Tópicos | barragem

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Brumadinho remarcou para o dia 28 a oitiva do ex-presidente da Vale Fabio Schvartsman, informou a página oficial do Senado Federal, nesta terça-feira (19).

Schvartsman se recupera de uma cirurgia e não poderá ir ao colegiado na quinta-feira (21) como estava previsto. Requerimentos aprovados também convocam 29 pessoas - entre elas, o diretor da Vale Luciano Pires, ex-diretores e funcionários.

##RECOMENDA##

"Às 20h do dia 14 de março de 2019, fui submetido a cirurgia de Facectomia por Facoemulsificação com Implante de Lente Intra-Ocular (LIO) no olho direito, necessitando, por recomendação médica, ficar em repouso durante sete dias contados a partir da data do procedimento", informou o executivo na segunda-feira, 18.

"Encareço a vossa excelência a gentileza de reagendar a citada reunião para data futura, em oportunidade na qual, recuperado, estarei à disposição desta CPI para prestar os devidos esclarecimentos referentes ao tema investigado", escreveu.

Convocação

A convocação de Schvartsman foi a primeira medida adotada pela comissão, durante reunião na última quarta-feira (13). O requerimento, de autoria dos senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também determina a convocação do presidente interino da mineradora, Eduardo Bartolomeo, para prestar esclarecimentos. Ainda não há uma data para sua oitiva.

O rompimento da barragem de rejeitos na mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, deixou ao menos 203 mortos. Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, 105 pessoas ainda estão desaparecidas, dois meses após a tragédia. Um total de 395 pessoas foram encontradas com vida na região após a tragédia.

O número de mortos identificados no rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho subiu para 206, informou a Defesa Civil neste domingo (17). De acordo com as autoridades, outras 102 pessoas continuam desaparecidas e 395 foram localizadas. 

As buscas pelas vítimas ainda continuam. O Corpo de Bombeiros informou que pelo menos 138 homens trabalharam em cerca de 23 áreas da região afetada. Ao todo, 63 máquinas foram usadas, além de quatro cães, dois drones e um helicóptero. 

##RECOMENDA##

A barragem da Mina Córrego do Feijão se rompeu no último dia 25 de janeiro e causou a morte de centenas de pessoas. Além disso, foi responsável por contaminar o Rio Paraopeba, um dos afluentes do Rio São Francisco. 

Da Ansa

Na noite deste sábado (16), os moradores do entorno da barragem Granjeiro, em Ubajara, no Ceará, foram retiradas de casa em prevenção para o risco de rompimento da represa, alertado pela Defesa Civil no dia 11 de março. Por conta das fortes chuvas na região, uma parede do reservatório cedeu, gerando uma cratera e o risco de rompimento total. O trabalho foi conduzido com a ajuda de agentes voluntários e do Corpo de Bombeiros.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o prefeito da cidade, Rene Vasconcelos, afirmou que o risco de rompimento é mínimo. "Queremos trabalhar com 0% de risco e, para isso acontecer, todos os cidadãos devem obedecer à ordem da Defesa Civil e da Agência Nacional das Águas", ressaltou o prefeito, referindo-se à ordem de evacuação.

##RECOMENDA##

Enquanto uma parcela das famílias se deslocou para a casa de parentes, outros buscaram atendimento no Santuário da Mãe Rainha, no bairro São Sebastião, onde um abrigo provisório foi instalado para amparar a população.

Ainda segundo o prefeito, um novo sangradouro está sendo construído com o objetivo de diminuir a cota do açude Granjeiro, no mínimo, pela metade. Ainda não há previsão para a conclusão da obra. Estima-se que pelo menos duas mil pessoas tenham sido afetadas pelo alerta.

A Prefeitura de São Lourenço da Mata emitiu nesta sexta-feira (15) um alerta para moradores das proximidades da Adutora de Tapacurá por possível risco de rompimento.

Conforme as informações divulgadas, é necessário que haja a desocupação dos imóveis no trecho entre a Rua da Estrada da Compesa e a Rua das Papoulas. A responsável pela Adutora, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), realizará uma série de serviços nos trechos de 5 km que representam potencial risco à população, além da implementação de uma nova rede adutora. Sobre o fato, a Compesa informou que foi a própria autora do processo judicial para evitar prejuízo às pessoas.

##RECOMENDA##

Confira a nota da prefeitura na íntegra:

"A Prefeitura de São Lourenço da Mata, em função de decisão judicial proferida nos autos do processo de reintegração de posse nº 0002871-28.2013.8.17.1350, em trâmite perante a 2ª Vara Civil de São Lourenço da Mata, alerta aos moradores que se encontram com seus imóveis construídos na faixa de domínio da adutora de Tapacurá (trecho entre a Rua da Estrada da Compesa e a Rua das Papoulas) que os mesmos estão em local de potencial risco.

Considerando que existe a possibilidade de vazamento da tubulação e atingimento de seus imóveis, colocando assim em risco estes moradores, os imóveis deverão ser desocupados. Adiantamos que não há motivos para pânico, mas sugerimos que os moradores estejam sob alerta.

A Prefeitura de São Lourenço da Mata, em até 90 dias, notificará individualmente os moradores dos imóveis em situação de risco do trecho mencionado acima, acerca da necessidade da desocupação.

Neste período de desocupação, a Prefeitura de São Lourenço da Mata deixará sua equipe de prontidão para maiores esclarecimentos e auxílio dentro das possibilidades existentes.

Em audiência judicial, realizada em 27/02/2019, a COMPESA se comprometeu em implantar uma nova adutora no trecho dos 5,0 km que apresentam potencial risco a população e desativar a tubulação que se encontra sob as casas com ocupação irregular, no trecho entre a Rua da estrada da Compesa e a Rua das Papoulas. A obra terá um custo de 42 milhões e um prazo de execução de 12 meses, após a finalização do processo licitatório.

Com a conclusão das obras pela COMPESA, os ocupantes dos imóveis poderão regressar para suas casas.

Sem mais, a Prefeitura de São Lourenço da Mata se coloca à disposição para quaisquer esclarecimentos."

Por Waleska Andrade

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro deferiu nesta quinta-feira (14) liminar para soltar 13 funcionários da Vale e da empresa TUV SUD presos no curso da investigação sobre o rompimento da barragem de Brumadinho. Eles haviam sido presos na quarta-feira (13) depois que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), ao julgar o mérito dos habeas corpus impetrados pela defesa, rejeitou os pedidos. As informações foram divulgadas pelo STJ.

