No final da noite deste domingo (22), a Polícia Federal em Pernambuco detalhou a prisão de um homem acusado de crimes cibernéticos. Por meio da operação denominada “Perro”, a PF prendeu, no dia 19 deste mês, um recifense de 27 anos, morador do bairro da Imbiribeira, Zona Sul da capital pernambucana. Segundo as autoridades, ele se passava por mulher em redes sociais para pedir fotos íntimas de crianças e adolescentes, com a promessa de que, posteriormente, enviaria também fotos próprias com teor pornográfico.
De acordo com a Polícia Federal, o homem, que trabalhava como assistente administrativo, não enviava “suas fotos” para as vítimas e ainda as ameaçava; dizia que iria compartilhar as imagens das vítimas nuas. Como condição para não divulgar os conteúdos pornográficos, o acusado mandava as crianças e adolescentes cometerem atos sexuais com seus animais de estimação, tais como cães e gatos, e até com os irmãos mais novos.
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A PF informou que as investigações começaram a partir de solicitação do Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas dos Estados Unidos. Relatórios da entidade internacional registraram ocorrências relacionadas à difusão e armazenamento de material pornográfico infanto-juvenil na internet; esses dados foram repassados à Polícia Federal do Brasil que, a partir de buscas, apreendeu computadores, celular e outros equipamentos eletrônicos do acusado que serviram como prova. Os materiais estavam na residência do preso.
“A informação apontava que um suspeito estava utilizando vários perfis falsos no Facebook e através de conversas via messenger aliciava menores para que eles produzissem e lhe enviassem material pornográfico infantil (em geral adolescentes do sexo masculino). Para isso o criminoso fingia ser uma mulher, pedindo fotos e vídeos de suas vítimas, passando a ideia de que, em momento posterior, ‘tal mulher’ também os enviaria imagens ‘dela’ nua em troca das deles, com a promessa de fazer sexo com os adolescentes”, detalhou a PF, em nota divulgada por sua assessoria de imprensa.
Segundo as investigações, depois que o acusado conseguia as imagens dos adolescentes, passava a chantagear as vítimas, ameaçando postar os conteúdos em sites pornográficos ou enviá-los para amigos. “Ficou claro que o seu intento era também obrigar alguns adolescentes a registrar fotos e vídeos deles fazendo sexo com seus cachorros ou molestando seus irmãos menores. No total foram 123 vítimas menores no Brasil e no exterior chegaram a transmitir arquivos de imagem e/ou vídeo contendo material pornográfico para os cinco perfis falsos criados por ele, se passando por uma pessoa do sexo feminino”, divulgou a PF.
Durante seu depoimento, o acusado, de acordo com a PF, afirmou ter criado os perfis falsos para aliciar menores. No entanto, afirmou que depois de ver os conteúdos, os deletava. O homem argumentou também que chantageou poucas vítimas e que nenhum dos jovens praticou atos libidinosos com os irmãos menores.
Ainda de acordo com a PF, o acusado não quis falar, durante o interrogatório, dos momentos em que as vítimas eram obrigadas a praticar sexo com animais. Entre os crimes previstos na acusação estão produção, direção, registro, transmissão, publicação, divulgação e armazenamento de cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente, além de estupro virtual de vulnerável. Somando todos os crimes, o homem pode pegar penas de mais de 20 anos de reclusão.
Depois da prisão realizada pela PF, o acusado passou por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife e foi encaminhado para a audiência de custódia, na última sexta-feira (20). Por decisão da Justiça, foi confirmada a prisão preventiva do acusado que será conduzido para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife. Sobre as vítimas, a PF informou que as investigações continuarão para que mais detalhes sejam apurados.
Acusado já foi preso
Segundo informações da PF, em setembro de 2014 o mesmo acusado foi preso pela Polícia Civil de Pernambuco praticando os mesmos crimes. Na época, ele extorquiu um jovem a pagar R$ 500 para não divulgar conteúdos pornográficos da vítima. O homem cumpriu pena em regime semi-aberto.