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A presidente do Peru, Dina Boluarte, prorrogou o estado de emergência que suspende alguns direitos fundamentais dos cidadãos diante da propagação dos protestos contra o seu governo, nos quais já morreram quase 50 pessoas. As mobilizações começaram em dezembro, assim que ela assumiu o poder após a destituição de seu antecessor, Pedro Castillo, por ele ter tentado fechar o Congresso ilegalmente.

O governo de Boluarte decretou estado de emergência a partir de domingo, 15 de janeiro, por 30 dias em três departamentos, três províncias e um distrito.

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A norma foi publicada na noite de sábado em uma edição digital extraordinária do jornal oficial El Peruano.

O estado de emergência suspende os direitos constitucionais de inviolabilidade de domicílio, bem como as liberdades de trânsito, reunião e segurança pessoal.

A presidente impôs estado de emergência em todo o país em dezembro por um mês, que já foi cumprido.

A norma estabelece que a Polícia Nacional mantém o controle da ordem interna com o apoio das Forças Armadas para conter possíveis convulsões.

A medida contempla cinco autoestradas que atravessam o país, depois de vários incidentes de bloqueios rodoviários nos protestos que paralisaram o transporte de pessoas e mercadorias.

Um policial em patrulha foi atacado e queimado até a morte por manifestantes na região de Puno, no Peru, quando o número de mortos em manifestações após a deposição do ex-presidente Pedro Castillo subiu para 47, disseram autoridades na terça-feira, 10.

José Luis Soncco Quispe, de 29 anos, fazia uma patrulha com um colega policial em Juliaca, uma cidade perto da fronteira com a Bolívia e o Lago Titicaca, na noite de segunda-feira, quando foram atacados por uma multidão que depois ateou fogo em seu veículo, de acordo com relatórios da polícia.

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O parceiro de Soncco na viatura, Ronald Villasante Toque, disse que eles foram "detidos e agredidos fisicamente por cerca de 350 manifestantes", segundo os relatórios.

Villasante foi levado a um hospital em Lima com vários ferimentos na cabeça após ser espancado. Ele disse que não sabia o que estava acontecendo com seu parceiro.

O primeiro-ministro Alberto Otárola confirmou a morte de Soncco em uma sessão do Congresso, dizendo que os homens foram atacados por manifestantes.

"A polícia chegou ao local e descobriu que um policial havia sido espancado e amarrado, e o outro, Luis Soncco Quispe, infelizmente havia morrido", disse ele. "Ele foi queimado vivo em sua viatura."

Otárola anunciou toque de recolher de três dias, a partir das 20h e até às 4h em Puno, e um dia de luto pelos mortos nesta quarta-feira, 11.

A Ouvidoria do Peru disse que desde o início dos protestos no início de dezembro, após a demissão de Castillo, 39 civis foram mortos em confrontos com a polícia e outros sete morreram em acidentes de trânsito, além do policial assassinado.

A morte do policial ocorreu após o assassinato de 17 pessoas na segunda-feira em Juliaca, quando os protestos em busca de eleições imediatas recomeçaram em áreas rurais negligenciadas do país ainda leais a Castillo.

A agitação começou após a remoção e prisão de Castillo após uma tentativa amplamente condenada de dissolver o Congresso e impedir seu próprio impeachment.

A sucessora de Castillo, sua ex-companheira de chapa Dina Boluarte, apoiou um plano para adiar as eleições para presidente e congresso para 2024, originalmente marcadas para 2026. Ela também expressou apoio a investigações judiciais sobre se as forças de segurança agiram com força excessiva.

Na terça-feira, o Ministério Público do Peru abriu uma investigação contra a presidente Dina Boluarte e três de seus ministros para apurar supostos crimes na resposta do governo aos protestos. Segundo a Procuradoria-Geral, eles serão investigados pelos supostos crimes de de genocídio, homicídio qualificado e lesões graves.

Ao menos 67 pessoas ficaram feridas nos últimos quatro dias no Peru em protestos contra a presidente Dina Boluarte, que assumiu o poder após um golpe de Estado frustrado do antecessor, Pedro Castillo.

Nos últimos quatro dias dezenas de estradas foram bloqueadas no país para protestar contra a prisão do ex-presidente.

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A violência nas manifestações que ocorrem há uma semana e já deixou 7 mortos levou nesta quarta-feira (14) o novo governo peruano a declarar estado de emergência em todo o país por 30 dias. A partir de agora, as Forças Armadas podem dar apoio tático à polícia para preservar a ordem pública. A nova presidente, Dina Boluarte, já havia declarado emergência, mas apenas nas áreas afetadas pelos distúrbios.

Confrontos foram registrados em Lima na noite de terça-feira, 13, mas ontem havia a sensação de calma nas ruas da capital. Os peruanos afirmam que a calmaria não significa paz, mas uma expectativa sobre o que deve acontecer após a entrada em vigor do estado de emergência. Segundo o decreto, não haverá toque de recolher, mas os direitos constitucionais serão suspensos.

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Durante o estado de emergência, a polícia e o Exército podem entrar em casas sem aviso prévio se considerarem que há algum risco. Também podem desmobilizar qualquer tipo de reunião social, seja um protesto ou uma festa de aniversário, e impedir as pessoas de viajarem para outras cidades.

Para analistas, a medida era a única saída do governo neste momento, mas pode ter um resultado ainda mais desastroso dado o histórico das Forças Armadas peruanas.

"A declaração de emergência pode incentivar mais rebeldia e piorar os protestos. As forças militares peruanas não têm antecedentes positivos em matéria de direitos humanos no momento de enfrentar manifestações sociais. Há um grande risco de que a repressão seja excessiva e acabe em mais protestos", afirma Carlos Meléndez, analista político e integrante do 50+1 Grupo de Análises Peru. Meléndez diz que o governo tinha a alternativa de mobilizar as Forças Armadas para proteger ativos estratégicos sem a necessidade de declarar estado de emergência, mas isso deveria ter sido feito no começo dos protestos.

Desde a tentativa de golpe do ex-presidente Pedro Castillo, há uma semana, manifestações se espalham pelo Peru pedindo a realização de eleições gerais antecipadas. Algumas pedem a soltura de Castillo.

Estradas continuavam ontem bloqueadas em 14 das 24 regiões do país e 4 aeroportos que haviam sido tomados ainda estão sem funcionar. Os locais com mais distúrbios estão ao sul, onde fica a cidade turística de Cuzco, Arequipa e Apurímac.

"É uma decisão dura, mas necessária diante da situação de descontrole, principalmente fora de Lima. Houve ataques a empresas privadas e instalações estratégicas. Creio que não havia outra opção", afirma o analista político José Carlos Requena. Segundo o Ministério da Saúde, os protestos em Lima, Apurímac, Huancavelica e Arequipa deixaram 7 mortos e 168 feridos.