Em 5 de fevereiro, a Sexta Turma do STJ havia determinado a soltura de cinco funcionários sob investigação. Na sequência, outras oito pessoas foram presas e, em 27 de fevereiro, libertadas por decisão do ministro Nefi Cordeiro. Com o julgamento de mérito do TJMG, voltou a valer a ordem de prisão da primeira instância - o que levou a defesa e impetrar dois novos pedidos de habeas corpus no STJ.

##RECOMENDA##

Segundo o ministro Nefi Cordeiro, relator do caso, a decisão que embasou as prisões já foi objeto de análise anterior pelo STJ quando determinou a soltura dos funcionários.

"Não consta no acórdão do tribunal de origem nenhum apontamento que justifique a mudança da compreensão apresentada naquele writ, pois, apesar de o fato em apuração ser gravíssimo, a prisão temporária exige requisitos expressos de cautelaridade, com a indicação da necessidade da prisão para as investigações criminais", explicou o relator.

Riscos concretos

Nefi Cordeiro afirmou que é possível ter havido omissão proposital dos funcionários, em razão de interesses diversos, assumindo o risco do rompimento da Barragem B1 (Mina Córrego do Feijão).

Entretanto, segundo o ministro, a prisão temporária exige a indicação de riscos para a investigação de crimes taxativamente graves, o que não foi verificado no caso analisado. Nefi Cordeiro afirmou que tanto o juízo de primeiro grau quanto o TJMG apontam genericamente a necessidade da prisão.

"Em síntese, prende-se para genericamente investigar, ou colher depoimentos. Nada se aponta, porém, que realizassem os nominados empregados da Vale S. A. para prejudicar a investigação; nada se revela que impedisse investigar, estando os agentes soltos."

De acordo com o ministro, vários empregados já prestaram depoimento no caso, não houve fuga, não há indicação de destruição de provas ou induzimento de testemunhas - "enfim, nada se conhece ou é especificado de concreto risco à investigação".

Para o ministro, o modelo acusatório do processo penal, adotado constitucionalmente, realiza-se não apenas pela presunção de inocência, mas pela regra da liberdade durante o processo.

"É o preço que assume a sociedade democrática de punir, não por vingança, mas por culpa provada; de não prender apenas pela acusação inicial (ou pior, investigação inicial), mas como resposta estatal ante a condenação."

Nefi Cordeiro lembrou que a decisão de soltar novamente os funcionários não impede a fixação de medidas cautelares diversas da prisão, desde que devidamente fundamentadas.

Depois de o Senado instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as causas do rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também autorizou a criação de uma CPI na Casa. A tragédia ocorreu em 25 de janeiro e deixou ao menos 203 mortos e 105 desaparecidos até o momento.

O ato assinado por Maia, que foi lido nesta quinta-feira (14) pelo deputado Julio Cesar Ribeiro (PRB-DF), que presidia a sessão, informa que a presidência da Câmara "dá conhecimento ao plenário" da criação da CPI que tem o objetivo de apurar as causas do rompimento da barragem e "as responsabilidades por esse sinistro e avaliar formas de minorar os riscos da ocorrência de novos acidentes".

##RECOMENDA##

Os líderes dos partidos deverão indicar os membros que irão compor a comissão na Câmara. A CPI será composta de 43 titulares e 43 suplentes. Embora não tenham poder de punir a empresa, as comissões de inquérito são instrumentos de pressão política, podem requisitar documentos, interrogar autoridades e recomendar o indiciamento de pessoas e empresas.

Convocação. No Senado, a CPI foi oficialmente instalada no início da tarde desta quarta-feira, 13. A instalação é um sinal verde para o início das atividades da comissão. Os cargos foram definidos durante a primeira reunião dos integrantes da comissão no Senado.

A primeira medida oficial adotada pela comissão foi solicitar a convocação do ex-presidente da Vale Fábio Scharvtsman e o presidente interino da mineradora, Eduardo Bartolomeo, para prestar esclarecimentos.

Os senadores Rose de Freitas (Pode-ES) e Carlos Viana (PSD-MG) foram escolhidos, por aclamação, presidente e relator da CPI de Brumadinho. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi eleito vice-presidente.

Em resposta a questionamento feito pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) afirma que a barragem de Casa de Pedra é estável e não houve ativação de plano de emergência na região onde se encontra a unidade. Além disso, conforme a empresa, não houve mudança no status da barragem, segundo as novas declarações de estabilidade emitidas no último dia 11 de março e que foram apresentadas no mesmo dia ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

O questionamento da autarquia foi motivado pela notícia sobre a recomendação do MPMG para que a CSN promovesse a remoção voluntária de 2,5 mil pessoas que moram perto da barragem, localizada em Congonhas (MG). Além disso, o MP recomendava o pagamento de aluguel de R$ 1.500 para cada núcleo familiar, além de todas as despesas com mudanças.

##RECOMENDA##

"A CSN Mineração vem cumprindo rigorosamente a legislação ambiental aplicável, possuindo, ainda, todas as licenças ambientais válidas para deposição e gerenciamento de rejeito em referida barragem. Ademais, conforme já informado, a CSN Mineração já vem adotando, desde 2016, medidas que visam o empilhamento a seco do rejeito gerado no processo produtivo da mina de Casa de Pedra", diz a companhia no comunicado.

Segundo a CSN, esse método cobre 40% do volume produzido, e até o fim deste ano cobrirá 100%.

Manifestantes do Movimento Sem Terra (MST) bloquearam a passagem de um trem da Vale, nesta quinta-feira (14), em protesto contra o rompimento da barragem de Brumadinho (MG) e o um ano do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

O ato ocorreu em Sarzedo, município vizinho de Brumadinho na região metropolitana de Belo Horizonte. O trem da Vale passa diariamente pela cidade transportando minério de ferro extraído do quadrilátero ferrífero de Minas.

##RECOMENDA##

Nesta quinta-feira, o número de mortos na tragédia em Brumadinho subiu para 203, informou a Defesa Civil de Minas Gerais. Outras 105 pessoas ainda estão desaparecidas.

Segundo o MST, cerca de 400 mulheres participaram do ato com objetivo de denunciar "a violência da mineração predatória contra as mulheres; a ameaça ao abastecimento de água à população gerada pelas mineradoras e sua total irresponsabilidade ambiental, além da sonegação da previdência e o não pagamento dos impostos sobre a extração mineral".

O grupo alega que a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), pago pelas mineradoras aos municípios para garantir a exploração, não corresponde ao desenvolvimento da região, tornando-a "dependente" de um "modelo de mineração estritamente vinculado à lógica capitalista".

Durante o ato, a Polícia Militar foi acionada e houve confronto com os manifestantes. De acordo com a corporação, ainda não há registro de feridos na ocorrência.

A reportagem entrou em contato com a assessoria da Vale e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação da companhia.

