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O palestino médio em Gaza vive com dois pedaços de pão árabe feito com farinha que as Nações Unidas armazenaram na região, mas o principal refrão que agora se ouve nas ruas é "Água, água", disse o diretor de Gaza da agência da ONU para Refugiados palestinos.

Thomas White, que contou ter viajado "por toda a extensão de Gaza nas últimas semanas", descreveu o local como um "cenário de morte e destruição". Nenhum lugar é seguro agora, disse ele, e as pessoas temem pelas suas vidas, pelo seu futuro e pela sua capacidade de alimentar as suas famílias.

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A agência palestina para os refugiados, conhecida como UNRWA, está apoiando cerca de 89 padarias em Gaza, com o objetivo de levar pão a 1,7 milhão de pessoas, disse White a diplomatas dos 193 países membros da ONU em um vídeo informativo de Gaza.

Mas, disse ele, "agora as pessoas não procuram mais pão. Está procurando água."

A vice-coordenadora da ONU para o Oriente Médio, Lynn Hastings, que também é coordenadora humanitária para os territórios palestinos, disse que apenas uma das três linhas de abastecimento de água de Israel está operacional.

"Muitas pessoas dependem de águas subterrâneas salobras ou salinas, se é que dependem", disse ela. Fonte: Associated Press

Milhares de pessoas invadiram armazéns de ajuda humanitária em Gaza para levar farinha e produtos de higiene básica, informou hoje uma agência da ONU. A busca é um sinal de desespero crescente e do colapso da ordem pública após três semanas de guerra entre Israel e os governantes militantes do Hamas em Gaza.

Tanques e infantaria entraram na região no fim de semana, quando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou um "segundo estágio" na guerra. A ofensiva terrestre crescente ocorreu enquanto Israel bombardeava o território por ar, terra e mar.

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O bombardeio - descrito pelos residentes de Gaza como o mais intenso da guerra - interrompeu a maior parte das comunicações no território na sexta-feira, isolando do mundo os 2,3 milhões de habitantes do enclave sitiado. As comunicações foram restabelecidas em grande parte de Gaza no início deste domingo.

A agência da ONU para refugiados palestinos, conhecida como UNRWA, fornece serviços básicos a centenas de milhares de pessoas em Gaza. Suas escolas em todo o território foram transformadas em abrigos lotados que abrigam palestinos deslocados pelo conflito. Israel permitiu apenas a entrada de uma pequena quantidade de ajuda do Egito, parte da qual estava armazenada em um dos armazéns arrombados, informou a UNRWA.

Thomas White, diretor da agência em Gaza, disse que os arrombamentos são "um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a se romper após três semanas de guerra e um cerco rígido em Gaza. As pessoas estão assustadas, frustradas e desesperadas."

Juliette Touma, porta-voz da agência, afirmou que a multidão invadiu quatro instalações no sábado. Ela contou que os armazéns não continham combustível, que tem sido extremamente escasso desde que Israel cortou todos os carregamentos após o início da guerra.

Enquanto isso, os moradores que vivem perto do Hospital Shifa, o maior de Gaza, disseram que os ataques aéreos israelenses durante a noite de domingo atingiram o complexo hospitalar e bloquearam muitas estradas que levam a ele. Israel acusa o Hamas de ter um posto de comando secreto sob o hospital, sem fornecer muitas evidências.

Dezenas de milhares de civis estão se abrigando no Shifa, que também está lotado de pacientes feridos nos ataques.

"Chegar ao hospital tem se tornado cada vez mais difícil", disse Mahmoud al-Sawah, que está abrigado no hospital. "Parece que eles querem isolar a área". Outro morador da Cidade de Gaza, Abdallah Sayed, disse que o bombardeio israelense nos últimos dois dias foi "o mais violento e intenso" desde o início da guerra.

Israel diz que a maioria dos residentes atendeu às suas ordens de fugir para o sul, mas centenas de milhares permanecem no norte, em parte porque Israel também bombardeou alvos nas chamadas zonas seguras.

O exército israelense não fez comentários imediatos quando questionado sobre relatos de ataques perto de Shifa. O exército disse ter atingido mais de 450 alvos militantes nas últimas 24 horas, incluindo centros de comando do Hamas, postos de observação e posições de lançamento de mísseis antitanque.

A escalada aumentou a pressão interna sobre o governo de Israel para garantir a libertação de cerca de 230 reféns capturados em7 de outubro. Familiares desesperados se reuniram com Netanyahu no sábado e expressaram apoio a uma troca por prisioneiros palestinos mantidos em Israel.

O principal líder do Hamas em Gaza, Yehia Sinwar, disse que os militantes palestinos "estão prontos imediatamente" para libertar todos os reféns se Israel libertar todos os milhares de palestinos mantidos em suas prisões. O Contra-Almirante Daniel Hagari, porta-voz militar israelense, descartou a oferta como "terror psicológico".

As vidas de 120 bebês em incubadoras estão em risco à medida que se esgota o combustível para os geradores de energia elétrica eletricidade na Faixa de Gaza, alertou neste domingo (22) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Mais de 1.750 crianças morreram nos bombardeios israelenses contra este enclave em represália ao ataque do movimento islamita Hamas em 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde deste grupo palestino.

Os hospitais de Gaza enfrentam a grave falta de medicamentos, combustível e água para os milhares de feridos na guerra e pacientes de rotina.

"Há atualmente 120 recém-nascidos em incubadoras, 70 deles em ventilação mecânica e, claro, estamos muito preocupados", disse o porta-voz da Unicef, Jonathan Crickx.

A eletricidade é uma grande preocupação nas sete unidades especializadas do enclave que tratam bebês prematuros, ajudando-os a respirar e fornecendo apoio crítico, por exemplo quando seus órgãos ainda não estão suficientemente desenvolvidos.

