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Durante a Live semanal, o presidente Jair Bolsonaro comentou sobre possíveis vetos ao Projeto de Lei de Abuso de Autoridade, aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados no dia 14 de agosto.   

"O ministro Moro está propondo, se não me engano, nove vetos. E tem mais pessoas propondo vetos. A gente vai analisar e vamos decidir", disse o presidente. Bolsonaro descartou veto integral ao projeto, apesar de pressões de alguns setores da sociedade por esse encaminhamento. "O projeto lá tem dezenas de artigos. Bons artigos a gente vai deixar lá", acrescentou.

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Segundo o cronograma do governo, o presidente deve receber, até terça-feira (3), a consolidação de informações por parte dos ministérios, para subsidiá-lo na decisão final sobre os vetos. Bolsonaro só deve anunciar a decisão no dia 5 de setembro, quando termina o prazo de 15 dias úteis para o veto ou sanção. Em caso veto, o texto volta para análise do Congresso Nacional, que pode manter ou derrubar os vetos presidenciais. 

O Projeto de Lei de Abuso de Autoridade prevê a criação do crime de caixa 2, de compra de votos e o aumento de pena para o crime de corrupção, tornando a prática hedionda em alguns casos. Atualmente considerada crime eleitoral e não penal, com penalidade inferior à aplicada a outros crimes e passível de prescrição no prazo de um mandato, a prática de caixa 2 em campanha eleitoral poderá ser tipificada como crime.

Segundo o texto aprovado, poderá ser considerado abuso de autoridade obter provas por meios ilícitos; executar mandado de busca e apreensão em imóvel, mobilizando veículos, pessoal ou armamento de forma ostensiva, para expor o investigado a vexame; impedir encontro reservado entre um preso e seu advogado; e decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado sem intimação prévia de comparecimento ao juízo. 

No total, a proposta apresenta 37 ações que poderão ser consideradas abuso de autoridade, quando praticadas com a finalidade específica de prejudicar alguém ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro. Entre eles, está o dispositivo que tipifica como abuso de autoridade o uso de algemas em preso quando não houver resistência à prisão ou ameaça de fuga.

Indulto natalino

 Bolsonaro manifestou a intenção de conceder indulto de natal a policiais militares presos. "Olha, final do ano, espera aí, aqueles indultos, eu vou escolher alguns colegas policiais que estão presos injustamente pelo Brasil, presos por pressão da mídia. No final do ano, vai ter policial nesse indulto aqui. Espero que o pessoal me abasteça de nomes, para gente analisar, quem tiver em condições, para esse sim a gente botar na rua", disse o presidente.

A declaração foi dada quando o presidente defendia um projeto para dar retaguarda jurídica a policiais que atuam em operações de segurança pública. O indulto natalino é um decreto, que costuma ser assinado pelo presidente da República todos os anos no período de Natal. O indulto permite a concessão de benefícios como a redução ou o perdão da pena de condenados que atendam a alguns critérios, como o cumprimento de parte da pena.

 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou que está "entre a cruz e a espada" para decidir se vai vetar ou não pontos na Lei de Abuso de Autoridade, segundo a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). Bolsonaro fez o comentário, de acordo com ela, durante a reunião para discutir a proposta com parlamentares, ministros e entidades. O prazo para o presidente sancionar o texto vai até o dia 5 de setembro.

"Ao final (da reunião), o presidente disse: 'estou entre a cruz e a espada. Se eu vetar tudo, crio um problema com parte do Congresso e obviamente a população vai aplaudir. Se eu não vetar nada, crio um problema com a população.' Ele está ponderando muito", disse Joice.

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Ela afirmou que Bolsonaro não adiantou o que exatamente vetará, mas garantiu que ele vetará "alguns pontos" da proposta. Entre eles, destacou o artigo que prevê como crime de abuso de autoridade o uso de algemas quando o preso não mostra resistência.

Joice demonstrou que o governo tem preocupação com a reação do Congresso aos vetos, o que poderia impactar outros projetos no futuro. "Tudo é uma costura política, a gente tem que fazer essa conta porque o governo ainda tem no mínimo 3 anos e meio pela frente. Temos outros projetos para aprovar. Essa matemática política é o que a gente está fazendo agora", afirmou a deputada após a reunião com o presidente.

Do lado do governo, participaram do encontro nesta quarta-feira os ministros Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

"O ministro Sérgio Moro participou, falou e deixou claro que ninguém defende abuso de autoridade de maneira alguma, mas que nossa intenção tem que ser sempre a de dar liberdade de investigação e punição. A gente não pode flexibilizar punição para crimes, em especial crimes de corrupção. Essa é a nossa grande preocupação", contou Joice.

A parlamentar avalia que há um aumento no apoio político para alguns vetos na Câmara e no Senado. "Certamente não haverá o veto total, uma vez que estamos discutindo dez pontos (sugeridos para o presidente), mas esses dez pontos podem corrigir essa lei que na minha avaliação está manca e muito mal escrita. E aí a gente pode terminar de consertá-la com outro projeto de lei."

A reunião desta quarta-feira serviu para formalizar a entrega de um documento da liderança do governo com um pedido para que o presidente Jair Bolsonaro vete dez trechos do projeto sobre abuso de autoridade. O documento também é assinado por entidades de policiais, delegados, juízes e procuradores.

A pedido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o relator do projeto que trata da lei de abuso de autoridade, deputado Ricardo Barros (PP-PR), preparou parecer em resposta às pressões para que o presidente Jair Bolsonaro vete a proposta. O documento será entregue a deputados para que rebatam os argumentos de procuradores e do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que defenderam vetos a alguns artigos.

O parlamentar afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que, por enquanto, só há acordo fechado para aceitar veto a artigo que prevê punição a agentes públicos por uso de algemas quando o preso não apresentar risco. Segundo ele, a Casa "também está avaliando" mudanças no artigo 43, que cria punições penais a juízes e outros agentes públicos que impedirem o exercício da advocacia. Hoje, a lei prevê apenas sanções administrativas.