Segundo informado pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), por conta da falta de chuvas na região de influência da Barragem de Jucazinho, localizada no município de Surubim, agreste de Pernambuco, será preciso alterar o calendário de abastecimento para a população de 11 cidades da região até o período de inverno. Serão 240 mil pessoas afetadas.

Sendo assim, o novo calendário  de abastecimento já está em vigor. Os  municípios de Passira, Cumaru e Riacho das Almas passaram a ter um regime de distribuição  de oito dias com água e 22 dias sem. Já nas cidades de Surubim, Casinhas, Salgadinho, Santa Maria do Cambucá, Frei Miguelinho, Vertentes, Vertente do Lério e Toritama o rodízio de abastecimento agora é de 11 dias com água e 19 dias sem o abastecimento.

##RECOMENDA##

O volume do manancial está hoje com 2,78% da sua capacidade, que corresponde a um pouco mais de 9 milhões de metros cúbicos de água - do total de 327 milhões de metros cúbicos. A compesa garante que os seus técnicos estão monitorando o volume da barragem e realizando cálculos para a retirada do volume de água, com o objetivo de não deixar as cidades sem atendimento pela rede de distribuição. “A severa estiagem provocou uma queda acentuada do volume do manancial, que já não tem água suficiente para atender simultaneamente os onze municípios. Por isso, fomos obrigados a ampliar o rodízio”, explica o gerente de Unidade de Negócios da Compesa, Bruno Adelino.

A companhia espera que com esse novo calendário garanta o abastecimento de água até o período de chuvas na região Agreste, que ocorre entre os meses de abril e julho. A Barragem de Jucazinho é o maior reservatório de abastecimento humano do interior do Estado e responsável pelo atendimento de 240 mil pessoas nessas 11 cidades.

"Nos últimos oito anos, Jucazinho entrou em colapso uma vez - em setembro de 2016 - e vem apresentado baixos índices de acumulação, tendo em vista que as chuvas registradas na região não foram suficientes para recuperar o manancial", acentua a Compesa.

Bruno Adelino reforça que “o maior índice de acumulação alcançado pela Barragem de Jucazinho, nesse período de seca prolongada, foi de 8% da sua capacidade total, chegando a reservar 16,3 milhões de metros cúbicos de água."

Um mês depois de ter sido criada, a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que tem o objetivo de apurar as causas do rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), será instalada no Senado nesta quarta-feira (13). A tragédia ocorreu em 25 de janeiro e deixou ao menos 200 mortos e 108 desaparecidos até o momento. A instalação é um sinal verde para o início das atividades da comissão.

Nesta quarta-feira, será realizada uma reunião entre os membros que compõem a comissão. Eles irão escolher os senadores que vão presidir e relatar a CPI. São integrantes titulares da comissão os senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG), Selma Arruda (PSL-MT), Rose de Freitas (Pode-ES), Dário Berger (MDB-SC), Márcio Bittar (MDB-AC), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Jorge Kajuru (PSB-GO), Telmário Mota (PROS-RR), Wellington Fagundes (PR-MT) e Otto Alencar (PSD-BA).

##RECOMENDA##

Os senadores Roberto Rocha (PSDB-MA), Leila Barros (PSB-DF), Jean Paul Prates (PT-RN) e Carlos Viana (PSD-MG) são suplentes.

A intenção do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), era de criar uma comissão mista, formada por senadores e deputados. A ideia não prosperou. De acordo com ele, não houve entendimento entre Senado e Câmara. Na Câmara, o presidente Rodrigo Maia também determinou que uma CPI fosse criada. Lá, ela ainda não foi instalada.

Em meio à indefinição, a bancada mineira na Câmara protocolou um pedido de criação de comissão mista para investigar a tragédia. Parlamentares defensores da comissão mista afirmavam que ela daria celeridade às apurações e economizaria recursos das Casas.

Embora não tenham poder de punir a empresa, as comissões de inquérito são instrumentos de pressão política, podem requisitar documentos, interrogar autoridades e recomendar o indiciamento de pessoas e empresas.

A promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), Paula Ayres Lima, disse nessa segunda-feira (11) que a força tarefa que investiga o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, ocorrido no fim de janeiro, já tem convicção de que a tragédia poderia ter sido evitada. Em entrevista realizada em Belo Horizonte, na tarde desta segunda-feira, ela afirmou que já há convicção entre os vários órgãos que participam das apurações de que foi um crime doloso, já que havia conhecimento desde 2017 sobre a situação da barragem e nada foi feito.

"Nenhuma providência prática foi tomada. Nem o Plano de Ação Emergencial, que não teria evitado o rompimento, mas teria evitado a catástrofe humana, foi adotado", disse, lembrando que há informações sobre uma tentativa de se resolver o problema, mas que não deu certo e foi abandonada. "Tudo indica que eles teriam que parar a produção e ficou-se sempre buscando uma solução que evitasse parar a operação", completou.

##RECOMENDA##

Segundo a promotora, cerca de 18 pessoas estão sendo investigadas, mas a Força-Tarefa não iniciou ainda a tipificação de todos os crimes associados ao rompimento da estrutura. O presidente afastado da companhia, Fábio Schvartsman, também não foi ouvido ainda.

"Essa investigação é um quebra-cabeça de milhões de peças e todas as peças têm se mostrado importantes. Há um conjunto de provas que está permitindo que a gente já faça algumas conclusões", disse, frisando que a tipificação legal pode levar o grupo a apontar crimes contra a fauna, a flora, além das mortes.

Para a promotora, não se pode atribuir a culpa à empresa. "A Vale é uma pessoa jurídica. O que a gente vê é que os funcionários que lidavam ali no dia a dia, principalmente aqueles que tiveram mandado de busca e apreensão, não fizeram nada", completou. "É mais que omissão isso. É uma omissão muito sabida. Eles tinham consciência que existia um risco", disse.

Procurada, a Vale ainda não se pronunciou sobre o conteúdo da entrevista.

Subiu para 186 o número de mortos pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Há ainda 122 desaparecidos, segundo informação divulgada na tarde desta quinta-feira (28) pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.

De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, as buscas pelas vítimas da tragédia seguiram, nessa quinta-feira, com 15 frentes de trabalho.

##RECOMENDA##

Segundo a corporação, por causa do tempo instável e desfavorável para uso de drones, a operação segue intensa com 62 maquinários pesados nas escavações. Ao todo, trabalham no local 124 bombeiros.

O Corpo de Bombeiros informou que a operação em Brumadinho não será prejudicada em função do reforço para as operações de Carnaval, que começam a partir desta sexta-feira (1°) em todo o Estado de Minas Gerais.

