Tópicos | WALTER FELDMAN

Quem é fã de futebol deve ter uma virada de ano bem diferente. Com jogos entre o Natal e o Ano Novo e também no início de janeiro do ano que vem, o Campeonato Brasileiro de 2020 terá um calendário modificado por causa da longa paralisação provocada pela pandemia do novo coronavírus. Quem revelou esses planos foi o secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Walter Feldman, em entrevista exclusiva ao Estadão.

A entidade ainda não sabe quando poderá reiniciar as competições, mas tem claro que só vai retomar o calendário após receber autorização do Ministério da Saúde. Segundo Feldman, por enquanto o trabalho é o de atualizar um protocolo de cuidados médicos, dialogar com clubes e federações e garantir que nenhuma pressão política vai apressar o retorno das atividades do futebol brasileiro.

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Alguns times já voltaram aos treinos. Isso não pode representar uma vantagem competitiva lá na frente?

A volta das competições tem de ser baseada primeiramente nas condições de saúde, com as curvas controladas e com os protocolos praticados. Fizemos algo muito sensato no começo de maio ao permitir que cada federação e clube avaliasse dentro da realidade o que era possível. Pela nossa previsão, nosso calendário deve ser retomado em cima das competições estaduais para que quando comece os torneios nacionais, os clubes já tenham o preparo e o condicionamento adequados.

E como a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) acompanha o processo no Brasil?

Semana passada tivemos uma videoconferência com a Conmebol. Tivemos um longo debate sobre isso. Deixamos claro que vamos trabalhar neste momento com preferência para as competições do calendário brasileiro, esperando que a Conmebol fizesse alguma definição que fosse mais tarde dos que as nossas decisões. Nossa sequência é: competições estaduais e depois as nacionais. Até agora é plenamente possível cumprir o calendário brasileiro. Podemos aproveitar datas que não são aproveitadas e se necessário, algumas datas do início de 2021.

Então é possível o Brasileiro terminar só em janeiro?

Sim. Eu diria que quando a gente iniciou a parada, nós começamos a pensar nos mecanismos de flexão que teriam de ser acrescentados ao calendário para podermos ter condições de terminar as competições. Por isso que trabalhamos com a extensão das férias dos atletas para ter a liberação do período entre Natal e Ano Novo. Seria possível fazer um calendário até 2021 e também iniciamos algo que vem sentido mantido, de diálogo com a Federação dos Atletas para termos a redução do tempo entre as partidas.

Como ficariam os contratos de jogadores? Muitos dos atletas têm vínculos só até 31 de dezembro.

É um problema que vem sendo pensado no plano da legislação. Tem um projeto de lei para resolver algumas questões e uma delas é esta, a possibilidade de se assinar um contrato por só 30 dias (nota de redação: o contrato mínimo permitido atualmente é de 90 dias de duração). Talvez seria em situação emergencial uma solução, por ter contratos mais curtos. Nós sabemos as dificuldades dos clubes em manter salários. Isso ainda está sendo tratado. Tem várias questões em andamento, ainda sem respostas.

Como tem sido feito o protocolo médico da CBF para a volta dos times aos treinos?

Fazemos atualizações quase que diárias, porque as mudanças sobre a pandemia são constantes, com o conhecimento de novos testes. Temos conduzido esse trabalho junto com o Ministério da Saúde sem nenhum tipo de pressão ou açodamento. Nós estamos acompanhando a evolução da epidemia. O protocolo está muito bem elaborado, participaram mais de 150 médicos do futebol, tem seis pareceres de infectologistas e epidemiologistas. Procuramos o máximo de construção técnica sobre a perspectiva do retorno.

Como tem sido a participação de infectologistas, que são os grandes especialistas no tema?

A nossa referência maior é o infectologista Sérgio Wey, que inclusive foi meu colega de faculdade. Ele deu um parecer em que relata sobre como acompanhou esse trabalho. Nós enviamos também à Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e temos um parecer do diretor técnico da SBI, que faz todas as considerações. Nós só não divulgamos ainda porque como está no plano do Ministério da Saúde. As participações dos infectologistas e epidemiologistas têm sido fundamental. Eles que dão a característica complementar à experiência acumulada pelos médicos de futebol. Foi uma combinação perfeita.

Quem vai dar o aval final para liberar o futebol?

