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O presidente Jair Bolsonaro em um discurso rápido, afirmou que as Forças Armadas, conforme determina a Constituição, não medirão esforços para garantir a liberdade do povo brasileiro. Durante a solenidade de troca na chefia do Comando Militar do Sudeste (CMSE) em São Paulo, nesta quinta-feira (15), Bolsonaro abriu mão de usar expressões como "meu exército" e disse que as Forças Armadas pertencem ao povo. "O povo brasileiro pode continuar contando com o seu Exército."

"A nossa nação tem uma vocação, a liberdade acima de tudo, e a certeza desse povo maravilhoso - de mais de 210 milhões de pessoas - que as suas Forças Armadas sempre, dentro das quatro linhas da Constituição, não medirão esforços para garantir o oxigênio da vida, que é a nossa liberdade", disse o mandatário.

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No discurso, Bolsonaro agradeceu, em especial, o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, que substitui o general Eduardo Antonio Fernandes no CMSE, e o empresário Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), aliado político e opositor do governador João Doria (PSDB). "Um homem que colaborou desde o início para que o nosso colégio militar cada vez mais se transformasse numa realidade", afirmou Bolsonaro sobre o empresário.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) anulou a convocação do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, pela Comissão de Fiscalização e Controle da Casa, que havia sido aprovada no último dia 31. O ministro teria que explicar os processos de compras realizados pelas Forças Armadas, que incluíam picanha, cerveja, bacalhau, salmão e filé mignon.

O recurso à Presidência da Câmara foi apresentado pelo líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR). Segundo ele, o pedido de convocação dizia respeito ao ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro dois dias antes, e não poderia ser redirecionado a Braga Netto.

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Na decisão, Lira relata que o presidente da comissão, Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), "resolveu riscar do requerimento o nome da autoridade convocada", para redirecionar a convocação de Braga Netto - nomeado em 30 de março, mas com posse apenas em 1º de abril. A questão de ordem contrária à convocação foi apresentada por Aluísio Mendes (PSC-MA), mas foi negada.

Ao aceitar o recurso, Lira argumentou que o regimento da Câmara estabelece que a convocação de ministros de Estado tem "caráter pessoal, não se podendo, portanto, aprovar requerimento de convocação sem expressamente nominar a autoridade a ser convocada". Para justificar a decisão, Lira afirma que Braga Netto ainda não havia tomado posse no dia da aprovação do requerimento.

Numa convocação, o ministro é obrigado a comparecer, diferentemente de um convite, que costuma ser a medida mais usada pelos parlamentares. Ao propor a convocação, Elias Vaz (PSB-GO) disse que a vinda de Braga Netto seria uma oportunidade para que o ministro esclarecesse a crise que resultou na demissão de Azevedo e de toda a cúpula dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

O ministro Marco Aurélio Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 15 dias para que o presidente Jair Bolsonaro envie, caso queira, explicações sobre uma declaração dada em março, quando defendeu o uso das Forças Armadas para a manutenção da liberdade na pandemia.

"Notifiquem o requerido [Bolsonaro] para, querendo, apresentar manifestação no prazo de 15 dias", escreveu o ministro em despacho na última quinta-feira, 8. O presidente não é obrigado a responder ao pedido de explicações.

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Na ocasião, em discurso aos apoiadores no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que 'tiranos tolhem a liberdade das pessoas', em referência a governadores e prefeitos que impuseram restrições à circulação de pessoas para frear o avanço do coronavírus.

"Alguns tiranetes ou tiranos tolhem a liberdade de muitos de vocês. Pode ter certeza, o nosso Exército é o verde oliva e é vocês também. Contem com as Forças Armadas pela democracia e pela liberdade", disse. "Estão esticando a corda, faço qualquer coisa pelo meu povo. Esse qualquer coisa é o que está na nossa Constituição, nossa democracia e nosso direito de ir e vir", prosseguiu.

Bolsonaro foi chamado a se manifestar em uma petição movida pelo deputado federal Elias Vaz Andrade (PSB). O parlamentar afirma que o presidente sugestiona a prática de atos criminosos e acusa as autoridades públicas de forma ambígua.

"Além de ameaçar os destinatários da mensagem (do qual se desconhece ao certo) que as ações podem ser estímulos a intervenção do Exército Brasileiro e das forças armadas para manutenção da democracia e liberdade, como se houvesse atos violadores destes direitos fundamentais", argumenta o deputado.

A ação é uma interpelação judicial. Neste tipo jurídico, que tem potencial de subsidiar eventuais ações penais, o objetivo é garantir espaço para esclarecimento preliminar de ações ou fatos questionados. "Para o bem da sociedade que se pretende seja conhecedora dos fatos: que se esclareçam as coisas", afirma o deputado federal Elias Vaz Andrade.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 8, que a sociedade brasileira sempre contou com as Forças Armadas "nos momentos mais difíceis que a nação já viveu". Ele ressaltou que as instituições são leais à população, além de permanentes. "Nós passamos, as instituições ficam", disse. O chefe do Executivo também fez referência à pandemia da covid-19 e afirmou que "dias de glória surgirão".

"A nossa população bem sabe que o nosso compromisso dentro das quatro linhas da constituição será cumprido", disse em cerimônia para cumprimento de oficiais-generais das Forças Armadas promovidos. "O momento que vivemos passará, tenho certeza que dias de glória surgirão e nós poderemos dizer que cumprimos com o nosso dever. Nós passamos, as instituições ficam", declarou Bolsonaro.

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Acompanhado do vice-presidente Hamilton Mourão e ministros, o presidente participou da solenidade em que cumprimentou 57 oficiais-generais da Marinha, Exército e Aeronáutica promovidos. Os cumprimentos foram acompanhados pelos comandantes demitidos na semana passada Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa Júnior (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica), que ainda devem formalizar a transmissão de seus cargos.

A cerimônia foi realizada no Salão Nobre do Palácio do Planalto. O evento foi mais um dos realizados no Palácio com aglomerações em meio à pandemia da covid-19. Conforme o Estadão mostrou, o governo promoveu mais de 40 eventos do tipo no local desde o início da crise sanitária.

Em cerimônia de promoção de generais-oficiais, nesta quinta-feira, 8, o presidente Jair Bolsonaro utilizou a expressão "meu Exército" ao conjunto das forças militares terrestres do País. A citação tem sido interpretada como uma tentativa do presidente de utilizar politicamente as Forças Armadas, o que abriu uma crise na semana passada com o alto comando das instituições.

"Agradeço ao meu Exército brasileiro, o qual ainda integro, ao nosso Exército brasileiro, por este momento. Temos certeza que venceremos os desafios e cada vez mais colocaremos o Brasil no local de destaque que ele bem merece", declarou Bolsonaro, que tem patente capitão do Exército - Força que deixou antes de se tornar político.

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A insatisfação de Bolsonaro com a antiga cúpula militar do País culminou com a troca do ministro da Defesa e dos comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica, mudança inédita em tão pouco tempo.

As substituições no comando do Ministério da Defesa aconteceram após incômodo de Bolsonaro com o general Fernando Azevedo e Silva, então titular da pasta. O chefe do Poder Executivo queria um apoio político mais explícito das Forças Armadas ao seu governo, algo que Azevedo e o ex-comandante do Exército Edson Pujol se negaram a fazer. Pujol também foi demitido semana passada. Hoje, oito ministros de Bolsonaro têm formação militar. Integrantes das Forças Armadas também administram estatais importantes como a Petrobras, os Correios e a usina de Itaipu.

Bolsonaro fez uma ressalva, durante o evento de hoje, de que a atuação dos militares deve seguir o que orienta a Constituição Federal. "O nosso Exército, tradição, o nosso Exército de respeito, de orgulho, bem como reconhecido por toda nossa população, representa para o nosso Brasil uma estabilidade. Nós atuamos dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Devemos e sempre agiremos assim. Por outro lado, não podemos admitir quem por ventura queira sair deste balizamento".

O presidente também afirmou que as Forças Armadas devem seguir o que deseja a maioria da população. "Os momentos são difíceis. Vivemos uma fase um tanto quanto imprecisa, mas temos a certeza pelo nosso compromisso, pela nossa tradição, sempre teremos como lema a nossa bandeira verde e amarela; e a nossa perfeita sintonia com os desejos da nossa população. Assim agiremos."

No lugar de Azevedo, Bolsonaro escalou o então ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, para comandar a Defesa. No Exército, o presidente escolheu o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira como novo comandante.

Apesar de não ser o primeiro na lista de antiguidade do Exército, critério que tradicionalmente era usado para definir o comandante, pesou a favor de Paulo Sérgio o fato de ele ter um perfil apaziguador, hábil no trato com subordinados e um estilo "um manda, outro obedece", como definiu certa vez o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde que teve a gestão marcada somente pelo cumprimento de ordens do presidente.

Pela primeira vez, após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), as Forças Armadas divulgaram os dados sobre a ocupação de leitos para pacientes com Covid-19 nos hospitais militares. Os documentos revelam que as Forças Armadas bloquearam leitos à espera de militares e que há unidades com até 85% de vagas. As informações foram publicadas na Folha de S.Paulo.

Ministério da Defesa, Exército, Aeronáutica e Marinha estão sendo investigados pelo TCU por não oferecerem leitos a civis com Covid-19 nas unidades de saúde das Forças Armadas. Esses hospitais consumiram pelo menos R$ 2 bilhões do Orçamento da União no último ano, conforme auditoria do TCU.

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Para os auditores, os hospitais militares deveriam fazer convênios com o SUS para ampliar o atendimento à população. "Diante de uma carência generalizada de leitos para a internação de pacientes acometidos pela Covid-19, é de se esperar que todos os meios disponíveis estejam à disposição da população brasileira, não sendo possível pensar em reserva de vagas financiadas com recursos públicos para determinados setores da sociedade", disse o ministro Benjamin Zymler ao editar a medida cautelar com a determinação em 17 de março. Para Zymler, a postura das Forças Armadas poderia caracterizar uma contrariedade aos princípios da dignidade humana e da isonomia.

As planilhas, que começaram a ser publicadas nos sites das Forças Armadas, trazem que os leitos são reservados exclusivamente a militares e familiares.

O Exército divulgou a disponibilidade geral de leitos, sem fazer recorte para Covid-19. A instituição diz que as 23 unidades têm 366 leitos e em 14 delas a ocupação é de 50% ou menos. Quanto às UTIs, apenas três hospitais do Exército não estão com todas as vagas ocupadas. 

A Aeronáutica tem 27 unidades, das quais 14 possuem leitos de Covid-19. Quase todas não têm vagas em UTIs, mas no Hospital de Aeronáutica do Recife a ocupação da UTI é de 71,43%. Com relação aos leitos de enfermaria, apenas três estão com 100% da ocupação, enquanto em seis o índice está abaixo da metade.

No Hospital das Forças Armadas (HFA), o índice de ocupação dos leitos de UTI é de 97,5%. Já a enfermaria está com 57,1% da ocupação.

Levando em consideração as recentes trocas e demissões no Governo Bolsonaro, a historiadora e cientista política Heloísa Starling revisitou o histórico de conflitos entre presidentes e militares no Brasil nos últimos anos, em entrevista recente à BBC News Brasil. Ela relembrou que, para dois dos antecessores de Jair Bolsonaro — Getúlio Vargas e João Goulart —, o embate acabou mal.

Na última semana, além da demissão do ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, deixaram também o governo, conjuntamente, os comandantes do Exército, Edson Pujol; o da Marinha, Ilques Barbosa; e o da Aeronáutica, Antônio Carlos Moretti Bermudez. A saída do trio foi vista como um protesto pela demissão de Azevedo, mas nos bastidores, também se especula uma insatisfação pessoal de Bolsonaro com Pujol, que se posicionou publicamente contra a participação dos militares na política.

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Apesar da história, Starling destaca que atualmente os militares não vocalizam um golpe da forma que antes já aconteceu, inclusive, que há pouca movimentação interna favorável a uma troca de poder. "Em 64, não tinha o silêncio que vemos hoje na sociedade e nos quartéis. Não tem hoje um general da ativa falando que precisa de uma intervenção. Não existe uma mobilização social a favor disso. Tem apoio de uma fatia da sociedade, mas ela não é expressiva o suficiente para criar um ambiente favorável para um golpe”, explica a pesquisadora.

A cientista continua e diz, na entrevista, que a mesma situação se vê nos outros dois poderes, o Legislativo e o Judiciário. "Há um apoio de deputados de extrema-direita, mas não do Congresso como um todo e menos ainda no Supremo. Pelo contrário, há falas muito cautelosas, dizendo: 'Não é por aí'."

Retomando os exemplos de Vargas e João Goulart, a historiadora explica que Vargas buscava fazer a transição da ditadura do Estado Novo para a democracia quando foi obrigado a renunciar por um movimento liderado por generais que eram parte da sua ala do governo. Já Jango foi destituído pelo grande golpe de 1964, estopim da ditadura que durou 21 anos, acabando em 1985. A última vez em que houve um confronto semelhante entre as Forças Armadas e o Executivo foi em 1977.

Starling diz que, diante da história do país, pode ser inevitável pensar que o passado está se repetindo. Já houve ao menos 15 tentativas de intervenção militar, nas contas da entrevistada. Duas delas bem sucedidas: em 1937, com o golpe que deu início ao Estado Novo, e em 1964. "O que vemos agora também é uma crise militar e uma situação de crise política incontrolável", completa.

 

O presidente Jair Bolsonaro escolheu o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira como novo comandante do Exército. Ele substitui o general Edson Pujol, demitido com os comandantes da Aeronáutica e da Marinha, que rejeitaram tentativas do presidente de politizar as Forças Armadas.

Ao escolher o general Paulo Sérgio no Exército, Bolsonaro repete a ex-presidente Dilma Rousseff ao quebrar a tradição de escolher o oficial mais antigo para comandar a tropa. O nomeado era o terceiro pelo critério de antiguidade.

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Uma entrevista do general, chefe do Departamento-Geral do Pessoal, foi apontada como uma das razões para Bolsonaro ter demitido o agora ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva. Ao Correio Braziliense, o militar apontou a possibilidade de uma 3ª onda da covid-19 no País nos próximos meses e defendeu lockdown, contrariando o que prega o presidente, crítico a medidas de isolamento social.

Dois generais ouvidos pela reportagem afirmaram ao Estadão que Bolsonaro defendeu uma punição ao oficial, mas Azevedo não concordou. O presidente, então, pediu a demissão do ministro.

Outros fatores também contribuíram para a queda de Azevedo: 1) ter mandado o general Eduardo Pazuello de volta para o quartel, quando Bolsonaro queria alocá-lo na Esplanada; 2) se recusou a confrontar decisões do Supremo Tribunal Federal, como queria o presidente; 3) se recusou a trocar o comandante do Exército, Edson Pujol, com quem Bolsonaro nunca teve boas relações.

Com a decisão, porém, Bolsonaro tenta apaziguar os ânimos e passar para a tropa que vai manter a continuidade. O general Paulo Sérgio é próximo de Azevedo.

Preterido na escolha, o general mais antigo na cúpula do Exército, general José Luiz Freitas, elogiou a escolha pelas redes sociais. "Escolhido o novo Comandante do Exército, Gen Paulo Sérgio, excepcional figura humana e profissional exemplar. Como não poderia deixar de ser, continuaremos unidos e coesos, trabalhando incansavelmente pelo Exército de Caxias e pelo Brasil!", postou.

Marinha e Aeronáutica

Na Marinha, o escolhido por Bolsonaro foi o almirante Almir Garnier. Neste caso, o presidente também ignorou a tradição e optou pelo segundo da lista de antiguidade.

Na Aeronáutica, assumirá o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior, que demonstra nas redes sociais ser afinado ao governo, compartilhando mensagens ligadas a grupos de direita. Ele era o primeiro no critério de antiguidade.

Mais cedo, antes das escolhas serem anunciadas, o vice-presidente Hamilton Mourão defendeu o respeito ao critério de antiguidade na escolha da nova cúpula militar.

"Eu julgo que a escolha tem que ser feita dentro do princípio da antiguidade, até porque foi uma substituição que não era prevista. Quando é uma substituição prevista, é distinto. Então, se escolhe dentro da antiguidade e segue o baile", afirmou o vice, que é general da reserva.

O presidente também havia sido aconselhado a seguir a lista para não criar atritos com generais mais experientes.

Isso porque os oficiais mais antigos passam à reserva se um militar mais "moderno", com menos tempo de Exército, for alçado ao comando. A aposentadoria não é uma regra compulsória, mas costuma ter força de norma não escrita nos quartéis.

Os oficiais costumam pedir para deixar a ativa como forma de não serem comandados por um antigo subordinado, uma inversão na hierarquia.

Diante do agravamento da crise política no Brasil, a Federação Nacional dos Estudantes de Direito e centros acadêmicos de faculdades de direito estão coordenando a entrega de mais de 30 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quarta-feira (31).

Ainda nesta quarta, partidos de oposição protocolaram o 75º pedido de afastamento de Bolsonaro do seu cargo. Os parlamentares alegam que ele cometeu crime de responsabilidade ao demitir o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, para usar as Forças Armadas politicamente.

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Segundo a oposição, Bolsonaro atentou contra instituições republicanas e democráticas. Alessandro Molon (PSB), que é líder da oposição, afirmou que a troca na área militar não foi motivada por questões administrativas, mas pelo fato de o ex-comandante do Exército, Edson Leal Pujol, não ter se manifestado contra a decisão do Supremo Tribunal Federal de anular a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva  (PT), que teve os seus direitos políticos devolvidos.

Já o deputado Marcelo Freixo (PSOL) afirmou que Jair Bolsonaro precisa ser afastado imediatamente porque não respeita a Constituição. As Forças Armadas não podem ser tratadas como milícias, esse tema é um tema que ele conhece bem, conhece de perto. Quero dizer que quem tem exército particular, quem tem 'meu exército' é dono de milícia, e não chefe de estado”, pontuou o psolista.

*Com informações da Agência Câmara de Notícias

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-> Ministro terá que explicar compras para as Forças Armadas

A gestão bolsonarista encerra o mês de março com seis mudanças em pilares estratégicos da sua equipe. Nessa segunda-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou uma reforma ministerial, que já vinha sendo especulada, em partes, há algumas semanas. Casa Civil, Secretaria de Governo, Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério da Defesa, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Ministério das Relações Exteriores terão novos ministros, entre saídas e realocações. No entanto, a mudança drástica em pastas importantes e ainda durante uma crise econômica e sanitária pode significar desequilíbrio e falta de apoio interno, segundo aponta a cientista política Priscila Lapa.

As mudanças foram oficializadas em uma nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, vinculada ao Ministério das Comunicações. Em resumo, três ministros saem e três ministros entram no governo. O general Fernando Azevedo, exonerado da Defesa; Ernesto Araújo, que pediu demissão do Itamaraty; e José Levi Mello do Amaral Júnior, que pediu demissão da AGU. Todos ex-membros do alto escalão.

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As realocações também aconteceram, ou seja, ministros que já faziam parte do governo e apenas trocaram de pasta. O general Walter Braga Netto deixou a Casa Civil e assumiu a Defesa. O general Luiz Eduardo Ramos deixou a Secretaria de Governo e vai assumir a Casa Civil. E André Mendonça deixou a Justiça para voltar a ser advogado-geral da União, função que já exerceu entre janeiro de 2019 e abril de 2020.

O governo Bolsonaro também tem três novos integrantes, completando o novo ciclo ministerial. São recém chegados a deputada Flávia Arruda (PL-DF), nova ministra-chefe da Secretaria de Governo; Anderson Torres, delegado da Polícia Federal que vinha exercendo o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Ele deixa o posto na gestão do governador Ibaneis Rocha (MDB) para ser o novo ministro da Justiça e Segurança Pública.

Por fim, o embaixador Carlos Alberto Franco França, promovido a ministro das Relações Exteriores. França já fazia parte da ala ideológica do governo, como cerimonial da Presidência da República.

Na avaliação de Lapa, governos em equilíbrio não fazem reformas, já que elas são sempre provocadas por algum tipo de mecanismo que desequilibra a base, seja a base política, de apoio congressual e partidos políticos, ou a de apoio popular.

“Quando esses dois fatores se unem e geram crises de opinião pública e de sustentação política, governos tendem a fazer reformas. Ou eles fazem no fim dos ciclos, como quando há uma renovação de mandato durante uma reeleição, é normal haver uma reforma ministerial ou de secretariado, para abrigar novos aliados e retirar do poder aliados até então consolidados. Mas uma reforma no meio de uma crise… É preciso situar o contexto em que nós estamos. Estamos no olho do furacão, na maior crise sanitária da história e em uma das maiores crises econômicas, existe, claramente, um imobilismo do governo em relação a essas crises, e a reforma acontece nesse cenário. É como se um equilíbrio tivesse se rompido e o governo estivesse em busca de um novo”, explica a especialista.

Apesar das especulações, mesmo nos bastidores, as mudanças em diferentes pastas ainda denunciam uma falta de transparência sobre o que a reforma ministerial pode causar, sobretudo em um período de crise e muita insatisfação no Congresso.

Perguntada sobre o que seria o tal “equilíbrio” buscado por Bolsonaro, a cientista avalia: “Parece ser uma falta de apoio pessoal. Existe essa pressão do Centrão, que é diferente de uma pressão do Centrão em outros tempos republicanos. Antes, a pressão existia muito mais no sentido de “toma lá, dá cá”, de querer ocupar cargos por ocupar. Agora o Centrão pede respostas, pois está se desgastando na sua base. Esses deputados e senadores não estão conseguindo mais ter a relação que eles tinham com seus governadores e seus prefeitos. Quando eles chegam nos seus estados, estão sendo cobrados por coisas mínimas para o combate à pandemia. Então o que o Centrão cobra hoje de Bolsonaro são soluções para a crise.

A saída de Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa, também foi uma grande perda para a ala ideológica de Bolsonaro. O general foi chefe do Estado-Maior do Exército, um dos postos de maior prestígio na Força. Ele entrou para a reserva em 2018, quando também foi escolhido pelo presidente. Quando anunciado ministro, ele era assessor do então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.

“[Em relação ao ministro da Defesa] A reação de Bolsonaro quando ele é profundamente pressionado pode ser de maior radicalização. O que parece é que ele está insatisfeito pessoalmente com a falta de apoio, seja do ministro da Defesa, seja do advogado da AGU que não assinou com ele aquele pedido para o STF fazer a reversão das medidas adotadas pelos governadores. Ficou muito clara na nota do ministro Fernando Azevedo a questão da preservação das instituições, ao invés das vontades pessoais do presidente da República”, continua.

A cientista continua falando sobre a movimentação autoritária do presidente e o que ela pode significar em contexto de crise. “Os gestos autoritários de Bolsonaro sempre preocuparam, mas no contexto da crise, preocupam muito mais. É com muita preocupação que essa reacomodação vai acontecer. É a mesma preocupação que se tinha com o Ministério da Saúde. O que importa é a mentalidade de quem conduz. Essa troca está soando no momento como uma troca rumo à radicalização. Inclusive detonando um apoio que parecia consolidado, que era o apoio das Forças Armadas, e ao que parece, não há consensos tão grandes assim dentro dessa própria categoria, que é um dos pilares mais fortes de Bolsonaro”, diz, ao também lembrar que a presença dos militares no governo sempre foram motivo para dúvida.

Para Priscila Lapa, a presença das Forças Armadas enquanto corpo jurídico ou individual, através dos militares, é algo que nunca foi deixado claro pelo governo. “O que eles estão fazendo lá? Estão dando que tipo de sustentação: ideológica, técnica, política? Essa sempre foi uma questão que gerou debate. Assim como a gente não tem clareza do papel que eles têm exercido, a saída por outro lado gera muitas perguntas, do que é que pode estar por trás desse certo rompimento de uma ala do militarismo com esse momento do presidente”, ela indaga.

Por último, foi momento de comentar a saída de Izabel Lima, secretária da Educação Básica no MEC. Rumores são de que ela abandonou o posto por razões pessoais, mas o momento ainda é inoportuno, uma vez que o Ministério da Educação discute um dos principais momentos da pasta na história.

“[Com relação à educação] Não são claras as diretrizes, e falamos aqui de políticas públicas básicas, da condução básica de políticas que funcionavam, até então no Brasil, sem rupturas entre um governo e outro e que agora não funcionavam. Agora não há clareza de nada. Se tem um ministério que hoje vive de um imobilismo e vive de uma falta de planejamento, clareza e transparência, é o Ministério da Educação. Se com quadro técnico já não tem políticas públicas, sem quadro técnico vai ter o quê? Não há condução da crise neste momento, não tem ministro que vá a público falar e debater, que vá construir uma forma de enfrentar esse momento da pandemia. Tem um vazio gigante no MEC. Não sei se tem como piorar”, crava Lapa.

 

O Ministério da Defesa informou nesta terça-feira (30), que todos os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica serão substituídos. A decisão foi comunicada, segundo a pasta, na reunião dos três oficiais com o novo ministro, Walter Braga Netto, e o antecessor, Fernando Azevedo e Silva.

A reunião dos comandantes das Forças Armadas, na manhã desta terça-feira (30), teve momentos de tensão. O Estadão apurou que o mais exaltado no encontro foi o almirante Ilques Barbosa, da Marinha, com reações que beiraram à insubordinação, conforme relatos de presentes.

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O encontro dos oficiais com Braga Netto foi marcado após o presidente Jair Bolsonaro demitir Azevedo e Silva do Ministério da Defesa, nesta segunda-feira (29). O agora ex-ministro resistiu a um alinhamento político das Forças Armadas com o governo.

Como revelou o Estadão, além do comandante do da Marinha, o do Exército, general Edson Leal Pujol, e o da Aeronáutica, Moretti Bermudes, colocaram seus cargos à disposição.

A intenção dos três comandantes com o gesto é deixar claro que não dariam um passo que possa contrariar a Constituição ou caracterizar ingerência nos outros Poderes, o Judiciário e o Legislativo.

O Tribunal de Contas da União (TCU) vai investigar os gastos realizados pelas Forças Armadas com alimentos e bebidas. A Corte que assessora o Congresso acatou representação feita por deputados do PSB, a partir de levantamento realizado pela própria legenda no Painel de Preços do Ministério da Economia. A pesquisa identificou uma série de compras de itens nobres, como picanha e cervejas especiais, com preços acima dos praticados pelo mercado.

"Os Comandos das Forças Armadas iniciaram e concluíram processos de compras de 80.016 unidades de cerveja e de 714.700 quilos de carne bovina do tipo picanha, itens que, associados, revelam falta de zelo e responsabilidade com o dinheiro público", diz a representação dos parlamentares.

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Reportagem publicada em fevereiro pelo Estadão mostrou que o cardápio de itens de luxo consumidos pelas Forças Armadas é mais amplo. Os dados oficiais revelam que o consumo também incluiu, no ano passado, milhares de quilos de lombo de bacalhau, garrafas de uísque 12 anos e de conhaque.

O deputado Elias Vaz de Andrade (PSB-GO), um dos autores da representação, disse que a decisão do TCU "é o reconhecimento de que há realmente irregularidades graves" nesses processos de compra.

'Diferença'

O Ministério da Defesa nega irregularidades e afirma que "existe sempre uma significativa diferença entre processos de licitação e a compra efetivamente realizada, cuja efetiva aquisição é concretizada conforme a real necessidade da administração". "É imprescindível que se faça essa segmentação adequada, quando se faz a totalização dos valores."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Além de 700 mil quilos de picanha, 80 mil garrafas de cerveja e milhares de litros de leite condensado pagos com impostos do contribuinte, ao longo de 2020, as Forças Armadas complementaram o cardápio com outras regalias. Mesmo com a crise econômica agravada pela pandemia, de acordo com dados oficiais levantados por 10 deputados do PSB, as refeições da Segurança Nacional também incluíam lombo de bacalhau, uísque 12 anos e conhaque.

"É um poço sem fundo. Quanto mais investigamos, mais absurdos e irregularidades encontramos. Se não bastasse o governo comprar picanha e cerveja, ainda tem o corte mais caro do bacalhau, uísque e conhaque com indícios de superfaturamento", afirmou o deputado Elias Vaz de Andrade (PSB-GO) ao Estadão.

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Ele e os demais representantes da sigla enviaram uma representação para que o procurador-geral da República, Augusto Aras, investigue os altos investimentos. O Tribunal de Contas da União (TCU) também será acionado e uma CPI pode ser instaurada para apurar o processo de aquisição.

"É uma casa portuguesa, com certeza"

O levantamento oficial do Painel de Preços do Ministério da Economia informa que, durante o ano passado, foi aprovada a compra de 140 mil quilos de lombo de bacalhau e 9,7 mil quilos de filé do peixe já salgado. Só o comando da Aeronáutica solicitou 500 mil quilos de lombo pelo preço do quilo a R$ 150.

Além da indigesta herança portuguesa aos cofres públicos, aparentemente, as Forças Armadas têm as bebidas alcoólicas como insumo fundamental em suas operações. O 38º Batalhão de Infantaria adquiriu 10 garrafas de uísque Ballantine's, mas não rendeu-se aos rótulos mais 'jovens' e instituiu que as garrafas tivessem 12 anos de cura. O valor proposto para cada unidade foi de R4 144,13.

Sem paladar para Ballantine's 12 anos, a Marinha preferiu solicitar 15 garrafas de Johnnie Walker Black Label, que possui o mesmo tempo de envelhecimento. O valor de cada garrafa foi de R$ 164,18.

Já que nem todas as ações necessitam de uísque, o Batalhão Naval da Marinha foi mais humilde e aprovou a compra de 660 garrafas de conhaque dos rótulos "Presidente" e "Palhinha", com valor individual de R$ 27,06.

Mesmo com as licitações aprovadas, o Ministério da Defesa classificou como um "grande equívoco" apresentar o valor total dos processos de compra homologados como valores efetivamente gastos. "É imprescindível que se faça essa segmentação adequada, quando se faz a totalização dos valores, interpretação e principalmente a divulgação pública destes dados, de modo a evitar a desinformação", posicionou-se em nota.

Picanha de R$ 84,14 o quilo. Cervejas especiais, de puro malte, a R$ 9,80 cada. Em tempos de extrema restrição de orçamento, as Forças Armadas brasileiras usaram dinheiro público, ao longo de 2020, para bancar a compra de mais de 700 mil quilos de picanha e 80 mil cervejas. E não se trata de itens quaisquer. Para um dos cortes de carne mais nobres do País, foram escolhidas como referência peças das mais caras. Entre as cervejas, privilegiou-se o puro malte, entre outras.

As despesas com bebidas alcoólicas e carne de churrasco foram tema de uma representação que deputados do PSB enviaram, na terça-feira (9), ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para que investigue os gastos militares. O levantamento foi feito diretamente pela equipe dos parlamentares. A representação levada à PGR foi divulgada pelo site Congresso em Foco. Os questionamentos não se limitam ao tipo de item que foi comprado. Há fortes indícios, de acordo com os parlamentares, de superfaturamento nas aquisições.

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O levantamento utilizou informações do Painel de Preços do Ministério da Economia, a mesma ferramenta pública que revelou as compras milionárias de leite condensado. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro justificou que se tratava de um item "necessário" aos militares, dado seu alto teor energético e calórico.

A reportagem questionou as Forças Armadas sobre quais seriam as justificativas e motivações para a compra dos 714.700 quilos de picanha e 80.016 garrafas e latas de cerveja em pleno ano de pandemia. Em nota, o Ministério da Defesa (MD) informou que aguarda a notificação da Procuradoria Geral da República. "O Ministério da Defesa e as Forças Armadas reiteram seu compromisso com a transparência e a seriedade com o interesse e a administração dos bens públicos. Eventuais irregularidades são apuradas com rigor", diz a pasta.

O ministério sustenta que a representação do PSB se baseia em "informações absolutamente equivocadas" e que o tema foi objeto de nota de esclarecimento, mas o órgão não explicou as razões que levaram à aquisição de cervejas e de picanha: "Ficou claro que as quantidades adquiridas e os valores efetivamente gastos com os determinados produtos eram de 10 a 20 vezes menores do que foi divulgado".

O deputado Elias Vaz de Andrade (PSB-GO), que está entre aqueles que assinam a representação, afirma que os dados são oficiais e que se trata de preços devidamente registrados e aprovados pelas Forças Armadas, para que possa solicitar os alimentos. "Estamos denunciando esses processos licitatórios. Essas empresas tiveram suas propostas aprovadas, por esses valores. Há processos de compra concluídos e, inclusive, já efetivamente pagos. Todos eles foram homologados pelas Forças Armadas", disse o deputado. "Falam que fazem uma alimentação balanceada, mas não explicam por que essa alimentação deve incluir itens como picanha e cerveja."

Marcas famosas

Na relação detalhada de compras de cervejas anexada à denúncia dos deputados estão, por exemplo, 500 garrafas da bebida, da marca Stella Artois, ao preço unitário de R$ 9,05. Há ainda a aquisição de 3 mil garrafas de Heineken, a R$ 9,80 cada.

O comando da 23ª Brigada de Infantaria de Selva preferiu 3.050 garrafas de Eisenbahn, ao custo de R$ 5,99. Já a Brigada de Infantaria Motorizada do Rio de Janeiro optou por 1.008 latas de Bohemia Puro Malte, pelo valor de R$ 4,33 cada. Em supermercados, aponta a representação, o preço médio desse item é de R$ 2,59.

A lista de cervejas inclui ainda 2 mil garrafas de 600 ML de Bohemia Puro Malte, pelo valor de R$ 7,29, quando essas garrafas são encontradas por R$ 5,79. Para comprar mais 1.600 latas de Skol Puro Malte, de 350 ML, os militares pagaram R$ 4,00 pela unidade, item que é encontrado a R$ 2,69 em redes de varejo.

"O superfaturamento é evidente. Além disso, a grande quantidade que os órgãos solicitaram via processo licitatório deveria favorecer a negociação e proporcionar preços muito menores que os oferecidos no varejo. A realidade, todavia, demonstra que os preços contratados são superiores aos praticados pelos supermercados", afirmam os deputados, na representação.

As informações revelam ainda que Marinha, Aeronáutica, Exército, Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) e a administração interna do Ministério da Defesa são grandes consumidores de picanha. Só em 2020, foram concluídos 76 processos de compra do corte, somando 714.700 quilos da carne nobre.

O Comando do Exército Brasileiro é o campeão em processos de compras do produto, tendo consumido 569.215 quilos do total.

Os dados revelam uma licitação de 13.670 quilos, na qual o valor de cada quilo pago foi de R$ 84,14. A se basear no preço que os militares estavam dispostos a pagar pela carne, até que saiu barato. O valor médio estimado pela equipe que conduziu a fase interna da licitação, de acordo com os documentos do certame, foi de R$ 118,25 o quilo.

"Sinceramente, é preciso investigar qual foi o corte de carne usado para se chegar a esse preço médio irreal", informa a representação.

"Em um ano de pandemia, com crise sanitária, econômica e social devastando nosso país, é inacreditável que os cofres públicos tenham custeado gastos com cerveja", declaram os deputados. "Enquanto nosso povo padece por falta de recursos para sobrevivência, nossos militares usaram dinheiro público para custear bebidas alcoólicas. Tal conduta fere de morte o Princípio Constitucional da Moralidade Pública."

Não se quer afirmar que os militares "não podem comer carne", argumentam os parlamentares, mas, sim, questionar "o grau de sofisticação empregado" nas compras de cortes nobres e específicos. "O episódio narrado nesse item revela que houve ostentação e os privilégios direcionados para alguns, conduta que destoa do discurso de humildade e simplicidade usado pelo Presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais."

Diferenças

Segundo a nota do Ministério da Defesa, "existe sempre uma significativa diferença entre processos de licitação e a compra efetivamente realizada, cuja efetiva aquisição é concretizada conforme a real necessidade da administração". Assim, "é imprescindível que se faça essa segmentação adequada, quando se faz a totalização dos valores, interpretação e principalmente a divulgação pública destes dados, de modo a evitar a desinformação". De acordo com a pasta, "apresentar valores totais de processos licitatórios homologados como sendo valores efetivamente gastos constitui grave equívoco", afirma a nota, referindo-se aos dados incluídos na representação. No documento apresentado à PGR, entretanto, os deputados trazem os dados detalhados com a identificação da compra realizada e seu referido fornecedor.

Após a repercussão negativa dos gastos do governo federal com alimentação no ano passado, o Ministério da Defesa, maior comprador de gêneros alimentícios, justificou o dinheiro investido pela pasta. Em nota, o órgão afirma que o montante foi usado para custear as refeições de 370 mil homens e mulheres em 1,6 mil instalações militares em todo o País.

A manifestação veio depois que o portal Metrópoles fez um levantamento das despesas do governo federal com base nos dados disponíveis no painel de compras do governo, ligado ao Ministério da Economia. O site considerou apenas gastos que somaram mais de R$ 1 milhão cada e chegou ao total de R$ 632 milhões consumidos pelo Ministério da Defesa e suas autarquias. Quando consideradas todas as despesas, o somatório é ainda maior, salta para cerca de R$ 668 milhões. O valor se refere a compras pagas em 2020, incluindo aquelas empenhadas em ano anterior.

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O Comando do Exército lidera os gastos: foram mais de R$ 496 milhões. Em seguida, vem a Aeronáutica, responsável por R$ 135 milhões para compra de alimentos, e a Marinha por R$ 32 milhões. Já os gastos do próprio ministério foram bem mais reduzidos: cerca de R$ 1,2 milhão.

Entre os itens comprados, o leite condensado para 'energia' das tropas, que rendeu memes nas redes sociais e ficou entre os assuntos mais comentados da internet, e chiclete para 'higiene bucal' em situações excepcionais. Há ainda frutos do mar e vinho.

COM A PALAVRA, O MINISTÉRIO DA DEFESA

"O Ministério da Defesa (MD) informa que as Forças Armadas devem, por lei, prover alimentação aos militares em atividade. Ao contrário dos civis, os militares não recebem qualquer auxílio alimentação.

O efetivo de militares da ativa é de 370 mil homens e mulheres, que diariamente realizam suas refeições, em 1.600 organizações militares espalhadas por todo o País.

O valor da etapa comum de alimentação, desde 2017, é de R$ 9,00 (nove reais) por dia, por militar. Com esses recursos são adquiridos os gêneros alimentícios necessários para as refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar). Esse valor não é reajustado há três anos.

As Forças Armadas têm a responsabilidade de promover a saúde da tropa por meio de uma alimentação nutricionalmente balanceada, em quantidade e qualidade adequadas, composta por diferentes itens.

O leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação por seu potencial energético. Eventualmente, pode ser usado em substituição ao leite. Ressalta-se que a conservação do produto é superior à do leite fresco, que demanda armazenamento e transporte protegido de altas temperaturas.

No que se refere a gomas de mascar, o produto ajuda na higiene bucal das tropas, quando na impossibilidade de escovação apropriada, como também é utilizado para aliviar as variações de pressão durante a atividade aérea.

Salienta-se ainda que, em 2020, as Forças Armadas mantiveram plenamente suas atividades, uma vez que a defesa do País e a segurança das fronteiras marítima, terrestre e aérea, bem como o treinamento e o preparo, são essenciais e não foram interrompidas. As Operações Covid-19 e Verde Brasil 2 demandaram um enorme esforço das tropas diuturnamente. Só no combate à pandemia, mais de 34 mil militares atuaram diariamente em todo o território nacional.

Em suma, considerando o efetivo das Forças Armadas, é natural que os totais de gêneros, quando somados, apresentem valores compatíveis com sua missão e tarefas."

"Uma bravata perigosa." Assim o historiador José Murilo de Carvalho classificou a declaração do presidente Jair Bolsonaro apontando nas Forças Armadas o poder de determinar se o Brasil é uma democracia ou uma ditadura. Embora admita que o que o chefe do Executivo afirmou seja, em parte, verdadeiro - considera que a República brasileira é tutelada pelos quartéis -, o pesquisador avaliou que Bolsonaro não fala pelos altos-comandos de Marinha, Exército e Aeronáutica.

José Murilo apontou, ainda, um risco nas atitudes de Bolsonaro, que, segundo ele, se dirige aos escalões inferiores da hierarquia castrense e às polícias militares. Para o professor, trata-se de "violação da hierarquia" e "veneno para as corporações militares". Na avaliação do historiador, Bolsonaro "fracassou" na "guerra da vacina" e tenta retomar espaço, mas não conseguirá bom resultado se tentar envolver os fardados. A seguir, a entrevista de José Murilo ao Estadão.

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Onde o presidente Jair Bolsonaro quer chegar quando diz que depende das Forças Armadas se o Brasil vai ser uma democracia ou uma ditadura?

A declaração é contraditória. Dizer que a democracia depende das Forças Armadas é dizer que já não há democracia, o que, em parte, é verdade na medida em que temos uma República tutelada. Só teremos uma República democrática quando ela não depender de apoio militar. A República norte-americana passou por uma crise séria, sem que os militares se manifestassem.

Essa declaração é bravata ou há uma ameaça real de golpe?

É uma bravata perigosa. Ele fala em "nós militares", colocando-se como porta-voz do grupo, o que certamente não é. Pela lei, quem fala pelos militares são seus comandantes. Se falasse como presidente, chefe das Forças Armadas, seria ainda pior, porque estaria colocando a Presidência como defensora de um grupo social. A bravata é perigosa para ele por estar usurpando a autoridade dos comandantes das três Forças. É uma bravata perigosa.

Bolsonaro tem apoio das Forças no seu todo ou em parte, para esse tipo de declaração?

Como já indicou o comandante do Exército, general (Edson) Pujol, aliás colega dele na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), quando condenou a politização das Forças Armadas, ele (Bolsonaro) não fala em nome delas. O presidente tem feito um jogo perigoso ao se dirigir a escalões inferiores da hierarquia militar e às polícias militares. Essa violação da hierarquia é veneno para as corporações militares.

Bolsonaro tenta usar as Forças Armadas como "espantalho" contra um eventual impeachment?

Se for o caso, acho que será mais um erro político, um tiro que poderá sair pela culatra por estar comprometendo as Forças Armadas com seu projeto político pessoal. Esse envolvimento não interessa às Forças Armadas, que vêm tentando fugir à acusação de que estamos diante de um governo militar e não apenas de um governo com militares.

O que explica que Bolsonaro sempre volte à temática da ditadura, já que ela é passado distante e ele, que ainda não era militar profissional no período mais duro do autoritarismo, deve à democracia a eleição à Presidência?

O cadete Bolsonaro, número 531, cujo apelido era Cavalão, frequentou a Aman de 1974 a 1977, em plena ditadura. Teve como instrutores oficiais que lutaram contra a guerrilha do Araguaia montada por militantes do PCdoB, chamados por Bolsonaro em 2009 de "cambada comunista". Está no livro de Luiz Maklouf Carvalho sobre ele, página 34. A paranoia anticomunista dele nasceu ali e, no caso dele, como no de muitos outros militares, continua viva, agora talvez mais como jogada política.

Declarações desse tipo seriam uma tática, lançando uma polêmica quando ele está em desvantagem na opinião pública, como agora, com a tragédia de Manaus e a ameaça de impeachment?

É certamente tática de despistamento. A obsessão dele, como era a de Trump, é a reeleição. Ele vai inventar tudo que possa compensar as perdas.

Diante dessas declarações, podemos esperar uma nova fase de radicalização por parte do presidente?

Ele fracassou redondamente na guerra da vacina e procura voltar à tona. Mas não se dará bem se quiser envolver as corporações militares desafiando sua hierarquia.

Poderemos voltar a 2020, com manifestações apoiadas por Bolsonaro pedindo fechamento do Congresso e do STF?

Se tentar, terá o destino de seu líder norte-americano, sobretudo se os outros dois poderes da República se comportarem com maior responsabilidade. As pessoas estão cansadas da luta contra a pandemia, em que ele lutou do lado errado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vice-presidente Hamilton Mourão avaliou, nesta terça-feira (19), que a democracia é comprometida quando as Forças Armadas são indisciplinadas ou ligadas a projetos ideológicos. Segundo o vice-presidente, esse, contudo, não é o caso do Brasil, em que as Forças Armadas são comprometidas com as suas missões.

Na fala de hoje, Mourão também minimizou os problemas logísticos enfrentados pela pasta liderada pelo general Eduardo Pazuello na entrega das doses da Coronavac aos Estados e destacou que o importante agora é que o País entre "no modo on da vacina".

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Na segunda-feira (18), o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores que "quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura são as suas Forças Armadas". O chefe do Executivo também comentou que "não tem ditadura onde as Forças Armadas não a apoiam". Conforme o Estadão/Broadcast mostrou, as declarações do presidente de tom ideológico ocorrem em meio às pressões pela atuação do governo no combate à pandemia da Covid-19. A declaração do presidente vai contra a Constituição e foi criticada por parlamentares e pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin.

"O presidente (Jair Bolsonaro) já tocou nesse assunto várias vezes. É óbvio, se tiver Forças Armadas indisciplinadas ou comprometidas com projetos ideológicos, a democracia fica comprometida", disse Mourão em conversa com jornalistas na chegada à sede da Vice-Presidência nesta manhã. "Não é o caso aqui do Brasil obviamente, mas nós temos nosso vizinho a Venezuela, que vive uma situação dessas aí", acrescentou.

Questionado se a atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reflete na imagem das Forças Armadas, Mourão citou que os militares sempre são vistos como representantes das Forças Armadas. "Apesar do ministro ser um oficial general da ativa, mas independente do cara estar na ativa ou na reserva, qualquer militar sempre é visto como representante das Forças", disse.

Em relação às críticas por atrasos na distribuição da vacina nesta segunda, Mourão avaliou que a entrega "não deu errado". Ele lembrou que o prazo anterior anunciado por Pazuello, após aprovação do uso emergencial da vacina, era de "dois a três dias" para a chegada do imunizante nos Estados. A data inicial para a vacinação nacional era prevista para quarta-feira (20), mas o calendário foi antecipado em reunião ontem entre o ministro e governadores.

"O que aconteceu é que ficou aquela expectativa que da noite para o dia ia chegar no Acre e no Rio Grande do Sul ao mesmo tempo. É complicado. Vamos lembrar o que ele tinha falado anteriormente, tanto que a linha de ação é que a vacinação só começasse amanhã", ponderou.

Mourão respondeu ainda sobre a pressão de governadores para antecipar a entrega da vacina. Para Mourão, houve "ansiedade" e "certa "exploração política". "Acho que é aquela história, muita ansiedade, também é óbvio que há uma exploração política disso aí. Mas é aquela história, nessas horas muitas vezes o controle foge", disse.

O vice-presidente refutou, contudo, que Pazuello tenha perdido o controle, mas acrescentou que "a gente perde o controle quando há um excesso de pressão". Na visão de Mourão, o fundamental é que a vacina esteja chegando e que o País em breve entrará no "modo on", de produção dos imunizantes em escala para vacinar cerca de 70% da população até o fim do ano. "Fundamental é que a gente consiga entrar no modo on da vacina", disse.

Deputados usaram suas redes sociais para comentar as declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, que afirmou nesta segunda-feira, 18, em conversa com apoiadores no Palácio do Planalto, que "quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura são suas Forças Armadas".

O ex-relator da reforma da Previdência, deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP), disse que o presidente instiga a opinião pública a fim de criar desordem. "É um irresponsável que cultiva o hábito de provocar a opinião pública, com o objetivo de criar confusão, porque é na confusão que ele pensa reinar. Quem garante a democracia é a Constituição", afirmou.

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Moreira também pede que o Bolsonaro "pare de bla-bla-blá e comece a governar".

Para o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), o presidente representa uma "ameaça à democracia ao dizer que ela é uma concessão dos militares e não uma conquista da sociedade brasileira".

O deputado também defende que as funções das Forças Armadas estão relacionadas "a defesa do território e da soberania, mas elas não têm o papel de escolher se teremos ou não eleições".

Rodrigo de Castro (PSDB), deputado federal por Minas Gerais, afirmou que o papel das Forças Armadas está definido pela Constituição. "A história nos mostra que toda vez que as Forças Armadas extrapolaram a sua missão, a experiência foi extremamente negativa", afirmou.

Para o parlamentar, a democracia brasileira precisa ser fortalecida diariamente. "Não há espaço para retrocessos e, sequer, para suposições ou ameaças de que as Forças Armadas poderiam atuar em sentido contrário", concluiu.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) disse que o presidente está "derrotado e acuado na guerra da vacina", além de defender que, com as declarações, Bolsonaro "volta a flertar com o golpismo e o autoritarismo". "O povo quer a democracia e o seu impeachment!", disse Kokay.

Da mesma forma, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirma que Bolsonaro está "rastejando na sarjeta" e "ventila mais uma baboseira polêmica para ganhar relevância". A deputada conclui: "Pelo que todo mundo vê, o sr. é uma vergonha. E as Forças são do Estado, não apenas de um governo, como o seu fracassado".

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 18, que as Forças Armadas são as responsáveis por decidir se há democracia ou ditadura em um País. O chefe do Executivo sugeriu ainda que as Forças Armadas foram "sucateadas" como parte de um objetivo de implementar o regime socialista no Brasil.

No período da manhã, em meio às pressões sobre a atuação do governo durante a pandemia da covid-19, Bolsonaro recorreu a um discurso mais ideológico. Para os apoiadores, ele também voltou a dizer que seu governo está há dois anos sem corrupção e reiterou críticas ao governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro.

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"O pessoal parece que não enxerga o que o povo passa, pra onde querem levar o Brasil, para o socialismo. Por que sucatearam as forças armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo", afirmou para apoiadores na saída do Palácio da Alvorada no período da manhã.

"Quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não a apoiam", declarou o presidente do Brasil.

Bolsonaro afirmou ainda que "temos liberdade ainda", mas "tudo pode mudar" e fez referência a possível eleição de Fernando Haddad (PT), seu adversário no segundo turno nas eleições de 2018.

"No Brasil, temos liberdade ainda. Se nós não reconhecermos o valor destes homens e mulheres que estão lá, tudo pode mudar. Imagine o Haddad no meu lugar. Como estariam as Forças Armadas com o Haddad em meu lugar?", questionou Bolsonaro.

Em evento da Força Aérea Brasília (FAB), o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 23, que as Forças Armadas estão "prontas" para defender a pátria e a garantia da liberdade. O presidente participou da cerimônia em homenagem ao Dia do Aviador e da FAB, em que foi feita a apresentação oficial do caça F-39 Gripen, desenvolvido em parceria pelo Brasil e Suécia.

"Quando tudo lhes parecer incerto, lembrem-se das Forças Armadas. Como bem diz a história, elas sempre estarão prontas para defender a pátria e a para garantir a nossa liberdade", disse Bolsonaro.

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Em breve discurso, o presidente destacou que a apresentação do novo caça da FAB fará de 2020 um ano "marcante" para a aeronáutica. Com a nova aeronave, ele destacou que será possível "transformar de forma irreversível nossa operacionalidade e nossa capacidade logística".

O novo jato da FAB chegou ao Brasil em 20 de setembro e é o primeiro de um total de 36 unidades compradas pelo governo. A compra dos caças foi firmada no fim de 2013 e o contrato assinado em dezembro de 2014, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Parte dos 36 Gripen será fabricada no Brasil, em instalações localizadas em São Bernardo do Campo (SP) e Gavião Peixoto (SP).

O dia 23 de outubro marca os 114 anos do primeiro voo do 14-Bis, realizado em 1906 por Alberto Santos-Dumont no Campo de Bagatelle, em Paris.

O acontecimento histórico foi citado por Bolsonaro em sua fala. "Seu feito colocou definitivamente o Brasil na história mundial da aviação e das grandes invenções da humanidade", acrescentou o presidente.

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