Boluarte, que assumiu a chefia de Estado após a destituição de Castillo, afirmou ontem que acredita ser viável a antecipação das eleições gerais para dezembro de 2023. Após o aumento dos protestos, Boluarte, que assumiu dizendo que ficaria no cargo até 2026 - quando acaba o atual mandato -, apresentou uma proposta ao Congresso para antecipar as eleições para abril de 2024.

Reformas

A medida não foi suficiente para conter os manifestantes, que pedem eleições já. A data de 2024 foi proposta para dar tempo ao governo de fazer reformas eleitorais antes da nova votação. "Sem as reformas, se prevê que as consequências (de uma nova eleição) serão as mesmas: fragmentação política e facilidade de corrupção no financiamento partidário em uma nova campanha eleitoral. Mas não estamos no melhor momento para reformas pré-eleitorais enquanto o país pega fogo, literalmente", diz Melendez.

O Congresso - eleito em 2021 - discutirá nesta quinta, 15, a antecipação das eleições, mas o cenário é incerto. Alguns congressistas acham que a votação não deve ser antecipada, outros divergem sobre a data: se fala em fim de 2023 e até mesmo abril.

Castillo

Hoje será votado também o pedido de prisão preventiva de Castillo. Ele está preso em uma base policial desde o dia 7, quando tentou dar um autogolpe e foi destituído pelo Congresso. Um pedido de liberdade foi negado ontem, pois a Justiça considerou que há risco de fuga. O ex-presidente é acusado de rebelião e conspiração e pode ficar 18 meses preso preventivamente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com pedras, pedaços de pau e pneus em chamas, centenas de manifestantes bloqueiam a pista do aeroporto de Arequipa, segunda maior cidade do Peru, para exigir a renúncia da nova presidente Dina Boluarte e eleições presidenciais e legislativas antecipadas.

"A pista do aeroporto foi bloqueada com pedras, paus e pneus", disse um fotógrafo da AFP no local.

A iluminação da pista foi destruída, e o aeroporto, fechado. A polícia enfrenta os manifestantes com gás lacrimogêneo.

O anúncio da presidente do Peru, Dina Boluarte, de que apresentará um projeto de lei ao Parlamento para antecipar as eleições, de abril de 2026 para abril de 2024, não acalmou os manifestantes.

Nas ruas em várias cidades do país, uma multidão exige a libertação do agora ex-presidente Pedro Castillo, assim como o fechamento do Parlamento e novas eleições já.

As estradas de acesso a várias cidades do país permaneciam bloqueadas hoje no norte e no sul do país, incluindo Arequipa, Trujillo e Cuzco.

Castillo está detido por ordem de um juiz, após sua fracassada tentativa de golpe na última quarta-feira e posterior destituição por parte do Congresso. Foi substituído por sua vice, Dina.

Na madrugada dessa segunda, Boluarte disse que tentará "alcançar um acordo com o Congresso" para antecipar as eleições gerais para abril de 2024. Anunciou, ainda, que declarava estado de emergência nas áreas do país que registram protestos violentos.

- Protestos -

Desde domingo, as manifestações aumentaram em várias cidades do norte e do sul.

Na cidade andina de Andahuaylas, no sul, o Ministério do Interior informou que duas pessoas morreram, e cinco ficaram feridas, entre elas um policial, após confrontos violentos em uma tentativa dos manifestantes de invadirem o aeroporto da cidade.

A nova presidente lamentou a morte dos dois manifestantes.

No fim de semana, milhares de pessoas se mobilizaram pelas ruas de Cajamarca, Arequipa, Tacna, Andahuaylas, Huancayo, Cuzco e Puno, segundo imagens divulgadas por emissoras de televisão locais.

Em Lima, a polícia dispersou com gás lacrimogêneo, na tarde de domingo, uma manifestação nas proximidades do Congresso em apoio a Castillo. A capital do país sempre rejeitou Castillo, um professor rural e líder sindical que não tinha contato com as elites peruanas, enquanto as regiões andinas expressam apoio ao esquerdista desde as eleições de 2021.

- "Greve por tempo indeterminado" -

Enquanto isso, sindicatos rurais e organizações representativas dos povos indígenas convocaram uma "greve por tempo indeterminado" a partir de terça-feira em apoio a Castillo, que vem de uma família de camponeses.

Eles exigem a suspensão do Congresso, a realização de eleições antecipadas e uma nova Constituição, assim como a libertação imediata de Castillo, segundo um comunicado da Frente Agrária e Rural do Peru, que reúne cerca uma dúzia de organizações.

A Frente Rural afirma que Castillo "não praticou um golpe de Estado" na quarta-feira, quando anunciou a dissolução do Congresso, a intervenção dos poderes públicos e disse que governaria por decreto.

Dominado pela direita, o Congresso aprovou na madrugada de hoje uma norma que permite acelerar um julgamento penal contra Castillo. Ele foi detido por sua própria equipe de segurança quando seguia para a embaixada do México para pedir asilo político. O Ministério Público o acusa de rebelião e conspiração. Ele já era investigado por corrupção.

- Eleições antecipadas -

Nesta segunda, as atenções se concentram na reação do Congresso à proposta de eleições gerais antecipadas, pois também implica a redução do mandato em dois anos.

Para reduzir mandatos populares, como o presidencial e o legislativo, é preciso fazer isso em duas legislaturas consecutivas. Este processo pode durar até um ano, conforme a lei peruana. E, para convocar eleições antecipadas, é necessária uma reforma constitucional.

“Tem que haver uma negociação política para que o Congresso faça as reformas políticas básicas necessárias para novas eleições”, disse à AFP a analista política Giovanna Peñaflor.

Boluarte formou um governo no sábado com um perfil independente e técnico e com o ex-procurador Pedro Angulo como primeiro-ministro.

A demanda por novas eleições está associada a uma rejeição esmagadora do Congresso. De acordo com as pesquisas de novembro, 86% dos peruanos desaprovam o Parlamento.

Enquanto isso, cresce a polêmica em torno da versão de um ex-chefe de gabinete e do advogado de Castillo de que o ex-presidente estava dopado, ao ler a mensagem na qual anunciou sua tentativa fracassada de golpe.

Em uma carta que teria escrito na prisão, Castillo afirma que um médico e enfermeiras "camuflados" e uma promotora "sem rosto" tentaram "obrigá-lo" a dar amostras de sangue na sexta e no sábado. Ele disse ter-se recusado por temer por sua segurança.

A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, cedeu às exigências dos manifestantes no início desta segunda-feira (12) ao anunciar em cadeia nacional de televisão que enviará ao Congresso uma proposta para adiantar eleições. A decisão ocorre após milhares de manifestantes irem às ruas novamente no domingo (11), para exigir a renúncia dela e a marcação de eleições para a escolha de um novo presidente e de um novo Congresso.

