Tópicos | RSF

Quarenta e cinco jornalistas morreram em 2023 no mundo no exercício da profissão, o menor número desde 2002, devido em grande parte à redução de assassinatos na América Latina, apesar de o conflito entre Israel e o Hamas ter sido especialmente letal, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Os dados compilados pela RSF até 1º de dezembro indicam que "45 jornalistas foram assassinados no exercício da profissão, 16 a menos que no ano passado".

##RECOMENDA##

Este é o menor número desde 2002, quando 33 profissionais da imprensa foram assassinados, um terço deles quando trabalhavam na cobertura do conflito no Oriente Médio.

Os números de 2023 destacam a "redução significativa" do número de mortes na América Latina, com seis jornalistas assassinados contra 26 em 2022.

O México, o local mais letal para a profissão depois da Faixa de Gaza, registrou os assassinatos de quatro jornalistas em 2023, contra 11 no ano passado, mas a diminuição não reflete uma segurança maior para a imprensa, enfatizou a RSF.

- "Autocensura" na América Latina -

"Embora o número de jornalistas assassinados na América Latina tenha registrado uma queda significativa (...) os profissionais da informação ainda não trabalham com segurança, como demonstram os sequestros recentes e ataques armados ocorridos no México", destacou a organização.

A RSF acrescentou que "o recorde de incidentes violentos registrados em 2022 na América Latina estimula os jornalistas a adotar a autocensura, o que se traduz com a proliferação de buracos negros de informação na região, onde o crime organizado e a corrupção encabeçam a lista de questões pelas quais "os jornalistas arriscam suas vidas".

A ONG também informou que 84 jornalistas são considerados desaparecidos no mundo, quase um terço deles mexicanos.

A América Latina concentra mais da metade dos jornalistas desaparecidos no mundo, com 43.

- Mortes em Gaza -

Em Gaza, "os jornalistas estão pagando um preço elevado entre a população civil. Constatamos que o número de jornalistas assassinados no exercício da profissão é muito elevado: 13 em um território minúsculo", afirmou o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.

"Apresentamos uma denúncia ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para estabelecer a realidade dos fatos e até que ponto os jornalistas foram alvos deliberados", disse.

A RSF destacou que este ano 23 jornalistas foram assassinados no exercício da sua profissão em conflitos e que é a primeira vez em cinco anos que mais repórteres morreram em guerras do que em zonas de paz.

"A grande maioria, 17, na guerra entre Israel e o Hamas, dos quais 13 morreram em Gaza", afirma o relatório da organização.

O conflito na Ucrânia registrou duas mortes de jornalistas em 2023, incluindo o repórter da AFP Arman Soldin (que faleceu em maio), o que eleva a 11 o número de profissionais da imprensa mortos desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

A organização afirma que as causas da redução do número de mortes são múltiplas e "discutíveis".

"O trabalho das organizações intergovernamentais, das ONGs e dos próprios meios de comunicação ou maior cautela?", questiona a RSF no relatório.

O balanço "não inclui os jornalistas assassinados fora do exercício da profissão, os que não foram assassinados nem aqueles cujas mortes continuam desconhecidas", explica a RSF.

Um total de 488 jornalistas estão detidos no mundo, uma alta de 20% na comparação com 2020, enquanto México e Afeganistão continuam sendo os países mais perigosos para o exercício da profissão, afirma o relatório anual da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

"Nunca desde a criação do balanço anual da RSF em 1995 havia sido tão elevado o número de jornalistas presos", afirma um comunicado da organização com sede em Paris, que destaca que do total 60 são mulheres, outro recorde.

O número de jornalistas assassinados caiu este ano, em parte graças ao fim parcial de conflitos armados na Síria, Iraque, Afeganistão e Iêmen.

Até 1º de dezembro de 2021, 46 jornalistas foram assassinados. "Temos que retornar a 2003 para encontrar um número de mortos inferior a 50", explica a RSF.

Trinta jornalistas foram assassinados deliberadamente, sete deles no México, país mais perigoso pelo terceiro ano consecutivo.

O México registrou 47 assassinatos de repórteres nos últimos cinco anos.

"Alimentada pela impunidade quase total, e diante da falta de reformas ousadas do governos sucessivos (...) a espiral de violência parece interminável", denuncia o relatório.

No Afeganistão, seis jornalistas foram assassinados no decorrer do ano, vítimas de ataques e atentados com bombas. O país, afetado por décadas de violência, tem o mesmo balanço de profissionais da imprensa mortos que o México nos últimos cinco anos: 47.

Além dos 488 jornalistas oficialmente presos, outros 65 estão sequestrados.

O aumento de 20% de jornalistas detidos foi provocado em particular pela repressão contra a liberdade de informação em três países: Mianmar, onde uma junta militar tomou o poder em fevereiro, Belarus, que teve uma polêmica reeleição presidencial em agosto de 2020, e China, cujo regime comunista assumiu o controle praticamente total de Hong Kong.

Um tribunal da ex-colônia britânica ordenou na quarta-feira a liquidação da empresa matriz do jornal Apple Daily, uma publicação pró-democracia.

O Apple Daily encerrou as atividades este ano, depois que seus bens foram congelados com base em uma lei de segurança nacional que a China impôs em Hong Kong para sufocar a dissidência.

Na comparação com 2020, o número de mulheres jornalistas detidas aumentou em um terço. Um dos casos de maior destaque é o de Zhang Zhan, uma jornalista chinesa que está em condição crítica.

Em Belarus, mais mulheres (17) que homens (15) foram detidas este ano, incluindo Daria Chultsova e Katsiarina Andreyeva, condenadas a dois anos de prisão pela transmissão ao vivo em um canal de televisão de um protesto não autorizado.

Quanto aos sequestros, o grupo extremista Estado Islâmico (EI) mantém 28 jornalistas em cativeiro, o correspondente a 43% do total mundial, apesar de o grupo ter sido oficialmente derrotado em 2017. As famílias dos repórteres não sabem se estão vivos ou mortos.

Divulgado no início desta semana, um levantamento realizado pelo Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em conjunto com o Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio) registrou meio milhão de tuítes contendo ataques à imprensa entre os meses de março e junho deste ano. De acordo com o documento, cerca de 20% do total foram publicados em contas com alta probabilidade de comportamento automatizado, ou seja, robôs.

O estudo também observou um maior engajamento ligado a grupos de usuários que apoiam as ações do governo federal nas redes. Jornalistas do gênero feminino, juntamente com grupos de comunicação considerados críticos da gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), são os alvos preferenciais dos ataques.

##RECOMENDA##

O território de hostilidades foi mapeado através do monitoramento das hashtags mais frequentes na rede social, que foram: #imprensalixo, #extremaimprensa, #globolixo, #cnnlixo e #estadaofake. Ademais, episódios de assédio contra perfis de alguns jornalistas, a exemplo de Maju Coutinho (Rede Globo), Daniela Lima e Pedro Duran (CNN Brasil), Mariliz Pereira Jorge, colunista da Folha de São Paulo, e Rodrigo Menegat (DW News) também foram notificados.

Na prática, a quantidade de tuítes mencionando jornalistas do gênero feminino foi até 13 vezes maior que aqueles fazendo referência aos homens da mesma área. Em 10% das publicações estavam presentes termos ofensivos e palavrões como safada (o), vagabunda (o), puta (o), ridícula, idiota, arrombada (o) e imbecil. Vale ressaltar ainda que a incidência dos xingamentos foi 50% maior entre as profissionais mulheres.

Robôs que disseminam ódio

Ainda segundo a pesquisa da RSF, a utilização de contas automatizadas indica a existência de mobilizações orquestradas, ou seja, programadas, com o objetivo de ampliar artificialmente os ataques ao jornalismo. A identificação dos interlocutores também sugestiona o financiamento dos ataques e capacidade técnica mobilizada para promover um ambiente de descrédito à imprensa nas redes sociais.

“A utilização de robôs multiplica o alcance nas redes em torno de determinados assuntos, criando uma percepção falsa de uma adesão maior do que a real sobre determinadas posições ao estimular artificialmente um efeito de manada”, explica a publicação.

A investigação, inclusive, abre espaço para que seja possível entender o posicionamento ideológico dos usuários mais populares. Ao contabilizar as 150 hashtags mais compartilhadas pelos perfis que interagiram com as cinco hashtags contra a imprensa citadas anteriormente, os temas que mais aparecem são o apoio ao voto impresso, críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à CPI da Pandemia.

 

Na lista dos perfis monitorados, chamam a atenção as contas oficiais do próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e do deputado estadual de Minas Gerais Bruno Engler (PRTB).

Histórico de agressões que começa no Executivo

Ainda no ano passado, a RSF havia monitorado o discurso da família Bolsonaro, de ministros, do vice-presidente Hamilton Mourão e da própria Secretaria Especial de Comunicação Social da presidência. Juntos, eles fizeram 580 ataques, sendo 85% deles de autoria exclusiva do chefe do Executivo e seus três filhos com cargos eletivos.

Já em 2021, só no primeiro semestre, a organização documentou 331 ataques, partindo da mesma metodologia, considerando sobretudo agressões morais, xingamentos e exposição de jornalistas e veículos de comunicação de maneira vexatória em declarações públicas, entrevistas e postagens em redes sociais.

O Brasil ocupa a 111° colocação no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2021 elaborado pela Repórteres sem Fronteiras, tendo entrado para a zona vermelha do Índice pela primeira vez. Em 2 de julho deste ano, a RSF incluiu o presidente Bolsonaro em sua lista global de predadores da liberdade de imprensa.

 

Trinta e dois jornalistas e colaboradores da imprensa foram assassinados até o momento neste ano, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que aponta que, embora o número seja menor do que no ano passado por causa da pandemia, se mantém preocupante.

Por ocasião desta segunda-feira, Dia Internacional pelo Fim da Impunidade por Crimes Perpetrados contra Jornalistas, a RSF reitera o pedido ao Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, de criação do cargo de "representante especial para a segurança de jornalistas".

"O secretário-geral tem pouco mais de um ano para agir e deixar um legado significativo na luta contra a impunidade e na proteção dos jornalistas", afirmou o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, em um comunicado publicado nesta segunda-feira em vários jornais.

"A designação de um membro da sua equipe como contato privilegiado, a única atuação específica tomada até o momento, não é suficiente", ressalta.

Em 2019, 49 jornalistas foram mortos em todo o mundo, um número menor do que no ano anterior, principalmente porque os jornalistas deixaram de ir às zonas de conflito, segundo a RSF.

A queda no número de assassinatos de jornalistas este ano - um total de 29 e três colaboradores da mídia - se deve ao fato de que com a pandemia muitos não foram a campo, segundo a RSF, que divulgará seu balanço final no final de dezembro, como faz todos os anos.

"O período da covid-19 mudou a situação in loco. Poucos jornalistas morreram, mas tem havido mais pressão e abusos contra jornalistas", segundo a RSF. "As ameaças estão se tornando cada vez mais sutis e muito mais difíceis de combater", observa Christophe Deloire.

"Na última década, quase 1.000 jornalistas perderam a vida no exercício de seu trabalho, crimes que quase sempre ficam impunes. Muitos desses casos não foram objeto de uma investigação real e os autores nunca tiveram que responder por seus atos", lamenta, queixando-se da "falta de mecanismos internacionais eficazes".

Por sua vez, a Federação Internacional de Jornalistas (IJF) lançou uma campanha global "para denunciar aqueles que ordenam crimes contra jornalistas, mas que permanecem impunes, assim como para solicitar aos governos a tomar medidas urgentes para acabar com a impunidade e proteger a liberdade de imprensa", de acordo com o comunicado.

