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A vacina da AstraZeneca/Oxford contra a Covid-19 já é utilizada há quase três meses completos em todos os estados do Brasil, após ser aprovada em março. O imunizante  reduz risco de hospitalização, doença grave e morte com alta eficácia, entre 70% e 90%, dependendo do laboratório e do grupo em que é aplicado. Entretanto, após casos de aparição de coágulos em pessoas vacinadas com a AstraZeneca na Europa, entidades de saúde no mundo inteiro ligaram alerta para descobrir se há associação entre a vacina e o desenvolvimento da trombose.

Segundo a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), "nenhuma relação causal foi comprovada, mas é possível", e os benefícios do imunizante contra o coronavírus continuam a superar os riscos. Em todo o continente, foram cerca de 230 casos de reações adversas monitorados, na maioria dos países com baixíssimo ou nenhum risco de letalidade, além de associação incerta à vacina.

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No Brasil, o medo de se vacinar com a AstraZeneca tomou grande proporção após o Ministério da Saúde desaconselhar a administração do produto em gestantes e puérperas. Uma medida preventiva que levou em consideração a morte de uma gestante no Rio de Janeiro, dias depois de ter recebido a vacina da Oxford. O objetivo da suspensão é investigar possíveis eventos adversos nestas mulheres após a aplicação das doses. Apesar da decisão, ainda não há estudos que comprovem a relação da vacina com o óbito da grávida. Além disso, o país não tem registros de casos confirmados de trombose associados ao imunizante britânico.

Então, a vacina AstraZeneca é segura?

A resposta é sim. No Brasil, os dados do e-SUS notificam 0,89 casos a cada 100 mil doses da vacina Oxford/AstraZeneca aplicadas, o que faz o Ministério da Saúde classificar como "raros" eventos do tipo. A pasta reforça que ainda "não há comprovação de associação causal com a vacinação" e que o perfil de risco-benefício da vacina "ainda é favorável".

Colocando as coisas em perspectiva, segundo o Ministério, enquanto a proporção de trombose e AVC pela vacina está em <1 caso a cada 100 mil, o número de óbitos em grávidas pela Covid-19 é de 20 por 100 mil. Já entre os infectados com Covid-19 que precisaram de hospitalização — ou seja, sofrem de quadros mais graves da doença —, a taxa de trombose é de 16,5%, segundo uma pesquisa com 3.342 pacientes.

Para elucidar dúvidas gerais, o LeiaJá convidou um médico especialista em vacinas que comentou aspectos técnicos e comparativos do imunizante da Oxford.

— Eduardo Jorge, representante regional da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e vice-presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco (SBP).

LJ: Quais as reações mais comuns da vacina da AstraZeneca? São comuns?

EJ: A vacina AstraZeneca é de vetor viral (ou seja, utiliza um "vírus vivo", como um adenovírus (que causa o resfriado comum), que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde). Igual à vacina da Janssen, igual à vacina Sputnik. Os estudos de fase três, aqueles com mais de 30 mil pessoas que acompanham a eficácia e acompanham os eventos adversos, mostraram que eram vacinas seguras. Especialmente do laboratório AstraZeneca, que pesquisou junto à Universidade de Oxford, mostrou que, na primeira dose, ela dá eventos adversos considerados leves a moderados. Os principais: febre baixa, dor no corpo, que a gente chama de mialgia, dor de cabeça, ou seja, eventos que respondem bem ao uso de analgésicos.

LJ: Qual a relação entre o imunizante e a coagulação sanguínea?

EJ: Houve associação do uso desta vacina, mas também de outras vacinas da mesma plataforma, como a vacina da Janssen, com um fenômeno extremamente raro, variando de um caso para 250 mil de doses aplicadas até, segundo alguns, de um caso para um milhão de doses aplicadas. São casos de trombose associada a trombocitopenia. Essa é uma reação imunológica que alguns pacientes fazem quadros de trombose em artérias e veias importantes, obrigatoriamente associados a plaquetas baixas. Então não é uma trombose de membros inferiores (TEP), que é um tromboembolismo que vai pro pulmão ou outros tipos de trombose. Esse é um fenômeno extremamente raro, mas que, sim, foi associado às vacinas de plataforma de adenovírus.

LJ: É mais comum ocorrer trombose nos vacinados com AstraZeneca ou nos doentes por Covid?

EJ: O risco de ter esse evento, que eu disse que varia de um para cada 250 mil de doses aplicadas e um a cada um milhão de doses aplicadas, é muito menor do que as tromboses que a doença Covid causa. A Covid-19 é uma doença inflamatória que causa trombose em várias partes do corpo, e em pacientes graves é de mais de 60% a possibilidade de trombose por doença. Então, entre risco e benefício, é muito melhor tomar vacina.

Agora, é importantíssimo que o diagnóstico precoce da trombose seja dado. Os sintomas podem ser falta de ar, inchaço nas pernas, desorientação, crise convulsiva. Que esses pacientes sejam rapidamente diagnosticados, porque hoje também tem o tratamento deste evento adverso: a trombose com trombocitopenia. O tratamento com corticoide que está funcionando muito bem quando esse quadro é diagnosticado.

LJ: Há alguma contraindicação ao público geral?

EJ: Não. Em relação aos eventos adversos leves, a vacina dá febre, dor local, mialgia, que pode durar até dois dias, semelhante à Coronavac e semelhante à vacina da Pfizer. A vacina Coronavac, por ser uma vacina inativada, tem menos eventos adversos do que a Pfizer e a AstraZeneca. Mas o mais importante para a população é saber que esses eventos adversos da vacina da AstraZeneca são eventos leves na imensa maioria dos casos e que desaparecem com analgésico comum.

LJ: Além do grupo de gestantes e puérperas, para o qual a administração da vacina foi suspensa de forma apenas preventiva, a AstraZeneca é contraindicada para mais alguma parcela da população, especificamente?

EJ: Paciente que tem histórico de choque anafilático com qualquer remédio ou com qualquer comida — falo choque anafilático, casos em que é preciso ir ao hospital tomar adrenalina — a orientação, tanto da Pfizer quanto da AstraZeneca, é que seja administrada sob supervisão médica em um ambiente seguro, que tenha adrenalina prontificada para administração. Mas isso vale tanto pra AstraZeneca quanto pra Pfizer. Não é específico da AstraZeneca. E, inclusive, a Pfizer apresentou mais choque anafilático que a AstraZeneca no mundo, dos poucos casos existentes.

LJ: Então a recomendação geral ainda é tomar a vacina?

EJ: Com certeza. No momento que o Brasil caminha ainda com seus 31% de primeira dose, 11,7% de segunda dose, essa é uma das vacinas que a gente tem. Chamamos atenção da população do risco que é desenvolver a trombose pós-Covid, do risco que é morrer de Covid, e do evento extremamente raro que pode ocorrer com a AstraZeneca. A população não precisa de medo, precisa de informação. Não temos possibilidade de escolher vacinas como se fosse um cardápio. A gente precisa acabar com essa pandemia. Não há outra solução a não ser vacinar. A vacina em maior abundância aqui é a da AstraZeneca, que é até a com melhor custo.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) informou, nesta sexta-feira (7), que está analisando se as vacinas contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech e Moderna estão relacionadas a casos raros de coágulos sanguíneos, embora não tenha detectado evidências.

Em abril, a EMA vinculou duas outras vacinas autorizadas pela União Europeia (UE), as da AstraZeneca e da Johnson & Johnson, a casos raros, mas ocasionalmente fatais, de coágulos sanguíneos, embora tenha apontado que os benefícios das vacinas na luta contra a pandemia do coronavírus superavam os riscos.

O comitê de segurança da EMA "está monitorando de perto se as vacinas baseadas em RNA mensageiro também podem estar relacionadas a casos raros de coágulos sanguíneos associados a baixos níveis de plaquetas", informou a agência europeia.

A farmacêutica americana Pfizer e sua parceira alemã BioNTech, assim como a americana Moderna, baseiam suas vacinas na tecnologia genética de RNA mensageiro, que treina o organismo a reconhecer proteínas semelhantes às do coronavírus.

Desta forma,, quando exposto ao vírus real, o organismo reconhece a proteína e é capaz de combatê-la.

"Após uma revisão dos relatórios de alegados efeitos colaterais, (o comitê) considera que não há sinal de insegurança para as vacinas de RNA mensageiro", disse a EMA, com sede em Amsterdã.

Pouquíssimos casos de coágulos sanguíneos com plaquetas baixas foram relatados entre pessoas que receberam vacinas de RNA mensageiro.

Em comparação com as milhões de pessoas que foram inoculadas com essas vacinas, "os números são extremamente baixos e sua frequência é menor do que em pessoas que não foram vacinadas", informou a EMA.

O organismo acrescentou ainda que os casos registrados não parecem apresentar o padrão clínico visto nos casos provocados pelas vacinas AstraZeneca e Johnson & Johnson.

A EMA também anunciou que começou a revisar os dados de um tratamento de anticorpos britânico-americano contra o coronavírus, mas esclareceu que é muito cedo para avaliar seus riscos e benefícios.

Os dados correspondem ao tratamento sotrovimab, um anticorpo desenvolvido pela britânica GlaxoSmithKline e pela americana Vir Biotechnology, com sede na Califórnia.

O sotrovimab é um anticorpo que se liga à proteína do coronavírus e reduz sua capacidade de entrar nas células do corpo.

A revisão é o passo anterior à autorização acelerada para seu uso na União Europeia, de 27 países membros.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) reconheceu nesta terça-feira (20) que os coágulos sanguíneos devem ser considerados como efeitos colaterais "muito raros" da vacina contra a Covid-19 da Johnson & Johnson, cujos benefícios ainda são maiores que os riscos.

A decisão do órgão regulador europeu ocorre poucos dias antes de as autoridades de saúde dos Estados Unidos se pronunciarem sobre o imunizante da Johnson & Johnson, em um momento em que a vacinação se estende a toda a população do país.

A EMA, com sede em Amsterdã, reconheceu "um possível vínculo" entre a vacina deste laboratório americano e casos de coágulos sanguíneos, que devem ser incluídos como "efeitos colaterais muito raros" do produto.

O órgão concluiu "que uma advertência sobre coágulos sanguíneos raros com plaquetas sanguíneas baixas deve ser adicionada às informações do produto".

É uma decisão importante, já que vários países europeus contam com esta vacina para acelerar sua campanha de imunização.

Nos Estados Unidos, a vacina da Johnson & Johnson deve receber uma nova autorização, talvez acompanhada de "restrições", segundo o consultor médico da Casa Branca Anthony Fauci, que disse que um anúncio será feito na sexta-feira.

As autoridades de saúde dos Estados Unidos recomendaram na semana passada uma "pausa" no uso da Johnson & Johnson após a detecção de casos graves de coágulos sanguíneos em várias pessoas.

Esta vacina teve um novo contratempo nos EUA, onde as autoridades reguladoras ordenaram na segunda-feira a suspensão da produção em uma fábrica, onde 15 milhões de doses foram danificadas.

- Cemitérios lotados em Nova Délhi -

A Índia enfrenta um aumento grave dos contágios, com os hospitais em ponto crítico. O governo impôs novamente as restrições, incluindo um confinamento de uma semana na capital Nova Délhi, onde vivem 20 milhões de pessoas.

O cemitério de Jadid Qabristan Ahle, na capital indiana, recebeu onze corpos em três horas, constatou a AFP. No fim do dia, 20 pessoas foram enterradas. "Neste ritmo, dentro de três ou quatro dias não haverá mais espaço", comenta Mohamed Shamim, coveiro de 38 anos.

O gigantesco país de 1,3 bilhão de habitantes tomou a decisão na segunda-feira de "permitir que todas as pessoas maiores de 18 anos se vacinem a partir de 1º de maio", segundo o ministério da Saúde.

Ao menos 53 passageiros de um voo entre Nova Delhi e Hong Kong deram positivo ao coronavírus, informaram nesta terça-feira as autoridades de Hong Kong, que proibiram os voos procedentes da Índia, Filipinas e Paquistão para evitar um aumento dos casos.

No Japão, a prefeitura de Osaka pediu ao governo central para impor um novo estado de emergência devido ao grande aumento dos casos de covid-19. "Acho que é o momento de tomar medidas enérgicas", disse hoje Hirofumi Yoshimura, o governador da cidade.

Tóquio e outras áreas também devem adotar medidas com a esperança de evitar a crise enfrentada pelo sistema de saúde de Osaka.

- López Obrador vacinado -

Nos Estados Unidos, a gigantesca campanha de vacinação continua a todo vapor e o presidente Joe Biden pediu em um vídeo "por favor, vacinem-se".

Enquanto isso, na América Latina a pandemia não dá trégua e seus presidentes, junto aos da península ibérica, buscarão fazer uma frente comum para conseguir mais vacinas e financiamento para a recuperação pós-pandemia durante uma Cúpula Iberoamericana semipresencial na quarta-feira em Andorra.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, recebeu hoje a primeira dose contra a covid-19 em um ato público que busca convencer os idosos do país céticos em relação à vacinação.

A região é a segunda mais enlutada do mundo com quase 868.000 mortes e 27,3 milhões de casos (com o Caribe incluído), atrás apenas da Europa (mais de um milhão de mortes e 48,2 milhões de casos).

- Um caso na "bolha" -

Na Oceania, um funcionário do aeroporto de Auckland deu positivo para o coronavírus nesta terça-feira, no dia seguinte ao lançamento de uma "bolha" entre Austrália e Nova Zelândia para viajar sem quarentena depois de quase 400 dias de fechamento de fronteiras.

A primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern afirmou que isso não deve ter um impacto nos voos, já que ambos os países "aceitaram que haja casos".

O coronavírus já matou mais de 3,03 milhões de pessoas e infectou 142 milhões no mundo.

Depois dos Estados Unidos, os países com mais vítimas mortais são Brasil com 374.682 mortes, México com 212.466, Índia com 180.530 e Reino Unido com 127.274.

As principais autoridades de saúde dos Estados Unidos recomendaram uma "pausa" no uso da vacina contra a covid-19 da Johnson & Johnson "por precaução", enquanto investigam se produz coágulos de sangue.

A Administração de Drogas e Alimentos (FDA) e os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americanos estão avaliando a "importância potencial" de seis casos reportados de coágulos sanguíneos incomuns em pacientes que receberam a vacina, tuitou a FDA.

"Até que o processo seja concluído, recomendamos a pausa", completou.

A agência reguladora informou que foram administradas mais de 6,8 milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson nos Estados Unidos.

"Os CDC e a FDA estão revisando dados de seis casos reportados nos Estados Unidos de um tipo de coágulo sanguíneo raro e severo produzido em indivíduos depois que receberam a vacina. Neste momento, estes eventos adversos parecem ser extremamente raros", escreveu a FDA no Twitter.

A agência afirmou que pede a interrupção para permitir que os profissionais de saúde planejem "o tratamento único necessário para este tipo de coágulo sanguíneo".

Os CDC reunirão um comitê consultivo na quarta-feira "para revisar mais a fundo os casos e avaliar sua importância potencial. A FDA revisará a análise, pois também investiga os casos".

A declaração foi feita alguns dias depois do anúncio da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) de que também está examinando possíveis casos de coágulos de sangue em pessoas que receberam o fármaco da Johnson & Johnson.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) confirmou "possível associação" entre a vacina contra o coronavírus da AstraZeneca e casos raros de coágulos sanguíneos, mas reforçou que os benefícios do uso do imunizante superam os riscos de efeitos colaterais adversos.

Em comunicado, o regulador medicinal da União Europeia informou que profissionais de saúde devem estar cientes da possibilidade de surgimento de coágulos combinados com níveis baixos de plaquetas em duas semanas após a aplicação do profilático. Até agora, a maior parte dos casos ocorreu em mulheres com menos de 60 anos.

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Segundo o Comitê de Segurança da agência, os fenômenos ocorreram no cérebro, no abdômen e nas artérias. Foram analisados 86 pacientes, entre os quais 18 morreram - de cerca de 25 milhões de pessoas vacinadas. Uma das explicações plausíveis, segundo a EMA, é de que os coágulos seriam uma resposta imune, levando a uma condição similar a de indivíduos tratados com a droga heparina.

De qualquer forma, a agência reitera que os eventos tromboembólicos são "muito raros" e que a vacina da AstraZeneca, que foi desenvolvida junto com a Universidade de Oxford, é segura e eficaz.

Sete pessoas que receberam a vacina contra o coronavírus da AstraZeneca morreram em decorrência de coágulos sanguíneos no Reino Unido, de um total de 30 casos identificados até agora, após mais de 18 milhões de doses administradas, informou neste sábado (3) a Agência Britânica de Medicamentos (MHRA).

Dos 30 casos registrados até 24 de março, "infelizmente sete faleceram", disse a MHRA em um comunicado enviado à AFP.

O regulador especificou que recebeu até 24 de março informações sobre 22 casos de trombose venosa cerebral e outros oito casos de trombose associada a uma deficiência plaquetária, de um total de 18,1 milhões de doses administradas.

"Continuamos examinando cuidadosamente esses casos", declarou no comunicado a diretora da MHRA, June Raine, observando que nenhum caso semelhante foi relatado para a vacina anticovid da Pfizer/BioNTech.

"As vantagens da vacina AstraZeneza na prevenção da infecção por covid-19 e suas complicações superam claramente os riscos, e o público deve continuar a receber a vacina", acrescentou.

Na quinta-feira, a MHRA havia informado em um relatório os efeitos colaterais das vacinas administradas no país, considerando que "o risco de desenvolver esse tipo de coágulo sanguíneo é muito baixo".

De modo geral, "o número e a natureza dos efeitos indesejáveis relatados até agora não são incomuns em comparação com outros tipos de vacinas comumente usadas", explicou a agência.

A vacina da AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, está sob vigilância em vários países após casos graves de formação de coágulos sanguíneos, e alguns decidiram suspender sua aplicação para determinadas faixas etárias.

Este foi o caso da Holanda, que anunciou na sexta-feira que estava suspendendo as injeções da vacina para pessoas com menos de 60 anos de idade após novos casos de coágulos.

A Alemanha havia feito o mesmo na terça, seguindo os passos do Canadá e França (55 anos), Suécia e Finlândia (65 anos).

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) estabeleceu, porém, na semana passada, que a vacina AstraZeneca é "segura e eficaz" e que "não está associada" a um risco aumentado de trombose.

E na quarta indicou que não detectou nenhum fator de risco específico para tais idades, sexo ou antecedências médicos.

País com mais mortes por covid-19 na Europa - com quase 127.000 óbitos -, o Reino Unido conduz uma das campanhas de vacinação mais avançadas do mundo, com mais de 31,3 milhões de primeiras doses e quase cinco milhões de segundas doses administradas desde o início de de dezembro.

A vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca tem eficácia de 79% para prevenir a doença e não aumenta o risco de coágulos sanguíneos, anunciou a empresa farmacêutica nesta segunda-feira (22), após testes de eficiência de fase 3 nos Estados Unidos.

A vacina também foi efetiva em 80% em pessoas com mais de 85 anos, afirmou o laboratório. Vários países suspenderam a administração do fármaco em pessoas idosas devido à falta de dados entre os participantes de idade avançada em testes anteriores.

Os testes de fase 3 nos Estados Unidos da vacina desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford envolveram 32.449 pessoas, das quais dois terços receberam uma dose, informa um comunicado da empresa farmacêutica.

Quase 20% dos participantes tinham 65 anos ou mais, e quase 60% tinham problemas de saúde com alto risco de sofrer covid-19 grave, como diabetes, obesidade ou doenças cardíacas.

Os testes realizados por uma equipe independente mostraram que não há risco maior de trombose entre os 21.583 participantes que receberam pelo menos uma dose, destaca o comunicado.

"Estes dados reconfirmam resultados prévios observados em testes da AZD1222 em todas as populações de adultos, mas é muito emocionante ver pela primeira vez resultados de eficácia similar em pessoas de mais de 65 anos", disse Ann Falsey, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Rochester e uma das pesquisadoras que coordenou os testes.

"Esta análise reconhece a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 como uma das opções de vacinação muito necessárias e oferece a confiança para que adultos de todas as idades podem se beneficiar da proteção contra o vírus", acrescentou.

Depois de quase três semanas em uma unidade de terapia intensiva em Los Angeles, os médicos que tratavam de Nick Cordero, um ator da Broadway de 41 anos, infectado com a Covid-19, tiveram que amputar sua perna direita.

Seu fluxo sanguíneo tinha sido bloqueado por um coágulo: mais uma perigosa complicação desta doença reportada na linha de frente de combate à pandemia na China, na Europa e nos Estados Unidos.

Os chamados "eventos trombóticos" ocorrem por uma série de razões em pacientes que precisam de cuidados intensivos, mas as taxas entre aqueles com Covid-19 são muito mais altas.

"Eu tenho pacientes na minha UTI na casa dos 40 anos que têm coágulos nos dedos que sugerem que eles vão perder o dedo, mas não há nenhuma outra razão além do vírus para perderem o dedo", contou à AFP Shari Brosnahan, médica intensivista do hospital NYU Langone, em Nova York.

Um destes pacientes sofre de falta de fluxo sanguíneo nos dois pés e nas duas mãos e ela prevê que uma amputação pode ser necessária ou os vasos sanguíneos podem ficar tão danificados que uma extremidade poderia simplesmente cair sozinha.

Os coágulos sanguíneos não são perigosos apenas para os nossos membros, podendo chegar aos pulmões, ao coração ou ao cérebro, onde podem causar embolias pulmonares, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais mortais.

Um artigo holandês publicado recentemente no periódico Thrombosis Research revelou que 31% de 184 pacientes sofreram complicações trombóticas, um percentual que os cientistas denominam como "extraordinariamente alto", mesmo que consequências extremas como as amputações sejam raras.

- Por que isto acontece? -

Behnood Bikdeli, médico no Hospital Presbiteriano de Nova York, reuniu um consórcio internacional de especialistas para estudar o tema. Suas descobertas foram publicadas no Jornal da Faculdade Americana de Cardiologia.

Os especialistas descobriram que os riscos são tão grandes que os pacientes com COVID-19 "podem precisar tomar anticoagulantes preventivamente, profilaticamente" mesmo antes da solicitação de testes de imagens, disse Bikdeli.

O que exatamente está causando isso? As razões não foram entendidas completamente, mas ele deu algumas possíveis explicações.

Pacientes com a forma severa de COVID-19 costumam ter comorbidades como doenças cardíacas ou pulmonares, as quais as tornam mais vulneráveis à formação de coágulos.

Além disso, permanecer em terapia intensiva torna os pacientes mais propensos a desenvolver coágulos porque permanecem na mesma posição por muito tempo. É por essa razão que passageiros de voos longos são encorajados a se alongar e movimentar.

Também se sabe agora que a COVID-19 está associada a uma reação imunológica anormal denominada "tempestade de citocina" e algumas pesquisas indicam que ela também tem relação com taxas mais elevadas de produção de coágulos.

Pode haver, ainda, algo vinculado ao próprio vírus que leve à produção de coágulos, algo com precedentes em outras doenças virais.

Um artigo na revista científica The Lancet demonstrou na semana passada que o vírus pode infectar a camada celular interna de órgãos e vasos sanguíneos, denominada endotélio. Isto, teoricamente, poderia interferir no processo de coagulação.

- Microcoágulos-

Segundo Brosnahan, enquanto anticoagulantes como a heparina são eficazes em alguns pacientes, não funcionam em todos porque os coágulos às vezes são muito pequenos.

"Há microcoágulos demais", disse ela. "Não temos certeza exatamente de onde estão".

De fato, as necropsias têm demonstrado que os pulmões de algumas pessoas falecidas com COVID-19 tinham centenas de microcoágulos.

A revelação deste mistério, no entanto, ajuda a solucionar em parte outro mais antigo.

Cecilia Mirant-Borde, médica intensivista de um hospital de militares veteranos em Manhattan, disse à AFP que pulmões cheios de microcoágulos ajudaram a explicar porque os respiradores funcionam mal em pacientes com baixa oxigenação sanguínea.

No início da pandemia, os médicos tratavam estes pacientes segundo protocolos desenvolvidos para a síndrome de desconforto respiratório agudo, às vezes conhecida como "pulmão molhado".

Mas em alguns casos, "não é porque os pulmões contenham água" -, mas são os microcoágulos que estão bloqueando a circulação e o sangue sai dos pulmões com menos oxigênio do que deveria.

Faz pouco menos de cinco meses que o vírus emergiu em Wuhan, na China, e os cientistas estão aprendendo mais sobre seu impacto a cada dia.

"Embora reajamos com surpresa, não deveríamos ficar surpresos. Vírus tendem a fazer coisas estranhas", disse Brosnahan.

Embora a vertiginosa série de complicações possa parecer assustadora, "é possível que haja um ou dois mecanismos unificadores que descrevem como este dano ocorre", afirmou. "É possível que seja tudo a mesma coisa e que tenha a mesma solução".

A vacina tetravalente, que imuniza contra quatro tipos de vírus do papiloma humano, com podem causar câncer de colo de útero, não aumenta o risco de formação de coálogos sanguíneos, afirmam cientistas. Estas são as conclusões de um estudo divulgado nesta terça-feira (8) no Journal of the American Medical Association (JAMA) e realizado com 500.000 meninas e mulheres com idades entre 10 e 44 anos, vacinadas contra o vírus do papiloma humano (HPV) entre 2006 e 2013 na Dinamarca.

Cientistas dinamarqueses, que trabalharam a partir de estatísticas nacionais, constataram que estas pacientes não tinham desenvolvido trombose venosa (ou flebite) até 42 dias depois de tomar a vacina, o período considerado o mais arriscado.

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Na amostragem de 500.000 pacientes, foram registrados 4.375 casos de aparecimento de coágulos sanguíneos durante este período de 42 dias entre as pacientes que tinham sido vacinadas.

Quando os cientistas afinaram seus resultados, levando em conta o fato de que entre elas havia mulheres que tomavam pílula anticoncepcional, que aumenta o risco de coágulos, não encontraram nenhuma correlação entre a flebite e a vacina.

"Nossos resultados que consideraram a ingestão de anticoncepcionais orais não deram evidência de um aumento do risco de trombose venosa depois da injeção da vacina tetravalente contra o HPV", afirmaram os cientistas.

O estudo destaca que dois estudos anteriores tinham mencionado uma relação entre a vacina tetravalente Gardasil, fabricada pelos laboratórios Merck, e um risco maior de coágulos sanguíneos.

Em 2009, os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos afirmaram que as pacientes tinham constatado um aumento no número de coágulos de sangue depois desta vacina.

No entanto, em um comunicado posterior, os CDC disseram que 90% destas mulheres "apresentavam um risco conhecido de formação de coágulos como (o de) a pílula anticoncepcional".

As autoridades sanitárias americanas recomendam que meninos e meninas sejam vacinados antes de iniciar a vida sexual. Esta vacina foi criada para evitar a transmissão do HPV, uma das doenças sexualmente transmissíveis mais contagiosas. Alguns tipos de HPV podem causar câncer de útero, cérebro, pescoço e ânus.

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