O quinto debate entre os candidatos ao Governo de Pernambuco aconteceu na manhã desta terça-feira (13), promovido pela Rádio Jornal. Aproximando-se da etapa final para as eleições de outubro, os postulantes foram mais incisivos ao apresentar suas propostas e ao direcionar críticas aos adversários. Novamente, a rodada foi marcada por fortes críticas ao grupo político de Danilo Cabral, que representa a Frente Popular, encabeçada pelo PSB, e alvo de oposição de todos os demais candidatos.
A candidata Marília Arraes (SD) esteve ausente mais uma vez, sendo essa a sua quarta falta consecutiva a um confronto. Alguns minutos depois, Arraes compareceu a uma sabatina no NE1, da TV Globo. Anderson Ferreira (PL) também não compareceu, faltando a um debate pela terceira vez.
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O debate foi aberto por Miguel Coelho (União Brasil), que direcionou a primeira pergunta a Danilo, no tópico mobilidade urbana. Segundo Miguel, as intervenções prometidas pelo PSB poderiam contribuir para desafogar o trânsito na Região Metropolitana, mas, passados 16 anos das gestões do partido no governo e na prefeitura, o trânsito e o transporte público continuam sendo um dos maiores problemas para a população.
“A gente percebe que Danilo tem dificuldade de explicar o inexplicável. Só no Rio Capibaribe foram desperdiçados mais de R$ 100 milhões e, tirando a parte ambiental, a gente não viu as estações, não viu a ajuda para a população que precisa de um novo modal.”
Miguel também falou sobre as promessas de redução da tarifa de ônibus e as obras inacabadas de mobilidade, que refletem hoje na Região Metropolitana do Recife, cujo trânsito é considerado o pior do Brasil, de acordo com o ranking internacional TomTom. “Danilo fala de um plano de 10 anos atrás, já se passaram 16 anos do governo do PSB que ele representa, e o povo continua sofrendo. Eles prometeram tarifa a R$ 2,10, e a população paga R$ 4,10”, disse Miguel.
Raquel Lyra (PSDB), ex-prefeita e única mulher no debate, também direcionou críticas a Danilo Cabral e rebateu quando foi questionada sobre já ter apoiado a Frente Popular no passado. Ela reiterou que Cabral representa a continuidade do governo de Paulo Câmara, tido pelos pernambucanos como o pior da história, em sua avaliação.
Ao responder ao candidato do PSB sobre combate à pobreza, a candidata disse: “Esse é o principal desafio do próximo governante. Superar a desigualdade e a pobreza. Agora, o que me surpreende, é que o senhor (Danilo) representa a continuidade do governo de Paulo Câmara, mas insiste em retirá-lo das suas propagandas de TV”, sublinhou.
Raquel lembrou ainda que Danilo foi o secretário de Planejamento responsável pelo fechamento de 60 mil postos de trabalho no estado, no primeiro ano da gestão de Paulo Câmara.
“Vamos construir uma estratégia para superar a fome, criando o programa Mães de Pernambuco, que dará um auxílio de R$ 300 para mães de crianças de zero a seis anos”, acrescentou a postulante.
Críticas a Marília Arraes
Pela segunda vez, Danilo Cabral dedicou um tempo de pergunta a outro candidato para questionar Marília sobre o suposto uso de recursos das emendas de relator. A questão foi levantada durante um momento de pergunta a João Arnaldo (Psol), que já foi candidato a vice-prefeito na chapa de Arraes, em 2020.
“Eu estou como deputado lá (no Congresso Nacional) esse tempo todo e nunca acessei esse Orçamento Secreto por ter críticas a ele. Na verdade, é uma apropriação de um recurso que pertence ao povo brasileiro e está sendo distribuído de forma questionável para atender interesses de deputados. Há denúncias de uso para cooptação de parlamentares para aprovar propostas que são contra o povo brasileiro”, afirmou Danilo.
E questionou: “Eu fico indagando se foi por isso que Marília deixou de participar da votação do fura-fila da vacina, da votação do projeto de liberação de armas, a principal pauta do bolsonarismo, e do projeto de refinanciamento das dívidas do FIES dos estudantes. Ou seja, será que foi por isso que Marília deixou de votar tudo isso?".
O candidato João Arnaldo destacou no debate que, em função da liberação de recursos no Orçamento Secreto, diversas políticas públicas federais estão sofrendo cortes no financiamento, a exemplo da Farmácia Popular e custeio da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). “Eu lamento a ausência dos candidatos aqui, seja o candidato de Bolsonaro, seja de Marília, que, nessa eleição, abandonou as origens da esquerda e se juntou com que tem de pior na direita bolsonarista”, disse.