Existe um clima de ódio em relação aos jornalistas cada vez mais pronunciado no mundo, alerta a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em seu relatório anual publicado nesta quarta-feira, no qual vários países latino-americanos seguem figurando entre os mais perigosos para se exercer o jornalismo.

"A hostilidade diante dos meios de comunicação, alentada por certos dirigentes políticos, e o desejo dos regimes autoritários de exportar sua visão do jornalismo ameaçam as democracias", assinala a ONG em sua Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa 2018.

Além dos países "autoritários como Turquia e Egito, que caíram na 'mídiafobia', a ponto de acusar de 'terrorismo' vários jornalistas e deter de forma arbitrária os que não lhes são leais, cada vez mais chefes de Estado eleitos democraticamente (...) veem a imprensa como um adversário", destaca a ONG sediada em Paris.

Os Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump qualifica os jornalistas de "inimigos do povo", retrocedeu duas posições na lista, situando-se na 45ª posição, atrás de Espanha e Chile.

Filipinas, onde o presidente Rodrigo Duterte "costuma insultar e ameaçar os meios de comunicação", caiu seis posições (133º), enquanto a Índia, onde "os discursos de ódio contra jornalistas são comuns nas redes sociais (...) pagos pelo premier Narendra Modi", recuou duas posições (138º).

- Progresso no Brasil e excessos na Venezuela -

A RSF reconhece que a situação melhorou no Brasil, onde as agressões a jornalistas se reduziram levemente, seguindo a tendência de "ligeiro progresso" na região, mas destaca que em numerosos países latino-americanos persistem problemas, como a impunidade, a violência contra jornalistas e políticas autoritárias em relação à imprensa.

A Venezuela (143º), onde o governo do presidente Nicolás Maduro "segue se distinguindo por seus excessos autoritários", sofreu a maior queda do continente, recuando seis posições.

"Nicolás Maduro se empenha em calar a imprensa independente e segue controlando a informação", disse à AFP o diretor para a América Latina da RSF, Emmanuel Colombié.

"Em 2017, a RSF registrou um número recorde de prisões arbitrárias e atos de violência contra jornalistas (...) por parte das forças da ordem e dos serviços de inteligência venezuelanos", declarou Colombié.

Para a RSF, ao impedir o trabalho dos jornalistas o governo Maduro "busca encobrir a magnitude da grave crise política que sacode o país".

Cuba, onde o "regime castrista monopoliza quase por completo a informação", segue como o país pior classificado no continente (172º); enquanto a Costa Rica, que tem uma "sólida base legal em matéria de liberdade de informação", ocupa a melhor posição (10º).

No México, onde onze jornalistas foram mortos no ano passado, se tornou o segundo país mais fatal para os jornalistas em 2017, destaca a RSF.

"Se os jornalistas cobrem temas ligados à corrupção das autoridades, especialmente em nível local, ou ao crime organizado sofrem intimidações, agressões e até podem ser assassinados a sangue frio", afirma Colombié.

A liberdade de imprensa no mundo está mais ameaçada do que nunca devido a informações falsas e à retórica contra a mídia de líderes como Donald Trump, adverte o relatório anual da RSF, que deplora a grave situação no México.

A chegada de Trump ao poder nos Estados Unidos "precipitou a caça aos jornalistas", afirma o relatório do Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgado nesta quarta-feira.

Ao acusar a imprensa de publicar informações falsas, Trump "não apenas compromete uma longa tradição americana de luta pela liberdade de expressão", mas também "contribui para desinibir os ataques contra a imprensa no mundo", destaca a ONG.

"Nada parece deter o retrocesso nas democracias" e países considerados como "virtuosos" retrocedem na classificação da RSF, como Estados Unidos (- 2 posições para 43º), Grã-Bretanha (- 2 para 40º) e Chile (- 2 para 33º).

