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A prefeitura de Belo Horizonte confirmou nesta quarta-feira que vai liberar a presença de público nos estádios da cidade. Na portaria assinada pelo secretário municipal de saúde, Jackson Machado, há regras novas para a liberação da torcida nas arquibancadas, o que já havia sido indicado pelo prefeito Alexandre Kalil.

Os estádios poderão liberar apenas 30% da sua capacidade de público. A portaria não confirmou a data exata do retorno dos torcedores aos estádios da capital mineira. Mas apontou regras específicas para evitar aglomerações no entorno das arenas, horas antes de cada partida.

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"Todos os portões do estádio que derem acesso aos setores comercializados devem estar disponíveis para entrada e saída dos torcedores e devem ser fechados uma hora antes da partida", registrou a portaria 0458/2021. "A venda de alimentos e bebidas será realizada exclusivamente nos bares ou balcões."

As medidas foram anunciadas pela prefeitura por causa dos primeiros testes na abertura dos estádios, nas últimas semanas. Tanto no duelo Atlético-MG x River Plate, pela Copa Libertadores, quanto em Cruzeiro x Confiança, pela Série B do Campeonato Brasileiro, houve aglomeração nos arredores dos locais da partida.

Os flagrantes captados em diversos vídeos mostraram centenas de torcedores sem máscara, ingerindo bebidas alcoólicas, formando aglomerações na porta do estádio. No dia seguinte ao confronto entre Atlético e River, Kalil veio a público para reprovar o que chamou de "evento-teste", informando que recuaria na decisão de liberar a torcida.

As regras de exigência de testes negativos ou vacinação seguem vigentes. O torcedor que quiser comparecer aos jogos em Belo Horizonte precisará apresentar teste PCR negativo, realizado até 72 horas do início da partida. Ou comprovante de vacinação. Os ingressos continuam nominais e precisam ser acompanhados de documento de identificação.

Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no País, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e os clubes planejam o retorno parcial dos torcedores aos estádios. Ele será "parcial" porque os clubes terão de respeitar as regras de distanciamento social nas arenas. Os estádios não poderão ficar lotados para evitar a possibilidade de contaminação pelo novo coronavírus.

Com isso, um consenso começa a surgir entre os clubes: os sócios-torcedores terão prioridade na compra dos ingressos no retorno do público. Os clubes apostam na retomada dos planos de fidelidade e na recuperação dessa parcela da torcida, que também foi afetada pela pandemia.

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"O sócio-torcedor do Flamengo sempre teve prioridade na compra de ingressos. Com a retomada controlada de público aos estádios, esta prioridade será ainda mais importante, na medida em que teremos uma limitação de ingressos disponíveis para venda. Muito provavelmente, neste início, o público presente será formado majoritariamente por sócios-torcedores", diz Gustavo Oliveira, vice-presidente de comunicação e marketing do Flamengo.

A posição do clube com maior torcida do País é a mesma de outras agremiações. "Assim que o retorno for concretizado, ao analisarmos as regras que serão impostas, nós iremos priorizar o acesso aos sócios-torcedores, que mesmo sem poder ir ao estádio permaneceram ao lado do clube durante esse período", assegurou o presidente do Fortaleza Marcelo Paz.

O Juventude pretende abrir a venda de ingressos para o público em geral apenas quando a capacidade de ocupação for superior a 50%. "Temos que reforçar nosso apoio aos sócios, principalmente pela ajuda que eles nos deram na pandemia. Eles se mantiveram adimplentes e apoiaram o clube em todos os momentos", afirma Fábio Pizzamiglio, vice-presidente de marketing.

Victor Grunberg, vice-presidente de administração do Internacional, afirma que o clube gaúcho vai apresentar um modelo de retomada parcial do público com valorização dos sócios-torcedores.

Os programas de sócios se tornaram uma renda significativa para os clubes nos últimos anos. De maneira geral, eles oferecem vantagens nas compras de ingressos para jogos. Por conta da pandemia, no entanto, o segmento também encolheu.

TESTES - A CBF prevê as primeiras experiências de retomada da torcida no segundo turno do Campeonato Brasileiro e nas quartas de finais da Copa do Brasil. Isso deve acontecer no final de agosto e início do mês de setembro. A entidade deve buscar o aval das autoridades estaduais para que as partidas sejam realizadas com público parcial. O governo estadual de Minas Gerais, por exemplo, já autorizou a reabertura nos municípios que estão na "fase verde" no combate à pandemia. Hoje, a região do Vale do Aço, onde se localiza Ipatinga, é a única que poderia receber torcida na arena sem restrições.

Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB), afirmou na quarta-feira que não vai antecipar a data para a volta do público aos estádios e que isso só deve ocorrer em 1º de novembro.

A Conmebol autorizou em julho o retorno do público aos estádios nos jogos das oitavas de final da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana. Isso depende, no entanto, da liberação das autoridades locais. A prefeitura do Rio de Janeiro liberou a presença de público na final da Copa América no início do mês de julho. O Maracanã recebeu cerca de 1.600 torcedores na vitória da Argentina sobre o Brasil. O cenário mudou em setembro. O poder municipal havia liberado a volta gradual aos estádios, mas voltou atrás em função do aumento de casos de covid-19 na cidade.

FALTA DE BILHETERIA - A ausência de bilheteria afetou de forma significativa o orçamento dos clubes brasileiros. O Fortaleza, dono da segunda maior média de público do Campeonato Brasileiro em 2019, foi uma das principais equipes afetadas pela falta de bilheteria. A receita bruta dos ingressos em 2019 foi de aproximadamente R$ 11 milhões, o que representa cerca de 10% da receita operacional. A saída, como conta o presidente Marcelo Paz, foi reduzir gastos. "A perda das receitas com bilheterias foi minimizada, mas é difícil compensá-la", avalia. De maneira geral, a participação da venda de ingressos no total de receitas dos clubes gira de 10% a 15%.

O Cuiabá, estreante na Série A, estima perdas de R$ 1 milhão por mês por conta da falta de público. A torcida planejava ver o clube na primeira divisão pela primeira vez. "Para o mato-grossense, não poder ir ao estádio neste momento é difícil. Ficamos 35 anos sem ter um time do estado na Série A. Era um sonho de todos", declarou Cristiano Dresch, vice-presidente do clube.

No Brasileirão de 2019, último com a presença de torcida, a receita bruta resultante da venda de ingressos dos clubes da Série A foi de aproximadamente R$ 270 milhões.

Sem a bilheteria, os clubes tiveram de diversificar as receitas. Fábio Pizzamiglio explica que o Juventude investiu em planos associativos diferenciados a partir de R$ 28 mensais, ingressos virtuais e até campanhas de doação via PIX, além da busca constante de novos patrocinadores. O clube está de volta à Série A depois de 13 anos.

Gustavo Oliveira revela que o Flamengo "conseguiu um incremento representativo nos valores dos patrocínios, maior monetização das redes sociais, venda de espaços na programação da FlaTV, (a terceira maior TV de clubes do mundo), a comercialização direta do PPV do Campeonato Carioca e, é claro, a venda de alguns jogadores de futebol do elenco".

Apesar da pandemia, o mercado publicitário continuou crescendo no último ano. Desde março do ano passado, mais de 120 novos acordos foram fechados por clubes da Série A. A interação das marcas com as torcidas ficou restrita ao meio digital.

"Durante a pandemia, as ativações no âmbito digital foram fortalecidas", explica Fernando Lamounier, diretor de marketing da Multimarcas Consórcios, patrocinadora do Atlético-MG, Paysandu e Sport. "Mas nada substitui o contato presencial e as experiências ao vivo aos torcedores. Todo o mercado publicitário, as empresas, as agências e os próprios clubes estão ansiosos e já se planejam para esse momento", completa.

O Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2022, que será no Catar, divulgou nesta quarta-feira um novo balanço dos preparativos para o torneio. A 600 dias para o início da competição, o país do Oriente Médio afirma que dos oito estádios previstos, cinco estão prontos e mais dois serão inaugurados ainda neste ano. A obra final será entregue até o início do ano que vem. O Mundial tem o jogo de abertura marcado para 21 de novembro.

O último estádio a ficar pronto será o principal palco do torneio. O Lusail terá capacidade para receber 80 mil pessoas e vai receber a abertura e a grande decisão, marcada para 18 de dezembro. Segundo o Comitê Organizador, a obra agora passa por reparos internos de acabamento, pela construção de dutos de água gelada e finalização da estrutura do ar condicionado.

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O governo garante que terminou as obras de transporte para viabilizar a Copa. Rodovias e um novo sistema de metrô para interligar os estádios já estão em funcionamento. As oito arenas do Mundial ficarão a uma distância de menos de 25 km do centro da capital do país, Doha. A proposta dos organizadores é que a torcida possa se deslocar de uma arena a outra de transporte público e aproveitar a curta distância para poder até mesmo acompanhar mais de um jogo por dia.

Dos oito estádios da Copa, quatro até já receberam partidas. O Mundial de Clubes da Fifa, realizado em fevereiro, teve partidas nos estádios Education City e Ahmed bin Ali. Na edição anterior do torneio, em 2019, o Khalifa foi o palco principal. A organização promete ter sete estádios prontos até o fim deste ano para realizar o grande evento teste para o Mundial.

Após a Fifa avisar que não vai mais realizar a Copa das Confederações, o Catar decidiu procurar um outro grande torneio de seleções para testar a estrutura do país. A inédita Copa Árabe vai reunir 22 países e será disputada em sete arenas. A competição vai reunir países do Oriente Médio e de parte da África.

Um dos destaques do torneio será o estádio Ras Abu Aboud. Será a primeira vez que uma Copa será disputada em uma arena desmontável. O estádio está na fase final de construção e após o Mundial, será desconstruído. Partes da antiga arena vão virar estruturas esportivas, que serão doadas para outros países vizinhos.

Em entrevista ao Estadão em dezembro, a diretora do Supremo Comitê para Entrega e Legado do Catar, Fatma Al Nuaimi, garantiu que o Catar não teria o problema de os estádios não serem utilizados após o torneio. "Tudo está em um nível de avanço que nenhuma outra sede anterior da Copa conseguiu atingir a dois anos antes do torneio", garantiu.

O futebol brasileiro completa neste fim de semana a triste marca de um ano sem receber torcidas nos estádios. A pandemia da Covid-19 motivou a realização de jogos com portões fechados para evitar aglomerações e tem como consequência para os clubes um problema tão doloroso quanto o silêncio das arenas. Na parte financeira, esse primeiro ano causou a perda de R$ 450 milhões com bilheteria para os 34 principais times brasileiros, segundo estudo feito pela Pluri Consultoria.

O mesmo levantamento indica que, de março de 2020 até agora, a falta de jogos com torcida causou cerca de R$ 330 milhões em impacto entre receitas vindas de sócios e ações de marketing. Os clubes, hoje, vivem uma situação muito pior em comparação a 14 de março do ano passado, quando pela primeira vez os estádios brasileiros não tiveram cadeiras cheias, catracas em atividade e as lanchonetes com filas.

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Mais do que lamentar, as equipes agora discutem maneiras para minimizar as perdas. As soluções são necessárias porque o cenário da pandemia é preocupante, alguns Estaduais estão até suspensos e a volta da torcida aos estádios parece bastante distante. A CBF defende que os portões só sejam reabertos quando a população for vacinada. "A volta do público é algo que na nossa avaliação está muito acoplado à vacinação", disse o secretário-geral da entidade, Walter Feldmann.

Em 2019, as receitas com dias de jogos fizeram os 20 principais times brasileiros arrecadar R$ 950 milhões, segundo levantamento feito pela E&Y. A quantia representa em média 17% do total de entradas. Porém, agora essa fonte de recurso secou e até mesmo o time mais vitorioso da temporada 2020, o Palmeiras, admite dificuldades. "A situação financeira é bem sensível. Perdemos ao redor de 30% das receitas em 2020. E o quadro tende a se repetir para 2021", comentou o presidente do clube, Mauricio Galiotte. O Palmeiras fechou o último ano com o prejuízo de R$ 151 milhões.

Para mudar esse quadro, as equipes querem inovar. "Acredito que a gente vai ter de se organizar em relação ao futuro, com novas possibilidades de receitas, com canais digitais através de criação de conteúdos exclusivos, a questão dos games e novas formas de patrocínio que se abrem, como casas de apostas", explicou ao Estadão o presidente do Internacional, Alessandro Barcellos.

A equipe gaúcha tem apostado em aumentar as vantagens para os participantes do sócio-torcedor, para que mesmo à distância os colorados se sintam participantes desse momento. "É uma forma de buscar no torcedor um sentimento de pertencimento ao momento que a gente está vivendo e fazer com que ele sinta que passou por essa fase junto com o clube", disse Barcellos. Várias outras equipes intensificaram também a venda de produtos oficiais em lojas virtuais.

Para quem acompanha o setor, uma boa saída é fortalecer a criação dos canais de vídeo no YouTube para valorizar patrocinadores e atrair o público. "É possível acelerar algumas iniciativas de inovação para que já comecem a dar frutos, mas normalmente elas vão levar algum tempo de maturação para dar todo o resultado que podem dar", disse André Monnerat, diretor de negócios da Feng, especializada em programas de sócios, engajamento de torcedores e gestão em redes sociais.

Na opinião do especialista em inovação Bruno Maia, a pandemia coincide também com um delicado momento de transição na parte dos direitos de TV, com a saída da Rede Globo de alguns torneios. "Os clubes também levarão alguns anos até desenvolverem novas estruturas de negócios que cheguem perto de fazer frente ao que ficou pra trás", avaliou Maia.

LIBERTADORES FOI EXCEÇÃO - A final da Copa Libertadores no Maracanã, em 30 de janeiro, foi a única exceção ao longo desse último ano entre os principais torneios de futebol que tiveram jogos no País. Enquanto em todas as outras competições as partidas foram realizadas sem público, o jogo decisivo entre Palmeiras e Santos reuniu quase 5 mil pessoas.

Porém, não houve venda de ingressos. Apenas estiveram no estádio convidados dos clubes, patrocinadores, dirigentes, jornalistas e membros da Conmebol. A entidade exigiu dos presentes a apresentação de testes negativos para covid-19 realizado dias antes.

Apesar disso, os cuidados não foram suficientes para evitar aglomerações. O público ficou concentrado em um mesmo setor do estádio e em alguns momentos muitos não usaram máscaras. Houve até abraços entre os presentes para comemorar o gol do título palmeirense.

A política de não vender ingressos e de exigir credenciamento e documentação de todos os presentes não impediu também outras irregularidades. Os clubes encontraram na internet tentativas de golpes com a falsa promessa de venda de credenciais para acesso ao estádio. Alguns anúncios chegavam a prometer por R$ 3 mil a entrada no Maracanã. Os golpistas até fizeram montagens para tentar reproduzir nos anúncios as credenciais falsas.

Quem sonha em voltar aos estádios para acompanhar de perto um jogo vai precisar primeiro pensar na carteirinha de vacinação e só depois poderá se preocupar em comprar o ingresso. A CBF defende que só volte a ter público nas competições nacionais depois que a população for imunizada contra a covid-19. Por isso, apesar da temporada 2021 do futebol ter iniciado nos últimos dias, as restrições impostas desde o ano passado vão continuar por tempo indeterminado.

A CBF tem feito reuniões semanais com representantes da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) para discutir as condições da pandemia e protocolos de segurança. A posição de momento é que os torneios organizados pela entidade continuem sem a presença de público para evitar o risco de contágio com aglomerações. "Hoje não é possível se falar disso (volta da torcida). O movimento é exatamente ao contrário, com vários Estados e municípios em lockdown. A volta do público é algo que na nossa avaliação está muito acoplado à vacinação", disse o secretário geral da CBF Walter Feldman, que também é médico.

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Desde março do ano passado não há jogos nas principais competições do Brasil com a venda de ingressos ao público. Em janeiro, a final da Copa Libertadores reuniu cerca de 5 mil pessoas no Maracanã, mas todas estiveram presentes como convidadas de clubes, entidades e patrocinadores. Para os times, a falta de bilheteria tem causado prejuízos enormes. Um estudo recente da consultoria Sports Value estima que os clubes fecharam o último ano com receitas até 46% menores em relação a 2019.

Para diminuir o impacto financeiro, a CBF liberou no ano passado uma linha de crédito de R$ 100 milhões no ano passado. Não estão descartadas para o futuro próximo novas contribuições. Mas é certo que os estádios vão demorar para reabrir. "Precisamos da vacina ou então de uma queda absurda da pandemia no que diz respeito aos índices de contaminação, ocupação de leitos e mortes. Mas não é isso que temos visto. Hoje não dá nem para conversar com uma autoridade estadual ou municipal sobre o retorno do público, porque vivemos um dos momentos de pico de toda a pandemia", afirmou Feldman.

Apesar da posição de esperar a vacinação para liberar a presença de público, a CBF não vai impedir caso alguma entidade estadual decida pelo contrário. "Desde o início da pandemia nós temos muito claro que os Campeonatos Estaduais são de responsabilidade das federações locais. A CBF não vai interferir", disse. No entanto, os principais torneios regionais do País começaram nos últimos dias com portões fechados.

No fim do ano passado, os clubes discutiram as previsões orçamentárias para 2021 e alguns deles até já colocaram estimativas conservadoras sobre as receitas com bilheteria nesta temporada. Um exemplo foi o Palmeiras. O atual campeão da Libertadores traçou um cenário no qual a partir de junho voltaria a ter o Allianz Parque aberto com somente 30% da capacidade (cerca de 12 mil pessoas).

Outros eventos esportivos têm testado o retorno do público, mesmo sem a exigência de vacina. A NFL realizou o último Super Bowl, mês passado, com 40% da capacidade máxima do estádio. Houve controle de acesso, uso obrigatório de máscaras e assentos marcados para garantir o isolamento social. O Campeonato Inglês quer a partir de maio liberar os estádios para até 25% da lotação, com limite de 10 mil pessoas.

A Amazon apresentou, nesta terça-feira (29), um novo sistema de pagamento biométrico que utiliza o reconhecimento da palma da mão e que poderá ser usado para substituir credenciais na entrada de estádios, ou locais de trabalho.

O sistema chamado Amazon One foi anunciado como "uma forma rápida, conveniente e sem contato para que as pessoas usem a palma da mão para realizar atividades cotidianas, como pagar em uma loja, apresentar um cartão de cliente, entrar em um estabelecimento como um estádio, ou no trabalho, com mais facilidade".

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A gigante da tecnologia americana informou que instalará o sistema nas lojas varejistas da Amazon Go, começando com duas lojas na cidade que a viu nascer, Seattle, em Washington.

O vice-presidente da Amazon, Dilip Kumar, disse que o sistema foi desenvolvido como "uma forma rápida, confiável e segura para que as pessoas se identifiquem, ou autorizem uma transação enquanto seguem sem problemas durante o dia".

A Amazon One usa a palma "única" de cada indivíduo, uma alternativa a outros identificadores biométricos, como a impressão digital, reconhecimento do olho, ou facial.

"Não há duas palmas iguais, então analisamos todos esses aspectos com nossa tecnologia e selecionamos os identificadores mais distintivos em sua palma para criar sua assinatura", explicou Kumar em uma publicação de blog.

A Amazon afirmou que os dados biométricos estariam "protegidos por múltiplos controles de segurança e que as imagens da palma da mão nunca se armazenariam no dispositivo Amazon One", mas que seriam enviadas para uma "área altamente segura que construímos na nuvem".

A empresa disse que está "em negociações ativas com vários clientes potenciais", que podem incluir outros varejistas, mas não forneceu detalhes.

Enquanto o Brasil discute a volta de torcedores aos estádios em meio à pandemia do novo coronavírus, países europeus já contam com a presença de público em partidas de futebol. Um exemplo foi visto na final da Supercopa da Europa entre Bayern de Munique e Sevilla, na última quinta-feira (24). Em Budapeste, na Hungria, cerca de 15 mil pessoas acompanharam na Puskas Arena a vitória de virada do time alemão na prorrogação por 2 a 1.

No Brasil, porém, a definição ainda parece estar longo de ocorrer. Em reunião virtual realizada na quinta-feira, os clubes e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não chegaram a um consenso sobre a volta dos torcedores aos estádios. O principal ponto discutido é a isonomia do campeonato. Ou seja, determinado time pode ter o apoio dos seus torcedores, enquanto que outro não terá o aval das autoridades de saúde para abrir seu estádio para o público.

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Embora o Ministério da Saúde tenha aprovado o estudo da CBF para liberar até 30% da capacidade dos estádios, a maioria das cidades e Estados dos times envolvidos no Brasileirão ainda não aprova o retorno dos torcedores. O governador de São Paulo, João Doria, por exemplo, vetou a presença de público tanto nos jogos da Série A quanto na partida do dia 9 de outubro entre Brasil e Bolívia, na Neo Química Arena, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022.

"Aqui em São Paulo não há pressão política, econômica, partidária, assim como não há do esporte", disse Doria. "A missão do governo de São Paulo é preservar a vida de todos: jogadores, técnicos e torcedores", comentou o governador.

Por outro lado, o Rio de Janeiro é favorável à volta dos torcedores. O prefeito Marcelo Crivella, inclusive, já autorizou a presença de público em partidas no estádio do Maracanã. Ele tem o apoio da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e do Flamengo nesta questão.

O governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, decretou na quinta-feira em edição extra do Diário Oficial a autorização de 30% do público nos estádios localizados em municípios do Estado que estão com bandeira amarela ou verde, onde o risco de contágio do novo coronavírus é menor. O decreto cita a volta de torcedores nos estádios em países como Dinamarca, Rússia e Suíça, onde o retorno tem sido feito de forma gradual no número de pessoas liberadas nas arquibancadas.

Nos países europeus, a decisão tem sido tomada de forma nacional. No Reino Unido, por exemplo, o primeiro-ministro Boris Johnson adiou a volta do público aos estádios que estava prevista para o dia 1.º de outubro. Há a preocupação com a chamada "segunda onda" da covid-19, com o número de casos aumentando a cada dia novamente.

Na semana passada, o Campeonato Alemão voltou a ter público nos estádios. Isso só foi possível porque os 16 estados da Alemanha aprovaram a medida. Além de cumprir isolamento e outros protocolos de saúde, os estádios podem receber até 20% de sua capacidade. A medida é considerada "experimental" e o público poderá ser proibido de frequentar as partidas caso o contágio do novo coronavírus aumente no país.

Na França, o limite de capacidade é menor: 5 mil torcedores podem ir ao estádio em cada jogo. A medida está em vigor desde julho. A França também sedia o tradicional torneio de tênis Roland Garros a partir deste fim de semana. Após sonhar em receber até 11.500 pessoas por partida, a organização agora adota cautela e planeja número bem menor, de até mil torcedores.

Na Espanha, após diversos estudos, o público segue proibido de frequentar os estádios. A expectativa inicial, ainda em junho, era de que a volta dos torcedores fosse liberada a partir de agosto. Porém, como o contágio da covid-19 não está controlado, a decisão foi adiada.

Os casos de Covid-19 entre jogadores do futebol brasileiro seguem sendo registrados após cerca de dois meses da volta oficial do futebol no país. O caso mais recente de infecções foi registrado no Flamengo, que apresentou sete atletas de seu elenco contaminados pelo novo coronavírus. Segundo Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), nenhum protocolo sanitário no futebol terá 100% de eficácia.

"Mesmo em isolamento, não é possível ter controle total da contaminação. Os jogadores voltam para suas casas, estão em contato com seus familiares e outras pessoas, assim como os funcionários dos clubes. Nenhum protocolo será 100% eficaz e conseguirá controlar a doença com total eficácia", alertou o infectologista.

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Os casos no Flamengo foram divulgados na noite do último domingo. A equipe estava concentrada na cidade de Guayaquil, no Equador, para a disputa do jogo contra o Barcelona, ocorrido nesta terça-feira, no estádio Monumental.

Além do Flamengo, outros clubes do Rio de Janeiro tiveram casos recentes de atletas contaminados. Foi o caso do Vasco, onde o técnico Ramon Menezes testou positivo, e do Fluminense, onde o atacante Fred também contraiu a doença. Otsuka explica que isso pode estar relacionado à taxa de contaminação do Rio de Janeiro.

"As regiões que possuem uma maior transmissão da doença acabam tendo maior risco deste tipo de situação. Quando falamos de infecção por região, não podemos analisar a partir no número absoluto de casos, mas pelo total de habitantes. No Rio está concentrada a maior taxa de mortalidade. Por que? Porque não estão fazendo a maioria dos diagnósticos. Esperamos encontrar uma mortalidade real que varia entre 0,5% e 1%. O Rio apresenta 7%. Isso também pode indicar uma taxa de disseminação considerável", avaliou o especialista.

O Estadão procurou o Flamengo para saber se o clube possuía alguma objeção em relação aos protocolos que tem seguido nas competições em que disputa, mas não obteve resposta. A equipe rubro-negra compete no Campeonato Brasileiro e na Copa Libertadores e, portanto, segue dois protocolos sanitários diferentes - um elaborado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e outro pela Conmebol.

Esses protocolos, apesar de terem o mesmo objetivo, que é o de evitar a contaminação e disseminação da Covid-19, não são padronizados. Segundo o infectologista, isso poderia causar certa confusão aos clubes que disputam competições organizadas por entidades diferentes. No entanto, Otsuka enfatiza que o que deve ser levado em conta são os "cuidados pessoais dos jogadores" e da "taxa de infecção local".

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, fará um apelo para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) autorizar a presença de público na partida entre Flamengo e Athletico-PR, no dia 4 de outubro, no Maracanã. A ideia é que o estádio receba 20 mil torcedores, um terço de sua capacidade atual.

"As Regras de Ouro deverão ser seguidas. Temos duas semanas para que a federação, os administradores do estádio e a Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro se ajustem. E pronto. Maiores de 60 anos, por favor, fiquem em casa. E menores de 12 também", disse Crivella, em entrevista coletiva nesta sexta-feira.

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Mais cedo, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) havia divulgado a possibilidade de o público poder voltar ao estádio, após reunião com "todos os órgãos com competentes". Segundo a entidade, uma nova reunião será realizada na próxima semana para discutir o assunto.

A prefeitura do Rio de Janeiro, por nota, já anunciou o retorno das torcidas aos estádios a partir de 4 de outubro. "A primeira partida com público será no Estádio do Maracanã, com lotação limitada a um terço da capacidade. Será obrigatório o uso da máscara de proteção e aferição de temperatura na entrada dos estádios. Para evitar aglomerações, a venda dos ingressos será pela internet".

Para Marcelo Crivella, a presença de torcedores no Maracanã vai diminuir o número de pessoas nas praias do Rio de Janeiro. O prefeito espera que o jogo seja realizado às 11h. A partida é válida pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro e está marcada para as 16h na tabela da CBF.

"Faremos um apelo à CBF no sentido de que possa nos ajudar para que o Maracanã seja uma alternativa à praia, que é hoje talvez o maior problema do Rio de Janeiro, com grandes aglomerações de pessoas sem máscara. Se o jogo puder ser às 11h, vai ser ótimo para nós", disse Crivella. "Estamos falando de 20 mil pessoas no Maracanã. Seriam 20 mil pessoas a menos nas praias do Rio de Janeiro", acrescentou.

"O maior desafio é acertar as reações", explica Franklin Scheleger, o DJ que coloca um "som de torcida" nas partidas do Fluminense no Maracanã desde que o futebol brasileiro começou a ser disputado sem público, devido à pandemia de coronavírus.

Scheleger, de 29 anos, trabalhava como DJ em alguns eventos do clube carioca e recebeu o convite para 'substituir' a torcida tricolor nos jogos em casa.

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"Me sinto muito honrado por estar representando a torcida do meu time de coração e é uma sensação incrível, indescritível, estou muito feliz", explicou à AFP.

Sem os torcedores para empurrar o time, os clubes brasileiros apostaram nos DJs para criar um clima em suas partidas quando jogam como anfitriões.

No caso do Palmeiras, a tarefa cabe a Marcos Costi, de 38 anos, locutor oficial da equipe paulista.

Para ele, trazer a sua experiência de DJ "foi algo natural".

"Na Europa o futebol voltou antes. Começaram a utilizar isso de colocar música eletrônica, mecânica, para minimizar a falta de uma música orgânica, da torcida. Era meio esperado" que o mesmo fosse feito em outros países, afirma.

O apoio do chamado "12º jogador" agora recai nos ombros do DJ e no volume usado nas partidas.

"Quando o Palmeiras ataca, eu aumento o volume. Na disputa de pênaltis da final do Campeonato Paulista contra o Corinthians, quando os adversários iam chutar, eu aumentava o volume para perturbar de alguma forma", confessa Costi ao se referir a esse jogo disputado no mês passado, que terminou com a vitória do 'Verdão' nas penalidades máximas.

- "Um vazio enorme" -

Os dois DJs destacam que ser torcedor do clube que representam facilita as coisas na hora de escolher o ambiente sonoro.

"Eu já frequentava muito o Maracanã, tenho vivência da arquibancada e isso facilita bastante, porque a torcida tem um canto específico para cada momento da partida. Quando a torcida incentiva mais para que o time ataque tem um canto específico. Quando tomamos um gol também temos um canto especifico para não deixar o time se abater", destaca Scheleger.

Costi revela que trabalha com "quinze tipos de sons, sem vaias", que foram captados pela televisão oficial do clube.

"Sempre fui torcedor do Palmeiras e sei o que a torcida cantaria ou como se comportaria em cada momento. Claro que é uma visão minha, mas acho que é próxima da realidade", comenta.

Para o DJ do Fluminense, é uma alegria imensa "levar este apoio aos jogadores e ser a voz de milhares de pessoas", enquanto que para seu homólogo palmeirense a sensação é uma mistura de alegria e tristeza.

"Na minha cabeça é muito confuso, me sinto um privilegiado por ser o único torcedor no estádio, mas também é triste, porque um estádio sem torcida é das coisas mais tristes que podem existir. É um vazio enorme, uma mistura da alegria de estar ali e a tristeza", analisa ele.

Costi admite que em alguma ocasião exagerou no volume. "Uma vez o próprio clube me pediu para baixar o som, porque estava dificultando as orientações do técnico aos jogadores".

Mas ele destaca que busca ser original, sem sem fixar no que os outros DJs fazem.

"O Palmeiras tem em seu DNA a característica de ser um clube de vanguarda, de ser o primeiro a fazer algumas coisas e eu não tento me basear nos outros, tento ter um lado criativo para que seja uma marca do Palmeiras", afirma.

Diretamente impactado pela pandemia do novo coronavírus, o Campeonato Brasileiro começou neste sábado depois de mais de três meses de atraso, bem diferente do que o torcedor se acostumou ao longo das últimas décadas. Sem torcida nos estádios, recheada de protocolos de segurança e com a maioria das equipes voltando depois de longo tempo de inatividade, a competição é, no fundo, uma incógnita - mas não para todo mundo.

Presidente da CBF, Rogério Caboclo deposita grande expectativa no Brasileirão. Sempre tendo o cuidado de demonstrar preocupação com a saúde de todos os envolvidos, ele vê a realização do campeonato como fundamental para os clubes, principalmente em um ano marcado por queda brusca de receita.

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"A medida mais importante é mesmo a manutenção das competições. Isso significa manter contratos de patrocínio e de direitos de transmissão, além de manter os torcedores conectados com a equipe", disse o dirigente, em entrevista ao Estadão.

O dirigente reconhece que os portões fechados nos estádios serão um desafio extra aos clubes, mas não quis cravar se os torcedores conseguirão ir às arenas do País antes do fim do campeonato, previsto para fevereiro. "Espero que sim, mas isso depende da involução da pandemia", destaca.

A pandemia fará este Brasileiro ser muito diferente dos demais?

Teremos muitas diferenças, claro. A principal será a ausência da torcida nos estádios, algo que nenhum apaixonado pelo futebol gosta, mas que faz parte das condições necessárias para retomar as competições com segurança. Teremos um protocolo muito rígido de testes e controle de casos de contágio. Mas também teremos muito do que faz o Brasileirão ser um dos campeonatos mais sensacionais do mundo: alto nível técnico em campo, disputa por todas as posições da tabela, e a vibração da torcida, mesmo em casa.

Considerando tudo o que está acontecendo desde o início da pandemia, o senhor avalia que o Brasileiro está começando no momento certo ou no momento necessário?

Desde o início da pandemia, nossa preocupação central foi a saúde de todos. Por isso, suspendemos as competições. O Campeonato Brasileiro só vai começar 98 dias depois da data prevista, e a retomada foi decidida com 45 dias de antecedência, dando tempo aos clubes para se preparar. Ao longo desse tempo, desenvolvemos protocolos de testagem e isolamento, que incluem também um conjunto de medidas e regras que envolvem todas as etapas de treino e jogo, ouvindo especialistas da CBF e da comunidade médica e também alinhados com as autoridades de saúde. O nosso Guia Médico para retomada foi plenamente aprovado pelo Ministério da Saúde. Por isso, a volta progressiva do futebol está associada a esse conjunto de novas normas de segurança, que visam proteger atletas, técnicos e todos os profissionais envolvidos e viabilizar, assim, a retomada de uma atividade que tem enorme relevância econômica e social para os brasileiros.

Qual é o grau de preocupação com o impacto financeiro de um Brasileirão sem torcida?

Não há dúvida de que jogar com os portões fechados priva os clubes de uma receita importante. Eles estão se esforçando para contornar isso de maneira criativa, em especial com seus programas de sócios-torcedores. A CBF está atenta e já tomou diversas medidas de apoio aos clubes. Entre antecipações de receita sem juros, doações, isenções e outros apoios, já chegamos a R$ 125 milhões. E a medida mais importante é mesmo a manutenção das competições. Isso significa manter contratos de patrocínio e de direitos de transmissão, além de manter os torcedores conectados com a equipe.

O senhor acredita que o torcedor conseguirá voltar aos estádios ainda neste Brasileirão?

Espero que sim, mas isso depende da involução da pandemia e do posicionamento das autoridades de saúde.

Os Estados do País estão em níveis diferentes de impactos da pandemia, e ainda não há um retrato claro do que acontecerá nos próximos meses. É possível que cidades que autorizem jogos agora vetem ali na frente, obrigando clubes a mudarem suas praças de jogo. Isso não poderá atrapalhar a isonomia técnica do campeonato?

Os clubes deram uma enorme demonstração de maturidade e compromisso com o Campeonato Brasileiro ao aceitar mandarem seus jogos fora de suas cidades ou Estados, caso haja restrições das autoridades locais. Nossa expectativa é de que, com as medidas de segurança que tomamos, isso não seja necessário.

A ausência da torcida nos jogos de futebol no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus fez aumentar a importância de um profissional que atua nos bastidores e distante do campo do jogo. Os responsáveis pela operação do sistema de áudio dos estádios passaram a ter papel fundamental para colocar em todas as caixas de som os barulhos, os cantos e a vibração da torcida, para não deixar o ambiente ficar silencioso. Esses funcionários agora são as vozes e o apoio enquanto os demais têm de torcer pelo time à distância, pela televisão, e no máximo podem pendurar bandeiras nas arenas.

A iniciativa de colocar o som da torcida nos estádios vazios ganhou força principalmente na Inglaterra. Alguns times de lá até mesmo instalaram um sistema de telões em que por videoconferência, o torcedor aparecia bem perto do campo. No Brasil a ideia da gravação também já se popularizou e tem diferentes propostas. No Rio de Janeiro, o sistema de som do Maracanã chegou a reproduzir até uma vaia durante a final entre Flamengo e Fluminense.

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No futebol paulista, as equipes não querem colocar nos alto-falantes vaias nem xingamentos ao árbitro, mas somente sons de apoio. Se o time mandante estiver melhor no jogo e próximo de marcar um gol, o volume aumenta. Caso a equipe esteja em momento ruim, é hora de escolher um outro tipo de canto para incentivar. Por isso, os operadores de som e DJs que têm trabalhado nesses jogos afirmam que para exercer a função é preciso ter sensibilidade e conhecer o comportamento da torcida.

No Allianz Parque o responsável pelo serviço nos jogos do Palmeiras é o operador de áudio Moacir de Lima Junior. Há três anos no cargo, ele disse que, com o estádio vazio, tem o papel de imaginar como a torcida reagiria a cada um dos momentos do jogo. "Agora tenho uma responsabilidade maior. Nossa função é incentivar o time também. Não basta só ter o barulho do público. Tem de colocar um tipo de canto quando o time está atacando e outro tipo se estiver atrás no placar", explicou ao Estadão.

Para municiar a operação durante o jogo, ele conta com cerca de dez diferentes cantos gravados. Um dos sons de execução mais difícil, segundo o operador, é a reação a lances de oportunidades perdidas. Essa ocasião exige uma sincronia exata entre o gol desperdiçado e o áudio arquivado. "O maior medo nosso é soltar errado o grito de o gol quando for na verdade gol do adversário", brincou.

No Palmeiras a operação de áudio com sons da torcida já havia sido utilizada em jogos das categorias de base e do time feminino. Antes de retomar a disputa do Campeonato Paulista, o clube realizou diversos testes no Allianz Parque para encontrar o volume ideal. A preocupação foi não interferir na transmissão da televisão.

O Atlético-MG foi atrás de um DJ profissional para garantir o ambiente do time nos jogos depois da retomada do calendário. Maurício Maoli costuma tocar em casamentos e festas, mas sentiu uma emoção diferente ao ter de operar os equipamentos no Mineirão. "O futebol é mais difícil de trabalhar do que eventos, porque é muito mais imprevisível. Fora que eu não tinha muito o modelo de como fazer", disse.

O DJ teve de montar um acervo próprio com os cantos da torcida alvinegra. "Eu procuro imaginar como a torcida se comportaria em cada um dos momento do jogo para poder soltar as gravações", contou. O som mais utilizado é o de aplausos. Há outros também como o de "olé". Cântico tradicional em vitórias da equipe, a música "Vou Festejar", da cantora Beth Carvalho, também está no arquivo dele, mas só é executado no fim das partidas.

A FOTO CORRETA - Junto com o áudio da torcida, o Corinthians tem uma outra campanha para compensar a falta de público. O projeto "O Timão é a Sua Casa" colocou à venda totens com fotos de torcedores para espalhar pelo estádio. Um dos compradores foi o goleiro Cássio, que destinou o espaço aos dois filhos: Felipe e Maria Luiza. "A gente sabe o quanto é forte a torcida do Corinthians e, infelizmente, não vai ter torcida no retorno do futebol. Então, comprei o totem para ajudar o clube e também para fazer parte desse momento", disse.

Segundo Luiz Fernando Ferreira, diretor executivo da empresa responsável pela campanha, a ESM Sports Business, é preciso ter cuidado para as fotos enviadas não terem alguma brincadeira. Na Inglaterra, por exemplo, a imagem do terrorista Osama Bin Laden ganhou espaço no estádio do Leeds United. "Nós possuímos uma equipe que aprova as fotos, além de termos tido o cuidado de imprimir totens que não refletem as luzes e que aguentam as intempéries climáticas", explicou.

O ministro do Esporte da Itália, Vincenzo Spadafora, confirmou nesta sexta-feira (24) que os estádios de futebol do país reabrirão os portões aos torcedores a partir de setembro, mas apenas se a pandemia do novo coronavírus permitir.

Com isso, a atual temporada da Série A, que vai até 2 de agosto, terminará sem público nas arenas. "A partir de setembro, os torcedores estarão novamente no estádio", prometeu Spadafora, em entrevista à emissora pública Rai.

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No entanto, o ministro não indicou uma data exata e disse que a volta das partidas com público acontecerá "no respeito às necessárias precauções" e "se a curva epidemiológica consentir".

Além disso, segundo Spadafora, os estádios não funcionarão com capacidade máxima.

A Itália registra mais de 245 mil casos e 35 mil mortes na pandemia, porém conseguiu conter a crise e já reabriu praticamente todas as atividades após dois meses de lockdown.

Nos últimos dias, o país tem visto um aumento nos novos casos diários, porém as autoridades garantem que a situação está sob controle.

Da Ansa

Os torcedores de futebol poderão retornar aos estádios na primeira quinzena de julho, no Rio de Janeiro. A prefeitura da cidade estabeleceu a autorização da volta do público aos estádios a partir do dia 10 de julho em medida publicada na noite da última sexta (26), em edição extra do Diário Oficial. De acordo com o novo decreto, estádios poderão receber ⅓ de sua capacidade, com distanciamento de e 4m² por pessoa e vendas online.

Alterando o planejamento inicial, que previa liberação de parte da capacidade dos estádios para competições esportivas no dia dois de julho, a nova medida, referente à terceira fase do plano de reabertura durante a pandemia do novo coronavírus foi desmembrada em A,com início a partir do dia dois, e a B, que está prevista para o dia 10. 

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Sendo assim, de acordo com o Diário Oficial estarão “abertos com restrições: Centros de treinamentos esportivos abertos para treino, sem público, sendo vedado uso de sauna, piscina e banheira de hidromassagem. Competições esportivas com capacidade simultânea máxima de 1/3, sem ultrapassar a regra de 4m² por pessoa. Venda de ingressos somente online ou caixas de auto atendimento. Atividades de lazer e esporte em piscinas, vedado o compartilhamento de objetos.Clubes, associações, hipódromos, quadras de aluguel e congêneres abertos, vedado esportes de contato.Continuam fechados escolinhas de treinamento.Continuam vedados eventos em espaços fechados." 

O documento da prefeitura também desmembra as demais fases até 16 de agosto. Na fase cinco, a partir de 1° de agosto, fica estabelecida a abertura de estádios para 2/3 da capacidade de público. As demais regras seguem valendo, com distanciamento de público presente, uso de máscaras e vendas online. Com a liberação, é possível que a decisão da Taça Rio, caso seja realizada no dia 12 de julho, seja disputada com público.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, determinou a reabertura de shoppings, bares, restaurantes, igrejas, estádios e pontos turísticos. As medidas constam em decreto publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado, na noite de sexta-feira (5), e já valem a partir deste sábado (6). 

Aulas nas redes públicas e privadas continuam suspensas até o dia 21 de junho. A abertura gradual da economia do estado foi detalhada em nota divulgada pelo governo.

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“A medida determina o funcionamento de alguns setores do comércio e da indústria em horários específicos para evitar aglomerações. O decreto 47.112 também prorroga, até o dia 21 de junho, algumas medidas restritivas de prevenção e enfrentamento à propagação do novo coronavírus no Estado do Rio. Para a elaboração do decreto, o governo do estado levou em consideração os dados epidemiológicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES), incluindo a redução do número diário de óbitos e das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)”, informou a nota.

Assim, os shoppings podem funcionar das 12h às 20h, com limitação de 50% da capacidade, garantindo fornecimento de álcool em gel 70%. As praças de alimentação também podem reabrir, obedecendo ao limite de 50% da capacidade. Áreas de recreação, cinemas e afins, no entanto, permanecerão sem funcionar.

Bares e restaurantes também podem voltar a abrir, respeitando o limite de 50% de sua capacidade. Pontos turísticos, como Cristo Redentor e Pão de Açúcar, também estão autorizados a abrir para o público, respeitando o limite de 50% de sua capacidade de lotação. 

As organizações religiosas, como igrejas, centros e templos, podem funcionar, desde que seja observada a distância de um metro entre as pessoas.

Sem aglomeração

O funcionamento dos parques, para a prática de esportes, também está permitido, desde que não haja aglomeração. Ficam autorizadas as atividades esportivas individuais ao ar livre, inclusive em praias e lagoas. 

Atividades esportivas de alto rendimento, como futebol, passam a ser autorizadas, desde que sem público e com os devidos protocolos de higienização.

De acordo com o decreto, estão suspensas até 21 de junho as aulas presenciais das redes de ensino estadual, municipal e privada. Também continuam fechados cinemas, teatros e academias de ginástica. Em caso de descumprimento das medidas, o governo reforçou que as forças de segurança pública poderão atuar.

O estado do Rio é o segundo em número de mortes e casos confirmados de covid-19 no país, atrás apenas de São Paulo. Segundo o boletim de sexta-feira (5) da Secretaria de Saúde, são 63.066 casos confirmados e 6.473 óbitos, com outras 1.185 mortes em investigação.

O número de crimes discriminatórios nos estádios de futebol do Brasil cresceram 70% de acordo com o novo levantamento feito pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol. Os números mostram que apesar do protocolo adotado pela Fifa e pela CBF, em 2018, prever punição aos clubes diante dessas ações, as medidas não têm mostrado efeito diante dos torcedores.

O levantamento inclui casos de racismo, machismo e homofobia nos estádios do País. O salto entre 2018 e 2019 é de 62 casos. Apenas na temporada passada foram 150 ocorrências, contra 88 do ano anterior. O relatório ainda informa que o crescimento maior é de racismo.

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No caso dessas ações, os clubes podem ser multados e até perder pontos em competições. O protocolo da CBF se baseia no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que determina punições para "práticas ou ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência".

De acordo com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, os casos estão espalhados por 16 estados brasileiros, sendo o Rio Grande do Sul com o maior número de ocorrências, 17. Na sequência estão São Paulo e Rio de Janeiro.

A determinação da CBF para que as partidas deste fim de semana nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro sejam sem a presença da torcida para evitar o contágio do novo coronavírus está longe de ser unanimidade para a comunidade médica. O Estado conversou com quatro especialistas em Infectologia e Medicina do Esporte e ouviu diferentes análises sobre a decisão. Há quem considere a medida como exagerada ou, por outro lado, há quem defenda que nenhuma partida seja realizada.

Segundo o médico e infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Paulo Olzon, a escolha por realizar partidas sem a presença de público não é necessária. "Em uma situação muito crítica isso (jogar com portões fechados) seria necessário, mas ainda não é o caso. Em um transporte público como metrô e ônibus, tem muito mais gente exposta e aglomerada do que em um estádio, em que há mais distância entre as pessoas e é um espaço mais arejado", afirmou.

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Olzon explica que no Brasil, ao contrário da Europa, as temperaturas estão mais elevadas e favorecem que as pessoas tenham um sistema respiratório mais protegido. "As projeções de número de casos feitas pelas autoridades foram feitas em um cenário com base nos números de coronavírus no Hemisfério Norte, que está em período de inverno", disse.

Na opinião do infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Renato Grinbaum, fechar os estádios para o público deve se mostrar uma decisão pouco eficaz. "É preciso ter medidas coordenadas de ação, e não atitudes espalhadas e desorganizadas de combates ao coronavírus. Para que ter impacto, é preciso agir de forma planejada e coordenada pelo Ministério da Saúde. Até porque, fora dos grupos de risco, o coronavírus é um resfriado", comentou.

Por outro lado, o médico Ricardo Munir Nahas, especializado em esporte, ortopedista e traumatologia, defende que a restrição de público é correta, pois é preciso agir para evitar o aumento no número de casos. "No Estado de São Paulo a decisão é necessária principalmente pela quantidade de casos da doença. Para evitar o contágio, vale a lei de ter uma distância de 2 metros. Mas para eventos com grande público, isso não vai acontecer porque não tem como separar as pessoas", explicou. "Os próprios jogadores também podem disseminar a doença. Futebol é um esporte de contato", acrescentou.

O especialista avalia que pela velocidade com que o coronavírus tem se espalhado poderia ser pensado até mesmo no cancelamento das partidas. Quem pensa o mesmo é o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Para ele, ainda há muito a se pesquisar sobre o coronavírus, como, por exemplo, conseguir se em situações de alta temperatura interferem na transmissão.

"A melhor decisão do momento é fazer jogos com portões fechados ou até adiar as partidas, como fez a Conmebol. No estádio as pessoas têm uma interação muito próxima. A grande orientação que a gente passa é para evitar aglomerações, mesmo que ainda não se tenha no Brasil uma grande transmissão comunitária do vírus", disse Weissmann.

Hong Kong anunciou, neste terça-feira (28), que fechará locais públicos, como estádios, museus e piscinas, para enfrentar a propagação do novo coronavírus, que já provocou a morte de 106 pessoas na China.

Todos os espaços de lazer serão fechados a partir de quarta-feira para evitar "as reuniões de pessoas", informaram as autoridades, que no sábado decretaram estado de emergência máximo em todo território de Hong Kong.

Até agora, a ex-colônia britânica registrou oito casos de vírus. Seis deles foram em pessoas procedentes da China continental de trem.

Todas as salas e quadras de esporte, piscinas pública, praias, centros de férias e estabelecimentos culturais, como os museus, ficarão fechados até novo aviso, anunciou um comunicado oficial.

Atualmente fechadas pelas festas do Ano Novo chinês, escolas e universidades permanecerão fechadas até 17 de fevereiro.

Desde segunda-feira, todos os habitantes da província de Hubei, epicentro da epidemia, e todas as pessoas que a visitaram nas últimas duas semanas, estão proibidas de entrar em Hong Kong.

Os clubes brasileiros arrecadaram R$ 1 bilhão com bilheterias e os programas de sócio-torcedores em seus estádios em 2018. Isso significa um crescimento de 6% em relação ao ano anterior. Para este ano, a projeção é ainda maior. O Flamengo, por exemplo, deve encerrar 2019 com um faturamento superior a R$ 140 milhões no Maracanã.

Os números fazem parte de um estudo exclusivo sobre o faturamento das arenas produzido pela consultoria Sports Value, especializada em marketing esportivo. Para a elaboração do ranking, foram consideradas as receitas com sócio-torcedor (público que adquire preferencialmente os ingressos para os jogos), bilheteria e outras explorações das arenas, como bares, restaurantes, camarotes e publicidade. O estudo considera os 100 maiores clubes do País.

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Os dados totalizados se referem ao ano de 2018, pois a maioria dos clubes não divulga balanços trimestrais. Os líderes do ranking no ano passado foram Palmeiras (R$ 164 milhões), Flamengo (R$ 91 milhões) e Grêmio (R$ 83 milhões). A projeção para 2019 é de alta, mas sem avanços significativos. "Para este ano, o Flamengo apresentou grande crescimento, mas outros clubes tiveram queda, como Palmeiras e Grêmio, por exemplo. Por isso, acredito em uma pequena subida neste ano", avalia Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva e responsável pelo estudo.

Somoggi explica que o comportamento do torcedor brasileiro ainda está vinculado ao desempenho dentro de campo. Por isso, o Palmeiras deve apresentar números menores neste ano - apesar de alto investimento no elenco, o clube não conquistou títulos. O Grêmio deve cair de R$ 81 milhões para R$ 77 milhões.

Nesse contexto, o Flamengo pode se aproximar do time alviverde ou até alcançar a liderança do ranking. O balanço financeiro do clube carioca nos nove primeiros meses de 2019 aponta que as receitas com sócio-torcedor atingiram R$ 40 milhões enquanto a bilheteria passou de R$ 65 milhões.

Dados da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apontam que o campeão brasileiro e da Libertadores levou 1,89 milhão de pagantes em seus 36 jogos como mandante na temporada e dominou os levantamentos de público e renda. O time de Jorge Jesus teve a maior média de pagantes na temporada: 52.537 torcedores por jogo. O número é tão expressivo que o Corinthians, que terminou na segunda colocação, ficou bem atrás do líder, com 33.143 pagantes por partida. Mesmo com a diferença, o time alvinegro deve faturar R$ 62 milhões, um milhão a mais do que ano passado.

Os pesquisadores apontam que ainda existe espaço para desenvolvimento de receitas no Brasil, seja com os programas de sócios ou com bilheteria e novas explorações comerciais. Hoje, os estádios brasileiros têm índice de ocupação abaixo de 50%. Com isso, o faturamento ainda está distante dos números do mercado mundial. Hoje, a Série A do Brasileirão ocupa o 10º lugar no cenário mundial de faturamento. Só os estádios do Campeonato Inglês, por exemplo, geram R$ 3 bilhões por ano. As grandes ligas esportivas dos Estados Unidos - MLB (beisebol), NFL (futebol americano), NHL (hóquei) e NBA (basquete) - lideram o ranking global.

O Estatuto do Torcedor (Lei 10.671, de 2003) poderá punir duramente quem oferecer, armazenar, distribuir ou vender bebida alcoólica no interior de estádios. Essa é a intenção do projeto de lei (PL) 3.788/2019, que estabelece aos infratores pena de reclusão de dois a quatro anos, mais multa e impedimento de o condenado ir a qualquer evento esportivo ou até se deslocar para as proximidades do estádio pelo prazo de dois a quatro anos. A Comissão de Educação (CE) aprovou parecer favorável à proposta nesta terça-feira (12).

O projeto, do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), traz outras mudanças ao Estatuto do Torcedor. No artigo que trata do crime de promover tumulto, praticar ou incitar a violência em espaços esportivos, a proposta sugere o aumento da pena — hoje estipulada em um a dois anos de reclusão — para um a três anos de reclusão, mais multa. E ainda estabelece que a pena será aumentada em um terço se quem o cometeu estiver sob efeito de álcool ou outra substância psicoativa que leve a dependência.

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O PL 3.788/2019 também revisou — para cima — o ponto inicial da pena alternativa à reclusão neste caso. O juiz poderá converter a pena privativa de liberdade pelo impedimento do transgressor de comparecer às proximidades do estádio ou a qualquer lugar de realização de evento esportivo pelo prazo de um ano a três anos. Hoje, esse afastamento tem duração de três meses a três anos. A adoção de uma punição mais branda leva em conta a gravidade da conduta, na hipótese de o criminoso ser primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela mesma motivação.

Por fim, o projeto agrega detalhes ao artigo da Lei 10.671, de 2003, que dispõe sobre as condições de acesso e permanência nos estádios. Nesse particular, proíbe não só o porte, mas também, expressamente, o consumo de bebidas alcoólicas — hoje só são mencionadas bebidas.

“Entendemos que essas medidas são primordiais para a contenção do crescente quadro de violência que hoje permeia o futebol brasileiro”, afirmou Girão, que foi presidente do Fortaleza Esporte Clube, na justificação do projeto.

No parecer favorável à proposta, o relator, senador Plínio Valério (PSDB-AM), reconheceu que notícias sobre confrontos envolvendo pessoas alcoolizadas em eventos esportivos — sobretudo em estádios de futebol — têm sido cada vez mais frequentes.

“Brigas generalizadas, dentro e no entorno dos estádios, que colocam em risco a segurança dos torcedores e do espetáculo. Com essas medidas, espera-se que todo torcedor possa ter garantidas segurança e tranquilidade para frequentar os estádios de prática esportiva em todo o território nacional”, concluiu Plínio.

Debate

Durante o debate, o senador Girão destacou que um lobby poderoso das empresas de bebida tenta reverter, nos estados e no Supremo Tribunal Federal (STF), a proibição da lei federal sobre bebidas nos estádios.

— Quero destacar a coragem dos governadores do Rio Grande do Sul e de São Paulo, Eduardo Leite e João Dória, pelo senso de responsabilidade social ao vetarem leis estaduais que tentavam voltar com as bebidas nos estádios. A violência nesses locais está diretamente relacionada à venda de álcool.

A senadora Leila Barros (PSD-DF) disse que a violência chega aos atletas, árbitros e todos os envolvidos na realização dos eventos. Ela contou que muitas vezes, nas categorias de base, os pais ficam do lado de fora dos ginásios bebendo e, movidos pelo álcool, acabam gerando brigas.

— É um péssimo exemplo. Esporte não tem nada a ver com bebida alcóolica. Esporte é diversão e emoção.

Já o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) lembrou que o álcool provoca acidentes de trânsito e põe do Brasil entre as primeiras posições em rankings de morte e acidentes no trânsito no mundo. O senador Confúcio Moura (MDB-RO) destacou que primeiro é preciso punir e educar. Mais tarde, a abstenção vira uma questão cultural.

— Antigamente os pais fumavam em casa na frente dos filhos, acendiam cigarros em aviões, em restaurantes fechados. Hoje em dia isso é impensável. Assim será com a bebida nos estádios.

O PL 3.788/2019 segue para votação final na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Da Agência Senado

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