que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos dois pastores. O ministro disse ainda nas conversas que isso atende a uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Depois que o escândalo explodiu, o ministro tentou voltar atrás contrariando o próprio áudio na tentativa de isentar o presidente, afirmando que Bolsonaro não teria “pedido atendimento preferencial a ninguém”. Contrariando também a proximidade expressa nos registros de entrada do Palácio do Planalto

Entradas de pastor no Palácio do Planalto mostram muito mais visitas do que o vice Hamilton Mourão

Existem registros fotográficos da presença dos pastores reunidos no Palácio com Jair Bolsonaro mas até aqui não se sabia da dimensão dessa presença. As 19 datas e 23 registros de entrada do pastor que intermediava verbas são um número muito mais expressivo do que as visitas do próprio vice-presidente, Hamilton Mourão, que no mesmo período só tem 5 entradas registradas no palácio presidencial.

Outro lado:

A reportagem enviou pedido de resposta para a presidência da república mas não obteve resposta. E não obteve o contato do pastor Arilton Moura Correia. Caso venham a se manifestar, será publicado aqui.

Nota da reportagem:

O período dos registros de entrada no Palácio do Planalto entre janeiro e setembro de 2019 é apenas a mostra de um pequeno recorte temporal, possível por ser de um pedido de LAI anterior. Sendo assim possível que as visitas do pastor Arilton Moura Correia ao Palácio do Planalto tenham prosseguido e estejam em número ainda mais elevado.

Por Lúcio de Castro, da Agência SportLight

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) minimizou o pedido de propina em ouro pelos pastores do gabinete paralelo do MEC, revelado pelo Estadão. Ele chamou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, de "pessoa honesta" e declarou que não vê problemas em o líder da Esplanada seguir no governo. Por outro lado, o general disse aguardar esclarecimentos sobre o caso.

"Não tenho mais detalhes para emitir qualquer opinião. A visão que tenho do trabalho do ministro Milton é que é pessoa honesta, tem honestidade de propósitos, é uma pessoa extremamente educada, cautelosa nas coisas. Então, acho que tem que esclarecer melhor essa situação para chegar à conclusão do que realmente ocorreu, e se realmente houve algo que não seja realizado dentro dos princípios da administração pública", declarou o vice-presidente a jornalistas nesta quarta-feira, na chegada ao Palácio do Planalto.

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Como mostrou o Estadão, o prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), afirma que o pastor Arilton Moura pediu R$ 15 mil antecipados para protocolar demandas da prefeitura na pasta e mais um quilo de ouro após a liberação dos recursos.

"Enquanto não houver esclarecimento a respeito disso aí, acho que não há problema de ele continuar no governo, até pela forma que o ministro se comporta. Tenho muito respeito por ele", seguiu Mourão, que ainda considerou a hipótese de o áudio em que Ribeiro envolve o presidente Jair Bolsonaro (PL) no favorecimento a pastores ser uma montagem. "Você não sabe se foi editado. A gente não pode, a priori, chegar e emitir um juízo de valor".

De acordo com o general, pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, é preciso saber qual o valor executado após o intermédio dos pastores. "Tem que ver qual o valor que foi executado, se realmente houve tráfico de influência, se os recursos estavam fora do planejamento que já havia, se eles foram executados de forma correta. Tem uma porção de coisas que têm que ser verificadas, para que a gente possa chegar e dizer ‘isso está totalmente errado’", minimizou.

Eleições 2022

Mourão ainda disse que não foi convidado para o lançamento da pré-candidatura de Bolsonaro à reeleição, marcada para o próximo domingo, às 9h, em Brasília. "Se eu for convidado, eu vou", afirmou a jornalistas.

O vice-presidente também comentou a filiação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin ao PSB, que acontece nesta quarta-feira, em meio às negociações para o ex-tucano ser o vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.

"Quem conhece a trajetória do Alckmin acha estranha essa mudança de comportamento dele. Se é para concorrer junto com Lula é algo mais estranho ainda. Um chamava o outro de ladrão e agora vão ficar abraçados? Na minha ética isso não funciona", disse o general.

