A abertura do Carnaval do Recife, nesta sexta-feira (17), tomou as ruas do centro da cidade, e todos os passos levaram os foliões à praça do Marco Zero. Artistas renomados foram convidados para subir ao palco com Geraldo Azevedo, homenageado da festa, que juntou ícones da música.
Chico César foi uma das estrelas. "Eu me sinto muito feliz de participar, porque eu sinto o Carnaval como uma manifestação da negritude. Estando aqui, eu me lembro de Mestre Salustiano, Naná Vasconcelos, Chico Science, de Lia de Itamaracá, que felizmente está viva, entre nós, porque é nesse momento em que a vida prática, objetiva, perde um pouco o sentido, e vem esse momento da subjetividade. É isso que nós negros fizemos o tempo inteiro, na nossa relação com a música, com a religião, com a arte, com o tambor, isso é o nosso todo dia. Tomara que o carnaval possa se espalhar e contaminar a branquitude para o ano inteiro. É isso que nós desejamos, que as subjetividades possam brotar e reinar.", comentou o artista.
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Uma das atrações mais esperadas, foi a cantora Elba Ramalho. A paraibana demonstra um grande carinho pela capital pernambucana, e faz votos de um carnaval de paz. "É uma responsabilidade [cantar no Marco Zero], num palco desse, com a proporção e a dimensão da festa, essa plateia grande. O maior desafio acho que é na terça, que eu fecho, e é sempre uma coisa bonita que eu vejo aí", declarou.
Fafá de Belém também foi uma atração celebrada no show, com sua irreverência e animação no palco. "A relação que eu tenho com Pernambuco é muito estreita. Me agrada estar aqui, tenho uma relação com o povo pernambucano muito próxima. Eu acho o povo pernambucano muito parecido com o povo paraense, eu acho que nós temos uma felicidade, uma 'auto ironia', que é rara", compartilhou a artista.
Diante de tanta emoção por voltar aos palcos do Carnaval, depois de dois anos de intervalo, devido à pandemia da Covid-19, Fafá espera uma celebração à altura. "Esse tempo de resguardo, tava todo mundo louco para ter uma coisa bonita, leve, mas que leve a expressão de Pernambuco", finalizou.
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Carnaval da inclusão
Maestro Forró também levantou a multidão no primeiro dia oficial de folia. "Esse é o carnaval da retomada, da alegria, sobretudo da esperança de toda a cadeia produtiva cultural. Eu estava muito afim de voltar a trabalhar, a viver esse tipo de relação mais próxima.", contou ao LeiaJá.
Durante seu show, ele chamou o passista cadeirante Matheus Pimentel, que alegrou a plateia e dançou frevo, mostrando que sua limitação física não o impedia de dançar frevo.
"Eu fiquei super emocionado, e parece que a gente ensaiou. Porque o nosso trabalho naturalmente pensa em trabalhar a inclusão de todas as raças, tribos, credos e situações. E a gente mostrou que diferenças e barreiras estão dentro de cada um de nós e basta a gente querer que a gente quebra tudo isso.", declarou o maestro.
A noite de abertura do Carnaval do Recife ainda contou com as participações de Caetano Veloso e Duda Beat.