Desde o início a gente falou que não daríamos um passo sem as recomendações do Ministério da Saúde, tendo em vista que a CBF é uma instituição nacional. Mas não deixa de ser fundamental a avaliação das secretarias municipais e estaduais de saúde.

As trocas no Ministério da Saúde interferem?

Não. Em nenhum momento demos dimensão política ao fato. A gente sempre conversou na área técnica. É fundamental que nossa decisão tenha caráter científico. Não há componente político.

Quando voltar, só teremos jogos com portões fechados?

Eu não diria que temos isso claro. Mas em nenhuma hipótese pensamos na retomada com os portões abertos. Claro que sempre estará no horizonte pensar em jogos com torcida, distanciamento e cuidados, mas eu diria que agora é uma questão distante de ser tratada. Estamos agora pensando no retorno dos treinamentos, distanciamento social preservado, acompanhamento diário.

A CBF pretende bancar os testes de alguns times?

Nas primeiras conversas que tivemos com o Ministério de Saúde, como o futebol se tornou um exemplo importante para fazer as pessoas se distraírem, até se levantou a possibilidade de o Ministério fornecer testes. Mas isso não era possível nem adequado. Estamos agora avaliando preços, origem dos testes e qualidade. A cada momento aparece um teste novo. Como a Série A e a Série B têm vários clubes voltando, estão fazendo por iniciativa própria. Estamos em um momento de avaliação, de custo, de mercado, de fazer avaliação disso. Neste momento não tem nenhuma sinalização de se discutir valores. Os preços são altos e a quantidade é grande.

Flamengo e Vasco chegaram a se reunir com o presidente Jair Bolsonaro. Algumas federações estaduais também já se manifestaram a favor do retorno. Como a CBF lida com essa pressão?

Eu diria que o presidente (da CBF) Rogério Caboclo tem muita clareza sobre isso. O retorno só se dará em cima da segurança em saúde. Em nenhum momento vamos ultrapassar a linha da responsabilidade. A gente acha que isso tem de ser local. Algumas federações avançaram muito nisso, como Santa Catarina, Paraná e Rio e Janeiro. As vontades locais não interferem no plano nacional. Nossa tarefa é dar todo o apoio possível. Vamos aguardar o Ministério da Saúde para que se possa fazer o retorno. Não há pressão política fora do sistema de saúde que altere o posicionamento da CBF.

É possível fazer alguma previsão de quando o futebol voltará?

Nós estamos exatamente no pico da pandemia. E não sabemos o tamanho do platô desse pico. Temos muitos elementos positivos, como a articulação com as federações e o diálogo com os clubes. Mas a recomendação expressa que tenho do presidente Caboclo é para não dar nenhuma data ainda. Ou seja, estamos fazendo tudo correto, de forma sensata, mas ainda não falamos em prazo.

Logo depois que ex-jogadores e personalidades esportivas e artísticas cobraram a renúncia imediata do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, em um protesto realizado na frente da entidade no Rio de Janeiro, o secretário-geral Walter Feldman afirmou nesta terça-feira (15) que ainda não conhece o teor do manifesto lido pelos ex-jogadores, mas defendeu o presidente licenciado desde o dia 3 de dezembro.

"Está na Constituição a presunção da inocência. Não há elemento para fazer pré-julgamento do presidente Marco Polo. Temos segurança do que está sendo feito. Amanhã (quarta-feira) ele estará na CPI do Senado para se manifestar a respeito. É a primeira vez que ele terá a oportunidade de apresentar o que considera adequado. Não há motivo para renúncia ou abandono", afirmou Feldman, em entrevista coletiva nesta.

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O secretário-geral afirmou que a CBF está aberta ao diálogo, depois do protesto chamado de #OcupaCBF. "Não há problema em receber manifestação. Havia a expectativa de que eles fizessem a entrega de algum documento e seriam recebidos normalmente", disse o dirigente, número dois da CBF.

Um exemplo dessa postura, segundo Feldman, foi o convite que a entidade fez ao ex-jogador Raí para que expusesse suas reivindicações (Raí foi um dos jogadores que participaram do protesto desta terça-feira). Segundo Feldman, Raí se negou a comparecer à CBF.