Ao menos duas mortes foram registradas nos protestos em uma comunidade remota nos Andes, segundo autoridades. Boluarte disse que proporá eleições gerais para abril de 2024. Antes, ela dizia que pretendia cumprir o mandato do antecessor, seguindo no posto por mais três anos e meio.

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Na atual crise política, muitos manifestantes exigem a libertação do presidente Pedro Castillo, tirado do posto por legisladores após ter tentado dissolver o Congresso antes de uma votação de um impeachment. Os protestos são mais fortes em zonas rurais do país, onde Castillo tem mais força, mas centenas de pessoas protestaram também na capital, Lima.

Boluarte, em seu discurso, declarou estado de emergência em áreas fora de Lima nas quais os protestos foram particularmente violentos. O Peru teve seis presidentes nos últimos seis anos. Fonte: Associated Press.

O ex-presidente peruano Pedro Castillo oficializou nesta quinta-feira (8) o pedido de asilo no México ao embaixador do país no Peru, Pablo Monroy. O governo mexicano está em contato com a equipe da nova presidente, Dina Boluarte, para conceder o asilo, segundo informou o ministro das Relações Exteriores do país, Marcelo Ebrard.

O mexicano anunciou o pedido no Twitter junto com a carta escrita pelos advogados de Castillo endereçada ao presidente do México, Andrés Manuel López Obrador. Nela, a defesa do ex-presidente diz que ele é vítima de uma perseguição de caráter político por parte da Justiça peruana. "Estes órgãos criaram um clima de extrema indefensabilidade e perseguição puramente política de qualquer pessoa que pense de forma diferente do grupo oligárquico que reina sobre todas as instituições do país", diz a carta.

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Segundo Ebrard, o embaixador Pablo Monroy se encontrou com Castillo na prisão em que está custodiado e informou que ele está bem fisicamente e na companhia de advogado. Na carta, a defesa do ex-presidente afirma que ele corre "um grave risco".

Os advogados também afirmam no pedido de asilo que os órgãos de Justiça pretendem processar o ex-presidente "por simples declarações de vontade ou intenção que não configuram nenhum ilícito penal, criando um clima de perseguição contra todos aqueles que pensam de forma diferente do grupo oligárquico".

Mais cedo, López Obrador havia dito que seu governo está disposto a conceder o asilo e que Castillo já o havia pedido nesta quarta-feira, 7, por telefone. O mexicano declarou que o peruano foi vítima de "um golpe brando", do qual participaram, segundo ele, veículos de comunicação e "as elites econômica e política" do país.

Obrador acrescentou que o México considera "adequado esperar alguns dias" antes de reconhecer formalmente Dina Boluarte como presidente do Peru. "Não é nosso propósito intervir em assuntos internos. Lamentamos muito, isso sim, que essas coisas aconteçam, porque o povo sofre", acrescentou.

O presidente mexicano foi um dos maiores defensores de Castillo e considera que ele é vítima de perseguição, racismo e de uma tentativa de golpe.

Prisão

Pedro Castillo está preso desde esta quarta-feira, após tentar dissolver o Parlamento e instaurar um "governo de emergência" no Peru. Na quinta, a Justiça determinou em audiência de custódia a prisão preventiva por uma semana contra ele, atendendo ao pedido do Ministério Público. De acordo com a acusação, a prisão preventiva é necessária para garantir a investigação e identificar outros atores da conspiração e para evitar que ele fuja.

O ex-presidente vai ser investigado por rebelião e conspiração com base nos artigos 346º e 349º do Código Penal do país, com penas previstas de 10 a 20 anos de prisão.

Na audiência de custódia, Castillo não respondeu às acusações no seu direito de defesa e delegou a tarefa aos advogados - dentre eles, o ex-ministro da Justiça e chefe de gabinete do seu governo, Aníbal Torres. "Os crimes de rebelião e conspiração não estão configurados porque não se realizaram", disse a defesa.

Entenda a crise

A dissolução do Congresso peruano não é uma prática incomum no país nas últimas décadas, já que a Constituição elaborada durante o governo de Alberto Fujimori (1990-2000) permite ao presidente dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.

Em 2019, o então presidente do país, Martín Vizcarra, por exemplo, adotou uma medida similar para ampliar seu capital político, mas não instaurou um governo de emergência, nem falou em alterar a Carta Magna, ambas medidas anunciadas por Castillo nesta tarde.

Segundo analistas, estas duas últimas medidas principalmente avançam o sinal e constituem uma ruptura institucional. "O que ocorreu no Peru foi um golpe de Estado com todas as letras", disse ao Estadão Fernando Tuesta, professor da PUC Peru. "Se Castillo tinha baixa legitimidade, agora perdeu sua legalidade. Está usurpando o poder e ninguém deve obediência a ele. "

Para o analista político Carlos Meléndez, Castillo não seguiu as regras da Constituição. "Tanto a dissolução do Congresso feita por Martín Vizcarra quanto por Castillo foram arbitrárias, mas Vizcarra seguiu certa interpretação da Constituição. Castillo agiu fora de qualquer interpretação", afirmou ao jornal.

"Castillo é um amador radical e essa é a pior combinação possível para ser presidente de um país. Ele sempre agiu de maneira extrema, mas não na questão ideológica. Ele quis enfrentar o establishment, no caso o Congresso, que soube se defender", acrescentou.

A tentativa de golpe de Castillo ocorreu poucas horas antes de o Congresso, no qual o presidente não tem maioria, debater uma moção de censura que poderia retirá-lo do cargo. Castillo foi eleito em 2021 por uma pequena margem contra a conservadora Keiko Fujimori com uma plataforma de esquerda e com forte apoio das zonas rurais do país.

Desde então, a oposição já tentou em outras duas oportunidades tirá-lo do cargo por meio de um impeachment, ainda que sem sucesso.

Para analistas, o grande desafio da nova presidente, que, assim como Castillo, não tem experiência prévia em cargos públicos, será construir uma coalizão para governar com certa estabilidade. "Se quiser ficar no poder até 2026, ela precisa construir uma coalizão, algo complicado atualmente porque continuam existindo as bancadas mais populares, anti-establishment, que atuaram com Castillo. Dina Boluarte foi expulsa do partido Peru Livre depois de romper com Castillo", explicou Melendez. (Com agências internacionais).

Meios de comunicação peruanos condenaram a tentativa do ex-presidente de romper com a ordem constitucional e classificaram líder esquerdista como 'golpista', 'destituído' e 'preso'

A tentativa de golpe de Estado e a prisão do ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, monopolizou a cobertura da imprensa peruana nesta quinta-feira, 8. O principais jornais do país destacaram nas capas de suas edições impressas a queda de Castillo após o anúncio de fechamento do Congresso e a condução da vice-presidente Dina Boluarte ao cargo máximo da política nacional.