Os pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura se encontraram pelo menos quatro vezes com o presidente Jair Bolsonaro (PL) em Brasília, de acordo com O Globo. O chamado lobby evangélico no Ministério da Educação, que recentemente chegou à mídia nacional, revela que religiosos associados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus ministros, mesmo sem ter cargos no governo, atuavam na negociação de verbas federais da pasta e conseguiam privilégio nas ações da Educação. 

A reportagem indica que houve três encontros com o chefe do Executivo no Palácio do Planalto e um evento no Ministério da Educação, junto ao ministro Milton Ribeiro. Em áudio divulgado na segunda-feira (21) pelo jornal Folha de São Paulo, o ministro Ribeiro diz que houve um "pedido especial" de Bolsonaro para atender aos pleitos do pastor Gilmar Santos. 

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De acordo com a agenda presidencial, dois dos encontros aconteceram no primeiro ano de mandato, em 2019: nas duas ocasiões em eventos com outras lideranças evangélicas. Em 2020, Bolsonaro novamente recebeu o pastor Gilmar Santos em seu gabinete para uma reunião privada. No mesmo dia, logo após o encontro com o Bolsonaro, o religioso foi ao Ministério da Educação se encontrar com Milton Ribeiro, de acordo com os horários das reuniões. 

Em fevereiro de 2021, após evento no Ministério da Educação, o pastor Gilmar Santos publicou nas redes sociais que levou mais de 40 prefeitos de quatro estados "para tratar dos avanços e desafios da educação atual" para a sede da pasta. 

À reportagem, o MEC emitiu uma nota na qual negou que o presidente Jair Bolsonaro tenha pedido atendimento preferencial à prefeituras apadrinhadas por pastores. Ribeiro afirmou ainda que todas as solicitações feitas à pasta são encaminhadas para avaliação da área técnica. 

O comunicado ainda diz que "desde fevereiro de 2021 foram atendidos in loco 1.837 municípios em todas as regiões do País, em reuniões eminentemente técnicas organizadas por parlamentares e gestores locais, registradas na agenda pública do Ministério, estabelecendo relação direta entre o MEC e os entes federados".   

- - > LeiaJá também: Vínculo de religiosos com governo é anterior a Milton 

 

O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que conversou com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, sobre o gabinete paralelo de pastores que controlam as verbas do Ministério. O deputado afirmou esperar explicações do titular do MEC até esta quarta-feira (23) de manhã, quando se pronunciará em nome da bancada, mas evitou dizer se a nota divulgada mais cedo pelo ministro é "suficiente".

Como revelou o Estadão, a atuação de Ribeiro tem sido dirigida por um grupo de religiosos sem nenhum vínculo com o MEC ou o tema Educação. Capitaneado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura, o "gabinete paralelo" age para facilitar a liberação de recursos, permitir o acesso de outras pessoas ao ministro e interferir na gestão da Pasta.

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"Falei com o Ministro e disse a ele que não vou me manifestar até amanhã de manhã (hoje) para dar o tempo a ele para ele trazer explicações ao caso", declarou Sóstenes. Em nota divulgada na tarde de terça-feira, Ribeiro disse que Bolsonaro não ordenou "atendimento preferencial a ninguém", ao contrário do que mostrou áudio divulgado pela Folha de S.Paulo. Ele também negou favorecer determinados grupos em detrimento de outros.

"Registro ainda que o presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem", afirmou Ribeiro, na nota divulgada pelo MEC.

Sóstenes também procurou se distanciar de Ribeiro. "O Ministro não foi indicação da Frente Evangélica, aliás nenhum dos ministros evangélicos do governo teve a indicação da FPE. Logo, se não temos indicação, não temos que pedir troca do que nunca indicamos", respondeu, ao ser questionado se defenderia a demissão do ministro.

