Depois da prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pela Polícia Federal, nesta quarta-feira (15), a oposição reforçou a articulação pela abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para os parlamentares, ficou evidente que os recursos desviados de grandes contratos da Petrobras foram usados na campanha eleitoral presidencial.
“Eu já demonstrei que há elementos suficientes para a abertura do processo. Com as novas informações vindas do Ministério Público, fica inevitável isso. O que precisa agora é elaborar uma peça jurídica respeitável, para que o Congresso análise esse pedido", declarou o líder da minoria na Câmara dos Deputados, Bruno Araújo (PSDB-PE).
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O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho, disse que a prisão de Vaccari foi uma "demonstração clara de que o PT tem conexão total com as denúncias que mostram que a Petrobras foi transformada num espaço de operação de captação de recursos ilícitos”. Embora apoie as investigações, ele desconversou sobre o impedimento de Dilma. Já o líder da legenda no Senado, Ronaldo Caiado (GO), a reincidência de irregularidades no alto escalão do PT já é o suficiente para colocar em suspeição a legitimidade do grupo partidário e da reeleição da presidente Dilma. "Diante desse cenário, tudo caminha para que o PT perca o registro de partido político. E, comprovado que a presidente Dilma foi beneficiada por esse esquema em suas campanhas, será mais que suficiente para ela perder o mandato por corrupção", afirmou.
Para o vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), a prisão de Vaccari é mais um constrangimento para o governo da presidente Dilma. "É uma situação extremamente constrangedora para o partido do governo ter dois tesoureiros presos no mandato da presidente Dilma". Ele fez referência também a Delúbio Soares, preso na primeira gestão da petista, condenado por envolvimento no esquema do mensalão.
Vaccari é acusado de captar dinheiro de origem ilícita da Petrobras para campanha da presidente em 2010 e para o caixa do PT. Em depoimento de delação premiada, o ex-gerente da petroleira Pedro Barusco disse que repassou US$ 300 mil para o tesoureiro atendendo ao pedido do petista para reforçar o caixa da campanha de Dilma.
Aliados
O líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (AC), disse que Vaccari está sendo vítima de uma perseguição política. "Eu acho que é uma prisão política. O Vaccari não fez nenhum tipo de arrecadação fora do que determina a legislação brasileira", sustentou.
O presidente do PT no Rio Grande do Sul, Ary Vanazzi, estranhou o momento em que a prisão ocorreu, "agora que o governo está articulando a questão das terceirizações", mas defendeu que a legenda afaste Vaccari da tesouraria. "Tem que afastar, pelo amor de Deus. Se não fizer isso agora vai continuar respondendo por situações pelas quais não podemos continuar respondendo. É para o bem dele, o bem do partido, o bem de todo mundo", frisou.
Para o Palácio do Planalto, a prisão do tesoureiro o PT não foi uma surpresa. "É mais uma pedra nessa escadaria de desgaste que atinge o PT e que, de alguma maneira, tem algum tipo de reflexo no governo, que é do partido", disse um dos interlocutores da presidente Dilma Rousseff ao jornal O Estado de S. Paulo.
No entanto, segundo esse interlocutor, não há preocupação de que as arrecadações feitas pelo PT nos últimos anos possam trazer implicações negativas ao governo ou que se tente fazer qualquer associação com doações de campanha em 2010 ou 2014, sob a justificativa de que elas passavam por canais diferentes. Ele lembrou que, em 2010, quem cuidava da arrecadação para a campanha de Dilma era José Filippi Júnior e, em 2014, Edinho Silva, nomeado recentemente ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.