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O Diario Perú21 foi um dos mais incisivos em destacar as repentinas viradas de mesa políticas. "Amanheceu presidente e foi dormir presidiário", estampou o jornal na manchete, chamando a sucessão de eventos de "tragicômico sucesso político".

A publicação também destacou a transferência de Castillo, na noite de quarta, à Direção de Operações Especiais da Polícia (Diroes), na zona leste de Lima. "Pedro Castillo acompanha agora a [Alberto] Fujimori na Diroes por tentar impor uma ditadura", acrescentou.

Em outro texto destacado na capa, o jornal afirma que "A democracia e as instituições no Peru são mais sólidas do que [nós] os peruanos imaginávamos".

O jornal El Comercio, um dos mais tradicionais e de maior circulação no país, destacou em sua manchete a condução de Dina Boluarte à Presidência do país, mas também reservou uma chamada de capa para a prisão do ex-presidente, referindo-se a ele como golpista. "Detêm ao golpista Castillo por rebelião e pode pegar até 20 anos de prisão".

O jornal peruano também resume da seguinte forma os acontecimentos de quarta-feira: "Logo ao anunciar a dissolução do Congresso e a instauração de um "governo de exceção", [Castillo] foi destituído por incapacidade moral com 101 votos no Parlamento e detido em flagrante por quebrar a ordem constitucional."

O tradicional Diario Correo também foi duro ao se referir a Castillo. "O final de um golspita", estampou o periódico com mais de meio século de circulação. E acrescentou: "Pedro Castillo fracassa em uma tentativa de perpetrar um golpe de Estado e é detido em flagrante."

O La República circulou em edição extraordinária destacando "A primeira mandatária mulher da história do Peru", e com uma chamada em forma de pedido. "Presidenta Boluarte, governe de frente para o país". A menção ao ex-presidente Castillo ficou restrita a dois destaques secundários.

"Em Barbadillo: onde terminam os golpistas", dizia um deles, em referência ao complexo prisional de Lima para onde o presidente foi inicialmente enviado. Imediatamente acima, em outro destaque, lê-se: "O fracassado asilo de Pedro Castillo no México", em referência a tentativa de fuga do presidente, antes de ser detido.

O La Razón também publicou uma edição especial sobre a tentativa de golpe. "Destituído e preso", escreveu o jornal, detalhando o caso da seguinte forma: "Tentou fugir e se asilar na Embaixada do México, mas equipe da Swat executou uma operação de captura."

No topo da edição, o jornal dá destaque à posse de Dina Boluarte: "Dina jura como presidente e chama à unidade", escreveu.

Entenda o caso

O presidente do Peru, Pedro Castillo, anunciou a dissolução do Congresso e a criação de um "governo de emergência" na quarta-feira, 7. O movimento foi uma última cartada do presidente para evitar que os parlamentares votassem seu impeachment, que seguiu mesmo assim e o destituiu do poder.

Em 16 meses no poder, a oposição majoritária no Congresso pressionou Castillo com três pedidos de impeachment, mas não havia conseguido o número de votos necessário para sua destituição nas duas primeiras tentativas.

Sem o respaldo de nenhuma esfera de poder - Legislativo, Judiciário, Forças Armadas, Polícia Nacional e nem do próprio gabinete -, Castillo foi preso horas depois de anunciar a dissolução do Parlamento, após deixar o Palácio Presidencial e tentar se refugiar na Embaixada do México.

Ainda na noite de quarta-feira, o ex-presidente foi transportado de helicóptero até a base da Diretoria de Operações Especiais da polícia, no distrito de Ate, onde deve ficar recluso por até 15 dias, sob investigação. Ele deve ser acusado pelo crime de sedição, por atentar contra a ordem democrática do país.

O ex-presidente do Peru Pedro Castillo, destituído do cargo após tentar fechar o Congresso e dar um golpe de Estado, foi levado para uma base policial no leste de Lima na noite de quarta-feira (7). Castillo foi preso na tarde de quarta, após anunciar um governo de emergência no país, horas antes de uma votação parlamentar sobre seu afastamento do cargo.

O ex-presidente foi transportado de helicóptero até a base da Diretoria de Operações Especiais da polícia, no distrito de Ate, onde deve ficar recluso por até 15 dias, sob investigação. Ele deve ser acusado pelo crime de sedição, por atentar contra a ordem democrática do país.

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A tentativa de Castillo de fechar o Congresso e estabelecer um governo de emergência teve reação imediata. Tanto oposição quanto aliados repudiaram a tentativa e o isolaram politicamente. Ele também não contava com apoio no Judiciário e nem das Forças Armadas.

Ainda na quarta-feira, as Forças Armadas peruanas e a Polícia Nacional emitiram uma nota afirmando que se manteriam fiéis à Constituição e não acatariam nenhuma ordem contrárias à Carta Magna do país. Duas horas após o anúncio público de Castillo, ele foi preso ao deixar o Palácio Presidencial com sua esposa.

Pressão e ameaça de impeachment

Castillo foi eleito em 2021 por uma pequena margem contra a conservadora Keiko Fujimori com uma plataforma de esquerda e com forte apoio das zonas rurais do país. Desde então, a oposição já tentou em outras duas oportunidades tirá-lo do cargo por meio de um impeachment, até então sem sucesso. O Ministério Público do Peru acusa Castillo de corrupção relacionada ao superfaturamento de obras públicas em ao menos seis investigações preliminares. Ele se diz inocente e alvo de perseguição judicial.

O Peru vive uma profunda instabilidade política desde a eleição de Pedro Pablo Kuczynski, em 2016, em meio aos impactos da operação Lava Jato no país. Desde então, ao menos quatro ex-presidentes do país foram presos acusados de corrupção: O próprio Kuczynski, Alejandro Toledo, que vive refugiado nos Estados Unidos, Ollanta Humala e Alan Garcia, que cometeu suicídio quando a polícia apareceu para prendê-lo em sua residência em 2019.

Entenda o caso

A dissolução do Congresso peruano não é uma prática incomum no país nas últimas décadas, já que a Constituição elaborada durante o governo de Alberto Fujimori (1990-2000) permite ao presidente dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.

Em 2019, o então presidente do país, Martín Vizcarra, por exemplo adotou uma medida similar para ampliar seu capital político, mas não instaurou um governo de emergência, nem falou em alterar a Carta Magna, ambas medidas anunciadas por Castillo nesta tarde.

Segundo analistas, estas duas últimas medidas principalmente avançam o sinal e constituem uma ruptura institucional. "O que ocorreu no Peru foi um golpe de Estado com todas as letras", disse ao Estadão Fernando Tuesta, professor da PUC Peru. "Se Castillo tinha baixa legitimidade, agora perdeu sua legalidadde. Está usurpando o poder e ninguém deve obediência a ele."

Para o analista político Carlos Meléndez, Castillo não seguiu as regras da Constituição. "Tanto a dissolução do Congresso feita por Martín Vizcarra quanto por Castillo foram arbitrárias, mas Vizcarra seguiu certa interpretação da Constituição. Castillo agiu fora de qualquer interpretação", afirmou ao Estadão.

"Castillo é um amador radical e essa é a pior combinação possível para ser presidente de um país. Ele sempre agiu de maneira extrema, mas não na questão ideológica. Ele quis enfrentar o establishment, no caso o Congresso, que soube se defender", acrescentou

Para analistas, o grande desafio da nova presidente, Dina Boluarte, que, assim como Castillo não tem experiência prévia em cargos públicos, será construir uma coalizão para governar com certa estabilidade. "Se quiser ficar no poder até 2026, ela precisa construir uma coalizão, algo complicado atualmente porque continuam existindo as bancadas mais populares, anti-establishment, que atuaram com Castillo. Dina Boluarte foi expulsa do partido Peru Livre depois de romper com Castillo", explicou Meléndez.

Gestão marcada por instabilidade

O governo de Castillo foi marcado por escândalos de corrupção e investigações criminais, bem como pela instabilidade política, com trocas constantes de ministros. Os promotores o acusaram de liderar uma organização criminosa com legisladores e familiares para lucrar com contratos do governo e de repetidamente obstruir a Justiça.

No mês passado, o líder peruano ameaçou dissolver o Congresso usando uma manobra constitucional controversa, e meios de comunicação locais relataram recentemente que ele tentou entrevistar líderes militares sobre o apoio a tal medida.

Durante seu mandato, ele teve mais de 80 ministros e ocupou muitos cargos com aliados políticos sem experiência relevante, alguns dos quais enfrentaram investigações por corrupção, violência doméstica e assassinato.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira, 7, por meio de nota, que a destituição do presidente peruano, Pedro Castillo, após uma tentativa de golpe de Estado, seguiu os ritos da Constituição do país vizinho e lamentou que um presidente eleito democraticamente tenha tido esse destino.

Lula defendeu diálogo e tolerância como solução para a grave crise política peruana e desejou êxito à tentativa da presidente Dina Boluarte de reconciliar o país.

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"Acompanhei com muita preocupação os fatos que levaram à destituição constitucional do presidente do Peru, Pedro Castillo", afirmou Lula. "É sempre de se lamentar que um presidente eleito democraticamente tenha esse destino, mas entendo que tudo foi encaminhado no marco constitucional. "

Ainda de acordo com Lula, sua expectativa é a de que as forças políticas peruanas trabalhem juntas, dentro de uma convivência democrática construtiva. " Em meu governo, trabalharemos de forma incansável para reconstruir a integração regional, para o que a amizade entre o Brasil e o Peru é fundamental", conclui.

O Congresso do Peru destituiu do cargo o presidente de esquerda Pedro Castillo nesta quarta-feira, 7, horas depois de ele ter tentado dissolver o Parlamento e instaurar, sem sucesso, um golpe de Estado no país. Sem apoio e isolado politicamente, Castillo foi preso duas horas depois de declarar um "governo de emergência" no país. Ele será acusado de sedição.

A vice-presidente Dina Boluarte, também de esquerda, mas rompida com Castillo, assumiu o cargo depois de ter sido empossada no final da tarde. Pedro Castillo tinha sido convidado por Lula, para que comparecesse à cerimônia de posse. A reportagem questionou se, com a prisão de Castillo, a vice Dina Boluarte será convidada.

O ex-ministro e coordenador da transição do governo Lula, Aloizio Mercadante, disse que a tentativa de impor um golpe de Estado no Peru é um gesto inaceitável e que qualquer iniciativa que afronte a democracia deve ser barrada.

"Em relação ao Peru, não temos ainda todas as informações disponíveis, mas há uma missão fundamental e que precisa ser respeitada em toda a América Latina, que é a democracia e a soberania do voto", disse Mercadante, ao ser questionado sobre o assunto.

Mais cedo, o Itamaraty, também por meio de nota, disse acompanhar com "preocupação" a situação política no Peru. Em nota, o Itamaraty classificou os atos do ex-presidente de esquerda Pedro Castillo, que tentou dissolver a Assembleia Nacional e decretar estado de exceção nesta quarta-feira, 7, como "incompatíveis com o arcabouço normativo daquele país".

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou nesta quarta-feira, 7, que acompanha "com preocupação" a situação política interna do Peru, que levou à destituição constitucional do presidente Pedro Castillo pelo Congresso.

De acordo com o MRE, as medidas adotadas por Castillo são "incompatíveis com o arcabouço normativo constitucional daquele país" e "representavam violação à vigência da democracia e do Estado de Direito". "Espera-se que a decisão constitucional do Congresso peruano represente a garantia do pleno funcionamento do Estado democrático no Peru."

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"O governo brasileiro manifesta sua disposição de seguir mantendo as sólidas relações de amizade e cooperação que unem os dois países e deseja êxito à Presidente Dina Boluarte em sua missão como Chefe do Estado peruano", diz a nota.

O presidente peruano, Pedro Castillo, dissolveu o Congresso e instalou um governo de emergência nesta quarta-feira, enquanto os legisladores deveriam votar um novo pedido de impeachment. Em mensagem televisionada à nação, o presidente disse que serão convocadas eleições para um novo Congresso com poderes constituintes o mais breve possível, que deve elaborar uma nova carta magna no prazo de nove meses.

A partir dessa data, o país será regido por decreto-lei e haverá toque de recolher das 22h00 locais até as 4h00.

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O Judiciário, o Ministério Público, o Tribunal Constitucional e o Conselho Nacional de Justiça também serão reorganizados. O anúncio foi feito quando Castillo enfrentava uma terceira tentativa de impeachment em um ano e meio de mandato promovida por um Parlamento desacreditado que iria debater sua possível destituição por "incapacidade moral permanente".

A Procuradoria investiga o presidente em seis casos preliminares, a maioria por suposta corrupção, e sua hipótese é que Castillo usou seu poder para lucrar em troca da concessão de obras públicas. O presidente negou as acusações. O primeiro presidente de origem rural em 200 anos de república, que chegou ao poder em 2021 sem nenhuma experiência política, já trocou cinco vezes de gabinete com mais de 60 trocas de secretários, o que tem causado a paralisação de diversas políticas governamentais.

Nesta sexta-feira (18), o voo LA 2213  que cobre a rota Lima - Juliaca da LATAM Airlines Peru, sofreu uma colisão com caminhão de bombeiros no momento da decolagem. Dois mortos foram confirmados, ambos bombeiros que estavam no caminhão.

O caso aconteceu no Aeroporto Internacional de Jorge Chávez, localizado na cidade de El Callao. O Ministério Público de Callao abriu uma investigação preliminar para apurar as causas do acidente que causou a morte de dois bombeiros e deixou um ferido. O Ministério Público diz que procura esclarecer os fatos quanto aos possíveis crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa.

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Em vídeo da colisão, é possível ver que o avião entra em chamas em sua parte traseira. Apesar disso, não houve nenhuma vítima fatal entre os 102 passageiros e os 6 funcionários que estavam a bordo, conta a empresa. LATAM AIrlines Peru lamentou o falecimento dos dois bombeiros que estavam no veículo atingido.

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Em nota, a empresa afirmou que está dando assistência aos familiares dos passageiros e aos afetados pelo incidente e que está à disposição das autoridades para apoiar as investigações o mais rápido possível.

A LATAM Airlines também informou o fechamento de todas as operações no Aeroporto Jorge Chávez, onde houve o incidente. Os passageiros que forem prejudicados com a situação terão opções de reembolso integral ou remarcar seus bilhetes dentro de um limite de dias sem diferença tarifárias ou multas.

Os túmulos de 76 crianças sacrificadas há cerca de mil anos em rituais religiosos foram encontrados por arqueólogos que escavavam em um santuário pré-hispânico na costa norte do Peru.

"Encontramos 76 túmulos com restos de crianças sacrificadas nas últimas escavações que realizamos", disse à AFP o arqueólogo Luis Flores, um dos pesquisadores do santuário de Pampa La Cruz.

Os restos mortais das crianças, sacrificadas quando tinham entre 6 e 15 anos, foram descobertos entre julho e agosto em duas pequenas esplanadas deste santuário situado no município de Huanchaco, perto da cidade de Trujillo, 500 km ao norte de Lima.

Esta mesma equipe de pesquisadores, liderada pelo arqueólogo Gabriel Prieto, havia encontrado entre 2016 e 2019 os restos de outras 240 crianças sacrificadas pelo povo chimú, que se desenvolveu entre os anos 900 d.C. e 1450 d.C..

“São seis eventos de sacrifícios que somam mais de 300 crianças em Pampa La Cruz em todos esses anos de escavações”, disse Flores.

- Arrancaram seus corações -

As 76 sepulturas foram encontradas perto de um bairro em Huanchaco. Também havia vestígios de chamas no local.

“Ficamos surpresos que, à medida que íamos escavando de 10 a 20 centímetros, mais e mais restos iam saindo. Nos demos conta de que eram crianças”, acrescentou Flores.

Segundo ele, o peito das crianças era aberto, de forma transversal, para a retirada do coração, em rituais aos deuses do povo Chimú.

"Os sacrifícios podem ser por eventos de falta de chuva, secas, [problemas] políticos, ou guerras. Há várias hipóteses que estamos investigando", disse o arqueólogo.

- Cinco meninas -

Entre os restos mortais, há cinco meninas "sentadas" enterradas com as cabeças juntas, formando uma espécie de círculo.

"Graças a Pampa La Cruz, sabemos que os sacrifícios humanos, sobretudo de crianças, foram uma parte estrutural da religião dos chimús para celebrar e glorificar seu Estado", declarou Prieto à agência estatal peruana Andina.

“O sacrifício nesse lugar foi feito para consagrar e abrir os campos de cultivo que os chimús habilitaram nessa época”, acrescentou o diretor do Programa Arqueológico de Huanchaco.

Além de arqueólogos peruanos, estudantes e acadêmicos das universidades da Flórida e de Tulane (Louisiana) participaram dessas escavações.

Os trabalhos de escavação terminaram este mês, mas serão retomados em 2023, disse Flores, o que significa que o número de restos humanos pode aumentar.

Pampa La Cruz fica a dois quilômetros do sítio arqueológico de Huanchaquito. Em abril de 2018, foram encontrados neste local os restos mortais de 140 crianças e de 200 lhamas, oferecidos em rituais.

Quatro turistas morreram e outros 16 ficaram feridos na queda de uma van de um penhasco em uma estrada do Peru após uma visita à cidadela inca de Machu Picchu, informaram autoridades nesta segunda-feira (22).

Os feridos são quatro franceses, dois gregos, dois israelenses, dois canadenses, dois argentinos, dois peruanos, um holandês e um espanhol, segundo o balanço oficial divulgado em Cusco, onde se encontra a famosa cidadela de pedra.

"Temos quatro turistas mortos após a queda de uma van em um abismo de pouco mais de 100 metros", disse o ministro de Comércio Exterior e Turismo (Mincetur), Roberto Sánchez, durante coletiva de imprensa em Cusco com funcionários regionais.

O Ministério informou em os mortos são "três de nacionalidade colombiana e um de nacionalidade peruana". "As buscas pelos corpos e pertences foi um desastre, porque descer até a área foi complicado", indicou o chefe da Divisão Policial da Convenção, William Falcón.

Os 16 feridos foram levados para dois hospitais de Cusco, entre eles o motorista peruano da van, informaram autoridades. "Providenciei que o Mincetur e a Chancelaria concedam todas as facilidades aos feridos, a fim de que se comuniquem com seus parentes e respectivas embaixadas, além da repatriação dos corpos das vítimas", tuitou o presidente Pedro Castillo.

O acidente rodoviário ocorreu na noite de domingo na região de Abra Málaga, a 105 km da cidade de Cusco, antiga capital do império inca. "Havia neblina no local do acidente. Nós lamentamos este evento tão trágico", informou Sánchez. O veículo caiu em um abismo depois que os turistas visitaram Machu Picchu no domingo, acrescentou.

Um avião da Força Aérea do Peru pousou no aeroporto de Cusco por volta das 13h locais (15h de Brasília) para levar alguns feridos a Lima, segundo veículos locais. "Expressamos nossas condolências aos familiares e aos governos dos turistas estrangeiros, lamentavelmente falecidos", expressou a chancelaria peruana no Twitter.

Os acidentes rodoviários são frequentes no Peru, devido ao excesso de velocidade, ao mau estado das rodovias, à falta de sinalização e ao escasso controle das autoridades.

Em 31 de julho, a queda de uma caminhonete em um abismo de 200 metros deixou 16 mortos, entre eles crianças, em uma remota via rural da região central de Junín.

Cerca de 5.000 turistas peruanos e estrangeiros visitam diariamente Machu Picchu, construída no século XV pelo imperador inca Pachacútec e considerada a joia do turismo peruano.

A cidadela inca de Machu Picchu, uma joia do turismo no Peru, aumentará em um terço sua capacidade de visitantes para reativar a economia da região andina de Cusco, diminuída pela pandemia, mas a medida gerou críticas nesta quarta-feira (6).

Uma resolução, que será publicada nos próximos dias no diário oficial, vai aumentar a capacidade de 3.044 para 4.044 pessoas na cidadela de pedra, reconhecida como uma das sete maravilhas do mundo moderno, anunciou o Ministério da Cultura peruano.

"É uma medida temporária que só ficará válida até 31 de dezembro. Se as condições não forem cumpridas, voltamos à capacidade anterior", disse à AFP um funcionário do ministério.

"O importante é cuidar da cidadela e é algo que não vamos descuidar. A missão do Ministério da Cultura é preservar o patrimônio", acrescentou.

Imediatamente, o anúncio de um maior número de turistas gerou críticas, inclusive de um ex-chefe da cidadela, o antropólogo Fernando Astete.

"Uma concorrência muito grande sempre cria problemas para a cidadela", analisou Astete, que foi responsável por Machu Picchu por 20 anos, à AFP.

"Espero que tenha sido [tomado] com um estudo técnico e que não seja apenas uma decisão de funcionários. A decisão de mudar deve ser comunicada à Unesco", acrescentou o antropólogo.

David Ugarte, ex-diretor de Cultura de Cusco, região onde fica a cidadela e antiga capital do império inca, também expressou seu desacordo.

"A intenção de aumentar a carga máxima sempre existiu. Isso vem de um mercantilismo selvagem que parte de não entender o que significava a memória histórica que Machu Picchu e que devemos preservar para sempre", disse Ugarte ao jornal La Republica.

Por sua vez, a pesquisadora Bertha Bermúdez lamentou, em declarações ao jornal El Comercio, que "sempre querem trazer mais e mais turistas" a Machu Picchu.

A cidadela foi construída na época do imperador inca Pachacútec, no século XV e, antes da pandemia de covid-19, recebia diariamente 4.100 visitantes.

Durante 2021, cerca de 447.800 pessoas visitaram a cidadela, longe dos 1,5 milhão que recebeu em 2019, segundo dados oficiais. Em 2020, quando ficou fechada por oito meses devido à pandemia, teve apenas 274.500 visitantes.

No primeiro semestre deste ano, cerca de 400.000 pessoas entraram no local histórico.

O goleiro Redmayne saiu do banco de reservas no último minuto da prorrogação, dançou debaixo da trave durante a decisão por pênaltis e colocou a Austrália na Copa do Mundo. O jogador australiano defendeu a última cobrança da Repescagem Mundial das Eliminatórias, contra o Peru, nesta segunda-feira, e garantiu a classificação de sua seleção, depois de um empate sem gols que persistiu até a prorrogação no Ahmad Bin Ali, em Al Rayyan, no Catar.

A estratégia de Redmayne chamou a atenção. Ele saltitava de um lado para o outro, movimentando os braços para tentar distrair os adversários. Na maioria das vezes, não deu certo, mas funcionou no momento mais decisivo, quando defendeu a cobrança de Valera e colocou a Austrália no Grupo D da Copa, junto de França, Dinamarca e Tunísia. Do outro lado, resta uma enorme frustração para uma nação que parou. O governo até decretou feriado nacional para todos acompanharem ao jogo. Não à toa, o estádio estava tomado por peruanos.

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Aliados às melodias ininterruptas executadas pela torcida peruana, o vermelho e o branco predominantes nas arquibancadas compuseram um clima de decisão à altura daquilo que estava em jogo no Ahmad bin Ali. Já o futebol apresentado pelas duas equipes ficou longe de atingir a mesma beleza da festa protagonizada pelos torcedores sul-americanos. O primeiro tempo começou com investidas ofensivas de ambos os lados, mas nenhuma grande chance foi criada.

O Peru chegou a ter alguns momentos de domínio da posse de bola, que não renderam jogadas mais incisivas por falta de inspiração do meio de campo, cenário repetido durante o segundo tempo. O ex-são-paulino Cueva, um dos principais nomes do setor, teve uma atuação bastante tímida e apareceu apenas em lances esporádicos. Em um deles, levou perigo ao finalizar de dentro da área após jogada individual. O nome mais consistente em campo para o lado peruano era experiente lateral Advíncula.

A Austrália, por sua vez, só começou a desenvolver uma produção ofensiva mais consistente a partir do momento em que o atacante Awer Mabil entrou em campo no lugar de Duke. Ele deu uma nova dinâmica ao time e criou a melhor chance da partida, nos minutos finais do tempo regulamentar, quando cruzou da linha de fundo e viu Hrustic forçar Gallese a fazer uma boa defesa para evitar o gol.

A decisão foi para a prorrogação, sem nenhuma mudança na configuração da partida. Alguma dose de emoção foi gerada no segundo tempo, graças a uma bola na trave após cabeceio de Édison Flores, mas nenhuma outra boa chance foi criada depois disso. Perto do apito final, já pensando na disputa de pênaltis, o técnico Graham Arnold colocou o goleiro reserva Ryan no lugar do titular, Redmayne.

Pelo lado do Peru, Gareca seguiu com Gallese na meta e viu o goleiro defender logo o primeiro pênalti australiano, cobrado por Boyle. Na primeira cobrança peruana, Redmayne colocou em prática a estratégia de ficar se movimentando, em uma espécie de dança, para distrair Lapadula, que bateu firme e converteu.

Na sequência, Mooy empatou para a Austrália e Callens recolocou o Peru em vantagem, antes de Goodwin empatar novamente e Advíncula bater na trave. Hrustic converteu a cobrança seguinte e transferiu a pressão aos peruanos, que viram Tapia acertar a rede para aliviar a situação. Maclaren e Édison Flores também acertaram, portanto a série inicial de cinco cobranças terminou empatada por 4 a 4. Nas alternadas, Mabil converteu para a Austrália e Redmayne, enfim, viu sua estratégia dar certo ao defender o chute de Valera.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) concedeu, nesta sexta-feira (10), aval para que o Brasil e outros países ingressem no grupo, que reúne as economias mais industrializadas do planeta. Na reunião desta sexta-feira (10), em Paris, a entidade aprovou os “roteiros de acessão” do Brasil e de mais quatro países: Peru, Bulgária, Croácia e Romênia. 

Esse roteiro representa um plano de adesão apresentado pelo país, que será avaliado por comitês da OCDE nos próximos anos. “Com a aprovação do ‘roteiro de acessão’, caberá ao Brasil a redação de ‘memorando inicial’ com informações sobre a convergência do país aos instrumentos normativos da organização”, informaram, em comunicado, os Ministérios da Economia, das Relações Exteriores e a Casa Civil. 

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A nota conjunta explicou os passos a seguir. Agora, a OCDE examinará se as políticas de cada país cumprem as diretrizes da organização e proporá ajustes, se necessário, até o processo de adesão plena. “Na sequência, terá início o exame das políticas e práticas nacionais pelos comitês temáticos da organização. Nessa fase, o Brasil terá a oportunidade de revisitar políticas e iniciativas nacionais à luz das diretrizes e recomendações da OCDE”, esclareceu.

  A entrada definitiva dos países com os planos de adesão aprovados levará pelo menos dois anos. O ingresso na organização dependerá do consenso dos 38 países que compõem a OCDE.  Segundo os ministérios, o processo de acessão do Brasil à OCDE reforça “o compromisso do governo brasileiro com a modernização do Estado, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida de todos os brasileiros”.  Por meio da rede social Twitter, o presidente Jair Bolsonaro comentou a aprovação do plano brasileiro de adesão à OCDE. Segundo ele, o processo consolidará parcerias benéficas para o país. 

Delegado do Brasil junto às Organizações Internacionais Econômicas em Paris, o diplomata Carlos Cozendey também comentou a aprovação. Ele esclareceu que caberão aos comitês temáticos da OCDE definir critérios e examinar as políticas dos países candidatos. 

A reunião na qual os planos de acessão à OCDE foram aprovados teve a presença do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, representou o ministro Paulo Guedes no evento.

No último dia 24 de abril, uma família inteira foi vítima de um incidente de trânsito, enquanto realizava uma mudança entre as cidades de Chiclayo e Ferreñafe, no Norte do Peru. À ocasião, a caminhonete na qual estavam uma mulher, seus três filhos e o cunhado, foi atingida por um caminhão em alta velocidade. O homem morreu no local, enquanto as crianças e a mãe Rosa Isabel Céspedes Callaca, de 36 anos, foram levadas para um hospital em estado grave.

Dois dias depois, em 26 de abril, Rosa foi declarada morta, após tentativas de recuperação sem sucesso. Como esperado, foram realizados os serviços funerários correspondentes. Porém, um acontecimento inusitado assustou os amigos e parentes que se despediam da vítima do acidente: durante o sepultamento, na última quinta-feira (29), os familiares ouviram barulhos de dentro do caixão de Callaca e descobriram que a mulher ainda estava viva e pedindo por socorro.

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Socorristas e autoridades policiais foram acionadas ao local imediatamente e ajudaram na remoção do caixão. Rosa foi encaminhada para o Hospital de Referência de Ferreñafe, onde um médico testemunhou que a mulher tinha sinais vitais muito fracos. "Ela abriu os olhos e estava suando. No dia, fui ao meu escritório e chamei a polícia", disse o administrador do cemitério, que acionou a polícia, à ATV Notícias, uma emissora local. 

Na unidade de saúde, Rosa foi atendida sob a ajuda de aparelhos de respiração mecânica e chegou a mostrar desnível de saturação, mas horas depois a sua morte foi confirmada, desta vez, de forma definitiva.

“Queremos saber por que minha sobrinha reagiu ontem, durante o enterro. Temos os vídeos, onde ela toca, empurra o caixão. Levamos ela para o hospital e ela chegou com pulso em cinco. Então queremos saber se minha sobrinha estava em coma durante o velório”, afirmou uma tia da vítima.

Por fim, o corpo de Rosa Isabel Céspedes Callaca foi enterrado no cemitério de Ferreñafe. De acordo com o jornal El Comercio, não há interesse da família em atuar judicialmente contra a instituição, mas uma apuração interna será feita junto à investigação policial, que será acompanhada pelos Callaca.

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O presidente do Peru, Pedro Castillo, anunciou na noite desta terça-feira (5) que o decreto de imobilidade dos cidadãos (toque de recolher) ficou sem efeito depois que mais de mil peruanos se manifestaram em Lima desobedecendo a ordem de ficar em casa. A medida deveria supostamente parar a violência na capital após protestos anteriores contra o aumento dos preços dos combustíveis e alimentos.

Antes mesmo da decisão, panelaços foram ouvidos nos bairros mais ricos da capital. Centenas de pessoas com camisas da seleção peruana tomaram as ruas para protestar contra Castillo. No começo da noite, eles se dirigiam para a Plaza San Martín, tradicional ponto de protestos na capital.

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Segundo a conta oficial da Conmebol no Twitter, a partida entre o Sporting Cristal e o Flamengo que estava prevista para esta noite -- e chegou a ser suspensa -- ocorrerá, mas com previsão de início às 22h (hora de Brasília). O jogo pela Libertadores estava marcado antes para às 21h30 (hora de Brasília).

Durante toda esta terça-feira, a capital do Peru e seu principal porto estiveram sob um toque de recolher, com soldados armados e policiais mobilizados para aplicar a medida. As ações foram denunciadas pela oposição como ilegais e marcaram a primeira vez desde o governo de Alberto Fujimori que as autoridades peruanas ordenaram que as pessoas ficassem em casa para controlar os protestos.

Ruas desertas

Nesta terça-feira, as principais rodovias e mercados de rua de Lima estavam quase desertos, e as principais linhas de ônibus e transporte público estavam fora de serviço. O governo disse que as pessoas poderiam deixar suas casas apenas em casos de emergência médica ou necessidade de comprar remédios ou alimentos.

Caminhoneiros e outros trabalhadores do transporte protestaram e entraram em greve pelos preços dos combustíveis e alimentos, bloqueando algumas rodovias importantes. Os protestos na semana passada resultaram em quatro mortes e na queima de postos de pedágio e saques em pequena escala.

A medida gerou imediatamente uma rejeição majoritária, entre eles da presidente do Congresso, a opositora María del Carmen Alva, que afirmou no Twitter que Castillo "não pode impedir o funcionamento do Congresso" de acordo com a Constituição. Segundo Alva, a Assembleia Legislativa "continuaria com a agenda marcada para hoje".

Rumores

A decisão do executivo foi tomada em meio a uma onda de rumores nas redes sociais sobre possíveis manifestações e saques em Lima nesta terça-feira, após a paralisação que as transportadoras realizam há uma semana.

Embora o Executivo peruano tenha decidido isentar a gasolina e o diesel do imposto de consumo seletivo até junho, Castillo justificou o toque de recolher devido aos "atos de violência que alguns grupos quiseram criar".

O presidente fez "um apelo à calma, à serenidade" e esclareceu que o protesto social é um direito constitucional, mas que deve ser feito "no quadro da lei, respeitando a integridade das pessoas, bem como o patrimônio público e privado" .

Defensoria do Peru apresenta ação na Justiça

A Defensoria do Peru apresentou nesta terça-feira um recurso de "habeas corpus" para que a Justiça revogasse o toque de recolher. A ação foi movida no Superior Tribunal de Justiça de Lima pelo defensor Walter Gutiérrez contra Castillo e diversos ministros.

"Solicitamos que a ação seja declarada procedente e, portanto, que seja anulada a imobilização social obrigatória", diz o documento.

O recurso foi proferido pouco depois da Defensoria de Justiça emitir um comunicado em que exigia ao Executivo "cessação imediata" do despacho por considerá-lo "inconstitucional". Castillo anunciou o toque de recolher minutos antes da meia-noite de segunda-feira, 4. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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