Na sexta-feira (18), Sóstenes havia dito ao Broadcast Político que iria conversar sobre o assunto com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dois estavam juntos em agenda no Acre e retornaram a Brasília naquele mesmo dia. "Isso não é papel de líderes religiosos, mas sim de parlamentares. Para isso disputamos eleição", afirmou Sóstenes, que é próximo do governo e do mesmo partido do chefe do Executivo.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), por sua vez, disse nesta terça que não pode haver dúvidas sobre o trabalho do ministro Milton Ribeiro. O deputado, contudo, afirmou que ainda não ouviu o áudio em que o chefe do MEC diz atender às demandas do grupo de religiosos a pedido de Bolsonaro.

"Eu não sei em que quadrante, em que situação ele falou isso. Ele é que tem que se explicar com relação a isso. Não pode haver dúvidas com relação à seriedade tanto do trabalho do ministro, principalmente da Educação, quanto do Ministério", disse Lira.

Após repercutir no meio político a atuação do gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta terça-feira, 22, que não pode haver dúvidas sobre o trabalho do ministro Milton Ribeiro. O deputado, contudo, disse que ainda não ouviu o áudio em que o chefe do MEC diz atender às demandas do grupo de religiosos a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Eu não ouvi o áudio, a gente teve o dia cheio de reuniões", disse Lira. "Eu não sei em que quadrante, em que situação ele falou isso. Ele é que tem que se explicar com relação a isso. Não pode haver dúvidas com relação à seriedade tanto do trabalho do ministro, principalmente da Educação, quanto do Ministério", acrescentou.

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Lira afirmou que é preciso aguardar os desdobramentos. "Eu já soube que houve pedidos de posicionamento inclusive por parte da bancada evangélica. Vamos esperar com serenidade para ver o que acontece", disse. Ao ser questionado sobre o trabalho de Milton Ribeiro no comando do MEC, o presidente da Câmara disse que essa avaliação cabe a Bolsonaro, e não ao Congresso.

"Cada um tem o direito de se posicionar. Se tiver alguma coisa que realmente fuja do padrão do trabalho do ministro e dos funcionários, deve haver repercussão", declarou Lira.

Como revelou o Estadão, a atuação de Milton Ribeiro tem sido "dirigida" por um grupo de religiosos sem nenhum vínculo com o MEC ou o tema Educação. Capitaneado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura, o "gabinete paralelo" age para facilitar a liberação de recursos, permitir o acesso de outras pessoas ao ministro e interferir na gestão da Pasta.

Em nota divulgada nesta tarde, Ribeiro disse que Bolsonaro não ordenou "atendimento preferencial a ninguém", ao contrário do que mostrou áudio divulgado pela Folha de São Paulo. Ele também negou favorecer determinados grupos em detrimento de outros.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse em mensagem de áudio que prioriza os pedidos de pastores próximos ao Governo Federal a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Desde a última semana, circula a informação de que os pastores evangélicos Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura Correia obtiveram acesso privilegiado ao governo e que desembolsaram verbas bilionárias da Educação para a construção de escolas e projetos religiosos.

Nesta terça-feira (22), o jornal Folha de São Paulo fez um desdobramento do assunto e revelou gravações em áudio de Ribeiro falando que atendeu a um pedido do mandatário. Os “pastores do MEC” fazem parte do esquema informal de obtenção de verbas do Ministério, ainda que não possuam cargo na pasta.

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"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", diz o ministro na conversa em que participaram prefeitos e os dois religiosos.

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Ainda de acordo com a Folha, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura têm, ao menos desde janeiro de 2021, negociado com prefeituras a liberação de recursos federais para obras de creches, escolas, quadras ou para compra de equipamentos de tecnologia. Os recursos são geridos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do MEC controlado por políticos do Centrão.

Na reunião dentro do MEC, Ribeiro falava sobre o orçamento da pasta, cortes de recursos da educação e a liberação de dinheiro para essas obras na presença de prefeitos, lideranças do FNDE e dos pastores Gilmar e Arilton.

"Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", diz o ministro na conversa. Milton Ribeiro também indica haver uma contrapartida à liberação de recursos da pasta. "Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas".

-- > LeiaJá também: Vínculo de religiosos com governo é anterior a Milton

 

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