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Dez partidos de oposição, do Novo ao PT, vão se reunir amanhã para tentar organizar manifestações conjuntas e amplas pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Um dos desafios será encher a rua - objetivo não atingido pelo ato de domingo, liderado majoritariamente por ativistas que defendem uma "terceira via", com apoio de parte da esquerda. O outro é vencer resistências de grupos de direita, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua. Eles resistem a participar de eventos que também recebam o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A reunião de quarta deve ter representantes de PT, PDT, PSB, PSOL, Solidariedade, PCdoB, PV, Rede, Novo, Cidadania. Deve tratar da organização de dois atos já marcados contra Bolsonaro, em 2 de outubro e 15 de novembro, pelos partidos de esquerda. Na véspera do ato de domingo, o PT havia divulgado uma resolução de sua Executiva Nacional. O texto saudava "todas as manifestações Fora Bolsonaro", mas informava que o partido não participaria do ato do dia seguinte.

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O PSDB, que se declarou de oposição ao presidente após as falas de Bolsonaro no 7 de Setembro, não deve participar do encontro de amanhã. O presidente do Diretório Estadual de São Paulo do partido, Marcos Vinholi, próximo do governador paulista João Doria, disse que vê a vontade de defesa da democracia "em gente que tem um pensamento mais a esquerda, de centro ou de direita". Sem citar o PT, ele disse que o ambiente não é de formação de alianças eleitorais. "Não vejo aliança política eleitoral dentro do cenário, mas respeito as divergências, compreendendo a importância da democracia para o País."

Resistência

MBL e Vem Pra Rua não têm uma decisão tomada sobre a presença nos atos do dia 2. Mas a tendência é que não participem do evento. A resistência maior é contra o PT. "O movimento Vem Pra Rua tem uma oposição histórica ao PT, não necessariamente à esquerda brasileira", disse a advogada Luciana Alberto, do Vem Pra Rua. Ela afirmou que não houve nenhum gesto de aproximação de seu movimento com os grupos que articulam os dois protestos. "O PT não tem interesse no impeachment de Bolsonaro, porque são duas faces da mesma moeda."

O deputado estadual de São Paulo Arthur do Val (Patriota), um dos líderes do MBL, também ataca o partido de Lula. "Trabalhar com o PT em conjunto é algo fora de cogitação. Porque consideramos o PT tão antidemocrático quanto o governo Bolsonaro. A gente tem que lembrar que o PT comprou o Congresso. E está claro que o PT não quer derrubar o Bolsonaro, porque derrubar o Bolsonaro é derrubar o Lula".

Do Val afirma que seu grupo foi criticado por abrir espaço, no protesto de anteontem, para outras vertentes ideológicas, mas defende a aproximação com outros partidos. "A narrativa simplória é sempre difícil de ser quebrada. É mais fácil criticar: ‘Olha, vai se juntar com a esquerda’. Explicar que vamos estar em um caminhão com Ciro Gomes, Mandetta, Amoedo, Isa Penna do PSOL, José Daniel do Novo, vários senadores, porque vamos defender ali até nosso direito de discordar, é muito mais difícil."

A união dos diferentes campos a favor do impeachment do presidente foi defendida, na Paulista, por Doria, Orlando Silva (PCdoB), Ciro Gomes (PDT) e João Amoedo (Novo). Eles compararam a manifestação com o movimento Diretas Já, de 1984, pela volta da democracia. Luiz Henrique Mandetta (DEM), outro presidenciável que também discursou, por outro lado, disse que a população não queria "nenhum dos dois extremos." O ex-ministro da Saúde disse que Bolsonaro poderia sair pelo voto, não só por impeachment.

Para que parte desses políticos fosse ao ato, o MBL desistira do mote "Nem Lula, Nem Bolsonaro" por um protesto só pelo impeachment. Apesar do público menor do que na manifestação com Bolsonaro, os grupos que foram à rua no domingo fazem avaliações positivas e dizem esperar que novos atos devem maiores, mesmo sem o PT. "A manifestação de ontem teve um aspecto político muito relevante sob o aspecto da defesa democracia", disse Marco Vinholi, presidente do PSDB de São Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro minimizou nesta segunda-feira, 13, os atos contra o governo ocorridos ontem, 12. A apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo afirmou que só uma minoria "digna de dó" foi às ruas e ainda ironizou a presença de presidenciáveis nos atos. "Viram em São Paulo, ontem, cinco presidenciáveis aglomerados?", questionou Bolsonaro.

Entre os cotados para disputar o Planalto em 2022, estiveram presentes na Avenida Paulista o governador de São Paulo, João Doria (PSDB); o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM); o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT); o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

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Porém, ao contrário do que o presidente costuma fazer, todos os presentes nos atos utilizavam máscara, seguindo a recomendação de autoridades sanitárias, exceto nos momentos de discursos. "Citaram questões pessoais. Não vão me tirar daqui com isso de jeito nenhum", declarou Bolsonaro.

Foram registradas neste domingo, 12, manifestações contrárias ao governo em todo o País, mas com adesão bastante menor em comparação com 7 de setembro, como destacou mais cedo o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). Os atos reuniram setores da direita que abandonaram o presidente, como o Movimento Brasil Livre (MBL), e algumas figuras da esquerda, mas parte desse campo resistiu a ir às ruas com ex-bolsonaristas.

Em outro descumprimento às recomendações de especialistas em saúde, o presidente ainda reforçou a apoiadores que não se vacinou contra a covid-19. "Eu não tomei a vacina e estou com 991 de nível de imunoglobulina G, o IgG, um marcador de anticorpos. Eu acho que peguei covid de novo e nem fiquei sabendo", acrescentou aos presentes.

Interferência

Questionado por uma apoiadora sobre a dificuldade do exame Revalida, prova do Conselho Federal de Medicina (CFM) para autorizar o exercício da profissão no País por médicos formados no exterior, Bolsonaro respondeu que não tem interferência no órgão. "Zero, zero interferência. É igual às agências aqui no governo. Pessoal pensa que eu mando, mas não mando em agências, não".

Constituição

Bolsonaro ainda leu aos apoiadores presentes o artigo 1º da Carta Magna. "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição", frisou o chefe do Planalto, pedindo aos presentes intensificação de estudos sobre a realidade País. "Alguns idiotas não aprendem nunca, mas temos de dar conhecimento às pessoas que não têm ainda".

