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O estado do Amazonas anunciou nesta quinta-feira (14) um toque de recolher de 10 dias devido ao colapso do seu sistema de saúde causado pela pandemia de Covid-19, que deixou os hospitais sem oxigênio para os pacientes.

"Há um colapso no atendimento de saúde em Manaus", reconheceu o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, lembrando que a região foi uma das mais afetadas em abril passado, no começo da pandemia.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram pessoas levando cilindros de oxigênio para os hospitais e pacientes reclamando da falta de atendimento médico. "Acabou o oxigênio e algumas unidades de saúde viraram uma espécie de câmara de asfixia", declarou à AFP Jessem Orellana, da Fundação Fiocruz-Amazônia.

"Aqui não tem leito vazio, nem oxigênio, nada, a gente tá só na fé", disse Luiza Castro, moradora da capital amazonense. "Estamos no momento mais crítico da pandemia", disse o governador do Amazonas, Wilson Lima.

A Amazônia "produz quantidades significativas de oxigênio, mas hoje nosso povo precisa de oxigênio e solidariedade", afirmou, acrescentando que vários pacientes serão transferidos para outros estados.

Cerca de 400 cilindros de oxigênio foram entregues por militares nos últimos cinco dias para atender à demanda. O toque de recolher será aplicado a partir de sexta-feira (15), das 19h às 06h.

O Brasil enfrenta o agravamento da pandemia, que já deixou mais de 205 mil mortos, um balanço superado apenas pelos Estados Unidos.

A média nacional de óbitos é de 98 por 100.000 habitantes, mas no estado do Amazonas chega a 142/100.000. Apenas Rio de Janeiro (158) e Brasília (145) o superam.

O Brasil se prepara para iniciar sua campanha de vacinação contra a covid-19 provavelmente a partir deste mês. Segundo dados de Manaus, a cidade registrou o quarto recorde diário consecutivo de enterros: 198 pessoas foram sepultadas na quarta-feira, sendo 87 por covid-19.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse em live com o presidente Jair Bolsonaro que irá colocar seis aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar oxigênio para o Amazonas. Como o Broadcast Político mostrou mais cedo, o governo brasileiro pediu ajuda aos Estados Unidos para tentar socorrer a rede de saúde do Amazonas após o estoque de oxigênio acabar em vários hospitais da capital, Manaus, nesta quinta-feira, 14. A situação levou pacientes internados à morte por asfixia, segundo relatos de médicos.

"A procura por oxigênio na capital subiu seis vezes, então, já estamos ai em 75 mil metros cúbicos de demanda de ar na capital e 15 mil metros cúbicos no interior. Estamos já com a segunda aeronave entrando em circuito hoje, a C-130 Hércules, fazendo o deslocamento Guarulhos - Manaus e a partir de amanhã entram mais duas e chegaremos a seis aeronaves, totalizando ai algo em torno de 30 mil metros cúbicos por dia, a partir de Guarulhos. Nessa ponte aérea, existem também os deslocamentos terrestres", afirmou Pazuello.

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Pazuello disse ainda que Manaus, capital do Estado, não teve a "efetiva ação no tratamento precoce da covid-19" e reconheceu que há um colapso no atendimento público da cidade e que apoia o Estado.

Com praticamente todos os leitos destinados a pacientes de Covid ocupados, o sistema de saúde do Rio de Janeiro está à beira de um colapso. A ocupação das UTIs da rede pública já passa dos 90%, com cerca de 250 pessoas com manifestações graves da doença aguardando vaga.

Para piorar a situação, 16 mil profissionais de saúde do município estão com os salários atrasados, entre eles os que trabalham no Hospital Raul Gazolla, de referência para covid-19, e no Hospital de Campanha do Riocentro, voltado exclusivamente para a pandemia.

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Governo e prefeitura prometeram abrir aproximadamente 300 vagas nos próximos 15 dias, mas se recusaram a impor novas medidas de restrição. Especialistas dizem que apenas a abertura de leitos não resolve e um colapso é iminente. "A situação está pior do que no pico da epidemia, naquele momento tínhamos mais leitos", avisa o diretor do Conselho Regional de Medicina do Rio, Walter Palis. Ele lembra que muitos hospitais de campanha e leitos emergencialmente abertos foram fechados. "No momento esperamos novos leitos, Estamos correndo atrás."

"Algumas liberações precisam ser revistas, ou o número de casos vai continuar subindo. E ele sobe mais rápido que a nossa capacidade de dar altas e abrir novos leitos", acrescentou. "A sociedade, por sua vez, precisa fazer sua parte, não adianta reclamar e depois ir aglomerar na praia ou na festa." Não por acaso, o número de mortes dentro de casa subiu na cidade (de 10 mil no mesmo período do ano passado para 14 mil agora), segundo a Fiocruz.

Rede privada

Quem tem plano de saúde não está mais seguro: na rede privada, a situação é até pior. A lotação já está em 97% e há pacientes em estado grave nas emergências à espera de UTI. "A expectativa para os próximos dias é de aumento da taxa de contágio", afirmou o diretor da Associação dos Hospitais Privados do Rio, Graccho Alvim. "Acendeu a luz vermelha, a coisa pode estourar em duas semanas." Para ele, "algumas medidas antipáticas terão de ser tomadas, como fechar as praias e outros lugares de aglomeração".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil chegou a marcas impressionantes, e bastante preocupantes, na última semana em relação ao avanço da covid-19. Num único dia, bateu recordes negativos da doença, caminhando para números assustadores. Registrou 1.188 mortes na quinta-feira, dia 21, e ultrapassou os 20 mil óbitos desde que a primeira pessoa morreu por causa do novo coronavírus.

A curva da pandemia parece não existir. Até aqui, é uma reta a apontar para cima, apesar de alguns Estados tomarem decisões para afrouxar o isolamento social e recuperar parte de suas atividades econômicas. Na contagem diária dos órgãos competentes de saúde, o País, que continua sem ministro da Saúde após a demissão de Luiz Henrique Mandetta e do pedido para sair de Nelson Teich, passou a Rússia e já é o segundo com mais números de contaminados no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, cuja curva de mortalidade parece dar refresco e descer a ladeira - alguns Estados norte-americanos retomam parte do que faziam antes da pandemia. Nas últimas 24 horas, o Brasil chegou a 363.211 casos.

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O cenário é sério. Há 22.666 óbitos. Na semana seguinte em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta a América do Sul (com o Brasil no comando) como epicentro da doença - eram os EUA -, o Estadão escolhe e faz um retrato dos cinco principais Estados brasileiros onde a covid-19 avança rapidamente, mas cujas administrações públicas se desdobram para evitar o colapso. Na Grande São Paulo, por exemplo, onde há o maior número de mortes, a taxa de ocupação de UTIs chega a 91%, segunda maior desde o início da pandemia. O Rio espera pela entrega de hospitais de campanha. Pernambuco, Pará e Amazonas estão no limite.

Amazonas

Temor e incerteza permeiam o cotidiano dos moradores do Amazonas em meio a pandemia do coronavírus com o avanço dos casos da doença aliado ao risco de colapso na saúde estadual. A semana que começa vai ser ainda mais crítica. Um elemento a mais é a falta de cuidados da população para evitar a propagação da covid-19.

Ainda que o quadro assuste, o governo estadual aposta no otimismo e aponta avanços para responder à crescente demanda dos pacientes. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), o Amazonas aumentou o número de leitos e respiradores. Conta com 1.138 para covid-19 na rede estadual, sendo 816 leitos clínicos, 243 de Unidade de Terapia Intensiva e 79 de Sala Vermelha. A taxa de ocupação da UTI é de 87%.

O discurso otimista, porém, é contestado pelo professor aposentado do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Mena Barreto França, para quem as autoridades públicas de saúde demoraram a responder às demandas da pandemia. "A situação não está legal e o pico ainda não 'estourou', o que deve ocorrer no fim de maio e início de junho, quando os casos começam, novamente, a subir. Na minha avaliação, os órgãos de saúde estão fazendo 'imediatismo' sem planejamento. A saída é o isolamento, uso de máscara, tudo que está sendo recomendado. A nossa estrutura de saúde é precária."

França defende maior integração do Sistema Único de Saúde em todas as suas esferas: atenção primária, secundária e terciária, além de um comando único no Amazonas. "Na atenção primária, o ideal era visitar pessoas suspeitas de covid-19 e fazer testagem, mas isto não acontece, então, essa pessoa, com sintomas da doença, sai de casa para ir a uma unidade de saúde e acaba contaminando outras três ou quatro, no mínimo. Vai ao Serviço de Pronto Atendimento (SPA) e não encontra solução. Por fim, chega em unidades de emergências ou urgências, numa situação mais grave e não tem respirador tampouco leito vago", frisou.

A dona de casa Cleiciany Ribeiro do Nascimento, de 28 anos, moradora do bairro Cidade Nova, zona norte de Manaus, sentiu na prática as dificuldades em conseguir atendimento na capital amazonense. Na primeira semana de maio, ela conta que procurou diversas unidades de saúde porque a irmã dela, Lidiane, de 35 anos, grávida de cinco meses, apresentou sintomas da doença.

"Fomos a uma UBS, que nos encaminhou ao hospital Platão Araújo e lá nos disseram que não havia médicos. Procuramos o Serviço de Pronto Atendimento (SPA) e nos falaram que tínhamos de ir a uma maternidade. No entanto, as maternidades não quiseram nos receber porque ela estava com sintomas de covid-19", disse ao Estadão. "A desculpa era não ter como fazer transferência por não haver leitos nos hospitais para pacientes com covid-19. Ficamos desesperadas. Tivemos de esperar em casa a disponibilidade de um leito. Conseguimos a transferência para o hospital Delphina Aziz, uma semana depois. Com o diagnóstico da doença confirmada, ela agora se recupera em casa", narrou.

A falta de leitos aliada à imprudência dos moradores é um fator que pode agravar ainda mais o quadro da doença no Estado. O motorista de aplicativo José Carlos de Alencar, de 48 anos, atende passageiros em toda Manaus e diz ainda haver pessoas que insistem em entrar no veículo sem o uso de máscara.

"Acho que ainda não se deram conta da gravidade. Eu me recuso a levar pessoas sem máscara. Não é só isto: na periferia, as pessoas não estão dando a mínima para tomar os devidos cuidados. O movimento nas ruas e comércio é normal. E raramente usam máscara", diz.

A análise do motorista é corroborada pelo professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Amazonas, Wilhelm Alexander Steinmetz. Ele fez parte da equipe de pesquisadores que coordenou o estudo "Curva de Contaminação covid-19 - Estado do Amazonas", divulgado há uma semana. "Percebemos que a classe média aderiu mais tanto ao isolamento social quanto às medidas de prevenção como o uso das máscaras", comentou.

Ainda segundo Steinmetz, 40% dos moradores do Amazonas fazem isolamento e que isso evitou números ainda piores no Estado. "Poderíamos ter cerca de 2,5 mil óbitos a mais no mês de abril", admite.

São Paulo

A região metropolitana de São Paulo já tem 13 hospitais lotados e que não recebem mais pacientes. A taxa de ocupação dos leitos em UTIs está ao redor de 91%. Mas é o aumento de casos no interior do Estado o que mais preocupa as autoridades de saúde no momento: a covid-19 chegou na sexta a 500 município do Estado (que tem 645 cidades), e a taxa de crescimento no interior é quase quatro vezes maior do que na capital.

Na cidade de São Paulo, coração da doença, se em março a abertura de novos leitos foi feita às centenas, agora o conserto de 12 respiradores é comemorado, uma vez que dá sobrevida a um sistema perto do limite.

São Paulo briga para manter ao menos metade dos habitantes em casa e só conseguiu alcançar taxa de isolamento social acima de 50% durante a semana passada por causa do feriadão. A cidade não parou porque conseguiu ativar leitos próprios antes da crise, montou quatro hospitais de campanha, alugou espaço na rede privada e passou a gerenciar na ponta do lápis cada vaga disponível, de modo a saber o total de leitos livres em cada hospital para transferir pacientes. O modelo permitiu que ninguém morresse por falta de atendimento, segundo o governo, mas obriga parentes a fazerem deslocamentos cada vez maiores atrás de notícias de seus familiares.

Todos os dias, a cabeleireira Débora Ferreira, de 47 anos, percorre de carro 29 quilômetros entre o Jardim Santa Margarida, no Jardim Ângela, zona sul, e o Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa, na Mooca, zona leste, onde o marido, de 53 anos, está internado. "Ele foi para o (Hospital de Campanha do) Anhembi e depois veio para cá." Foi transferido porque precisou ser entubado. "Falaram que foi onde conseguiram vaga", diz Débora, que acompanhava à distância o oitavo dia de internação do marido.

Mesmo assim, pode haver demora para conseguir a vaga. O vendedor Wellington Rodrigues dos Santos, de 31 anos, levou seu pai no dia 10 para o PS da Mooca. Ele foi medicado e aconselhado a voltar para casa. Três dias depois, piorou e voltou ao centro médico. "Aí eles internaram", conta o rapaz. O pai passou a receber oxigênio, e o filho foi informado que ele precisava ir para a UTI. "Foi transferido só dois dias depois."

O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, diz que a Prefeitura passou a estudar a necessidade de contratar leitos de média complexidade em hospitais da rede privada. Já há mais de 300 de UTI particulares usados por pacientes da rede pública. "Estamos avaliando a necessidade e os custos."

Essa medida se soma à instalação de mais 20 respiradores vindos do governo Federal, a 12 respiradores próprios consertados e a equipamentos que ainda devem chegar do governo do Estado. São ações que fazem o governo avaliar que será possível chegar ao término da pandemia antes de entrar em colapso.

"Esse aperto que tivemos neste mês e ainda estamos tendo, talvez a gente consiga superar", disse ao Estadão. A cidade tem cerca de 600 leitos de UTI ativos, e cerca de mil respiradores ao todo, informa o secretário.

As transferências mais longas de pacientes, da Grande São Paulo para o interior, eram apontadas como uma saída para a eventual falta de vagas no Estado. Agora, o foco do Centro de Contingência do Coronavírus é justamente o interior.

Das cerca de 5.300 vagas de internação em UTI disponíveis no Estado, mais de 4.400 já estão ocupadas. "Todas as regiões do Estado têm aceleração maior do que a região metropolitana nesse momento", diz o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi. "O ritmo de crescimento de óbitos no Estado em seis regiões já é maior do que na região metropolitana." Ocorre que o total de leitos de internação no interior é menor. Na região de Presidente Prudente, por exemplo, entre 30 de abril e a segunda-feira passada, houve aumento de 395% no número de casos, de 61 para 302. A região tem 36 leitos públicos de UTI, com previsão de aumento de mais dez.

Vinholi ressalta que o isolamento adotado no início da pandemia foi o que segurou a explosão de casos no interior. Garante que não haverá colapso. "São Paulo fez a lição com isolamento no momento certo, o que possibilita que o sistema público de saúde não entre em colapso."

Rio de Janeiro

Leandro Lima, 33 anos, morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, vive, em meio à pandemia de covid-19, um triplo luto. Em onze dias, entre abril e maio, perdeu o pai e dois irmãos. Como ele, outros tantos lamentam a perda de entes queridos no Rio. Nas últimas semanas, com o crescimento nos números de mortos e infectados, as unidades públicas de saúde aproximaram-se perigosamente do esgotamento.

Perplexo, Leandro - que, ironicamente, é agente de saúde - lembra que, a um quilômetro de sua casa, deveria funcionar um dos sete hospitais de campanha prometidos pelo Estado. "Acredito que, se os hospitais estivessem prontos, dentro do prazo, talvez (houvesse uma chance para que os três superassem a doença). O hospital de Nova Iguaçu ainda está em construção."

Cinco unidades de campanha, prometidas pelo governador Wilson Witzel (PSC), também estão atrasadas - e algumas talvez nem sejam abertas. O Maracanã foi inaugurado e funciona com problemas.

Segundo números da Secretaria de Estado de Saúde, na quinta, no SUS, esperavam transferência para UTIs 340 pessoas, e para enfermarias outras 238. Os leitos estavam ocupados, a não ser no Hospital Zilda Arns, em Volta Redonda. Havia ainda leitos nos hospitais de campanha Lagoa-Barra e Parque dos Atletas, erguidos e operados pela Rede D'Or. No Zilda Arns, a ocupação era de 89% na enfermaria e 86% na UTI. No Estado, os mesmos indicadores estavam em 79% e 86%, respectivamente.

Na capital fluminense, epicentro da doença, a situação era igual. Não havia, na rede municipal, uma única vaga para pacientes da covid-19. Aguardavam transferência para UTIs (85% ocupadas) 254 pacientes, e 182 para enfermarias (74% com doentes). No Estado e na capital, nos leitos ocupados, há rotatividade de vagas por causa de altas e óbitos. Os números apontam perspectivas de piora. Os casos de contaminados e mortes se aceleram, dobram a cada doze dias. Esse aumento se deu em um cenário de queda gradativa da taxa de isolamento social.

Segundo o Monitor Estadão/InLoco para isolamento social, após atingir o auge de 62,2% no início da quarentena, em 22 de março, o indicador recuou e chegou a 42,2% na quinta-feira. Desde que a circulação nas ruas foi restrita, o patamar mais baixo foi em 8 de maio: 40,8%. O ideal, dizem os especialistas, é que seja de 70%.

Em meio às dificuldades para combater a doença, a Polícia Federal e o Ministério Público desencadearam a Operação Favorito em 14 de maio. A ação levou à cadeia Mario Peixoto, empresário de negócios com o Estado, e o ex-presidente da Assembleia Legislativa Paulo Melo. As apurações envolvem suposto interesse ilícito em ações nos hospitais de campanha. O escândalo causou a queda de Edmar Santos da Secretaria de Saúde.

Pelo Twitter, o governador prometeu que erros "serão consertados", e irregularidades "serão devidamente apuradas". "Quem se aproveitou desse terrível momento para se beneficiar deve ser julgado e punido."

Santos informou ter atuado "de forma transparente". O Estadão não localizou Peixoto.

O aposentado José Gomes de Lima, de 80 anos, morreu em 24 de abril no Hospital da Posse, onde horas antes fora internado. Nos dias anteriores, tinha procurado ajuda médica duas vezes, mas, mesmo hipertenso, foi mandado para casa. Seus filhos, Leonardo, 44 anos, e Liliane, 51, que se tratavam havia dias do que parecia ser gripe forte, sucumbiram à enfermidade em 4 de maio, em Mesquita e Belford Roxo, cidades vizinhas.

Em nota, a prefeitura de Nova Iguaçu confirmou que José Gomes foi atendido na Clínica da Família de Jardim da Viga. "Foi orientado a manter isolamento e procurar uma unidade de urgência e emergência em caso de piora." Na UPA de Comendador Soares, tinha os mesmos sintomas de antes. Foi atendido conforme o protocolo do Ministério da Saúde, realizando exame de raio x e mensuração de sua oximetria, e não houve indicação de internação.

Pernambuco

No meio da madrugada, a massagista Flávia Ferreira, 47 anos, acordou aos sustos com a gritaria na casa da frente. "Meu pai vai morrer! Meu pai vai morrer!", desesperou-se uma vizinha diante da imagem do pai, um senhor de 70 anos, que convulsionava sobre a cama, após três dias de dor de cabeça, dor no corpo e falta de ar. Por se tratar de caso suspeito de covid-19, Flávia conteve a vontade de ir até lá. Da janela, conformou-se em acalmar a amiga.

Como a rua fica perto de um hospital, normalmente a ambulância aparece em minutos. Mas daquela vez o socorro demorou mais de uma hora para chegar à Campina do Barreto, bairro na periferia do Recife, para angústia dos moradores que não sabiam como ajudar.

Segundo Flávia, houve um momento que um taxista até assumiu o risco e se prontificou em levá-lo à unidade médica, mas já não dava mais tempo. Eram 3h16 quando, sem assistência, ele parou de respirar.

"Os paramédicos chegaram, todos com aquelas roupas de proteção, pareciam homens da Lua. Constataram o óbito, entregaram um papel e foram embora", relata a massagista. O corpo só foi removido ao amanhecer, pela funerária. "Foi uma cena triste. Depois disso, passei três dias com todas as janelas e portas fechadas com medo de o vírus entrar em casa."

O episódio aconteceu na sexta-feira, dia 15, e é um dos reflexos da iminência de colapso do sistema de saúde em Pernambuco, onde os diagnósticos de covid-19, só de abril para cá, saltaram de 95 para 27.759 casos - 46% destes, de paciente graves.

Com hospitais lotados e até fila por leito de UTI, o Estado também ultrapassou a marca de 2 mil mortes, sem indicativo de desaceleração da curva.

De acordo com a gestão Paulo Câmara (PSB), 97% dos 600 leitos de UTI para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) estão ocupados. Familiares de pessoas infectadas, no entanto, relatam esperar até mais de uma semana para conseguir internação. Na outra ponta, médicos e enfermeiros descrevem uma rotina de unidades sobrecarregadas, com equipes exaustas pelo trabalho e por ter de comunicar cada vez mais, por telefone, todas as mortes.

Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), destinadas a casos menos complexos, já precisam lidar com pessoas em estágio avançado de insuficiência respiratória. Sem tantos ventiladores mecânicos à disposição, socorristas se revezam para, na mão, manter o doente respirando. "O profissional fica bombeando manualmente com uma bolsa, para evitar que o paciente morra. Passa 30 minutos bombeando, depois troca para outro profissional e assim por diante", conta um médico.

Embora seja dinâmica, não é raro que a fila por vaga em UTI supere 200 pessoas em Pernambuco e o próprio governo admite que precisa selecionar qual paciente deve ser transferido primeiro. "A priorização é realizada a partir da discussão técnica entre o médico solicitante e o médico regulador, levando em consideração, primeiramente, a gravidade do caso, a estrutura disponível e a qualidade do suporte clínico nas unidades de saúde onde cada paciente se encontra", informa em nota.

Referência no tratamento da covid-19 no Recife, o Hospital Oswaldo Cruz opera em 100% da capacidade da UTI pelo menos desde o início de abril. "Quando abre uma vaga, a demora é só para fazer a limpeza do leito e o transporte do paciente. Entre a gente, o jargão é que não se espera nem esfriar o colchão", diz o infectologista João Paulo França, contratado para atuar na pandemia.

Mesmo em hospitais de referência, há relatos de momentos em que falta medicação. No comunicado, o governo de Pernambuco diz que todas emergências públicas têm capacidade de atender os casos mais graves. Também informa ter reforçado unidades de atenção primária, como as UPAs, com equipamentos e profissionais.

"Neste sentido, os pacientes que estão aguardando a transferência para centros de referência do coronavírus são assistidos em unidades de saúde que geralmente contam com estrutura de salas de estabilização, inclusive com pontos de oxigênio e respiradores", afirma. "A Secretaria de Saúde de Pernambuco reconhece a gravidade do momento em todo o País e ressalta que vem tomando medidas para aumentar a estrutura da rede estadual."

Responsável pela maioria dos casos notificados, a região metropolitana do Recife é o epicentro da doença em Pernambuco. Para tentar conter o avanço, o governo decretou bloqueio na capital e em quatro cidades, o chamado lockdown.

Com alto índice de transmissão comunitária no Recife, o coronavírus pegou até o alto escalão da administração pública. Só na última semana, foram diagnosticados com covid-19 o governador Paulo Câmara, a vice Luciana Santos, o chefe de gabinete Milton Coelho e o secretário da Saúde André Longo.

Na capital, a prefeitura abriu sete hospitais de campanha e anunciou a construção de 313 leitos de UTI desde o início da crise, mas só 114 (ou 36,4% do total), de fato, funcionam. Nos demais, faltam médicos. "Jamais imaginei passar por isso. A doença se espalhou muito rápido e mudou a vida de todo mundo. A cada dia, a letalidade se aproxima mais da gente", descreve o advogado Lucas Mendes, 28 anos, que perdeu um amigo, de 36 anos e sem comorbidades, para o coronavírus. Segundo conta, quatro familiares também contraíram a doença.

Hoje, a preocupação maior de Mendes é com a avó - idosa de 86 anos, com problemas de artrose e portadora de Alzheimer - que vive no mesmo espaço dos outros parentes que foram infectados. Com sinais de interiorização da doença, a gestão Câmara anunciou construção de hospitais de campanha em municípios de referência como Caruaru, no agreste, e Petrolina, no sertão. Ao menos 153 das 185 cidades do Estado já notificaram casos da doença.

Pará

"Foi tudo muito rápido e desesperador. Ele apresentou os sintomas e, após dois dias, morreu. Passei quase 22 horas ao lado do meu pai no hospital até ver o seu fim", lembra o contador George Pinto Gonçalves, de 38 anos. O aposentado Pedro Damasceno Gonçalves, de 67 anos, é uma das vítimas fatais do coronavírus no Pará.

Ele travou uma luta não apenas contra o vírus, mas com o sistema de saúde do Estado. Aos familiares, além da dor da perda, restou a impotência e o sentimento de revolta. Depois de cinco dias já morto, um servidor do hospital que o aposentado foi atendido, em Belém, ligou para saber como ele estava.

Foi na cidade de São Caetano de Odivelas, no nordeste paraense, que Pedro Damasceno começou a sentir os sintomas. Foi levado à Unidade de Saúde do município, quando o médico que o atendeu disse à família que teria de ser atendido na capital, devido aos poucos recursos da cidade de 17 mil habitantes. Seu filho George, que mora em Belém, foi então buscá-lo.

Após percorrer 114 quilômetros até Belém, o aposentado deu entrada no Hospital Abelardo Santos, no distrito de Icoaraci, no fim da noite do dia 1.° de maio. Ele piorou. "A saturação chegou a 25% e não foi entubado. Usava oxigênio que, por três vezes, o médico cubano que o atendeu, repassou para outros pacientes. Revoltante, não?", comentou George ao Estadão.

À medida que as horas avançavam, o desespero tomava conta. "Vi cinco pessoas morrendo no corredor. Estava um caos. Os médicos e enfermeiros estavam perdidos, sem saber o que fazer. As pessoas não paravam de chegar", recorda. Mas, foi à noite que o pior aconteceu. "Meu pai já não estava respirando, e comecei a gritar, pedir por socorro. Fui colocado para fora, até que depois me chamaram com a notícia da sua morte."

Quando George foi ao cartório para dar entrada na certidão de óbito, a guia estava sem a assinatura e o registro profissional do médico. "Voltei ao hospital e um médico assinou e colocou insuficiência respiratória. Retornei ao cartório e, novamente, tive de ir ao hospital liberar o corpo, que já não estava lá. Depois da procura, informaram que estava no IML", detalha.

Do necrotério, o corpo seguiu direto ao cemitério, sem direito a uma despedida. Foram dez minutos ao lado do caixão.

O aposentado morreu no dia 2 de maio, e no dia 7, um funcionário do hospital Abelardo Santos, em Belém, ligou para a família perguntando por Pedro.

Silencioso, o coronavírus, assim como assolou parte da família de George, deixa um rastro de destruição no Pará: interrompeu sonhos, devastou o sistema público e privado de saúde, colapsou o serviço funerário, arruinou a economia e enclausurou mais de 3,5 milhões de pessoas. A partir de hoje, o Estado se prepara para juntar os cacos, unir forças e retomar a vida.

Quando os números da doença eram tímidos no Pará, e poucos casos estavam confirmados, o governo reagiu com medidas de distanciamento social, anunciou a construção de hospitais de campanha, criou leitos, colocou atendimento itinerante e comprou equipamentos.

Aos poucos, agora, as filas nas portas das unidades de saúde estão desaparecendo, no sistema público e privado. As atividades não essenciais estão sendo retomadas. Ontem, terminou o prazo do lockdown, que teve início dia 7 em dez cidades e depois em outras seis, totalizando 3,5 milhões de pessoas dos 8,5 milhões do Estado. Mais de 3,8 mil multas foram aplicadas. Os 16 municípios em lockdown tiveram média de 49,28% de isolamento. O Pará, hoje, tem 390 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto, com taxa de ocupação em 94.8%.

O sistema funerário colapsou. Desde 5 de abril, quando morreu a primeira pessoa com na capital, dezenas de famílias aguardam por mais de um dia a liberação dos corpos dos seus entes. À frente do local, tendas foram montadas para amenizar a espera. Os cemitérios não comportaram a demanda de enterros. Faltaram caixões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com 6.683 casos de Covid-19 confirmados, e 548 óbitos, o Amazonas é um dos estados que mais tem sofrido com a pandemia do coronavírus, sobretudo em Manaus. Com o sistema de saúde colapsado na capital, 30% dessas mortes têm ocorrido nas residências dos pacientes. No último domingo (3), o ministro da saúde, Nelson Teich, visitou a cidade para  ver de perto a situação e estabelecer medidas de socorro ao lugar. 

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Manaus foi a primeira capital do país a entrar em colapso por causa do coronavírus.Com hospitais lotados, os pacientes de Covid-19 não estão encontrando assistência devida e muitos acabam morrendo em casa. No último mês de abril, mais de duas mil pessoas morreram na capital amazonense e a expectativa é que esse número aumente em maio. 

No último domingo (3), o ministro da saúde Nelson Teich esteve em Manaus para ver de perto a situação da cidade e definir estratégias para sanar seus problemas. O ministro anunciou a contratação de 267 profissionais de saúde para o Amazonas. O estado também recebeu dois aviões da Força Aérea Brasileira com equipamentos de proteção individual e outros materiais de saúde. 

O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), Josué Neto (PRTB), aprovou ontem a abertura de um processo de impeachment do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e do vice-governador, Carlos Almeida (PTB). Com o sistema de saúde colapsado devido à Covid-19, o Amazonas pode ser o primeiro Estado do País a ter um governador afastado do cargo durante a pandemia mundial.

O documento foi protocolado na Aleam pelo Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) na terça-feira (29) passada. O presidente da entidade, Mário Viana, afirmou que o pedido estava baseado na "negligência e omissão do Estado" em relação à saúde, incluindo a responsabilidade pelas mortes de cidadãos e profissionais que atuam no combate ao novo coronavírus.

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Durante a sessão virtual, o presidente da Assembleia, Josué Neto, afirmou que a sua decisão era imparcial, sem o intuito de favorecer ou desfavorecer alguém politicamente, e que engavetar esse pedido de afastamento do governador seria "suspeito" e "antidemocrático". "Estamos vivendo a maior tragédia humanitária do Estado do Amazonas causada certamente por uma incapacidade administrativa do governo do Estado", disse.

Para que o pedido de afastamento seja aprovado, é necessário o voto de 16 dos 24 deputados estaduais. Na terça-feira será criada uma comissão especial para que os deputados avaliem a denúncia e elaborem um relatório final pela admissibilidade ou não do pedido de impeachment.

O governador Wilson Lima disse, por meio de nota, que o momento é "inoportuno" e que a decisão "está contaminada por questões eleitorais".

"Uma decisão solitária do presidente da Assembleia que não contribui em nada para vencermos essa guerra de todos os amazonenses contra a pandemia. O inimigo é um só. Nunca foi tão importante unir forças. É isso que a sociedade nos cobra.

Enquanto pessoas morrem e o mundo se comove com a pandemia no Amazonas, o presidente da Assembleia não pode apresentar esse tipo de proposta para debatermos", disse.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Pará registrou a morte de 68 pessoas por covid-19 em 24 horas. Os óbitos ocorreram nesta quinta-feira (30), em Belém e no interior.

A informação, divulgada pela Secretaria de Saúde do Pará (Sespa), confirma o avanço da pandemia no Estado. Já são 224 mortes pela doença causada pelo novo coronavírus, com 2.999 casos diagnosticados. Estão curados 1.415 pacientes, 321 exames estão em análise e 2.087 casos foram descartados.

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Com o sistema de saúde em colapso, faltam leitos nas redes hospitalares pública e privada. O Instituto Médico Legal (IML) também está saturado e muitos corpos ficam até 12 horas à espera de liberação.

Nesta quinta-feira, o governo estadual decidiu transformar o hospital Abelardo Santos, no distrito de Icoaraci, em Belém, e o Hospital Público Estadual Galileu, também na capital paraense, em referências para atendimento emergencial a pessoas com sintomas de covid-19. Com isso, segundo o governador Helder Barbalho, será possível aliviar a pressão nas unidades de pronto atendimento e prontos-socorros.

A prefeitura de Belém decidiu endurecer as regras de isolamento para tentar conter o avanço da epidemia. Desde segunda-feira, comércio e serviços tiveram suas atividades restritas e somente o serviço essencial está autorizado a se manter em funcionamento. A capital do Pará enfrenta grave crise em seu sistema de saúde, com falta de médicos, leitos e equipamentos. O atendimento dos pacientes com sintomas de covid-19 é precário.

O próprio prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB), admite a crise na saúde. "Estamos em saturação, tanto para urgência quanto na estrutura hospitalar. A melhor medida é o isolamento social. Há a necessidade de ficar em casa para evitar mais pessoas em busca de oxigênio, de ar, e não terem onde ser atendidas porque está tudo sendo ocupado. Peço: não saiam de casa!", disse Coutinho.

"Para vocês entenderem a gravidade, (domingo) nós tivemos a falta de 51 médicos na nossa rede de UPAs e Pronto Socorros. Esse descompasso do aumento de demanda e falta de médicos tem deixado a gente numa situação angustiante", admitiu o prefeito, dizendo ainda que os profissionais de saúde em ação estão "sobrecarregados".

Mais de 60% das 129 mortes confirmadas por covid-19 no estado estão concentradas em Belém - e a estimativa é que quase metade sejam de profissionais da saúde. A rede municipal de saúde atingiu o limite de internações em UTIs ainda na semana passada, quando 80% dos leitos clínicos também já vinham sendo ocupados. Nesta terça, 28, o Estado solicitou números atualizados, mas não obteve retorno.

O decreto municipal proíbe a abertura de comércio, a não ser o de produtos alimentícios. Ele também impede o consumo de alimentos no interior desses estabelecimentos, como padarias. Serviços de call-center estão liberados, mas com regras - uma delas exige a troca de telefones entre os diferentes turnos. Os hotéis estão autorizados a operar, mas não poderão manter os restaurantes abertos.

Com informações do Estadão Conteúdo.

O  Amazonas tem tido um crescimento preocupante de contaminações por coronavírus. Com 3.833 casos confirmados, sendo 71% deles na capital, Manaus, o estado também tem um alto número de mortes, 304 até agora. O aumento dos óbitos já causa um colapso nos sistemas de saúde e funerário da capital amazonense, com pouco espaço para condicionamento e sepultamento dos corpos. No último domingo (26), uma família precisou fazer o enterro do próprio parente por falta de coveiro. 

Com hospitais lotados e um alto número de mortes, a capital do Amazonas tem recorrido a algumas estratégias para dar conta da situação alarmante. Containers frigoríficos foram instalados nas áreas externas dos hospitais da cidade para acondicionar as vítimas fatais da Covid, após imagens de corpos amontoados nos corredores dos hospitais da cidade circularem pela internet. Nos cemitérios, valas comuns, chamadas de trincheiras, estão sendo abertas para os sepultamentos.

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O esforço, no entanto, não foi suficiente para a família de John Magno Máximo. O homem afirmou, em entrevista ao G1, que após a morte de seu pai, Joaquim Lopes da Silva, de 82 anos, precisou procurar pelo corpo dele durante três dias, se expondo nos frigoríficos do hospital. “Muitos corpos em cima do outro, sem identificação nenhuma. Nós tivemos que nos arriscar, tivemos que nos arriscar dentro do freezer, dentro do frigorífico para identificar nosso pai”, disse.

Além disso, a própria família teve que fazer o enterro do idoso, no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, na capital, uma vez que no lugar não foram encontrados coveiros. “Nós mesmos estamos aterrando ele, porque não tem coveiro, não tem ninguém da administração, ninguém para nos ajudar".

Ainda de acordo com o G1, a Prefeitura de Manaus alegou ter se tratado de um caso isolado e vai apurar os fatos para tomar as medidas cabíveis. Segundo a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) da capital amazonense, estão sendo realizados cerca de 100 enterros por dia na cidade, a maioria deles no cemitério público local, o Nossa Senhora Aparecida. Já o Sindicato das Empresas Funerárias do Estado do Amazonas (Sefeam) afirma que as empresas de Manaus têm estoque de urnas para mais dez dias apenas. 

 

 

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) anunciou, neste sábado, que o Pará já registra 95 mortes por covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. São 1.745 casos confirmados. Em um dia, na sexta-feira, foram notificados 33 óbitos.

“Já completamos um mês dessa luta diária contra o coronavírus, e hoje, lamentavelmente, tivemos 33 óbitos. É estarrecedor e extremamente dolorido. Minha solidariedade a todas as famílias que perderam entes queridos”, declarou o governador Helder Barbalho, segundo informou a Agência Pará. 

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O governo continua a implementar estratégias, em vários setores, para controlar o avanço da pandemia, e ao mesmo tempo manter o tratamento dos pacientes. Um grupo de 32 médicos cubanos chegou a Belém para trabalhar no hospital de campanha montado no Hangar Centro de Comnvenções. "Nós vamos usar esses profissionais na estrutura do Estado, mas também estamos oferecendo médicos para a prefeitura de Belém, para as Upas e prontos-socorros. E quem vai pagar estes médicos é o Estado”, afirmou o governador.

As redes hospitalares pública e privada estão à beira do colapso. No Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, onde funciona o Instituto Médico Legal (IML), um caminhão frigorífico está sendo usado para gauradr corpos das vítimas da covid-19.

Com informações da Agência Pará.

Na linha de frente do combate ao novo coronavírus, profissionais da saúde estão trabalhando com pagamentos atrasados há três meses no Amazonas, um dos primeiros Estados a entrar em colapso por causa do surto da Covid-19 no País. No ano passado, houve "êxodo" de médicos do Amazonas para outras regiões.

De acordo com o presidente da Associação Médica do Amazonas (AMA) e secretário do Conselho Regional de Medicina (CRM), Jorge Akel, além da falta de equipamentos de proteção para trabalhar, médicos, enfermeiros e técnicos precisam lidar com os atrasos da remuneração que vêm se arrastando nos últimos cinco anos. O atual governo herdou da gestão anterior os débitos com as cooperativas médicas, que atuam na rede pública de saúde.

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"Nós estamos com expectativa de pagarem agora, no fim de abril, os salários de fevereiro, que correspondem ao que os médicos trabalharam em janeiro. Cerca de 2 mil médicos dependem desses pagamentos. O discurso do Estado é que no contrato com as cooperativas está previsto que pode haver um atraso de até três meses dos salários, como se os médicos fossem uma mercadoria comprada da empresa - e não, eles estão prestando serviço médico. Esses profissionais têm nome, CPF e uma família (para sustentar)", disse Akel.

Cerca de 549 profissionais, em 2019, solicitaram transferência do Amazonas para outros Estados, segundo dados do CRM-AM. Conforme o secretário do conselho, a maioria foi embora por causa de dificuldades para manter a família, em razão dos constantes atrasos nos pagamentos.

O Sindicato dos Trabalhadores em Santas Casas, Entidades Filantrópicas e Religiosas, e em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Amazonas (SindPriv-AM), que representa trabalhadores da rede privada e pública, tem acompanhado a situação. Segundo o SindPriv-AM, pelo menos 2 mil enfermeiros estão sem receber há meses.

"Os maqueiros também estão com pagamentos atrasados e ainda assim continuam trabalhando na linha de frente nos hospitais. Já tentei falar com o ordenador de despesa, que libera para a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz). Ele não me responde.

Não conseguimos contato com ele porque os serviços estão suspensos", afirmou a presidente do SindPriv, Graciete Mozinho.

"Cobrei do ordenador, do procurador. Não sei como esses profissionais estão indo trabalhar, está triste a situação."

Além dos salários atrasados, os profissionais têm de lidar com a falta de equipamentos.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam) informou que os profissionais que prestam serviços por meio de empresas ou cooperativas recebem pró-labore e não salário, uma vez que são sócios ou cooperados.

Ontem, a Sefaz confirmou o pagamento de aproximadamente R$ 40 milhões para as cooperativas médicas - valor referente a fevereiro. Na última quarta-feira, já haviam sido pagos R$ 20 milhões para os profissionais chamados "áreas meio", como maqueiros e equipes de conservação e limpeza. Já os valores de março devem ser quitados até o fim de maio.

Infecções

O número de casos do novo coronavírus aumentou para 2.888 no Amazonas. Em boletim divulgado ontem, o Estado registrou mais 409 novos casos da Covid-19. Também foram confirmados mais 28 óbitos, elevando para 234 o total de mortos no Estado. Entre os casos confirmados, 2.286 são de Manaus e 602 do interior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com quase 100% de ocupação de leitos de UTI, o Amazonas improvisa o atendimento de pacientes com a covid-19 e usa até sacos plásticos no lugar de respiradores para estabilizar os doentes. O Estado registrava ontem 2.479 casos de coronavírus e 207 óbitos. A Assembleia Legislativas do Amazonas chegou a pedir intervenção federal, o que foi descartado, por enquanto, pelo Palácio do Planalto.

Na terça-feira (21) um vídeo que mostra um paciente respirando em uma câmara improvisada e feito de saco plástico repercutiu nas redes sociais. Segundo a Secretaria de Estado de Comunicação, a medida foi adotada como alternativa de assistência enquanto o paciente aguardava transferência para outra unidade. Segundo o governo, a equipe médica da unidade em que isso ocorreu decidiu por conta própria, e com autorização da família, "usar uma técnica experimental não invasiva para mantê-lo estável". O paciente foi transferido para uma unidade da rede privada.

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Outros vídeos feitos por profissionais de saúde e por parentes de pacientes em Serviços de Pronto Atendimento (SPA) de Manaus mostram a revolta da população. Em uma das unidades, o filho de um paciente filmou o pai em um leito e diz que não há funcionários para dar assistência. Em outro vídeo, na mesma unidade, um paciente aguarda em uma cadeira de rodas enquanto os acompanhantes dele batem em portas e gritam em desespero chamando funcionários para socorrê-lo.

Segundo os profissionais de saúde, a doença tem afetado o quadro de servidores no Estado. "Estamos adoecendo e adoecendo nossas famílias", afirmou Graciete Mouzinho, presidente do Sindicato dos Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem do Amazonas. Até os profissionais de saúde evitam buscar atendimento na rede estadual.

"Muitos ficam em casa", disse Graciete. Segundo a enfermeira, o risco de infecção é grande. "Se eles ficam na sala rosa (unidade semi-intensiva), onde estão isolados até o fim do plantão, têm de se alimentar ali num local cheio de vírus." Para evitar contágio, profissionais também improvisam. Alguns compram material de proteção com recursos próprios. "Tem gente levando máscara N95 para casa para lavar e reutilizar."

A prefeitura de Manaus decidiu contratar contêineres para colocar os corpos das vítimas e evitar contaminação. Também existem registros de óbitos em casa. "Hoje (segunda-feira), dos 106 sepultamentos (no Estado), 36,5% das pessoas morreram em casa. Está se caracterizando certa falência, certo colapso das possibilidades de atender", afirmou o prefeito Arthur Virgílio (PSDB), em vídeo nas redes sociais.

Em Manaus, o total de sepultamentos só até o dia 21 de abril já era 47% maior do que o registrado em todo o mês de janeiro deste ano, antes do início da pandemia. Foram 905 sepultamentos no primeiro mês do ano, ante 1.330 em abril. Pressionado pelo aumento no número de enterros, o cemitério Parque Tarumã, na capital amazonense, já abre covas rasas.

O aposentado Damião Antonio da Silva, de 80 anos, morreu na terça-feira e foi enterrado em uma vala comum, com caixão lacrado. "Eles alegam que está sobrecarregado", disse Leydianne Silva, de 31 an os, sobrinha de Damião. "Só no momento que nós estávamos lá, contamos mais de 30 caixões. São enterrados de cinco em cinco, por vala. Fizeram uma tenda branca e ficam muitas pessoas debaixo da tenda, aguardando o enterro", relatou Leydianne.

Intervenção

O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, afirmou ontem que o presidente Jair Bolsonaro recebeu pedido de intervenção federal no sistema de saúde do Amazonas. Consultado sobre a possibilidade, porém, o governador Wilson Lima (PSC) disse que a situação está sob controle, o que fez o Palácio do Planalto descartar intervir no Estado. A solicitação havia sido aprovada na segunda, pela Assembleia Legislativa amazonense e foi levada a Bolsonaro pelo líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM).

Segundo uma fonte do Palácio do Planalto, Lima afirmou ao ministro que não há necessidade de intervenção e que o requerimento de deputados estaduais envolve questões políticas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Estado de Pernambuco tem atualmente 98% dos leitos de UTI da rede pública ocupados com casos confirmados e suspeitos de Covid-19. Nesta quarta-feira (22), apesar da lotação quase que total o Secretário de Saúde afastou a possibilidade de colapso. Por enquanto, André Longo acredita ter certo controle da situação visto que novos leitos são liberados todos os dias. Durante a fala ele ainda cobrou leitos prometidos pelos municípios de Paulista, Olinda e Jaboatão.

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"Falar de colapso agora parece ser precoce porque Pernambuco tem força de reação. Nós estamos esperando novos respiradores para colocar. Ainda estamos com 20 % da capacidade de UTI apenas no Hospital Alfa por exemplo. Com equipamentos a gente coloca muito mais leito", ressaltou citando a abertura diária de leitos da UTI na rede pública. 

"O dinamismo é a doença chegando todos os dias nas nossas unidades, a nossa capacidade de resposta nessas unidades e também esta luta continua pela abertura de novos leitos, que é o que a gente tem feito todos os dias", reforçou. 

Como já havia feito em outras ocasiões, André citou que na RMR municípios prometeram leitos e não cumpriram. "Foram prometidos em Paulista em Olinda, em Jaboatão dos Guararapes. Nós precisamos que esses leitos se transformem em realidade também", completou. 

 

Com 35 mortes confirmadas pela covid-10 no Pará, o governo do Estado anuncia mudanças no protocolo de acolhimento nos hospitais de campanha para evitar o colapso do sistema de saúde. A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que há 902 casos confirmados da doença causada pelo novo coronavírus, 1.599 casos descartados e 284 em análise, segundo atualização do dia 20 de abril. Os números só aumentam.

No domingo (19), o governador Helder Barbalho anunciou a entrega 20 novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para a rede pública de saúde com respiradores e estruturaa para atender pacientes diagnosticados com covid-19. Todos os leitos serão instalados no Hospital de Campanha do Hangar – Centro de Convenções, em Belém.

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O Pará contava com 104 UTIs exclusivas para o tratamento de pacientes com coronavírus. Ao longo da última semana, 45 novos leitos de UTI foram instalados no Hospital Abelardo Santos, em Icoaraci, segundo informações da Sespa.

O quadro mais preocupante está em Belém. Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e os dois hospitais municipais de pronto-socorro estão lotados. O prefeito Zenaldo Coutinho admitiu que faltam médicos e equipamentos de proteção para profissionais de saúde. A rede hospitalar privada também está com dificuldades para atender à demanda de pacientes. 

Segundo a Agência Belém, canal de comunicação oficial da prefeitura, o Hospital Dom Vicente Zico passou a funcionar como retaguarda para os pacientes diagnosticados com o vírus no município e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) estão sendo adquiridos em caráter de urgência. 

Com informações da Sespa e Agência Belém.

Com os sistemas hospitalar e de saúde em colapso em razão do coronavírus, as autoridades de Guayaquil, maior cidade equatoriana, retiraram de dentro das casas, na últimas três semanas, 771 corpos - média de 36 por dia. A pandemia fez do Equador, ao lado do Panamá, o país com mais mortes de covid-19 na América Latina: 20 óbitos por 1 milhão de habitantes. O Brasil tem 6 mortos para cada 1 milhão de pessoas.

Segundo Jorge Wated, líder de uma equipe de policiais e militares criada pelo governo diante do caos na cidade, os mortos retirados de residências superam o total de óbitos ocorridos em hospitais no mesmo período, que era de 631 até ontem.

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A Província de Guayas concentra 72% dos 7,5 mil casos da covid-19 confirmados desde a primeira notificação do vírus no Equador, em 29 de fevereiro. O número oficial de mortes é 333, mas como faltam testes para comprovar as causas dos óbitos, o presidente equatoriano, Lenín Moreno, já disse considerar que o total seja bem maior.

Apenas em Guayaquil, centro econômico do país, existem 4 mil pacientes com coronavírus. Segundo especialistas, o motivo foi a soma de um sistema de saúde frágil, a demora em adotar o isolamento social e a conexão com a Europa. A cidade tem um fluxo permanente de migrantes pobres que voltam para passar as férias, sobretudo moradores da Espanha. E como capital econômica do país, tem também moradores de alto padrão de vida que viajam à Europa por lazer.

Conforme autoridades de Guayaquil, a situação foi agravada por um toque de recolher de 15 horas diárias em todo o país, causando atraso na liberação de corpos no Instituto Médico Legal e nas funerárias da cidade.

Com as restrições impostas pelo governo, os corpos são sepultados sem o acompanhamento de parentes e amigos e um painel eletrônico mostra onde cada pessoa foi enterrada. Caixões de papelão foram improvisados após a doação de lojas que empacotam bananas e camarões.

Autoridades locais dizem que o primeiro caso confirmado no Equador foi de uma migrante que havia retornado da Espanha. Muitos regressaram para Guayas e não cumpriram nenhum tipo de quarentena.

"Aqui há muita gente pobre que vive do dia a dia, de vender água ou bala no farol, por exemplo. Vivem sem água, sem eletricidade, sem os serviços básicos, em casas de madeira. É muito difícil fazer quarentena, ficar em casa nessas situações. E se essas pessoas não saem para trabalhar, não comem", conta a jornalista Carolina Mella.

"O caso é complexo por várias razões, uma delas é a questão do adensamento populacional. Trata-se de uma região de alta densidade para os padrões do Equador. Além disso, Lenín (Moreno) e o governo de Guayaquil vinham minimizando a pandemia. Isso levou a uma situação catastrófica", afirmou o coordenador do curso de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), Moisés Marques.

A tragédia em Guayaquil é o resultado do colapso de um sistema de saúde fragilizado pela demissão de 3,5 mil trabalhadores do setor, no ano passado, em razão do pacote fechado pelo presidente Moreno para cumprir as exigências dos credores internacionais.

As finanças do Equador se deterioraram após a queda no preço do petróleo, principal fonte de ingresso monetário do país. "Ainda não dá para saber o tamanho do estrago. O que ocorrer nos próximos 15 dias vai definir o que acontecerá no resto do país", afirmou Marques. Após as mortes em sequência, o vice-presidente, Otto Sonnenholzner, pediu desculpas aos cidadãos em nome do governo (leia mais nesta página). Ele, que até dezembro era desconhecido do grande público, assumiu protagonismo na crise.

Medidas

Entre as medidas anunciadas por Moreno para conter a crise estão o corte de 50% nos salários dele, do vice-presidente, de ministros e vice-ministros e de outros funcionários públicos. Além disso, o governo anunciou a criação de uma conta de assistência humanitária que será financiada por empresas privadas e cidadãos que recebam salários superiores a US$ 500 por mês (R$ 2.590). "A pandemia nos atingiu em um momento crítico. Nos pegou sem um centavo nas contas e com uma dívida histórica de US$ 65 bilhões", disse Moreno, na sexta-feira.

Vice vira protagonista do combate ao vírus

"Sofremos uma forte deterioração de nossa imagem internacional e temos visto imagens que nunca deveriam ter ocorrido. Por isso, como seu servidor público, eu lhes peço desculpas. Quero transmitir meus mais sinceros pêsames a todas essas famílias que perderam um ente querido." Essas foram as palavras do vice-presidente do Equador, Otto Sonnenholzner, em 4 de abril, ao comentar as cenas trágicas de Guayaquil, em meio à crise do coronavírus. Com 37 anos e no cargo desde dezembro de 2018, Sonnenholzner, que é de Guayaquil, tem se fortalecido politicamente, se colocando como forte candidato à presidência, em 2021.

"Minha impressão é a de que ele percebeu que tem um espaço aberto. Ele é jovem, sabe se comunicar, o que na atual situação representa uma grande vantagem. Ele aproveitou a situação para assumir os erros (do governo) e se cacifar politicamente", avaliou o coordenador do curso de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), Moisés Marques.

Mesmo tendo sido um dos primeiros líderes da América Latina a implementar medidas para retardar a disseminação do vírus, o presidente Lenín Moreno foi criticado por falhas no sistema de detecção da doença.

Aos 67 anos, Moreno faz parte do grupo de risco para a covid-19 e, por isso, atualmente, não está na linha de frente do governo para lidar com a situação. Nesse contexto, Sonnenholzner se destaca ao assumir o papel de líder do Comitê de Operações de Emergência (COE), que lida com a crise de saúde.

"Lenín vem mal há um tempo. A última pesquisa mostrava que ele tinha apenas 7% de popularidade, absurdamente baixa. Na pesquisa, 92% das pessoas achavam sua gestão muito ruim. Ele está quase fora do jogo para 2021. Então, apostar no vice pode ser uma forma de dar cara nova a um governo moribundo", afirmou Marques. O atual presidente foi uma aposta do seu antecessor, Rafael Correa. Hoje, eles são inimigos políticos. "Ele (Sonnenholzner) pode eventualmente se distanciar de Lenín, caso o presidente continue colocando a economia em primeiro lugar", disse.

O professor de ciência política da Flacso Santiago Basabe, do Equador, disse que a ideia de Sonnenholzner ser candidato em 2021 surgiu no fim do ano passado e agora ganha força. "Tenho a impressão que ele vai sair fortalecido porque não está diretamente vinculado ao presidente e consegue fazer uma agenda política própria."

A cidade de Manaus (AM) vai ser a primeira do País a receber médicos e enfermeiros de outras regiões do País para apoiar o atendimento a casos de coronavírus. Manaus está com seu sistema de saúde operando no limite. Até este sábado (11), o Estado do Amazonas é o quarto do País em número de contaminações, com 1.050 casos oficialmente conhecidos, além de 53 mortos.

Fora de Manaus, a disseminação do vírus avança em regiões do Estado marcadas pela presença de povos indígenas. Neste sábado, dois indígenas tiveram a morte confirmada pela Funai, vítimas da covid-19.

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"A situação hoje de Manaus é que a curva dos casos está muito próxima da capacidade de atendimento. Se não tomarmos nenhuma medida, o número de casos vai ultrapassar nossa capacidade de atendimento. As pessoas vão sentir, não vai ter leito, não vai ter respirador e as pessoas poderão ficar desassistidas", disse o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, ao comentar a situação da região durante entrevista coletiva neste sábado.

Nesse sábado, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta anunciou a construção de um hospital de campanha em Manaus para atendimento à população indígena. "Também vamos liberar recursos para que o hospital de referência em Manaus, que tem três andares não utilizados, receba imediatamente 350 novos leitos", disse Gabbardo. "Mandamos ontem 20 respiradores em UTI para Manaus. Vamos mandar mais 20 respiradores."

Além da infraestrutura, Manaus será a primeira cidade do País que vai receber apoio médico de outras áreas para apoio local. "Segunda-feira irão médicos de outras regiões do País. Vão ajudar no atendimento desses pacientes em Manaus. Vai ser o primeiro Estado que vai chamar as pessoas cadastradas no 'Programa Brasil conta comigo', que cadastrou profissionais de todo o País. Temos 1 mil enfermeiros cadastrados em Manaus. Parte deles serão chamados pelo Ministério da Saúde. Há ainda 80 médicos, que serão convocados. Vamos tentar elevar nossa capacidade de atendimento."

Gabbardo anunciou ainda que Manaus receberá técnicos do Ministério da Saúde que vão apoiar a secretaria de Saúde local em questões de gestão. Além disso, os médicos que atuarão em UTIs na cidade terão o auxílio técnico de médicos especialistas nesse tipo de trabalho de outras regiões por meio do sistema de telemedicina. As ações de reforço do governo federal para Manaus serão iniciadas já na segunda-feira, disse o secretário executivo.

O sistema funerário Equador passa por um momento de colapso devido a pandemia do coronavírus. Nesta quinta-feira (2), o assunto é um dos mais comentados no Twitter e internautas compartilham vídeos e fotos que mostram corpos colocados no chão, sem resgate de ambulância.

Além disso, na cidade de Guayaquil, multiplicam-se os relatos de mortes em casa ou nas ruas e cadáveres passam horas ou dias na calçada até serem resgatados. 

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O governo do país informa que removeu 150 corpos, que estavam em várias casas, nos últimos três dias, mas não confirmou quantas vítimas foram da covid-19. De acordo com o jornal El Comercio, as portas de uma funerária no subúrbio ocidental de Guayaquil estão fechadas há três dias. Um banner de papelão com a frase: "Não há caixões".

Pelo menos 15 pessoas morreram após uma barragem em uma pequena mina de ouro siberiana desabar e a água inundar os dormitórios de dois trabalhadores. O Ministério de Emergências disse que sete corpos ainda não foram identificados. O órgão regional da saúde disse que 16 pessoas ficaram feridas.

A barragem não havia sido registrada ou aprovada para uso pela Rostechnadzor, a agência russa de supervisão tecnológica e ecológica, afirmou a agência de notícias Interfax. O colapso ocorreu em um período de fortes chuvas por volta das 6h de sábado do horário local, perto da vila de Shchetinkino, na região de Krasnoyarsk, cerca de 3.400 quilômetros a leste de Moscou.

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O presidente do governo regional de Krasnoyarsk, Yuri Lapshin, disse que a "a estrutura hidrotécnica foi construída de maneira improvisada". O Comitê de Investigação do país disse que abriu uma investigação criminal sobre possíveis violações dos regulamentos de segurança no local de trabalho. Fonte: Associated Press.

A catedral de Notre Dame de Paris, que sofreu um incêndio em abril, registrou quedas de pedras durante a recente onda de calor que afetou a França e continua correndo o risco de desabamento, advertiu nesta quarta-feira (14) o governo francês.

O ministério da Cultura da França destacou a necessidade urgente de retomar as obras para consolidar a estrutura da catedral, que foram suspensas em 25 de julho pelo temor sobre a exposição dos trabalhadores a resíduos de chumbo.

"Recentemente aconteceram novas quedas de pedras das abóbadas da nave após a onda de calor do fim de julho", afirmou o ministério da Cultura.

As obras, que deveriam ser retomadas na próxima semana, recomeçarão em 19 agosto, se ficar assegurado que "os requisitos de segurança serão cumpridos", afirmaram as autoridades locais na semana passada.

"As recomendações da inspeção de trabalho já foram em grande parte levadas em consideração e serão aplicadas durante todo o processo de restauração", respondeu nesta quarta-feira o ministério da Cultura.

O ministério também justificou o ritmo de trabalho das obras iniciadas em 16 de abril, um dia depois do incêndio, determinado pela "urgência" do risco persistente de colapso da catedral, que teve sua construção iniciada no século XII.

O incêndio na igreja em 15 de abril fez com que várias toneladas de chumbo contidas na torre e no teto do edifício se fundissem e dispersassem na forma de partículas na atmosfera.

As autoridades iniciaram na terça-feira os trabalhos de limpeza do chumbo dos arredores de Notre Dame de Paris, uma medida adotada de maneira tardia segundo os críticos.

Duas escolas próximas à catedral foram fechadas depois que foram detectados níveis perigosos de chumbo. Os estabelecimentos recebiam 180 crianças para cursos de verão.

As autoridades da área de Saúde recomendam que as pessoas expostas a mais de 70 microgramas, um nível superado em parte do centro de Paris, façam exames de sangue.

O jovem tenista espanhol de 19 anos, número 255 do ranking mundial, Nicola Kunh, sofreu um colapso devido a fortes cãibras nas pernas na quadra 1, durante a partida contra o alemão Mischa Zverev, número 75 do ranking pela primeira rodada do Masters de Miami. O jogador acabou abandonando a partida.

A partida decorria normalmente. Com a vitória no primeiro set por 6 a 4, Nicola chegou a ter oito match points (pontos do jogo), foram oito chances de finalizar a partida que o espanhol não aproveitou. O alemão acabou ganhando o segundo set no tie break (desempate) e venceu por 7 a 5.

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No ultimo set enquanto estava 2 a 1 no serviço de Nicola, o atleta começou a ter um colapso e caiu no court (quadra) com expressão de muita dor. Mischa, que não ganhava uma partida a sete meses acabou ficando com a vitória porque Nicola abandonou o encontro devido ao colapso. Confira as imagens fortes: 

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Depois do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, que causou a morte de 150 pessoas (até o dia 7 de fevereiro) a preocupação dos brasileiros com a situação das barragens espalhadas pelo país só vem aumentando. Em Pernambuco, com as fortes chuvas caindo em várias regiões, diante das secas de grande parte dos barramentos, acende-se o sinal de alerta para as cheias e a situação das barragens que fazem a contenção das águas.

De acordo com relatório anual de 2016, divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), existem 22 mil 920 barragens registradas e catalogadas no Brasil, sendo 470 só em Pernambuco. Este número referente ao Estado diverge com os números mostrados pela Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco. Segundo o órgão, o número de barragens somam 442 - o que representa menos 28 barragens do que o anunciado pela ANA.

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Segundo os números da Secretaria de Infraestrutura, do total de barragens em Pernambuco, 283 são de responsabilidade da administração estadual e de órgãos vinculados. As outras 159 - que contém 59% do volume da água acumulada - são de responsabilidade do Governo Federal, prefeituras e particulares.

Em relatório da Confederação Nacional de Municípios, 4 mil 159 barragens brasileiras estão classificadas como Dano Potencial Associado (DPA). Pernambuco corresponde por 10,9% desse total, tendo 453 barragens classificadas como DPA. De qualquer forma, é bom salientar que no Estado não existem barragens de rejeitos, sendo maioria usadas para abastecimento de água e combate à seca.

A secretária do Ministério de Infraestrutura e Recursos Hídricos, Fernandha Batista, explica que há diferença entre risco potencial e o risco de rompimento. "O risco de rompimento tem problemas estruturais, enquanto que os critérios de avaliação do risco potencial levam em conta o porte das barragens e o fato de ter população morando próximo ao local, sendo apenas este último caso apontado pelos relatórios técnicos da ANA em relação às nossas barragens”, diz.

De acordo com relatório do Governo de Pernambuco, 70% das barragens estão com o acúmulo de água abaixo de 3 milhões de metros cúbicos.

O monitoramento é feito de maneira constante em todas as barragens do Estado. Reprodução/ Gráfico de Volume/ Agência Nacional de Águas (ANA)

Considerada a segunda maior  barragem do Estado, a de Entremontes, localizada em Parnamirim, Sertão pernambucano, está em situação caótica. Podendo acumular 339 milhões de metros cúbicos de água, por conta da falta de chuvas na região, a barragem encontra-se atualmente com apenas 2,4 milhões de metros cúbicos de água.  

Situada em Ibimirim, no Sertão, a maior de Pernambuco é a barragem Engenheiro Francisco Sabóia, que represa águas do Rio Moxotó. Podendo acumular até 504 milhões de metros cúbicos de água, atualmente, a barragem está com acúmulo de 36 milhões de metros cúbicos e fora do levantamento dos 70% de barragens em situação crítica.

A previsão de chuva para o trimestre é de chuvas acima da média.  Reprodução/ Gráfico de Volume/ Agência Nacional de Água (ANA)

É justamente por conta do baixo acúmulo de água em maioria das barragens que o Governo de Pernambuco, juntamente com a Agência Pernambucana de Águas e Climas (APAC) esclarecem que laudos técnicos atestam que não há risco de rompimento dessas estruturas e anunciou a intensificação das ações de fiscalização na área com a criação de um grupo de trabalho multidisciplinar, composto por 29 profissionais.

Segundo o órgão, o grupo de trabalho tem o objetivo de atualizar o cadastro das barragens e envolve a ação coordenada das secretarias de Infraestrutura e Recursos Hídricos, de Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Urbano e Habitação, além de diversos órgãos vinculados à temática. Iniciado pela Região Metropolitana e pela Mata Sul - que possuem a maior concentração pluviométrica-, o processo de cadastramento será concluído no mês de junho.

Ação Federal

Nesta quarta-feira (6), o Ministério do Desenvolvimento Regional apresentou os planos de ações para 139 barragens que serão recuperadas pelo Governo Federal. O órgão garante que os diagnósticos apontam medidas e estratégias necessárias à reabilitação de barramentos que reservam água para diversos usos em 14 estados, nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste. "Apesar de demandarem atenção, as estruturas não apresentam risco iminente de rompimento", acentua o ministério.

As 139 barragens que serão recuperadas estão distribuídas nos seguintes estados: Ceará (31), Pernambuco (26), Bahia (26), Minas Gerais (15), Rio Grande do Sul (10), Rio Grande do Norte (7), Piauí (5), Santa Catarina (4), Paraíba (4), Alagoas (4), Maranhão (3), Rio de Janeiro (2), Sergipe (1) e Paraná (1).

Para as ações em Pernambuco, o Ministério do Desenvolvimento Regional divulga que os custos para implementar as ações de reabilitação das 26 estruturas no Estado somam mais de R$ 68 milhões.

Tragédias em Minas Gerais, o início das preocupações

Em um período de 4 anos, o Estado de Minas Gerais sofreu com dois estouros de barragens de rejeitos. A primeira, considerada a maior catástrofe ambiental do Brasil, aconteceu em Mariana, no ano de 2015, após o rompimento do barramento da Samarco, que deixou 19 mortos e um prejuízo incalculável para moradores e para a natureza.

A segunda aconteceu em janeiro de 2019, na cidade de Brumadinho, distante 86 quilômetros de Mariana. O rompimento da barragem na cidade deixou, até o momento, 150 pessoas mortas e outras 182 desaparecidas. A tragédia de Brumadinho está sendo considerada a maior tragédia humanitária do país.

 

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