A barragem 1 da mina Córrego do Feijão em Brumadinho se rompeu no dia 25 de janeiro. Os rejeitos atingiram a área administrativa, uma pousada e comunidades que moravam perto da mina.

As causas da tragédia ainda não foram esclarecidas. A principal linha de investigação sobre as causas do colapso é o acúmulo anormal de água e a falha no sistema de drenagem da barragem.

Os depoimentos dados por funcionários presos da Vale indicam que diretores da mineradora sabiam de problemas envolvendo a barragem de Brumadinho (MG), que se rompeu há um mês. Na segunda-feira, 25, quatro executivos já haviam solicitado habeas corpus preventivo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Até esta terça-feira, 26, a tragédia havia deixado oficialmente 179 mortos e 129 desaparecidos.

O Jornal Nacional, da Rede Globo, relatou na noite desta segunda ter conseguido acesso aos depoimentos dados pelos oito funcionários da Vale detidos há 12 dias em Contagem. São quatro gerentes e quatro integrantes de áreas técnicas diretamente relacionados ao controle da barragem de Brumadinho.

##RECOMENDA##

No depoimento, Felipe Figueiredo Rocha afirmou que os riscos de operação na chamada Barragem 1 foram discutidos em um painel interno com especialistas, do qual participaram os diretores Silmar Silva e Lúcio Cavalli. Essa declaração foi corroborada pelo gerente executivo Alexandre Campanha, que disse ainda acreditar que os relatórios finais - nos quais se apresentavam detalhamentos dos problemas - eram encaminhados para Lúcio Cavalli e demais diretores operacionais.

A mesma citação foi feita por Marilene Christina, outra detida. Ela foi além, dizendo que reportou ao diretor Silva - sobre a barragem B1 - a instalação de um DHP (drenos horizontais profundos, utilizados normalmente para a retirada de água da instalação). Na sequência, declarou ter alertado Cavalli de problemas em DHPs.

Uma das principais hipóteses investigadas pela força-tarefa formada para Brumadinho é que o excesso de água na barragem levou ao rompimento. Segundo o Jornal Nacional, um vídeo, incluído na investigação e gravado próximo da barragem depois da tragédia, mostra que havia uma tubulação de captação de água rompida, lançando água em direção à estrutura que desmoronou. As autoridades também localizaram nascentes acima da barragem e isso pode ter contribuído para a tragédia - esses eventos teriam sido acusados por piezômetros (medidores de volume de água).

STJ

Silva e Cavalli entraram com o pedido de habeas corpus preventivo, ao lado dos também diretores da Vale Peter Poppinga - cuja prisão já havia sido solicitada e negada - e Luciano Siani Pires. Seus advogados alegaram que eles "se encontram todos ameaçados de sofrer patente constrangimento ilegal ao seu direito de locomoção, em razão de ordem de prisão que está na iminência de emanar de autoridade incompetente no curso das investigações sobre o rompimento da barragem I da mina do Córrego do Feijão".

Procurada pela Globo, a Vale declarou que a diretoria está "colaborando com as autoridades para esclarecer as causas do rompimento", ressaltando que a presunção de culpa não pode decorrer apenas do posto que um executivo ocupa na empresa, e, por isso, pediu os habeas corpus para os diretores. Diz ainda que os depoimentos dos funcionários não indicam que a Vale soubesse previamente de um cenário de risco iminente de ruptura da barragem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A contaminação do Rio Paraopeba pela onda de rejeitos de minério de ferro da Vale, causada pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas, há um mês, elevou a concentração de metais pesados a níveis muito acima dos limites fixados pela legislação e do tolerável à saúde. É o que revelam os resultados das análises feitas em expedição da Fundação SOS Mata Atlântica. O relatório será apresentado nesta quarta-feira, 27, na Câmara dos Deputados.

Nos 22 pontos analisados em 305 km do rio, desde o Córrego do Feijão, em Brumadinho, até Felixlândia, no Reservatório de Retiro Baixo, todos apresentaram níveis elevados de ferro, manganês, cobre e cromo. Em altas concentrações, o cobre, por exemplo, pode causar náuseas e vômitos. O manganês está associado a rigidez muscular e tremores nas mãos.

##RECOMENDA##

"São elementos que não fazem mal à saúde em pequenas quantidades, tanto que os vemos em suplementos, mas em altas concentrações podem trazem problemas à saúde humana e dos animais", afirmou a bióloga Marta Marcondes, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (SP), que fez as análises laboratoriais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na série de reportagens "Brumadinho - O que restou depois da lama", o LeiaJá viajou pela cidade de Brumadinho ouvindo relatos de pessoas afetadas pelo rompimento da barragem.

##RECOMENDA##

Letreiro fica na entrada da cidade. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Há um mês, a pacata cidade de Brumadinho se tornava palco da maior tragédia humana da história da mineração no Brasil. Era o horário do almoço para alguns moradores e para outros o momento do descanso, que só seria cessado com os gritos por todos os lados. "A barragem da Vale estourou", diziam aos prantos sem entender o que estaria acontecendo a poucos quilômetros do centro da cidade, na área urbana. O rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, no último dia 25 de janeiro durou alguns minutos e foi suficiente para devastar um município, que aos poucos busca se reinventar.

Depois do choque dos primeiros dias após o que muitos identificam como o maior "crime" da Vale na região, a lama e as perdas deixaram a população desnorteada, sem saber para onde ir. A rotina se transformou e aos 40 mil habitantes, agora se somam, centenas de bombeiros, policiais militares e muitos voluntários vindo de todas as regiões do Brasil. Pela estimativa do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, os trabalhos deverão se estender por três a quatro meses após o rompimento.

Os dados oficiais do poder público contabilizam 179 mortos já identificados e 131 pessoas desaparecidas após a tragédia. Desses, 102 corpos identificados são de funcionários da Vale, enquanto outros 77 pertencem à comunidade e empresas terceirizadas. Quanto aos desaparecidos, 29 são da Vale e outros 102 do outro grupo. O balanço foi divulgado na noite deste domingo (24) pelo tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG).

Pela estimativa do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, os trabalhos deverão se estender por três a quatro meses após o rompimento. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Já são 31 dias depois da tragédia e a força tarefa que investiga o caso ainda não chegou a uma conclusão sobre o que gerou o rompimento da barragem, apesar de já se ter o conhecimento de que alguns funcionários da Vale sabiam dos problemas. Em entrevista à imprensa, o promotor de Justiça de Brumadinho, William Garcia Pinto afirmou que a barragem rompeu com toda a sua fúria num evento que representantes da Vale insistem em afirmar que foi acidente. "Mas o Ministério Público e as polícias de Minas Gerais têm hoje a convicção de que ocorreu a prática de um crime doloso e um crime de homicídio, por meio do qual diversos atores assumiram o risco de produzir centenas de mortes".

Luto, lama e a tentativa de seguir um futuro diferente distante das atividades mineradoras. É sobre o que muitos brumadinhenses têm debatido nas últimas semanas. No último dia 12 de fevereiro, a Câmara Municipal da cidade sediou a primeira reunião oficial dos moradores para debater o futuro da cidade, levando em consideração as inúmeras consequências do tsunami de lama que manchou a história de Minas Gerais.

Falta de informações, tristeza, baixa nas vendas, incerteza sobre o futuro e soluções pensadas pelos próprios moradores colocam em dúvida se a atividade mineradora ainda será bem vinda na região. O encontro foi organizado pelo Movimento Somos Todos Atingidos de Brumadinho, Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB e a Frente Brasil Popular de Brumadinho e contou com a presença de dezenas de participantes.

Passado um mês da tragédia, o que pensam os moradores da cidade sobre o futuro?

Moradores de Brumadinho participam de reunião para pensar sobre o futuro da cidade. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Para a moradora Junia Viana, 53, a dor é grande e vai demorar a passar, mas é preciso que a gestão municipal se preocupe com o psicológico das pessoas que seguirão habitando na região. Ela destaca ainda que cidades atingidas por catástrofes têm alto índice de alcoolismo, por exemplo. "Vamos ter que pensar em dar mais qualidade de vida para a nossa população. Brumadinho necessita de praças, parques e espaços de lazer. Podemos fazer a história diferente e isso seria bom tanto para os turistas, quanto para nós, não custa caro", afirmou.

João Sérgio, 26, também acompanhou o debate e decidiu expor a opinião contra o funcionamento de mineradoras em sua cidade. "Aqui nós crescemos ouvindo que no dia que a Vale fechasse, seria um desastre em Brumadinho. Sabemos que a conta não fecha sem os impostos pagos pela mineração. Mas até quando vamos viver disso?", questionou. Ele alertou que nesse primeiro momento, as câmeras do Brasil todo estão voltadas para a cidade e, por isso, devem cobrar do poder público políticas públicas para minimizar a dependência do extrativismo.

Para o morador, o turismo é apenas um dos caminhos, já que o Instituto Inhotim, referência internacional no mundo das artes, fica localizado na cidade. "Sabemos que o turismo gerado por Inhotim é bom, mas não dá conta da cidade toda. Precisamos de mais empresas investindo aqui, temos cachoeiras e trilhas e porque não utilizamos o turismo ecológico. Não somos organizados e muitas vezes o turista nem sabe dessas outras coisas. É o momento de se reinventar porque mesmo que a barragem não tivesse estourado, em um momento esse minério vai acabar e aí o que vai acontecer?", perguntou.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a principal atividade de Brumadinho é a mineração seguida pela agricultura de pequeno porte. Dos 20,5 mil hectares de lavoura, 17 mil são de produtores individuais, que utilizam da agricultura de subsistência e comercial para alimentar a família. Avimar Barcelos (PV), prefeito da cidade, disse que sem a mineração, a cidade não conseguiria pagar pelos serviços essenciais. Ele estima que 35% da arrecadação da cidade venha dessa atividade.

Raphaela Pereira, integrante do MAB, questionou a interpretação da Vale de quem são os atingidos. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Diante dos números, Raphaela Pereira, integrante do MAB, questionou a forma como a Vale e a Prefeitura da cidade estão interpretando quem são os atingidos. Já que além das mortes, a lama também ceifou o espaço de produção de muitos agricultores, o que também afeta o comércio local. Durante a reunião, representantes da CDL local apontaram uma queda de até 70% nas vendas.

"O que é ser atingido? Como é que eles estão avaliando isso? Não existe essa afirmação de diretamente e indiretamente atingido. Todos nós tivemos um pedaço de nós levados pela lama. Isso abala a vida de todos. Precisamos parar de depender da Vale para tudo. É o momento de pensarmos no fomento de outras formas de renda e união vai ser mais que necessária", apontou a militante.

O Ministério da Saúde anunciou no último dia 18 a liberação de mais R$ 4 milhões para a cidade de Brumadinho e a região. De acordo com o ministro Henrique Mandetta, que assinou os documentos para os repasses na Cidade Administrativa, a pasta vai acompanhar por pelo menos cinco anos as consequências do desastre, com atenção especial para a saúde mental dos moradores.

[@#video#@]

Além do dano social e psicológico, o mar de rejeitos de minério também contaminou o Rio Paraopeba, ao longo de 300 quilômetros do curso d'água. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, peixes morreram e mais de 270 hectares de vegetação nativa foram devastados. A entidade estima que o ecossistema na região levará pelo menos 300 anos para se recuperar totalmente.

O vereador do município Professor Caio fez um alerta sobre o futuro do Rio Paraopeba. Ele diz que se chover, a cidade vai alagar e será mais um transtorno para se preocupar, já que o rio está com um contingente de tóxicos alto. Se chover, a lama de rejeitos vai afetar todo o centro da cidade e poluir tudo.

"A Vale precisa acelerar isso. Temos dragas em Brumadinho e eles podem alugar esses equipamentos com facilidade. Essa limpeza deve ser feita em caráter emergencial, é uma empresa irresponsável. Essa tragédia não pode ficar impune, perdemos muito mais do que o aspecto financeiro. Eu pescava nesse rio, muitas pessoas precisavam dele para se alimentar e agora a gente nem sabe se ele está vivo. O aspecto ecológico acabou. Eles dizem que estão dando o máximo, mas a gente sabe que é mentira, mataram o nosso rio", contou.

Antônio Paulorinho afirmou que a Vale acabou com a nascente dos rios na região. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

O aposentado Antônio Paulorinho, 69, morador do Córrego Feijão também criticou a forma como a Vale subtrai os recursos da natureza e não devolve. Na ocasião, ele lamentou que não pode mais produzir seus alimentos porque as nascentes dos rios estão secando. "Trabalhei, economizei, lutei e deixei de comer bem para comprar uma terra para mim. Agora não posso mais produzir porque as minhas águas todas secaram. Estou morrendo aos poucos", contou o morador que também perdeu familiares no rompimento da barragem.

Ele criticou a falta de preocupação da empresa com o futuro dos recursos hídricos já que as hortas e as criações dependem da água. "Eles roubam as nossas águas com esses poços artesianos e não devolvem tudo de boa qualidade, extraem até a última gota. Eu não sou minerador, vou produzir o que? Se minha horta está morrendo e minha casa não chega mais água?".