Discurso

De olho nas eleições de 2022, o presidente também resgatou alguns aspectos do discurso conservador que o alçou ao comando do País em 2018. Contrário ao politicamente correto, contou a apoiadores nesta segunda-feira "piadas" de cunho machista. "Todas as mulheres são torcedoras do Botafogo, não vou falar por quê", afirmou, arrancado risos de simpatizantes. "O Brasil está chato. Você não pode contar uma piada. Eu só conto piada em círculo reduzindo e sabendo que ninguém está gravando".

Bolsonaro ainda insistiu em sua retórica de que a inflação dos alimentos é culpa da política do "fique em casa" adotada por Estados e municípios durante a pandemia, desprezando, mais uma vez, o efeito cambial do fenômeno e o impacto de questões políticas na alta do dólar.

"As coisas ruins não acontecem de uma hora para outra, a não ser um raio. O Estado é bonzinho, vai dar comida para você, tome isso, tome aquilo. Quando você ver, a água ferveu demais. É assim que começam os regimes de exceção e terminam da forma mais trágica possível, como da Venezuela", declarou o chefe do Executivo, voltando a forçar comparações com o país vizinho. "Se o Brasil tiver aqui um caos, convulsão social, não vai ser diferente de Venezuela".

Quatro dias após a publicação da "declaração à Nação", documento em que presidente Jair Bolsonaro pediu harmonia entre os poderes, o vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira entender que a semana começa com um clima institucional melhor em relação à anterior. Ele também minimizou os atos contra o presidente ocorridos no domingo, 12, menos expressivos do que os governistas de 7 de setembro em meio à divisão da esquerda.

Questionado nesta segunda-feira por jornalistas em frente ao Palácio do Planalto se a semana terá um clima melhor entre as instituições, Mourão confirmou. "Não resta dúvida. Na semana passada, houve uma manifestação maciça em favor do nosso governo, em particular à pessoa do presidente da República. O presidente, na quinta-feira, fez aquela carta buscando diminuir essa tensão e fazer reaproximação com STF, em particular com ministro Alexandre de Moraes", lembrou o vice-presidente. "A gente começa a segunda-feira com pauta positiva e muita coisa a ser tratada no Congresso. Tem a Medida Provisória da questão das redes sociais, a questão do código eleitoral. Tem muita coisa para ser tratada nesta semana."

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A "declaração à Nação" de Bolsonaro, articulada diretamente pelo ex-presidente Michel Temer, foi um recuo, ainda que temporário, da ofensiva do chefe do Executivo sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), instituição ameaçada por ele nos atos de 7 de setembro.

Após ser alertado pelo presidente da Corte, Luiz Fux, de que sua promessa a apoiadores de descumprir decisões judiciais configuraria crime de responsabilidade, Bolsonaro diminuiu o tom - embora na mesma noite, em transmissão ao vivo nas redes sociais, tenha feito novos elogios às manifestações pró-governo, marcadas por pautas antidemocráticas.

Mourão também minimizou no período da manhã desta segunda-feira os atos da oposição ocorridos no domingo. "Eu nunca desdenho de nada, mas foram bem aquém daquilo que podia se esperar. A esquerda faltando falta muita gente", disse na sua chegada ao Planalto.

Convocados principalmente por grupos considerados de direita, como o Movimento Brasil Livre (MBL), os protestos deste domingo tiveram baixa adesão da esquerda, embora algumas figuras tenham marcado presença.

Em São Paulo, por exemplo, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) e a deputada estadual Isa Penna (PSOL) estiveram na Avenida Paulista, ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que também deseja disputar a corrida ao Planalto.

Amazônia.

De volta de uma agenda no Pará com embaixadores, o vice-presidente insistiu que os representantes diplomáticos de outros países ficaram satisfeitos com o tour pela Floresta Amazônia. "Andamos 80 km na Transamazônica. Voamos e não tinha nenhuma queimada", afirmou Mourão. "Estamos vivendo situação econômica difícil no País. Onde tem oportunidade para pessoas ganharem algum dinheiro, vão buscar. Uma delas é o garimpo. Quando é feito dentro da legalidade, muito bem, mas quando está na ilegalidade, compete às forças da lei e da ordem impedir que isso aconteça", acrescentou.

A fala vem em meio à pressão internacional pela diminuição no desmatamento da Floresta.

Partidos e movimentos de esquerda, centro e direita voltam a dialogar nos próximos dias na tentativa de unificar as agendas de protestos contra o governo Jair Bolsonaro. A ideia é promover uma manifestação conjunta em 15 de novembro, data que marca a proclamação da República.

Mas a criação de uma frente ampla e diversa em defesa do impeachment parece distante no horizonte. Líderes da campanha nacional Fora Bolsonaro, que iniciou as manifestações presenciais em 29 de maio, criticaram o "fracasso" de público nos atos desse domingo (12), capitaneados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua (VPR) e Livres, que atuaram diretamente na mobilização pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

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"O fracasso das mobilizações deste domingo demonstra que quem quiser realmente o impeachment de Bolsonaro terá de sentar para conversar com a esquerda", afirmou ao Estadão o presidente do PSOL, Juliano Medeiros. "Somos os únicos com capacidade de mobilização além do bolsonarismo. Estamos abertos a construir iniciativas com qualquer um que esteja contra Bolsonaro, mas sem adesismo."

No evento deste domingo (12), na Avenida Paulista, os presidenciáveis João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Alessandro Vieira (Cidadania) defenderam uma aproximação entre os lados antagônicos do espectro político e fizeram comparações sobre a mobilização atual com o movimento das Diretas Já, na redemocratização.

A agenda unificada será discutida em uma reunião, nesta quarta-feira, com representantes de 9 partidos de oposição em Brasília. Pelo desenho inicial, siglas e grupos à esquerda planejam fazer uma manifestação nacional mais ampla que as anteriores em 2 de outubro. Conduzem a preparação desse protesto PT, PSOL, PSB, PDT, PCdoB, Cidadania, Solidariedade, UP e Rede.

Para o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) e um dos líderes da campanha nacional Fora Bolsonaro Raimundo Bonfim, Doria, Mandetta, Ciro e Tebet "partidarizaram" o ato na Paulista, algo que, segundo ele, o ex-presidente Lula não teria feito. "Esse ato foi construído com o objetivo de isolar (a esquerda). O MBL não tem legitimidade para ser porta- voz de um movimento como as Diretas Já", disse Bonfim.

Do lado da direita, também há resistências à união. O mote "nem Lula, nem Bolsonaro" não foi aposentado, como chegou a ser anunciado pelos organizadores. Para o deputado estadual Arthur do Val, o "Mamãe Falei", do MBL, não existe interesse em uma composição com o PT: "Nem da parte deles, nem da nossa".

O deputado estadual José Américo (PT), membro da Executiva Nacional do PT, avalia como "positiva" a manifestação deste domingo. Mas diz que é preciso certa "maturidade" de alguns dos movimentos que estiveram na Avenida Paulista antes de o partido do presidente Lula se juntar as fileiras.

"Esta é uma primeira tentativa de unificar os movimentos", afirmou Magno Karl, diretor do Livres. Ele disse que conta com a adesão de outras organizações para que o movimento cresça, incluindo siglas de esquerda como o PT. "Espero que isso aconteça, mas respeito a estratégia eleitoral diferente".

Os manifestantes que foram na tarde deste domingo (12) à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, tinham como principal bandeira o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua, o ato não teve um grande número de participantes, mas conseguiu reunir algumas centenas de pessoas próximo ao Congresso Nacional.

Com faixas pedindo o impeachment de Bolsonaro, o movimento defende uma terceira via, nem Lula e nem Bolsonaro. Os atos também são realizados em outros Estados e teve uma maior adesão em São Paulo, onde manifestantes se reúnem na Avenida Paulista.

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Nas redes sociais, parlamentares governistas e ministros ironizaram o número de manifestantes que foram às ruas no primeiro ato em resposta aos eventos de 7 setembro, organizados por apoiadores de Jair Bolsonaro, mas não comentaram o fato de o ato no início da manhã em Brasília, favorável ao governo, ter tido poucos apoiadores.

A deputada Bia Kicis (PSL-DF) fez publicações no Twitter sobre o baixo comparecimento na Esplanada dos Ministérios e em Copacabana, no Rio de Janeiro, em vista do horário definido pelos organizadores para início dos protestos, às 14h.

"A manifestação do MBL pelo impeachment do Presidente Jair Bolsonaro na praia de Copacabana conseguiu um fato inédito: que a praia ficasse mais vazia do que em um domingo qualquer de sol", escreveu a deputada.

O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, publicou um vídeo no Twitter, aos risos, com críticas à imprensa por noticiar os atos. Ele também compartilhou montagens de supostas fotos tiradas hoje com os registros das manifestações bolsonaristas recentes. O mesmo fez o ministro da Comunicação, Fábio Faria, que citou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) ao dizer que "o distanciamento social está sendo 'totalmente respeitado' em todas as manifestações de hoje", em alusão ao baixo comparecimento.

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) montou um esquema de reforço à segurança na Esplanada, pois a manifestação convocada pelos movimentos de oposição ocorreu poucas horas depois de atos que seriam realizados a favor de Bolsonaro. Os dois protestos tiveram baixa adesão e não foram registradas ocorrências junto a Polícia Militar do DF. O protesto terminou por volta das 17h. As vias da Esplanada dos Ministérios só serão liberadas após a dispersão dos manifestantes.

Atos pró-governo

Mais cedo, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se reuniram na Esplanada dos Ministérios para um ato pró-governo. A manifestação, no entanto, teve baixa adesão. Pelas redes sociais, o presidente chegou a debochar e questionar se o ato estava, de fato, previsto. "Alguém sabia desse 'ato'?", escreveu Bolsonaro em seu perfil no Twitter, ao compartilhar imagem de reportagem publicada pelo Estadão.

Em nota ao Broadcast/Estadão, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) confirmou que dois atos estavam previstos para serem realizados em Brasília neste domingo. A previsão era que os apoiadores do governo se concentrassem na área central da Capital a partir das 9h.

"Dois grupos - um contrário e um a favor do governo - realizaram cadastro junto à Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF) para realização de manifestação no próximo domingo (12). Eles irão se manifestar entre o Museu da República e a Avenida José Sarney, paralela à Avenida das Bandeiras, porém em horários distintos", informou a secretaria.

Políticos que buscam representar a chamada "terceira via" nas eleições de 2022 devem comparecer em peso à manifestação deste domingo (12), na Avenida Paulista, em São Paulo. De acordo com lista divulgada pelo MBL em suas redes sociais na noite deste sábado, os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) devem participar do ato convocado pelo grupo. Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS), que também ensaiam a candidatura, engrossam a lista.

Além deles, o presidente do partido Novo e candidato à Presidência em 2018, João Amoêdo, também teve sua presença confirmada pelo movimento. Ele esteve no ato no Rio pela manhã. Amoêdo chegou a ensaiar uma nova candidatura para 2022, mas recuou poucos dias depois de aceitar a indicação do partido ao posto.

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Mesmo com o abandono do mote "Nem Bolsonaro, nem Lula" da convocação para os atos deste domingo, os principais partidos e grupos da esquerda não aderiram ao evento. No entanto, o ato na Paulista deve contar com alguns representantes. A deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP) e o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) foram confirmados na manifestação de São Paulo. Como representante do PDT estadual, que optou por aderir ao protesto de hoje, a deputada federal Tabata Amaral (PDT) também deve marcar presença.

A lista divulgada pelo movimento também inclui o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), a deputada estadual Marina Helou (Rede-SP), e o presidente estadual do PSDB-SP, Marco Vinholi, além dos principais rostos do MBL, como o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) e o deputado estadual Arthur do Val (Patriota-SP). (Equipe AE)

Os atos que ocorreram na manhã deste domingo (12) em defesa do impeachment do presidente Jair Bolsonaro, foram marcados por baixa adesão do público. Organizados pelos grupos de centro-direita Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua (VPR) e Livres, os protestos foram realizados em cinco capitais brasileiras, sem atrair grandes setores da esquerda. Nesta tarde, estão previstas manifestações em outras dez capitais.

Belo Horizonte e Rio reuniram os maiores contingentes até agora. Na capital fluminense, o grupo começou a se concentrar em Copacabana às 10h. No carro do VPR, um cartaz mostrava o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT) atrás das grades, rompendo a trégua declarada para atrair representantes da esquerda. Organizadores haviam deixado de lado o mote "Nem Bolsonaro, nem Lula" e decidido focar somente no impeachment do presidente da República.

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O PDT declarou apoio ao ato, mas o movimento não teve adesão formal de outras das principais siglas de esquerda, como PT e PSOL. Tampouco essa trégua parece ter sido assumida por parte dos ativistas presentes nos atos, como ficou claro em Copacabana.

Os poucos manifestantes de partidos de esquerda presentes na manifestação contra o presidente Bolsonaro no Rio se colocaram ao lado do carro do MBL. Bandeiras do movimento da centro-direita e dos partidos foram balançadas lado a lado na orla. Mais perto do carro do VPR, uma faixa grande reforçava a rejeição ao presidente e ao petista.

Candidato à Presidência pelo Novo em 2018, o empresário João Amoêdo esteve no ato do Rio. Questionado pelo Estadão sobre o embate entre os dois carros de som, que vinham defendendo causas diferentes, ele se colocou ao lado do MBL, que "esqueceu" Lula e se concentrou na bandeira do impeachment.

"A pauta dos brasileiros não é eleição, ‘terceira via’, nada disso", disse. "A gente tem de entender que qualquer construção de um Brasil melhor passa pela saída do Bolsonaro. Se a gente não tiver prioridade total nisso, vai ter ainda mais dificuldade nessa tarefa, que já não é fácil."

'Nosso movimento é de direita'

Em Belo Horizonte, o ato na Praça da Liberdade ganhou força por volta das 11h. Imagens compartilhadas pelo MBL nas redes sociais mostram o público vestido majoritariamente de branco, como pedido pelos organizadores, no intuito de evitar a contraposição entre o vermelho associado à esquerda e o verde e amarelo das manifestações bolsonaristas.

"Não estou nem aí para a participação da esquerda. O nosso movimento é de direita", afirmou o piloto de avião Cláudio Costa Pereira, um dos coordenadores do ato na capital mineira. O estudante de direito César Peret, também parte da coordenação, disse que a participação dos movimentos e partidos de esquerda ficou "no ar", mas os grupos não apareceram.

O PDT, a Rede e o movimento Acredito optaram por apoiar o protesto na capital mineira, mas somente representantes do primeiro apareceram no evento. Por volta de 10h40, um grupo de cerca de 20 pessoas do PDT chegou ao ato, portando bandeiras da legenda e cartazes do ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do partido à Presidência que também deve participar do ato na Avenida Paulista, em São Paulo.

Em Salvador, partidários do PDT, Novo e do Livres se uniram no protesto contra o presidente Jair Bolsonaro no Farol da Barra. Fora do foco planejado para as manifestações pelo Brasil, apenas algumas dezenas de pessoas compareceram.

Alguns transeuntes passaram pelo ponto turístico gritando "fora, Bolsonaro". Apesar do esforço pela união suprapartidária, no microfone aberto, quando militantes do Novo falavam, pedetistas saíam, e vice-versa.

Em São Luís, manifestantes se reuniram na Praça do Pescador a partir das 9h para pedir o impeachment do presidente Bolsonaro. Com faixas e cartazes "Fora, Bolsonaro", o movimento uniu o MBL a representantes do Novo, PDT, Cidadania e Rede, além de integrantes de igrejas evangélicas, em críticas ao presidente.

Para o presidente estadual do Novo no Maranhão, Leonardo Arruda, "Bolsonaro é o maior estelionatário eleitoral do século 21": "Ele enganou todos os seus eleitores e grande parcela da população. Crime de responsabilidade fiscal é carta marcada de seu governo. O impeachment é a saída".

Na capital do Espírito Santo, a manifestação começou às 9h30, na Praça do Papa. Após a concentração, os manifestantes saíram em carreata pela Terceira Ponte até chegar à Prainha, em Vila Velha. Segundo a PM, cerca de 80 veículos participaram do ato, que foi encerrado sem ocorrências.

Diferentemente do que foi decidido em alguns Estados, no Espírito Santo a manifestação manteve o lema "nem Lula, nem Bolsonaro". Por isso, partidos como o PT e o PSOL não aderiram aos atos. O PSB e o PDT convocaram a militância para os protestos, mas não houve grande adesão.

"Querem dizer que só existe Lula e Bolsonaro, mas não é verdade. Temos tempo hábil de buscar um outro nome que respeite a democracia, que respeite as instituições e que, fundamentalmente, tenha condições de fazer a gestão do Brasil", afirmou Gustavo Peixoto, um dos líderes do movimento Vem Pra Rua ES.

Pró-Bolsonaro

Também para esta manhã de domingo estava marcada uma manifestação pró-governo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O ato, marcado para começar às 9h, teve a adesão de poucos manifestantes. Para garantir a segurança, diversas vias próximas ao local foram bloqueadas pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), que esperava movimentação até às 14h de apoiadores do presidente Bolsonaro.

Nesta quarta-feira (08), o PSDB anunciou que fará oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e iniciará discussão sobre uma possível prática de crimes de responsabilidade pelo chefe do Executivo. 

"O PSDB repudia as atitudes antidemocráticas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência. Ao mesmo tempo, conclama as forças de centro para que se unam numa postura de oposição a este projeto autoritário de poder", afirma o partido.

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O PSDB ponderou que "se alinha à indignação de todos aqueles que têm na democracia, na defesa das instituições e no respeito à liberdade o seu maior compromisso". Para os tucanos, os brasileiros "esperam de seu governante soluções para a pandemia, para o desemprego, inflação, crise hídrica, desigualdade e o descalabro fiscal". 

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A Justiça de São Paulo autorizou nesta segunda-feira, 30, que grupos de oposição se manifestem no feriado do Dia da Independência, 7, no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo. O grupo pleiteava em São Paulo a realização de protestos contra o governo na mesma data em que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro pretendiam realizar manifestações em apoio à gestão.

Segundo a decisão do juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara de Fazenda Pública, está claro que ninguém tem poder para vetar reuniões, e, conforme prega a Constituição, todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização. De acordo com a ação, caberia à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo garantir o cumprimento da decisão.

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A região central da capital vinha sendo disputada como espaço para a realização de manifestações públicas no feriado tanto por apoiadores do presidente Bolsonaro quanto pela oposição. De um lado, apoiadores do governo devem seguir o tom do Executivo de críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Já a oposição deve manter as críticas à atuação do governo durante a pandemia da covid-19.

Caso não haja mudança no entendimento tomado, opositores do presidente devem se reunir no Vale do Anhangabaú, enquanto que os apoiadores realizarão sua manifestação a cerca de 2,5 km dali, na Av. Paulista, região central da capital.

A fim de impedir conflito entre os grupos antagônicos, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), havia proposto, na última quinta-feira (26), que a Secretaria de Segurança Pública vetasse a realização dos protestos contra o presidente, ainda que em locais distintos. A determinação valeria tanto para a capital quanto para outras cidades paulistas, e o secretário de Segurança Pública em exercício, coronel Álvaro Batista Camilo, disse que deve chamar os coordenadores da campanha contra o presidente para um diálogo sobre os atos.

Segundo o acordo, a oposição teria direito a realizar atos no dia 12 de setembro, data sem a mesma relevância que o feriado da Independência, mas em alternância com o grupo de apoio. Organizadores do evento contrário ao governo, entretanto, contestaram a definição das datas alegando que seria a vez deles se manifestarem, uma vez que os grupos favoráveis teriam se reunido por último nas ruas.

Nesta manhã, em entrevista à rádio Rede Fonte, de Goiás, o presidente Bolsonaro afirmou que a "grande pauta" dos atos em seu apoio deve ser a liberdade de expressão, em especial contra as recentes decisões tomadas pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). "Não pode uma pessoa do STF e uma do TSE se arvorarem como donas do mundo", defendeu o presidente.

A organização da campanha nacional 'Fora Bolsonaro' decidiu na noite desta quarta-feira (25) transferir o protesto contra o governo federal e o ato Grito dos Excluídos no feriado para o Vale do Anhangabaú, na região central de São Paulo. Com a decisão, os oposicionistas encerram uma disputa pelo uso da Avenida Paulista, onde está prevista uma manifestação no feriado favor do presidente Jair Bolsonaro e contra ministros do Supremo Tribunal Federal, inclusive com integrantes que defendem o fechamento da Corte.

"Achamos que não vale a pena continuar insistindo por fazer o ato na Paulista, porque aproxima o dia 7", afirma o coordenador nacional da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, um dos organizadores das marchas contra Bolsonaro. "Nós precisávamos tomar uma decisão política: ou ficávamos nessa intenção de continuar lutando pela Paulista ou mudávamos de local."

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Bonfim ressaltou o histórico de protestos no Vale Anhangabaú na década de 1980 pela Diretas Já, da qual ele mesmo participou quando jovem. "O Vale tem uma simbologia muito forte da luta pela democracia", disse.

Os organizadores agora devem marcar reuniões com a Prefeitura e órgãos de Segurança Pública para garantir a realização do ato sem risco de violência. Para o ato da Avenida Paulista, a favor de Bolsonaro, há convocação de caravanas de policiais militares e de apoiadores de várias regiões do País.

O comando do 11º Batalhão da Polícia Militar já havia indicado que a Avenida Paulista seria reservado a uma manifestação governista há dez dias, após a organização da campanha contra Bolsonaro comunicar que pretendia ocupar a avenida no mesmo dia. Na segunda-feira (23), a posição da PM foi confirmada pelo governador João Doria (PSDB) em entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura.

Os manifestantes da oposição se irritaram após o governador dizer que os atos contra Bolsonaro se concentrariam no dia 12 de setembro. A coordenação da campanha ressaltou que o cancelamento dos atos contra Bolsonaro no dia 7 não foi cogitado, e que debate sobre o uso da Avenida Paulista não envolvia o protesto do dia 12.

"O dia nacional de mobilização está mantido (no dia 7), tínhamos impasse principalmente em São Paulo e em Brasília (em relação ao local do evento), onde os bolsonaristas estão convocando manifestação, mas nas outras cidades isso não existe e os protestos são organizados normalmente", diz o coordenador Josué Rocha, do Movimento de Trabalhadores Sem-Teto (MTST). "A posição do Doria, desde o primeiro momento, foi de negativa da nossa possibilidade de manifestação."

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (sem partido-RJ) é o novo vice-líder da Oposição na Casa ao lado de outros oito parlamentares: Tadeu Alencar (PSB-PE), Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Jorge Solla (PT-BA), Leônidas Cristino (PDT-CE), Enio Verri (PT-PR), Paulo Teixeira (PT-SP) e Chico D'Angelo (PDT-RJ).

Maia presidiu a Câmara de 2016 a 2019, quando foi sucedido pelo deputado Arthur Lira (PP-AL).

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Desde março, o líder da Oposição é o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).

*Da Agência Câmara de Notícias

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) descartou, nesta segunda-feira, 2, a possibilidade de instituir imposto sobre grandes fortunas, tabelamento de preços ou aumento de carga tributária no Brasil.

"Alguns querem que eu taxe grandes fortunas no Brasil. É um crime agora ser rico no Brasil. Alguns querem que se aumente a carga tributária, que se tabele preços. Nós somos aquilo que nós produzimos", disse em discurso na cerimônia do lançamento do programa Água nas Escolas.

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Apesar das afirmações contra o aumento de impostos, a proposta de reforma tributária apresentada pelo Planalto prevê cobrança de 20% sobre lucros e dividendos, o que incidiria sobre os ganhos de empresários e acionistas do País.

Nesta quinta-feira (24), o líder do PT na Câmara dos Deputados, Bohn Gass, anunciou no Plenário da casa que partidos e entidades de oposição ao governo Bolsonaro vão unificar em um só documento os argumentos dos mais de 100 pedidos de impeachment já apresentados à Câmara dos Deputados. O ato será realizado no dia 30 de junho.

“Faremos um ato conjunto com todos os partidos, organizações, lideranças e entidades que fizeram os pedidos de impeachment para a unificação de todos eles em um 'super' pedido de impeachment", informou.

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Governo

O deputado Bibo Nunes (RS), vice-líder do PSL, refutou as acusações da oposição. “Estou num governo que não tem um ato de corrupção, a não ser denúncias caluniosas, como o caso da vacina Covaxin, em que não houve compra alguma, porque a Oposição, contra tudo e a favor de nada, e a imprensa marrom não sabem o que envolve uma compra”, disse. Ele afirmou que não houve pagamento por parte do governo.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

Psol, PT, PSB e Novo estão fazendo obstrução à votação da Medida Provisória 1031/21, que autoriza a desestatização da Eletrobras. A proposta permite que a empresa venda ações na bolsa de valores para diminuir a participação acionária da União, que também não poderá comandar o conselho da empresa, mas terá poder de veto sobre as decisões (golden share).

A líder do Psol, deputada Talíria Petrone, disse que o Governo Federal vai abrir mão de um bem estratégico. “Propõe-se privatizar um bem público que é lucrativo, a privatização de uma empresa que salvou o Amapá de um apagão quando a iniciativa privada não conseguiu”, disse.

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A proposta também tem resistências por temas incluídos no texto durante a votação em Plenário, como a contratação de termelétricas, prorrogação de incentivos fiscais e outros temas.

O deputado General Peternelli (PSL) defendeu a votação da proposta hoje. “Esse tema já foi bastante discutido. A equalização da economia passa pelas privatizações”, afirmou.

Da Agência Câmara de Notícias

Organizadores dos atos contra o governo Bolsonaro esperam definir, até quarta-feira, o modelo e datas de novas manifestações. Após ampliar a adesão aos protestos no último sábado, em relação à manifestação de maio, entidades e partidos da oposição discutem agora se devem ou não intensificar e ampliar a mobilização, inclusive com ações que podem ir além das grandes passeatas.

Três fatores são considerados determinantes nos próximos passos do grupo: o avanço das investigações da CPI da Covid, o recrudescimento da pandemia e a data de entrega de um novo pedido de impeachment - assinado por diversos partidos e movimentos sociais.

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Chamado de "superpedido" de impeachment por alguns signatários, o documento deve reunir as acusações de crime que constam nos mais de cem pedidos já protocolados na Câmara contra Bolsonaro.

Advogados ligados à iniciativa dizem que o texto deve ficar pronto nas próximas semanas.

"É uma novidade: no calor das manifestações, se apresenta um pedido unificado (de impeachment)", disse o líder da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim.

Parte dos líderes também sugere ampliar os atos para novos tipos de protesto - o que ainda não é consenso.

"A dúvida é saber se, às vezes, na próxima não é o caso de fazer uma paralisação, uma greve, trancamento de rodovia, intercalando para não ser só atos de sábado na Avenida Paulista", diz João Paulo Rodrigues, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma eventual convocação de novas manifestações contra o governo Bolsonaro divide organizadores dos protestos de 29 de maio. A maior parte dos movimentos que organizaram as passeatas vai se reunir ao longo da semana para decidir se novos atos serão, ou não, convocados. O temor, como da primeira vez, é com o avanço dos casos da covid-19 no País.

As manifestações seguiram agendas próprias e reuniram dezenas de milhares de pessoas em mais de 200 cidades - em muitos locais, gerando aglomerações. A avaliação entre os organizadores é de que as manifestações surpreenderam ao levar mais pessoas do que o esperado às ruas. Atitudes e reações do presidente Jair Bolsonaro são apontadas como razões que podem impulsionar novos protestos, incluindo a possibilidade de realização da Copa América no Brasil.

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Um dos organizadores do atos, do último sábado (29), Raimundo Bomfim, da Frente Brasil Popular, disse que, apesar da repercussão da mobilização nacional, é preciso ter calma ao se falar em novas manifestações por causa da terceira onda da pandemia. "Não é uma competição de rua. Não há de nossa parte esse campeonato de quem leva mais (pessoas) para a rua a cada fim de semana". Segundo Bonfim, os coordenadores da frente devem anunciar uma decisão até, no máximo, o início da próxima semana. Protestos simbólicos ou em outros formatos não estão descartados.

Mas na pauta de uma assembleia virtual convocada para esta terça-feira (1º), está a discussão de uma possível nova data para atos nas ruas. O evento é divulgado pelo partido Unidade Popular (UP). Porém, a ideia não ganhou adesão de outras frentes. Entre os demais partidos de esquerda que levaram sua militância às ruas, há cautela.

"O PT apoiará a decisão coletiva. As pessoas que foram às ruas, cientes dos riscos, não estavam erradas em protestar", disse a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann. "Não descartamos a realização de novos protestos", afirmou Paula Coradi, Secretária Nacional de Movimentos Sociais do PSOL.

Provocações

O governo tenta minimizar os atos contra Bolsonaro. Os filhos do presidente, o senador Flávio (Patriota), o deputado federal Eduardo (PSL-SP) e o vereador carioca Carlos (Republicanos), passaram o fim de semana ironizando as manifestações nas redes sociais. Integrantes de "tropa de choque" bolsonarista na Câmara, deputados como Vitor Hugo, Carla Zambelli e Bia Kicis foram na mesma linha.

Além das provocações, a estratégia de desacreditar as manifestações passa por apontar contradições no discurso de oposicionistas e de questionar o número de pessoas que participaram dos atos. "Nunca fomos hipócritas de dizer que defendemos isolamento, lockdown", disse Zambelli.

O Estadão mostrou que bolsonaristas disseminarem fake news para emplacar nas redes sociais e em aplicativos de mensagens a ideia de que imagens da manifestação na Avenida Paulista seriam na verdade de atos de 2016, de quando a militância pró-Dilma Rousseff foi às ruas contra o impeachment. Porém, é possível ver nas imagens das publicações faixas contra Bolsonaro e o boneco inflável gigante em que o presidente é representado como a morte segurando uma caixa de cloroquina.

"A tendência é que o governo continue na defensiva que o caracteriza. Bolsonaro sempre se defendeu atacando", disse o cientista político Humberto Dantas. "Se essa quantidade de pessoas foi às ruas mesmo com as restrições impostas pela pandemia, imagine em situações normais. Essa conta o presidente e seu entorno fizeram."

A Câmara aprovou, nessa quarta-feira (12), um projeto capaz de restringir a atuação da oposição na Casa ao reduzir as ferramentas do chamado "kit obstrução" - foram 337 votos favoráveis e 110 votos contrários à alteração do regimento interno.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, parlamentares da base aliada do governo já articulavam a mudança em fevereiro, após a eleição de Arthur Lira (Progressistas-AL) para a presidência da Câmara, com apoio do Palácio do Planalto. A intenção era alterar o regimento interno com o objetivo de reduzir as formas que existiam para atrasar ou até barrar votações de projetos. Segundo Lira, o novo texto foi promulgado e já passa a valer a partir de hoje.

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A principal mudança é o fim do limite de tempo da sessão. Pelo projeto, as sessões poderão ser prorrogadas pelo presidente da Câmara sempre que houver necessidade. Atualmente, cada sessão de votação tem no máximo seis horas de duração. Ao final desse prazo é preciso abrir uma nova e reiniciar o rito parlamentar, que inclui a verificação de quórum e tempo para os deputados discutirem e líderes orientarem suas bancadas, entre outras medidas.

Essas manobras eram legais e faziam parte do regimento da Câmara. O uso de tais medidas contribuía para esticar as votações pela noite e, dependendo do embate entre os deputados, até a madrugada. Agora, o novo texto prevê que, quando a urgência de um projeto for aprovada, os deputados não poderão apresentar requerimento de retirada de pauta na mesma sessão, ou de adiamento da discussão.

O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), foi escolhido por Lira para construir um texto de consenso com a oposição. Após acordo, houve algumas concessões. No texto, Ramos deixou claro que as sessões só poderão ser suspensas por uma única vez, pelo prazo máximo de uma hora. Ultrapassado esse tempo, a sessão cairá de forma automática e só poderá ser convocada para outro dia. O temor da oposição era que as sessões pudessem ser retomadas a qualquer tempo, mesmo dias depois da suspensão.

Também em acordo com a oposição, Ramos aumentou o número de deputados que poderão fazer encaminhamentos de votação sobre projetos de seis para 12. O tempo, que seria de 30 segundos, foi elevado a um minuto. Outra mudança foi a que dá um tempo mínimo de dez minutos entre a apresentação do parecer de emendas de plenário pelo relator e o início da votação.

O texto acabava com a possibilidade de apresentação de destaques simples ou individual, mas Ramos decidiu que o direito será mantido. Haverá, no entanto, barreira para que eles sejam apreciados: apenas quando houver apoio da maioria dos líderes.

Mesmo com as mudanças, a líder do PSOL, Taliria Petrone (RJ), criticou o texto. A deputada disse que as concessões feitas por Ramos foram apenas uma estratégia e já eram esperadas. "Nós não temos nada que agradecer nem a Vossa Excelência (Lira) e nem, com todo o respeito, ao deputado Marcelo Ramos, porque não queríamos nem mesmo votar essa matéria" afirmou.

O líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE), lamentou a aprovação do texto, mas reconheceu as concessões. "Não alcançamos o que pretendíamos na negociação com ele, embora tenhamos conseguido reduzir alguns danos", afirmou.

Com mais de uma centena de pedidos de impeachment enviados à Câmara sem nenhum encaminhamento, a oposição quer unir deputados de campos políticos diversos na tentativa de dar andamento, no Legislativo, ao afastamento do presidente Jair Bolsonaro. A iniciativa é do deputado Bohn Gass (RS), líder do PT, e conta com apoio até de ex-aliados do presidente no Congresso.

Gass quer juntar parlamentares e representantes da sociedade civil que apresentaram pedidos de impedimento de Bolsonaro para pressionar e debater medidas que viabilizem a abertura de um processo. "Vamos criar um movimento para colocar na ordem do dia a necessidade do impeachment", disse o deputado. "Vamos unir forças, não serão ações individualizadas. A ideia está em construção", emendou ele.

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A oposição vai tentar atrair nomes como o do deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), autor de quatro protocolos de impeachment. Um deles acusa Bolsonaro de crime de responsabilidade ao ajudar a convocar as manifestações a favor de seu governo, contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado. Frota foi eleito pelo PSL, mas acabou expulso do partido e concorda com a formação do bloco.

"É uma ideia que vem em um momento importante. Estou inteiramente à disposição, independentemente se é PT ou qualquer outro partido, para criar um texto único que possa servir para isso", afirmou o deputado ao Estadão/Broadcast.

Ex-líder de Bolsonaro no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) também disse estar disposta a aderir. Ela apresentou pedido de impeachment contra Bolsonaro em abril do ano passado. Acusou o presidente de crimes de responsabilidade, previstos na lei do impeachment, e também de crimes comuns.

Moro

O pedido de Hasselmann menciona o episódio da demissão do então ministro da Justiça Sérgio Moro e sua declaração de que Bolsonaro tentou interferir na escolha da direção da Polícia Federal para obter relatórios de inteligência da corporação. A deputada também acusa Bolsonaro de "falsidade ideológica" por incluir assinatura forjada de Moro no decreto de exoneração do então diretor-geral da PF Maurício Valeixo.

Políticos e partidos foram responsáveis por protocolar 25 dos 112 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Deste total, sete foram arquivados. O mais recente pedido de afastamento foi apresentado pela Executiva Nacional do PDT, partido comandado por Carlos Lupi, que acusa o chefe do Executivo de ameaça ao livre exercício dos poderes.

O episódio citado pelo PDT é o da pressão de Bolsonaro sobre o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO). Em conversa telefônica com o senador, na noite de sábado, Bolsonaro disse que ele deveria ingressar com pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) logo após a Corte ter determinado a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado sobre ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia.

Dar ou não andamento aos pedidos de impeachment é prerrogativa do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), líder do Centrão e aliado do governo. A maioria das ações, no entanto, chegou à Casa ainda na gestão de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Na última segunda-feira, 12, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) acionou o Supremo para que seja fixado prazo para Lira analisar os pedidos na fila.

Devastado nos últimos anos por escândalos de corrupção e crises econômicas, o Rio pode ver antigos adversários políticos compondo a mesma aliança na eleição estadual do ano que vem. Berço do bolsonarismo e comandado hoje pelo interino Cláudio Castro (PSC), aliado do presidente Jair Bolsonaro, o Estado é visto como peça-chave pela oposição. Até um "palanque duplo" para os projetos presidenciais de Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT), por exemplo, é considerado.

A ideia é agrupar a esquerda e o centro em torno de um nome. O mais cotado, hoje, é o de Marcelo Freixo (PSOL). Em gesto impensável até pouco tempo atrás, o deputado federal tem construído pontes à sua direita. Mira aproximação com o deputado federal Rodrigo Maia (DEM), que deve migrar para o MDB, e o prefeito carioca Eduardo Paes (DEM), cuja situação partidária ainda tem um futuro incerto.

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A movimentação de seu principal quadro gera reação interna no PSOL, historicamente avesso a alianças com o centro. A saída de Freixo do partido é considerada inevitável por alguns políticos, caso o projeto de candidatura a governador nessa composição se concretize. Nomes importantes da legenda, por outro lado, buscam esfriar o conflito e pedem mais diálogo interno.

Participam das conversas outras figuras importantes da política local. Pelo PSB, fala o deputado federal Alessandro Molon. Representa o PT seu vice-presidente nacional do partido e ex-prefeito de Maricá, Washington Quaquá. O PDT tem voz pelo presidente da legenda, Carlos Lupi, e pelo ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves, que deixou o cargo com cerca de 80% de aprovação no ano passado.

Quem também está sempre presente nas discussões é o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, que encerra o mandato à frente da Ordem no início do ano que vem. Cortejado pelo PSDB, o advogado já foi filiado ao PT quando era mais jovem. Também é amigo de longa data de Eduardo Paes, cujo destino político-partidário deve ser decisivo para o do aliado.

Vários nomes, incluindo o de Santa Cruz e o de Rodrigo Neves, são cotados como possíveis candidatos ao governo estadual. Hoje, porém, o projeto Freixo é o que mais empolga, dado o histórico recente de bons sufrágios do psolista. Para consolidá-lo, no entanto, uma série de fatores será considerada.

O deputado já avisou - inclusive em entrevista ao Estadão - que só sairá candidato se compor uma aliança robusta, que vá além da esquerda. É aqui que entra a importância de nomes como Paes e Maia, avaliam Freixo e outros que abraçam a causa.

A iniciativa desses quadros da política para 2022 busca elaborar um discurso de reconstrução do Rio. Ao mesmo tempo, tenta construir um palanque para dois dos principais nomes da centro-esquerda na eleição presidencial: Lula e Ciro. O caso do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), em 2018, é tido como referência para essa possibilidade. O mandatário cearense é aliado do clã Gomes no âmbito local.

"Penso que temos que partir de trás para frente. Primeiro, pensar num segundo turno, garantir que quem chegar lá receberá o apoio para derrotar Bolsonaro", avalia o petista Quaquá. Por orientação de Lula, o PT deve seguir o caminho de abrir mão de protagonismo nos Estados em troca de apoios ao ex-presidente na sua tentativa de voltar ao Planalto.

Um dos gestos recentes dos petistas em aceno aos demais partidos de esquerda se deu na Câmara - e beneficiou dois cariocas. Freixo foi nomeado líder da minoria na Casa; Molon, da oposição. Por ter a maior bancada, o PT poderia reivindicar para si os cargos, mas preferiu afagar PSOL e PSB, duas legendas na mira para a aliança que Lula planeja construir.

No PDT, que vê a possibilidade de lançar nomes considerados fortes em pelo menos oito Estados, a avaliação é de que o palanque nacional puxará os estaduais. "Não abriremos mão do nosso palanque (para Ciro Gomes). Pode ser palanque duplo? Pode", aponta Carlos Lupi.

Vaga no Senado

Dentro dessa configuração para o governo do Estado, a vaga que será aberta no Senado também é discutida. Santa Cruz já foi citado como uma possibilidade, assim como Molon.

Até hoje ameaçado por ter presidido a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio, Freixo sempre pensa com cuidado antes de disputar uma eleição em que uma derrota o deixaria sem direito à escolta que o protege desde então. Ou seja, só trocará a garantida reeleição para a Câmara dos Deputados, onde se sente confortável atualmente, se tiver grandes chances de vitória no Rio.

Quadros importantes do PSOL pedem calma ao deputado em relação ao debate sobre 2022, já que o cenário no Rio ainda é muito indefinido. Eles avaliam que talvez não seja necessário ir além da centro-esquerda para derrotar o bolsonarismo no Estado. Temas como a Segurança Pública e a manutenção da Cedae, empresa pública de saneamento, como estatal, são centrais para o discurso psolista.

"Não estou convencido de que seja o melhor caminho (se aliar a antigos adversários, como Paes e Maia). Não encontra eco na maioria do partido. Mas o Marcelo tem o direito de disputar o partido com essa ideia, tentar ganhá-lo com essa concepção. O que peço é um pouco mais de calma", diz o vereador mais votado do Rio, Tarcísio Motta, que ficou em terceiro na eleição para governador em 2018. Ele defende que o correligionário e a sigla busquem o diálogo e evitem criar um cenário de rompimento.

Caso precise sair do PSOL, Freixo terá que escolher uma nova casa. PT, PDT e PSB evitam falar em "convite". Discretamente, mantêm portas abertas.

Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa está articulando nos bastidores da política para desbancar a recondução do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022. A informação foi divulgada pela colunista do UOL, Carolina Brígido.

Aposentado, Barbosa é filiado ao PSB e, apesar de dizer a interlocutores que não pretende ser candidato, a eventual postulação dele não foi descartada. Inclusive, também se comenta nos bastidores que o ex-ministro do STF já cogitou até apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo acreditando que o petista vai recuar da disputa. Esse possível apoio seria, no mínimo, irônico uma vez que Joaquim Barbosa foi o relator do caso do Mensalão no STF. 

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Aposentado desde 2014, Joaquim Barbosa já foi cogitado na disputa presidencial em 2018 quando entrou para o PSB, mas recuou ao pesar motivos familiares e a exposição que tal concorrência o daria. 

"Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a Presidente da República. Decisão estritamente pessoal", justificou na época.

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