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O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) apresentou na tarde desta terça-feira, 17, seu parecer do projeto de lei que estende a política de cotas raciais para o funcionalismo público e defendeu a expansão da política afirmativa para os cargos comissionados. A matéria chegou a ser pautada na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, mas não houve acordo e a votação no colegiado foi adiada para quarta-feira, 18. Havia um voto em separado pela rejeição da proposta, do deputado Marcos Rogério (PDT-RO), razão pela qual parlamentares ligados ao governo chegaram a pedir que o projeto fosse retirado da pauta na tarde de hoje.

Para Feliciano, há um grande número de postos de confiança na administração federal e, por isso, eles não podem ser excluídos da proposta. "Devido à relevância e ao grande número de cargos comissionados na administração pública federal, não faz sentido deixá-los de fora do alcance de uma política de ação afirmativa para o provimento de cargos do Poder Executivo", escreveu Feliciano em seu voto.

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Apoiador da redação na Comissão de Direitos Humanos, o pastor Marco Feliciano é acusado de racismo por declarações na rede social Twitter publicadas em 2011. Na ocasião, Feliciano escreveu que os "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é polêmica". Em seguida, em outra mensagem, ele afirmou que "sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids. Fome(sic)". O pastor nega as acusações de racismo. "A proposta (de cotas no funcionalismo) é meritória, porque tenta trazer uma igualdade depois de 300 anos de escravidão", argumentou o parlamentar.

De autoria do Executivo, a proposta de cotas no funcionalismo público foi enviada ao Congresso Nacional no início de novembro e prevê que 20% dos postos disputados em concursos públicos da administração federal, de autarquias, fundações públicas e de empresas sob o controle da União sejam reservadas para negros. Terá direito à política de cotas o candidato que se autodeclarar preto ou pardo no ato da inscrição do concurso público, conforme quesitos utilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). O projeto também estabelece que essa política afirmativa terá prazo de vigência de 10 anos.

Depois de aprovado pela Comissão de Direitos Humanos, o projeto de lei 6.738 de 2013 ainda deve ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Por tramitar com urgência constitucional, no entanto, ele pode ser apreciado diretamente pelo Plenário da Câmara. Depois, precisa ir ao Senado Federal.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias, comandada pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP), aprovou nesta quarta-feira (16), projeto de lei que permite a organizações religiosas expulsarem de seus templos pessoas que "violem seus valores, doutrinas, crenças e liturgias". A proposta ainda desobriga igrejas a celebrar casamentos em "desacordo com suas crenças". O objetivo é evitar que decisões judiciais obriguem a celebração de uniões entre homossexuais, além de permitir a retirada de manifestantes que fizerem protestos dentro de templos, como duas garotas que chegaram a ser presas no mês passado por se beijarem durante culto comandado por Feliciano.

Autor do projeto, o deputado Washington Reis (PMDB-RJ), deixou claro tal intenção na justificativa da proposta. "Deve-se a devida atenção ao fato da prática homossexual ser descrita em muitas doutrinas religiosas como uma conduta em desacordo com suas crenças. Em razão disso, pelos fundamentos anteriormente expostos, deve-se assistir a tais organizações religiosas o direito de liberdade de manifestação".

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Designado por Feliciano como relator, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi o responsável pelo parecer favorável. Ele argumentou que as organizações têm o direito de definir suas próprias regras de funcionamento e que a participação nelas deve ser limitada a quem concorda com suas doutrinas. "Do contrário pode-se entender como verdadeira imposição de valores que não são próprios das igrejas, sendo que, aqueles que não concordarem com seus preceitos, basta eximir-se voluntariamente da participação em seus cultos". O projeto seguirá agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A aprovação gera nova polêmica em relação ao comando do pastor na comissão. Feliciano assumiu sob acusação de homofobia e racismo por declarações feitas em redes sociais. Apesar dos protestos, permaneceu no cargo e conduziu a votação do projeto apelidada de "cura gay", que revogava resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe os profissionais da área de colaborar com eventos e serviços que ofereçam tratamento e cura de homossexualidade, além de vedar manifestação que reforce preconceitos sociais em relação aos homossexuais. A proposta foi levada ao plenário e derrubada.

Duas estudantes, de 18 e 20 anos, foram presas na noite deste domingo, 15, após se beijarem durante evento evangélico realizado em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. O protesto foi realizado enquanto o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC/SP) iniciava sua pregação a cerca de dois mil fiéis.

Para o evento, um forte esquema policial foi montado pelas polícias Civil, Militar e Guarda Civil Municipal (GCM) com intuito de evitar manifestações durante o 5º Glorifica Litoral, que estavam programadas para ocorrer durante o culto com o deputado.

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"Essas duas precisam sair daqui algemadas", bradou Feliciano, sob aplausos dos evangélicos, que assistiram à cena por meio de dois telões. Do palco, o deputado instruía os policiais a localizarem as jovens em meio à multidão.

Joana Palhares, 18, e Yunka Mihura, 20, foram cercadas, detidas e algemadas por guardas municipais e encaminhadas para o 1º Distrito Policial de São Sebastião. Elas foram liberadas após prestarem depoimento. A atitude gerou revolta em um grupo de 10 pessoas que acompanhava as duas jovens.

Antes de serem encaminhadas para a delegacia, elas foram levadas para debaixo do palco, onde Joana afirmou ter sido agredida por diversos GCMs. "Só pararam porque a Yunca gritou muito". Segundo ela, Yunca chegou a ser jogada pelos GCMs para o lado da grade que separava o palco do público.