Feldman ainda defendeu a escolha de Antonio Carlos Nunes Lima como novo vice-presidente da CBF, em substituição a José Maria Marin, preso desde maio. Se for eleito, o Coronel Nunes será o vice mais velho da CBF e, assim, poderá assumir a presidência em caso de renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero, hoje licenciado para se defender de acusações de corrupção formuladas pelo Departamento de Justiça dos EUA. A escolha seria uma manobra para impedir que Delfim Peixoto, até então o vice-presidente mais velho, assuma o cargo.

"O presidente Nunes tem um abaixo-assinado da totalidade das federações. Essa é uma manifestação do colégio eleitoral. Em geral, são os presidentes das federações que fazem a escolha. Os clubes da Série A e Série B optam pelo presidente Nunes. Se essa é a opção da maioria do colégio eleitoral, eu acompanho", disse o secretário-geral.

Um dia após a sanção da MP do Futebol pela presidente Dilma Rousseff, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, criticou nesta quinta-feira os vetos ao texto aprovado pelo Congresso. O dirigente ficou insatisfeito principalmente com o veto à formação desportiva para menores de 14 anos e com aquele que abria exceção no caso da certidão negativa exigida dos clubes para a disputa de campeonatos.

"Esperávamos que houvesse menos vetos, ate porque houve um amplo processo de negociação com participação de representantes do governo desde o início da elaboração da MP. Durante sua tramitação, no Congresso, vários ministérios estiveram intervindo para que pudéssemos aprovar algo que fosse a síntese de um modelo adequado pra recuperar o endividamento dos clubes brasileiros", criticou Feldman.

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A Medida Provisória 671 foi sancionada por Dilma na quarta-feira, com 36 vetos, considerados de pouca importância para interferir no conteúdo geral do texto. Para Feldman, um deles, contudo, pode afetar a renovação do futebol brasileiro no futuro por impedir a formação desportiva para menores de 14 anos.

"Um problema grave é a criança que sai precocemente do Brasil. Hoje não é possível um vínculo esportivo antes dos 14 anos. A saída precoce retira o que há de melhor [do futebol brasileiro], porque esses meninos são atraídos para o futebol internacional e lá existe mais garantias que são feitas direta ou indiretamente através dos seus familiares", argumentou.

O secretário-geral da CBF também reclamou de um veto na questão da certidão negativa de débitos. "Muitas vezes é um detalhe que impede o clube de ter a certidão negativa. E isso pode impedi-lo de participar dos campeonatos oficiais. Foi muito bem pensado uma ressalva que garantia [a participação dos clubes nos campeonatos], mas ela foi vetada."

Na avaliação da entidade responsável por gerir o futebol brasileiro, os vetos prejudicaram a MP, mas não deixaram de contribuir para o esporte nacional. "Há uma vitória por parte de todo trabalho da CBF, mas algumas inconstitucionalidades foram mantidas. Outras, positivas, foram vetadas. Nesse momento diria que foi uma vitória parcial. Não posso negar que avança na resolução do endividamento dos clubes. Mas muito aquém do aquilo que nós esperávamos", ponderou Feldman.

O principal objetivo da MP do Futebol é cobrar contrapartidas dos clubes que necessitam refinanciar suas dívidas fiscais, estimadas em R$ 4 bilhões. Pelo texto sancionado pela presidente, os clubes poderão parcelar suas dívidas em 240 meses.

A redução das multas será de 70% e dos juros, de 40%. Além disso, as primeiras 60 parcelas poderão ter o pagamento reduzido em 50% - desde que obedecido um valor mínimo de R$ 3 mil - com o valor remanescente sendo acrescido na parte final do refinanciamento.

O deputado licenciado Walter Feldman (PSB), aliado de Marina Silva, disse nesta quarta-feira, 8, que a candidata derrotada deve ter uma participação ativa no segundo turno. "Ela vai acompanhar ativamente, mas não terá o dinamismo e a profundidade que tem uma candidata", disse Feldman. Ele, contudo, disse que é a própria Marina quem deve detalhar essa participação ativa, depois de anunciar formalmente sua posição.

Feldman relatou que Marina passou por um check-up hoje e que deve ficar mais calada a partir de sexta-feira, por alguns dias, para poupar a voz. Amanhã, como haverá uma reunião com a coligação para falar também sobre segundo turno, Marina ainda deve falar bastante. Hoje à noite haverá a reunião com o diretório nacional da Rede, seu projeto de partido, para tirar um documento com a posição do grupo.

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Feldman esteve na casa de Marina com os marineiros Bazileu Margarido e Pedro Ivo. Além da herdeira do Itaú Neca Setubal e do assessor pessoal da ex-ministra, Carlos Vicente.

Bazileu evitou dar qualquer sinalização sobre as tendências da Rede. Mas indicou que a questão em torno da reeleição é central a ser levada em conta para um apoio de segundo turno, citando alternância de poder como ponto central do programa de governo da candidatura de Marina. "Entendemos que era um programa que apontava para mudanças importantes, que têm como base alternância de poder", afirmou.

Um dia após o resultado do primeiro turno da sucessão presidencial que deixou a candidata Marina Silva fora do segundo turno, o coordenador adjunto da campanha do PSB, Walter Feldman, disse nesta segunda-feira, 6, que a realidade colocada pelas urnas é de que o eleitorado optou por mudanças nos rumos do País: "60% disse não ao atual governo, disse não ao que está aí. Nós temos de ler as urnas. O erro de 2013 foi não ter lido a manifestação da sociedade", apontou.

Feldman lembrou que Marina passou por um processo de desconstrução promovido pelos adversários. "É inegável que Marina foi atacada de maneira injusta, incorreta, maquiada, tentando desconstruir o que ela significa para o País e para o mundo", afirmou.

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O coordenador observou que a ex-senadora se magoou com a ação, principalmente com o PT, partido ao qual já foi filiada por mais de duas décadas. "É claro que isso deixa mágoas e tristezas, mas haveremos de encontrar um caminho melhor para aquilo que o Brasil precisa", declarou.

Evitando dar pistas sobre os possíveis caminhos de Marina neste segundo turno, Feldman destacou que o PSB foi o único a apresentar um programa de governo e que essa discussão será primordial nas negociações de apoio.

Apesar dos candidatos terem se dedicado a "atacar" Marina, agora abre-se uma nova fase. "Em política não pode haver ressentimentos, se supera cada momento, tem que enfrentar a realidade", reforçou.

Aliança

Feldman, que coordenou a campanha de Marina desde que ela assumiu a candidatura presidencial, disse que o programa de governo da ex-senadora e de seu vice Beto Albuquerque tem componentes essenciais.

Em entrevista ao Broadcast Ao Vivo, Feldman disse que dar prioridade a saúde, educação, democracia de alta intensidade, com investimento em ciência e tecnologia, serão pontos centrais para fechar uma eventual aliança de Marina no segundo turno. Ele citou também as reformas estruturais de que o País precisa e que, segundo disse, não foram implementadas por falta de coragem.

Apesar de a coligação ter reunido forças diversas e de pensamento bastante heterogêneo - PSB, PPS, PPL, PSL, PRP, PHS e o projeto de partido de Marina, Rede Sustentabilidade - Feldman disse que há o "sonho" e o "esforço" de unir o grupo em torno do programa para definir conjuntamente uma aliança para a segunda etapa do pleito. "A coligação vai ter que superar suas eventuais diferenças para se colocar de maneira protagonista neste segundo turno, enfrentando a realidade que foi colocada nas urnas", afirmou o deputado.

Ainda assim, Feldman ressaltou que isso será uma tentativa e que os partidos da coligação respeitam a autonomia de cada legenda. "Vamos tentar, ao máximo possível, fazer com que os partidos se reúnam individualmente e levem sua posição para o debate da coligação. Vai ser um esforço de busca de consenso", disse.

Feldman evitou adiantar qualquer posição. Afirmou que eles acabaram de sair do processo eleitoral de primeiro turno e que ainda se organizam para definir os próximos passos.

"Vamos fazer de tudo para superar as dificuldades, problemas e posições individuais, mas prefiro deixar conclusões para o momento em que tivermos avançado na discussão. Estamos organizando um cronograma de reuniões e não há ainda posições, que vão ser definidas", concluiu.

Feldman disse que vai se reunir com Marina nas próximas horas para organizar o processo de decisão da Rede e como levar isso, posteriormente, para o debate com os demais partidos que se coligaram com eles.

A coordenação da campanha de Marina Silva (PSB) avalia que o dado divulgado nesta quinta-feira pelo IBGE sobre desigualdade social é mais um que corrobora o entendimento de que o governo de Dilma Rousseff (PT) tem falhado tanto na frente econômica como na social. "Se não se mantêm os parâmetros econômicos, os sociais sentem. Uma coisa puxa a outra, não tem jeito", disse o coordenador geral da campanha Walter Feldman ao Broadcast Político.

Segundo Feldman, Marina já tem feito a análise, assim como fazia Eduardo Campos, de que o governo Dilma paralisou os avanços sociais que vinham sendo alcançados ao longo do governo do ex-presidente Lula. "Há uma tendência de retrocesso que é dramática. Falta estrutura política também para dar continuidade aos avanços econômicos e sociais", afirmou.

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Feldman disse que a presidente Dilma deixou, em seus quatro anos de mandato, um quadro muito deteriorado. "Ela é a primeira presidente que produz um retrocesso do que a sociedade vinha conquistando em anos anteriores", completou.

Embora a renda do trabalho tenha crescimento acima da inflação pelo nono ano consecutivo em 2013, a desigualdade parou de cair no País, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada IBGE. O índice de Gini, que mede a concentração de renda, piorou de 0,496 para 0,498 (quanto mais perto de zero, menor a desigualdade), voltando ao patamar de 2011 e interrompendo uma trajetória de melhora no indicador que vinha desde 2001. O IBGE considerou que o quadro de desigualdade no País é de estagnação de 2011 para cá.

O deputado federal pelo PSB de São Paulo, do grupo da Rede de Marina Silva, Walter Feldman, avaliou como "inacreditável" a decisão tomada de madrugada pelo PSDB de lançar a candidatura de José Serra ao Senado. "Estava tudo caminhando para um lado, de repente vai para outro. A aliança de Serra com José Aníbal é algo inacreditável", disse Feldman.

Segundo Feldman, tanto a Rede, abrigada no PSB - que terá o vice Márcio França na chapa do governador Geraldo Alckmin - como outros partidos coligados ao PSDB em São Paulo foram pegos de surpresa pela decisão. "Não se imaginava (que Serra poderia sair ao Senado), foi uma coisa estranha, na linha do vale tudo."

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No início da madrugada, o PSDB de São Paulo decidiu que o ex-governador José Serra seria o candidato da coligação ao Senado, com o deputado José Aníbal, que também postulava a vaga, como primeiro suplente. Nos últimos anos, Serra e Aníbal viveram divergências internas no PSDB e chegaram a trocar farpas quando Serra foi o indicado do partido para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012.

Ainda de acordo com Feldman, os partidos coligados esperavam que a reunião do diretório paulista do PSDB na noite desta segunda-feira, 30, fosse para anunciar a liberação de candidaturas independentes ao Senado. Apoiados em uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2010, que ainda precisaria ser revalidada caso a caso no pleito deste ano, partidos coligados para as disputas estaduais majoritárias poderiam lançar independentemente, cada um, seus nomes para disputar a vaga de senador.

Feldman disse ter conversado com França na manhã desta terça-feira, 1º, que também demonstrou surpresa com a decisão do PSDB. Ele avalia, contudo, que a articulação dentro da chapa de Alckmin já estava sendo organizada há algum tempo. "Seguramente o governador estava articulando", disse Feldman.

Com relação a um possível prejuízo à estratégia da Rede em São Paulo para a campanha estadual e nacional, Feldman minimizou. Ele admitiu, no entanto, que houve uma perda para a Rede ao não poder sair com um nome para o Senado, o que seria interessante dada a característica independente, fora do círculo de apoio a Alckmin, e serviria de palanque para Marina fazer campanha no maior colégio eleitoral do País. "(A candidatura ao Senado) seria uma estrutura boa de apoio à campanha nacional da Rede, mas não uma estrutura fundamental. A experiência da Marina de 2010 mostra que é perfeitamente possível fazer campanha sem a ideia da velha política de que se precisa ter palanque e tempo. Não faremos amputação da campanha em São Paulo por causa disso."

Vice na chapa de Eduardo Campos (PSB) à Presidência, Marina Silva desaprova a aliança do PSB-SP com Alckmin. Em diversas ocasiões, ela repetiu a independência dela e da Rede de se posicionarem de forma diferente do PSB nos Estados e que não fará campanha ao lado dos tucanos.

Membros do partido Rede defenderam alguns deputados federais que tiveram o pedido de cassação formado pelo Ministério Público Eleitoral na última quinta-feira (29). O órgão relatou que alguns parlamentares trocaram de partido sem justa causa – como nos casos de Alfredo Sirkis e Walter Feldman, que migraram do PV e do PSDB para o PSB. Segundo o ex-deputado Roberto Leandro (PV) e o secretário estadual de Meio Ambiente, Sérgio Xavier, os parlamentares tiveram seus motivos para saírem das antigas legendas.

“No caso de Feldman, ele migrou para o PSB porque a Rede não foi registrada na justiça. Ele mesmo divulgou uma nota se colocando à disposição para sair do partido. Mas ele vai não recorrer da sentença. É importante dizer que no caso específico pessoal da Rede, não foi por conta da troca partidária. Eles iriam entrar na Rede, mas como foi inviabilizado eles escolheram o PSB.”, explicou Roberto Leandro, em entrevista ao Portal LeiaJá.

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“Alfredo Sirkis estava realmente sem espaço no PV. Os outros têm que ver cada caso. Eu sei que Alfredo vai apresentar uma defesa. E se ele foi realmente perseguido no PV, e se sua saída foi por conta dessa situação, é claro que a lei (eleitoral) assegura que um parlamentar pode sair da legenda”, disse Sérgio Xavier, também em entrevista ao Portal LeiaJá.

Vale lembrar que outros parlamentares que iriam seguir com a Rede decidiram não se filiar ao PSB. Alguns estão ao lado de partidos da base governista, o que pode dificultar o ingresso na legenda da ex-senadora Marina Silva (PSB), quando este estiver validade no TSE.

 

O deputado Walter Feldman (PSB-SP) classificou na manhã deste domingo (13) como o crescimento "mais extraordinário" o aumento das intenções de voto registrado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para a corrida ao Palácio do Planalto em 2014. Pesquisa Datafolha realizada na última sexta-feira (dia 11) apontou que a presidente Dilma Rousseff venceria no primeiro turno e teria 41% das intenções de voto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) outros 21% e Campos, 15%.

"Ele (Eduardo Campos) até então era um candidato frágil, porque (tinha) quatro pontos (de intenção de voto) no início, sem perspectiva de exposição e problemas eleitorais. Ele teria muitas dificuldades. O próprio PSB fala que esperava que (ele) só teria dois dígitos no ano que vem. Então, na minha avaliação, é o crescimento mais extraordinário", disse ele, na chegada a um evento de apoiadores da Rede Sustentabilidade em Brasília.

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A pesquisa foi a primeira divulgada após a ida da ex-ministra e ex-senadora Marina Silva, que tentou viabilizar sem sucesso a criação do seu partido, para o PSB presidido pelo governador de Pernambuco. Feldman, ex-tucano, seguiu os passos de Marina. A participação da ex-ministra no evento, que tem por objetivo analisar a conjuntura política após parte de integrantes da Rede ter aderido ao novo partido, é aguardada para participar esta tarde.

Na avaliação de Feldman, Campos é o candidato com melhores condições de avançar nas próximas pesquisas porque conta com baixa rejeição e ainda é desconhecido de grande parte do eleitorado, o que o leva a ter um potencial de crescimento maior.

Para o parlamentar, os eleitores de Marina "evidentemente" se dividiram e agora ocorre um processo de "decantação da decisão" da ex-ministra de migrar para o PSB. Ele disse que não se preocupa com o fato de Dilma ter herdado a maior parte do espólio eleitoral de Marina, uma vez que, na opinião dele, ainda "não está claro" que ela se retirou da disputa em 2014 e vai ceder seu "patrimônio" para Campos.

"A hora que tiver o desdobramento das informações, a nossa avaliação é que uma parte ponderável (das intenções de voto) virá para cá. Até porque Marina representa uma parte daquilo que não se representa na Dilma e não reconhece no Aécio as condições de ser o destinatário. É uma questão de tempo", disse.

Questionado se Marina poderia ser a cabeça de chapa do PSB em 2014, pelo fato de em outra simulação na qual concorre levar a disputa para o segundo turno, Feldman negou categoricamente. Segundo ele, seria contraditório para a postura de "desprendimento" da ex-ministra. Ele disse que Marina cedeu seu patrimônio para quem ela considera ter melhores condições para levar adiante o programa da Rede Sustentabilidade e depois ficar "conspirando o tempo todo, abalando e dificultando" a atuação do novo partido.

