Alexandre de Andrade Junqueira, o "Carioca de Suzano", afirmou ao Ministério Público Estadual de São Paulo que foi "mal interpretado pela imprensa" e que não tem novas provas a apresentar sobre suposta rachadinha no gabinete do líder do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo, Gil Diniz, o "Carteiro Reaça".
Ele havia denunciado suposta apropriação de salários em benefício do parlamentar, e manteve a acusação. Mas disse que nunca repassou dinheiro ao deputado e "não teve contato com os demais assessores sobre o assunto".
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Junqueira foi lotado no gabinete entre 20 de março e 31 de julho e ganhava, em média, R$ 15,5 mil. A representação dele à Promotoria foi feita no dia 14 de outubro.
Em sua primeira representação, ele havia dito que, por se negar a devolver gratificações de desempenho (GED) a Gil Diniz, teria sido rebaixado ao cargo de motorista.
"E em seguida, permaneci por quatro meses em casa sem prestar quaisquer serviços, a título de punição pela minha recusa, conforme imposto pelo deputado em questão. Ainda que eu quisesse trabalhar, fui proibido de ir ao gabinete e orientado a ali comparecer apenas uma vez por semana para assinar a folha de ponto."
Desta vez, em depoimento ao promotor de Justiça Ricardo Manuel Castro, o "Carioca de Suzano" disse que o parlamentar teria implicado "com tudo", "exigindo, inclusive, que passasse a usar trajes sociais para trabalhar no gabinete".
Ele afirma que questionou o parlamentar sobre suas "implicâncias", e que Gil teria respondido que "não foi informado com que valor contribuiria para a caixa da campanha".
O ex-assessor diz que questionou se "não seria o repasse apenas do valor da GED, ao que o deputado silenciou".
"Dias depois dessa conversa, Sonaira [assessora] chamou o depoente para uma conversa no gabinete, sugerindo que, ante a obtenção de um carro oficial para Gil Diniz, poderiam transferir o depoente para a função de motorista, sugerindo que indicasse a sua esposa ou um amigo para substituí-lo na assessoria do gabinete."
"O depoente recusou, sugerindo que fosse transferido para um escritório político a ser montado na base, assim entendida a região do Alto Tietê, sugerindo que, caso nenhuma dessas alternativas fosse possível, que lhe dessem um prazo de 3 meses para depois exonerá-lo", diz o termo de depoimento.
Segundo o assessor, que mantém a acusação de que há rachadinha no gabinete, "embora não tenha tido contato com os demais assessores sobre esse assunto, tem certeza de que as contribuições foram implementadas porque havia dinheiro em espécie no gabinete, que ficava na mesa do assessor Vitor e esse dinheiro servia para fazer o pagamento das dívidas da campanha de Gil e das despesas do gabinete não cobertas pela Assembleia".
"Questionado acerca de declarações publicadas na imprensa acerca da promessa de entrega de documentos ao Ministério Público nesta data, esclarece que deve ter sido mal interpretado, pois os documentos de que dispunha sobre o assunto já foram encaminhados anteriormente, com o protocolo da sua denúncia", conclui o termo de depoimento.
Defesa
Em nota, Gil Diniz afirmou: "O ex-assessor não levou nenhuma prova porque não existe nenhuma prova pra levar. Somente disse mentiras que já refutamos desde o início da denúncia. Todos os meus assessores já negaram qualquer tipo de repasse de dinheiro público e espontaneamente colocaram seus sigilos bancários à disposição do MP, e, igualmente, eu fiz - o que o assessor não fez e o que o promotor não pediu para esse assessor, que fala de racha de salários, desvio de dinheiro público, esse tipo de coisa. O único que sustenta essa mentira é justamente esse que foi demitido e que se contradiz a cada nova entrevista e que se contradiz ao Ministério Público."