Israel impôs um "cerco total" ao território após a ofensiva do Hamas, que deixou cerca de 1.400 mortos, a maioria civis, de acordo com autoridades israelenses.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na quinta-feira (19) que os hospitais não possuem combustível para os geradores, e que cerca de 1.000 pessoas que necessitam realizar diálises também estarão em risco.

Neste fim de semana, caminhões com ajuda humanitária começaram a entrar em Gaza, procedentes do Egito. Neste domingo, seis tanques com combustíveis chegaram ao enclave.

Embora Israel tema que o combustível ajude o Hamas, o pouco que resta no território palestino está sendo utilizado em geradores para permitir que os equipamentos médicos continuem funcionando.

O Ministério da Saúde palestino anunciou no sábado que 130 bebês prematuros corriam o risco de morrer devido à falta de combustível.

Na média, quase 160 mulheres dão à luz todos os dias em Gaza, segundo o Fundo de População da ONU, que calcula que há 50 mil mulheres grávidas no território de 2,4 milhões de habitantes.

Ainda que Israel afirme que direciona os ataques contra alvos do Hamas, as crianças representam uma enorme proporção dos mais de 4.600 mortos registrados pelo Ministério da Saúde do grupo islamita.

Famílias inteiras, incluindo mulheres grávidas, morreram nos bombardeios, e todos os dias os pais são vistos carregando os corpos dos seus filhos em envoltórios brancos pela rua.

Os médicos do Hospital Najjar, em Rafah, contaram na quinta-feira que não conseguiram salvar o feto de uma mulher que morreu em um ataque aéreo que atingiu sua casa.

Horas antes, oito crianças faleceram enquanto dormiam em uma casa em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.

A situação humanitária na Faixa de Gaza é "catastrófica", alertaram neste sábado (21) cinco agências da ONU, onde os hospitais estão lotados e as crianças morrem "a um ritmo alarmante".

A Organização Mundial da Saúde, o Programa Alimentar Mundial, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Fundo das Nações Unidas para a População recordaram em um comunicado que a situação humanitária em Gaza já era "desesperadora" antes do conflito desencadeado pelo ataque do grupo islamita palestino Hamas em Israel, em 7 de outubro.

"Agora é catastrófica", disseram as agências, pedindo à comunidade internacional que "faça mais" para ajudar os moradores de Gaza.

"O tempo está se esgotando antes que as taxas de mortalidade disparem devido ao surgimento de doenças e à falta de capacidade de cuidados médicos", alertam.

A Faixa de Gaza, um território estreito com 362 km², está sob um "cerco total" imposto por Israel desde 9 de outubro, que cortou o fornecimento de água, eletricidade e alimentos.

De acordo com estas agências da ONU, "as crianças estão morrendo a um ritmo alarmante, privadas de seus direitos à proteção, à alimentação, à água e aos cuidados médicos".

"Os hospitais estão lotados de feridos. Os civis têm cada vez mais dificuldade em ter acesso a alimentos essenciais", acrescentam.

Neste sábado, um primeiro comboio de ajuda humanitária de 20 caminhões, segundo a ONU, procedente do Egito, entrou pela passagem de Rafah, em Gaza, a única porta de entrada que não é controlada por Israel.

No entanto, para a ONU, esta quantidade é insuficiente e a organização pede pelo menos 100 caminhões por dia para os 2,4 milhões de habitantes de Gaza privados de tudo.

Segundo autoridades de Israel, mais de 1.400 pessoas morreram em território israelense desde que o Hamas lançou sua ofensiva, a maioria eram civis que foram mortos no primeiro dia do ataque. Cerca de 1.500 combatentes do grupo islamita foram mortos na contraofensiva lançada pelo Exército de Israel, informou esta força de segurança.

O movimento palestino mantém mais de 200 pessoas em cativeiro.

Já em Gaza, mais de 4.300 palestino, majoritariamente civis, morreram nos constantes bombardeios de represália israelenses, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas.

O Brasil convocou para a sexta-feira (13) uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para tratar sobre a guerra entre Israel e o grupo Hamas. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está a caminho de Nova York para participar do encontro.

Ele cumpria agenda de trabalho no Camboja e seguiria para as Filipinas. Contudo, para participar do encontro do Conselho de Segurança, adiou esta última viagem.

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Esta será a segunda reunião do Conselho de Segurança da ONU em menos de uma semana, após ter sido deflagrado no último dia 7 o conflito entre Hamas e Israel.

O Brasil preside o Conselho no mês de outubro. Na primeira reunião, um dia após o conflito, o Brasil condenou os ataques contra civis.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, vem sendo criticado pela ausência de uma posição e condenação enfática do governo federal contra o Hamas. O País segue o que é determinado pela ONU e, portanto, não classifica o grupo como terrorista. Na quarta-feira, o embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário da África e do Oriente Médio, disse que uma possível classificação do Hamas como "terrorista" pelo Brasil será debatida no Conselho.

"Os desdobramentos políticos de um conflito, como o conflito em Israel-Palestina, é algo que está sendo tratado no Conselho de Segurança e, no momento, no mês de outubro, presidido pelo Brasil, essas questões serão objeto de consideração no âmbito do Conselho de Segurança", disse o embaixador, em coletiva realizada no Palácio do Itamaraty.

De acordo com Sobral, o embaixador Sérgio França Danese, representante permanente do governo brasileiro junto à ONU, está engajado em fazer consultas com os membros do Conselho de Segurança para "obter consensos" sobre o conflito.

Até a manhã desta quinta-feira, foram confirmadas duas mortes de brasileiros por conta dos conflitos. Há uma terceira brasileira que ainda permanece desaparecida. Na quarta-feira, Sobral também afirmou que ainda não havia confirmação de que há brasileiros feitos de reféns pelo Hamas.

Na madrugada desta quinta, pousou no Rio de Janeiro a segunda aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) transportando brasileiros de Israel. A terceira aeronave que opera a missão, um KC-390 Millennium, pousou pela manhã em Tel-Aviv e tem como destino final o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está a caminho de Nova York, nos Estados Unidos (EUA), para participar pessoalmente da reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que vai discutir a situação do conflito entre Israel e Palestina, que chegou ao quinto dia nesta quarta-feira (11). A reunião está marcada para esta sexta-feira (13).

O chanceler cumpria agenda oficial no Camboja e, de lá, seguiria para as Filipinas, mas adiou a viagem ao Sudeste Asiático para comparecer à reunião de emergência, já que o Brasil preside o Conselho de Segurança ao longo deste mês de outubro, e tem a prerrogativa de convocar reuniões do colegiado.

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Esta é a segunda reunião do Conselho de Segurança da ONU para debater este novo conflito. No fim de semana, o colegiado se reuniu a portas fechadas e nenhuma declaração foi emitida. Na ocasião, o Brasil foi representado pelo embaixador na ONU, Sergio Danese.

Ainda no fim de semana, em nota, o Palácio do Itamaraty defendeu seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas.

Mais cedo, nesta quarta, Lula fez um apelo ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e à comunidade internacional, em defesa das crianças palestinas e israelenses.

Após intensificar o bombardeio contra a Faixa de Gaza, nos últimos dias, o Ministério da Defesa de Israel informou que pretende ocupar o território por terra, o que pode ampliar o número de vítimas civis.

A Embaixada de Israel em Washington informou que o número de mortos nos ataques do Hamas no fim de semana passa de mil. Os mortos são, em sua maioria, civis, baleados em casas, nas ruas e em uma festa ao ar livre, que ocorria a poucos quilômetros da fronteira com a Faixa de Gaza.

Já o Ministério da Saúde de Gaza disse que os ataques aéreos retaliatórios de Israel tiraram a vida de pelo menos 830 pessoas e feriram mais de 4,3 mil até esta terça-feira. A ONU afirmou que mais de 180 mil habitantes de Gaza ficaram desabrigados, muitos deles amontoados nas ruas ou em escolas. Além disso, pelo menos 11 funcionários da organização morreram em Gaza nos últimos dias, em decorrência dos ataques israelenses.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta quarta-feira (11), um apelo ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à comunidade internacional para que atuem em prol da proteção de crianças palestinas e israelenses.

"É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra", diz uma mensagem publicada por Lula nas redes sociais.

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Essa é a primeira vez desde o início do atual conflito que o mandatário brasileiro cita nominalmente o grupo fundamentalista Hamas, que controla Gaza.

"É urgente uma intervenção humanitária internacional. É urgente um cessar-fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas. O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo", ressaltou o presidente.

Segundo Lula, é preciso "pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio". "Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar", disse. 

Veja o apelo na íntegra:

Apelo do Presidente Lula em defesa das crianças palestinas e israelenses

Quero fazer um apelo ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à comunidade internacional para que, juntos e com urgência, lancemos mão de todos os recursos para pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio.

Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar do mundo.

É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra. É urgente uma intervenção humanitária internacional.

É urgente um cessar fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas.

O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo.

Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente do Brasil

*Da Ansa

Mais de 260.000 pessoas foram forçadas a abandonar suas casas na Faixa de Gaza, em meio aos fortes bombardeios israelenses por ar, terra e mar, informou a ONU.

Os intensos combates deixaram cerca de 3.000 mortos em ambos os lados desde que o Hamas lançou um ataque surpresa no sábado, provocando a represália israelense.

"Mais de 263.934 pessoas em Gaza teriam fugido de suas casas", detalhou a OCHA, a agência humanitária da ONU, em novo boletim na noite de terça-feira, acrescentando que esse número deve aumentar.

A agência disse ainda que cerca de 3.000 pessoas foram deslocadas, "devido a escaladas prévias" à do sábado.

Mais de 1.000 pessoas morreram em Israel no pior ataque da história do país, enquanto as autoridades de Gaza relataram 900 mortos nos ataques aéreos.

Israel também relatou cerca de 1.500 combatentes do Hamas mortos em território israelense.

Os bombardeios destruíram mais de 1.000 casas, e 560 ficaram inabitáveis, devido aos danos, segundo o OCHA, citando autoridades palestinas.

Entre os deslocados, cerca de 175.500 pessoas se abrigaram em 88 escolas administradas pela agência da ONU que apoia os refugiados palestinos.

Mais de 14.500 foram instalados em 12 escolas públicas, enquanto quase 74.000 estariam com familiares e vizinhos, ou alojados em igrejas e outros locais.

O número de deslocados dentro de Gaza "representa o maior número de pessoas deslocadas desde a escalada de hostilidades de 50 dias em 2014", disse o OCHA.

Israel impôs um cerco total à Faixa de Gaza que impede a entrada de alimentos, água, combustível e eletricidade.

A reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CSNU) para tratar do conflito entre o grupo Hamas e Israel durou cerca de 1h30 e terminou neste domingo, 8. Não se chegou a um consenso sobre o tema e, portanto, não há previsão de divulgação de um comunicado em conjunto do órgão, conforme apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O conflito iniciado após ataques do grupo Hamas a Israel neste sábado é o primeiro teste de fogo da presidência rotativa do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, durante o mês de outubro.

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Após o início do conflito, o País ao lado de outros membros convocaram uma reunião de urgência para este domingo, na sede da organização, em Nova York.

No entanto, a expectativa era de que não se chegasse a um consenso entre os membros. Enquanto os Estados Unidos reforçou o apoio a Israel, a China defendeu a criação do Estado independente da Palestina e a Rússia é próxima ao Irã, um dos principais financiadores do Hamas.

O Brasil condenou os bombardeios e ataques feitos a Israel a partir da Faixa de Gaza neste sábado e defendeu ações para evitar que o conflito tome maiores proporções.

"O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU", disse o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no sábado, em sua conta oficial no X, antigo Twitter.

A reunião do CSNU foi fechada à imprensa. É esperado que o representante permanente do Brasil junto à ONU, o diplomata Sérgio França Danese, fale à imprensa.

O Brasil assume a partir deste domingo (1º) a presidência rotativa do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A liderança do Brasil no órgão terá duração de um mês, o outubro inteiro. O País ocupa uma das 10 vagas do Conselho para membros não permanentes, em um mandato que irá até dezembro deste ano. Desde a criação do órgão, em 1948, este é o 11º mandato brasileiro.

Na sexta-feira (29), o secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Carlos Cozendey, falou à imprensa sobre a atuação do Brasil neste mandato de outubro. Ele destacou que o País passará por uma espécie de "teste" ao assumir o posto.

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Cozendey explicou que, durante o curto período da presidência, dificilmente um país consegue impor uma agenda. Um dos maiores interesses do Brasil na área internacional é fazer parte da cúpula permanente da instituição. "Em um mês, não dá para inventar toda uma agenda, mas é um teste. Se você pretende ser um membro permanente, tem de mostrar que é capaz de ter uma atuação produtiva e ativa durante a presidência e de conseguir consensos", pontuou.

O diplomata também comentou que, mesmo fora da pauta prevista para outubro, a guerra na Ucrânia deverá fazer parte das discussões do mês. "Não está previsto, mas provavelmente o assunto será discutido, pois os países têm demandado sobre o tema", explicou.

Ele lembrou que, desde o início da invasão da Rússia ao país, já houve mais de 70 reuniões para discutir o tema dentro do Conselho. "A pauta do período é uma, mas a realidade se move e tem havido demandas recorrentes sobre o tema. É muito provável que se realize uma ou duas (reuniões) no período", vislumbrou.

Durante sua curta gestão, o País buscará uma agenda que vise a evitar, e não tratar apenas posteriormente, conflitos com base em ações regionais. No principal evento durante a presidência brasileira - o Signature Event, previsto para 20 de outubro -, o tema escolhido é sobre como as organizações regionais, sub-regionais e bilaterais contribuem para a mediação e resolução de conflitos. "É a ideia de que o Conselho de Segurança deve tratar mais amplamente para prevenir os conflitos, e não apenas tratar depois que eles ocorrem", explicou o embaixador.

O país que preside o conselho pode, por iniciativa própria, chamar um encontro dos membros ou de parte deles para tratar de um assunto de relevância no momento, mesmo que não esteja previsto. Cozendey disse, no entanto, que não há uma mudança de cenário no caso do conflito, que justifique uma chamada deste tipo. A ação militar ainda prevalece na Ucrânia.

Depois dos tropeços em política externa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou de Nova York com uma foto ao lado do ucraniano Volodmir Zelenski, uma parceria com o americano Joe Biden e um discurso aplaudido na Assembleia-Geral das Nações Unidas. Com isso, o petista conseguiu encerrar uma sequência de agendas internacionais quase seguidas - Cúpula do Brics, G-20 e ONU - com um saldo positivo, que precisa ser combinado à sinalizações internas para que, de fato, a melhora na imagem do Brasil lá fora possa ser revertida em benefícios concretos, avaliam diplomatas e analistas ouvidos pelo Estadão.

Com uma série de viagens, em especial as mais recentes, o novo governo tenta reinserir o Brasil na arena internacional, depois do espanto causado pela conturbada política externa do antecessor Jair Bolsonaro. O movimento, até agora, tem sido positivo, segundo analistas, apesar das declarações polêmicas sobre a guerra na Ucrânia, que criou ruídos com Estados Unidos e Europa.

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Agora, enquanto o Brasil melhora a imagem lá fora, o País tem a ganhar, efetivamente, se focar nas pautas em que é considerado um ator influente, como meio ambiente e energias renováveis. Um bom exemplo dos retornos possíveis veio na cúpula do G-20, com o lançamento da Aliança Global dos Biocombustíveis liderada por Brasil, Estados Unidos e Índia, os maiores produtores do mundo. A iniciativa, que tem o objetivo de incentivar a produção e o consumo de combustíveis menos poluentes, conta mais 16 países e tende a abrir portas para a produção brasileira de etanol ao fortalecer o mercado global de biocombustíveis.

Apesar de promissora, a ideia não é inédita. Uma parceria pelo etanol chegou a ser lançada junto com o então presidente americano George W. Bush, em 2007, mas praticamente não rendeu efeitos práticos. Para evitar que, mais uma vez, o fomento aos biocombustíveis fique apenas no papel, o Brasil precisa combinar sinalizações robustas tanto na política externa, como na política interna, sugere o diplomata Rubens Barbosa.

"O problema é a implementação de tudo isso eu acho que o governo, tanto na economia quanto na política externa, está sem uma visão de médio e longo prazo", contextualiza o ex-diplomata ao dizer que agora começa a vislumbrar um horizonte no momento em que o Brasil sinaliza uma política mais focada.

A ideia foi corroborada pelo diplomara Roberto Abdenur. "Na medida em que a política externa se apresenta de maneira mais equilibrada, como creio que está começando a acontecer e, na medida em que a política econômica tiver êxito, o Brasil se torna um país muito atrativo para investimentos externos, principalmente, mas não só na área de energia", prevê o ex-diplomata.

Crítico contundente da política externa do ex-presidente Jair Bolsonaro, Abdenur acredita que, de modo geral, a nova fase da política externa tem contribuído para que o País conseguisse "virar a página mais rápido que o esperado". Com isso, tem ganhando pontos em em "imagem, credibilidade e protagonismo" na política externa. Nesse contexto, o diplomata foi enfático ao dizer que o presidente acertou no discurso, que definiu como "excelente".

Ambos concordam que a apresentação do presidente na Assembleia-Geral da ONU trouxe sinais positivos à medida em que buscou mostrar quais são os interesses do Brasil na agenda internacional e como o País pode ser influente em problemas globais, como o combate à fome, a crise climática e o desenvolvimento.

Nesse sentido, destaca-se também a parceria lançada com o presidente Joe Biden na área trabalhista. A iniciativa, que defende o trabalho digno diante dos desafios impostos pelas transformações no setor produtivo foi vista por analistas, no primeiro momento, como um aceno às bases de Lula e Biden dentro dos seus próprios países. Mesmo assim, projeta um papel de liderança que pode, se bem aproveitado, aumentar o poder de barganha no cenário internacional.

"Qualquer aliança em que o Brasil possa ser visto como um líder, possa propor normas é positiva. Tanto o acordo com os Estados Unidos para melhoras as condições do trabalho quanto a aliança para fomentar o etanol. A Índia passou o Brasil na produção de cana-de-açúcar enquanto os EUA tem uma grande produção derivada do milho então nós temos grandes atores convergindo", avalia o professor de relações internacionais da FAAP Vinícius Vieira.

Ações precisam de ‘credibilidade’

 

Essa busca por maior influência na agenda internacional, no entanto, não é isenta de erros. A maior parte deles se refere a guerra na Ucrânia, com declarações polêmicas do petista, que criou ruídos com Estados Unidos e Europa ao sugerir que os aliados de Kiev dão continuidade ao conflito com o fornecimento de armas.

Foi justamente ao falar sobre o autor da guerra, o presidente russo Vladimir Putin, que o petista comprometeu o saldo considerado positivo das suas últimas agendas internacionais, durante a cúpula do G-20, na Índia. Enquanto Putin se esquiva de fóruns internacionais para evitar o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional, Lula disse que o russo poderia vir ao Brasil sem medo. Pressionado pela declaração, sugeriu que o País poderia deixar o TPI, que o próprio petista já defendeu em outras ocasiões, e a emenda, nesse caso, saiu pior que o soneto.

Já na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, Lula fugiu da polêmica e citou a guerra de forma lateral como reflexo da "incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU", perdendo a oportunidade de se manifestar de forma mais contundente sobre o conflito.

Para Roberto Abedenur, falta ao petista incorporar em suas declarações os princípios da política externa brasileira que, inclusive levaram o País a condenar a Rússia em votações na própria ONU. "Eu considero muito ruim que o Brasil não tenha sido até agora em nenhuma aspecto solidário com a Ucrânia, vítima de uma guerra terrível", aponta o embaixador ao sugerir que o governo, poderia mandar ajuda humanitária à Kiev, inclusive, em consideração à comunidade ucraniana no Brasil.

A foto sem sorrisos ao lado do presidente Volodmir Zelenski, que já rebateu publicamente as falas de Lula em diferentes ocasiões, é uma imagem que traduz como a guerra continua sendo uma questão. O diplomata Rubens Barbosa viu a reunião como um encontro de conveniência em que cada um ouviu o que o outro tinha a dizer e guardou para si as próprias posições.

Mesmo assim, o encontro com Zelenski pode contribuir para amenizar as críticas à medida em que sinaliza uma disposição para dialogar com os dois lados do conflito. "Pode indicar para comunidade internacional uma sinalização de que o Brasil não está tão alinhado assim às autocracias e está, de fato, procurando de equilibrar buscando os próprios interesses", avalia o professor de relações internacionais da FAAP, Vinícius Vieira.

Para passar esse recado, é preciso que os sinais sejam contínuos, diferente do que aconteceu nessa última série de viagens. O petista aproveitou o encontro do Brics, na África do Sul, para fazer o aceno ao citar em discurso a guerra na Ucrânia - assunto incômodo para um bloco com a Rússia, que foi ignorado nas falas dos outros líderes e recebeu apenas uma menção breve, discreta e vaga de "apreço" ao diálogo na declaração final. O problema foi que, logo em seguida, no G-20, Lula voltou a causar polêmica com a fala com a fala sobre o TPI e então tentou equilibrar na Assembleia-Geral da ONU.

"O discurso certamente foi um passo para recalibrar [a posição sobre a Ucrânia] e acho que foi bem visto pelo Ocidente, mas não tenho certeza ser já é o suficiente. Ações em relações internacionais precisam de um pouco mais de credibilidade, de padrão", pondera a professora de relações da FGV Carolina Moehlecke.

Equilíbrio no "sul global"

 

O discurso em Nova York foi oportuno para reapresentar a política externa no momento em que o alinhamento do Brasil era motivo de dúvidas. Na África do Sul, o país cedeu à pressão da China pela ampliação do Brics, que acendeu o alerta para o caráter antiocidental do bloco dos emergentes, com a entrada de autocracias, como Irã e Arábia Saudita.

"O Brasil não deveria ter concordado com o aumento do número de Países-membros do Brics, deveria ter mantido a posição para ficar com o grupo fechado, com os cinco países", reforça Barbosa.

Apesar das preocupações com o bloco expandido, analistas ouvidos pelo Estadão entendem que seria difícil para o Brasil barrar a vontade de Pequim pelo desequilíbrio de poder que a ascensão da China como superpotência criou dentro do Brics.

Agora, diante do sabor "agridoce" que teve a cúpula, o professor Vinícius Vieira acredita que é possível adotar uma abordagem pragmática para fortalecer parcerias econômicas dentro do novo Brics. A avaliação que ele faz é que, a expansão do Brics representou no primeiro momento uma derrota para o Brasil, mas pode abrir oportunidades a serem exploradas com investimentos dos novos membros.

"As violações de direitos humanos devem ser condenadas, mas, gostemos ou não dessas autocracias, o fato é que, sobretudo Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos tem capital [para investir]. O próprio Irã é um país que, do ponto de vista pragmático, pode ser interessante como mercado consumidor, já que é muito fechado. Os europeus não seguem as sanções americanas então por que o Brasil haveria de seguir?", questiona o professor.

Nesse contexto de polarização e tensão internacional, o pragmatismo é fundamental para que o País consiga aproveitar as vantagens de ser parte do chamado "sul global" sem queimar pontes com o Ocidente. Um equilíbrio difícil, mas que, se bem sucedido deixa o Brasil em posição privilegiada.

"É preciso tirar vantagem dessa condição única como um ator a ser cortejado, por assim dizer, porque, os Estados Unidos sabem que, se não trouxerem o Brasil para o seu campo, tem o risco de aproximação com a China, o risco de preferir o Brics, então é preciso tentar extrair o máximo de concessões pelo menos enquanto esses dois lados não se tornam opostos ao ponto de não falar entre si", conclui Vieira.

Após o discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), nessa terça (19), o presidente Lula (PT) permaneceu em Nova Iorque e vai se encontrar pela primeira vez com Volodymyr Zelensky nesta quarta (20). Sem aplaudir a fala do bresileiro, o presidente ucraniano solicitou o encontro para discutir o fim da guerra com a Rússia.

A reunião entre os líderes ocorre em meio a uma grande expectativa pela posição de neutralidade do Brasil na guerra. Após o choque de agendas que impediu a conversa entre os dois na reunião do G7, o brasileiro não aderiu às sanções impostas à Rússia pelos países que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e chegou a afirmar que o presidente russo Vladimir Putin não seria preso no Brasil mesmo após ser condenado pelo Tribunal Penal Internacional.

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Em uma breve fala a jornalistas na sede da ONU, Lula disse que a reunião com Zelensky foi marcada às 16h e partiu de um pedido do governo ucraniano. "Eles pediram e resolvemos atender", disse.

"A expectativa é de uma conversa de dois presidentes de países, cada um com seus problemas, cada um com suas visões", resumiu o brasileiro.

Compromissos do Presidente

Mais cedo, Lula e o presidente norte-americano, Joe Biden, participam da cerimônia de lançamento da iniciativa bilateral em prol do avanço de direitos trabalhistas na Economia. A agenda do brasileiro ainda está preenchida com os encontros com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, e o presidente paraguaio Santiago Peña.

O voo de retorno do presidente Lula a Brasília está previsto às 21h.

Em seu último discurso na Assembleia-Geral da ONU, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, defendeu nesta terça-feira, 19, uma reforma do sistema financeiro global, sob o argumento de que o modelo vigente impõe políticas econômicas ortodoxas que, segundo ele, aprofundam as desigualdades sociais.

Fernández, que não concorre à reeleição no pleito presidencial deste ano, exortou a comunidade internacional a trabalhar em uma nova estrutura para ditar a gestão de dívidas soberanas.

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O líder argentino criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI) por subir os juros cobrados em seus empréstimos todas as vezes que os Estados Unidos apertam a política monetária nacional. Na gestão de Fernández, o país latino-americano fechou uma reestruturação dos débitos que mantém com o FMI, em troca de compromissos fiscais.

Fernández também voltou a alegar que as Ilhas Malvinas são "direito legítimo e soberano" da Argentina. O território, conhecido em inglês como Falklands, é governado pelo Reino Unido, apesar das reivindicações argentinas. "Lamentamos que o Reino Unido se recuse a negociar", disse.

Entre outros temas geopolíticos, Fernández exortou os Estados Unidos a removerem as sanções em vigor contra a Venezuela e a suspenderem o bloqueio comercial contra Cuba.

O senador Paulo Paim (PT-RS) elogiou, em pronunciamento no Plenário nesta terça-feira (19), o discurso do presidente Lula na abertura da 78ª  Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA). Segundo ele, Lula destacou a necessidade da vontade política por parte dos líderes mundiais para combater a desigualdade e observou que os bilionários detêm mais riqueza do que os 40% mais pobres de todo o Planeta.

O senador destacou também que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou a importância de proteger o meio ambiente, citando as recentes enchentes no Rio Grande do Sul (RS) como exemplo do impacto das mudanças climáticas. 

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— A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e implementação do que já foi acordado. O presidente [Lula] foi enfático quando disse que a mais ampla e ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento, a Agenda 2030, pode e deve se transformar num sucesso, e não num fracasso, como se indica hoje. Estamos na metade do período de implementação e ainda muito distantes das metas definidas. O Brasil está comprometido em implementar todos os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável de maneira integrada e indivisível — relatou Paim.  

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) também destacou em pronunciamento no Plenário nesta terça-feira (19) o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da ONU. Segundo o parlamentar, Lula foi muito aplaudido ao dizer que o Brasil “está de volta à cena internacional porque a democracia venceu”. 

Kajuru ressaltou que o presidente manifestou solidariedade às vítimas do terremoto no Marrocos e das enchentes na Líbia e no Rio Grande do Sul, chamando atenção para as mudanças climáticas, que hoje causam destruição em larga escala.

— Lula acentuou que os países ricos cresceram baseados em um modelo com alta taxa de emissão de gases danosos ao clima e que isso precisa ser revisto — um ponto de vista que o Brasil tem credibilidade para defender. Ele assinalou que o Brasil tem 87% de sua energia elétrica decorrentes de fontes limpas e renováveis, amplia a geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel e tem enorme potencial de hidrogênio verde.

Segundo Kajuru, o presidente informou que o desmatamento na Amazônia brasileira já foi reduzido em 48% em oito meses de governo e lembrou que a promessa de os países ricos destinarem US$ 100 bilhões de dólares por ano aos países em desenvolvimento segue sem se realizar. O parlamentar também destacou que Lula defendeu mudanças no Conselho de Segurança da ONU.

— Ao fim do discurso histórico, Luiz Inácio Lula da Silva acentuou que, para reduzir a desigualdade, o mundo precisa de mais indignação com a fome, com a pobreza, com a guerra e com o desrespeito ao ser humano. De acordo com o presidente brasileiro, a ONU precisa cumprir seu papel de construtora de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Mas isso só vai acontecer se os seus membros tiverem a coragem de proclamar sua indignação com a desigualdade e trabalhar incansavelmente para superá-la.

*Da Agência Senado

No histórico retorno ao púlpito da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (19), após 14 anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ovacionado cerca de sete vezes, durante um discurso focado em pautas de urgência global. O mandatário falou na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. 

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Este foi o oitavo discurso de Lula na ONU. Espontaneamente, foi aplaudido cinco vezes, ao citar questões como a fome, crescente desigualdade social no mundo, conflitos entre Rússia e Ucrânia, a pobreza e a nova ascensão da extrema-direita. Por tradição, o representante do Brasil é o primeiro a se manifestar no encontro de líderes dos países que integram a ONU. 

O presidente brasileiro falou por 21 minutos para uma plateia composta por presidentes, primeiros-ministros, ministros de Estado, diplomatas, parlamentares e outros integrantes das delegações dos países. 

“O Brasil está se reencontrando consigo mesmo, com nossa região, com o mundo e com o multilateralismo", disse o petista. Nas redes sociais, a recepção ao discurso foi comparada à feita a Jair Bolsonaro (PL), que teve um mandato marcado por pouco protagonismo internacional. 

"Nossa missão é unir o Brasil e reconstruir um país soberano, justo, sustentável, solidário, generoso e alegre. Como não me canso de repetir, o Brasil está de volta. [...] Reduzir as desigualdades dentro dos países requer incluir os pobres nos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais ao seu patrimônio. No Brasil, estamos comprometidos a implementar todos os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, de maneira integrada e indivisível. Queremos alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira por meio de um décimo oitavo objetivo que adotaremos voluntariamente", continuou Lula. 

Sem citar nomes, o presidente falou sobre "aventureiros de extrema-direita", sobre neoliberalismo e atacou o conservadorismo. O líder também incluiu em seu discurso menções ao desmatamento na Amazônia, liberdade de imprensa, embargo a Cuba e igualdade de gênero. 

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, nesta terça-feira (19), que a representação desigual e distorcida na direção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial é inaceitável. O chefe do Executivo do Brasil disse que, quando instituições reproduzem desigualdades, elas fazem parte do problema e não da solução.

"No ano passado, o FMI disponibilizou US$ 160 bilhões em direitos especiais de saque para países europeus, e apenas US$ 34 bilhões para países africanos. A representação desigual e distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é inaceitável. Não corrigimos os excessos da desregulação dos mercados e da apologia do Estado mínimo. As bases de uma nova governança econômica não foram lançadas", disse Lula durante a 78ª Sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

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No cenário mundial, Lula avaliou que o protecionismo dos países ganhou força, enquanto a Organização Mundial do Comércio (OMC) permanece paralisada, em especial o seu "sistema de solução de controvérsias".

O presidente afirmou ainda que o Brics - grupo de países emergentes - surgiu justamente na esteira desse "imobilismo" e se transformou em uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre as nações.

"Somos uma força que trabalha em prol de um comércio global mais justo num contexto de grave crise do multilateralismo", avaliou Lula.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dirigiu duras críticas à Rússia, durante seu discurso na manhã desta terça-feira (19) na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Além disso, tratou brevemente da China, ao dizer que seu governo não busca um "desacoplamento" em relação à economia chinesa, mas deseja "reduzir riscos" em relação à potência asiática, sem buscar conflito.

Em outro momento do discurso, reafirmou a defesa de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.

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Biden disse que a Rússia tem conduta "irresponsável" na questão do controle de armas, ao abandonar iniciativa bilateral com os EUA para conter algumas classes de armamentos. Enfatizou que considera a Rússia "a única responsável" pela guerra "ilegal" na Ucrânia, e reafirmou o apoio ao povo ucraniano.

Como adiantado antes pela Casa Branca, Biden enfatizou a importância de se defender a Ucrânia e impedir sua divisão, inclusive como garantia de segurança para todos os países.

O presidente norte-americano também defendeu a importância de medidas coletivas para lidar com outras questões importantes, como as mudanças climáticas e seus riscos para toda a humanidade. Biden ainda mencionou alguns países que enfrentam problemas, como a Líbia, que sofreu enchentes recentes, e defendeu o envio de missão da ONU para ajudar o Haiti.

Sobre o Irã, disse "reafirmar" que o país não pode nunca possuir armas nucleares.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta terça-feira (19) na Assembleia Geral da ONU "diálogo" para resolver o conflito da Ucrânia.

O conflito na Ucrânia mostra "nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU", disse o presidente, que lembrou que "nenhuma solução será duradoura, se não for baseada no diálogo".

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Ele acrescentou: "Investe-se muito em armamentos e pouco em desenvolvimento".

Criticado no Ocidente por ter sido brando com a Rússia em relação à ofensiva na Ucrânia, Lula encontrará o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, em paralelo à Assembleia Geral.

Zelensky tentou se reunir com Lula na cúpula do G7 no Japão em maio, sem sucesso.

As relações estão tensas entre Zelensky e Lula, que chegou afirmar que o líder ucraniano é tão responsável pela guerra quanto o presidente russo, Vladimir Putin, e se recusou a se unir às nações ocidentais na imposição de sanções à Rússia, assim como no fornecimento de armas à Ucrânia.

Lula tenta posicionar o Brasil como potencial mediador do conflito, junto com outros países "neutros", incluindo China, Índia e Indonésia.

"Os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana", disse Lula da tribuna da Assembleia Geral em um discurso muito político, interrompido várias vezes por aplausos.

Após recordar que, no ano passado, os gastos militares somaram mais de dois trilhões de dólares (dez trilhões de reais na cotação da época), assegurou que a "cultura de paz é um dever de todos nós. Construí-la requer persistência e vigilância", disse antes de lembrar o risco de um golpe na Guatemala "que impediria a posse do vencedor de eleições democráticas".

Lula também fez referência à incapacidade para criar um Estado para o povo palestino, à crise humanitária no Haiti, ao conflito no Iêmen e à situação da Líbia, além das rupturas institucionais em vários países da África.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, usou o seu discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (19), para reivindicar a reforma do Conselho de Segurança da ONU que, segundo ele, vem perdendo "progressivamente sua credibilidade".

"Essa fragilidade do conselho decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime", disse o presidente do Brasil, no primeiro discurso dos chefes de Estado da assembleia.

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Lula apontou a paralisia do conselho como a "prova mais eloquente" da necessidade e urgência de reformá-lo, de modo a conferir ao colegiado maior representatividade e eficácia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a crescente desigualdade no mundo, cobrou financiamento dos países ricos para a luta contra a crise climática e repudiou o uso de imigrantes como "bodes expiatórios" por "aventureiros de extrema direita", em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira (19).
Em um pronunciamento de pouco mais de 20 minutos, o líder brasileiro repetiu os temas que já haviam marcado seus discursos em outros fóruns multilaterais, como o Brics, o G20 e o G77, e foi aplaudido sete vezes pelo plenário da ONU.
"A fome, tema central da minha fala neste parlamento mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir sem saber se terão o que comer amanhã. O mundo está cada vez mais desigual, e os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade.

O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe", disse Lula.
Segundo o presidente, é preciso "vencer a resignação que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural". "Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo", ressaltou.
Lula ainda alertou que a Agenda 2030, "mais ampla e ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento", pode se transformar "em seu maior fracasso", com o mundo "ainda distante das metas definidas".
"A maior parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento. O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e acabar com a fome parece estar anestesiado", frisou.
O presidente também prometeu "não medir esforços" para colocar esse tema no centro da agenda internacional durante a presidência brasileira no G20, com o lema "Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável".
"Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor", afirmou.
Brasil de volta

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Durante o discurso, Lula também destacou que sua eleição no ano passado se deu "graças à vitória da democracia" no Brasil, superando "o ódio, a desinformação e a opressão".
"O Brasil está se reencontrando consigo mesmo, com nossa região, com o mundo e com o multilateralismo. Como não me canso de repetir, o Brasil está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais", declarou.
Além disso, o presidente ressaltou que os "escombros do neoliberalismo" deram origem a "aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas", impulsionando um "nacionalismo primitivo, conservador e autoritário".
"Repudiamos uma agenda que utiliza os imigrantes como bodes expiatórios, que corrói o Estado de bem-estar e que investe contra os direitos dos trabalhadores. Precisamos resgatar as melhores tradições humanistas que inspiraram a criação da ONU", disse.
Clima

Lula ainda aproveitou a ocasião para cobrar mais uma vez os países ricos pelo descumprimento da promessa de criar um fundo global de US$ 100 bilhões por ano para ajudar o mundo emergente na luta contra a crise climática.
"A promessa de destinar US$ 100 bilhões para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma longa promessa. Hoje esse valor seria insuficiente para uma demanda que já chega à casa dos trilhões de dólares", disse.
Segundo Lula, os países emergentes não querem repetir o modelo de desenvolvimento das nações ricas, baseado em "altas taxas de emissões de gases danosos ao clima".
"No Brasil, já provamos uma vez e vamos provar de novo que um modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável é possível. Estamos na vanguarda da transição energética, e nossa matriz já é uma das mais limpas do mundo", afirmou o presidente, lembrando que o desmatamento na Amazônia caiu 48% nos primeiros oito meses de 2023.
Ucrânia e crise do multilateralismo

No discurso na ONU, Lula alertou que o multilateralismo "vem sendo corroído" e que a "representação desigual e distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é inaceitável".
De acordo com o presidente, a ampliação do Brics buscará "acomodar a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21, em prol de um comércio global mais justo".
Além disso, Lula destacou que o Conselho de Segurança da ONU "vem perdendo progressivamente sua credibilidade", situação que "decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime".
A declaração pode ser entendida também como uma referência implícita à Rússia, a qual Lula não mencionou durante o discurso.
"A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Tenho reiterado que é preciso trabalhar para criar espaço para negociações", afirmou.
Por outro lado, Lula criticou a imposição de "sanções unilaterais, que causam grandes prejuízos à população dos países afetados e dificultam os processos de mediação de conflitos". O presidente ainda disse que é preciso renovar as "instituições multilaterais dedicadas à promoção da paz" e que a "paralisia" do Conselho de Segurança é "a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia".

*Da Ansa

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