Na lista, liderada pela Noruega e encerrada pela Coreia do Norte, 72 países se encontram em situação "difícil" ou "muito grave", como China (176º) e Cuba (173º), onde a morte de Fidel Castro, "um dos piores depredadores da liberdade de imprensa no mundo", não alterou o "monopólio do Estado sobre a informação".

Neste grupo em situação "difícil" se destacam ainda Rússia (148º) México (147º), Honduras (140º), Venezuela (137º), Colômbia (129º), Guatemala (118º), Paraguai (110º) e Nicarágua (92º).

- México, o país mais perigoso depois de Síria e Afeganistão -

A RSF destaca o caso do México, que em 2002 ocupava a 75ª posição e hoje caiu para a 147ª. Em 2016, dez jornalistas foram assassinados no país e "março de 2017 foi marcado por ataques em série". O país "segue gangrenado pela corrupção e a violência do crime organizado, especialmente em nível local".

Em termos de risco para a vida dos jornalistas, a organização coloca o México atrás apenas de Síria (177º) e Afeganistão (120º) em 2016.

No mesmo grupo, a Turquia de Recep Tayyip Erdogan ocupa o 155º lugar, caindo 56 posições em 12 anos. O país se transformou na "maior prisão do mundo", segundo a RSF.

No total, 59 países se encontram em situação sensível e apenas 49 apresentam condições "boas ou mais ou menos boas", incluindo Costa Rica (6º), Espanha (29º), Uruguai (25º) e Chile (33º).

Por regiões, a liberdade de imprensa piorou em todas a partir de 2013, e a mais difícil e perigosa para os jornalistas segue sendo o Oriente Médio e o norte da África, seguida pelo leste da Europa, Ásia Central, Ásia-Pacífico, África, América e Europa Ocidental.

A Europa registrou seu maior retrocesso nos últimos quatro anos, com a aprovação de leis contra a liberdade de imprensa e ataques de líderes "anti-sistema" que, como Trump, tratam de desacreditar a mídia, a exemplo do britânico Nigel Farage e do italiano Beppe Grillo.

A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) elaborou uma campanha que defende a criação de um cargo de Representante Especial na ONU. A posição serviria para agilizar providências em casos que envolvem jornalistas e autoridades, garantindo os direitos dos profissionais e diminuindo o número de mortes na categoria. A RSF declarou em sua página que as medidas tomadas pela ONU para preservar a integridade de jornalistas não surtiram efeito algum, já que o número de mortos só cresceu, de acordo com as estatísticas da própria entidade.

Qualquer organização pode aderir à campanha por meio de um formulário, disponível em http://www.protectourjournalists.org/page/contact. Até o momento, 120 instituições estão participando, entre elas estão a Associated Press, a Anistia Internacional, a Human Rights Watch, e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). De acordo com a diretora do Comitê de Proteção aos Jornalistas, Courtney Radsch, a RSF precisa trabalhar junto com o Secretário Geral da ONU, para que o Plano de Ação para Liberdade dos Jornalistas e a Questão da Impunidade, elaborado em 2012, seja cumprido.

##RECOMENDA##

Algumas autoridades também estão apoiando a campanha da RSF, como a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova.

Cinquenta e sete jornalistas morreram no mundo em 2016 no exercício da profissão, principalmente em países em guerra como a Síria, informa o relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Em 2016 morreram 10 jornalistas a menos que no ano anterior, mas a Síria se transformou em um "inferno" com 19 profissionais da imprensa assassinados, seguido por Afeganistão (10), México (9), Iraque (7) e Iêmen (5), destaca a ONG.

Ao balanço de 57 vítimas fatais é necessário adicionar nove "jornalistas-cidadãos" (blogueiros) e oito "colaboradores" de meios de comunicação, o que eleva o total de mortos a 74.

"Esta redução significativa se explica pelo fato de que cada vez mais jornalistas fogem dos países muito perigosos: Síria, Iraque, Líbia, mas também Iêmen, Afeganistão, Bangladesh ou Burundi, que se transformaram em buracos negros da informação, onde reina a impunidade", afirma o relatório da RSF.

Quase todos os jornalistas morreram em seus países, com exceção de quatro que perderam a vida quando trabalhavam no exterior.

Com 19 vítimas em 2016, contra nove em 2015, a Síria se tornou o país mais perigoso para o jornalismo.

O México, onde foram assassinados nove jornalistas em 2016, é o país mais violento para a profissão.

- Violência deliberada -

Ao menos 780 jornalistas foram assassinados nos últimos 10 anos por sua profissão, de acordo com os números da RSF.

Quase 75% das vítimas foram atacadas especificamente por seu trabalho, segundo a ONG.

"Os dados alarmantes traduzem uma violência cada vez mais deliberada e o fracasso de iniciativas internacionais a favor da proteção dos jornalistas", afirma o documento.

Dois terços dos jornalistas mortos estavam em zonas de conflito, "uma dinâmica que se inverteu na comparação com a situação de 2015, quando muitos repórteres morreram em tempos de paz, como ocorreu no ataque contra a revista Charlie Hebdo em Paris", explica a ONG.

Entre os jornalistas mortos na Síria está Osama Jumaa, um fotógrafo de 19 anos que trabalhava para a agência britânica Images Live. Ele faleceu em 5 de junho, quando cobria uma operação de resgate após um bombardeio em um bairro residencial de Alepo.

No Iêmen, afetado por um conflito interno após a rebelião de milícias xiitas que assumiram o controle da capital, a situação para os jornalistas é crítica, segundo a RSF. Em 17 de janeiro, o repórter independente Almigdad Mojalli, 34 anos, morreu depois de ser ferido em um bombardeio da coalizão árabe que auxilia o governo.

Entre os 57 jornalistas assassinados este ano há cinco mulheres, incluindo as afegãs Mariam Ebrahimi, Mehri Azizi e Zainab Mirzaee, que morreram em janeiro em Cabul em um atentado suicida.

Pela primeira vez, o relatório da RSF incorpora os jornalistas-cidadãos e colaboradores dos meios de comunicação, que antes entravam em outras categorias.

O número de jornalistas presos no mundo aumentou em 2016, em particular na Turquia, onde mais de 100 profissionais da imprensa estão detidos, segundo um relatório da RSF publicado em 13 de dezembro.

A organização se uniu a outras iniciativas para apresentar um pedido "solene" de criação de um posto na ONU responsável pela proteção dos jornalistas.

Cinquenta e quatro jornalistas continuavam como reféns em todo o mundo no fim de 2015, mais do que os 40 de 2014, mas aconteceram menos sequestros do que no ano passado, afirma o relatório anual da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF). O balanço não inclui os jornalistas mortos este ano, um número que será anunciado pela RSF no final de dezembro.

O aumento do número de jornalistas reféns (54, incluindo uma mulher) é explicado pelos sequestros no Iêmen, abalado por uma guerra, de acordo com a ONG. A Síria é o país com o maior número (26) de jornalistas reféns sequestrados por grupos não estatais, incluindo o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que mantém 18 profissionais da imprensa em cativeiro na Síria e no Iraque.

##RECOMENDA##

"Em algumas zonas de conflito está em desenvolvimento uma autêntica indústria dos reféns", lamenta Christophe Deloire, secretário-geral da RSF, citado em um comunicado. No entanto, o número de jornalistas detidos (153) diminuiu na comparação com o ano passado (-14%), assim como o número de jornalista sequestrados (79, 34% a menos que em 2014).

"China, Egito, Irã e Eritreia continuam sendo as grandes prisões do mundo para os jornalistas", indica a RSF. A ONG atribuiu a queda do número de sequestros à situação melhor do conflito na Ucrânia, que no ano passado concentrou a maior parte dos sequestros (nenhum em 2015).

Este ano, oito jornalistas foram considerados desaparecidos, segundo a RSF, que explica que um profissional é declarado desaparecido "quando não há elementos suficientes para determinar se foi vítima de um homicídio ou de um sequestro e não existe nenhuma reivindicação verificável".

Oriente Médio e o norte da África são as regiões com o maior número de jornalistas desaparecidos. "A incerteza que existe sobre o destino dos desaparecidos é uma temível arma de dissuasão para os que querem trabalhar em zonas de risco", afirma a organização.

A Rússia, os Estados Unidos e a Europa perderam posições no ranking no ranking anual sobre liberdade de imprensa, afirmou hoje a organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF). De acordo com relatório da entidade, divulgado nesta quinta-feira (12), em Paris, os conflitos armados, a ascensão de grupos como o Estado Islâmico, a repressão sobre manifestações e a crise econômica deram um pano de fundo difícil para 2014. Como consequência, cerca de dois terços dos 180 países monitorados pela RSF tiveram desempenho pior do que o do ano anterior.]

Já o Brasil subiu doze colocações e ficou na 99ª posição. Segundo a RSF, o país se tornou pioneiro em proteger direitos civis na internet ao adotar o Marco Civil da Internet. Ainda assim "a segurança de jornalistas e a concentração da mídia nas mãos de poucos grupos continua a ser um dos maiores problemas do país", assinalou a entidade, que também lembrou os inúmeros atos de violência contra jornalistas durante a onda de protestos por que passou o país.

##RECOMENDA##

Embora a Europa Ocidental continue no topo da lista, ela perdeu pontos como região. Três países escandinavos continuam nas primeiras posições, mas a Itália, onde a máfia andou fazendo ameaças a jornalistas, e a Islândia, onde a relação entre a mídia e o meio político azedou, perderam terreno.

Os Estados Unidos caíram três posições, e foram à 49ª posição em meio a uma "guerra contra a informação" promovida pelo governo Obama em certos casos.Jornalistas também tiveram dificuldade de cobrir eventos como as manifestações de Ferguson, onde um adolescente negro foi morto pela polícia, em meados do ano passado.

A Rússia caiu duas posições e ficou em 152ª posição após aprovar leis "draconianas" para limitar a liberdade de informação, diz o grupo, que usa sete critérios, entre eles a independência da mídia e a diversidade de opiniões, para formular o índice.

A China, o Irã e a Coreia do Norte ficaram entre os dez países com pior desempenho. Fonte: Associated Press.

O Brasil tem um longo caminho a percorrer para consolidar uma imprensa livre. A opinião é do jornalista francês Benoit Hervieu, chefe do escritório para a América da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que prepara relatório sobre os limites do exercício da profissão no País. De acordo com Hervieu, o País tem episódios de censura judicial a reportagens, assassinatos de jornalistas no exercício da profissão, e a Lei de Acesso à Informação ainda não está com funcionamento pleno. "No Brasil não há a polarização política entre imprensa e governos, como se vê em países como Venezuela e Argentina", disse Hervieu em São Paulo. "Porém, o RSF registra que em 2012 houve seis casos de jornalistas mortos, sendo que em pelo menos três deles há fortes indícios de que os crimes tenham ligação com o seu trabalho", lembrou.

Segundo Hervieu, a entidade se preocupa especialmente com os casos dos assassinatos dos jornalistas Mário Randolfo Marques Lopes, no Rio, no dia 9 de fevereiro, e de Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, editor do Jornal da Praça, de Ponta Porã, morto a tiros três dias depois, em Mato Grosso do Sul, além da morte do blogueiro Décio Sá, no Maranhão, em abril.

##RECOMENDA##

Para o diretor do RSF, que esteve no Rio e viaja a Brasília para preparar o relatório, casos de censura judicial, como o do Estado, impedido de publicar reportagens sobre a Operação Faktor (ex-Boi Barrica), que investigou o empresário Fernando Sarney, e a dificuldade de acesso a informações em órgãos públicos compõem ambiente negativo para o jornalismo. "O Brasil vive um longo silêncio sobre fatos ocorridos na ditadura militar", disse. "E falta transparência sobre a onda de violência em São Paulo", emendou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando