Tópicos | crise hídrica

Na corrida contra o tempo para evitar um racionamento nos moldes de 2001, com corte compulsório de energia, especialistas e executivos do setor ouvidos pelo ‘Estadão’ apontam algumas medidas para tentar amenizar o aprofundamento da crise. As soluções incluem medidas como contratação emergencial (por meio de cogeração ou térmicas), retorno do horário de verão, aceleração da instalação de painéis solares em residências e até cortes seletivos de energia em determinados momentos do dia.

Isso não significa que, neste ponto, o País conseguiria escapar do racionamento. Mas, ao menos, poderia reduz o tamanho de eventuais cortes no fornecimento de energia. Uma das primeiras iniciativas que o governo precisa adotar, dizem os especialistas, é a criação de uma ampla campanha publicitária para explicar a situação do setor.

##RECOMENDA##

Para a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, a medida tende a criar maior engajamento da sociedade na redução do consumo. Muita gente ainda não entendeu - ou não sabe - a real dimensão da crise, reflexo da postura do governo em negar a gravidade do cenário.

Hoje, segundo dados da consultoria PSR, a chance de o País ter problemas em horários de pico é de 30%, e de ser obrigado a decretar um racionamento tradicional, de 15%. "Nossas simulações e as do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) convergem no sentido de que o tamanho do racionamento não seria superior a 5% da carga e por pouco tempo", diz o presidente da PSR, Luiz Barroso.

Na avaliação dos especialistas, as medidas anunciadas pelo governo, de redução voluntária de energia, são corretas, mas vieram no momento errado. "Estamos na crise desde maio, e as medidas de incentivo à redução do consumo só vão começar em setembro", diz o professor da UFRJ Nivalde Castro. Para ele, uma medida que ajudaria a elevar a oferta seria uma negociação com a Bolívia para aumentar a cota do rio Madeira e, assim, elevar a produção da hidrelétrica de Jirau, em cerca de 700 MW médios.

Os especialistas dizem que, além de rezar pela chuva, é preciso torcer para que as medidas de redução surtam efeito. Mas o professor de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ Marcos Freitas destaca que a população já está tentando economizar por causa dos elevados preços da energia, com a adoção das bandeiras tarifárias. Mesmo assim, ele afirma que o governo tem de lançar mão de toda e qualquer medida que diminua a demanda, mesmo que o ganho seja pequeno. A sugestão dele é retomar o horário de verão para tentar deslocar o consumo em horário de pico.

Para David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e ex-membro da Câmara de Gestão da Crise de Energia em 2001, não basta apenas dar bônus para as pessoas reduzirem o consumo. É preciso punir quem não consegue economizar. "É importante que se dê um sinal econômico da crise para ter a adesão da sociedade."

Apesar das medidas paliativas, os especialistas alertam que a situação é complicada e que o risco de racionamento está cada vez maior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A preocupação com o impacto de mais um aumento no preço da energia sobre a inflação foi o que fez o ministro da Economia, Paulo Guedes, entrar no debate da definição da bandeira vermelha nível dois, que terá de ser reajustada novamente em razão do agravamento da crise hídrica. A proposta do Ministério de Minas e Energia (MME) foi classificada de "bandeiraço" pela área econômica e levou até o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a entrar nas discussões.

Ainda não há previsão para quando a agência reguladora irá definir o novo valor da bandeira vermelha 2. O órgão pode convocar reunião extraordinária para analisar o tema até terça-feira, 31, para que o reajuste já passe a valer em setembro. Também é possível que a diretoria colegiada se reúna ao longo da próxima semana e defina a correção com efeitos retroativos a 1º de setembro.

##RECOMENDA##

O tema passou a ser tratado como prioridade número um pela equipe econômica, diante do efeito sobre a inflação, que já acumula alta de 8,99% em 12 meses até julho, passando de dois dígitos em algumas capitais. A disparada de preços ocorre em um momento de queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro e levou o Banco Central a apertar o passo na elevação dos juros básicos da economia.

O Ministério da Economia defendeu uma bandeira mais baixa, entre R$ 14 e R$ 15 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, a vigorar entre setembro e maio. O argumento é a manutenção de um patamar mais elevado para dar tempo de recompor os reservatórios. A interlocutores, o ministro da Economia tem dito que Bolsonaro apoia a ideia de um reajuste menor, porém mais duradouro, no valor da bandeira, embora o martelo ainda não tenha sido batido.

Já a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calculou que seria necessário um valor mais alto, por volta de R$ 25 a cada 100 kWh, até dezembro deste ano, com possibilidade de retorno aos atuais R$ 9,49 em janeiro. Essa última possibilidade, no entanto, era vista como menos provável devido ao impacto de curto prazo que teria nas contas de luz e na inflação. Por outro lado, era a preferida das distribuidoras, que estão estranguladas por despesas muito elevadas e com dificuldades para carregar os gastos por muito tempo. Há ainda uma terceira alternativa em estudo, com um valor mais alto entre setembro e dezembro e um mais baixo entre janeiro e maio.

O impasse sobre o valor da bandeira esbarra em questões políticas e econômicas. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Guedes defendia que o reajuste na bandeira tivesse sido adotado mais cedo, mas o MME e a Aneel acabaram adiando a decisão. Diante da demora, o ministro da Economia passou a argumentar que a decisão deveria sair apenas depois do anúncio do Auxílio Brasil, novo programa social do governo, que vai substituir o Bolsa Família. Para o ministro, era necessário haver uma agenda positiva para rebater o impacto de mais um aumento na conta de luz em um momento de alta no preço da gasolina e do gás de cozinha.

Mesmo com a perspectiva de piora da crise hídrica entre setembro e novembro, o governo tenta evitar a todo custo um racionamento e impor meta de economia de energia para a população. A aposta é um programa voluntário de bonificação para os consumidores que pouparem energia a partir de setembro. Até agora, não há definições sobre como o programa vai funcionar, e novas reuniões devem ser realizadas ao longo dos próximos dias para tentar encontrar um modelo equilibrado.

O problema, nesse caso, é o financiamento do bônus. O governo não quer destinar recursos do Orçamento para premiar os consumidores conscientes. Até agora, a ideia de abrir um crédito extraordinário (possibilidade para gastos emergenciais e imprevisíveis) desagrada a equipe econômica e não tem tido respaldo.

Outra possibilidade, adotada no racionamento de 2001, era premiar quem poupa energia com os recursos das multas impostas a quem gasta demais. O governo, porém, descartou essa hipótese para afastar qualquer medida que pudesse remeter ao apagão de 20 anos atrás.

O agravamento da crise hídrica foi também tema de uma reunião entre Guedes, Roberto Campos Neto, Bento Albuquerque e o Bolsonaro na última segunda-feira, 23. Ficou definido que tudo que puder ser feito para evitar o racionamento deverá ser feito, ainda que os custos sejam elevados. Em seu estilo, Guedes tem deixado claro esse posicionamento em eventos públicos.

A preocupação é evitar impactos políticos que possam prejudicar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. O racionamento de 2001 e seus efeitos na economia são apontados como uma das causas da perda da popularidade do então presidente Fernando Henrique Cardoso e da derrota de seu candidato, José Serra, nas eleições de 2002.

A definição da bandeira sempre foi uma atribuição única e exclusiva da Aneel. Mas a agência decidiu envolver outras áreas do governo para não ter que arcar com o peso de uma decisão tão impopular sozinha. Isso porque boa parte dos motivos que levaram a um aumento ainda maior da bandeira estão relacionados a decisões recentes da pasta chefiada pelo ministro Bento Albuquerque.

Desde que a Câmara de Regras Excepcionais para a Gestão Hidroenergética (Creg) foi criada, o governo adotou diversas ações para tentar evitar apagões ou ainda a necessidade de um racionamento de energia. A termelétrica William Arjona, em Mato Grosso do Sul, por exemplo, tem um custo variável superior a R$ 2,4 mil por megawatt-hora (MWh), e a importação de energia da Argentina e do Uruguai, por exemplo, custa mais de R$ 2 mil por megawatt-hora (MWh). Por dia, o Brasil importa 2 mil megawatts dos países vizinhos. Novas ações com custos ainda mais elevados devem ser adotadas ao longo das próximas semanas.

As despesas com térmicas mais caras são pagas pelas distribuidoras praticamente à vista, e o repasse ao consumidor pode ser feito de duas formas: ou pelas bandeiras, ou no reajuste anual, com incidência de juros. Cálculos da agência indicaram que os recursos não seriam suficientes para cobrir os custos das térmicas. A Aneel projetou um déficit de R$ 8 bilhões na conta Bandeiras no final do ano. Somente as medidas adotadas pelo governo devem aumentar o rombo em mais de R$ 2,4 bilhões a R$ 4,3 bilhões. As empresas reclamam que estão com o caixa no limite e que não há como carregar valores tão elevados por tanto tempo.

Depois de perguntar qual o problema de a conta de luz ficar "um pouco mais cara", o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a taxa extra deverá ser novamente aumentada por causa da crise hídrica. "Não adianta ficar sentado chorando", disse, em audiência pública no Senado nesta quinta-feira, 26.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, novos cálculos internos do governo apontam para a necessidade de que a bandeira vermelha nível 2, hoje em R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), seja elevada para algo entre R$ 15 e R$ 20. Há ainda um cenário limite de até R$ 25, mas é improvável que ele seja adotado.

##RECOMENDA##

"Temos de enfrentar a crise de frente. Vamos ter de subir a bandeira, a bandeira vai subir. Vou pedir aos governadores para não subir automaticamente (o ICMS, imposto estadual, cobrado no valor total da conta de luz), eles acabam faturando em cima da crise. Isso não é interessante. Temos de enfrentar, não adianta ficar sentado chorando", declarou Guedes.

Na quarta-feira, 25, o ministro já tinha questionado: "Qual é o problema" de a energia ficar "um pouco mais cara?". Nesta quinta ele disse que a frase foi retirada de contexto e que há uma antecipação das eleições.

O País enfrenta a pior crise hídrica nos últimos 91 anos, com grave escassez nos reservatórios das principais usinas hidrelétricas. Nesta semana, o Ministério de Minas e Energia (MME) admitiu, em nota, uma "relevante piora" no cenário hídrico do País e nas projeções para os próximos meses.

O governo anunciou novas medidas para restringir o uso de água e afirmou ser "imprescindível" a adoção de todas as ações em andamento e propostas para garantir o fornecimento de energia.

Na quarta, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que as perspectivas de chuvas até o fim do período seco deste ano, meados dos meses de setembro e outubro, "não são boas no momento". Em entrevista coletiva, ele afirmou que os meses de julho e agosto registraram a pior quantidade de águas que chegaram nos reservatórios da série histórica.

Para evitar o apagão, o governo vem tomando algumas medidas, como:

Redução voluntária da indústria: grandes consumidores de energia que aceitarem reduzir ou deslocar o consumo de energia, de forma voluntária, receberão compensação financeira. As empresas deverão oferecer um lote mínimo de economia de 5 megawatts médios (MWm), por um período de quatro a sete horas. A medida valerá até 30 de abril de 2022;

Redução voluntária de consumidores residenciais: consumidores que economizarem energia, de forma voluntária, nos próximos meses receberão desconto na conta de luz. Apesar do anúncio oficial, as regras só devem ser apresentadas no início da próxima semana, para que o programa comece a partir de 1º de setembro;

Redução de consumo em órgãos públicos: órgãos e entidades da Administração Pública deverão reduzir em 10% a 20% o consumo de energia em relação aos anos de 2018 e 2019. Caso os órgãos não consigam reduzir o consumo neste porcentual, em relação aos anos de 2018 e 2019, terá que justificar o porquê. A medida valerá de setembro a abril de 2022.

O aumento na conta de luz tem pesado no orçamento das famílias e é um dos fatores que pressionam a inflação, mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, não vê problemas para atravessar o atual momento. "Se no ano passado, que era o caos, nós nos organizamos e atravessamos, por que nós vamos ter medo agora? Qual o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos? Ou o problema agora é que tá tendo uma exacerbação porque anteciparam as eleições... Tudo bem, vamos tapar o ouvido, vamos atravessar", afirmou Guedes nesta quarta-feira (25).

"Isso vai causar perturbação, empurra a inflação um pouco para cima, BC tem que correr um pouco mais atrás da inflação", afirmou no lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo.

##RECOMENDA##

Guedes disse que a economia brasileira está "vindo com toda a força" após a crise causada pela pandemia da Covid-19, mas admitiu que "há, sim, nuvens no horizonte". "Temos a crise hídrica forte pela frente, mas a economia brasileira está furando as ondas", disse.

A crise hídrica levou o governo a anunciar nesta quarta-feira (25) medidas para redução do consumo de energia para toda a administração pública federal. Decreto presidencial editado hoje determina a redução do consumo de eletricidade desses órgãos entre 10% e 20% em relação ao consumo do mês nos anos de 2018 e 2019, ou seja, antes do período pré-pandemia.

Além disso, o governo está pedindo que a sociedade e indústrias façam um esforço pela economia de energia e evitem desperdícios. Quem economizar terá conta menor a pagar e uma premiação pela redução do consumo.

Pressionada pelo aumento da conta de luz, a inflação acumulada em 12 meses chegou à marca de dois dígitos em quatro capitais do País no IPCA-15 de agosto: Porto Alegre (10,37%), Goiânia (10,67%), Fortaleza (11,37%) e Curitiba (11,43%). Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 25.

Durante a solenidade, Guedes apresentou dados da economia brasileira, destacando ganhos com as reformas feitas para controlar gastos. "Logo no primeiro ano (de governo), mostramos que viemos para controlar as despesas públicas", afirmou.

Segundo ele, o "abismo fiscal que ameaçava o Brasil foi controlado", destacando a reforma da Previdência. E, apesar da covid, a economia brasileira se abre de novo, "temos superávit comercial e corrente de comércio recordes", acrescentou o ministro.

Arrecadação forte

Guedes destacou também o bom desempenho da arrecadação de impostos, e previu que "se a economia brasileira crescer 5,5% neste ano, com a arrecadação vindo forte, é possível o País ter superávit em 2022".

Nesta quarta-feira, a Receita Federal divulgou os dados da arrecadação de julho, quando o País arrecadou com impostos e contribuições federais R$ 171,270 bilhões, um aumento real de 35,47% na comparação com o mesmo mês de 2020.

"A economia está bombando e continua a narrativa de que o governo não faz nada", afirmou o ministro. Ele criticou o que chamou de visões negacionistas e agradeceu o empenho do Congresso na aprovação das reformas e de medidas encaminhadas pelo governo. Guedes destacou ainda a atuação do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que, segundo ele, é uma "liderança imprescindível".

Segundo Guedes, os críticos já transferiram o colapso para 2022, ao perceberem que a economia voltou a crescer. "Mas vamos continuar crescendo", disse.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, pediu na noite desta segunda-feira, 28, a colaboração da população para economizar energia e água devido à crise hídrica. Em pronunciamento oficial na cadeia de rádio e TV, ele afirmou que é natural que os brasileiros tenham preocupação com a possibilidade de um racionamento, como aconteceu em 2001. O ministro reiterou que o governo está atento e afirmou que o sistema elétrico brasileiro evoluiu nos últimos anos, o que traz "garantia do fornecimento de energia elétrica aos brasileiros."

Durante o pronunciamento, o ministro citou medidas do governo para enfrentar a situação, incluindo um programa de redução de consumo voluntário para incentivar grandes empresas e indústrias a deslocarem o uso de energia para horários menos disputados. O mecanismo ainda está em elaboração e não há previsão de quando será lançado. Segundo o ministro,o consumo consciente vai reduzir a pressão no sistema elétrico e o custo da energia gerada.

##RECOMENDA##

"Essas medidas são essenciais, mas, para aumentar nossa segurança energética, é fundamental que, além dos setores do comércio, de serviços e da indústria, a sociedade brasileira, todo cidadão-consumidor, participe desse esforço, evitando desperdícios no consumo de energia elétrica. Com isso, conseguiremos minimizar os impactos no dia-a-dia da população", afirmou.

Entre as ações citadas pelo ministro, está a Medida Provisória publicada na noite desta segunda-feira, em edição extra do Diário Oficial da União. Como antecipou o Estadão/Broadcast, o texto cria um grupo que poderá determinar mudanças nas vazões de reservatórios de hidrelétricas e dá poderes excepcionais ao Ministério de Minas e Energia para determinar medidas relacionadas à crise.

O texto publicado hoje sofreu diversas alterações em relação à primeira proposta, também relevada pela Estadão/Broadcast. Após repercussão negativa, o governo decidiu retirar o termo "racionalização compulsória" da MP. Também não há menção à programa de racionamento (corte compulsório no consumo de energia) ou a racionalização (incentivo à economia de energia). Segundo Albuquerque, a intenção da MP é "fortalecer a governança do processo decisório".

"Além de monitorar o setor elétrico 24 horas por dia, montamos uma estrutura de governança para coordenar, com rapidez e segurança, as ações dos vários órgãos envolvidos no enfrentamento do atual cenário de escassez hidroenergética. Estamos trabalhando, também, em sintonia e permanente diálogo com entidades da sociedade civil organizada, com os Estados e com instituições dos três poderes, para identificar as linhas de ação que melhor atendam aos interesses do País", disse.

Crises

Albuquerque é o quarto ministro a fazer um pronunciamento em rede nacional. Nos últimos dois anos, os hoje ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde), Abraham Weintraub (Educação) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) também ocuparam a cadeia nacional de rádio e TV para falarem sobre a compra de vacinas contra a covid, a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o episódio de derramamento de óleo no litoral no Nordeste.

Há 20 anos, quando o governo adotou o racionamento de energia, coube ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso anunciar o início do programa à população. Ele também fez um apelo para que a população reduzisse o consumo em cadeia nacional de rádio e TV.

"E, para que tudo dê certo, além do trabalho incessante do governo, é preciso que você instrua seus filhos, sua família, incentive seus amigos e tenha uma atitude responsável. Será bom para o Brasil e para você que se crie a mentalidade da conservação, do uso racional da energia e do combate ao desperdício em geral", disse, na época.

Em outro pronunciamento realizado meses depois, ao anunciar o fim do programa, FHC agradeceu o empenho da população. "Não ficamos dependendo apenas da chegada das chuvas. A ajuda do nosso povo foi fundamental. Ele aderiu ao racionamento de forma decidida. Sem essa ajuda, poderia ter sido muito pior."

Em meio à pior crise hídrica dos últimos 90 anos, o País volta a discutir os riscos de ter apagões e de apelar a um racionamento - alternativa encontrada para a crise em 2001. Falhas no planejamento e na operação do sistema elétrico, bem como no modelo de formação de preços de energia, são apontadas como as causas por trás da situação que já afeta a inflação, ameaça o crescimento econômico e pode até colocar em xeque o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

Presidente da PSR, maior consultoria de energia do País, Luiz Barroso afirma que o planejamento do setor é centrado na chamada garantia física, indicador que traduz quanto uma usina contribui para a segurança do suprimento. "O problema é que, no Brasil, a garantia física nem garante, nem é física", diz. Ele explica que a garantia física é calculada com base em modelos computacionais que precisam ser aperfeiçoados - a metodologia foi definida em 2004. "Ela não representa a expectativa de produção de uma usina, e sim seu valor econômico ao sistema", diz.

##RECOMENDA##

Um exemplo é Belo Monte, no Pará, que tem uma garantia física de 4.571 megawatts médios. O número não representa com precisão a característica de uma usina a fio d'água e que depende das chuvas: nos meses úmidos, gera o triplo da energia produzida em meses mais secos, em que a capacidade é de 1.963 megawatts médios. Isso significa que, nos meses úmidos, Belo Monte gera o suficiente para abastecer famílias e empresas dos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Nos secos, a produção é capaz de suprir apenas Pernambuco.

Se não traduz o que ocorre com a geração de energia, a garantia física é usada como referência para o quanto elas podem vender em contratos - ou seja, possui importância comercial. É por isso que há resistência a qualquer iniciativa do governo de recálculo das garantias físicas e de ajuste desses números para patamares mais realistas. Nos últimos 20 anos, destaca Barroso, houve só uma revisão, em 2017, e ainda assim muitas empresas foram à Justiça para não perder receita. Uma garantia física superestimada, como a que o País tem hoje, significa, também, menor necessidade de contratação de mais usinas em leilões para ofertar energia porque o sistema diz que a quantidade é suficiente.

Além disso, o modelo de cálculo de preços, também usado para estimar a garantia física, não representa em detalhes o parque gerador. Tampouco é alimentado com dados relativos às mudanças climáticas, que afetam as chuvas, e ao uso múltiplo das águas.

Outro fator que a Barroso destaca é que a performance das hidrelétricas tem sido pior do que o esperado já há alguns anos. Em 2012, a sua consultoria estimou que as usinas gastavam 4% a mais de água do que o necessário para produzir um mesmo megawatt-hora - hoje, gastam 2%, nível ainda ruim. Entre as hipóteses, estão assoreamento de reservatórios, turbinas antigas e até roubo de água para irrigação e piscicultura, além de restrições não capturadas no modelo de planejamento.

"Em muitas usinas, não conseguimos armazenar mais água porque precisamos manter um fluxo mínimo de água para atender outros usos. E isso não é bem representado no cálculo da garantia física pela simplificação do modelo", diz. "Em momento de estresse, o ideal é fechar o ralo para encher a pia, mas isso não é simples."

Para ele, o sistema vai mudar, com hidrelétricas como bateria, compensando a geração das fontes intermitentes, como solar e eólica. "As renováveis ajudam a compensar a variabilidade das hidrelétricas", afirma.

O ex-diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Luiz Eduardo Barata concorda. Ele defende a expansão do parque de eólicas e solares. "As térmicas nos ajudam a reduzir esse tipo de problema, mas continuo achando que não são a solução. Precisamos colocar mais fontes renováveis, como eólica e solar, a ponto de recuperar os níveis dos reservatórios", afirma.

Apagão

Para o presidente da consultoria PSR, Luiz Barroso, o apagão é um risco, mas não uma certeza. Segundo ele, o governo tem hoje um rol de alternativas maior do que tinha em 2001, quando houve racionamento. Se a situação é difícil no Sudeste e no Centro-Oeste, onde ficam as principais hidrelétricas, o nível de armazenamento no Norte, no Nordeste e mesmo no Sul é mais confortável. O sistema de linhas de transmissão é hoje mais robusto, o que permite transferências de energia de uma região para outra antes impossíveis. A oferta de energia é maior, e as fontes, mais diversas, com mais eólicas e solares termoelétricas. É possível ainda recorrer à importação de energia da Argentina e do Uruguai. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) anunciou nesta segunda-feira (4) que retomou o rodízio do fornecimento de água para a região metropolitana de Curitiba. O rodízio havia sido suspenso no dia 22 de dezembro, e, segundo a companhia, foi registrado aumento do consumo de água de 11,7% no intervalo até 3 de janeiro contra o período anterior - 1º a 21 de dezembro.

Conforme informou, os níveis dos reservatórios que abastecem a região estão em 40,79%. Para que deixe de haver rodízio, a companhia estabeleceu o mínimo necessário de 60%. "Fizemos essa suspensão no período das festas para que a população tivesse um pouco mais de tranquilidade no fim do ano, mas é fundamental que todos retomem a Meta20, com o uso racional da água", afirmou, em nota, o diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Julio Gonchorosky.

##RECOMENDA##

A professora do curso de Ciências Biológicas da Universidade UNIVERITAS/UNG Caroline Medeiros Rocha Frasson acaba de lançar o livro “Justiça Ambiental e a Crise Hídrica”, pela editora Lumen Juris. O livro trata das causas e consequências da crise hídrica de São Paulo e identifica que as populações mais vulneráveis foram as mais afetadas, pelos mesmos fatores de exclusão que contribuem para a sua fragilidade. 

 

##RECOMENDA##

Ainda que não intencionalmente, segundo a publicação, a postura da administração da época reproduziu o padrão de injustiça existente na sociedade, promovendo um acesso desigual aos bens comuns naturais. “A questão da realização do princípio da equidade sempre foi um tema de interesse. Na sociedade, vemos rotineiramente a reprodução de padrões discriminatórios. Em 2014, durante a crise hídrica, diversos relatos de falta de água, em locais e horários não cobertos pelo discurso oficial, foram relatados. A situação me deixou curiosa e resolvi investigar melhor”, comenta a professora Caroline. 

 

Caroline Medeiros Rocha Frasson é mestre e doutora em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Graduada pela Universidade Federal do Pará, com especialização em Direito Ambiental e Gestão de Sustentabilidade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora da Universidade UNG, tem atuado nas áreas de Direito Constitucional e Direito Ambiental.

A população da Grande São Paulo gasta 15% menos água do que em 2013, período que antecedeu a crise hídrica que atingiu o estado, de acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

No entanto, o consumo aumentou 15,4% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2015, época do racionamento de água. Entre janeiro e março de 2018, foram gastos 254,6 bilhões de litros contra 220,6 bilhões de litros em 2015.

##RECOMENDA##

Um dos motivos para a diminuição do consumo é a mudança nos hábitos em condomínios. Ações como a reutilização de água da chuva para limpeza de áreas comuns se mantiveram desde a época da crise. “Bons hábitos se mantiveram, especialmente nos condomínios. As pessoas passaram a economizar mais, mas com a Sabesp e o Governo negando a gravidade da situação, há quem relaxe e acabe gastando mais”, afirma o geólogo e professor da USP Pedro Luiz Côrtes.

A diminuição do valor da conta de água também é um dos motivos para a mudança no comportamento dos paulistas, segundo o vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) Hubert Gebara. "Essa redução de consumo é resultado de campanhas de incentivo e informação e eu tenho certeza de que o fato de mexer com o bolso também fez toda a diferença", avalia.

Nos últimos quatro anos foram instalados hidrômetros individuais em aproximadamente 200 condomínios da capital. De acordo com Gebara, o aparelho que mede o consumo de cada apartamento auxilia na diminuição da conta de água em até 30%.

Agora, a falta de chuvas e o nível dos reservatórios que abastecem o estado voltaram a preocupar. Em julho de 2017 choveu quase o dobro do que no mesmo período deste ano e o Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de cerca de 40% da Grande São Paulo, entrou em estado de alerta e opera com 39,7% de sua capacidade. Em julho de 2013, o sistema operava com 53,8%.

A Sabesp informou que as obras de interligação dos rios e de construção do sistema São Lourenço, inaugurado em abril, são suficientes para compensar a queda do nível de água nos reservatórios e ressaltou que o abastecimento de água está normal na região metropolitana de São Paulo.

A falta de chuvas acima do esperado na Região Sul no segundo semestre deixou para trás o que poderia ser mais um recorde de produção de energia na usina binacional de Itaipu, informou ao Estadão/Broadcast o superintendente de Operação de Itaipu, Celso Torino.

Depois de um primeiro trimestre "extraordinário", segundo Torino, com recorde de produção de energia elétrica, a hidrelétrica reduziu sua capacidade nos últimos dois meses e deve ficar no máximo entre os cinco melhores anos. "A fotografia deste início do segundo semestre é mais difícil em termos de produção, por escassez de água, do que foi o primeiro semestre", disse Torino.

##RECOMENDA##

Segundo o superintendente, o mês de maio foi a pior afluência de água da história de 34 anos de Itaipu, mas a produção do primeiro semestre ajuda a manter ainda uma alta de 1,64% em relação ao ano passado, ou 55,4 milhões o megawatt-hora até domingo. O volume no entanto é 6% inferior ao último recorde, registrado em 2016, de 103 milhões de Mwh.

Comparação

"O nosso primeiro semestre foi fantástico e inclusive contribuiu para preservar os reservatórios nacionais, mas em maio a gente percebeu que as afluências começaram a reduzir de forma relevante", afirmou.

Com isso, a produção deve encerrar o ano em torno dos 95 milhões de MWh, o que ainda garantirá a marca entre as cinco melhores da história da usina. No ano passado, foram produzidos 96,4 milhões de MWh, a quarta melhor performance. A quinta maior produção foi registrada em 2008, de 94,7 milhões de MWh. "Queremos colocar 2018 pelo menos como a quinta melhor produção", avaliou.

Período seco

Apesar de todo ano as hidrelétricas registrarem queda por conta do período seco, que vai de abril a outubro, Torino classifica a seca deste ano com uma intensidade acima da média. Além disso, observa, o Operador Nacional do Sistema (ONS) vem administrando as afluências no País para poupar alguns reservatórios de outras hidrelétricas. Outra causa da expectativa frustrada de um novo recorde de produção, de acordo com o Torino, foi a ausência do fenômeno El Niño este ano.

"Mesmo que agora seja uma época naturalmente de seca, estamos com uma seca mais intensa do que a média, isso é um fato. Parte disso é que não tivemos El Niño este ano, que traz mais chuvas para a Região Sul", observou. Para o próximo ano, porém, o superintendente de Operações de Itaipu, prevê que a presença do El Niño pode ajudar a melhorar a performance da usina.

"Mensalmente fazemos uma análise de meteorologia e nossa visão é que está havendo uma tendência, tem uns critérios técnicos que já percebemos uma tendência de El Niño para o próximo verão", previu, lembrando que a Região Sul é beneficiada pelo fenômeno com mais chuvas, mas é neutro para os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste considerado a "caixa d’água" do Brasil.

Nível preocupante

Segundo o boletim preliminar da operação do ONS referente a domingo passado, os reservatórios do sul do País, onde Itaipu está instalada, estavam 50,2% cheios, enquanto os do Sudeste/Centro-Oeste operavam com 34,7% de capacidade, um nível preocupante, segundo Torino, mas superior ao registrado no mesmo período do ano passado.

"Não é um valor que a gente gostaria, mas ele ficou ainda melhor do que na mesma data de 2014 e 2015, que foram bem piores", explicou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Lavar calçada com água potável em São Paulo poderá render multa de R$ 250 desde sábado, 28. A Prefeitura da capital publicou decreto no Diário Oficial que regulamentou uma lei aprovada em 2015, na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT).

"A limpeza de calçada deverá ser feita por varrição, aspiração ou outros recursos que prescindam de lavagem, exceto quando essa seja realizada com água de reúso, de poço ou de aproveitamento de água de chuva, desde que comprovada a origem da água utilizada", diz o texto. A legislação abre exceções para casos de alagamento, deslizamento de terra e derramamento de líquidos gordurosos, pastosos, oleosos e semelhantes, provocados por terceiros, ou ainda se a concessionária não fizer a limpeza de calçada após a realização de feiras.

##RECOMENDA##

Na primeira infração, a Prefeitura aplicará apenas uma advertência e, na segunda, a multa, que pode ser dobrada em caso de reincidência. O valor da multa será atualizado anualmente de acordo com a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Mergulhada em um racionamento de água que não tem data para acabar, Brasília recebe a partir de hoje o 8.º Fórum Mundial da Água. O desafio será discutir um problema que atinge não somente a capital, mas vem assombrando o País nos últimos anos e é cada vez mais comum em vários cantos do mundo.

Enquanto cerca de 10 mil congressistas de 170 países debatem o tema "compartilhando água", o País tem em grande parte do seu território - no Semiárido do Nordeste, há sete anos, e no Centro-Oeste, há três - um quadro de crise hídrica.

##RECOMENDA##

Paulo Salles, diretor-presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa) do Distrito Federal, autarquia ligada ao governo distrital, diz não haver risco de faltar água no evento e que o racionamento, em vigor há mais de um ano, é "oportunidade" para discutir o problema.

"A crise hídrica é mundial, não é um problema local. Todos enfrentam dificuldades. As variações atreladas ao clima estão se concretizando", afirma. Ele admite, porém, que obras previstas que podiam ter evitado o racionamento não foram realizadas. "O racionamento ocorre porque não executaram o que estava no papel. Além da falta de investimento, houve paralisia por órgãos de controle. Temos problemas de gestão."

Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) sugere que a escassez de água na capital federal vai além da falta de chuva ou da conclusão de obras de novos reservatórios. O trabalho analisou a evolução, desde 2000, do reservatório do Descoberto, o principal da região, que atende 2/3 da população de Brasília - 2 milhões de pessoas.

Com imagens de satélite, o trabalho constatou redução de 37% da área de espelho d'água do reservatório no período de 2016/2017 na comparação com 2013/2014, início da crise. A análise considerou o chamado ano hidrológico, que vai de outubro de um ano (início da temporada de chuvas) a setembro do ano seguinte (fim da seca).

De 2000 a 2014, mesmo em momentos de menos chuva, a área do espelho nunca ficou abaixo dos 1,1 mil hectares (mais informações nesta página). A partir de então, com uma redução mais intensa das chuvas, a área começou a diminuir, batendo um recorde atrás do outro, até chegar a 773,2 hectares no último ano hidrológico, de outubro de 2016 a setembro de 2017. O volume de chuva no período foi o menor desde 2000.

Mas os pesquisadores do Ipam observaram outra mudança - a redução da cobertura vegetal na Área de Proteção Ambiental (APA) no entorno do Descoberto. A cidade cresceu na região. Houve um aumento de 336% de infraestrutura urbana de 2000 a 2016.

"É um efeito sinérgico entre o avanço da especulação imobiliária na região da APA e a consecutiva falta (de chuva). De fato tivemos períodos de seca expandidos, mas já tinham ocorrido outros momentos de pouca chuva no passado e nem assim o reservatório ficou tão baixo", comenta a pesquisadora Ane Alencar.

Para ela, a combinação da mudança do uso do solo com ondas de calor e de seca pode ter criado um ponto de não retorno. "Tem chovido recentemente e o reservatório está se recuperando (chegou a 66,6% na sexta-feira), mas não quer dizer que o problema acabou", diz. "O clima acaba afetando muito mais o Descoberto por causa da falta de cobertura vegetal, que poderia segurar efeitos da seca."

Para André Lima, que foi secretário de Meio Ambiente do DF até novembro, houve ao longo do tempo um descaso com o ambiente. "Sempre se viu a questão da água como um problema de engenharia. Deixou-se a cidade crescer de forma desordenada, com ocupação em cima de nascente."

Lima defende que haja uma ação de longo prazo para recuperar o reservatório a fim de mantê-lo como um produtor de água. "(A área onde fica o reservatório) ainda é prioritariamente rural. É preciso investir em tecnologias para um uso mais sustentável. Tem muito produtor vendendo parcelas de sua terra. Vai virar tudo urbano."

Ele diz que vai ser lançado, durante o fórum, um programa, com financiamento da Organização das Nações Unidas (ONU) Meio Ambiente, para avaliar como pode ser feita essa recuperação. "A ideia é identificar ações estratégicas que precisam ser tomadas para garantir a manutenção da produção hídrica: regularização fundiária, novas tecnologias de irrigação para reduzir o consumo e recuperação das nascentes. E dizer quanto isso vai custar e quais são formas possíveis de pagar."

Lima lembra, porém, que a saída que vem sendo buscada para a crise é a construção do reservatório Corumbá 4, em Goiás, a cerca de 100 km da capital. "Vamos gastar cerca de R$ 1 bilhão para buscar água longe, quando ainda há espaço para reduzir a demanda de água e conter a degradação do entorno do reservatório", afirma ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Maior açude público de usos múltiplos do Brasil, o Castanhão, no Ceará, chegou esta semana ao volume mais baixo de toda a sua história. Atualmente, o reservatório mantém 4,46% de toda a sua capacidade de 6,7 bilhões de metros cúbicos (m³). Uma marca semelhante a essa só havia sido atingida em 2004, quando era recém-inaugurado e estava pegando os primeiros aportes de água.

Pelos cálculos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do estado (Cogerh), essa quantidade de água deve ser suficiente para manter os usos do açude, que já estão reduzidos, até por volta de janeiro de 2018. Após essa data a situação será reavaliada considerando os prognósticos do período chuvoso do Ceará, que começa em fevereiro e se estende até maio. O volume total disponível atualmente é de 298,5 milhões de m³. Desses, 75 milhões de m³ correspondem ao chamado volume morto.

##RECOMENDA##

O gigante cearense é um dos principais responsáveis pelo abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza, onde vive quase metade da população do estado. No entanto, hoje ele  responde somente por 10% da água que chega às casas da capital. Cerca de 7 metros cúbicos por segundo (m³/s) viajam por 250 quilômetros, via Eixão das Águas, para complementar os outros 90%, que são oriundos de reservatórios localizados na própria região. Ano passado, a lógica era contrária: o Castanhão contribuía com 70% da água consumida na Grande Fortaleza.

“O Castanhão é o mais emblemático dos açudes do Ceará. Ele é o maior e teve aportes muito pequenos. Há seis anos que ele não recebe quantidade suficiente de água”, relata o diretor de planejamento da Cogerh, Ubirajara Patrício. Neste ano, quando o estado registrou precipitações dentro da média histórica, o reservatório captou 121 milhões de m³, mas em 2016 o aporte foi de apenas 75 milhões de m³.

A queda do volume do Castanhão vem desde 2012, quando começou o longo ciclo de seca no Ceará que permanece até hoje. Mesmo ficando dentro da média histórica, as precipitações da chamada quadra chuvosa (entre fevereiro e maio) ocorreram de forma irregular e localizada. Com isso, os maiores açudes do estado, Orós e Banabuiú, a exemplo do Castanhão, não conseguiram se recuperar das perdas acumuladas.

Poucas chuvas e evaporação são dois dos fatores climáticos mais sensíveis nos açudes do semiárido cearense. Por outro lado, os usos da água também afetam essa equação. “Em tese, o consumo de água é crescente. Há mais produção, mais áreas irrigadas, as cidades crescem. Buscamos alternativas para fazer o balanço entre oferta e demanda”, explica Patrício.

Os perímetros irrigados públicos de Jaguaribe-Apodi e de Tabuleiro de Russas, que usam as águas do Castanhão para suas atividades, estão com restrição de pelo menos 70% de água, segundo a Cogerh. Além disso, ainda conforme o órgão, não há nenhuma permissão para irrigação usando a água do açude no percurso do Eixão das Águas. Os criadouros de tilápia também foram drasticamente reduzidos. Com pouca água, há pouco oxigênio, o que inviabiliza a criação.

Com essas restrições, as águas do Castanhão atualmente abastecem oito cidades ao longo de um trecho de 100 quilômetros do rio Jaguaribe, que foi perenizado pela obra do açude, além dos municípios que ficam ao longo do Eixão das Águas e do antigo Canal do Trabalhador.

Alternativas

Ainda sem perspectiva concreta da quadra invernosa de 2018, uma vez que o comportamento dos sistemas meteorológicos que influenciam o regime de precipitações do Ceará só começa a ficar mais claro no fim do ano, o governo do estado busca meios de produzir água de outras formas além da captação pela chuva.

Na Grande Fortaleza, por exemplo, foram feitas obras de perfuração de poços e de aproveitamento das águas de outros rios, como o Maranguapinho. Além disso, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) estabelece metas de consumo para a população da região metropolitana desde dezembro de 2015. O governo estima em cerca de R$ 1 bilhão os valores investidos em obras de segurança hídrica e possui uma meta de perfurar 1,8 mil poços em todo o estado.

Os cearenses também aguardam a finalização do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, cuja obra foi paralisada em setembro depois que a empresa responsável pela obra tornou-se alvo da Operação Lava Jato e foi afastada. Após licitação, a nova ordem de serviço foi assinada em junho deste ano e a perspectiva é de que as águas do rio cheguem ao Ceará em dezembro.

Os 2.830 quilômetros de extensão do Rio São Francisco deixaram de ser a única preocupação da Agência Nacional de Águas (ANA) atrelada à crise hídrica. Nesta semana, a agência criou um grupo para definir que medidas serão adotadas para evitar o colapso do Rio Tocantins. Com 2.640 quilômetros que avançam pelos Estados de Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará, o Rio Tocantins também vive um drama sem precedentes em sua região central.

Seu principal reservatório, o lago de Serra da Mesa, entre Goiás e Tocantins, está com apenas 10,8% de sua capacidade total de armazenamento. Nesta mesma semana do ano passado, esse volume era 13,2%. Na avaliação da ANA, não restará outra saída, senão reduzir as vazões de Serra da Mesa e demais represas do rio. "Passaremos a fazer reuniões regulares para acompanhar a situação da região. É algo inédito para o Rio Tocantins", diz o presidente da ANA, Vicente Andreu.

##RECOMENDA##

As reduções deverão afetar, em alguma medida, o volume de energia gerado pelas hidrelétricas em operação ao longo do Tocantins, usinas como as de Serra da Mesa, Estreito e Tucuruí. Hoje o volume de água que passa pelas turbinas da hidrelétrica de Estreito, por exemplo, é de 744 metros cúbicos por segundo, de acordo com dados ANA, mas já está claro que esse volume terá que ser reduzido nas próximas semanas.

Os cortes nos volume de água preocupam o setor elétrico, porque a redução da geração hidrelétrica implica, necessariamente, em acionar mais usinas de geração térmica, que são mais poluentes e caras, com impacto direto na tarifa de energia entregue ao consumidor. Foi o que ocorreu com frequência entre 2013 e 2015.

A crise hídrica que afeta o reservatório de Serra da Mesa, maior lago artificial da América Latina em volume de água armazenado, é inédita. Nas próximas semanas, municípios localizados no entorno da represa que guarda 54,4 bilhões de metros cúbicos de água em épocas de cheia deverão reviver os mesmos problemas enfrentados no período de seca de 2016, quando a estiagem comprometeu a pesca, a geração de energia e o turismo.

Apesar de toda a pressão sobre o Alto Tocantins, na região de Goiás e Tocantins, a crise hídrica não tem previsão de afetar as operações da hidrelétrica de Tucuruí, terceira maior usina do País, só inferior a Itaipu e Belo Monte, que ainda está em construção. Localizada no município de Tucuruí, a 300 quilômetros de Belém (PA), a usina em operação na Amazônia não vive problemas com abastecimento de água, com seu reservatório próximo da plena capacidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Deus tem sido generoso com o semiárido nordestino. As chuvas, tão ansiosamente aguardadas, parecem que chegaram com força, intensidade e disposição para encher reservatórios importantes no Estado. Três barragens localizadas no Sertão e uma no Agreste, segundo a Compesa, voltaram a armazenar água graças às chuvas registradas nas regiões, na última semana.

Em Custódia, no Sertão do Moxotó, a Barragem de Marrecas, que estava em colapso desde novembro de 2014, já conseguiu acumular 1,4 milhão de metros cúbicos de água, o que corresponde a 6,49 % da sua capacidade de armazenamento e vai permitir que a Compesa reative o sistema de abastecimento da cidade. No Sertão do Pajeú, a Barragem do Rosário, em Iguaracy, que secou em dezembro de 2015, começou a armazenar água.

Já a Barragem de Brotas, situada em Afogados da Ingazeira, e que estava inoperante há oito meses, acumulou 20% da sua capacidade total. As chuvas também levaram boas notícias para o Agreste. A Barragem de São Sebastião, que entrou em colapso em fevereiro deste ano, recuperou 20% da sua capacidade total, e até o final desta semana volta a abastecer a população de Panelas pela rede de distribuição.

Com o volume acumulado na Barragem de Marrecas, em Custódia, que tem a capacidade de acumular 21,6 milhões de metros cúbicos, a Compesa pretende dentro de 20 dias, restabelecer o sistema e fornecer uma vazão de 22 litros de água por segundo para o abastecimento da cidade, que hoje é atendida apenas por três poços de Vila de Fátima, localidade próxima a cidade de Afogados da Ingazeira.

Com a colaboração de Marrecas, o abastecimento de Custódia vai contar com o volume total de 36 l/s, possibilitando a redução do rodízio atual, que é de cinco dias com água e 23 dias sem, para três dias com água e 16 dias sem. A água de Marrecas também vai garantir a manutenção do novo calendário por 11 meses na cidade. Já no Sertão do Pajeú, a Compesa dedica esforços para, dentro de dez dias, iniciar os testes para reativar a operação do Sistema Brotas, beneficiando as populações de Afogados da Ingazeira e Tabira - juntas, somam 69 mil pessoas (área urbana).

Hoje, as duas cidades são atendidas pela Adutora do Pajeú, que permite, em Afogados da Ingazeira, cumprir o calendário de dois dias com água e dez dias sem, enquanto que, em Tabira, o rodízio é de dois com água e até 20 dias sem. A Compesa realiza medições diárias do nível da Barragem de Brotas, que apresenta agora 4 milhões de metros cúbicos, e cujo volume acumulado vem aumentando dia a dia. A companhia trabalha para retomar a operação do sistema, tratar a água de Brotas e melhorar o abastecimento de Afogados da Ingazeira e Tabira.

O Sistema do Rosário ainda depende de mais chuvas na região para voltar a operar e abastecer 14 mil pessoas nas cidades de Iguaracy, Tuparetama e Ingazeira. Até o momento, as chuvas que caíram na região não foram suficientes para completar o volume morto, mas o rio continua afluindo para o Rosário, o que aumenta as chances de recuperação do manancial. Desde que a Barragem do Rosário (32 milhões de metros cúbicos) secou as três cidades passaram a ser atendidas pela Adutora do Pajeú, no regime de rodízio de dois dias com água e 10 dias sem o abastecimento.

AGRESTE–Até o final desta semana, os moradores de Panelas, no Agreste, voltam a receber água nas torneiras. Isso porque a Barragem São Sebastião registra 20% da sua capacidade de armazenamento - que é de 250 mil metros cúbicos de água - e tem condições de ofertar para a cidade a vazão de 10 l/s. A companhia ainda realiza ajustes operacionais no sistema de abastecimento e tratamento de água para retomar o fornecimento de água para a cidade. O novo calendário de abastecimento da cidade será divulgado até o final deste mês. Atualmente, Panelas recebe água por meio de seis estações de abastecimento, que são alimentadas por carros-pipas.

Perdão de dívidas– Trabalhadores de baixa renda em Petrolina que acumulavam dívidas contraídas junto ao Banco do Nordeste na faixa de R$ 3 mil até o ano de 2011 foram contemplados com a liquidação de suas faturas. Com isso, podem obter novos financiamentos com juros diferenciados. A assinatura do termo de liquidação ocorreu, ontem, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, em ato em que estavam presentes o prefeito Miguel Coelho (PSB), e o senador Fernando Bezerra Coelho, que intermediou a negociação junto ao Governo Federal. De imediato, 308 agricultores foram beneficiados. “Estas pessoas precisam recuperar o ânimo e voltar a produzir, porque eu creio que o ano que vem será muito melhor que este que estamos atravessando”, afirmou o senador.

Projeto Orla– A Prefeitura do Recife começa a distribuir, hoje, os equipamentos do Projeto Orla, que serão utilizados pelos barraqueiros da praia de Boa Viagem. O projeto consiste na padronização e organização dos equipamentos dos comerciantes da faixa de areia no trecho que fica entre as ruas Antônio Falcão e Henrique Capitolino. Serão distribuídos umbrelones (tipo de guarda-sol maior), cadeiras, mesas de apoio, espreguiçadeiras, caixas térmicas, carroças, camisas UV, batas e viseiras. A ação é feita graças a uma parceria firmada entre a PCR e a Uninassau, investimento da ordem de R$ 2 milhões.

Novas mudanças– O presidente da comissão especial da reforma da Previdência Social, Carlos Marun (PMDB-MS), garante que a exigência de que o trabalhador terá de contribuir por 49 anos para ter direito à aposentadoria integral, que consta na proposta do Governo, será excluída. "Vai mudar a regra dos 49 anos [para ter direito à aposentadoria integral]. Agora eu não sei o detalhe de como será. Tudo o que eu ouvi nas discussões apresentadas sinalizam muito positivamente para uma regra que eu considero até muito inteligente da parte de quem está propondo. Mas eu não sei bem os detalhes”, afirmou.

Temer em Suape– O presidente estadual do PMDB, vice-governador Raul Henry, garante que ouviu do presidente Temer a confirmação da sua volta a Pernambuco, provavelmente para o próximo dia 27. A agenda será em Suape, onde o presidente assina decreto que devolverá ao Estado plena autonomia sobre licitações. Pernambuco perdeu essa autonomia em 2013, no governo de Dilma Rousseff, quando entrou em vigor a nova Lei dos Portos. É possível que o presidente aproveite seu regresso ao Estado para reforçar, junto à bancada federal, pedido de apoio à reforma da Previdência.

CURTAS

PAIXÃO– Caruaru vivenciou, na última semana, o projeto Caruaru por Paixão em cinco polos espalhados pelo município, dois deles inéditos, como a Avenida Agamenon Magalhães, que serviu de passarela para um cortejo de bandas de pífanos e bumba meu boi, e na Rua Silvino Macedo, palco de shows, intervenções culturais e feira de economia criativa. Locais que são cartões-postais, como a Feira de Artesanato, o Alto do Moura e o Monte Bom Jesus também serviram de atrativos com ações de valorização do turismo na cidade.

VINHOS – O ex-gerente de Serviços da Petrobras e delator da Lava Jato Pedro Barusco terá de explicar à Justiça porque pediu para que um executivo da Odebrecht guardasse na sua casa 24 vinhos de "primeira linha” após o início da operação. A informação foi tornada pública após a divulgação da delação do ex-executivo da Odebrecht Rogério Araújo, um dos 77 novos colaboradores da Lava Jato. Rogério disse ao Ministério Público Federal que devolveu os vinhos após Barusco fechar sua própria colaboração.

Perguntar não ofende: Diante de Sérgio Moro, dia 3 de maio, Lula fará o mesmo teatro do seu primeiro depoimento em Brasília?

São Paulo, 18/09/2016 - O nível de água do Sistema Cantareira teve leve redução neste domingo em comparação com os dias anteriores e os reservatórios operavam nesta manhã com 74% do total de sua capacidade, de 74,1% ontem, segundo informações do site da Sabesp. O Cantareira abastece a capital e outras cidades do estado de São Paulo.

A Sabesp informou que nas últimas 24 horas não houve registro de chuva nos mananciais que compõem o sistema. Até esta manhã, o índice de chuva acumulado em setembro na Cantareira era de 25,9 mm - a média histórica é de 88,4 mm.

##RECOMENDA##

Os outros cinco sistemas que abastecem o Estado de São Paulo registraram queda na quantidade de água de seus reservatórios: Alto Tietê: 40% da capacidade; Guarapiranga: 75,2% da capacidade; Alto Cotia: 94,2% da capacidade; Rio Grande: 77% da capacidade; Rio Claro: 73,2% da capacidade.

Pela primeira vez desde o início da seca histórica em São Paulo, o Sistema Cantareira acumula mais água do que no período pré-crise hídrica. Com nível de 45,5% - sem incluir o volume morto -, o principal manancial paulista supera o índice registrado na mesma data em setembro de 2013, de 45,4%. Há um ano, o nível do sistema estava em -13,9%, dentro da reserva profunda dos reservatórios, que foi usada emergencialmente entre 2014 e 2015.

Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), os índices mostram que "as previsões pessimistas que apontavam que o Cantareira nunca ia se recuperar ou que demoraria dez anos para isso eram alarmistas e erraram de forma crassa". A empresa, responsável pelo abastecimento de água de quase 20 milhões de moradores da Grande São Paulo, afirma que a recuperação do sistema usado para atender 7,4 milhões de pessoas "vai continuar". Em outubro, começa o período chuvoso.

##RECOMENDA##

A melhora do Cantareira, registrada após um longo período de racionamento de água, redução do consumo pela população e da exploração do sistema pela Sabesp, e, principalmente, depois do retorno das chuvas no manancial, no fim de 2015, fez com que a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), aumentassem, após sete meses, o limite de captação de água do sistema pela Sabesp de 23 mil litros por segundo para 25 mil l/s. Antes da crise, a captação era de 31 mil l/s e no auge da seca caiu para 13 mil l/s.

Projeções feitas pela Sabesp mostram que mesmo se a seca de 2014 - a pior em 85 anos de registros - se repetir nos próximos meses, o que é improvável, de acordo com a companhia, o Cantareira chegará ao final de novembro com 28% do volume útil, sem incluir o volume morto dos reservatórios. De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do governo federal, São Paulo deve ter chuvas dentro da média nos próximos meses. A temporada chuvosa no Estado vai até março.

Histórico

A crise hídrica foi anunciada pela Sabesp no fim de janeiro de 2014, após um baixo volume de chuvas em dezembro e naquele mês, mas o Cantareira já registrava déficit mensal em seu estoque - perdia mais água do que recebia - desde maio de 2013. O cenário crítico só mudou em fevereiro de 2015, quando choveu acima da média no manancial.

Naquele mês, contudo, o sistema já havia chegado ao nível mais baixo da história (-23%). À época, a Sabesp intensificou o racionamento de água na região metropolitana - bairros chegaram a ficar até 20 horas sem água por dia - para reduzir a captação de água do manancial e evitar o colapso do sistema.

Agora, a companhia diz que o abastecimento está garantido e aumentou a segurança hídrica com as obras feitas para captar água em outros mananciais, como a Billings. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um mês e meio de estiagem foi suficiente para mudar o cenário dos rios que abastecem cidades no interior de São Paulo. Importantes rios paulistas que, entre o fim de maio e o início de junho chegaram a transbordar, estão agora mostrando o leito com pedras e bancos de areia. Córregos e ribeirões também já são afetados pela falta de chuvas. Desde o início de julho não chove de forma expressiva no interior; em algumas regiões houve chuvas esparsas há 27 dias.

Em Altinópolis, na região de Ribeirão Preto, a Cachoeira do Itambé, principal atração turística do município, deixou de existir. A queda-d'água de 60 metros no paredão de arenito desapareceu porque o ribeirão que a formava secou. Na cidade, os moradores convivem com a falta de água. A prefeitura informou que o desabastecimento é pontual e decorre de quebras em equipamentos de captação, que abastece 40% da cidade.

##RECOMENDA##

O Rio Pardo, na região de Ribeirão Preto, estava com 72 centímetros de água na quinta-feira passada, em contraste com a forte vazão do início de junho, quando as réguas de medição registravam quase dois metros. O nível atual está próximo da vazão mais baixa já registrada, de 42 centímetros, em 1969.

Contrastando com o transbordamento no início de junho, o Rio Piracicaba exibia bancos de areia ontem no trecho final da Avenida Beira-Rio, área urbana de Piracicaba. Na cachoeira, atração turística da região, as pedras emergiam, ocupando porção maior do que a água. Quando o rio encheu, na primeira semana de junho, a vazão chegou a 669 metros cúbicos por segundo. Ontem, a medição do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) registrava 46 metros cúbicos por segundo.

A água que, em junho, cobria toda a extensão da Cachoeira das Emas, no Rio Mogi-Guaçu, em Pirassununga, virou um filete com menos de dois metros de largura. As pedras do leito do rio, normalmente cobertas, voltaram a aparecer.

O Rio Tietê também baixou drasticamente em Salto e Porto Feliz. Nas duas cidades, moradores dos bairros ribeirinhos reclamam da volta do cheio ruim, causado pela concentração de poluentes nas águas.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Há 23 dias não chove na região das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), no interior de São Paulo, e a queda no nível dos rios já causa preocupação. Os principais rios da bacia abastecem pelo menos trinta cidades, com cerca de 4 milhões de habitantes, entre elas Campinas, Jundiaí e Piracicaba. De acordo com o Consórcio PCJ, ainda não há risco para o abastecimento, mas se a estiagem persistir, as vazões podem atingir níveis críticos.

Durante o mês de julho, a média de chuvas ficou em torno de 3,6 milímetros na região, bem abaixo da média histórica de 10 mm. Em Limeira choveu menos de 1 milímetro, enquanto em Campinas, o índice de chuva chegou a 1,8 mm, segundo a Sala de Situação do Consórcio PCJ.

##RECOMENDA##

Em todo o mês, Piracicaba recebeu 2,9 mm de chuva - o julho mais seco dos últimos cinco anos -, mas em agosto o índice é zero. No trecho que corta a cidade, o Rio Piracicaba já evidencia montes de pedra e bancos de areia. A vazão, que teve média de 65,9 metros cúbicos por segundo em julho, estava em 44,4 m3/s nesta segunda-feira ,8.

No Rio Atibaia, que abastece Campinas, a vazão média de 16,6 m3/s em julho havia caído para 14,2 metros. O Rio Jaguari baixou de uma média de 6,9 m3/s para 4,7 metros por segundo. De acordo com o Consórcio PCJ, a situação só não é mais grave porque, após a crise hídrica de 2014, muitos municípios investiram em sistemas para reservar água.

Piracicaba construiu 250 bacias de retenção, enquanto Limeira deve chegar a 400 bacias. Em Indaiatuba, foi inaugurado um reservatório de água bruta capaz de armazenar 1,3 bilhão de litros. Campinas planeja a construção de um reservatório municipal - os estudos serão concluídos este ano.

Com o objetivo de resolver um histórico problema ambiental, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) lançou neste mês um edital para construir uma estação de geração de energia elétrica a partir do biogás que é naturalmente produzido durante o processo de tratamento de esgoto e com isso eliminar o volume de lodo descartado no aterro sanitário - 500 toneladas por dia.

A empreitada será feita por meio de um contrato de concessão de 30 anos com a iniciativa privada na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Barueri, a maior da Grande São Paulo. Nela são tratados mais de 20 bilhões de litros de esgoto por mês de 4,4 milhões de pessoas da região, incluindo parte da capital. A Sabesp vai fornecer o lodo e o biogás gerados na ETE e a empresa entrará com a tecnologia para gerar energia térmica e elétrica.

##RECOMENDA##

O biogás é um combustível gerado no processo de biodigestão para a secagem do lodo que fica na estação após o tratamento do esgoto e pode virar energia. Só que hoje esse potencial energético é queimado na própria ETE e lançado na atmosfera, enquanto o lodo seco é transportado até o aterro de Caieiras, na Grande São Paulo, onde sofre decomposição.

Em contrapartida ao descarte de lodo no aterro usado pela Prefeitura de São Paulo, a Sabesp trata todo o chorume da decomposição do lixo da cidade. Segundo o diretor metropolitano da estatal, Paulo Massato, com o novo negócio, o lodo também poderá ser usado pelo parceiro para a produção do biogás, e os resíduos que restarem não poderão mais ser despejados no aterro, como prevê o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, sancionado em 2010.

"A primeira preocupação é de que estamos esgotando os aterros sanitários. Fomos buscar a melhor tecnologia disponível no mundo para usar o lodo e o biogás para gerar energia", disse Massato. O edital prevê que nos primeiros cinco anos de concessão deverão ser gerados 5 megawatts de energia e 10 megawatts a partir do sexto ano. Essa energia é suficiente para suprir de 60% a 75% o consumo de energia da própria ETE. "Essa tecnologia é muito conhecida e traz benefícios ambientais e econômicos. A decomposição do lodo no aterro emite gases de efeito estufa danosos ao meio ambiente", explica o químico Biagio Fernando Giannetti, especialista em sustentabilidade.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando