No próximo sábado (9), o aniversário do músico pernambucano Lula Côrtes será celebrado com uma programação artística online. Falecido em 2011, Lula será lembrado e homenageado em uma live com oito horas de duração e a participação de 10 artistas, entre eles, Marília Parente, Publius e Allen Jerônimo. A transmissão acontece no perfil do movimento Ocupe a Peixaria de Candeias (@ocupeapeixaria), a partir das 14h.
Além de música, a live comemorativa contará com lançamentos de projetos da rede Lula Córtex, como o podcast Manifesto Paêbiru, produzido e editado por Bruna Mascaro; e o a campanha de pré-venda do livro Caminho da montanha do sol - Lula Côrtes, editado e produzido em parceria com a Editora Castanha. Além disso, Allen Jerônimo, Nemo Côrtes e Dmingus/Flaviola fazem um bate-papo sobre o relançamento das músicas do Mago das Artes.
Ao longo da apresentação, se apresentam, também, os músicos Marilia Parente, Publius, Tauã, Niero, Álefe Passarinho, Alexandre Revoredo, Lailson e Anjo Gabriel. As transmissões começam às 14h e seguem até às 22h prometendo oito horas de conteúdo, ao vivo, em homenagem ao multiartista, um dos ícones do udigrudi pernambucano.
Fase musical final do artista foi predominante roqueira, com a banda jaboatonense "Má Companhia" ou outros amigos de Candeias. (Nemo Côrtes/cortesia)
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Uma casa colorida, repleta de amigos, música, quadros e de portas invariavelmente abertas. É assim que os frequentadores do “aparteliê” de Lula Côrtes em Candeias, no município de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, descrevem o local escolhido pelo multiartista recifense para viver seus últimos anos de vida. Àquela altura, o mundo inteiro já cabia na cabeça de um pirata que se recusava a deixar de vislumbrar o mar como possibilidade máxima de conexão com outros sons e povos. Dado à uma incorrigível informalidade, Luiz Augusto Martins Côrtes logo entraria para história da música como Lula Côrtes, parceiro de Zé Ramalho em Paêbiru (1975), que conduziu com sua cítara marroquina (apelidada de “tricórdio”) pelas veredas da música experimental nordestina, reencontrando as origens árabes das escalas e timbres locais. Caso estivesse vivo, Lula completaria 70 anos neste maio de 2019, e certamente ainda moraria em Candeias.
“A casa de Lula era assim: se eu chegasse lá oito horas da manhã, começava a fazer alguma coisa. Quando davam 10 horas, ele me chamava para fazer um peixe e eu ia ao mercado comprar um uísque ou uma cana, quando a gente estava nas vacas magras. Aí poderiam chegar pescadores, as amigas dele ou Zeca Baleiro”, brinca Igor Sales, amigo com quem Lula Côrtes dividiu uma de suas moradas em Candeias, além de seu “digitador oficial”, ocupação que derivou da recusa do artista de deixar a escrita à mão. Estudante de comunicação, Igor se aproximou do gênio pernambucano durante as farras em Candeias. Sempre bem frequentado, o apartamento de Lula no bairro, segundo Igor, chegou a ser visitado pelo falecido príncipe da Holanda Johan Friso e por um dos guitarristas dos Rolling Stones, Ronnie Wood, que também era afeito à pintura. “Ele chegou a pintar um quadro pequenininho em Candeias. Lula guardou esse objeto por um tempo, na parede. Depois que morreu não sei onde foi parar”, lamenta Igor.
Assista ao Minidocumentário "Além-mar: os últimos anos de Lula Côrtes em Candeias":
À época, Igor era um estudante de comunicação perdido, interessado em desenvolver seus conhecimentos em pintura, uma das muitas artes que o “mago de Candeias” dominava. “ fizemos um acordo: ele me ajudaria a pintar e eu digitaria no computador os manuscritos dele. Na época, eu tinha uma banda de rock, chamada ‘Transmissão Clandestina’, e ele gostava e tinha muito essa atitude rock n’roll. Era um cara que rasgava a camisa em cima do palco, tomava uma e descia para arengar com alguém no público”, diverte-se Igor.
Apesar disso, ele destaca que o período em que conheceu Lula foi de altos e baixos para o artista. “Ele descobriu um câncer, não sei se foi depois disso que passou a viver um dia de cada vez. Se ele pegasse uma grana agora, a gente ia almoçar num restaurante, depois ia tomar uma não sei onde e, caso chegassem outras pessoas, ele fazia tudo de novo. Agora também acontecia de a Celpe vir e cortar a luz, porque ele esquecia de pagar, ou de faltar comida. Muitas vezes, eu e outros amigos chegamos junto com marmitas”, lembra.
"Digitador oficial": Igor colocou no computador três livros inteiramente manuscritos por Lula. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)
Paralelamente às oscilações financeiras, Lula parecia produzir como nunca, na música, na literatura e nas artes plásticas. Depois de domar a rebelde caligrafia do artista, por vezes vomitada por fluxo criativo contínuo em enormes folhas de papel A3, Igor calcula ter digitado e ter sido o primeiro a ler pelo menos três livros de Lula Côrtes, alguns deles ainda inéditos. “Ele tinha umas sacadas muito boas e obras interessantíssimas de ficção e poesia. Só que ainda mais interessante do que consumir a obra, era conviver com ele. Era um cara com quem eu aprendia o tempo todo”, completa.
O papa de Candeias
Blusão, sunga e uma rede de pesca. Era só o que Lula Côrtes costumava carregar no corpo em suas andanças diárias à beira do mar de Candeias. Entre os lugares onde era quase certo encontrá-lo estavam a antiga peixaria, o Bar do Rock e o Bar do Xexéu, onde costumeiramente tocavam amigos da cena local como Morcego, Beto Kaiser e Xandinho, membro da Má Companhia (última banda de Lula Côrtes) até hoje. “Abri o bar na orla e, como sou músico, outros artistas passaram a frequentar o espaço. Lula virou uma peça fundamental aqui no bairro, era um ícone da música. Para a gente era uma satisfação tê-lo conosco”, lembra o músico Carlos Roberto Xavier, conhecido como Xexéu.
Bar do Xexéu era parada certa de Lula Cortês em Candeias. (Xexéu/cortesia e Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)
Com diversos interesses em comum, Xexéu e Lula passaram a se encontrar quase todo dia. “A gente ia andando até o rio, para pescar tabocas. Às vezes, quando ele via que estavam batendo ondas, tirando o referencial pelo Pico dos Abreus, vinha me encontrar no mar. Sabia que eu estaria pescando lagosta e a gente cozinharia junto”, comenta Xexéu. Para o músico, a rotina mudou radicalmente em decorrência de efeitos ambientais negativos causados pela construção do Porto de Suape. Outras intervenções humanas intensificaram os efeitos do avanço do mar e algumas partes da orla do bairro perderam toda a faixa de areia. “Lula sentiu impacto disso tanto quanto nós, locais. Por um tempo, não pudemos mais andar na praia, porque fizeram aterros com areia do fundo do mar, com cascalhos, e até do rio, que algumas pessoas diziam ter micróbios e bactérias. O prédio dele chegou a ter o muro derrubado pelo mar, o que o deixou assustado”, relata Xexéu.
Cada vez mais engajado à cena musical de Candeias, Lula passou a sentir a necessidade de interferir de forma ainda mais profunda na vida do bairro. De acordo com a produtora, jornalista e amiga do artista, Ana Patrícia Vaz Manso, o músico chegou a fundar uma Organização Não Governamental (ONG) chamada Sociedade de Arte Lula Côrtes (SALC). O objetivo da iniciativa seria o de utilizar o espaço de uma das casas em que morou para oferecer oficinas culturais. “Só que a vida dele era de muitas fases e as doenças atrapalharam um pouco esses planos. Apesar disso, ele foi padrinho de várias bandas aqui em Candeias e um verdadeiro embaixador da arte e da cultura de Jaboatão dos Guararapes”, frisa.
Contrastes: o Lula "rocker" foi o mesmo Lula que conquistou o título de cidadão Jaboatonense e assumiu a gerência de cultura da cidade. (Nemo Côrtes/cortesia e Xexéu/cortesia)
O ativismo rendeu ao artista o Título de Cidadão Jaboatonense, concedido no dia 3 de dezembro de 2004, pela Câmara Municipal de Jaboatão dos Guararapes. Aos 55 anos, Lula recebeu a homenagem em estado de profunda emoção, segundo relatam amigos. “Para ele, isso daí foi tudo. Lula abraçou esse lugar como se fosse filho do litoral de Candeias”, completa Xexéu.
Retomada
A todo vapor entre seus últimos anos de vida, 2010 e 2011, Lula Côrtes conciliava o novo cargo de gestor de cultura de Jaboatão dos Guararapes com a conclusão dos livros “Aparição”, “Na Casa de Praia” e “Jardim do Éden”, montava novas exposições e pretendia lançar um álbum triplo intitulado “Tarja Preta Lula Córtex Mil Miligramas” com a “Má Companhia”. O trabalho teria nada menos do que 36 músicas, mas não foi concluído nem lançado. “Ele descobriu uma hepatite e a urgência de parar de beber e fumar, então parecia que ele sabia que ia partir e queria deixar muita coisa encaminhada. Após algumas tentativas se viu mal, não estava conseguindo encarar o caminho do cuidado. Foi muito importante para mim quando ele disse: ‘eu vou morrer de viver’”, lembra Nemo Côrtes, filho caçula do artista com a médica Alcione Móes.
Em sua casa, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, Nemo ainda guarda um violão antigo, quadros e vários manuscritos do pai". (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)
Diante do estado de saúde do pai, Nemo tomou, aos 21 anos, a decisão de se mudar para Candeias. “Eu e minha mãe morávamos no Janga e meu pai tinha tido um ‘bocadinho’ de ausência na minha criação, acho que por causa dessa vida de artista e da própria imagem do homem que reproduz essa alienação. Nosso contato acabou sendo de final de semana”, completa. Para Nemo, o processo de “reconexão” com o pai foi mais do que bem-sucedido. “Foi lindo. Era acordar de manhã, fazer um cafezinho, cuscuz e ovo, para dar aquela força e aí começava o dia. Talvez a pintura fosse o principal eixo de trabalho dele, desde as questões de subsistência à dedicação de horas por dia. Ele tem uma produção que alguns pesquisadores estimam ser de mais de mil obras”, comenta Nemo.
Dentre as temáticas do pai, que iam de coleções como o “Diário Político Poético”- que retratava o cotidiano de localidades como Candeias- a telas que retratavam o zodíaco, Nemo escolhe a dos “atípicos” como predileta. “Nos anos 1970, meu pai e Kátia Mesel, sua esposa na época, fizeram uma viagem por países como Marrocos, onde ele descobriu o tricórdio e a temática musical do nordeste oriental, Portugal e Espanha, inclusive passando por Girona, cidade em que Salvador Dalí morava. Meu pai bateu na porta dele e passou um tempo morando lá”, conta.
De fato, o mestre catalão do surrealismo costumava receber artistas de todo o mundo em sua excêntrica mansão. Talvez tenha sido ele uma das maiores influências do Lula Côrtes pintor. “Meu pai dizia que a coisa mais importante que aprendeu com Dalí foi a limpar os pincéis, que era essencial saber fazer isso. O tema dos atípicos vem desse encontro. É uma viagem com as plantas, os órgãos sexuais, umas coisas meio fálicas ou vulvas”, explica.
Versátil também na pintura, Lula ia do surrealismo a composições paisagísticas. (Betânia Gomes/cortesia)
Agora, Nemo inicia, com alguns parceiros, os trabalhos da Rede Lula Córtex, cujo objetivo é o de resgatar inéditos e divulgar a obra de seu pai. “Ele já tinha demonstrado interesse na criação de um instituto ou algo que perpetuasse o trabalho dele. O projeto leva o nome do trabalho inacabado com a Má Companhia. Na área de literatura já temos três romances revisados”, coloca. Além disso, o grupo se prepara para lançar o “Atípicos”, um mapeamento que objetiva fazer uma cartografia da produção de Lula nas artes plásticas. “Aproveito para pedir a quem tiver alguma obra dele para entrar em contato com a rede, porque vamos catalogar esse material e disponibilizar tudo em um acervo virtual”, apela Nemo.
Peixaria de Candeias
Uma semana antes de morrer em consequência de um câncer na garganta combinado à hepatite, em março de 2011, Lula participou, junto com o músico Zé da Flauta, do show “Vivo!”, de Alceu Valença, em São Paulo, com a proposta de relembrar a estética udigrudi pela qual os três militaram nos anos 1970, ao lado de nomes como Flaviola, Zé Ramalho e da banda Ave Sangria. Sua relevância inquestionável para a música brasileira e mundial (até hoje, seus discos são disputados às tapas por colecionadores estrangeiros) lhe rendeu uma estátua que eterniza sua postura contemplativa diante do mar. Acomodada em um dos batentes que circundam a atual peixaria de Candeias, a estrutura de 1,30m é assinada pelo artista plástico Junior Bola e foi inaugurada no dia 11 de março de 2017. Apesar disso, as partes do concreto que representavam o tricórdio e os braços do artista foram arrancadas por vândalos.
Estátua está em más condições e Peixaria sofre com falta de estrutura e insegurança. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)
Em termos gerais, a destruição da estátua é só mais um signo do abandono enfrentado pelo tradicionalíssimo Mercado do Peixe, onde atualmente resistem seis peixeiros. Um deles, sem se identificar, disse à reportagem do LeiaJá que as condições de trabalho são atrapalhadas por fatores como a insegurança e a falta de banheiro químicos. No local, a reportagem do LeiaJá encontrou apenas um banheiro químico, que é compartilhado com os transeuntes. “Eles demoram muito para higienizar. Além disso, já fomos vítimas de dois arrombamentos e três assaltos. Por isso, tivemos que começar a fechar a peixaria mais cedo”, lamenta o trabalhador.
Há dez anos, durante a gestão do prefeito Newton Carneiro, os peixeiros foram transferidos para um box a alguns metros da estrutura original, para viabilizar a construção do calçadão de Candeias. Jaboatão, cujo nome vem de “Yapoatan” (do indígena, uma árvore comum na região, utilizada para construir barcos), viu um voraz processo de urbanização substituir as vilas de pescadores por arranha-céus à beira mar, alterando completamente a cadência de Candeias, dentre outros bairros. “Não existe mais a festa do Dia do Pescador, no dia 29 de junho, que era super tradicional na Peixaria. Era dia de sair uma procissão marítima que ia até a Igreja de Piedade e voltava com a imagem de São Pedro. Eu acredito que acabou por falta de incentivo e pelo fato de os pescadores estarem sendo cada vez mais segregados”, comenta o produtor Leonardo Batista, um dos membros do movimento Ocupe Peixaria, cuja pauta gira em torno da revitalização do espaço e sua utilização para finalidades culturais.
Produção do Ocupe Peixaria em reunião de planejamento para organização de evento no espaço. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)
Amigo e músico parceiro de Lula Côrtes, Allen Jerônimo é um dos moradores de Candeias que está elaborando um projeto de revitalização para a estátua e a Peixaria. “Isso aqui passou muitos anos abandonado, então criamos um grupo chamado 'Somar'. No apanhado que estamos construindo, constam todas as ocupações culturais que estamos promovendo para chamar atenção da prefeitura para o espaço. É nossa forma de mostrar que é viável e que o local pode ser frequentado”, explica Allen.
O sonho de transformar a Peixaria em um espaço cultural que conviva com os peixeiros parece ter sido herdada pela juventude do bairro de seu mais prodigioso mestre. “Lula conversava muito comigo sobre o sonho de criar um palco aberto para os artistas de Candeias. Ele adoraria isso aqui”, conclui Xexéu.
Na semana que marca os 70 anos do músico pernambucano Lula Côrtes, nascido no dia 9 de maio, vários artistas se reúnem, na Região Metropolitana do Recife, para celebrar sua obra. No dia de seu aniversário, quinta (9), a comemoração será durante o movimento Ocupe a Peixaria, em Candeias; já no próximo sábado (11), é o bairro da Várzea que recebe shows e atrações em homenagem ao 'bruxo'.
Na quinta (9), Lula será lembrado durante a nona edição do movimento Ocupe a Peixaria Candeias. O lugar, onde o próprio artista desenvolveu diversos projetos, tem sido palco de manifestações em prol da vida cultural de Jaboatão dos Guararapes e pela recuperação da própria Peixaria e da estátua de Lula Côrtes, alvo de vandalismos não recuperados até então. Na noite de homenagens, o evento recebe o Som na Rural, Juvenil Silva, Marília Parente, Renato L., e um dos idealizadores do movimento, Allen Jerônimo, entre outros. A entrada é gratuita.
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Já no sábado (11), a celebração será na Rua da Feira, no bairro da Várzea, com as presenças de Allen Jerônimo, Aninha Martins, Publius, Miguel Marinho, Felipe Weinberg e Jonatas Onofre. Também aberto ao público, a partir das 18h. As comemorações são organizadas pela Rede Lula Córtex, desde 2012, encabeçadas pelo filho de Lula, Nemo Côrtes.
Serviço
#ocupepeixaria
Quinta (9) - 15h
Peixaria de Lula Côrtes (Orla de Candeias - Jaboatão dos Guararapes)
A próxima quinta (14) será marcada por um ato que, através da arte, vai pedir por mais arte e cultura no município de Jaboatão dos Guararapes. Os músicos Allen Jerônimo e Filipe Niero levam para a Peixaria Lula Cortes, na orla da praia de Candeias, o projeto #baiaodelulas, em um show gratuito. O objetivo é chamar atenção para o abandono cultural da cidade e da própria Peixaria, um dos pontos de encontro de artistas e fomento à cultura na área.
Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, Allen Jerônimo explicou a motivação para o show e a escolha do local para sua realização. Ele conta que frequenta diariamente a Peixaria e sente “na pele a ociosidade dos jovens por falta de políticas públicas no município”: “Desde 2008 estamos nesta busca de tornar a Peixaria de Candeias (hoje chamada de Peixaria Lula Cortes) em um espaço cultural. O espaço já é referência por sua localização e pelas atividades culturais realizadas anteriormente. Como sempre , a ideia surgiu do povo, dos encontros e reuniões dos artistas e ativistas locais em busca de uma mudança e atenção da atual gestão do município”.
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O artista conta que, apesar das dificuldades, o fazer artístico e cultural no município resiste e persiste: “O número de pessoas interessadas em fomentar é bem grande. Sendo assim, a intervenção cultural pede por mais investimentos na área da cultura em Jaboatão dos Guararapes, e uma maior atenção ao local que receberá o show. A Peixaria conta com uma estátua em homenagem ao artista pernambucano Lula Côrtes, porém, o monumento sofreu depredações no ano de 2017 e até agora não passou por reparos.
#baiãodelulas
O projeto de Allen e Filipe Niero vai levar, à orla de Candeias, canções de Lula Côrtes e Luiz Gonzaga. São esperadas algumas participações, mas Allen previne que o evento será de pequeno porte: “Tivemos , em outras ocasiões, nosso equipamento apreendido”, conta. O músico espera que este seja apenas o começo de um novo momento para artistas e moradores do município: “Creio que em pouco tempo outros jovens irão realizar ocupações artísticas na Peixaria Lula Côrtes também. Amanhã será um início para novos rumos”.
Serviço
#baiãodelulas
Quinta (14) | 18h às 20h
Peixaria de Lula Côrtes (Orla de Candeias - Jaboatão dos Guararapes)
Em entrevista ao LeiaJá, o secretário executivo de Cultura, Esportes, Lazer e Juventude de Jaboatão dos Guararapes, Jota Barretto, afirmou que os gastos com materiais e restauração não são de responsabilidade da prefeitura do município, que participou apenas como incentivadora do evento no qual ela foi inaugurada, e caso não haja reforma, a estátua será retirada do local. O monumento fica próximo à orla de Candeias.
“Eu fiz parte como colaborador, como amigo de Lula Côrtes e fui também produtor. Naquele momento, a prefeitura deu total apoio e suporte ao evento, porque houve uma homenagem. A estátua foi totalmente independente. A prefeitura não teve nada a ver”, declarou Jota Barretto. “Foi tudo por conta própria. Todo mundo juntou suas finanças para comprar o material. Tudo foi de uma vontade só. A Prefeitura deu apoio a parte de palco, iluminação, som e estrutura para o evento. A escultura foi feita por conta própria do artista, então, ele que deve terminá-la. A Prefeitura entra com as legalizações, toda parte documental, de engenheiro, o alvará. Caso ele não conclua, a Prefeitura terá que remover a escultura”, concluiu.
Procurado pelo LeiaJá, o artista plástico Alberto Júnior Bola confirma a versão do secretário de que a obra e o evento foram pensados em conjunto. No entanto, Alberto discorda em alguns pontos. "Há um tempo tinha chegado até o secretário e tinha dado a ideia de mudar a situação de Jaboatão dos Guararapes, no quis diz respeito à arte e à cultura. Certo dia, o músico Bactéria entrou em contato comigo, dizendo que estava com esse projeto em homenagem ao Lula Côrtes. Eles se reuniram e tiveram essa ideia da escultura também. Como tanto Jota Barretto, como Bactéria me conhecem, lembraram-se de mim e me convidaram para fazer parte. Então, a ideia foi de todos os idealizadores, e que o responsável pelos valores seria o próprio Secretário”, afirmou.
“Como foi muito em cima da hora, seria preciso de um ‘MEI’ para fazer tudo certinho, burocraticamente. Como não iria dar tempo, foi acertado de boca. Peguei o valor do material, que foi passado pelo secretário, e ainda tive que botar do meu bolso o restante do material que ficou faltando”, relatou Júnior Bola. "Ficou acertado que na próxima peça a ser produzida, eu receberia o valor desta, em homenagem ao Lula Côrtes. Essa segunda peça seria feita em Jaboatão centro, segundo secretário, mas não aconteceu! Acabou que não recebi nada dessa peça”, complementou, sem detalhar o valor.
A estátua em homenagem ao cantor, compositor e escritor Lula Côrtes, localizada na beira mar de Candeias, Jaboatão dos Guararapes, foi alvo de vandalismo. A obra é de autoria do artista plástico Júnior Bola e foi inaugurada no dia 11 de março de 2017 durante uma maratona de shows no evento ‘Um Salve Para Lula Côrtes’, que contou com a presença de artistas como Cannibal, Isaar, Allen Jeronimo & Rave de Raiz e outros mais.
"Infelizmente fiquei, muito chateado, mas já esperava. É um tipo de trabalho que você se entrega de corpo e alma, vive tudo aquilo. Sou de Barra de Jangada, portanto conhecia a história dele, e você ter a oportunidade de "eternizar" uma figura daquela através da arte, junto com amigos, como Jadson do Vale (Bactéria) Galo de Souza e toda a galera que idealizou esse evento, galera essa que faz parte desse mundo da arte já um tempo", lamentou Júnior Bola.
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Em uma foto, postada nas redes sociais, nota-se que parte da estrutura foi danificada e o tricórdio, instrumento árabe, que ficava no colo da estátua, foi arrancado e uma pichação foi feita. Na postagem, vários artistas e admiradores do trabalho do músico que fomentou a cena de Candeias mostraram sua indignação.
"É triste, por isso que as pessoas boas se mudam daqui. Descaso do poder público, e de uma pessoa sem consciência e sem boas atitudes que pixa na arte que homenageia o artista. Pra continuar do mesmo jeito, sabíamos que isso iria acontecer. Mas o nosso amor pela arte não nos para. Agora um pixador desse... Sabemos onde vai para"r, escreveu Galo de Souza.
Ao LeiaJá, o secretário executivo de Cultura, Esportes, Lazer e Juventude de Jaboatão, Jota Barretto, disse que entrou em contato com Júnior Bola para a reconstrução do monumento, mas não há previsão para a reforma acontecer. Ainda de acordo com o secretário, não se tem conhecimento sobre os autores do ato, mas a área passará a ser monitorada.
Jadson Vale, mais conhecido como Bactéria (ex-Mundo Livre), é músico e morador do bairro e lamenta o ocorrido. Ele se diz triste, pois o projeto e o evento foram construídos por músicos em parceria com a Secretaria de Cultura de Jaboatão do Guararapes. "A obra não foi totalmente finalizada, mas tinha a necessidade, por parte da Secretaria, em fazer a inauguração no dia do evento em homenagem a Lula Côrtes" , afirmou ao LeiaJá.
"Deveria-se ter feito uma estrutura que protegesse a obra, já que ela não foi finalizada e o pagamento ao artista plático ainda não foi finalizado. Três meses depois de sua inauguração e ela está desse jeito. A manutenção dela é de responsabilidade da prefeitura do município", ressalta Bactéria.
Lula Côrtes, falecido em 2011, foi o primeiro cantor brasileiro a lançar um disco independente no país, em 1973. Fez parcerias com Zé Ramalho, Alceu Valença e Robertinho do Recife. Gravou grandes discos como o raro Paêbiru (1975) e difundiu a psicodelia em Pernambuco.
Em homenagem ao recifense Lula Côrtes, artistas e amigos do cantor e do cenário Pernambucano se reúnem, neste sábado (11), para lembrar do artista no encontro de nome Um Salve Para Lula Côrtes, na Peixaria Lula Cortes, localizada em Candeias, Jaboatão dos Guararapes.
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Luiz Augusto Martins Côrtes, mais conhecido como Lula Côrtes foi um cantor, compositor, pintor e poeta brasileiro. Chegou a ser considerado por muitos, um dos primeiros músicos a fundir o gênero do rock com ritmos regionais do nordeste. Entre as variadas obras lançadas, destacam-se o álbum ‘Satwa’(1973), em que o artista lançou seu primeiro disco solo ao lado de Lailson; ‘Paêbirú’ e ‘Nordeste Repente Canção’(1975), com participação de Zé Ramalho; e outros mais. Lula chegou ainda a gravar músicas ao lado do cantor Alceu Valença. Na madrugada do dia 26 de março de 2011, Lula Côrtes morreu vítima de um câncer na garganta, no Hospital Barão de Lucena, localizado na Iputinga, Zona Norte do Recife.
Em uma estrutura com polos, o evento ganhará show de artistas como Allen Jeronimo & Rave de Raiz, Capadolla & AFC OLS, Roger de Renor, Isaar, Cannibal (Devotos) e outros mais. A programação conta ainda com atividades na praia envolvendo Slackline e ‘Luau das Candeias’.
O encontro tem idealização da D Responsa Produções e Criativismo, com patrocínio da Secretaria de Cultura, Educação, Esporte, Juventude e Turismo, e da Abreus. Gratuita e aberta ao público, as atividades têm início às 15h. Confira a programação.
Serviço
‘Um Salve Para Lula Cortes’
Sábado (11) | 15h
Peixaria Lula Côrtes (Candeias- Jaboatão dos Guararapes)
Depois do lançamento na capital pernambucana em outubro, o curta O Mago das Artes: Lula Côrtes será exibido em São Paulo. O filme foi produzido pela cineasta Katia Mesel (primeira companheira do artista) e pelo produtor Avir Shamaim (filho de Lula). O público da cidade poderá ver o filme na Galeria Imã (Vila Madalena), dia 14 de novembro, às 21h.
O Mago das Artes tem 23 minutos e mostra o talento de Lula Côrtes e sua importância para a cultura pernambucana. Além disso, o público pode conhecer de perto a intimidade do cantor, suas habilidades artísticas e também imagens raras de apresentações e entrevistas. Grande parte delas vindas dos arquivos, gavetas e baús, cedidas por profissionais, amigos, parceiros e fãs de todo o Brasil.
A magia e o trabalho do músico pernambucano Lula Côrtes é a inspiração para o curta O Mago das Artes: Lula Cortes, resultado da parceria entre a cineasta Katia Mesel (primeira companheira do artista) e o produtor Avir Shamaim (filho de Lula). O filme será lançado no dia 15 de outubro, às 20h30, no Cinema da Fundação com a presença de 200 convidados.
O curta tem patrocínio do Funcultura e mostra a importância do trabalho de Lula Côrtes dentro da cultura pernambucana, expondo de maneira íntima as habilidades do artista como escritor, cantor, compositor e pintor. Além disso, aproveita para mostrar a visão de mundo do artista em várias entrevistas, ensaios e shows.
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As imagens do documentário são compostas por várias fontes, cedidas por profissionais, amigos, parceiros e fãs de todo o Brasil.
A partir das 14h deste sábado (31), os amantes da cultura podem conferir a terceira edição do Beco Cultural, evento que acontece na Travessa Atlântico, Centro Comercial de Ouro Preto. Prestando uma homenagem ao artista Lula Côrtes, a festa tem como tema eleito foi Música, Dança e Grafite: Arte, Atitude e Resistência.
Na programação consta a exibição do curta da cineasta pernambucana Katia Mesel Faróis: Lula Côrtes, e shows com as bandas Namente, Amperes, Tributus, Relato Consciente, Walgrene e Banda Ela, Expresso Bacurau, Estado de Defesa ,T.H.C. The Homens Crazy, Beco Floyd, Gordo de Olinda, Nilton Ramos e outras atrações. O Beco Cultural é gratuito.
Em mais um dia de programação intensa, com debates, palestras e atividades paralelas como a Mostra de Cinema Eduardo Coutinho, a Expoidea continuou agita o bairro do Recife Antigo, onde acontece a maior parte das suas atividades. A noite desta quinta (10) foi marcada por um show em homenagem a Lula Côrtes em que executou o repertório do lendário disco Paêbirú, gravado por Lula e Zé Ramalho na década de 1970.
Os músicos André Sette (teclado, theremin e flauta), Bernardo Braga (guitarra), Carlos Amarelo (Percussão), Diogo Andrade (guitarra e voz), Lucas Araújo (bateria e voz), Publius (bandolim e voz) e Vinícius Lima (bateria), comandados por Missionário José (baixo, laptop e voz) e Haymone Neto (guitarra e voz) tocaram na íntegra e na ordem as música de Paêbirú, dando uma roupagem própria e nova às canções contidas no disco. Muita gente foi ver a homenagem a Lula Côrtes, um dos artistas mais importantes de Pernambuco. A poetisa Pollyanne Carlos tem uma relação especial com o disco e veio conferir a releitura: "Ganhei o Paêbirú de presente no meu aniversário de 20 anos", recorda.
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O professor Júlio Silva também veio para assistir ao show e gostou da apresentação, mas fez uma ressalva: "A homenagem é válida, mas deveria ter acontecido antes que Lula Côrtes se fosse, para que ele estivesse aqui assistindo e sorrindo", afirmou. Entre a plateia, um vinil original e raro de Paêbirú balançava enquanto a banda tocava. Era o colecionador de vinis Jarbas Wanderley, que ainda tinha em mãos um vinil de Satwa, outro disco clássico da psicodelia pernambucana.
Para Missionário José, "o Paêbirú mostra o potencial que a gente tem aqui porque foi feito com recursos mínimos, que é basicamente o recurso que temos até hoje". Ele conta que os músicos tiveram 18h de estúdio para preparar o show, e a escolha de músicos mais jovens para executar o disco serve também para mostrar a influência grande e ainda presente de Paêbirú na musicalidade pernambucana.
Antes da homenagem a Lula Côrtes, quem subiu ao palco foi a banda Rua. Com um som minimalista com pitadas de jazz e muito instrumental, a banda agradou. Mais cedo, foi dado continuidade à programação do Palco Livre, em que bandas previamente inscritas têm espaço para tocar e podem ter seu show gravado e filmado.
Músicos da cena pernambucana se unem nesta quinta (10) para prestar uma homenagem a Lula Côrtes. A apresentação marca o 3º dia de programação da Expoidea - Feira de Tecnologia, Cultura e Sustentabilidade que acontece no centro do Recife até o próximo dia 13.
No tributo ao pernambucano, os músicos tocam na íntegra as canções do álbum Paêbiru, que foi lançado em 1975, fruto de uma parceria sua com Zé Ramalho e que perdura como referência para a música popular brasileira. O show conta com a participação de 12 músicos que prometem tocar as músicas na ordem original do álbum. Lula Côrtes foi um cantor, poeta, escritor, compositor e pintor pernambucano, que morreu em março de 2011.
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A abertura da programação do Palco Expoidea, na Rua da Moeda, nesta quinta (10) fica por conta da banda Rua. Formada em 2009, ela mistura ritmos regionais e sons experimentais, com influências do jazz. Além disso, a partir das 18h, o Palco Livre recebe os grupos que se inscreveram para tocar em troca de serviços culturais dentro da feira. Nesta quinta, as apresentações são das bandas Gambiarra Cybernética, Dune Hill, Dune Hill, Foxy Trio, Quarto Astral, Pois Zé, Nova Holanda e Arca de Pandora.
Mostra Eduardo Coutinho
Paralelamente e compondo a programação da feira, a Mostra Eduardo Coutinho acontece no Cinema São Luiz, bairro da Boa Vista. Diariamente será exibido um filme do documentarista, considerado um dos maiores da atualidade, até o próximo domingo (13). O documentário exibido nesta quinta (10) é Santo Forte (1999), que foi realizado após 15 anos de afastamento de Coutinho do cinema e trata da religiosidade numa favela carioca. Ao todo, cinco filmes serão exibidos na mostra.
Serviço Palco Expoidea Banda Rua 23h30 Show - Tributo a Lula Côrtes 23h Festa do Santo Forte (DJ Tutu Moraes) 00h30
Palco Livre Gambiarra Cybernética - 18h Dune Hill - 18h30 Foxy Trio - 19h Quarto Astral - 19h30 Pois Zé -20h Nova Holanda - 20h30 Arca de Pandora - 21h
Quinta (10) Rua da Moeda (Recife Antigo) Gratuito
Mostra Eduardo Coutinho Documentário Santo Forte Quinta (10), às 19h30 Cinema São Luiz (Rua da Aurora)
Tendo como pilares Tecnologia, Sustentabilidade e Cultura, a Feira Expoidea realiza sua segunda edição no Recife, dos dias 8 a 13 de maio, trazendo debatedores, artistas, gestores e realizadores para debater a inovação. As atividades incluem oficinas, palestras, debates, rodas de diálogo e apresentações culturais, espalhadas por seis espaços, tendo como centro o Paço Alfândega, no bairro do Recife Antigo.
A programação também inclui eventos paralelos, como a Mostra de Cinema Eduardo Coutinho, que exibe filmes e homenageia este que é um dos mais importantes documentaristas brasileiros; o festival Humor na Feira abre espaço para artistas do riso e premia o mais engraçado de acordo com votação popular na internet; a Mostra de Design Criativo Sustentável reúne objetos de decoração e moda concebidos com os conceitos do Design Sustentável; e a Produtora Colaborativa traz sua tecnologia social de troca de serviços e realiza shows na Rua da Moeda.
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No total são 122 atividades de conteúdo e mais 20 apresentações culturais em formato de show e mostras artísticas. Entre as atrações artísticas estão a banda pernambucana Mamelungos, o cantor Criolo - que participa de debate e fez pocket show - e um show em homenagem ao clássico e raro disco Paêbiru, gravado por Lula Côrtes e Zé Ramalho, realizado com jovens músicos da cena recifense. Luiz Gonzaga também será homenageado com um show da Orquestra Santa Massa, em alusão ao seu centenário de nascimento. A Expoidea traz palestrantes e debatedores de Pernambuco, de vários lugares do Brasil e de outros países para debater práticas inovadoras.
A programação completa, as atrações artísticas e os palestrantes e debatedores podem ser conferida no site oficial da Expoidea.
Um espaço de encontro entre a tradição e a tecnologia, discussão e divulgação de estratégias da economia criativa, estímulo à participação da sociedade em novos negócios, apoiado na ideia de economia verde. Essas são algumas das diretrizes da "Expoidea", evento que chega a sua segunda edição entre os dias 8 e 13 de maio, no Paço Alfândega, bairro do Recife.
Apoiada em três pilares - Tecnologia, Sustentabilidade e Cultura -, a “Feira do Futuro” tem como objetivo promover o diálogo entre os gestores públicos e a iniciativa privada com a sociedade, num ambiente criativo e colaborativo. Dentro disso, reserva um cronograma extenso de atividades, como oficinas, palestras, debates, rodas de diálogo, “espaços vitrines”, apresentações de projetos, entre outros.
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Em coletiva realizada nesta terça-feira, o coordenador-geral do evento, Rogério Robalinho, declarou que o bom momento vivido por Pernambuco (que abriga o maior polo de tecnologia do Brasil, o Porto Digital), explica a escolha pelo local para sediar o evento. “Bacana é a gente perceber como a região do Recife se desenvolve e o Estado cresce como um todo. A realidade atual reflete um momento único de renascimento e de avanço. Com a Expoidea, procuramos dar a nossa parcela de contribuição no fortalecimento do polo criativo de Pernambuco”, declara.
As atividades serão divididas em seis ambientes, espalhados pelo Paço Alfândega: Círculo das Ideias, Palco das Ideas, Espaço Expoidea, Humor na Feira e Ambiente de Exposição Interativa – além de espaços de Convivência e interação social.
A feira também vai dar um foco especial para a robótica, com oficina, luta de robôs, exibição de braços robóticos, além da possibilidade dos visitantes controlarem os robôs em exposição. Para estimular a participação do público, o evento acontecerá numa espécie de “jogo”, com premiações aos participantes que forem acumulando pontuações a cada atividade realizada, estratégia conhecida como gamefication. “Seguindo a lógica dos games, esse tipo de ação torna a experiência mais divertida para o público”, disse o cineasta Leo Falcão, responsável pela elaboração do jogo.
A Produtora Cultural Colaborativa ficará encarregada de registrar, em fotos e vídeos, todas as ações realizadas na Expoidea, além de ministrar seis oficinas, já com inscrições encerradas: de Jornalismo online, Áudio, Design e Artes Gráficas, Fotografia, Transmissão ao vivo (streaming) e Vídeo. Todas em software livre. Mais oficinas serão divulgadas durante a semana. As inscrições podem ser feitas no site do evento.
CULTURA
Além das 122 atividades de conteúdo, mais 20 ações serão voltadas para a área cultural, em formato de shows e mostras artísticas. No Cinema São Luiz acontece a Mostra Eduardo Coutinho, exibindo filmes do cineasta brasileiro, considerado um dos mais importantes documentaristas da atualidade. Foram cinco filmes selecionados pelo próprio Coutinho, são eles: Cabra marcado para morrer (1984), Santo Forte (1999), Edifício Master (2002), Jogo de Cena (2007) e As Canções (2011).
Destaque para uma homenagem especial a Lula Côrtes, pegando gancho no lendário “Paêbiru - Caminho da Montanha do Sol”. O disco é resultado de uma parceria entre Lula e Zé Ramalho durante a década de 1970. Foram perdidas cerca de 1.000, das 1.300 cópias feitas em prensagem única, durante a grande cheia do Recife de 1975, resultando num exemplar raríssimo, que chega a custar cerca de R$ 10 mil nos sebos. O show “Paêbiru - Tributo a Lula Côrtes” vai reunir jovens músicos da cena pernambucana para tocar o disco na íntegra.
Depois da bem sucedida participação no carnaval deste ano, o rapper paulista Criolo volta ao Recife para participar do debate “Transformações possíveis: aqui, ali, e para mais além”, junto com Cannibal, líder da banda Devotos, do Alto José do Pinho e ao lado de Maria Vilani. O trio irá falar sobre os projetos sociais desenvolvidos em suas comunidades.
Depois, Criolo realiza um pocket-show em formato “DJ e Mc (mestre de cerimônia)” para os presentes no bate-papo. “Esta pode ser uma das oportunidades de conferir o Criolo apresentando um show neste formato”, adiantou um dos organizadores do evento, o jornalista Schneider Carpeggiani.
Além dessas, o Expoidea reserva muitas outras atividades voltadas para a área cultural. “Qualquer pessoa que trabalha com cultura fica satisfeita com um evento que propõe alargar os limites do que é cultura e tecnologia”, declarou Schneider.
Serviço Expoidea - Feira do Futuro De 8 a 13 de maio, no Paço Alfândega, Bairro do Recife www.expoidea.com.br
Não falar da geniosidade das letras do cantor e compositor pernambucano Lula Queiroga é como não destacar a irreverência do baiano Tom Zé, por exemplo, em cima dos palcos. Há de se convir que, de maneira mais tímida, o Lula é o nosso "Tom Zé pernambucano", ou amigo irmão de Lula Côrtes e Lenine, só para citar alguns dos expoentes da geração 1980.
Com muita tranquilidade e um esforço que durou cerca de um ano entre gravação, mixagem e finalização, a apresentação do disco “Todo o dia é o fim do mundo” foi algo de tirar o chapéu da plateia (semi-lotada), que esteve presente na noite de ontem (10), ocupando as poltronas do Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem.
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O aviso de “Podem usar seus celulares para filmar e reproduzir esse espetáculo à vontade” iniciou o show já com aplausos – foi um jeito de subverter a lógica do “preciosismo” da reprodução de massa, e assumir a era dos novos meios digitais diante do público. O show começou com a ótima "Se não for amor eu cegue (love)", parceria de Lula com o compositor Lenine, recém-lançada pelo "Leão do Norte" no disco "Chão" (2011), e seguiu com a homenagem ao multiartista Lula Côrtes, que faleceu em março deste ano, emocionando com a música "Dias assim", que foi aplaudida demoradamente pela plateia.
E Lula nos apresentou mais um dos seus discos com nomes enormes e irreverentes, seguindo a tradição de "Aboiando a vaca mecânica", 2001; "Azul invisível, vermelho cruel", 2004; e "Tem juízo mas não usa", 2009. “Vou parar com essa mania”, brincou o artista. Mas não precisa, nós gostamos desse seu jeito “biruta” de denominar as coisas. Bonito de se ver também o público cantando junto ao artista a letra de “Todo o dia é o fim do mundo”, música tema do show e de seu novo disco, que vinha sendo liberado aos poucos para ser escutado na internet. (Ressalva: saudosismos à parte, apesar de estar disponível no site oficial do artista, vale a pena adquirir o CD, como forma de respeito ao trabalho meticuloso do artista e de sua equipe, a Luni Produções, que está de parabéns pela execução do trabalho).
Impossível não falar também da proeza dos músicos experientes que acompanhavam Lula (entre eles, o percussionista Lucas do Prazeres, da banda Rivotrill, e o baixista Yuri Queiroga, sobrinho de Lula que co-produziu o disco junto ao tio), executando novos e antigos arranjos às músicas do novo CD e as de outrora. A iluminação, o cenário de nuvens suspensas e as participações mais que especiais do show deram o tom da importância da figura de Queiroga aqui na cidade - foram desde o jovem violonista Vinicius Sarmento, passando por Felipe S., da Mombojó e Del Rey, indo até o maestro Spok e a incrível "suave força" da voz feminina de Isaar.
O samba "Unha e Carne", da parceria entre Lula e Vinicius Sarmento, é uma das canções mais belas do disco. Os versos da música narram a história de um amor, do início ao fim, de um casal que, supostamente, vai começar uma conversa através de um bate-papo pela internet. Destaque ainda para a música “Cano na cabeça”, que figurou como uma das versões mais rock 'n' roll da noite, tanto pela sua letra – uma poética reflexão sobre a violência urbana -, quanto pelos seus arranjos incisivos.
BRINCALHÃO - Durante o show, o artista ainda “tirou onda” com o nome do local da apresentação. “Salve, Dona Lindu!”, disse Lula, um dos integrantes do bloco carnavalesco Quanta Ladeira, famoso na cidade por “escrachar” e ironizar em versos músicas e situações políticas vivenciadas pela sociedade recifense, como foi o polêmico caso da construção deste “parque de concreto” (o Dona Lindu) pela Prefeitura da Cidade do Recife.
Conversando com o público pontualmente, via-se a agonia de Lula entre o cantar sério e o dançar meio esquizofrênico, como que quererendo uma resposta do público. Mas este o fez, e com bastante maestria e reconhecimento pelo próprio artista. “Que silêncio!”, disse Lula, “esse respeito que vocês estão tendo aí é lindo, ainda mais para um artista que não tem trabalho tocando na rádio”, disse. E tome mais aplausos. Momentos depois, entoou uma das músicas que ficaram conhecidas ao ser tocada na extinta e guerreira Rádio Cidade – “Roupas no varal”, um belo take para um curta-metragem em stop motion.
O que se pode deduzir é que Lula, além de cantor e compositor “biruta”, é também um ótimo regente da Luni Produções, produtora na qual é sócio fundador há mais de 10 anos, e que foi responsável pelo trabalho minucioso e incrível que foi visto ontem. Parabéns.
O projeto Som do Recife, que está em sua quarta edição, encerra sua programação de setembro nesta sexta-feira (30), ao som do cantor Dino Braia e da banda de rock Plugins, que fazem uma grande homenagem a Lula Côrtes e as músicas que marcaram os anos 1970. Os shows começam a partir das 21h, na Rua da Moeda e o acesso do público é gratuito.