Na delegacia, após passar por exame de corpo delito, Joana, que tem corpo franzino, apresentava diversos hematomas nos braços e nas costas. "Eles (guardas) simplesmente me jogaram na grade e depois nos levaram para debaixo do palco, onde fui agredida por três guardas e ainda levei dois tapas na cara, mesmo algemada. Tudo isso por causa de um beijo", queixou-se Joana.

"Foi uma atitude completamente injusta, me senti impotente enquanto a Joana apanhava e eu não podia fazer nada. Mas vários casais heterossexuais estavam se beijando normalmente no evento", relatou Yunca.

Denúncia

O advogado Daniel Galani, que representou as jovens, disse que irá formalizar uma denúncia contra o deputado na Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Foi uma afronta gravíssima aos direitos humanos e ao direito à livre expressão", avaliou. "Como o deputado tem foro privilegiado, vamos ver como a OAB pode interferir nesta questão".

Um boletim de ocorrência foi registrado pelas estudantes contra os guardas municipais que participaram da ocorrência. "Vamos apresentar também uma denúncia na corregedoria da Guarda Municipal para que apure o caso". Ainda segundo o advogado, as estudantes não mantêm relacionamento homoafetivo. "Apenas se beijaram para se manifestarem contra a posição preconceituosa do deputado".

"Perseguido"

Enquanto as estudantes prestavam depoimento na delegacia, Marco Feliciano condenou a atitude das estudantes. Com todo o público a seu favor, disparou críticas contra as jovens e seus respectivos pais. "O que pensam os pais dessas meninas que vêm a um culto para beijar outra mulher? Esses baderneiros terão o troco no ano que vem, pois seremos a maior bancada evangélica da história no Congresso".

Feliciano também criticou a imprensa. "Se os jornais publicarem matérias e derem razão para esses baderneiros, vou convocar uma grande manifestação nas portas desses jornais para protestarmos na próxima terça-feira". Ele se disse "perseguido" e "humilhado" pela mídia.

A reportagem tentou e não conseguiu contato com o deputado. Em sua conta pessoal no Twitter, Feliciano postou às 16h08 três mensagens em que apenas transcreve o art. 208 do Código Penal Brasileiro. "Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: pena detenção, 1 mês a 1 ano ou multa. P.U. Se há emprego de violência, a pena aumenta de 1/3, sem prejuízo da correspondente à violência", escreveu o deputado.

O deputado João Campos (PSDB-GO), autor do projeto conhecido como “cura gay”, decidiu retirar a matéria da Câmara Federal. Um dos motivos para a decisão do tucano foi a nota divulgada pelo PSDB que chamou a PL de um “grave retrocesso”.

No Twitter, o deputado federal e presidente da Comissão de Direitos Humanos, Marco Feliciano (PSC-SP), apreciador do projeto, elogiou a postura do parlamentar tucano, por entender que o PSDB inviabilizou a matéria. Contudo, o social-cristão, afirmou que a PL ainda pode voltar a ser discutida na próxima legislatura da Câmara, que deve conter um maior número de parlamentares evangélicos. 

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O PSDB divulgou ontem, 26, nota oficial manifestando publicamente "posição contrária" ao Projeto de Decreto Legislativo 234/2011, mais conhecido como "cura gay". O projeto, apresentado pelo deputado e pastor evangélico João Campos, filiado ao PSDB de Goiás, tem sido um dos principais alvos dos protestos de rua em todo o País. Ontem, 26, houve novas manifestações em São Paulo e Brasília.

Na Câmara, o projeto teve parecer favorável da Comissão de Direitos Humanos, sob a liderança do deputado e também pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Ele estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual e é contestado pelo Conselho Federal de Psicologia.

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A nota do PSDB diz: "O partido entende que a proposta, conhecida como ‘cura gay’, representa grave retrocesso nos avanços ocorridos no País para reconhecimento pleno dos direitos humanos e contraria resoluções do Conselho Federal de Psicologia e da Organização Mundial de Saúde (OMS), que, desde 1999, rejeitam a classificação da homossexualidade como doença ou desordem psíquica".

A nota isola Campos, que é membro da bancada evangélica. Em outro movimento contrário aos interesses da legenda, o deputado votou terça, 25, a favor da PEC-37, que retiraria poderes de investigação dos ministérios públicos. Ele foi o único membro da bancada tucana a tomar essa decisão, já que o deputado Sérgio Guerra afirmou ter se enganado ao votar.

Projeto. Aprovado na semana passada pela Comissão de Direitos Humanos, o projeto de Campos suspende dois trechos de resolução do Conselho Federal de Psicologia. O primeiro deles anula o parágrafo único que diz que "os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades".

O outro trecho sustado da resolução determina que "os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais".

Campos não foi localizado ontem, 26, pela reportagem. O deputado, no entanto, nega que o objetivo do projeto seja tratar a homossexualidade. "O projeto não versa sobre a cura gay, pois homossexualidade não é doença", disse à reportagem na terça-feira, 25. Segundo o deputado, o que o motivou a propor o projeto foi que o Conselho teria extrapolado suas atribuições ao restringir a atuação de profissionais e, consequentemente, o direito das pessoas de buscarem ajuda.

Decisões como essa, diz, cabem ao Congresso, que é a Casa que tem o poder de legislar.

Protesto. Ontem, 26, na capital, um grupo de cerca de 500 pessoas protestou contra o projeto e contra a permanência de Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos. Os manifestantes caminharam da Avenida Paulista até a sede do PSC, partido do deputado, na região do parque Ibirapuera.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputado Marco Feliciano (PSC-SP), divulgou um vídeo na internet para defender o projeto que ficou conhecido como "cura gay", aprovado na semana passada pelo colegiado.

Na gravação, o pastor faz questão de ressaltar que o projeto não é de sua autoria, mas do deputado João Campos (PSDB-GO), também da bancada evangélica. Apesar de o projeto abrir uma brecha para o "tratamento" de gays, o deputado Feliciano afirma, no vídeo, que homossexualidade não é doença.

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"Não existe cura gay, porque homossexualidade não é doença", diz o deputado. Ele continua: "Mas não podemos tolher o direito de um profissional, como um psicólogo, de estudar um assunto que ainda não se colocou nele um ponto final, ainda é uma incógnita, ainda é um fenômeno".

O deputado omite o fato de que o projeto é apoiado por religiosos, não por psicólogos. A proposta, que passará ainda por duas comissões da Câmara antes de ir a plenário, suspende trechos de resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), de 1999. Ela anula, por exemplo, o parágrafo único que diz que "os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades".

O Conselho já se manifestou contra o projeto. Para a conselheira Cynthia Ciarallo, a retirada desse trecho da resolução indica que há uma intenção concreta de permitir que os psicólogos possam trabalhar pela cura da homossexualidade.

Manifestações

Feliciano será alvo de novas manifestações contra sua presença no comando da comissão. Oito cidades, entre elas São Paulo e Brasília, convocaram para esta quarta-feira, 26, protestos contra o deputado. "Quem derrubou o preço das tarifas vai derrubar Feliciano", diz a página do evento no Facebook, em referência às manifestações dos últimos dias.

No vídeo, Feliciano afirma ter sido usado como "bode expiatório" pela imprensa para tirar o foco do descontentamento das pessoas. Segundo o deputado, depois que os jornais pararam de falar dele e começaram a mostrar os problemas do Brasil, as manifestações tomaram as ruas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho Federal de Psicologia espera que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) derrube o projeto apelidado de "cura gay", aprovado nesta terça-feira, 18, pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara, presidida pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP). A proposta aprovada suspende trecho da resolução do Conselho de Psicologia de 1999 que proibiu profissionais da área de colaborar com eventos e serviços que ofereçam tratamento e cura de homossexualidade, além de vedar manifestação que reforce preconceitos sociais em relação aos homossexuais. O projeto passará ainda por duas comissões antes de chegar ao plenário da Casa.

"Nossa expectativa é de que na CCJ isso caia, porque entendemos ser inconstitucional a Câmara legislar sobre o exercício de uma profissão", disse Cynthia Ciarello, conselheira do Conselho Federal de Psicologia. "Os conselhos são uma autarquia pública e a resolução visa proteger a sociedade dos serviços dos profissionais, evitando preconceito e discriminação", complementou.

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Ela destacou que a resolução não impede o atendimento de homossexuais por psicólogos, mas apenas que o caso seja tratado como uma doença. "Não há nenhum impedimento de atender pessoas. O profissional está impedido em compreender o caso como de patologia", disse Cynthia. A conselheira observou ainda que a Organização Mundial de Saúde (OMS) já tem decisões que não permitem relacionar homossexualidade a patologia.

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara, presidida pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP), aprovou a proposta que suspende trecho da resolução do Conselho Federal de Psicologia de 1999 que proibiu profissionais da área de colaborar com eventos e serviços que ofereçam tratamento e cura de homossexualidade, além de vedar manifestação que reforce preconceitos sociais em relação aos homossexuais. Apelidado de "cura gay", o projeto seguirá ainda para duas comissões antes de ir a plenário.

A bancada evangélica tenta aprovar a proposta há dois meses. Na sessão desta terça-feira, Feliciano cortou em alguns momentos a palavra do deputado Simplício Araújo (PPS-MA), o único titular da comissão a se posicionar de maneira contrária, para evitar que novamente a sessão se alongasse e o início da ordem do dia no plenário impedisse a aprovação.

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Ex-coordenador da bancada evangélica, o deputado João Campos (PSDB-GO) é o autor do projeto. Ele argumenta que o Conselho extrapolou suas atribuições restringindo a atuação de profissionais. "O Conselho Federal de Psicologia, ao restringir o trabalho dos profissionais e o direito da pessoa de receber orientação profissional, por intermédio do questionado ato normativo, extrapolou o seu poder regulamentar", diz o tucano.

O relator Anderson Ferreira (PR-PE), que também é pastor, destacou em seu voto que a resolução proíbe ainda os psicólogos de fazerem manifestações públicas sobre o tema. Para ele, isso seria um cerceamento à "liberdade de pensamento e de manifestação" dos profissionais. Na visão do relator, o projeto defende o livre exercício da profissão de psicólogo. "Seu texto constitui uma defesa da liberdade de exercício da profissão e mesmo da liberdade individual de escolher um profissional para atender a questões que dizem respeito apenas a sua própria vida, sem prejudicar outrem".

Simplício Araújo afirmou que a bancada evangélica mobilizou-se para a aprovação por motivos eleitorais e que a proposta não deve sobreviver à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) porque não caberia ao Congresso revogar atos de órgãos de classe. "Hoje temos projetos, que como esse aqui, me envergonham de estar dentro dessa Casa. Estamos perdendo tempo com uma discussão que vai estar vencida. O que se quer aqui é uma ponte para ganhar voto", disse Araújo. "Não existe tratamento para o que não é doença. A doença que temos de combater é a cara de pau de alguns políticos", complementou.

A comissão de Direitos Humanos aprovou ainda um requerimento para promover um debate sobre "a erotização das nossas crianças através de imagens, de músicas nos meios de comunicações, cartilhas educativas e demais exposições".

A comissão de Direitos Humanos da Câmara, presidida pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP), teve de adiar novamente a votação do projeto que suspende trecho da resolução do Conselho Federal de Psicologia de 1999 que proibiu profissionais da área de colaborar com eventos e serviços que ofereçam tratamento e cura de homossexualidade, além de vedar manifestações que reforcem preconceitos sociais em relação aos homossexuais. A reunião foi interrompida após o início da Ordem do Dia no plenário da Casa. Feliciano prometeu insistir e anunciou que o projeto, apelidado de "cura gay", continuará na pauta da comissão até sua votação.

Apesar da nova mobilização da bancada evangélica, um movimento de obstrução do deputado Simplício Araújo (PPS-MA) fez com que a sessão se alongasse até o início dos trabalhos no plenário. Ele pede aos colegas mais tempo para analisar a proposta e sugere que o Congresso não deveria intervir numa decisão de um conselho de profissão. O deputado do PPS chegou a bater boca com Feliciano ao ter o áudio do seu microfone cortado.

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"Isso aqui é uma ditadura", reclamou o deputado do PPS. "Vossa excelência está tumultuando, me respeite", rebateu o presidente da comissão. "Está tolhendo a minha palavra", disse Simplício. "Vou tolher enquanto for presidente dessa comissão", encerrou Feliciano.

A bancada evangélica tenta aprovar a proposta desde o mês passado. Ex-coordenador do grupo, o deputado João Campos (PSDB-GO) é o autor do projeto. Ele argumenta que o Conselho extrapolou suas atribuições restringindo a atuação de profissionais. "O Conselho Federal de Psicologia, ao restringir o trabalho dos profissionais e o direito da pessoa de receber orientação profissional, por intermédio do questionado ato normativo, extrapolou o seu poder regulamentar", diz o tucano.

O relator, Anderson Ferreira (PR-PE), que também é pastor, destacou em seu voto que a resolução proíbe ainda os psicólogos de fazerem manifestações públicas sobre o tema. Para ele, isso seria um cerceamento à "liberdade de pensamento e de manifestação" dos profissionais. Na visão do relator, o projeto defende o livre exercício da profissão de psicólogo. "Seu texto constitui uma defesa da liberdade de exercício da profissão e mesmo da liberdade individual de escolher um profissional para atender a questões que dizem respeito apenas à sua própria vida, sem prejudicar outrem".

Feliciano disse após o encerramento da sessão que poderá colocar o projeto em votação nesta quarta-feira, 12, ou na próxima semana. Destacou que insiste no tema por ser esta a única proposta em tramitação na comissão que já tem parecer apresentado. "Não podemos mais deixar esse assunto protelar". Ele reclamou das "manobras" que tem atrasado o trâmite da proposta e afirmou que o projeto defende os direitos humanos por proteger psicólogos que tem sua liberdade profissional atacada pela resolução.

O projeto teve de passar pela Comissão de Direitos Humanos atendendo a pedido feito no ano passado por um dos opositores, o deputado Domingos Dutra (PT-MA), ex-presidente do colegiado. Ele solicitou que a comissão analisasse a proposta após o projeto ter recebido parecer favorável na comissão de Seguridade Social e Família de Roberto Lucena (PV-SP), um dos apoiadores de Feliciano. Como a bancada evangélica tomou conta da comissão neste ano, a tendência é que a proposta acabe sendo aprovada nas próximas sessões.

Um dia depois de subir ao palco e ser ovacionado por milhares de pessoas na manifestação liderada pelo pastor Silas Malafaia, evento que contou com ataques à comunidade LGBT, o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) desceu nesta quinta-feira ao subsolo da Câmara dos Deputados e teve de ouvir críticas indiretas dos também deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Érika Kokay (PT-DF).

Feliciano participou nesta manhã de um debate sobre o documentário "Mais Náufragos que Navegantes", do diretor Guillermo Planel, exibido no auditório Nereu Ramos da Câmara. Ele se definiu como um "corpo estranho" no local e se disse "um aprendiz dos direitos humanos".

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Feliciano foi convidado como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa. A princípio, a organização do evento chegou a cogitar realizar uma mesa de debates com os parlamentares, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e o diretor do filme. A posição foi revista porque poderia causar constrangimento, pois a ministra, Wyllys e Kokay são críticos à permanência de Feliciano na Comissão de Direitos Humanos. No final das contas, Maria do Rosário não pôde comparecer por estar em viagem oficial; os três deputados, por sua vez, ocuparam a plateia do auditório e subiram ao palco, um por vez, apenas para discursarem.

Jean Wyllys não se referiu diretamente a Feliciano, mas condenou a marcha desta quarta-feira. "Ontem houve uma manifestação que deveria ser de valores cristãos virou algo anti-homossexual", disse, em referência ao evento promovido pelo pastor Silas Malafaia - o evento nesta quarta-feira na esplanada foi recheado de ataques ao movimento LGBT.

'Corpo estranho'

Feliciano, que chegou na parte final do documentário e pediu uma cópia do filme para "aprender mais" sobre o tema, foi o segundo a subir ao palco e confessou que se sentia "um corpo estranho" no auditório. Em seguida, sem fazer referências diretas à Jean Wyllys, o deputado do PSC alegou que existe um "ataque ao cristianismo" no Brasil. "Represento essa comunidade cristã que é atacada", alegou. Em sua fala, o pastor disse que, a princípio, havia resistido ao convite de participar do encontro, mas que aceitou pela insistência dos organizadores.

Na sua vez de falar, Érika Kokay saiu em defesa de Jean Wyllys. "Aqui nós não podemos permitir que sejam distorcidas as palavras. O deputado Jean não veio aqui para atacar o cristianismo. Ele veio aqui para dizer que a lógica do cristianismo é da fraternidade. Um segmento não pode se apoderar dessa concepção e negar todas as outras", afirmou. De acordo com ela, é incompatível defender os direitos humanos discriminando, ao mesmo tempo, a comunidade LGBT. "Hoje, na Comissão de Direitos Humanos (presidida por Feliciano), temos que defender os direitos humanos das concepções que ali estão postas".

Um pedido de vista feito do deputado Simplício Araújo (PPS-MA) impediu nesta terça-feira a votação, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, do projeto que suspende trecho de resolução do Conselho Federal de Psicologia de 1999 que proibiu profissionais da área de "tratar" homossexualidade, proposta apelidada de "cura gay". O pedido tem validade de duas sessões.

A ação regimental impediu o sucesso de uma mobilização da bancada evangélica que desejava aprovar a proposta na comissão presidida pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP) na véspera de uma manifestação convocada pelo pastor Silas Malafaia que pretende reunir dezenas de milhares de pessoas em Brasília contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Antes de seguir para o plenário da Casa, o projeto precisa ainda ser votado por outras duas comissões, as de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça.

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A proposta da "cura gay" chegou à comissão em fevereiro, já sob o comando de Feliciano, mas ironicamente teve a tramitação iniciada pela Comissão de Direitos Humanos a pedido de um dos rivais do pastor, o ex-presidente Domingos Dutra (PT-MA). Foi ele quem pediu que a comissão participasse do debate, antes restrito aos outros dois colegiados.

Araújo justificou o pedido de vista argumentando não se sentir preparado para decidir sobre o assunto. "Estou diante de um projeto polêmico para sociedade e para votá-lo preciso estar seguro e nesse momento não tenho segurança para esse voto. Gostaria que isso fosse respeitado. Gostaria de avaliar esse projeto da forma como tem de ser avaliado, retirando dele todo e qualquer corporativismo e coisa parecida".

Feliciano fez críticas à imprensa pelo apelido de "cura gay" do projeto. Reclamou que até os veículos oficiais da Câmara estavam usando o apelido. Ressaltou que pedirá à Presidência da Câmara esclarecimentos sobre a veiculação do apelido em redes sociais pelos veículos da Casa.

O autor da proposta é o ex-coordenador da bancada evangélica João Campos (PSDB-GO). Ele argumenta que o conselho "usurpou a competência do legislativo" ao tratar do tema. "A competência para expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências não pode ser compreendida como competência para complementar a Constituição Federal, muito menos como competência para inovar no campo legislativo", diz o deputado.

O relator, Anderson Ferreira (PR-PE), afirmou que sustar o trecho da resolução é defender a liberdade dos psicólogos e seus pacientes. "Seu texto constitui uma defesa da liberdade de exercício da profissão e mesmo da liberdade individual de escolher um profissional para atender a questões que dizem respeito apenas à sua própria vida, sem prejudicar outrem".

Mesmo com a votação adiada, parlamentares aproveitaram para manifestar posição favorável à proposta. Eles afirmam que a opção de tratamento será apenas para quem desejar procurar um profissional da área. "Ninguém está falando que a partir desse momento pessoas vão sair correndo atrás dizendo: você é doente, você tem que se curar. É para quem procurar ajuda", disse Liliam Sá (PSD-RJ).

O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), polêmico presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, fez um discurso na tribuna da Casa no dia 19 de fevereiro defendendo o também pastor Marcos Pereira da Silva, preso na noite de terça-feira (7) sob a acusação de estuprar duas fiéis da igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias (Adud). A sede da comunidade fica em São João de Meriti, na Baixa Fluminense.

Em sua fala, Feliciano elogia Silva, bem como pastor Silas Malafaia, e afirma que os dois estão sendo vítimas de perseguição. "Eles têm sofrido retaliações pela mídia e por autarquias, que deveriam ser um pouquinho mais administradas por esta Casa (Câmara)", diz, citando uma reportagem do SBT.

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O pastor lembra que Silva é conhecido nacional e internacionalmente por seu trabalho e afirma que ele está sendo alvo de difamação. "Estão destruindo a imagem de um homem que gasta sua vida dentro do Rio de Janeiro indo para prisões e para os presídios", acusa Feliciano. "Já falaram outras coisas e ele permanece de pé", conclui.

Na madrugada desta quinta-feira, 9, o deputado voltou a defender o pastor Marcos Pereira, dessa vez indiretamente, replicando o seguinte comentário de um de seus seguidores no Twitter: "Imprensa tem provas contra Marcos Pereira? Talvez um delegado sem crimes para investigar".

Desde que Feliciano assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos, as reuniões são marcadas por protestos de parlamentares e militantes contrários à sua permanência no colegiado.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), começou a aparecer na última terça-feira, 7, em vídeos na TV defendendo o que chamou de "valores da família verdadeira". A inserção de 30 segundos integra uma série de outras 23 que o partido pretende colocar no ar nos próximos dias 9, 11 e 16 - todas abordando a mesma temática.

"Somente recuperando os valores da família verdadeira vamos continuar crescendo, com educação, saúde e trabalho para todos os brasileiros. O PSC acredita nisso. Vamos juntos fazer um Brasil melhor", diz o pastor no comercial da sigla.

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No início de todos os vídeos, uma criança fala da importância de cada membro da família. "Mãe é aquela que ama de verdade. Pai é aquele que cuida com amor", diz. E afirma que, na ausência deles, o amor pode vir de tios, tias, avôs e avós.

O último trio elétrico da 17ª Parada Gay, que será realizada no dia 2 de junho na Avenida Paulista, em São Paulo, vai protestar contra pessoas que tentaram diminuir os direitos conquistados pelos homossexuais. O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que colocou na pauta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, da qual é presidente, a votação do projeto chamado de "cura gay", será lembrado durante a manifestação. "Não queremos retrocesso como tem sido imposto por religiosos e fundamentalistas", afirmou o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT, Fernando Quaresma, em evento nesta quinta-feira, 2, para divulgação da programação da parada.

O diretor-executivo da associação, Nelson Matias, afirmou que o trio elétrico será em protesto contra todos os "infelicianos". "O quadro é caótico em Brasília com a presença do Feliciano na Comissão de Direitos Humanos. Mas ele é só a ponta do iceberg", disse. "Se todos fossem considerados cidadãos, a gente não precisaria estar tomando as ruas. Estamos vivendo uma era de retrocesso, uma era das cavernas."

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O tema da parada este ano será "Para o armário nunca mais! União e Conscientização na luta contra a homofobia". O objetivo dos organizadores é lutar contra possíveis retrocessos nos direitos já conquistados pela comunidade GLBT. Após três anos sem show de encerramento, a Parada Gay terá a cantora Ellen Oléria como atração final. Vencedora da primeira temporada do reality show The Voice Brasil, da TV Globo, no ano passado, Ellen é homossexual e chegou a levar sua namorada ao programa.

A Associação da Parada do Orgulho GLBT também procurou a cantora Daniela Mercury, que em abril assumiu ter um relacionamento amoroso com uma mulher. A artista cantaria o Hino Nacional ou estaria em um dos trios elétricos, porém sua participação ainda não foi confirmada. Até a manhã desta quinta, 17 trios elétricos já estavam confirmados na parada. A organização espera contar com 22 carros de som - no ano passado, foram 14. A Polícia Militar pretende levar 1.200 policiais para o evento, além de fazer o monitoramento de ocorrências com câmeras e helicópteros.

O chamado "projeto de cura gay" será votado pelo plenário da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados no próximo dia 8, segundo decisão do presidente Marco Feliciano (PSC-SP). A proposta pretende suspender artigos de resolução de 1999 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), segundo os quais profissionais da área não podem atribuir caráter patológico à opção sexual. O Projeto de Decreto Legislativo de 2011, de João Campos (PSDB-GO), recebeu parecer favorável do deputado Anderson Ferreira (PR-PE). Feliciano, o autor do projeto e o relator são pastores evangélicos.

O projeto é a primeira proposta polêmica a entrar na pauta da comissão desde a eleição de Feliciano, em março. Se aprovado pelo grupo - a maioria dos 18 integrantes é da Frente Parlamentar Evangélica -, segue para a Comissão de Seguridade Social e Família e, em seguida, para a Comissão de Constituição e Justiça.

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De acordo com o projeto, o CFP, "ao restringir o trabalho dos profissionais e o direito da pessoa de receber orientação profissional, extrapolou o seu poder regulamentar". O texto propõe, então, a suspensão dos artigos 3.º e 4.º da resolução do CFP, segundo os quais os psicólogos "não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade" nem se pronunciarão "de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica".

Em seu parecer favorável ao texto de Campos, Ferreira disse: "Seu texto constitui uma defesa da liberdade de exercício da profissão e mesmo da liberdade individual de escolher um profissional para atender a questões que dizem respeito apenas à sua própria vida, sem prejudicar outrem", disse.

O CFP produziu relatório sobre o projeto no qual afirma que a resolução não trata de negar a escuta psicológica, mas de "não admitir ações de caráter coercitivo e dirigidas pelo preconceito, como quando alguns psicólogos afirmam que a homossexualidade pode e deve ser ‘invertida’". Segundo o CFP, o debate sobre o projeto se dá em torno de tradição "de exclusão, desrespeito, humilhações e violência que também é reproduzida no Parlamento pelo fundamentalismo religioso e pelas posições homofóbicas seculares." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) novamente preside uma sessão da comissão de Direitos Humanos com portas fechadas. Desta vez foi permitida a entrada apenas de apoiadores do deputado, a maioria de grupos evangélicos, que o aplaudiram quando entrou na sala. Um manifestante que conseguiu se infiltrar no plenário foi expulso ao afirmar que só deixaram entrar a "patota".

A sessão conta apenas com a presença de deputados apoiadores de Feliciano. Ele recebeu diversos elogios dos colegas e afirmou que só entrarão na comissão "pessoas de bem". "Pedi para a Polícia Legislativa observar o perfil porque pelo perfil é possível saber quem é ordeiro", disse. "A ordem dada é para que entrem pessoas de bem e que saibam se manifestar de maneira silenciosa", reiterou.

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Feliciano comentou ainda a decisão de parlamentares adversários de deixar a comissão. Ele ressaltou não ter recebido comunicado formal sobre o tema, mas lamentou. "É lamentável. Eu procurei, sentei com cada um e não há acordo, eles dizem que são extremos", afirmou. "Sinto que querem desestabilizar a nossa comissão", complementou.

A comissão faz uma audiência pública sobre saúde indígena. Os apoiadores de Feliciano o aplaudiram em alguns momentos, sem que a segurança tomasse qualquer medida. Quando um manifestante contrário, porém, questionou a composição do plenário foi retirado de imediato. "Botaram uma patota para aplaudir e deixaram o povo do lado de fora", gritou o manifestante, que se identificou como Antonio José de Souza, assessor de uma federação de trabalhadores rurais do Ceará.

O deputado Simplício Araújo (PPS-MA) protestou contra a atuação da Polícia Legislativa e deixou o plenário da comissão. "A forma como colocaram a pessoa para fora está errado. Existem pessoas com camisa apoiando o presidente e não foi feito nada", disse Simplício. Ele afirmou que vai questionar a atitude da segurança para a presidência da Casa, mas disse que pretende continuar na comissão.

Beijaço gay

Do lado de fora, alguns manifestantes aproveitaram os momentos em que as portas eram abertas para fazer gritos contra Feliciano. Mais cedo, manifestantes fizeram um "beijaço gay" em frente ao Congresso para protestar contra o deputado. Quatro ativistas foram detidos pela Polícia Legislativa quando tentaram colocar uma bandeira do arco-íris, símbolo do movimento LGBT, em um dos prédios da Casa.

 

No início de 2012, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) propôs uma lei para tornar sua cidade natal a "capital nacional do futsal" - Orlândia, a 362 km da capital, abriga o atual campeão nacional do futebol de salão e o maior ídolo do esporte, Falcão. Um ano depois, o município de 39 mil habitantes obteve a projeção nacional almejada pelo parlamentar. Não pelos dribles nas quadras, mas pelo arranjo partidário que o levou ao comando da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Orlândia e o pastor ainda dão o que falar.

As polêmicas resultantes do conflito entre o Feliciano pastor evangélico e o Feliciano presidente de uma comissão laica deram maior projeção política ao deputado, inclusive em sua cidade. O parlamentar obteve em Orlândia 2 mil dos 212 mil votos que fizeram do estreante nas urnas o 12.º deputado mais votado do Estado em 2010. Feliciano saiu sem apoio de grupos locais e até o fim de 2012 queixava-se de não ter sido recebido ou procurado pelo ex-prefeito Rodolfo Meireles (PSDB), mesmo depois de eleito.

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"Nenhuma liderança política me deu apoio, por isso saí por aí", disse Feliciano em 2012 a uma rádio local, ao explicar por que não havia destinado emendas para a cidade, onde mora com a mulher e três filhas. "Meu mandato veio do meu povo, do povo evangélico."

Feliciano recebeu votos em 641 dos 645 municípios paulistas, graças às turnês como pregador e cantor - ele diz ter passado por mais de 1.700 cidades no País. Pela TV, internet e telefone, vende livros (18), CDs (dois) e DVDs (são 350). No início do mandato, postou no Twitter frases que foram consideradas racistas e homofóbicas - e que motivam os protestos contra sua permanência na comissão da Câmara.

Filho de um relacionamento extraconjugal do pai, Feliciano nasceu em Orlândia em 1972, foi engraxate e coroinha da igreja católica aos 8 anos. Converteu-se evangélico aos 11 anos e, aos 16, passou a fazer suas pregações teatrais, carregadas de gritos, choros, saltos no ar e momentos de euforia que provocam catarse coletivo na plateia.

Aos 27 anos, passou um período nos Estados Unidos, de onde voltou catedrático em religião. Em 2009, fundou sua igreja, a Catedral do Avivamento, braço da Assembleia de Deus, que tem hoje 15 templos e sede em Orlândia.

O valor arrecadado pela igreja não é revelado, mas Feliciano montou negócios a partir dela: a Marco Feliciano Empreendimentos Culturais e Eventos; a Grata Music; a Tempo de Avivamento Empreendimentos; e a Kakeka Comércio Varejista de Brinquedos e Artigos do Vestuário. As três últimas não estariam funcionando, apesar de ativas para a Junta Comercial. Há um pedido de investigação na Corregedoria da Câmara para apurar, entre outras coisas, a omissão de propriedade de duas empresas, a GMF Consórcios e a Cinese (Centro de Inteligência Espiritual) nas declarações à Justiça Eleitoral.

No documento apresentado em 2010, o pastor informou ter bens de R$ 634,8 mil. A mansão em que mora com a mulher e as filhas fica num terreno de 600 m², foi declarada por R$ 60 mil, mas, segundo um corretor de Orlândia, vale mais de R$ 500 mil. Em seu nome há outros seis imóveis na cidade e cinco carros.

Nem a eleição em 2010 deu a Feliciano o status de liderança política local, mas isso pode mudar agora. "Ele teve votação inexpressiva na cidade, até porque não fazia parte do quadro político local", diz a atual prefeita, Flávia Gomes (PSB). Ao contrário do antecessor, ela tenta se aproximar do deputado.

"A cidade precisa de um ginásio para a equipe de futsal, verba para saneamento. Tendo um parlamentar daqui, apesar das divergências políticas, é importante abrir essa porta. Orlândia não recebeu uma emenda por conta dessa divergência", diz Flávia, que em fevereiro recebeu Feliciano em seu gabinete. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em Orlândia, uma família em especial sentiu-se incomodada com as pregações do pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) divulgadas recentemente no YouTube. A viúva e as duas filhas do piloto Jorge Martins, comandante do avião Learjet 25, que caiu em março de 1996 com a banda Mamonas Assassinas, são da mesma cidade do parlamentar, hoje presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. "Foi um comentário infeliz, numa hora infeliz", diz a empresária Cristiane Parreira Martins, de 43 anos. "Sou moradora de Orlândia há 43 anos, tenho uma filha de 20 anos e uma de 18 e sou conhecida na cidade, como ele é. Foi uma atitude, uma pregação infeliz."

No vídeo, em um culto em 2005 em Camboriú (SC), Feliciano diz que sua mulher estudou com a viúva do piloto - Cristiane nega - e afirma que Deus teria derrubado o avião que transportava os cinco músicos da banda por causa de suas músicas. Para o pastor, que só cinco anos depois entraria na política, os Mamonas "tentaram colocar palavras torpes na boca das nossas crianças". Hildebrando Alves, pai do vocalista Dinho, disse que vai processar Feliciano pelas declarações.

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A viúva do piloto prefere agir de forma diferente. "Neste momento, eu consigo sentir dó, pena de um comentário que chegou a me perturbar, como perturbou às minhas filhas. Mas a gente têm de ser superior nessa hora", afirma Cristiane. "Quando o vídeo foi colocado na internet, nos machucou, nos feriu. Porque ele nos conhece, conhece minhas filhas, e sabia que aquela pregação infeliz e inútil nos machucaria."

Cristiane compara o conceito de Deus exposto nas pregações de Feliciano. "Se Deus, o Deus do Marco, queria tirar esse grupo que cantava músicas ‘inconsequentes’ - sei lá como ele chamou -, o que o meu marido tinha a ver com isso? Ele não cantava, era o piloto, estava trabalhando, com uma filha de 1 ano e uma de 3 anos em casa", diz a viúva. "A gente tem de acreditar que o mesmo Deus dele não é meu Deus." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um grupo de evangélicos arregimentados por apoiadores do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) realizou nesta quarta-feira um protesto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pedindo que os deputados José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP) deixem o colegiado. Em paralelo, deputados ligados aos Direitos Humanos, majoritariamente do PT, anunciaram uma debandada da comissão com uma renúncia coletiva e a retirada de projetos que tramitam pelo colegiado. Feliciano presidiu os trabalhos novamente com portas fechadas ao público.

Diferente dos embates nos corredores da Casa que se repetiram ao longo do dia, o protesto na CCJ foi silencioso. Aproximadamente 20 manifestantes exibiram cartazes com as frases "Fora dep. Genuíno (sic)" e "Fora dep. João Paulo Cunha". No grupo, pastores e fiéis da igreja Assembleia de Deus do Gama, cidade satélite de Brasília. João Paulo Cunha não compareceu à comissão, enquanto Genoino tentou ignorar: "Não respondo a provocação", disse ele a jornalistas.

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Feliciano mais uma vez fechou a reunião ao público. Ele comunicou a decisão à Mesa Diretora da Câmara afirmando ter informações sobre novos protestos contra sua permanência no cargo. Apenas representantes indígenas puderam participar da audiência, que discutiu uma ação da Polícia Federal em área indígena no Pará.

Enquanto o pastor tentava demonstrar normalidade no trabalho, deputados da Frente Parlamentar dos Direitos Humanos decidiram por uma renúncia coletiva. O movimento é comandado pelo PT, que tem quatro titulares entre os 18 da comissão, e teve apoio de Jean Willys (PSOL-RJ), titular, e Luiza Erundina (PSB-SP), suplente. A decisão ainda não foi formalizada. A debandada não inviabiliza os trabalhos, mas explicita que apenas evangélicos continuam no colegiado.

"Não podemos legitimar o que está acontecendo na comissão, onde se quebrou a pluralidade e se instalou uma maioria artificial com um pensamento único", disse o deputado Nilmário Miranda (PT-MG), ex-ministro da área.

Outra ação dos opositores de Feliciano será a retirada de projetos que tramitam na comissão. "Como a comissão se transformou num bunker de um homofóbico, sexista e racista é impossível uma discussão democrática dessas propostas", afirmou Erika Kokay (PT-DF). Entre os projetos que devem ser retirados está um de Jean Willys que busca regulamentar a profissão de prostituta, proposta que teve a relatoria entregue por Feliciano ao deputado Pastor Eurico (PSB-PE). Feliciano minimizou a debandada: "O quórum está feito e temos condições de trabalhar".

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu nesta semana ao Supremo Tribunal Federal (STF) que abra um processo criminal contra o deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) por discriminação contra homossexuais.

No documento enviado ao STF, Gurgel sustenta que o congressista veiculou mensagens no Twitter que induzem à discriminação dos homossexuais em razão da orientação social. Segundo o procurador, na mensagem, Feliciano afirmou que a "podridão" dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime e à rejeição. "A simples leitura da declaração do investigado evidencia o seu caráter discriminatório e agressivo", opinou Gurgel.

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"É evidente que há justa causa para a instauração de ação penal, na medida em que a declaração feita pelo investigado na rede social violou direitos fundamentais elementares e instigou os demais membros da sociedade, principalmente seus seguidores, a adotarem semelhante postura", completou o procurador.

Gurgel observou que a homossexualidade é hoje uma "realidade fática inegável" no Brasil e no mundo. "Embora os homossexuais tenham sempre existido na história da humanidade, é certo que, com a liberalização dos costumes, o fortalecimento dos movimentos de luta pela identidade sexual de gays e lésbicas e a redução do preconceito, um número cada vez maior de pessoas tem passado a assumir publicamente a sua opção sexual", acrescentou.

O procurador disse que foram superadas visões preconceituosas e anacrônicas sobre a homossexualidade, como as que a consideravam um pecado ou uma doença. Para Gurgel, Feliciano não pode alegar que, como deputado, tem direito à imunidade parlamentar.

"A expressão de natureza homofóbica de induzimento e incitação à discriminação de homossexuais não se encontra correlacionada ao exercício do mandato parlamentar e, portanto, não há incidência da cláusula constitucional de atipicidade material da conduta, como quer o investigado", disse.

Estelionato

Além da acusação de veicular mensagem discriminatória contra homossexuais, Feliciano enfrenta um processo no STF por estelionato. Na semana passada, ele prestou depoimento no tribunal no qual novamente negou que tenha cometido crime. O deputado foi acusado de ter recebido dinheiro para fazer um culto no Rio Grande do Sul, mas não ter aparecido. No depoimento, o parlamentar disse que devolveu o dinheiro com juros e correção monetária.

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