O governo de Minas Gerais reiterou a proibição do uso da água do Rio Paraopeba, que abastece a região. Não foi informado por quanto tempo valerá a determinação. Em nota, divulgada pelas secretarias de Saúde, Meio Ambiente e Agricultura, o alerta é para evitar o uso em quaisquer circunstâncias. “A orientação de não se utilizar a água bruta do rio, sem tratamento, é válida para qualquer finalidade: humana, animal e atividades agrícolas”.

Para Jarbas da Silva, da Coordenação Nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração, o rompimento da barragem da Vale, no dia 25 de janeiro, alertou mais uma vez a sociedade brasileira sobre a necessidade de ter mais informações acerca das Barragens de Rejeitos de Mineração que se encontram ao redor de suas casas e cidades. "Somente neste século, ocorreram oito rompimentos de barragens de rejeitos minerais no estado de Minas Gerais, isso demonstra que existe algum grande problema com o processo de extração mineral.

Governo de Minas Gerais recomenda que população não use mais a água do Rio Paraopeba. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

O ativista ressaltou ainda questionamentos de como está estruturado o setor mineral brasileiro e quais são os motivos dessas tragédias. "Não podemos negar que os rompimentos ocorridos nos últimos anos, que causaram cerca de 400 mortes de trabalhadores, contaminações de pessoas, mortes de rios e destruição da fauna e flora, nos revelou que existem graves limites nos processos de fiscalização e manutenção das barragens de rejeitos no país. Ainda assim, ocultam o verdadeiro problema que necessita ser enfrentado com muita seriedade e responsabilidade: o modelo mineral que mata, mutila, enlouquece, sonega, evade divisas, recebe incentivos de diferentes caráteres, compra parlamentares e possui uma autarquia do Estado para garantir os seus interesses", revelou Jarbas.

Após o desastre, o poder público entrou em alerta. Por conta disso, mais de 1000 pessoas já foram retiradas de casas que ficam abaixo de barragens de risco, em quatro cidades próximas a Belo Horizonte. Assim como em Brumadinho, essas famílias que residem nas cidades de Barão de Cocais, Nova Lima (em dois pontos) e Ouro Preto e Itatiaiuçu, onde há um complexo da ArcelorMittal.

No último dia 18, foi publicada resolução no Diário Oficial da União por recomendação da Agência Nacional de Mineração (ANM). O Ministério de Minas e Energia definiu uma série de medidas de precaução de acidentes nas cerca de mil barragens existentes no país, começando neste ano e prosseguindo até 2021. A medida prevê a extinção ou descaracterização das barragens chamadas "a montante", exatamente como a que se rompeu em Brumadinho, até 15 de agosto de 2021.

Confira mais reportagens clicando nas fotografias abaixo:

Corpo de Bombeiros de Minas Gerais localizou 176 corpos de vítimas do rompimento da narragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, região metropolitana de Minas Gerais. Todos os corpos foram indentificados pelo Instituto Médico Legal (IML).

Segundo informações do governo de Minas Gerais, 134 pessoas estão desaparecidas, sendo 31 funcionários da mineradora Vale, além de 103 trabalhadores terceirizados e moradores da região.

##RECOMENDA##

Desde ontem (20), uma equipe do Corpo de Bombeiros está fazendo buscas na área onde funcionava o almoxarifado da Vale. No local foi encontrado um corpo, removido para o IML para identificação.

O almoxarifado foi identificado pelo cruzamento de dados, de localizações georreferenciadas e de indicações do terreno. As buscas na área do almoxarifado se desenvolveram durante esta quinta-feira e continuarão amanhã (22), segundo o Corpo de Bombeiros.

O Corpo de Bombeiros trabalha em sete frentes de buscas na área da barragem que se rompeu no último dia 25 de janeiro. Nesta fase de escavações, o trabalho é mais difícil porque a lama está muito profunda. A corporação mineira atua com apoio de militares de outros estados.

*Enviada especial do LeiaJá a Brumadinho (MG) 

Na série de reportagens "Brumadinho - O que restou depois da lama", o LeiaJá viajou pela cidade de Brumadinho ouvindo relatos de pessoas afetadas pelo rompimento da barragem.

##RECOMENDA##

Paulo observa o que restou de parte do Parque da Cachoeira. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Era por volta das 12h30 quando a barragem da Vale, na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, município na zona metropolitana de Belo Horizonte, começava a ceder e se rompia. A nove quilômetros desta região, o comerciante Paulo Alves, 48, estava de serviço em seu segundo emprego, trabalhando com dragas, nas imediações do Rio Paraopeba. O morador do vilarejo Parque da Cachoeira, localizado na área rural da cidade, escapou da avalanche de lama ao receber o telefonema da esposa às 12h35. Embora tenha retrucado com ar de deboche e descrença na afirmação de sua companheira, Paulo juntou seus pertences e foi ao encontro da família na parte mais alta de seu bairro.

“Eu duvidei dela porque sabia que a gente tinha a sirene e em caso da barragem romper, ela ia nos alarmar. Eles, da Vale, nos avisaram assim”, detalha Paulo. Os moradores da região não ouviram nada, nenhum alarme. Quando a onda de lama começou a descer da barragem 1 do Córrego do Feijão levou menos de trinta minutos para chegar no último ponto onde, de acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, poderia ter feito vítimas, justamente no Parque da Cachoeira (o bairro fica a cerca de seis quilômetros do centro de Brumadinho).

De acordo com o plano de emergência da mineradora Vale, a previsão seria de 24 minutos até o bairro, nas proximidades do Rio Paraopeba, numa velocidade de 80 quilômetros por hora no início do percurso. A trajetória da lama e dos rejeitos seguiram pela área de operações da mineradora, onde estavam instalados escritórios e o refeitório da empresa, ambos devastados. Mais a frente, a charmosa pousada Nova Estância foi soterrada junto com quem estava por lá e mais abaixo também atingiu o bairro do Parque da Cachoeira, antes de adentrar no rio.

Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Paulo relembra que chegou a observar a lama de aproximando do riacho e das ruas que cortam o seu bairro, mas não dava tempo de avisar a outros moradores da região mais baixa da Rua São Mateus, onde reside. Na visão de Paulo, a tragédia só não foi maior no vilarejo porque era o horário de almoço de uma sexta-feira e muitas pessoas tinham chácaras e sítios de veraneio, frequentavam mais nos finais de semana para fugir do caos dos centros urbanos. “Muita gente procurava o nosso bairro para descansar porque aqui era uma paz, mas também tinham moradores mais humildes na beira do riacho e foi por ali que perdemos cinco pessoas amigas”, lamenta o comerciante.

Como o mar de lama destruiu tudo que estava pela frente, como a vegetação, as casas e outros obstáculos, ao chegar no Parque da Cachoeira já corria mais lentamente, de acordo com o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros. Apesar do menor impacto, foram dezenas de residências destruídas, mortes de moradores e pessoas que estavam no local e a destruição de um bairro que outrora tinha o som dos passarinhos e o som do correr das águas como porta de entrada.

O mineiro se mudou para a comunidade há cerca de vinte anos e observou a atmosfera do local virar de cabeça para baixo em alguns minutos. A calmaria e a vida pacata foi substituída pelo barulho do motor dos helicópteros que não param de sobrevoar a região transportando os oficiais do Corpo de Bombeiros. O cheiro da vegetação, das plantações de hortaliças e da terra quando chove também foram embora com a lama que invadiu o local.

Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

A avalanche marrom engoliu tudo que encontrou em seu percurso e em algumas localidades a sua profundidade é de mais de 15 metros. Na região mais baixa do Parque da Cachoeira, o cenário é desolador. Veículos, concreto, casas completas, roupas e uma série de objetos agora se misturam ao barro que endurece aos poucos e entristece o olhar de Paulo, ao mostrar e relembrar como era o caminho de um riacho e o formato em que as casas eram uma após a outra. “Restou nada, só essa lama fedorenta e doenças para a gente. Estamos com o psicológico abalado, sem ter apoio e orientação do que devemos fazer, é o pior momento que já passei”, complementa.

Ele conta que para a mineradora Vale, sua família não é considerada como “atingida”, justamente porque a casa não foi destruída e eles não perderam nenhum parente. Mas Paulo, em tom de indignação, busca soluções para tocar a vida já que apesar de estar vivo, seu sustento se foi. O Rio Paraopeba foi atingido pela lama e a mercearia que construiu no terraço de sua casa não dá mais lucro. “As pessoas não vão comprar agora porque ninguém tá em condições de nada, preciso pagar as contas e para isso é preciso vender. Estou a 200 metros da lama e é claro que fui atingido. A minha casa está toda rachada depois desse tormento, quero que a Vale me explique o que aconteceu porque até agora estou em choque”, denunciou.

No decorrer dos dias após a tragédia, medidas de emergência foram anunciadas pela mineradora para conter os danos. Uma dela é a de que moradores, mesmo os que não estavam no local no momento em que o rejeito atingiu o terreno, receberão a doação de R$ 50 mil. Já quem exercia alguma atividade produtiva ou comercial na área vai receber R$ 15 mil. Esses não são os valores da indenização. A medida será aplicada para residências dentro da zona de Autossalvamento prevista no Plano de Ação Emergencial pré-existente. Essa área corresponde a uma extensão de 10 quilômetros partindo da barragem.

[@#galeria#@]

Paulo destaca ainda que procurou a empresa para negociar na base de apoio que foi montada em um campo de futebol, na entrada do bairro, mas ouviu dos responsáveis locais que sua casa estava fora dessa zona e por isso ele não tinha direito a nada. “Hoje a gente perdeu toda a liberdade do nosso bairro, os nossos peixes, meus clientes, amigos”, conta. Apesar da situação, ele ainda acredita que os órgãos competentes vão tomar as medidas cabíveis para tentar sanar a situação de tragédia que Brumadinho se encontra. “Eu sei que a Vale não vai fazer nada. Ela não pensa nas pessoas e nunca pensou. Mas as autoridades, como o Ministério Público e até com o presidente da república eu conto, nós lutamos para colocar ele lá e espero que resolva isso para nós”, frisou.

Em reuniões na associação do bairro, moradores se organizam para reivindicar tudo que lhes foi imposto e tirado. O mau cheiro, o aumento da quantidade de mosquitos na região, a impossibilidade de produzir nas terras, todas devastadas pela lama e o o medo por se contaminar com a água do Rio Paraopeba. Embora muitas casas ainda estejam de pé por não terem sido alcançadas pelos rejeitos de minério, permanecer no local é traumático e carece de infraestrutura ao redor. 

“Parado no tempo”, é assim que Paulo define seu estado atual. Se antes, numa semana boa de seu comércio, ele lucrava cerca de R$ 3 mil, hoje o faturamento diário não chega a R$ 30. Ele observa que amigos e vizinhos que não tiveram suas casas destruídas não querem mais morar na região, justamente por não acreditar na recuperação da atmosfera do Parque da Cachoeira. A sua esposa até tentou convencê-lo a se mudar durante uns meses para algum interior de Minas Gerais, mas ele é prefere ficar na localidade por causa de seu comércio e para lutar pelos direitos infringidos pela mineradora.

[@#video#@]

“É de partir o coração encontrar os segmentos dos corpos”

Enquanto caminha pela lama densa que pairou no Parque da Cachoeira em busca dos corpos dos que ainda estão desaparecidos, o subtenente do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Selmo de Andrade, conversa com a equipe para realizar marcações no terreno. Constantemente helicópteros sobrevoam o local para ajudar no translado dos bombeiros, que estão sendo subdivididos em áreas de atuação. No intervalo de seu trabalho, o subtenente conversou com a reportagem e falou sobre o trabalho minucioso dos oficiais para localizar os desaparecidos.

Há mais de vinte anos na corporação, ele também atuou no rompimento da barragem em Mariana, no ano de 2015, mas reitera que não há como se acostumar com esse tipo de resgate. “A gente treina para cumprir a missão e estamos preparados. Mas dói no fundo coração da gente porque somos pais e somos filhos, também temos a nossa família nos esperando em casa”, explica.

Na região do Parque das Cachoeira, no fim da rua da casa de Paulo, o subtenente confirma a informação de que estão sendo encontrados apenas “segmentos” do corpo humano devido ao tempo e a violência com que a lama desceu. “Não temos previsão para encerrar as buscas, vamos conseguir resgatar todas essas pessoas para confortar os seus parentes, temos recursos e estratégias. Vamos até o fim”, pontua.

"De forma alguma a operação de busca aos desaparecidos terá fim agora. Vamos resgatar todos os corpos e dar esse conforto aos familiares", diz subtenente. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

“Antes eu ajudava a população carente do bairro, hoje venho pedir cestas básicas”

Sentada em uma das mesas montadas na base de apoio da Vale no Parque das Cachoeira, a empresária Maria Fabiane, 35, aceita receber gotas da medicação floral em sua bebida de uma psicóloga voluntária que veio a Brumadinho após a tragédia. Após pingar três gotas em sua garrafa de água, a moradora do Parque da Cachoeira comenta que está tentando tocar a vida, mas os calmantes estão ajudando e teme pelo futuro da saúde psicológica não só dela, como de todos que foram afetados após o rompimento da barragem da Vale.

Ele acaba de sair do contêiner intitulado “equipe Vale”, improvisado para que os moradores possam se reunir com os representantes da empresa e realizarem as necessárias conversas e demandas. Fabiane trabalha no ramo dos cosméticos  e se considerava bem sucedida em sua área de atuação. Mas, após o dia 25 de janeiro a vida virou de cabeça para baixo e se antes ela doava cestas básicas e presentes no Natal para a população carente do vilarejo, hoje precisa pedir por auxílio para poder se alimentar, junto ao marido e o filho.

Na reunião que acabou de sair ela solicitou que a Vale, pelo menos, arque com a escola privada de seu filho. “Ele estuda em um colégio bom em Brumadinho e lutei a minha vida toda por isso. Ele não pode ser prejudicado por causa desse crime que fizeram com a gente. Não estou pedindo mais nada, só se não vou ter como pagar pela educação dele se meu negócio dependia das pessoas, e elas morreram quase todas”, avalia Fabiane.

"Não quero que a Vale me sustente, só quero o justo para pagar a escola do meu filho, ele não tem nada a ver com esse crime". Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

A resposta da empresa dos representantes da empresa não foi imediata e ela vai precisar aguardar 48h pelo retorno, já que a mineradora não considera que ela foi atingida diretamente. “Eu agradeço que minha casa está intacta e minha família viva, mas a gente precisa seguir a vida e não sei que caminho vou seguir e se vou conseguir trabalhar ou morar aqui. Tudo é uma incógnita”, complementa.

Ela comenta que não tem como vender seus produtos porque ninguém vai querer comprar nesse momento de dor e reclama ainda das interdições nas estradas, o que implica no maior gasto de gasolina para se deslocar. Fabiane veio morar no vilarejo há três anos em busca da calmaria para criar o filho. “Não queria sair da minha casa, mas quero saber se vou poder continuar aqui, com saúde e lazer”.

O seu marido, que preferiu não se identificar, é membro da associação dos moradores do bairro e relembra que a Vale procurou os representantes do Parque da Cachoeira para fazer uma simulação de fuga, em caso da barragem romper. Realizaram reuniões, visitaram a área e informaram sobre a sirene, que nunca tocou.  

O que diz a Vale:

De acordo com a mineradora, o sistema de alerta sonoro é acionado manualmente, a partir de um Centro de Controle de Emergências e Comunicação, com funcionamento 24 horas por dia, que fica localizado fora da área da mina. Mas, devido à velocidade com que ocorreu o evento, não foi possível acionar as sirenes relativas à Barragem I. As causas continuam sendo apuradas. Ainda de acordo com a mineradora, a barragem passava por inspeções quinzenais, que não detectaram nenhuma alteração na estrutura. 

“É importante ressaltar que a Barragem 1 estava inativa desde 2016 e possuía todas as declarações de estabilidade aplicáveis, pois passava por constantes auditorias externas e independentes. Havia inspeções quinzenais, reportadas à Agência Nacional de Mineração, sendo a última datada de 21 de dezembro de 2018. A estrutura passou também por inspeções nos dias 8 e 22 de janeiro deste ano, com registro no sistema de monitoramento da Vale. Foram realizados ainda um simulado externo de emergência em 16 de junho de 2018, sob coordenação das Defesas Civis e com o apoio da Vale, e um treinamento interno com os empregados em 23 de outubro de 2018”, trecho retirado da nota enviada à imprensa.

[@#podcast#@]

Confira mais reportagens clicando nas fotografias abaixo:

 

A rodovia BR-356, que dá acesso a Itabirito, Ouro Preto e Mariana, na região central de Minas Gerais, continua interditada durante esta quinta-feira (21).

De acordo com a Polícia Militar Rodoviária, a liberação do trecho - que vai do km 35, altura da Lagoa das Codornas, ao km 50, em Nova Lima - depende de um laudo técnico sobre a situação da barragem Vargem Grande.

##RECOMENDA##

O risco de rompimento da barragem mantida pela mineradora Vale, que fica em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi registrado na tarde de ontem. Quando as sirenes tocaram a rodovia foi interditada e moradores da região retirados de suas casas.

Os motoristas que seguem de Belo Horizonte para as três cidades afetadas estão usando rotas alternativas. Uma delas, segundo agentes rodoviários, é uma estrada de terra.

Com as chuvas que caem na região, motoristas têm enfrentado dificuldades e os veículos mais pesados, como caminhões, estão sendo desviados para outros trechos levando mais tempo para chegar ao destino. Um dos acessos alternativos é a Estrada Real, mais estreita e com pouco acostamento.

Nessa quarta-feira (20), 75 moradores de áreas próximas a cinco barragens construídas pelo método a montante nas cidades de Ouro Preto e Nova Lima foram retirados da região para a desativação de empreendimentos “a montante”, determinada pela Agência Nacional de Mineração (ANM).

Três bombeiros que trabalham em resgate na área atingida pela barragem da Vale em Brumadinho foram diagnosticados com excesso de alumínio no sangue, conforme comunicado do governo de Minas Gerais na noite de hoje, 19. Um quarto agente teve cobre detectado no exame.

"Considerando a atividade de busca e salvamento vem sendo aplicado o protocolo de monitoramento da saúde em todos os profissionais, por meio da dosagem de metais no sangue e urina. Até o momento foram detectados três exames alterados para o parâmetro alumínio no sangue", diz o texto.

##RECOMENDA##

Segundo o governo, "cabe esclarecer que a alteração nesse parâmetro não significa intoxicação aguda por esse metal e essas pessoas permanecem assintomáticas. E seguindo o protocolo de monitoramento de sua saúde. É esperado que após a interrupção da exposição, os níveis de metal no organismo sejam normalizados".

O excesso de alumínio no organismo, segundo estudos recentes, mostra correlação com doenças com Alzheimer e alguns tipos de câncer. Pode haver ainda alterações crônicas de problemas intestinais e inchaço abdominal. As operações de hoje contaram com 181 bombeiros, de Minas e outros Estados.

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais atualizou neste domingo, 17, para 169 o número de mortos em razão do rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho. A corporação já havia informado no domingo que dois corpos tinham sido retirados da lama de rejeitos nos últimos dois dias e que as equipes localizaram fragmentos de cadáveres.

De acordo com boletim da Defesa Civil do Estado, todos os mortos já foram identificados. A tragédia na mina Córrego do Feijão, nos arredores da capital Belo Horizonte, deixou ainda 141 pessoas desaparecidas - entre funcionários da mineradora, terceirizados que prestavam serviços à Vale e membros da comunidade.

##RECOMENDA##

As buscas seguem na cidade desde o rompimento da barragem da Vale, no dia 25 de janeiro. Os rejeitos invadiram áreas da mina Córrego do Feijão, onde a estrutura estava, e das proximidades, deixando um rastro de mortes e destruição.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando