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O presidente Jair Bolsonaro assinou, nessa terça-feira (19), um decreto autorizando as Forças Armadas a atuarem nas eleições municipais de novembro. O ato atendeu a um pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Desde 1994 a Justiça Eleitoral conta com o apoio logístico das Forças Armadas no dia da votação. Segundo informações da Secretaria Geral da Presidência, os locais onde os militares permanecerão serão definidos em conjunto com o TSE.

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O planejamento é feito pelo Ministério da Defesa e pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência. As eleições para prefeitos e vereadores, em todo o País, estão marcadas para o dia 15 de novembro. Se houver necessidade de segundo turno, os eleitores devem voltar às urnas em 29 de novembro.

A seis meses de deixar a presidência da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) defende a discussão no País de um limite à atuação de militares da ativa na estrutura do próximo governo. Sem apontar diretamente para os generais nos cargos da atual gestão do presidente Jair Bolsonaro, ele ressalta a necessidade de respeitar o "muro" entre o Estado, a quem as Forças Armadas estão vinculadas, e o governo, formado especialmente por agentes públicos eleitos.

Em home office, na residência oficial, ele criticou o enfrentamento da pandemia pelo governo, mas isentou o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, de toda a responsabilidade pelas mais de 100 mil mortes.

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Na conversa, interrompida algumas vezes para olhar os desenhos do filho Rodrigo, de 4 anos, revelou que vai ajudar na construção de uma candidatura que se apresente como alternativa à polarização PT x Bolsonaro. À equipe econômica, mandou um recado: vai barrar qualquer tentativa de burlar o teto de gastos, que proíbe as despesas de crescer em ritmo superior à inflação.

O sr. acredita que a crise entre os três Poderes esteja de fato superada ou ainda é preciso acompanhar com mais atenção?

Pelo menos nas últimas semanas, há um ambiente de mais respeito e menos estressamento na relação entre Poderes. Espero que continue assim. É bom para o Brasil que a gente continue com as instituições democráticas funcionando. Foi uma coisa que cobramos naquele período de manifestações com faixas contra o Parlamento, pedindo o AI-5.

Neste momento, não está na hora de discutir a volta dos militares para a caserna e a saída deles desse ambiente político?

É importante separar o Estado e o governo. As Forças Armadas estão no Estado. Os gestores públicos, os ministros, o presidente estão no governo. É importante que fique claro que há um muro. Não é algo contra os militares que estão no governo Bolsonaro, mas esse debate vai acontecer, no mínimo, para o próximo governo, para que fique clara essa separação. Quem vem para cá (governo) vai precisar não ter vínculo com o Estado. Quando um militar da ativa entra no governo ele traz parte do Estado e, muitas vezes, pode misturar as coisas, e é importante que a gente consiga organizar isso.

De certa forma, o papel dado a alguns militares não se mostrou tão eficiente. Na Saúde, na articulação política...

Eu não acho que o Pazuello tenha sido a melhor escolha, mas não podemos culpá-lo também pelas 100 mil mortes. É claro que há falta de articulação com os governadores e conflitos por causa de posicionamentos equivocados. Isso pode ter prejudicado, certamente, mas transferir 100% dessa responsabilidade para o ministro está errado. O problema é ter um vírus que vai tirar vidas de brasileiros e que vai derrubar a economia. E a economia vai cair porque na hora em que começa a morrer gente próxima, a pessoa deixa de consumir, deixa de ir à rua, querendo o governo ou não.

O presidente Jair Bolsonaro tem usado o auxílio emergencial e até mesmo o Renda Brasil, ainda em estudo, para se aproximar do eleitorado do Nordeste. O Parlamento vai dar esse capital político ao presidente?

O governo tinha uma proposta tímida para o auxílio emergencial. O Parlamento alterou e o presidente respaldou a decisão de um valor maior. O governo foi beneficiado. Nós vamos ficar brigando pela paternidade com 50 milhões, 60 milhões de famílias sem nenhuma renda? Não dá para ficar nesse jogo político. Cada deputado trabalhou a paternidade do auxílio emergencial, o governo também, mas é claro que os instrumentos do governo são mais fortes que os da Câmara. O Parlamento não tem estrutura de agência de publicidade.

Bolsonaro está viajando pelo Brasil em ritmo de campanha eleitoral. O sr. sente uma ansiedade de alguns setores para achar um nome que faça o contraponto ao presidente em 2022?

Não é hora de se preocupar com nome. Se anteciparmos o processo eleitoral, aí sim nós vamos interditar o debate, como gosta de falar o Paulo Guedes (ministro da Economia). Infelizmente, o debate da reforma administrativa está interditado desde o ano passado. O da tributária está andando, nós estamos estimulando, diferentemente do que o Paulo Guedes diz. O que nós não queremos é criação de novos impostos e onerar a sociedade.

O sr. ainda tem seis meses na presidência da Câmara. Quais as prioridades nesta reta final e o que o sr. ainda tem tempo para entregar?

A reforma administrativa eu preciso do governo, mas a tributária eu estou confiante que nós vamos entregar.

O sr. disse que, mesmo que haja a possibilidade, não disputará a reeleição. O que o senhor fará após deixar a presidência?

Não é minha intenção (concorrer à reeleição).

O sr. acredita que o presidente Jair Bolsonaro não vai interferir nesse processo?

É difícil não interferir.

O sr. tem defendido a construção de uma união de centro para as eleições de 2022. Fora da Câmara, o sr. pode ser essa pessoa a construir esse grupo?

Tenho condições e vou querer ajudar a construir um projeto para 2022. Sem desrespeitar o projeto dos outros, mas temos que construir um ambiente que saia dos extremos e procure defender o que é o certo e o melhor para a sociedade brasileira.

A polarização PT x Bolsonaro vai se repetir em 2022?

Se não surgir um candidato que tenha uma agenda reformista na economia e menos radical na questão dos valores, pode se repetir. A sociedade é conservadora, mas o radicalismo de um lado ou de outro vem gerando essa polarização.

O governo quer atrelar prorrogar o auxílio emergencial com o Renda Brasil. O senhor concorda?

Eu não posso discutir o que não conheço. O que é o Renda Brasil? Óbvio que será necessário construir alguma solução para saída do auxilio emergencial. É óbvio que o Estado brasileiro não tem condições de suportar a manutenção dos R$ 600 (de auxílio emergencial). Neste momento de crise não podemos fazer política dessa questão. Eu só acho que temos que tomar cuidado para não ampliar ainda mais as despesas públicas para solucionar uma questão urgente e que precisa ser solucionada, mas criar outros problemas para a sociedade.

Há uma preocupação de dribles que o governo tentou fazer para furar o teto de gastos...

O governo não pode querer usar o Parlamento como instrumento dessas soluções heterodoxas. Não dá para usar um projeto, uma PEC, pelo menos na Câmara, para burlar o teto de gastos. Se o governo tiver essa intenção, eu discordo e vou trabalhar contra.

O sr. concorda que esses dribles podem ser considerados a pedalada de Bolsonaro?

Este ano o governo está protegido pela PEC do orçamento de guerra, mas se o governo editar um crédito extraordinário e depois transformar em restos a pagar (para ampliar o espaço para gastar em 2021), aí pode ser uma pedalada.

O ministro Guedes disse que quem compara o imposto que ele pretende criar à CPMF ou é por maldade ou é ignorância...

Enquanto ele não apresentar proposta, é um direito legítimo de todo mundo achar que tem cara de CPMF, está tudo parecendo uma CPMF e com as isenções vai virar um adicional de imposto que a sociedade vai pagar. Não é tão simples criar uma receita com imposto cumulativo e não gerar danos na economia brasileira.

A equipe econômica diz que o novo imposto abre espaço para desonerar a folha das empresas. O sr. vê outra solução?

Temos que procurar a receita no Orçamento existente senão vamos levar o Brasil a ter a maior carga tributária do mundo. Por isso que a reforma administrativa é tão importante. Não porque ela vai reduzir despesas a curto prazo, mas porque melhora a qualidade do serviço público.

O sr. vê espaço para as duas reformas, a tributária e administrativa?

Pagamos muito imposto e a produtividade do setor público não existe. A média do salário dos servidores públicos é o dobro do setor privado, isso é uma distorção. Precisa ter a união do Poder Executivo com o Legislativo para mostrar que estamos tratando da reforma do ponto de vista de estrutura das carreiras para os próximos servidores. E estamos tratando dos atuais na eficiência do serviço público. Se for o caso, os líderes que defendem essa tese poderiam fazer um apelo ao presidente.

O sr. acha que seria o momento ideal de discutir as duas?

Não tem outro caminho. Se o investidor não olhar as grandes reformas, além do Meio Ambiente, o Brasil nunca vai ser prioridade. Não podemos esquecer que o Brasil precisa muito dos investidores externos para poder ter um ciclo de investimento sustentável. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Militares da ativa fecharam contratos altos com as Forças Armadas. Cerca de 14 empresas, segundo informações do site Metrópoles, foram beneficiadas com negócios ajustados com o governo. O levantamento aponta que as organizações receberam aproximadamente R$ 2,6 milhões.

Em um dos casos, um empreendimento localizado em Sana Maria, município do Rio Grande do Sul, ganhou mais de R$ 1 milhão por fornecer peças e prestar serviços para o Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar. Um dos sócios dessa empresa é o primeiro-sargento Luciano de Mello Villa, que encontra-se na base há dez anos. O lucro foi obtido entre 2014 e 2015.

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Através de um comunicado, o Ministério da Defesa afirmou que o regulamento "veda ao militar da ativa comerciar ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista, em sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada". O órgão garantiu que é considerado crime militar violar as regras.

Em transmissão ao vivo nesta terça-feira (14), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a comentar a declaração em que associou o Exército a um genocídio, ao se referir à crise sanitária instalada no País em meio à pandemia do novo coronavírus, agravada pela falta de um titular no Ministério da Saúde. A pasta é ocupada interinamente pelo general Eduardo Pazuello há quase dois meses.

O ministro disse que a declaração foi feita em um 'contexto puramente acadêmico' e lembrou que o ex-chefe da Saúde, Luís Henrique Mandetta, e o médico Dráuzio Varella, que participaram do debate, também apontaram problemas na gestão administrativa da pandemia.

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"O ministro Mandetta inclusive usou uma expressão dizendo que se o general que lá está (Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde) e que é especializado em logística, talvez fosse mais especializado em balística, tendo em vista o número de mortes que ele conseguiu. Portanto, foi nesse contexto que essa conversa se desenvolveu", disse Gilmar.

O ministro do STF também lembrou que a decisão do colega Alexandre de Moraes, que deu autonomia para estados e municípios adotarem medidas de quarentena e isolamento social, não isenta a responsabilidade da União no enfrentamento à crise sanitária.

"O Supremo na verdade não disse que os estados são responsáveis pela Saúde. O Supremo disse apenas que isso era uma competência compartilhada, como está no texto constitucional. Mas o presidente esquece esta parte e diz sempre que a responsabilidade seria do Supremo e a responsabilidade seria dos estados. Então eu disse: se de fato se quer mostrar isso do ponto de vista político, isso é um problema e isso acaba sendo um ônus para as Forças Armadas, para o Exército, porque eles estão lá inclusive na condição de oficiais da ativa", esclareceu.

Mais cedo, diante de reações de repúdio do comando das Forças Armadas e do próprio governo, o ministro divulgou nota 'reafirmando o respeito' aos militares e indicando que 'nenhum analista atento da situação atual do Brasil teria como deixar de se preocupar com o rumo das políticas públicas de saúde' do País. "Em um contexto como esse (de crise aguda no número de mortes por Covid-19), a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas", afirmou.

O comentário de Gilmar que gerou críticas do governo foi feito no sábado, 11, em videoconferência realizada pela revista IstoÉ. "Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa", afirmou.

"Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso", prosseguiu o ministro.

Após a fala, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que o ministro 'forçou a barra' e 'ultrapassou o limite de crítica'. O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo afirmou estar 'indignado' com o que chamou de 'acusações levianas'. A pasta anunciou que vai encaminhar uma representação à Procuradoria-Geral da República contra o ministro.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira (14) que respeita as Forças Armadas, embora tenha criticado a formulação de políticas públicas de saúde por militares, em meio à pandemia de Covid-19.

“Ao tempo em que reafirmo o respeito às Forças Armadas brasileiras, conclamo que se faça uma interpretação cautelosa do momento atual”, escreveu Mendes, em nota. “Vivemos um ponto de inflexão na nossa história republicana em que, além do espírito de solidariedade, devemos nos cercar de um juízo crítico sobre o papel atribuído às instituições de Estado no enfrentamento da maior crise sanitária e social do nosso tempo”, acrescentou o ministro.

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Nessa segunda (13), o Ministério da Defesa também divulgou nota em que afirmou o empenho de Exército, Marinha e Força Aérea Brasileira (FAB) em preservar vidas durante a pandemia. O comunicado da Defesa foi motivado por um comentário feito no sábado (11) por Gilmar Mendes. Em uma videoconferência, ele disse que o “Exército se associou a um genocídio”, numa referência ao trabalho de militares no Ministério da Saúde.

No comunicado, a Defesa afirmou que a acusação é grave e que enviaria à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma representação para adoção das medidas cabíveis a respeito das declarações do ministro.

Nesta terça-feira (14), Mendes disse não ter atingido a honra de Exército, Marinha e FAB, e que nem mesmo citou estas duas últimas em seu comentário. “Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros”, escreveu o ministro.

Veja a nota na íntegra:

“Ao tempo em que reafirmo o respeito às Forças Armadas brasileiras, conclamo que se faça uma interpretação cautelosa do momento atual. Vivemos um ponto de inflexão na nossa história  republicana em que, além do espírito de solidariedade, devemos nos cercar de um juízo crítico sobre o papel atribuído às instituições de Estado no enfrentamento da maior crise sanitária e social do nosso tempo.

Em manifestação recente, destaquei que as Forças Armadas estão, ainda que involuntariamente, sendo chamadas a cumprir missão avessa ao seu importante papel enquanto instituição permanente de Estado.

Nenhum analista atento da situação atual do Brasil teria como deixar de se preocupar com o rumo das nossas políticas públicas de saúde. Estamos vivendo uma crise aguda no número de mortes pela covid-19, que já somam mais de 72 mil. Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas.

Reforço, mais uma vez, que não atingi a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Aliás, as duas últimas nem sequer foram por mim mencionadas. Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros”.

O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, comunicou que vai antecipar o fim do serviço ativo no Exército e passará para a reserva a partir do dia 1º de julho. O general serve às Forças Armadas desde 1973, quando entrou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército. 

"No exercício do cargo de ministro de Estado chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República desde o dia 4 de julho de 2019, permaneci no serviço ativo, ainda que licenciado do Alto Comando Exército (ACE) e, dessa forma, apartado de todas as reuniões e decisões estratégicas e administrativas a ele relacionadas. Com esta decisão, afasto de forma definitiva e irrevogável, a possibilidade do meu retorno às lides da caserna, o que poderia acontecer até dezembro de 2021, como também, do recebimento de uma nova missão do Comando do Exército", afirmou Ramos, em nota. 

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Quando foi convidado por Bolsonaro para fazer parte do governo, o general estava à frente do Comando Militar do Sudeste. O ministro disse ainda que aceitou fazer parte do governo "com a certeza inabalável de que integraria uma equipe reunida em torno do objetivo inalienável de mudar a história do Brasil e construir um futuro melhor para as nossas próximas gerações, sempre sob a direção firme e segura de Jair Bolsonaro, nosso presidente".

Os pedidos para que os militares fechem o Congresso e a Suprema Corte foram expostos em faixas nas marchas a favor do presidente Jair Bolsonaro nas últimas semanas, mas generais aposentados e observadores próximos das Forças Armadas chamam isso de conversa vazia.

Defensor do golpe militar de 1964 no Brasil e das duas décadas de ditadura que se seguiram, Bolsonaro permitiu que seus filhos e partidários fizessem ameaças a instituições democráticas em parte porque ele foi esquecido, de acordo com analistas.

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Enquanto o populista de direita luta com uma economia em queda, o pior surto do novo coronavírus do mundo fora dos Estados Unidos, e investigações policiais contra sua família e amigos, é provável que essas ações antidemocráticas continuem.

No entanto, três generais aposentados declararam nos últimos dias que não havia risco de uma intervenção militar e expressaram preocupação de que as Forças Armadas estivessem sendo indevidamente politizadas sob Bolsonaro, um ex-capitão expulso pelo Exército por insubordinação e por um suposto plano de atentado terrorista.

"A ideia de colocar as Forças Armadas no meio de uma disputa entre ramos do Estado, autoridades e interesses políticos está completamente fora de lugar", afirmou à agência Reuters Carlos dos Santos Cruz, general aposentado do Exército que serviu no gabinete no ano passado, até que ele brigou com os filhos de Bolsonaro.

"É uma falta de respeito pelas Forças Armadas", acrescentou à agência Reuters.

O próprio Bolsonaro insistiu em defender a Constituição do Brasil. Mas ele acusou os tribunais de abusar de sua autoridade e não fez nada para impedir que seus partidários mais fervorosos exigissem a intervenção militar. Seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, disse recentemente que uma "ruptura" institucional era uma questão de tempo.

As declarações seguiram uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de investigar uma suspeita de desinformação e rede de intimidação administrada pelos apoiadores do presidente nas mídias sociais que tiveram um grande papel em sua eleição de 2018. O inquérito pode levar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a questionar sua vitória e potencialmente cassar a chapa.

As ameaças de ruptura democrática visam intimidar rivais, promotores e a Suprema Corte, segundo disse à agência Reuters o cientista político Christian Lynch. Mas os comandantes militares descartaram publicamente qualquer probabilidade de golpe

"O Supremo Tribunal Federal chamou o blefe de Bolsonaro", explicou Lynch, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). "Ele não tinha a carta do golpe. Ele estava blefando o tempo todo".

'Inconstitucional'

Para o general aposentado Roberto Peternelli, eleito para o Congresso em 2018 pelo mesmo partido que indicou Bolsonaro, o PSL, os militares simplesmente não obedeceriam a uma ordem presidencial para fechar o Congresso ou a Suprema Corte.

"As Forças Armadas respeitam totalmente a Constituição e essa ordem seria inconstitucional e ilegal", avaliou à agência Reuters o ex-militar, que comandava a frota de helicópteros do Exército brasileiro.

O general aposentado Paulo Chagas, ex-oficial de Infantaria, declarou à agência Reuters que o presidente não tem o poder de fechar o Congresso ou o tribunal superior e perderia a legitimidade se tentasse.

Alguns críticos dizem que Bolsonaro já está politizando as Forças Armadas, que trabalharam por décadas para se estabelecer como um ente defensor apolítico da democracia após os abusos dos direitos humanos da ditadura de 1964 a 1985.

Com bronze militar em um terço dos cargos de Bolsonaro, incluindo dois generais de serviço ativo entre seus conselheiros mais próximos e o general da reserva Antonio Hamilton Mourão como vice-presidente, a reputação das Forças Armadas está ligada ao governo.

De acordo com uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), agora existem até 3 mil militares em cargos no governo.

Chagas, que fez campanha para a eleição de Bolsonaro, disse que ainda acredita que o presidente é o melhor homem para liderar o país, mas ele sugeriu que os oficiais do serviço ativo deveriam recusar ou se aposentar de empregos no governo, a fim de manter uma distância entre as esferas militar e política.

Paulo Kramer, professor da Universidade de Brasília (UnB) que conhece bem o gabinete de Bolsonaro, destacou à agência Reuters que os generais que estão no gabinete, como o assessor de segurança Augusto Heleno, lembram-se vividamente de como o legado do golpe de 1964 manchou a reputação das Forças Armadas.

"Esta geração do general Mourão e Heleno é vacinada contra qualquer tentativa de golpe. Eles se sentem desconfortáveis ​​quando o presidente e seus filhos fazem essas ameaças", pontuou Kramer.

Da Sputnik Brasil

O discurso de distanciamento das Forças Armadas da política é prejudicado pela presença de militares da ativa na gestão Bolsonaro. Os ministros da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e da Saúde, Eduardo Pazuello, por exemplo, são generais da ativa. O entendimento geral nas três forças é de que o escolhido, ao assumir o posto de natureza civil, deveria pedir transferência para a reserva. Ramos disse, recentemente, que pretende aposentar a farda para se dedicar à articulação política do governo.

O Estadão revelou que 2,9 mil militares da ativa ocupam cargos no Executivo. São 1.595 integrantes do Exército, 680 da Marinha e 622 da Força Aérea. A reportagem levou o Tribunal de Contas da União (TCU) a decidir contar quantos militares ocupam cargos na administração Bolsonaro, além de fazer uma tabela comparativa da atual gestão com as de Michel Temer e Dilma Rousseff.

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Ramos

"Respeito a decisão da maioria do Tribunal. Mas também não seria importante saber quantos médicos e engenheiros tem no governo? Quantos homens e mulheres? Quantos indígenas, negros, pardos e brancos? Digo com propriedade que militares são cidadãos fardados que mesmo na reserva continuam servindo ao País. Diante disso questiono: há algum problema com os militares?", perguntou Ramos, em postagem nas redes sociais, no dia 18.

De qualquer forma, há também incômodo, na Marinha e na Aeronáutica, com a nomeação do pessoal da ativa para trabalhar no Planalto e na Esplanada, e com a tentativa de Bolsonaro de colar sua imagem à das Forças Armadas.

Em fevereiro, o presidente convocou o almirante Flávio Rocha para assumir uma assessoria especial no seu gabinete. Atualmente, o oficial executa várias tarefas para ajudar Bolsonaro a solucionar problemas, principalmente os políticos.

A presença de Rocha no gabinete presidencial preocupa a Marinha. Das três forças, a Aeronáutica é a que tem menos pessoal da ativa no governo. A maior apreensão, atualmente, é com uma onda de manifestos de militares da reserva a favor de Bolsonaro e contra o Judiciário e o Congresso. Embora afastados do dia a dia da força, os oficiais aposentados da Força Aérea Brasileira (FAB) acabam sendo vistos como representantes da instituição.

Na última quinta-feira, saiu o último deles. O texto 504 Guardiões da Nação, que circulou nas redes, contava com 243 militares da reserva, a maioria da FAB, aí incluídos seis tenentes-brigadeiros, ex-integrantes do Alto Comando da Aeronáutica.

Hoje, os militares mais conhecidos e barulhentos do País, que fazem postagens com ameaças veladas às instituições, estão na reserva ou não têm tropas. A lista dos oficiais da caserna com real poder de mando, por outro lado, inclui nomes desconhecidos, distanciados do debate político. São os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica e os comandantes do Exército em oito regiões militares, todos eles generais de quatro estrelas - à exceção do chefe do Comando do Planalto, um general três estrelas. Esses sete oficiais integram o seleto grupo dos 16 que formam o Alto Comando do Exército, subordinados a Pujol.

Na Aeronáutica e na Marinha, forças com outros modelos de divisão operacional, os comandantes de áreas também têm patentes de três estrelas.

'Defender a democracia'

O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo, no velório de um paraquedista que morreu em treinamento, que a missão das Forças Armadas é defender a democracia. "A nossa missão, a missão das Forças Armadas, é defender a pátria, é defender a democracia. E como dizia (aquele) que se tornou um grande amigo, o ex-ministro Leônidas Pires Gonçalves (ministro do Exército no governo de José Sarney), nós estamos a serviço da vontade da população brasileira." Leônidas submeteu o então capitão Bolsonaro a Conselho de Justificação, que o condenou, veredicto depois revertido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em meio às disputas entre o Poder Executivo e o Judiciário, o Supremo Tribunal Federal (STF) e as Forças Armadas estabeleceram contatos direitos buscando evitar a escalada da crise. Se ao STF interessa mostrar que está apenas cumprindo seu papel em suas decisões, aos militares é importante demonstrar distância dos radicais - mesmo os fardados - que buscam pôr o País sob tensão a fim de obter uma ruptura institucional.

Diante das movimentações, nesse domingo (21) foi a vez de o presidente Jair Bolsonaro dizer no Rio: "A nossa missão, a missão das Forças Armadas, é defender a pátria, é defender a democracia.

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Na manhã de 10 de junho, o ministro Gilmar Mendes, do STF, encontrou-se com o general Edson Leal Pujol, comandante do Exército, no Setor Militar Urbano. Em plena crise entre o Palácio do Planalto e o Judiciário, Gilmar pretendia medir a temperatura no Quartel General. A conversa evidenciou o afastamento do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, da interlocução entre os Poderes.

Gilmar indicou que o Supremo não tem intenção de interromper o mandato de Bolsonaro. Observou que muitas avaliações sobre o comportamento dos magistrados não passam de "teorias conspiratórias". Nas palavras do ministro, a preocupação na Corte é com o "telefone sem fio", uma série de mensagens "dúbias" de Bolsonaro em relação à democracia, e também com a insistência dele em sugerir que as Forças Armadas estariam com o governo numa possível ruptura institucional. Pelo Twitter, Gilmar afirmou que "Exército não é milícia". Além disso, classificou a ideia de que os militares podem fechar o STF e o Congresso como "incompatível" com a Constituição de 1988.

Pujol mais ouviu do que falou. Gilmar encontrou ali um general econômico nas palavras, mas que deu a entender a existência de um mal-estar nas Forças Armadas com posições de ministros da Corte em relação ao Planalto, possivelmente numa referência a ações de Celso de Mello e de Alexandre de Moraes. A conversa entre o ministro e o general também girou em torno de missões militares de logística e apoio ao combate à pandemia do coronavírus e da Operação Verde Brasil, de repressão ao desmatamento na Amazônia.

Mudo

Pujol se mantém calado ao longo da sucessão de crises, voltado às responsabilidades da área. No encontro com Gilmar, sinalizou que não aceita nem mesmo o papel de interlocutor político da caserna ou do governo com o Judiciário, que era do ministro da Defesa. O posto está vago. O general Fernando Azevedo e Silva, que já foi assessor do atual presidente da Corte, Dias Toffoli, perdeu espaço na interlocução depois de emitir três notas para explicar atos e declarações de Bolsonaro e sobrevoar com ele, num helicóptero, uma manifestação antidemocrática.

Mesmo com a recusa em ocupar o posto de Azevedo e Silva, Pujol recebe pedidos de encontros. Do lado do governo não faltam convites. Bolsonaro tem insistido em aparecer ao lado dos comandantes das Forças. Foram três reuniões oficiais desde abril, um recorde da Presidência, fora as que não estavam previstas na agenda. Na última quarta-feira, por exemplo, Bolsonaro chamou Pujol para assistir à cerimônia da bandeira, no Palácio da Alvorada. Com esses gestos, o presidente procura mostrar que as Forças estão ao seu lado. Assim, alimenta o discurso caro a apoiadores extremistas, insinuando que pode haver um golpe em andamento, mesmo sem uma sinalização sobre isso.

Quando assumiu a Defesa, em janeiro de 2019, Azevedo e Silva avisou aos comandantes que tinha a prerrogativa de fazer manifestações políticas. Argumentou que estava num posto com essa característica. Diante disso, a exemplo de Pujol, o almirante Ilques Barbosa, da Marinha, e o brigadeiro Antônio Carlos Bermudez, da Aeronáutica, evitam exposições nas mídias sociais e se mantêm quietos, focados nas ações de suas áreas.

Em 2018, às vésperas do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, tuitou que repudiava "a impunidade" e que a força estava "atenta às suas missões institucionais". Hoje, Villas Bôas, na reserva, tem 780 mil seguidores.

Na esteira de Villas Bôas, muitos oficiais da ativa criaram perfis pessoais no Twitter e no Facebook. Pujol não aceitou. Em julho de 2019, o então chefe do Estado Maior do Exército e atual ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, assinou a portaria 196, que proibiu a militância virtual dos militares da ativa. Braga Netto observou que manifestações políticas são vedadas no Estatuto dos Militares e no Regulamento Disciplinar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, defendeu o papel da corte como guardiã da Constituição e afirmou não ser mais possível dizer que as Forças Armadas são um poder moderador. O ministro fez as declarações em palestra virtual para juristas e estudantes de Direito na manhã deste sábado, 20. Na ocasião, disse que o artigo 142 da Constituição tem sido equivocadamente interpretado para tentar atribuir, às Forças Armadas, uma possível função de instituição moderadora. "Quem é o guarda da Constituição é o Supremo Tribunal Federal. Não é mais possível Forças Armadas como poder moderador", disse.

O ministro afirmou que a Constituição de 1988 trouxe uma nova realidade cultural para o Brasil, "pela sua participação e pelo pacto que se construiu" entre todos. "É um pacto possível que foi feito e o Supremo é o guardião desse pacto. Ninguém mais. Obviamente que todos têm de cumprir a Constituição e todos são guardiões da Constituição. Mas o guardião último é o STF", disse.

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Preocupado com as interpretações recentes e equivocadas da Constituição, o ministro afirmou que, em 1964, as Forças Armadas "foram chamadas para exercer esse poder moderador", mas "ficaram no poder por 20 anos".

Durante uma longa explanação, Toffoli minimizou, no entanto, a responsabilidade das Forças Armadas pelo golpe de 1964. Citando vários juristas, argumentou que foi "conveniente", tanto para a esquerda quanto para a direita, "colocar toda a responsabilidade" do "movimento" sobre as Forças Armadas.

"Em Brasília, não se fala nem revolução nem golpe. Torquato Jardim (jurista e ex-ministro do TSE) fala movimento, para não criar nenhum desentendimento em uma mesa de debate. A ideia de movimento não desagrada nenhuma das partes. Foi conveniente para esquerda e para a direita colocar toda a responsabilidade nas Forças Armadas", disse. "Os dois lados erraram, a elite brasileira e a esquerda erraram."

Toffoli citou uma biografia de Castello Branco, do escritor Lira Neto, para dizer que o "movimento" militar foi apoiado pela elite e pela sociedade. "Os militares entram para fazer a transição e, em vez de fazer a transição, eles ficam no poder por 20 anos".

O presidente do STF também fez questão de se defender de críticas feitas a sua atuação, como presidente da Corte, junto ao governo Bolsonaro. "Muita gente não gosta de mim, mas sou o presidente do STF. Sou aquele que será o interlocutor do STF nas relações político-institucionais e na condução da Corte", afirmou, defendendo, ao concluir, que as cortes constitucionais se tornaram poder moderador e que esse poder moderador tem que ser usado com prudência. "Direito é prudência, daí, Jurisprudência."

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse que não é papel das Forças Armadas interpretar a Constituição Federal para definir quando um Poder está invadindo a competência do outro Poder. 

Essa declaração do ministro é uma resposta ao que foi dito pelo Procurador Geral da República, Augusto Aras, no programa Conversa Com Bial, da TV Globo, que o Artigo 142 da Constituição prevê que, em caso de interferência de um Poder no outro, os militares são as pessoas que devem garantir o "funcionamento dos Poderes constituídos".

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"Pretender que a Constituição seja interpretada pelas Forças Armadas, ou que decisão do STF seja corrigida por uma interpretação das Forças Armadas me parece uma coisa fora de qualquer esquadro. Me parece uma viagem de lunáticos", avaliou Gilmar Mendes em entrevista à GloboNews.

Em entrevista ao programa de Pedro Bial, exibido na noite desta segunda-feira (1°), o Procurador Geral da República, Augusto Aras, afirmou que se um Poder invadir a competência do outro poder, as Forças Armadas poderão intervir, dando a sua interpretação do artigo 142 da Constituição Federal, que define o papel das Forças Armadas.

Segundo Aras, as Forças Armadas têm o papel de garantidora dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). 

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"Quando o artigo 142 estabelece que a s Forças Armadas devem garantir o funcionamento dos Poderes constituídos, essa garantia é no limite da garantia de cada Poder. Um poder que invade a competência de outro Poder, em tese, não há de merecer a proteção desse garante da Constituição. Se os Poderes constituídos se manifestarem dentro das suas competências, sem invadir as competências dos demais Poderes, nós não precisamos enfrentar uma crise que exija dos garantes uma ação efetiva de qualquer natureza", declarou o PGR ao jornalista Pedro Bial.

Ao site Época, um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que preferiu não se identificar, declarou: "Quem vai impedir que as Forças Armadas são garantias da Constituição? Quem vai definir se houve invasão? Isso não faz o menor sentido", criticou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) declarou nesta sexta-feira, 29, que as negociações entre o presidente Jair Bolsonaro e integrantes de partidos que compõem o Centrão não configuram uma "compra", mas uma "relação democrática entre as partes". "Não acho que ele comprou o Centrão. Ele quer ter uma relação com os partidos que têm convergência ideológica e que resolveram fazer parte do governo", explicou Maia. As falas aconteceram em entrevista à revista IstoÉ, transmitida nas redes sociais do veículo.

Na entrevista, Maia também criticou Bolsonaro pelas "declarações duras" contra o Supremo Tribunal Federal (STF), uma resposta à operação da Polícia Federal (PF) autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, que integra a Corte e é relator do inquérito que apura ataques virtuais contra integrantes do Supremo. O deputado foi questionado sobre o motivo de ainda não ter ido ao Palácio do Planalto depois das falas de Bolsonaro.

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"Depois dessas declarações precisamos tomar cuidado de como vamos organizar o diálogo. Ir ao Planalto parece algum tipo de apoio aquilo que ele falou e de forma nenhuma podemos apoiar algo que foi colocado de forma equivocada. Até a noite ele melhorou a comunicação e isso nos dá alguma tranquilidade", disse Maia.

Forças Armadas

Rodrigo Maia criticou a fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre o Brasil estar se aproximando de uma "ruptura". Maia também afirmou que o artigo 142 da Constituição Federal, que define o papel das Forças Armadas, não permite que elas intervenham em qualquer conflito entre os poderes, como vem sendo defendido por bolsonaristas, e que, em um regime democrático, cabem às instituições e aos Poderes a garantia da própria democracia.

"Falam isso uso do artigo 142 para pedir intervenção desde a campanha. Não há nenhum jurista sério que defenda isso. As Forças Armadas garantem soberania. Quem garante a democracia são as instituições", explicou o presidente da Câmara.

Sobre a fala do filho do presidente, Maia entendeu que o deputado pronunciou "uma frase infeliz, absurda, mas muita bravata". "O Brasil tem instituições democráticas fortes, a sociedade não aceita nenhum tipo de ataque às instituições. Frases como essa precisam ser repelidas de forma muito contundente porque vão contra o que a maioria da sociedade brasileira quer, que é o nosso sistema democrático forte", afirmou.

Em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (26), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso, falou pela primeira vez à imprensa após assumir o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro tomou posse nesta segunda (25), em cerimônia virtual, e cumprirá mandato até fevereiro de 2022.

Apesar da animosidade do governo em relação ao Supremo Tribunal Federal, escancarada após a divulgação do vídeo na reunião ministerial de 22 de abril, o ministro disse não acreditar que estejamos diante de um momento de instabilidade institucional.

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Barroso, no entanto, defendeu atenção em relação às manifestações anti-democráticas em escalada no país e lembrou o ato contra o Congresso e o STF em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, no dia 19 de abril. Para o ministro, a manifestação, que contou com presença do presidente Jair Bolsonaro, acendeu 'sinal de alerta'.

"Evitar a contaminação das Forças Armadas no varejo da política é uma missão de todos os democratas. O fato de haver militares no governo não faz do governo um governo das Forças Armadas, porque as Forças Amadas não pertencem a governo. E quem quer que seja das Forças Armadas e esteja no governo desempenha uma função civil", disse o ministro em recado à parcela de apoiadores bolsonaristas que defende a volta do AI-5, medida do governo militar durante a ditadura responsável pelo fechamento do Congresso e por limitações aos direitos individuais.

Os ataques ao Supremo partiram também da cúpula governista. Na reunião ministerial de 22 de abril, cuja gravação foi tornada pública no âmbito do inquérito que corre no Supremo para apurar se houve tentativa de interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chama os integrantes da Corte de 'vagabundos' e pede sua prisão.

Na segunda, 23, o ministro Celso de Mello, encaminhou para os colegas da Corte a cópia do inquérito e deixou a cargo dos ministros as medidas que 'que julgarem pertinentes' em relação à declaração. O decano do STF já havia apontado 'aparente prática criminosa' na conduta de Weintraub durante a reunião. O ex-advogado geral da União, André Mendonça, busca uma interlocução com os ministros do Supremo para evitar uma judicialização das declarações do ministro.

"Do ponto de vista institucional, eu considero mais grave que o ataque ao Supremo, o país que não tem projeto para a educação", disparou o ministro em retribuição aos ataques do ministro Abraham Weintraub.

Perguntado sobre ações que pedem a cassação dos mandatos do presidente Jair Bolsonaro e do vice, Hamilton Mourão, Barroso afirmou que deve pautar os pedidos nas próximas semanas. "Hoje terei uma reunião com os ministros, uma reunião preparatória, mas a regra geral é seguirmos a ordem cronológica dos pedidos de liberação pelos relatores. Uma que já teve início, por um pedido de vista do ministro Luiz Edson Fachin, provavelmente nas próximas semanas, uma, duas, três, essa ação deve estar voltando", informou.

Apresentadas por Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL) após o episódio de invasão de um grupo de mulheres no Facebook que eram contrárias à candidatura bolsonarista ao Planalto, as ações pedem a cassação dos registros de candidatura, dos diplomas ou dos mandatos da chapa vitoriosa nas eleições de 2018, além da declaração de inelegibilidade.

Eleições 2020

Barroso voltou a defender, como no discurso de posse, o mínimo adiamento das eleições diante da epidemia de Covi-19 no país. "Eu acho que o limite será as autoridades sanitárias relevantes, nos dizerem, ao TSE e ao Congresso, que há um risco grave à saúde da população. Se for inevitável a prorrogação, que ela se dê também pelo prazo mínimo".

Para o ministro, prorrogar os mandatos vigentes esbarra em um impasse constitucional e democrático. "O mandato desses vereadores e prefeitos é um mandato de quatro anos. Não há como, legitimamente, você prorrogar eleições sem um motivo de força maior. A periodicidade das eleições e a possibilidade de alternância do poder são fundamentais para a democracia", declarou.

A posição de Barroso endossa o projeto estudado no Congresso Nacional, que prevê adiar o primeiro turno deste ano para 15 de novembro ou 6 de dezembro, de modo a permitir que o pleito ocorra com segurança, sem riscos relacionados à pandemia, mas evitar que os atuais mandatos de prefeitos e vereadores sejam prorrogados.

O ministro também afirmou que não cabe ao TSE o protagonismo no combate à disseminação de notícias falsas nas eleições. "O protagonista do combate às fake news precisará ser as plataformas tecnológicas, com participação da imprensa, das empresas de checagem de fatos, e da própria população. O papel do TSE é meramente subsidiário", disse.

Ele admitiu, no entanto, que o Tribunal Superior Eleitoral poderá solicitar o compartilhamento de informações do chamado 'inquérito das fake news', que corre em sigilo no STF para apurar ofensas, ameaças e notícias falsas contra os ministros da Corte e seus familiares.

Barroso também adiantou que sua gestão à frente do Tribunal Superior Eleitoral, em sucessão à ministra Rosa Weber, buscará aprimorar o sistema de prestação de contas eleitorais. O ministro afirmou que a equipe já está discutindo propostas para levar ao Congresso. Entre elas, um modelo semelhante ao imposto de renda, cuja avaliação das contas é feita por programas de inteligência artificial. Independente do mecanismo escolhido, a mudança abrangerá a prestação de contas de partidos, candidatos e dos fundos partidário e eleitoral, segundo o ministro.

Depois do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) autorizar nesta quinta-feira (7), o envio de tropas das Forças Armadas para combater focos de incêndio e desmatamento ilegal na Amazônia Legal, a ex-ministra Marina Silva (Rede) aponta que as mensagens trocadas entre Bolsonaro e o então ministro da Justiça Sérgio Moro revela a farsa do governo em combater o crime organizado na área ambiental.

"O governo protege os contraventores e destruidores da Amazônia", revela Marina. A ex-ministra do Meio Ambiente aponta que Bolsonaro, ao questionar a queima de maquinários usados por criminosos em ações ilegais na floresta, enfraquece as ações dos agentes responsáveis pelas fiscalizações.

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Marina aponta que os criminosos sentem-se protegidos com episódios como o "da emboscada contra um fiscal do IBAMA por ter apreendido um caminhão de madeireiros que atuavam ilegalmente no Pará", relembrou. A ex-ministra diz que durante o primeiro ano do governo Bolsonaro, o desmatamento causado pelo garimpo na Amazônia foi equivalente a 10 mil campos de futebol.

"Os criminosos estão atuando impunemente na Amazônia, sentindo-se completamente amparados e protegidos pelos discursos nefastos e irresponsáveis do presidente, como mostrou o registro cruel do desmatamento recorde causado pelo garimpo na Amazônia", pontua.

O Diário Oficial da União (DOU) desta Quinta-feira (7) publica decreto presidencial que autoriza o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na faixa de fronteira, nas terras indígenas, nas unidades federais de conservação ambiental e em outras áreas federais nos Estados da Amazônia Legal.

Segundo o ato, a autorização vale para o período de 11 de maio a 10 de junho de 2020 e tem o objetivo de realizar ações preventivas e repressivas contra delitos ambientais, direcionada ao desmatamento ilegal, e o combate a focos de incêndio. "O emprego das Forças Armadas nas hipóteses previstas neste decreto fica autorizado em outras áreas da Amazônia Legal caso haja requerimento do governador do respectivo Estado ao presidente da República", cita o texto.

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O decreto estabelece que o ministro da Defesa definirá a alocação dos meios disponíveis e os Comandos que serão responsáveis pela operação e ainda que o emprego das Forças Armadas ocorrerá em articulação com os órgãos de segurança pública, sob a coordenação dos Comandos indicados pela Defesa, e com os órgãos e as entidades públicas de proteção ambiental.

O texto destaca que também os órgãos e as entidades públicas federais de proteção ambiental que atuarem nas ações previstas no decreto serão coordenados pelos Comandos indicados pela Defesa.

O governo federal tem repetidas vezes se posicionado contrário ao isolamento social como medida preventiva ao Covid-19 argumentando que isso quebraria o Brasil economicamente. Porém, a crise aparentemente não chegou aos cofres das forças armadas que pretende montar uma estrutura para eventos em Brasília avaliada em R$ 3 milhões. 

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Segundo publicou a revista Veja, a estrutura será montada no Quartel General do Exército brasileiro em Brasília. Mesmo diante da pandemia o calendário para as celebrações militares seguem normalmente. Um desses eventos está programado para o dia 25 agosto, data em que se celebra o Dia do Soldado. Bolsonaro deverá estar presente na celebração.

Só a contratação de 84 painéis de led de alta definição custará cerca de 1,2 milhões de reais afirma a Veja. Três camarotes e drones com câmeras Full HD também serão adquiridos além de um mobiliário com tapetes persas, mesas para café e cadeiras coloniais. 

 

O Comando Conjunto Nordeste, formado por militares da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, está fazendo a desinfecção das estações de metrô do Recife. A ação teve início nesta quarta-feira (22) e segue até a próxima sexta (24).

Estão envolvidos na atividade cerca de 80 militares capacitados em Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear. O primeiro local desinfectado foi Estação de Metrô do Recife, na área central da capital.

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O Comando Conjunto Nordeste foi ativado pelo Ministério da Defesa contra a Covid-19. Desde março, o grupo tem realizado ações integradas de segurança e prevenção. 

Além de Pernambuco, esses militares estão atuando em Alagoas, Ceará, Piauí e Sergipe.

O presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido) pretende reabrir as escolas militares na semana que vem, a partir da segunda-feira (27). Em conversa com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), convocada pelo próprio Bolsonaro para saber como estava sendo o enfrentamento ao novo coronavírus (SARS-CoV-2) em Brasília, o presidente da República afirmou que deseja reabrir as escolas militares, que podem ser reabertas pelas Forças Armadas.

Ibaneis diz que gostou da ideia e pretende analisá-la junto à Secretaria de Educação e à Polícia Militar do Distrito Federal, uma vez que os estudantes podem conviver com pessoas dos grupos de risco da Covid-19. Ele sugeriu realizar, no Distrito Federal, também a abertura das escolas cívico-militares, atribuição de governadores e prefeitos, uma vez que elas fazem parte da rede pública de ensino.

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“A ideia do presidente da República é, talvez, a partir de segunda-feira, ele abrir as escolas militares. Como aqui em Brasília nós temos em torno de 10 escolas cívico-militares, também poderia ser um exemplo para que, lá na frente, a gente possa fazer uma retomada dos estudos”, afirmou Ibaneis após reunião com Bolsonaro. A reabertura gradual do comércio a partir do mês de maio e a implementação de testagem em massa para a população do DF também são ideias do governador que agradaram Bolsonaro na reunião.

Na saída do Palácio da Alvorada, após o encontro, Bolsonaro disse que vê a reabertura das escolas como um primeiro passo rumo ao retorno à vida normal. “Conversamos da possibilidade de abrimos aqui (DF), da minha parte, o colégio militar. Da parte dele (Ibaneis), o colégio da PM e dos Bombeiros, bem como as cívico-militares, a partir de segunda-feira. Talvez seja o primeiro gesto para nós voltarmos à normalidade no tocante aos estudos”, disse o presidente.

O Brasil conta com 13 escolas do Exército nos estados de MG, PA, MS, PR, CE, AM, RS, RJ, BA e DF. O Distrito Federal tem, ainda, 10 escolas cívico-militares, além de unidades de ensino do Corpo de Bombeiros de Polícia Militar. Quando questionado se a reabertura valeria para todas as instituições militares do país, Bolsonaro afirmou que muitos pais ainda estão com medo e que a reabertura no DF “é um primeiro passo”, e que conversará tanto com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, quanto com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, para planejar a reabertura da academia da Polícia Federal na próxima segunda-feira (27).  

Perguntado sobre a possibilidade do número de casos crescer, Bolsonaro afirmou não ser médico e tentou se ater novamente a temas econômicos e às medidas adotadas pelos governadores. Questionado sobre o total de mortes que o Brasil registrou nas últimas 24 horas, Bolsonaro interrompeu o jornalista e disparou “Ô, cara, quem fala de... Eu não sou coveiro, tá certo?".

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O Ministério da Defesa publicou portaria no Diário Oficial da União de hoje (19) com as diretrizes do uso das Forças Armadas nas ações de apoio às medidas de mitigação das consequências da pandemia do novo conoravírus (Covid-19).

Entre as ca está a de observar as “medidas de proteção previstas na Portaria Normativa Nº 030/GM-MD, de 17 de março de 2020”, que apresenta uma lista medidas protetivas visando o enfrentamento das situações emergenciais decorrentes do Covid-19.

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Entre as diretrizes estão questões relativas ao retorno de militares em viagens internacionais; cancelamento de missões; reavaliação de deslocamentos, adestramentos, manobras e exercícios; adoção de medidas de triagem clínico-epidemiológica para acesso a organizações militares; possibilidade de suspensão de férias de profissionais de saúde das Forças Armadas; suspensão de seminários, palestras, solenidades e demais eventos com aglomerações; postergação de cursos; autorização para teletrabalho; e adoção de escala diferenciada de trabalho, entre outras medidas.

De acordo com portaria, caberá ao comandante da Marinha disponibilizar recursos operacionais e logísticos para o planejamento de ações, bem como o planejamento e o apoio às ações dos órgãos federais no controle de passageiros e tripulantes nos portos e terminais marítimos. Determinação semelhante foi dada ao comandante da Aeronáutica, diferenciada apenas pelo fato de que o apoio às ações dos órgãos federais será feito no controle de passageiros e tripulantes nos principais aeroportos do país.

Ainda segundo a portaria, os comandos conjuntos devem iniciar planejamentos para ações de apoio no controle de acesso às fronteiras. Também deverão planejar ações visando o emprego de meios de defesa biológica, nuclear, química e radiológica para descontaminação de material; o emprego de pessoal em campanhas de conscientização; apoios, com meios de transporte, para fornecimento de alimentação e alojamento de equipes, bem como para a triagem de pessoas com suspeitas de infecção, visando o encaminhamento a hospitais.

Ao chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, a portaria determina que “ative os comandos conjuntos, a serem compostos pelas forças”, a fim de planejar (e acompanhar o planejamento) de atividades e ações.

O secretário-geral do Ministério da Defesa será o responsável por fazer a ligação com o Ministério da Saúde, a fim de contribuir com as informações para o planejamento das ações. Caberá a ele disponibilizar, em coordenação com os comandos das forças singulares, os laboratórios farmacêuticos militares para apoiar as ações dos órgãos de saúde.

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