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No domingo, dezenas de cidades registraram manifestações que cobraram do presidente o veto na íntegra ao projeto sobre abuso de autoridade, aprovado na Câmara no dia 14. Convocados por grupos como o Vem Pra Rua e o Nas Ruas, os atos foram marcados também por ataques ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso.

O jornal apurou que os atos sensibilizaram o presidente, que sinalizou a interlocutores a intenção de vetar mais de um artigo da proposta, não apenas o que trata do uso de algemas. O número, porém, não deve chegar aos nove artigos defendidos por Moro.

Ao ser questionado sobre a pressão para que Bolsonaro derrube trechos do texto, Maia sinalizou que o Congresso poderá rever a decisão presidencial. "Cabe ao presidente, de forma democrática, decidir se veta ou não. O ciclo do processo legislativo é importante que seja respeitado. Vetando, cabe ao Parlamento derrubar os vetos. Democracia é assim", afirmou Maia.

Mais cedo, ele se reuniu com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na residência oficial, onde, segundo interlocutores, deixou claro que o Congresso está disposto a discutir os vetos, mas não vai "admitir" a derrubada completa do projeto.

Bolsonaro tem até o dia 5 de setembro para decidir se veta ou não o projeto. Para derrubar um veto presidencial, são necessários 41 votos no Senado e 257 votos na Câmara. Um grupo de parlamentares contrários ao projeto recolhe assinaturas para manifesto que pede ao presidente o veto integral à proposta. Até o momento, menos de 100 deputados e 32 senadores de 11 partidos aderiram.

Líderes de partidos ouvidos pelo Estado indicam que não aceitarão um eventual veto de Bolsonaro que desconfigure o projeto. "Nós não vamos aceitar veto nenhum", afirmou o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP). O deputado Elmar Nascimento (BA), líder do DEM, é menos inflexível e, embora defenda o texto aprovado no plenário, afirmou ser preciso ter cautela. "O Congresso avaliou a matéria e o momento é o de esperar pelo tempo do Poder Executivo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Belo Horizonte, Recife, Brasília, Porto Alegre e Curitiba registraram neste domingo, 25, manifestações com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e cobranças para que o presidente Jair Bolsonaro vete totalmente a Lei de Abuso de Autoridade. Os atos em todo o País foram convocados pelas redes sociais.

Na capital federal, no Recife e no Sul, também estavam na pauta o apoio à indicação do coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, para a Procuradoria Geral da República (PGR), a transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para penitenciária em São Paulo, além do impeachment do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.

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Foto: Paulo Paiva/Agif/EstadaoConteudo

Em BH, sanitários químicos alugados por fundadores do Patriotas, que participaram da organização do ato junto com o movimento Vem Pra Rua, tiveram cartazes pregados com a inscrição "STF - Sanitário Togado Fedorento". Pela primeira vez em atos pró-Bolsonaro em BH, ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficaram em segundo plano.

"As pessoas elegeram Jair Bolsonaro para ele mudar o que vinha ocorrendo no País em relação à corrupção", afirma a coordenadora do Vem Pra Rua na cidade, Kátia Pegos, que acredita em possível perda de apoio da população ao presidente caso a lei não seja vetada integralmente.

Para a militante, as instituições estão querendo se blindar contra investigações. "Há indícios de que o presidente não está sendo tão incisivo como deveria nesta questão. Bolsonaro não tem que ter medo de enfrentar deputados, senadores ou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O povo está com ele", disse.

Mensagens eram exibidas e lidas por manifestantes do alto de um caminhão de som do Vem Pra Rua na capital mineira. "Não elegemos Bolsonaro para abafar investigações contra bandidos", dizia uma delas. "Veta tudo, Bolsonaro", afirmava outra. Faixas e cartazes também cobravam o veto do presidente à lei.

"Como a própria lei já fala, ela vai limitar a ação da autoridade no nosso País. Não podemos deixar que isso aconteça", defendeu o presidente do movimento Liberta Pernambuco, Wilker Cavalcanti, no Recife. A empresária Fatima Soares, de 64 anos, levou os quatro netos para a manifestação na capital pernambucana. "As novas gerações precisam saber o que estamos defendendo. É o futuro do País e deles mesmos. Por isso, quero que aprendam desde cedo", disse.

Em meio ao protesto em Porto Alegre, o administrador Werner Dullius, de 63 anos, exibiu sua criação para protestar: uma mini prisão com bonecos de Dilma, Lula e ainda ministros do STF e o emblema do PT. Também apareciam representados os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.

"A ideia era que, em virtude dos crimes destas duas criaturas (Dilma e Lula), para mim, desde a primeira manifestação do povo, eles deveriam ser presos. Este modelo de prisão foi feito especialmente para os dois e chama-se 'suíte presidencial do sítio da Papuda'", afirmou Werner. "A medida em que as denúncias foram crescendo, coloquei todos os ministros do STF para dentro da gaiola."

Em Brasília, os manifestantes se reuniram em frente ao Congresso Nacional pela manhã, vestidos de verde e amarelo. Havia um boneco inflável do ministro da Justiça, Sergio Moro, vestido de Super-Homem.

Os manifestantes em Curitiba se reuniram na Boca Maldita, convocados pelos movimentos Vem pra Rua e Em Defesa da Lava Jato. Eles pediram o afastamento dos ministros do STF Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski e criticaram outras figuras públicas. "Não podemos deixar que os políticos corruptos mudem a direção da Justiça", disse o líder do Movimento Vem Para Rua, Eder Borges.

Lei de abuso de autoridade

O projeto de lei sobre abuso de autoridade foi aprovado no último dia 14 de agosto pelo Congresso Nacional. A proposta define cerca de 30 situações que configuram crime de abuso de autoridade, como decidir por prisão sem amparo legal, obter provas por meio ilícito, pedir a instauração de investigação contra pessoa mesmo sem indícios de prática de crime, divulgar gravação sem relação com as provas que se pretende produzir em investigação, expondo a intimidade dos investigados entre outras.