"Não é isso que nós vamos fazer. Nós não levantamentos a hipótese de rediscutir essa questão. O governador Eduardo Campos foi muito generoso ao dizer que essa questão ficará para o ano que vem", afirmou ele, ao defender que a Rede pretende discutir com o PSB programa, o que não tem ocorrido "há muito tempo" nas eleições.

A dobradinha da chapa eleitoral do PSB para a eleição presidencial em 2014 pode ter uma surpresa no próximo ano. Depois da filiação da ex-senadora Marina Silva no último sábado (5), o cenário político começou a voltar os olhos para uma chapa formada por Campos e Marina. No entanto, há especulações que apareça outro nome.

Segundo colunista de um jornal local, aliados de Eduardo Campos cogitam a possibilidade do deputado federal Walter Feldman (PSB-SP) sair candidato à vice na chapa do socialista. Neste caso, Marina Silva (AC) disputaria cadeira ao Senado Federal.

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A possibilidade ainda não confirmada pelos socialistas poderá torna-se realidade, principalmente porque Feldman foi um dos responsáveis pelas negociações entre Marina e o PSB, segundo a Folha de São Paulo, além de ter deixado o PSDB pelo PSB. Com este cenário, o governador poderá ter palanques garantidos tanto em São Paulo como no Acre.

O deputado federal Walter Feldman, atualmente filiado ao PSDB de São Paulo, mas que tem se empenhado para a criação da Rede Sustentabilidade, criticou as declarações do deputado estadual Ademar Traiano (PR), membro da Executiva Nacional do PSDB, de que o desempenho da presidente Dilma Rousseff (PT) pode comprometer as chances de outra mulher assumir o mais alto posto do País, numa referência à chance de Marina Silva assumir o Palácio do Planalto. "Quando eu li a matéria levei um susto com a interpretação dele. É um voo ousado que o deputado faz porque mistura a avaliação sociológica, política e comportamental para avaliar o que pode acontecer nas próximas eleições", disse Feldman, com exclusividade ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

"Ele (Traiano) faz uma avaliação política tendo em vista aquilo que é um desejo dele de ver o candidato do PSDB disputando com Dilma", afirmou. Também em entrevista exclusiva ao Broadcast Político, Traiano afirmou que a presidente "não convenceu os brasileiros", por isso acredita "que no momento do voto essa avaliação será feita: da capacidade de uma nova mulher poder gerir o comando do País. É o que eu falei sobre vivência, habilidade, poder dialogar com partidos, tudo isso tem influência. Eu acho que a população brasileira não faria mais uma aposta neste sentido."

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Feldman diz concordar com algumas críticas à gestão da presidente, no entanto, frisou que isso, de forma alguma, tem relação com o fato dela ser mulher. "Todas as críticas que temos com relação à gestão da Dilma não se dão por conta do gênero. Ela não é mais ou menos porque é mulher. Essa é uma ponderação que na política não é mais passível de aceitação."

De acordo com o deputado, a posição de Traiano é absolutamente pessoal, pois a avaliação do PSDB é que as mulheres têm o direito de comandar e estar em qualquer nível político. "É (um pensamento) absolutamente pessoal (de Traiano). Pode ter figuras políticas em todos os partidos que tenham essa visão, mas é uma visão preconceituosa", reforçou Feldman.

Ao contrário do que pregou Traino, Feldman acredita que o eleitor brasileiro não fará avaliações de gênero nas próximas eleições. "A sociedade lutou para diminuir as diferenças e tem mostrado nas ruas que quer gente competente e honesta para contribuir com as mudanças necessárias", avaliou.

Feldman também criticou as afirmações do correligionário em relação à competência de Marina para assumir o posto de presidente do Brasil. "Ele falou que ela não tem bagagem, mas isso também é um argumento ultrapassado. Ela foi vereadora, senadora, ministra do meio ambiente com resultados incríveis na sua pasta. Ela tem a bagagem como parlamentar e como executiva. A Dilma quando assumiu não tinha nenhuma experiência parlamentar. E o Lula não tinha absolutamente nada e foi presidente por oito anos", afirmou.

"Tentam passar a ideia de que Marina só tem visão ambiental, mas hoje o centro do programa da Rede é a questão da sustentabilidade em todas as políticas públicas. Ela não se propõe a mudar apenas a realidade do dia a dia, ela quer construir uma sociedade para as próximas gerações", rebateu Feldman.

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