Manifestantes preparam atos em dezenas de cidades ao redor do País para protestar no próximo domingo, 25, contra a aprovação do projeto de abuso de autoridade, aprovado na Câmara dos Deputados e que agora deve ser apreciado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Entre outras pautas, há pedidos de impeachment para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e manifestações favoráveis à escolha do procurador Deltan Dallagnol para o cargo de procurador-geral da República.

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Um dos principais organizadores é o movimento Vem Pra Rua (VPR), que organizou atos em pelo menos 79 cidades, entre elas as principais capitais do Brasil. Outros grupos como o Movimento Avança Brasil (MAB) e o Direita São Paulo também preparam manifestações. Procurado pela reportagem, o Movimento Brasil Livre (MBL) respondeu que ainda não decidiu se vai participar.

Adelaide Oliveira, porta-voz do grupo Vem Pra Rua, comenta que o projeto de abuso de autoridade, considerado uma reação da classe política às operações recentes contra corrupção, é "inadmissível". Na prática, ele criminaliza o abuso de autoridade e prevê punição a agentes públicos, incluindo juízes e procuradores. Como já havia passado pelo Senado, o texto vai agora à apreciação do presidente.

"É inadmissível que, depois de renovarmos o Congresso, de a gente estar há cinco anos nas ruas, de o governo ter prometido que trabalharia pelo fim da corrupção, a gente se encontrar numa situação dessas. Um projeto votado em regime de urgência, uma votação que não foi nominal (voto secreto), mal explicada. Não podemos admitir isso e vamos pressionar para ser vetado", disse.

Entidades representativas de juízes, procuradores e delegados também criticaram a urgência com que o projeto foi aprovado e alertaram para um possível 'enfraquecimento' do combate ao crime organizado e à corrupção com a aprovação. No Rio, associações de magistrados, de policiais e de auditores fiscais protestaram nesta quinta-feira, 22, pedindo veto ao projeto.

Impeachment de Dias Toffoli

Outra pauta dos grupos é a instalação de um processo de impeachment de Dias Toffoli. Adelaide deixa claro, no entanto, que o objetivo não é destituir o ministro de seu cargo. "É um pedido para que apure e se julgue. Não é uma condenação sumária, ninguém está pedindo para ele ser retirado, e sim a instalação de um processo absolutamente legal".

O Avança Brasil pedirá ainda impeachment dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.

A deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, protocolou no mês passado um pedido de afastamento de Toffoli, sob a justificativa de ele ter suspendido os processos envolvendo dados compartilhados pelo Coaf e pela Receita sem autorização da Justiça. O Vem Pra Rua também cita o inquérito para apurar ameaças, ofensas e fake news contra integrantes da Corte e seus familiares. À época, a medida foi criticada por juristas e entidades, argumentando que a decisão seria inconstitucional por ter sido feita sem "provocação" à Corte e pelo presidente ter indicado o ministro relator.

Novo nome na PGR

A escolha do novo nome para ocupar a procuradoria-geral da República também está na pauta de manifestantes. Raquel Dodge fica no cargo até 17 de setembro. O Vem Pra Rua defende o nome do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba. "É preciso valorizar os procuradores que mudaram o Brasil. Bolsonaro precisa se manifestar a favor do combate à corrupção. Nosso clamor é por Deltan e pelo que ele representa". Segundo ela, Deltan Dallagnol e a Operação Lava Jato têm sido atacados e precisam ser valorizados.

Já o Avança Brasil prefere não indicar um nome. "O MAB confia plenamente no juízo (do presidente Jair Bolsonaro) em relação à escolha que será feita para ocupar o cargo de Procurador Geral da República. O MAB não tem preferência por nomes, embora seus membros nutram simpatia, individualmente, por alguns integrantes do Ministério Público. Asseguramos que o nome que for escolhido (por Bolsonaro) contará com todo o apoio do MAB."

Prisão de Lula

Para Adelaide, do Vem Pra Rua, existe uma manobra sendo organizada entre integrantes da classe política para acabar com a prisão em segunda instância, que pode ter impacto na prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em Curitiba desde abril de 2018. "Seria emblemático soltar o Lula, o chefe da quadrilha. Imagina os outros", disse.

Um grupo de senadores entregará ao presidente Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (22), um manifesto pedindo veto integral ao Projeto de Lei 7.596/2017, que define 37 situações que configuram crimes de abuso de autoridade que podem ser cometidos por servidores públicos e membros dos Três Poderes da República. A proposta foi aprovada pela Câmara dos Deputados no último dia 14 de agosto. No entanto, os senadores consideram que o texto impõe riscos a investigações, principalmente relacionadas ao combate à corrupção.

Encabeçado pelo senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), o abaixo assinado recebeu adesão de outros 33 senadores. Em entrevista coletiva no final da manhã, os senadores explicaram que a medida atende aos apelos da população pela continuidade de ações como a operação Lava Jato, desencadeada pela Polícia Federal.

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“Temos uma razão política muito forte. Essas assinaturas são do grupo “Muda, Senado”, contra todas as medidas que a Câmara aprovou na calada da noite. Vamos oferecer ao presidente, por meio do ministro Sergio Moro, o apoio para que ele mantenha o seu veto. E vale lembrar que, na hora de derrubar um veto, o voto de cada parlamentar é nominal”, declarou Oriovisto.

Senadores como Marcos do Val (Cidadania-ES), Eduardo Girão (Podemos-CE) e Styvenson Valentim (Podemos-RN) reforçaram a posição. O líder do PSL, Major Olimpio (SP), afirmou que o manifesto é uma garantia a Bolsonaro de que, na eventual derrubada dos vetos pelo Congresso, a análise será iniciada pelo Senado, que contará com pelo menos 41 votos declarados.

“Cada senador vai colocar a sua digital. Essa legislação não foi feita com o cérebro, mas com o fígado, num espírito de vingança contra juízes, promotores, policiais, quando o Brasil está ansiando justamente pelo enfrentamento à corrupção e o fortalecimento das estruturas de segurança. Não queremos que morra a operação Lava Jato e nem auditores trabalhem intimidados”, declarou.

Já o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) defendeu a valorização dos órgãos de investigação e de segurança do país, com respeito à agenda da sociedade brasileira. Ele disse ter a exata noção da aprovação da proposta pela Câmara dos Deputados:

“Não é oferecer ao país uma legislação moderna, competente, que responsabilize autores de eventuais abusos de autoridade. O objetivo é a intimidação, é atemorizar, especialmente no âmbito da operação Lava-Jato, que vem desbaratando uma organização criminosa no país”.

Para o senador Lasier Martins (Podemos-RS), o projeto é “deslocado”, no tempo e nas circunstâncias. Ele ressaltou que, quando a matéria foi aprovada no Senado, em 2017, a composição da Casa era outra. Por isso, o parlamentar considera o PL 7.596/2017 um instrumento para autoproteção de investigados por corrupção.

“A lei é para todos. Se alguém cometeu infrações, se há agentes políticos que as cometeram, também têm que ser processados, e nós estamos ao lado disso”.

*Da Agência Senado

 

Em nota pública, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) afirmou, nesta quarta-feira, 21, que a Lei de Abuso de Autoridade, aprovada pela Câmara e pelo Senado, é um "projeto equilibrado", que não irá "atingir avanços no combate à corrupção". O texto, que depende de sanção do presidente Jair Bolsonaro, tem sido atacado por procuradores, juízes e delegados de polícia. Tanto o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, quanto o alto escalão da Procuradoria-Geral da República chegaram a pedir vetos a 9 artigos do projeto.

A nota de apoio é assinada pela Diretoria, Colégio de Presidentes e Conselho Pleno. "Ao apoiar a Lei do Abuso de Autoridade, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e o Colégio de Presidentes de Seccionais reconhecem o trabalho realizado pelo Congresso Nacional, que trouxe como resultado um projeto equilibrado, que inclui tema importante para a advocacia e para a garantia do direito de defesa do cidadão, que é a criminalização da violação das prerrogativas do advogado".

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"Os grandes avanços obtidos nos últimos tempos no combate à corrupção não serão atingidos pela nova Lei que pune o abuso de autoridade, até pelo fato de que tal análise será feita pelo Ministério Público e julgado por um integrante do próprio Poder Judiciário", afirma a OAB.

Segundo a entidade, "cabe destacar que a proposta aprovada pelo Congresso Nacional vale para todas as autoridades do nosso país, seja do Judiciário, do Executivo, ou do Legislativo, e significa a subordinação de todos, inclusive dos mais poderosos, ao império da lei". "Trata-se, portanto, de preservar e garantir o direito do cidadão diante de eventual abuso da força por um agente do Estado no exercício das suas funções".

NOTA PÚBLICA - LEI DO ABUSO DE AUTORIDADE

"No nosso país, a Constituição Federal constituiu a República Federativa do Brasil como Estado Democrático de Direito, com fundamento na dignidade da pessoa humana, no qual se impõe a igualdade de todos e o respeito às leis.

O exercício do poder por todas as autoridades públicas que compõem a administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios está submetido aos limites impostos pelas regras constitucionais, em estrita obediência aos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e eficiência.

A Ordem dos Advogados do Brasil - que sempre defendeu a importância da liberdade de atuação de diversas carreiras de estado - entende que não há qualquer dissonância republicana na aprovação de uma nova Lei de Abuso de Autoridade para atualizar a lei vigente, que é de 1965 (Lei nº 4.898/65).

Ao apoiar a Lei do Abuso de Autoridade, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e o Colégio de Presidentes de Seccionais reconhecem o trabalho realizado pelo Congresso Nacional, que trouxe como resultado um projeto equilibrado, que inclui tema importante para a advocacia e para a garantia do direito de defesa do cidadão, que é a criminalização da violação das prerrogativas do advogado.

Os grandes avanços obtidos nos últimos tempos no combate à corrupção não serão atingidos pela nova Lei que pune o abuso de autoridade, até pelo fato de que tal análise será feita pelo Ministério Público e julgado por um integrante do próprio Poder Judiciário.

Cabe destacar que a proposta aprovada pelo Congresso Nacional vale para todas as autoridades do nosso país, seja do Judiciário, do Executivo, ou do Legislativo, e significa a subordinação de todos, inclusive dos mais poderosos, ao império da lei. Trata-se, portanto, de preservar e garantir o direito do cidadão diante de eventual abuso da força por um agente do Estado no exercício das suas funções.

A advocacia brasileira confia no Poder Judiciário do Brasil.

A Ordem dos Advogados do Brasil, que tem como missão fundamental a defesa do Estado Democrático de Direito, enxerga nessa importante atualização legislativa um grande avanço para efetivamente demonstrar à sociedade brasileira que ninguém está acima da lei e do respeito à Constituição Federal.

Brasília, 21 de agosto de 2019

Diretoria do Conselho Federal da OAB

Colégio de Presidentes da OAB

Conselho Pleno da OAB Nacional"

O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Cristiano Zanin, em entrevista ao LeiaJa.com, afirmou que a atualização da legislação que tange o abuso de autoridade é necessária.

De acordo com Zanin, é importante falar sobre o assunto “depois de tantos abusos ocorridos sobretudo na operação Lava Jato, mas não exclusivamente na operação Lava Jato”.

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O texto, que seguiu para sanção do presidente Jair Bolsonaro (PSL), engloba atos cometidos por servidores públicos e membros dos três Poderes da República, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas e das Forças Armadas.

“Eu penso que esse projeto de lei vem em boa hora para atualizar uma legislação que já existe no Brasil desde a década de 1960 e que pune o abuso de autoridade tanto na esfera civil, quanto na esfera administrativa e também na esfera penal”, destacou o advogado do petista. 

Zanin, que esteve no Recife para participar de um evento na Ordem dos Adovagos, complementou dizendo que “o poder tem que ser exercido com limites. As autoridades que excedem esses limites e usam o poder para fins políticos ou para alcançar meios ilegítimos devem ser punidas. Ninguém deve estar acima da lei. Todos devem respeitar a lei”.

Procuradores do Ministério Público Federal entregaram, nesta quarta-feira, 21, à Secretaria de Governo do Palácio do Planalto e ao Ministério da Justiça e Segurança Pública nota técnica com a recomendação de veto a nove artigos do Projeto de Lei 7.596/2017, que define os crimes de abuso de autoridade cometidos por agente público.

A sugestão do Ministério Público Federal é que sejam vetados os artigos 3, 4, 9, 25, 27, 30, 31, 34 e 43 do PL nº 7596. As informações foram divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria.

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A nota foi elaborada pelas quatro Câmaras de Coordenação e Revisão do MPF com atribuição criminal.

O projeto foi aprovado pela Câmara e pelo Senado. Aguarda sanção presidencial.

Na nota, os procuradores reconhecem "a importância do tema abordado, na medida em que o projeto de lei pretende responsabilizar criminalmente os agentes públicos por abusos".

Mas, eles alertam que, da forma como está redigida, a nova lei "poderá prejudicar a execução das missões institucionais de cada órgão do Estado e inibir a atuação da autoridade no exercício de sua função".

Segundo o documento, o projeto "apresenta tipos penais abertos e imprecisos, o que pode intimidar magistrados, promotores, procuradores e delegados de polícia no desempenho de suas competências básicas’.

"Os tipos penais abertos descritos no projeto de lei, por serem vagos, dificultam a aplicação da lei e criam zonas cinzentas sobre a adequação da atuação dos integrantes do sistema criminal", diz o texto.

Interpretação

De acordo com o Ministério Público Federal, "ao utilizar conceitos genéricos e indeterminados, o projeto de lei traz insegurança jurídica e contradiz o próprio objetivo do projeto de lei".

"O legislador optou por inserir como regra geral a previsão de que a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não confira abuso de autoridade. Apesar desse dispositivo, ao longo do projeto há vários artigos que insistem na tipificação do crime de hermenêutica."

A nota técnica destaca que diversas condutas previstas no projeto de lei já estão regulamentadas em leis específicas.

Em entrevista ao LeiaJa.com nesta terça-feira (20), o ex-ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, detalhou sua avaliação sobre o Projeto de Lei 7.596/17, que define os crimes de abuso de autoridade. 

“Quem apresentou o primeiro texto que veio dar nesse projeto de abuso de autoridade foi eu, em 2009. Eu não o redigi, quem redigiu foi uma comissão de juristas e eles me entregaram para que eu desse entrada para tramitar. Boa parte do que lá está já existe”, explicou. 

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Jungmann, que também opinou sobre a situação da segurança pública vivida no Rio de Janeiro e a atuação do governador Wilson Witzel (PSC), disse que é preciso que excessos sejam responsabilizados da devida maneira. 

“Eu acredito que é preciso que se responsabilize quem comete excessos. Se proteja o judiciário, as polícias, o Ministério Público e todas demais instituições contra efetivamente interferências em seu modo de agir, de atuar e de apresentar resultados”, pontuou. 

Aprovado no Senado em junho, o texto prevê a criação do crime de caixa 2, de compra de votos e o aumento de pena para o crime de corrupção, tornando a prática hedionda em alguns casos. Atualmente considerada crime eleitoral e não penal, com penalidade inferior à aplicada a outros crimes e passível de prescrição no prazo de um mandato, a prática de caixa 2 em campanha eleitoral poderá ser tipificada como crime.

O texto, que agora precisa da sanção do presidente Jair Bolsonaro (PSL), é alvo de muitas críticas da bancada governista. Jungmann acredita que “todo agente público, de estado, tem que ser responsabilizado se cometeu excessos e se inseriu em abusos”.

As principais e mais influentes entidades representativas de juízes, procuradores, policiais federais, promotores e outras carreiras estão se mobilizando para realizar nesta quinta-feira, 22, ato público contra a Lei do Abuso, aprovada pela Câmara dos Deputados no dia último dia 14.

Ao todo, 19 entidades vão fazer parte da manifestação em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda (Ministro Mário Magalhães), na zona oeste de São Paulo, às 11h.

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Em nota, a Associação de Juízes Federais (Ajufe) informou que os magistrados não são contrários à responsabilização de atos abusivos de autoridades, mas que o texto-base aprovado "enfraquece a independência do Poder Judiciário e do Ministério Público".

"O referido projeto tem como objetivo evidente enfraquecer o combate à corrupção, e prejudica fortemente as instituições de Estado destinadas à aplicação da lei e à persecução de práticas criminosas", diz a nota.

O presidente Jair Bolsonaro tem até o dia 5 de setembro para decidir se veta o texto da Lei do Abuso, ou apenas alguns pontos nele contidos. Nesta segunda-feira, 19, logo cedo, Bolsonaro recebeu Moro que sugeriu o corte de 9 pontos da lei.

CONFIRA AS ENTIDADES MOBILIZADAS PARA O PROTESTO DE QUINTA

Ajufesp (Associação de Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul);

Apamagis (Associação Paulista de Magistrados);

Amatra-2 (Associação dos Magistrados de Justiça do Trabalho da 2ª Região);

Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil);

Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho);

AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros);

Amatra XV (Associação dos Magistrados de Justiça do Trabalho da 15ª Região);

Conamp (Associação Nacional dos Membros do Ministério Público);

ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República);

ANPT (Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho);

ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos);

APMP (Associação Paulista do Ministério Público);

ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal);

SINDPF-SP (Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo);

ADPESP (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo);

SINDPESP (Sindicato dos delegados de Polícia do Estado de São Paulo);

Unafisco Nacional (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil);

AFRESP (Associação dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo);

SINDAF-SP (Sindicato dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo), entre outras.

O ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) sugeriu na noite desta segunda-feira, 19, "muito cuidado com a dose" da Lei do Abuso. Durante evento em Marília, no interior de São Paulo, Moro disse que "o projeto é interessante", mas fez uma ressalva.

"Certamente ninguém é favorável a abuso de poder, mas temos que tomar muito cuidado para evitar que, ainda que a lei seja bem intencionada, possa servir como uma censura à atuação de juízes independentes, de promotores independentes e de policiais corajosos que se arriscam no dia a dia para aplicar a lei e que não têm condições de, cada um deles, ser acompanhado por um advogado do lado para saber exatamente o que pode fazer, até onde pode ir."

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Em Marília, Moro recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Unimar. Ele fez uma longa manifestação. Ao final, abordou a Lei do Abuso, que a Câmara aprovou na quarta-feira, 14, e que assombra juízes, promotores e policiais.

"Claro que é necessário coibir o abuso de poder, mas tem que tomar muito cuidado com a dose", enfatizou.

Ele ponderou que "o governo federal vai examinar com muito cuidado esse projeto de lei, com muito respeito ao Congresso".

O presidente Jair Bolsonaro tem até o dia 5 de setembro para decidir se veta o texto da Lei do Abuso, ou apenas alguns pontos nele contidos. Nesta segunda, 19, logo cedo, Bolsonaro recebeu Moro que sugeriu o corte de 9 pontos da lei.

À noite, já em Marília, na Unimar, o ministro abordou a Lei do Abuso e citou uma passagem histórica do jurista e diplomata Ruy Barbosa (1849/1923), no final do século XIX, envolvendo o caso do juiz do Rio Grande do Sul Alcides de Mendonça Lima e a soberania do Tribunal do Júri, no qual o voto do jurado é secreto.

"Naquela época, os Estados tinham competência para legislar sobre processo civil e processo penal", narrou o ministro em sua palestra. "Vários Estados editavam legislação própria. Uma lei editada por Júlio de Castilhos (presidente do Rio Grande do Sul por duas vezes), poderoso político do final do século XIX e começo do século XX, para regular o processo do júri, estabeleceu que os votos dos jurados não seriam sigilosos, mas dados em público."

"Bem, o grande problema do voto em público é que havia receio dos jurados", seguiu Moro. "Podiam mudar seus votos para ajustar à conveniência dos poderosos locais."

Segundo historiou o ministro da Justiça, o juiz Mendonça Lima, da Comarca de Porto Alegre, decidiu que a lei de Júlio de Castilhos era inconstitucional.

"Não iria aplicar a lei porque feria a soberania do Tribunal do Júri já que expunha jurados a ameaças e retaliações. Júlio de Castilhos oficiou ao então Superior Tribunal de Justiça, que seria o equivalente aos Tribunais de Justiça, pedindo que aquele juiz desidioso fosse processado por vários crimes, inclusive abuso de poder."

"O juiz foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Houve um pedido de recurso, uma revisão criminal, na época, ao Supremo Tribunal Federal. Quem apresentou esse recurso foi nada mais, nada menos, que Ruy Barbosa. Ele assumiu a causa e produziu um texto jurídico dos mais importantes no Brasil sobre o júri e a independência do juiz."

"O que Ruy Barbosa dizia, no âmbito desse artigo, é que, de fato, a lei que retira o sigilo das votações do júri é inconstitucional, ou seja, o juiz estava com a razão. Mas argumentou que, ainda que assim não fosse, criminalizar o entendimento do juiz só porque ele adotou uma determinada interpretação da lei, significava criminalizar a atuação da magistratura. Daí veio a expressão que ficou célebre entre nós, o chamado crime de hermenêutica."

Segundo a narrativa de Moro, em 1896 o Supremo invalidou a condenação do juiz Alcides de Mendonça Lima. "Desde então, desconheço juiz ou magistrado processado por crime de hermenêutica."

"Como eu disse, não está nada decidido (sobre a Lei do Abuso), mas não podemos esquecer nesse exame de pensar na história, de pensar nesses grandes exemplos do passado, como Ruy Barbosa."

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, voltou a criticar, nesta segunda-feira, 19, o projeto de lei de abuso de autoridade, aprovado no dia 14 pela Câmara Federal. "É preciso atentar para o fato de que a própria lei pode se tornar

um abuso que deseja reprimir", disse.

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A declaração foi dada em Curitiba, durante a abertura do 1º Encontro Ibero-Americano da Agenda 2030 no Poder Judiciário. Raquel voltou a dizer que o texto, "ao errar na dose, faz como um remédio que se torna um veneno e mata o paciente". "É preciso ponderar, quanto ao projeto de lei recém-aprovado, que todo abuso de direitos, por parte de órgãos do Estado, viola o Estado de Direito".

"Hoje o ordenamento jurídico já prevê modos de contenção de abusos. Os ministérios públicos são capazes de exercer controle sobre as polícias. E o Judiciário, sobre os ministérios públicos. Os conselhos de controle externo - CNJ e CNMP funcionam, sobre ministérios públicos e órgãos do Judiciário", diz Raquel.

Segundo a procuradora-geral, "para bem desempenhar sua atribuição constitucional, a magistratura e o Ministério Público têm seu livre exercício garantidos pela Constituição".

"Instituições tíbias, cujos membros estejam permanentemente ameaçados por normatividade excessiva, ou vaga, cumprem seu papel de modo exitante no tocante a enfrentar os poderosos, coibir a corrupção e o crime organizado", diz.

Agenda 2030

O encontro, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), teve como propósito discutir a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que conta com 22 países signatários, incluindo o Brasil.

A Agenda reúne diversas premissas e objetivos a serem institucionalizados pelos países participantes. As diretrizes são voltadas à promoção da Justiça, sob a ótica dos direitos humanos e pautadas pela sustentabilidade.

Pacto

Na ocasião, houve a assinatura de um pacto pela implementação dos objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 no MP e no Poder Judiciário. O documento reúne cláusulas a serem cumpridas pelos signatários para que os ODS sejam efetivamente implementados nas instituições as quais representam.

Além da PGR, assinam o pacto o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o coordenador-residente da ONU no Brasil, Niky Fabiancic.

O ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, disse nesta segunda-feira, 19, que o governo federal está "atento" a pontos da lei de abuso de autoridade, aprovado na Câmara, que possam cercear a atividade policial.

"Estamos atentos a óbices que eventualmente sejam colocados no trabalho da atividade policial", disse Moro durante evento em Bauru, no interior de São Paulo.

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O ministro sugeriu nesta segunda, 19, ao presidente Jair Bolsonaro veto a nove pontos da Lei do Abuso. Os dois se reuniram no Palácio do Planalto logo cedo.

Antes mesmo da votação na Câmara na quarta, 14, o Ministério da Justiça e Segurança Pública emitiu parecer contrário à aprovação do PL 7.596/2017, analisando 11 artigos do texto.

O ex-juiz federal ainda ressaltou que a sua pasta trabalha para potencializar a segurança pública, e fez novo aceno para os agentes de segurança. "Saibam, principalmente os agentes de segurança e a população em geral, que tem no Ministério da Justiça um parceiro, um amigo que quer facilitar as coisas."

O Conselho Nacional de Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG) divulgou nota para pedir o veto da chamada lei de abuso de autoridade, aprovada semana passada na Câmara e que endurece punições a agentes públicos. A entidade entende que existem trechos do texto que ferem a Constituição, além de colocar em dúvida a própria forma como a lei foi aprovada - em regime de urgência e por meio de votação simbólica.

"Não se teme uma 'lei de abuso de autoridade', mas o abuso na criação da referida lei", diz a nota. Para o Conselho de Procuradores-Gerais, o texto criaria obstáculos à "legítima atuação do Ministério Público brasileiro no combate à criminalidade organizada e à corrupção", por supostamente gerar intimidação aos agentes públicos.

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A entidade diz ainda que o alcance da lei de abuso seria indefinido e, assim, poderia servir de "campo fértil para arbitrariedades". "Em verdade, a incompletude da lei penal, como aprovada, é matéria-prima para abusos interpretativos", afirmam os procuradores-gerais.

O presidente Jair Bolsonaro tem 15 dias para sancionar ou vetar o texto. Questionado na semana passada sobre o tema, o presidente respondeu que ainda não havia lido o texto, mas "que vai ter veto". Ele também tem sido pressionado por parlamentares que integram a chamada bancada da bala no Congresso a rever trechos do documento.

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, deve sugerir mudanças em pelo menos oito artigos, como a proibição do uso de algemas quando o preso não oferece resistência à ação policial.

Protestos

A proposta aprovada pelos deputados prevê punição a agentes públicos, incluindo juízes e procuradores, em uma série de situações e é considerada uma reação da classe política às operações contra a corrupção como a Lava Jato.

Associações da magistratura, do Ministério Público Federal e estaduais e das forças de segurança organizam para esta semana protestos em algumas capitais do País para pressionar o presidente a vetar o projeto. Os atos estão programados para hoje em Belém, Natal, Campo Grande e Curitiba; amanhã em Brasília; e na sexta-feira em Belo Horizonte.

Segundo a reportagem apurou, porém, a cúpula do Judiciário não deve se mobilizar nessa ofensiva contra o projeto de abuso de autoridade. A avaliação é de que, como essa versão do texto atinge outros poderes e não apenas o Judiciário, isso esvaziaria o discurso de que a proposta é direcionada aos agentes de Justiça.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Onze deputados federais do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, ingressaram na Justiça com um ofício contra a votação que aprovou, em votação simbólica, o projeto de lei que criminaliza o abuso de autoridade. De acordo com a deputada Carla Zambelli, em seu perfil oficial no Twitter, “nossos fundamentos são diferentes dos usados pelos deputados do NOVO, mas o pedido é o mesmo: anulação da votação”.

Além de Zambelli, assinaram o ofício os deputados Luiz Philippe, Bia Kicis, Chris Tonietto, Sanderson, General Girão, Felipe Barros, Soraya Manato, Alê Silva, Carlos Jordy e Caroline de Toni.

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O pedido de suspensão de aprovação é que aconteça “até decisão final do pleito, em necessária observância ao direito de representação e da minoria, bem como ao devido processo legislativo constitucional”.  Para Carla Zambelli, a iniciativa dos parlamentares do PSL é em prol dos brasileiros. “Por vocês, para vocês!”, argumentou a deputada.

Nada satisfeita com a aprovação, em votação simbólica na Câmara dos Deputados, do projeto de lei que criminaliza o abuso de autoridade, a deputada federal Carla Zambelli (PSL) voltou a falar sobre o assunto nesta sexta-feira (16).

“Longe de coibir abusos, a ‘lei de abuso de autoridade’ dá poder total para um ministro do STF ou do STJ destruir a carreira de qualquer juiz, promotor ou policial concursado: basta conceder um habeas corpus, arquivar um caso por ‘falta de indícios’ ou dizer que uma prisão foi ‘vexatória’”, opinou a parlamentar. 

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Ainda em sua publicação no Twitter, a deputada comparou a lei com o socialismo. “É como o socialismo: um gigantesco esquema de poder disfarçado sob o pretexto furado de ‘proteger os pobres e oprimidos’”, argumentou Zambelli.

O projeto em questão foi aprovado na última quarta-feira (14) e vem sendo motivo de conflito entre figuras do meio político. A própria Carla Zambelli chegou a rebater um comentário positivo do senador Renan Calheiros (MDB) sobre o assunto.

A aprovação na Câmara do projeto que endurece punição a juízes e procuradores por abuso de autoridade provocou na quinta-feira, 15, uma reação de deputados, entidades de classe e até do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que pressionam o presidente Jair Bolsonaro a vetar trechos do texto. A medida é vista como uma reação do mundo político à Operação Lava Jato, pois dá margem para criminalizar condutas que têm sido praticadas em investigações no País.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que integrantes do governo avaliam modificações em dez artigos do texto que passou pelo Congresso. Em dois pontos, os parlamentares da bancada da bala já receberam a sinalização que pode haver vetos. Entre eles, está o item que pune autoridades que iniciem investigação sem justa causa fundamentada ou que usem algemas de forma inadequada.

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Outro trecho que deve ser alterado pelo Palácio do Planalto é o artigo 14, que prevê detenção de seis meses a dois anos para quem fotografar ou filmar preso, investigado ou vítima sem seu consentimento com o intuito de constranger a pessoa. Para parlamentares, o texto abre brecha para criminalizar o agente público que permitir que um preso seja fotografado. "Temos de garantir que o policial tenha segurança na hora de cumprir o seu dever", disse o deputado Capitão Augusto (PL-SP), coordenador da bancada da bala.

Ao ser questionado sobre o assunto ontem, Bolsonaro disse que ainda vai analisar possíveis vetos, mas defendeu a necessidade de se punir abusos.

"Existe abuso, somos seres humanos. Logicamente, não se pode cercear os trabalhos das instituições, mas a pessoa tem de ter responsabilidade quando faz algo e fazer baseado na lei", afirmou Bolsonaro. "Eu sou réu por apologia ao estupro. Alguém me viu dizendo que tinha que estuprar alguém no Brasil?", questionou. Em 2015, o presidente foi condenado por ter afirmado, quando ainda era deputado federal, que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não merecia ser estuprada porque a considerava "muito feia" e não fazia o "tipo" dele.

Um grupo de 20 parlamentares de ao menos quatro partidos - PP, DEM, PRB e Solidariedade - têm encontro marcado com Bolsonaro na terça-feira para tratar do assunto. O prazo para sanção do projeto é de 15 dias.

Jantar

Contrário à proposta, Moro acompanhou a votação em um jantar com parlamentares no apartamento do deputado federal João Roma (PRB-PE), conforme revelou ontem a Coluna do Estadão. Aos presentes, o ministro afirmou que a redação de alguns artigos deixava o texto dúbio e poderia inviabilizar o trabalho policial. O encontro contou com a presença, entre outros, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto.

Em nota divulgada ontem, Moro disse que o projeto será "bem analisado" para verificar se a proposta não pode "prejudicar a atuação regular" da Justiça e das forças policiais e de investigação. "Ninguém é a favor de abusos, mas o projeto precisa ser bem analisado para verificar se não pode prejudicar a atuação regular de juízes, procuradores e policiais. O exame ainda será feito com o cuidado e o respeito necessários ao Congresso."

Também em notas, integrantes do Ministério Público Federal disseram ver ameaça a investigações caso a lei seja sancionada da forma como passou na Câmara. "O projeto intimida a atuação combativa dos agentes públicos, ao permitir que investigados e réus os acusem por crimes indefinidos, o que enfraquece a independência das instituições e, assim, o combate à corrupção e à criminalidade", diz texto assinado pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Para a Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público, que reúne nove entidades e representa cerca de 40 mil profissionais, o texto aprovado "contém uma série de falhas e impropriedades", provocando, em última instância, "o avanço da impunidade".

‘Excessos’

Parlamentares favoráveis às medidas defenderam o projeto. "A lei que pune o abuso de autoridade coíbe ação de agentes públicos que usam o cargo de acordo com suas posições pessoais, políticas ou partidárias", disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR). Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o objetivo da medida é evitar que agentes públicos "passem de suas responsabilidades".

Para o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, a lei de abuso representa um "remédio". "Quem exerce o poder tende a dele abusar e é por isso que precisa ter remédio desse tipo." (Colaboraram Julia Lindner e Mateus Vargas)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, disse nesta quinta-feira (15) não ter “nada a temer” em relação à lei de abuso de autoridade aprovada nesta quinta-feira (14) na Câmara, e que o juízes precisam ter limites em sua atuação como qualquer outra autoridade.

“A lei é para todos. E nós também, juízes, temos que ter limites na nossa atuação, assim como têm os deputados, o presidente da República, como têm os ministros do Poder Executivo. Portanto, acredito que o que tem aí deve ser um aprimoramento da legislação”, disse Noronha.

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Questionado sobre um dos pontos do texto aprovado, segundo o qual se torna crime prorrogar investigação sem razão justificável, Noronha afirmou que o projeto de lei “chove no molhado”, uma vez que tal conduta já seria proibida pelo Código de Processo Penal.

“Portanto, isso não pode nos intimidar. Nós juízes não podemos nos intimidar por nada. Nós juízes temos de estar blindados a intimidações”, disse.

Noronha poderou, porém, que ainda vai examinar com calma o texto e que “se tiver algum vezo de inconstitucionalidade” vai alertar o presidente Jair Bolsonaro para não sancionar o projeto de lei. “Se estiver tudo de acordo, vamos então pedir que sancione, e como bons aplicadores das normas, haveremos de respeitar”, afirmou.

O projeto de lei sobre abuso de autoridade, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já havia sido aprovado no Senado. Após ser também aprovado ontem (14) em regime de urgência no plenário da Câmara, segue para sanção presidencial.

O texto aprovado elenca cerca de 30 condutas que passam a ser tipificadas como crime, passíveis de detenção, entre elas pedir a instauração de inquérito contra pessoa mesmo sem indícios da prática de crime, estender investigação de forma injustificada e decretar medida de privação de liberdade de forma expressamente contrária às situações previstas em lei, por exemplo.

 

O projeto de lei que criminaliza o abuso de autoridade, aprovado em votação simbólica na Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira (14), vem provocando discussões nos bastidores políticos.

Nesta quinta-feira (15) a deputada federal Carla Zambelli (PSL), insatisfeita com a aprovação, rebateu um comentário do senador Renan Calheiros (MDB) em que o parlamentar fazia elogios ao projeto de lei.

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“Com a lei de abuso de autoridade não haverá mais usurpação de competências das Cortes superiores pela 1ª instância, como ocorreu com Lula e até com Flavio Bolsonaro”, escreveu o senador em seu perfil no Twitter.

Em resposta, Carla Zambelli afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vetaria o projeto. “Querido, não comemore ainda. O nosso Presidente Jair Bolsonaro vai vetar. E logo você estará na cadeia, enjaulado”, disparou a parlamentar..

A proposta prevê punições a agentes públicos, incluindo juízes e procuradores, que adotarem uma série de práticas usadas em investigações conduzidas ao longo dos últimos anos no país.

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