Tópicos | Plano Diretor

Após ação movida pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, a Justiça suspendeu na segunda-feira (9) o processo de revisão do Plano Diretor da cidade. Na decisão, a juíza Patrícia Persicano deu provimento ao pedido dos defensores sob a justificativa de que a plataforma escolhida pela Prefeitura de São Paulo para que os munícipes apresentassem suas demandas não é acessível para portadores de deficiência.

Em sua decisão contra a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), a magistrada chegou a citar Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos de 1861 a 1865. "O exercício do processo democrático envolve a necessidade de providenciar mecanismos de efetivação da vontade do povo nas decisões políticas fundamentais do Estado, conciliando uma democracia representativa, pluralista e livre, com uma democracia participativa efetiva, tal como afirmou Abraham Lincoln: 'governo do povo, pelo povo e para o povo'."

##RECOMENDA##

Patrícia determinou ainda que, em 20 dias úteis, a Prefeitura apresente relatório com todos os recursos de acessibilidade oferecidos em seus sites, disponibilizando novo cronograma da revisão do Plano Diretor com etapas digitais, indicando os recursos de acessibilidade que serão oferecidos aos munícipes portadores de deficiência.

Em nota, a Prefeitura afirmou que já começou a cumprir a ordem judicial e suspendeu as reuniões que estavam programadas sobre o Plano Diretor. "A Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento - SMUL, apesar de ainda não ter sido oficialmente intimada, ao tomar conhecimento DA CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR na Ação Civil Pública ajuizada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo em face do Município de São Paulo (autos 1022650-93.2022.8.26.0053 - 16ª Vara da Fazenda Pública), COMUNICA o imediato cumprimento da ordem judicial que determina a SUSPENSÃO DO PROCEDIMENTO DE REVISÃO DO PLANO DIRETOR NA CIDADE DE SÃO PAULO, suspendendo as reuniões virtuais que seriam realizadas nos dias 9, 10, 11 e 12 de maio."

O Plano Diretor é a lei que determina as regras e os incentivos de desenvolvimento urbano da capital paulista.

Ele foi um dos incentivadores, por exemplo, da redução de garagens em edifícios residenciais nos últimos anos e da verticalização de bairros nas proximidades de estações do Metrô.

O atual está previsto em lei de 2014 e se estende até 2029.

O prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), sancionou o novo plano diretor da cidade, nesta sexta-feira (25).

O documento irá traçar pelos os próximos 10 anos o desenvolvimento urbano do município. Ele contém diretrizes sobre a ocupação de ruas, preservação do meio ambiente, saneamento, drenagem, entre outros aspectos da convivência nas cidades. 

##RECOMENDA##

O plano foi debatido em diversas esferas da sociedade, desde audiências públicas com organizações comunitárias até em sessões da Câmara de Vereadores.

“Hoje, Petrolina é considerada uma cidade planejada porque lá atrás o prefeito Luiz Augusto teve a visão de determinar regras urbanas para o crescimento ordenado e depois o prefeito Fernando Bezerra aperfeiçoou. É preciso fazer esse reconhecimento e também agradecer a todos os vereadores, secretários, a população por participar desse documento histórico para nossos filhos e netos”, agradeceu o prefeito no evento de solenidade.  

A Casa de José Mariano aprovou em primeira discussão, nesta quinta-feira (17), o novo Plano Diretor do Recife, documento que regula e orienta diversos aspectos sobre a ocupação do solo da capital pernambucana. Foram 23 votos a favor, quatro contra e apenas uma abstenção, do vereador Renato Antunes (PSC), que se absteve de todas as votações.

A sessão foi agitada e contou com momentos de tensão e oposição frequente, apesar dos contrários à aprovação do novo texto terem sido uma pequena parcela dos reunidos. A última votação será realizada na próxima segunda-feira (21), mas não há mais espaço para destaque das emendas. A revisão dessas diretrizes ocorre a cada dez anos e segue uma determinação prevista pelo Estatuto da Cidade, sancionado há 19 anos pelo Congresso Nacional.

##RECOMENDA##

Devido à pandemia da Covid-19, a discussão ocorreu de forma remota e durou pouco mais de seis horas. Com atraso, os vereadores revisam desde a semana passada as sugestões de emenda, que deveriam ter sido revisadas e discutidas até o fim de 2019. Em julho de 2018 começou o processo de revisão, que precisou de conferência para ser aprovado. No último dia 9, a Câmara dos Vereadores divulgou que havia convocado uma reunião da Comissão Especial do Plano Diretor para a manhã seguinte, e nela foram revisadas as 530 novas emendas.

Nessa quarta-feira (16), o parecer final foi aprovado pela comissão. O novo marco traz mudanças que podem ameaçar a ampliação e futuro das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), um dos principais pontos de discussão em toda a conferência. O vereador Ivan Moraes, representando o PSOL como oposição, destacou 47 emendas que contemplavam ações com as ZEIS e administração das calçadas e mobilidade urbana no Recife. Todas foram rejeitadas. Das 513 emendas, o representante psolista protocolou 123, mas só conseguiu aprovar 11 no plenário e, consequentemente, no relatório total. Apesar das suas poucas aprovações, votou contra o Plano Diretor.

"Não conseguimos aprovar nenhuma emenda que havia sido aprovada, e nem reprovar as que foram aprovadas na comissão. Isso diz muito sobre a necessidade dessa Casa e da sociedade estarem mais próximas”, disse Ivan nos momentos finais.

A vereadora Michele Collins (PP) também não conseguiu aprovar as suas emendas. Em alguns dos destaques, a missionária defendeu a sua sugestão, que pediu a inclusão da “cultura cristã” como parte do patrimônio cultural do Recife, defendendo os avanços do cristianismo nos últimos anos e o seu papel de ação social.

Vereadores que não compõem o grupo de revisão como Moraes, Jairo Brito (PT) e Jayme Asfora (Cidadania) se queixaram de que os integrantes da Casa não tiveram tempo suficiente para ler uma quantidade tão grande de emendas, expostas aos demais vereadores somente no dia da aprovação do parecer, assim, nas últimas 24 horas. Os três, ao lado da maioria dos votos de Aline Mariano (PP) e de Antunes, que se absteve de todo o processo utilizando como justificativa a reivindicação dos progressistas em oposição, formaram uma tímida rejeição à aprovação imediata do novo texto.

A reunião foi marcada por momentos de tensão e muita desorganização. Em vários momentos, os vereadores votavam e sequer sabiam no que estavam votando; tudo foi registrado ao vivo e sob protesto dos espectadores, que comentavam em tempo real.

Alguns desistiram de acompanhar no meio da sessão e decidiram ir com o voto do relator Aerto Luna (PSB), como Chico Kiko (PP), Ana Lúcia (Republicanos), Davi Muniz (PSB) e outros apoiadores. André Régis (PSDB), que representou a oposição da Câmara no lugar de Rinaldo Júnior (PSB), que está afastado por questões de saúde, justificou o seu voto a favor da aprovação do texto. O único momento de justificativa veio após várias trocas de farpas com Asfora, que o acusou de ser “bolsonarista” e “contra o povo”, acusação feita também ao presidente da sessão, Eduardo Marques (PSB), a quem chamou de “tirano”.

“Pela manhã, o vereador Ivan Moraes ponderou se hoje seria o momento adequado para a gente votar, considerando que ninguém teve tempo para estudar com profundidade o relatório final. Eu achava que seria melhor para a cidade que a discussão ficasse para a próxima legislatura, mas não foi isso que aconteceu. Não me senti o tempo todo seguro nas votações. Por outro lado, foram muitos dias de trabalho da comissão revisora, muito dinheiro colocado. Deixo aí o protesto no que se refere à oportunidade da votação e deixo também o apelo. Já que essa foi a primeira votação, que a segunda votação se deixe para outro momento. A sociedade precisa conhecer esse texto e ter a maturidade de debater os seus caminhos, para uma cidade sustentável nos próximos dez anos”, pontuou André Régis, apesar de ter votado a favor de todas as emendas que alteram o antigo texto.

A revisão do Plano Diretor do Recife finalizou mais uma etapa na noite da última quarta-feira (31). Ao longo da semana, foi apresentado para as seis Regiões Político-Administrativas (RPA) o Caderno Preliminar de Propostas. O LeiaJá acompanhou o início da reunião para o RPA 1, que engloba o Bairro do Recife, Santo Amaro, Boa Vista, Cabanga, Ilha do Leite, Paissandu, Santo Antônio, São José, Coelhos, Soledade, Ilha de Joana Bezerra. Entre os representantes das comunidades a opinião é a mesma: falta participação popular.

“Essa reunião que está ocorrendo aqui era para ter sido feita em cada comunidade, para as pessoas ficarem sabendo. Isso aqui é uma responsabilidade muito grande e está vindo mastigado da prefeitura para a população engolir”, opinou Vera Lúcia, presidente do Clube de Mães de Santa Mônica, de Santo Amaro. O Plano Diretor é um documento que reúne estratégias, diretrizes e regras que norteiam a política de urbanização das cidades, orientando o desenvolvimento urbano e organizando o crescimento e o funcionamento da cidade. O Estatuto da Cidade, de 2001, prevê que todo município com mais de 20 mil habitantes precisa ter esse planejamento estratégico, que deve ser renovado a cada dez anos.

##RECOMENDA##

A polêmica da participação popular já rendeu a abertura de um inquérito civil pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) contra a Prefeitura do Recife. O órgão investiga a suposta prática de improbidade administrativa, baseando-se em uma denúncia que trata da falta de participação popular. Denunciantes criticam o calendário estabelecido para discussões, que teria um ritmo excessivo e desproporcional. Eles criticam ainda a instituição de uma comissão técnica formada somente por integrantes do poder público municipal.

A Prefeitura do Recife tem destacado que existe participação da população em todo processo de revisão do plano. Em nota após o MPPE enviar recomendação, a Secretaria de Planejamento Urbano do Recife destacou que as discussões e deliberações que ocorriam visavam garantir ampla publicidade, participação e acompanhamento por qualquer cidadão ou instituição.

O presidente do Instituto Pelópidas Silveira, órgão técnico da prefeitura, João Domingos foi responsável por apresentar o caderno preliminar de propostas para os participantes da reunião. Ele também reforçou a existência da colaboração social. “É um processo participativo. Estamos agora na fase de devolutivas, voltando para as seis regiões da cidade, devolvendo aquilo que ouvimos, como interpretamos e transformamos em uma proposta preliminar que está aberta para discussão e contribuição”, defendeu.

“Isso aqui é maquiagem, é uma farsa”, criticou Rodrigo Barreto, liderança da comunidade Campo do Onze, em Santo Amaro. “Tem mais pessoas da prefeitura aqui do que das comunidades. A área de Santo Amaro tem 20 mil eleitores e aqui tem pouca gente. Era para ser colocado um carro de som, alguém na bicicleta informando a população. Tudo que a prefeitura faz hoje, faz trazendo o mínimo de pessoas e trazendo o máximo deles para dizer que é população”, acrescentou Rodrigo.

O maior temor de Vera Lúcia é a especulação imobiliária. “Não queremos que a especulação imobiliária invada nosso bairro. Queremos que tenha esse respeite às Zeis [Zonas Especiais de Interesse Social], que tenhamos direito de dizer que a área é Zeis”, disse ela. Barreto complementou: “Tem uma área, que vai do Shopping Tacaruna até a Avenida Norte, que é o lado Amaro. Da Avenida Norte até o lado do Cemitério de Santo Amaro e a área perto da Boa Vista é o lado Santo. Por quê? O lado da favela, da comunidade mais pobre, recebe concessão do título de posse, que dá direito a nada. Do outro lado, tem título de posse, com cartório e tudo. O lado mais pobre continua sendo oprimido”.

Reunião para apresentação do caderno preliminar de propostas. Foto: Jorge Cosme/LeiaJáImagens

A Articulação Recife de Luta, formada por ONGs, movimentos sociais e coletivos, tem acompanhado o processo e feito duras críticas ao modo de debate do Plano Diretor, sendo o grupo responsável por acionar o MPPE. Segundo Socorro Leite, coordenadora do grupo e diretora executiva da Ong Habitat para a Humanidade, a Prefeitura do Recife não tem conseguido agregar as pessoas e o processo não tem sido inclusivo.

“Os diagnósticos são produzidos para técnicos, com termos técnicos. Não tem sido inclusivo. E como as pessoas vão discutir se não houve capacitação dessas pessoas?”, questionou Leite. Para ela, a participação está sendo falsa e segue em uma velocidade impressionante. “Eles apresentaram propostas construídas pela prefeitura que saíram de lugares de onde a gente desconhece”, ela comentou, se referindo às propostas preliminares. Socorro está preocupada, especificamente, com uma possível abertura das Zeis para construções. “Eles estão propondo nesse caderno um potencial construtivo para as Zeis que é maior do que para o resto da cidade. É um grande perigo para as áreas mais pobres. Tem que ser o contrário, tem que seguir no intuito de restringir. De onde saíram essas propostas? As pessoas afetadas estão sabendo? Não estão”, falou.

A articulação deverá convocar uma coletiva de imprensa na próxima semana. O objetivo será divulgar medidas que vão tomar e divulgar propostas que consideram inegociáveis para o plano.

O cronograma para revisão do Plano Diretor teve início em junho, com a realização das oficinas colaborativas, para escuta dos recifenses das seis RPAs. Houve, então, as oficinas temáticas e audiência pública do diagnóstico propositivo. A partir da próxima segunda-feira (5) serão realizadas oficinas por segmento, direcionadas para o poder público; entidades profissionais, acadêmicas, de pesquisa e conselhos profissionais com atuação na temática urbana ou ambiental e Ongs voltadas para a temática urbana ou ambiental; empresariado ligado ao desenvolvimento urbano; e entidades sindicais de categorias profissionais ligadas ao desenvolvimento urbano, movimentos sociais e populares com atuação na temática urbana ou ambiental, e demais articulações da sociedade civil. Na primeira semana de dezembro deverá ocorrer a Conferência Municipal do Plano Diretor, para apresentação e aprovação da minuta do projeto, que seguirá para aprovação na Câmara Municipal do Recife.

O processo de revisão do Plano Diretor faz parte de um conjunto maior de trabalho denominado Plano de Ordenamento Territorial, contempla as revisões do Plano Diretor do Recife (2008), da Lei de Parcelamento (1997) e da Lei de Uso e Ocupação do Solo (1996). Além deles, faz parte do trabalho a regulamentação da Outorga Onerosa do Direito de Construir, da Transferência do Direito de Construir e o Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórias e Imposto Predial Territorial Progressivo (IPTU Progressivo). “Não se reinventa uma cidade do zero’, salientou João Domingos, do Pelópidas Silveira, ‘mas a gente acredita que tem sim estratégias para reorientar o desenvolvimento da cidade. Os pontos principais dessas estratégias passam pelo adensamento populacional ao longo dos corredores de transporte, ênfase no transporte público e mobilidade ativa, de pedestre e ciclista, e também no processo de recuperação de mais moradias para o centro da cidade, que é uma área que tem valor histórico e ambiental e volume construído ocioso que precisa ser melhor utilizado”.

Na próxima terça-feira (18) será realizada uma audiência pública sobre o Diagnóstico Propositivo do Plano Diretor do Recife. Segundo a gestão municipal, essa é mais uma etapa que garante participação social no processo. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já instaurou um inquérito após denúncia de falta de participação popular na construção das normas.

O Plano Diretor é o documento responsável por traçar o ordenamento para o território indicando as diretrizes e os instrumentos urbanísticos necessários para o desenvolvimento do município de maneira planejada e equilibrada. Por indicação legal, a cada dez anos esse documento precisa ser mais uma vez revisado e a contribuição social é fundamental para o processo. As cidades se transformam constantemente e o planejamento estratégico participativo permite a adequação das diretrizes urbanísticas, que são capazes de organizar e direcionar o seu crescimento.

##RECOMENDA##

Para participar desta etapa os interessados devem fazer inscrição no site do plano. A audiência será realizada na Escola de Formação de Educadores do Recife Professor Paulo Freire, na Madalena, Zona Oeste do Recife, das 8h30 às 13h.

A audiência faz parte do calendário de atualização da principal lei urbanística da cidade. Até o final deste ano, além da audiência, estão previstos para a revisão do Plano Diretor: oficinas devolutivas nas seis Regiões Político-administrativas da Cidade (RPA), quatro Oficinas por Segmentos e a realização de uma Conferência Municipal.

De acordo com a Prefeitura do Recife, o Diagnóstico Propositivo incorpora análises e sistematização de planos e projetos já desenvolvidos pela Prefeitura do Recife, a exemplo do Mapeamento de Áreas Críticas, o Sistema Municipal de Unidades Protegidas, Plano Municipal de Saneamento, Política de Sustentabilidade e Enfrentamento às Mudanças Climáticas, Classificação da Zona Especial de Preservação Histórico-Cultural das Boa Vista.  Outros destacados como importantes na construção do documento são Plano de Mobilidade Urbana, o Plano Local de Habitação de Interesse Social, Projeto Parque Capibaribe e Plano Centro Cidadão.

Plano de Ordenamento Territorial – O Plano contempla as revisões do Plano Diretor do Recife (2008), da Lei de Parcelamento (1997) e da Lei de Uso e Ocupação do Solo (1996). Além deles, faz parte do trabalho a regulamentação da Outorga Onerosa do Direito de Construir, da Transferência do Direito de Construir e o Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórias e Imposto Predial Territorial Progressivo (IPTU Progressivo).  Esse processo completo inclui no mínimo a realização de 10 ciclos participativos a serem executados até agosto do próximo ano.

As Leis de Parcelamento e de Uso e Ocupação do Solo são instrumentos que orientam, em conjunto com o Plano Diretor, a forma e a intensidade da ocupação do solo na cidade pelas edificações. Estabelecem também limites, visando a conservação do meio ambiente e patrimônio histórico e cultural existente na cidade.

No mesmo sentido, os instrumentos urbanísticos, regulamentados no Plano Diretor, atuam de maneira específica na solução de problemas que atingem parcelas do território do município. A sua aplicação coordenada possibilita a conservação do patrimônio cultural e ambiental, assim como a captação de recursos para investimentos públicos voltados para a produção de moradias, urbanização de favelas, implantação de infraestrutura e equipamentos urbanos e melhorias no sistema viário e transporte público.

LeiaJá também

--> Revisão de Plano Diretor na mira do Ministério Público

--> MPPE apura improbidade na revisão do Plano Diretor

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) abriu um inquérito para apurar suposta prática de improbidade administrativa na revisão do Plano Diretor do Recife. A decisão está no Diário Oficial desta quarta-feira (18). A investigação está baseada em uma denúncia que retrata a falta de participação popular na construção das normas que devem reger a política de urbanização da capital pernambucana na próxima década. O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), já havia recebido uma notificação do MPPE questionando o assunto em maio deste ano.

A prefeitura estabeleceu um prazo de quatro meses, iniciados em junho, para revisar o plano. Um grupo chamado Articulação Recife de Luta, composto por movimentos urbanísticos, questionou o curto período e propôs ampliar a discussão para 18 meses. A proposta foi negada pelo Conselho da Cidade no dia 14 de junho.

##RECOMENDA##

Para abrir o inquérito, a partir do que foi denunciado pela Articulação Recife de Luta de que a Prefeitura “vem criando obstáculos, de modo a impedir a efetiva participação popular em reuniões realizadas no processo de revisão”, a 43ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital considerou que tal impedimento “configura, em tese, ato de improbidade administrativa”. 

O MPPE vai, de acordo com o documento que instaura o inquérito, “investigar eventual violação aos preceitos legais que disciplinam a gestão democrática da cidade, analisar provas, informações, avaliar responsabilidades e para a realização de todas as diligências que se mostrarem necessárias para a completa elucidação dos fatos apresentados, com aplicação, se for o caso, da medida judicial cabível”.

Procurada pelo LeiaJá, a Prefeitura do Recife disse, por meio de nota, que estava à disposição do MPPE para esclarecer o processo de construção do novo Plano Diretor.

Veja a nota na íntegra:

A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Planejamento Urbano e da Procuradoria Geral do Município, informa que até então não foi notificada formalmente pelo Ministério Público de Pernambuco sobre o Inquérito Civil Público citado pela reportagem. A PCR se coloca à disposição do órgão para fazer qualquer esclarecimento sobre o processo de revisão do Plano Diretor do Recife e demais legislações urbanísticas.

A Prefeitura do Recife esclarece ainda que o processo de participação que envolve a atualização da Lei do Plano Diretor, incluindo o seu cronograma, foi aprovado pelo Conselho da Cidade.

Esse processo contempla cinco ciclos de atividades participativas composta por pelo menos: doze oficinas colaborativas nas regiões político administrativas da cidade, seis oficinas temáticas, quatro oficinas por segmentos, e a realização de uma Conferência Municipal, podendo esse número de atividades participativas ser ampliado. Além disso, uma estrutura digital, com endereço na internet e participação ativa nas redes sociais está aberta para a população durante todo esse processo (www.planodiretor.recife.pe.gov.br).

A revisão do Plano Diretor do Recife é parte de um conjunto maior de revisões e regulamentações urbanísticas denominada Plano de Ordenamento Territorial, devendo acontecer até agosto do próximo ano envolvendo: a Lei de Uso e Ocupação do Solo, a Lei de Parcelamento e a regulamentação de instrumentos urbanísticos.
Ao todo serão dez rodadas de reuniões presenciais e etapas colaborativas no ambiente virtual.

 

Em mais um capítulo da novela que se arrasta há meses, a presidente do partido dos trabalhadores esteve no Recife e de nada em definitivo sobre a aliança ou não do PT com PSB. Está um verdadeiro banho maria, nada se decide e tudo se estica pois os prazos existem e até aí tudo bem pois de fato se tem prazo. A presidente nacional do PT, disse que existe a pré-candidatura da vereadora do Recife Marília Arraes ao governo do estado, reconheceu a legitimidade do pleito e o peso da base que quer levar o projeto adiante, mas alegou que o pessoal (defensores de Marília) “entende a estratégia nacional e sabe que o que muda a vida do povo efetivamente é um projeto nacional de mudança das bases na condução da política brasileira”. Gleisi Hoffmann também reafirmou a posição do PT de consolidar a parceria nacional com o PSB. “Achamos importante formar um campo de centro esquerda no país que possa lutar junto com os brasileiros. O que estamos vivendo no nosso país hoje é uma tragédia para o nosso povo”, justificou a petista. Sobre a possibilidade do PSB liberar os diretórios estaduais na eleição presidencial, a petista frisou que a decisão do PT é de uma aliança nacional. Haja demora para resolver uma questão local, mas que repercute muito nas alianças nacionais. Resta saber mais uma vez até quando vai essa possibilidade de aliança.

São Lourenço dá início à revisão do Plano Diretor

A Prefeitura de São Lourenço da Mata deu início, nesta quarta-feira (11), à revisão do Plano Diretor da cidade, procedimento que é realizado a cada dez anos nos municípios brasileiros.

Plano

O Plano Diretor faz parte de uma lei municipal, exigida pelo Ministério Público, para que sejam identificadas e analisadas as características físicas, atividades predominantes, as vocações da cidade, os problemas e as potencialidades de São Lourenço da Mata, para estabelecer normas que beneficiem o bem coletivo, tanto nas áreas de segurança e bem-estar dos cidadãos, quanto na questão da sustentabilidade ambiental. 

 

Conclusão

A Revisão do Plano Diretor será concluída no primeiro semestre de 2019, e contará com a atuação dos são-lourencenses através de grupos técnicos que serão formados durante o processo, que ficarão responsáveis por auxiliar a criação das regras básicas que serão estabelecidas no plano para o melhor desenvolvimento coletivo de São Lourenço da Mata.

Incentivos fiscais

O senador Armando Monteiro (PTB-PE) apresentou emenda prorrogando até 2025 os incentivos fiscais das empresas automobilísticas instaladas no Nordeste, que venceriam em 2020. Se aprovada, a emenda, que altera a medida provisória que institui o novo programa de apoio ao setor automotivo, permitirá à Fiat Chrysler investir R$ 7,5 bilhões na unidade de Goiana até 2022, gerando nove mil empregos.

Dispositivo

A inclusão do dispositivo na Medida Provisória 843, discutida em duas reuniões de que ambos participaram no Palácio do Planalto, acabou vetada pelo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, há uma semana, horas antes da edição da MP que oficializa o programa Rota 2030, com redução de impostos na cadeia automotiva.

Conclusão

O texto acordado da emenda à MP 843, que beneficiará também a Baterias Moura, em Belo Jardim, determina que, para obterem os incentivos fiscais renovados até 2025, as montadoras terão de apresentar os novos projetos ao Ministério da Indústria, Comércio e Serviços até 30 de junho de 2019.

Importante

A regra estabelece, também, que as montadoras que operam no Nordeste – incluindo a Ford na Bahia e a Troller no Ceará – só receberão o incentivo fiscal se realizarem investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica de no mínimo 10% do valor do crédito presumido do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) a que terão direito.   

Geraldo entrega contenção de encosta em Dois Irmãos

Depois de realizar uma entrega de contenção de encostas no Ibura nesta quinta-feira (12), beneficiando 150 famílias, o prefeito Geraldo Julio entrega nesta sexta-feira (13), as obras da Rua Professor Cláudio Selva, em Dois Irmãos. A intervenção já foi concluída e os moradores do entorno estão vivendo com mais conforto e segurança. Os serviços foram executados pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB), com investimentos de R$ 1.257.146,54 para a construção de muro de arrimos com tela argamassada, calçadas, drenagem, 21 pontos de risco foram eliminados na via.

 

A revisão do Plano Diretor do Recife está sendo alvo de polêmicas. Isso porque a Prefeitura do Recife criou um cronograma que viabiliza as discussões para a atualização do documento, que traz um conjunto de normas a fim de nortear o poder público em relação a uma política de urbanização da capital pernambucana na próxima década, em quatro meses. O período é contestado por movimentos e entidades urbanísticas da cidade que alegam o fato de o prazo não ser suficiente para a "participação efetiva da população".

Para acompanhar o processo, eles criaram um grupo chamado Articulação Recife de Luta que pleiteou, na manhã desta quinta-feira (14), a ampliação do prazo para 18 meses durante a reunião do Conselho da Cidade - composto por membros da prefeitura e da sociedade civil. De acordo com o grupo, a proposta, porém, não foi acatada por 22 [da gestão municipal] contra votos 14 [da sociedade civil].

##RECOMENDA##

Os líderes da iniciativa argumentaram que "a Prefeitura do Recife levou nada menos que 40 meses para contratar a consultoria responsável pela revisão do Plano Diretor e agora está propondo um cronograma de 4 meses para realizar o processo inteiro de revisão".  

"É nesse período que a prefeitura propõe que sejam feitas todas as escutas com a população da cidade, audiências e discussões públicas, elaboração de propostas e votações. Numa cidade com 1,5 milhão de habitantes e a complexidade de Recife, é uma falta de noção receber uma proposta dessas. Mostra claramente o desrespeito com sua população, que tem o direito de participar ativamente das discussões sobre o desenvolvimento que queremos para a cidade nos próximos 10 anos", questiona o grupo. O atual Plano Diretor do Recife está em vigor desde 2008. 

Para sustentar o argumento, Articulação Recife de Luta tem divulgado nas redes sociais avaliações de estudiosos e líderes de movimentos de moradia sobre o assunto. Sob a ótica do professor de Arquitetura da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Múcio Juca, a própria prefeitura sabe que o prazo não é viável.

"A prefeitura chega com o documento e quer realizar audiências públicas em quatro meses. Não apenas a sociedade e 34 entidades estão dizendo que isso é impossível, tenho certeza que os técnicos da prefeitura sabem disso. Quero acreditar que a prefeitura compreendendo a complexidade desta cidade vai reconduzir este processo de forma adequada. Tenho certeza que o prefeito não quer entrar para a história como condutor de um processo equivocado e contestável pela ampla maioria da sociedade", frisou.

O pensamento foi reforçado pelo presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) em Pernambuco, Roberto Guione. “Se a sociedade não participar, a cidade continuará sendo decida pelo capital, no lugar de pensar a cidade como um lugar de convívio social continuará sendo palco de negócios em benefício de poucos e perpetuando a desigualdade social. O Plano Diretor é a oportunidade de revisar a cidade”, observou.

[@#video#@]

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) enviou recomendação ao prefeito do Recife Geraldo Julio (PSB) com relação às discussões sobre a revisão do plano diretor da cidade, que é um conjunto de normas que norteiam a política de urbanização  da capital. O órgão recebeu críticas de movimentos sociais sobre a falta de participação popular no debate. 

De acordo com o MPPE, os denunciantes apontam que um decreto instituiu uma comissão técnica especial formada somente por integrantes do poder público municipal, e com atribuição de “coordenar” e “conduzir” os trabalhos de revisão do plano diretor, o que “supostamente equivaleria à criação de uma instância habilitada a gerir o processo de revisão sem participação popular”. 

##RECOMENDA##

Os relatos enviados também destacam que foi estabelecido um calendário inviável, com ritmo excessivo e desproporcional, no que diz respeito à frequência de reuniões e com participação social reduzida. Propostas sobre o processo participativo, entregues pela representação da sociedade civil durante plenária do Conselho da Cidade do Recife em 4 de maio deste ano, não teria sido discutido e praticamente desconsiderado. 

Em sua recomendação, o MPPE destaca ainda que na primeira reunião do Grupo de Trabalho do Plano Diretor do Recife e do Plano de Ordenamento Territorial (GT-POT), já teriam sido apresentadas propostas a serem aprovadas, sem que houvesse amplo debate e possibilidade de reformulação das questões trazidas naquela ocasião. “A participação popular é a essência do Estado Democrático de Direito, consagrado na Constituição Federal de 1988, que incorporou vários mecanismos hábeis a ampliar a cidadania política”, destacou o texto das promotoras Maria Lizandra Lira de Carvalho e Bettina Estanislau Guedes.

Recomendações

O Ministério emitiu as seguintes recomendações para a Prefeitura do Recife e Secretaria de Planejamento Urbano do Recife: 

- Anulação das reuniões do GT-POT, realizadas a partir de 24 de maio de 2018, de modo a assegurar participação popular inclusive na tomada de decisões;

- Suspensão da votação prevista para o dia 4 de junho de 2018 em reunião plenária do Conselho da Cidade;

- Imediata suspensão dos trabalhos do GT-POT até que seja democraticamente construído um rito para os mencionados trabalhos e uma agenda compatível com as responsabilidades profissionais dos integrantes do referido grupo e que seja recolocado em discussão o próprio plano de trabalho para elaboração do Plano de Ordenamento Territorial;

- Revogação do decreto que instituiu a equipe técnica e a edição imediata de um novo decreto em que fique explícito o caráter subsidiário da comissão técnica interna e sua subordinação às deliberações do GT-POT;

- Efetivo cumprimento da legislação que trata da matéria, adotando todas as medidas necessárias a assegurar a participação popular de forma plena e efetiva e não apenas formal;

O prefeito deverá informar sobre o acatamento dos termos da recomendação no prazo de 24 horas. 

Com o decreto que retira os embargos municipais para a transferência da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), Fernando Haddad (PT) concluiu seus projetos urbanísticos para a cidade com a esperança de ser reconhecido, no futuro, por ter replanejado a capital, contido a expansão imobiliária em direção à zona sul e remanejado o interesse do setor para a região leste. "A cidade está destinada a executar o que planejamos até 2030", afirma.

Haddad fez nesta terça-feira, 27, à reportagem um breve balanço de sua administração, reprovada por 66% dos entrevistados em pesquisa Ibope de outubro - apenas 4% dos ouvidos na ocasião classificaram a gestão petista como "ótima". Ele criticou os planos do prefeito eleito João Doria (PSDB), para quem perdeu a disputa para a Prefeitura ainda no primeiro turno, e não quis falar sobre seu futuro político, o destino do PT, a Operação Lava Jato nem sobre o governo de Michel Temer. A seguir, os principais trechos da entrevista:

##RECOMENDA##

O senhor aposta na legislação urbanística como legado. Mas isso não dependerá do que os próximos prefeitos vão fazer com a cidade?

Isso não tem volta, está no Plano Diretor. É um plano urbanístico até 2030. É para quatro, cinco administrações. Se há um consenso em torno disso, o mercado a favor, até o (prefeito eleito João) Doria (PSDB) a favor, não tem por que mudar. A mudança da Ceagesp viabiliza o Arco do Futuro. Estudamos isso por anos. As âncoras que pensamos para o desenvolvimento da cidade, que vocês publicaram (em maio de 2015), eram o Terminal de Santa Etelvina, na Cidade Tiradentes, que depois substituímos pelo Canindé, o Anhembi, o Pacaembu, Ceagesp, e falamos da concessão de Interlagos.

Mas a gestão Doria já fala em mudanças no Anhembi e no Autódromo de Interlagos.

O que tem de divergente, e vale a pena o debate, é a venda do Anhembi e Interlagos. Primeiro tem a questão da reserva de terras na cidade, que é importante. Mas, no caso de Interlagos, ali é área de manancial. Levar desenvolvimento imobiliário para lá vai concorrer com o Arco Tietê, que quer trazer desenvolvimento para o centro. Ali não é a questão do Autódromo. É o desenvolvimento do entorno, levar hotel. É um erro do ponto de vista urbanístico. A lógica de nosso plano é inverter o eixo de desenvolvimento da cidade: em vez de seguir para a zona sul, pela margem do Pinheiros, voltar pela margem do Tietê, mais perto da zona leste. E a trava ali era a Ceagesp, que estamos retirando. Esses projetos já estavam todos em curso.

Isso quebra sua proposta?

Quebra a lógica do Plano Diretor. Privatiza a terra, que não é conveniente, e reforça o vetor sul do desenvolvimento imobiliário, quando o ideal é trazer o desenvolvimento para o centro pela Marginal. Por isso esse caminho Ceagesp-Anhembi-Pacaembu, as âncoras do desenvolvimento. Na minha opinião, (a venda do Autódromo) está em conflito com o Plano Diretor. É 1 milhão de metros quadrados, 40 vezes a área do Parque Augusta, e entre as duas represas. As pessoas não dão conta disso. O programa do Doria dá continuidade a essas âncoras que eu estabeleci na Lei de Zoneamento, a divergência está em vender ou não Anhembi e Interlagos.

Mas a venda dos dois locais não iria alterar o uso.

Não iria alterar o uso. No caso do Anhembi, tem a questão do sambódromo, de ser a entrada da cidade, mas discussão sobre alienação ou não é importante, sobretudo no caso de Interlagos, por puxar o desenvolvimento urbano para o sul. Mudar o eixo vetor para a zona leste, onde tem metrô, trem, desrodoviarizando as Marginais. Por isso a questão da velocidade (nas Marginais) é importante. Não é um capricho. Desrodoviarizar as Marginais tem a dimensão de segurança no trânsito, mas tem a questão urbanística por trás.

Seu receio é não ser reconhecido por esse plano?

Tudo o que planejei vai acontecer, com uma ou outra coisa diferente. A saída da asa fixa (aviões) do Campo de Marte estava acordada com a (ex-presidente) Dilma desde 2013, assim que o Aeroporto da JHSF (em São Roque) ficasse pronto. O Condephaat (órgão estadual de proteção ao patrimônio histórico) está analisando a concessão do Pacaembu, o Conpresp (equivalente municipal) já autorizou. Nossa proposta era que os quatro grandes times tivessem estádio na cidade, e o Santos tem interesse no Pacaembu. A Ceagesp está saindo. Tudo o que propus está encaminhado. O que ele (Doria) está propondo de diferente? A venda de Anhembi e Interlagos. O resto, não tem nada de novo. Acho que ideia não tem pai, mas tem de ter o registro certo. O edital para a concessão do Pacaembu já tem dois anos, por exemplo. O Anhembi nós também iríamos fazer a concessão. Parou porque o Doria ganhou, senão iria continuar. O Doria está dando continuidade ao planejamento da minha gestão. Com duas mudanças que não estavam programadas. E esse é um debate interessante, sobre essas mudanças. As âncoras do desenvolvimento da cidade são históricas.

Sua gestão também ficará marcada por não ter cumprido as metas a que se propôs. O que o senhor tem a dizer?

O fechamento global é: 58% das metas 100% cumpridas, 71 de 123. Se considerar as parcialmente cumpridas, na proporção do cumprimento, 83% das metas foram cumpridas, com as metas isoladas consideradas na proporcionalidade. Nenhuma meta está em 0%.

O senhor já falou de fatores externos para esse desempenho, como a falta de repasses de verbas federais. Qual é a culpa da sua gestão nesse resultado?

O maior problema para não atingir 100% foi a recessão. Dois anos de recessão? Não é qualquer recessão. São dois anos de recessão, 8% em dois anos. Agora, esse resultado é muita coisa diante desse contexto econômico. Não conseguiria imaginar resultado melhor para esse contexto econômico. Se a gente não tivesse interrompido o fluxo de recursos no final de 2014 do (Programa de Aceleração do Crescimento) PAC Minha Casa Minha Vida, nós teríamos cumprido a meta de 55 mil unidades habitacionais fácil. Estamos há dois anos sem assinar um contrato com a Caixa Econômica Federal. Temos terreno para fazer 80 mil unidades. É ponto para o Doria levar à frente os projetos que eu planejei. Se ele não reconhecer (a autoria), os jornais deveriam.

Reconhece habilidades políticas no prefeito eleito que faltaram ao senhor ao longo da sua gestão?

Ele é querido da imprensa. Se eu fosse querido da imprensa, meu amigo, seria secretário-geral da ONU.

Por que o senhor acredita que perdeu a eleição?

Contexto político.

Não faltou ir à periferia, fazer campanha, essas coisas?

Contexto político. Você perguntou, estou respondendo.

Um mérito que apontam por sua gestão foi ter renegociado a dívida da cidade, que vai liberar recursos para investimentos. Não há risco de esses recursos se perderem no ano que vem para custear a tarifa de ônibus a

R$ 3,80?

Você já respondeu a pergunta. É uma decisão que ele (Doria) tomou (de congelar o valor da tarifa). Não sei o que ele planeja. Sou professor, não sou gestor.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em busca do capital privado, o governo de João Doria articula a elaboração de projetos atrativos à iniciativa privada na Prefeitura. Na quinta-feira (10), a futura secretária municipal de Desenvolvimento Urbano, a arquiteta Heloisa Proença, afirmou que, se preciso, poderá rever alguns instrumentos urbanísticos em vigência de olho no setor privado.

Ao apresentar sua escolhida para a pasta, Doria ressaltou que Heloisa tem capacidade e experiência em arrecadar recursos para o Município. A urbanista foi secretária de Planejamento da gestão Celso Pitta, entre 1999 e 2000, e presidente da Empresa Municipal de Urbanização, a Emurb, em 2005, quando José Serra era o prefeito. "Coordenou projetos do setor público com a iniciativa privada que geraram mais de R$ 400 milhões de recursos extraorçamentários aos cofres públicos", disse, referindo-se aos certificados imobiliários, os Cepacs.

##RECOMENDA##

Segundo Heloisa, sua função será permitir a aplicação das leis formuladas pelo governo atual, como o Plano Diretor e o Zoneamento, ambas consideradas por ela "legislações modernas". Ela destacou ainda que precisará regulamentar alguns instrumentos previstos, de olho na "cidade real".

Tanto o Plano Diretor como a Lei de Uso e Ocupação do Solo determinam regras para o mercado imobiliário, como valor da outorga onerosa (taxa cobrada para construções que extrapolem o potencial permitido), a quantidade de vagas de garagem para carros em prédios e a altura de empreendimentos, segundo a localização.

Em crise, o mercado imobiliário poderia se beneficiar, caso algumas dessas regras fossem afrouxadas pela próxima administração. No ano passado, pressionado pelo setor, o prefeito Fernando Haddad aceitou rever parte das normas aprovadas no Plano Diretor durante o trâmite de votação do zoneamento. O petista permitiu, por exemplo, que apartamentos com mais de 60 m² tenham duas vagas de garagem, mesmo que erguidos em locais com oferta de transporte público. O plano só permitia uma.

Marginais

Futuro secretário de Transportes e Mobilidade, Sérgio Avelleda afirmou defender o aumento da velocidade das Marginais do Pinheiros e do Tietê, como prometido na campanha de Doria. Avelleda não considera sua postura destoante de seu discurso de priorizar o pedestre e o ciclista. "O prefeito tem estudos de engenharia de tráfego que comprovam que o aumento da velocidade não afeta a segurança.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O perfil da Vila Madalena, do Sumarezinho e da Vila Anglo, na zona oeste da capital, está em transformação desde que o novo Plano Diretor de São Paulo, elaborado pela gestão Fernando Haddad (PT), entrou em vigor. Apesar da crise econômica ter desacelerado o mercado imobiliário, pelo menos 90 casas foram derrubadas por construtoras no entorno da Estação Vila Madalena do Metrô para 15 lançamentos residenciais. Com o declive característico desses bairros, demolições já provocam danos estruturais em imóveis vizinhos das futuras torres.

Há dez dias, um deslizamento de terra em obra da Even interditou um hostel na Rua Girassol depois de a parede de um dos quartos ir ao chão. Nenhum dos três hóspedes que dormiam no local se feriu. Na casa de cima, com frente para a Rua Senador César Lacerda Vergueiro, parte do quintal também ficou fechada para a realização de reparos. A construtora informou que já concluiu a contenção na área e não há mais riscos.

##RECOMENDA##

Na hora do incidente, porém, a movimentação de terra provocou pânico. "Tomamos um susto enorme, o estrondo estremeceu minha casa. Agora a tensão é constante, porque não sabemos o que mais pode acontecer. Os terrenos aqui são muito íngremes, não deveriam receber torres enormes de apartamentos", diz a administradora de empresas Yara Sanchez, uma das poucas moradoras que resistiram à pressão do mercado imobiliário. Na região, alguns sobrados chegaram a ser vendidos por mais de R$ 2 milhões.

Os trabalhos de demolição começaram no início deste ano, cerca de seis meses após a aprovação do Plano Diretor. A consequência direta da medida foi a procura por áreas vagas. Como elas são raras, as construtoras passaram a comprar e demolir casas. No local em que houve o deslizamento de terra, por exemplo, eram 13 lotes, todos já derrubados para a construção de uma torre de 22 andares e 166 apartamentos.

"É um cenário de destruição. Parece que caiu uma bomba atômica ali", diz a produtora Beatriz Torres, que faz parte do conselho participativo da Subprefeitura de Pinheiros.

Os moradores reivindicam que a Prefeitura reveja a liberação dos espigões e a marcação do perímetro a ser adensado - a proposta é que ele seja reduzido de 700 mil metros quadrados para 260 mil m². "Nossa luta é pela preservação das casas e dos sobrados que caracterizam a Vila Madalena. Em 2012, o prefeito Haddad, durante a campanha eleitoral, chegou a participar de um abaixo-assinado exatamente com essa finalidade. Não pode agora agir de forma tão contrária", afirma Beatriz, que guarda os documentos. A Prefeitura não se manifestou.

Sossego

Os futuros prédios tomarão conta de ruas tranquilas, até então formadas por sobrados de médio e alto padrão - alguns com piscina. É o caso da Rua Senador César Lacerda Vergueiro. A via tem três empreendimentos residenciais em projeto e com demolições em andamento. "Trabalho aqui há 17 anos e nunca vi tanta mudança ao mesmo tempo. Além das casas derrubadas, há outras vazias", diz o vigia José Gonzaga.

Outro exemplo fica no cruzamento das Ruas Luminárias e Paulistânia, onde a Camargo Corrêa abriu um terreno para uma torre de 23 andares. Durante a demolição, o muro de uma casa vizinha foi danificado. A empresa lamentou o incidente e afirmou que vai providenciar o reparo, mas os moradores da região temem mais problemas em função da declividade dessa parte do bairro.

Segundo o urbanista Francisco Luiz Scagliusi, que mapeou em outubro todas as 15 áreas abertas no bairro para verticalização, há casos em que a declividade dos lotes passa de 65°. "Nessas condições é impensável liberar prédios. Além disso, as vias ainda são muito sinuosas e com calçadas estreitas."

Com base no estudo feito por Scagliusi, cinco associações de bairro da Vila Madalena esperam convencer os vereadores da capital a promover as alterações pedidas a tempo de evitar mais lançamentos imobiliários com altas torres na região. "O próprio Plano Diretor abre brecha para a revisão do perímetro a ser adensado. Nosso mapeamento apresenta dados técnicos que justificam a necessidade dessa mudança", afirma Scagliusi. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Cinco meses após entrar em vigor, o novo plano diretor de Sorocaba, no interior de São Paulo, pode ser anulado pela Justiça. O Ministério Público local enviou, nesta quarta-feira (27) um inquérito à Procuradoria-Geral de Justiça pedindo a abertura de ação por inconstitucionalidade na lei. O principal argumento é de que o plano ameaça a qualidade de vida na cidade de 637 mil habitantes ao permitir a ocupação de áreas de preservação ambiental.

De acordo com o promotor Jorge Marum, os vereadores introduziram 221 emendas ao projeto original e muitas não foram objeto de debate popular, além de outras irregularidades que violam a Constituição.

##RECOMENDA##

O projeto foi alvo de polêmica por reduzir em 45% as áreas de conservação ambiental no município e expandir em 26% a área de ocupação urbana. A zona rural foi reduzida em 19%. A redução no tamanho mínimo de lotes em condomínios horizontais e de chácaras também é questionada por promover adensamento urbano excessivo.

A ocupação de áreas de conservação ambiental já ameaça as poucas reservas da cidade, como o Parque Chico Mendes, espremido entre condomínios verticais, edificados sobre a zona de amortecimento da unidade de conservação.

No inquérito, o promotor chama a atenção para o risco de prejuízos urbanísticos irreparáveis, caso o plano seja mantido. A ação terá pedido de liminar para a suspensão imediata da lei.

De acordo com o promotor, outras cidades paulistas, como Bauru, Caraguatatuba, Taboão da Serra e Vargem Grande do Sul, já tiveram planos diretores revistos por decisão judicial.

A prefeitura informou que, se notificada, prestará todas as informações à Justiça. Já a Câmara alegou que a tramitação do projeto foi legal e transparente e que aguarda a manifestação da Justiça.

A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) vai apresentar os planos nas áreas de drenagem e resíduos sólidos para a cidade em duas audiências públicas que ocorrem nesta semana, sendo a primeira nesta terça-feira (2). Hoje será divulgado o Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais da Cidade do Recife. Na quinta-feira (4), será feita a apresentação do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS).

O Plano Diretor de Drenagem pretende oferecer subsídios para reduzir significativamente os impactos dos alagamentos, além de criar melhores condições de infraestrutura. A iniciativa tem investimento de mais de R$ 6,8 milhões e prevê a utilização de projetos de dragagem dos rios Tejipió e Jiquiá – que já foram confeccionados.

##RECOMENDA##

O PGIRS possui um investimento de R$ 716.661,59 e trata-se de um diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos da região, que visa quantificar estes resíduos, buscando soluções viáveis em tratamento, reciclagem e disposição final dos mesmos. Ambas as audiências ocorrem no auditório Dom Hélder Câmara, no Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Lima, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, das 14h às 17h. 

A partir desta sexta-feira (1°) os projetos de empreendimentos imobiliários em bairros e eixos viários que forem protocolados na Prefeitura de São Paulo vão ter de seguir as novas diretrizes do Plano Diretor Estratégico. O projeto foi sancionado nesta quinta-feira (31) pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e será publicado hoje no Diário Oficial da Cidade.

Com isso, as empreiteiras podem construir apenas duas vezes o tamanho do terreno dentro dos bairros e quatro vezes perto de corredores de ônibus e estações de Metrô e trem. "A partir de amanhã (hoje) os terrenos nos bairros não poderão receber novos espigões. Em contrapartida, onde tem infraestrutura, nós estamos admitindo adensamento, uma verticalização maior", explicou o prefeito Haddad.

##RECOMENDA##

Os projetos que já tinham sido protocolados e aprovados pela administração municipal antes da sanção permanecem inalterados. Já na zona leste acontece o contrário: os terrenos ganham coeficiente de aproveitamento maior sem o pagamento de outorga como forma de estímulo.

O vereador Nabil Bonduki (PT), relator do projeto, afirmou que no futuro poderá haver ainda prédios em desacordo com a nova lei, porque os projetos foram protocolados na Prefeitura antes da sanção do Plano Diretor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após conseguir a aprovação do Plano Diretor na Câmara, o prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que a nova legislação vai permitir que São Paulo se desenvolva de forma mais uniforme, e não com o foco em apenas algumas regiões. E destacou que o texto não favorece ocupações. Apesar do aval dado à regularização de áreas ocupadas (quatro apenas do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), o prefeito negou que as diretrizes aprovadas favoreçam novas ocupações. "Elas até prejudicam o nosso planejamento. O que temos que fazer agora é construir moradia."

Haddad afirmou ainda que, embora as leis de uso e ocupação do solo e de zoneamento ainda devam ser aprovadas para definir as particularidades de cada região, o plano já tem diretrizes que podem ser aplicadas imediatamente após a sanção, que deverá ser integral. "O grau de auto-aplicabilidade é elevado. Esse plano não pode ser subvertido pelas leis complementares, tem um poder de regulação alto", disse.

##RECOMENDA##

Questionado sobre quando a cidade poderá enxergar mudanças propiciadas pelo Plano Diretor no dia a dia paulistano, Haddad lembrou que há "um estoque de projetos imobiliários" que, por terem sido protocolados antes do novo plano, seguirão as regras antigas. "Pode levar de um a dois anos para que eles sejam consumidos."

Mercado

Embora o novo plano dê espaço para a construção de milhares de empreendimentos, o prefeito disse acreditar que a aprovação do documento signifique uma derrota aos especuladores, por exemplo, ao limitar o coeficiente de aproveitamento do solo à área do terreno e cobrar outorga onerosa sobre a área excedente construída.

"Quando você define o coeficiente de aproveitamento igual a 1, isso é o sonho dos planejadores urbanos: se apropriar da mais-valia dos terrenos, ou seja, tirar das mãos do especulador o destino da cidade", disse. "Não vai ter mais o bairro bola da vez, agora é a vez da cidade. Vamos olhar a cidade de maneira orgânica pela primeira vez. É o plano mais transformador que a cidade já experimentou." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pressão do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) voltou a adiar a votação do Plano Diretor, que estava agendada para ontem na Câmara Municipal de São Paulo. Líder do grupo, Guilherme Boulos defendeu que não se adotasse a fila cadastrada pela Prefeitura para definir as famílias que receberão moradias com a regularização da ocupação Copa do Povo, na zona leste. A reivindicação, à tarde, era de que o projeto indicasse o movimento como beneficiário.

O impasse alongou a sessão e, para não serem acusados de votar as propostas na "calada da noite", os vereadores deixaram os trabalhos para segunda-feira, contrariando pedido do prefeito Fernando Haddad (PT). O adiamento esquentou os ânimos na Casa. Durante uma reunião de comissões para avaliar ambas as propostas, Dalton Silvano (PV) empurrou e xingou Eduardo Tuma (PSDB), que tentava obstruir a sessão. Os demais vereadores intervieram, enquanto os sem-teto gritavam "teatro" nas galerias, de costas para o plenário.

##RECOMENDA##

Do lado de fora, a falta de acordo levou à tensão e à ameaça de novas invasões. Integrantes do MTST já alertavam que, caso a votação fosse mesmo protelada para segunda-feira, mais um terreno da cidade seria invadido, ainda no fim de semana. Às 19h, essa negociação era feita diante da Tropa de Choque, que cercavam o prédio da Câmara.

Dentro do plenário, a polêmica envolvia um dos artigos do projeto de lei apresentado como solução pelo vereador José Police Neto (PSD). Nele, constava que o futuro empreendimento social deveria atender, primeiramente, quem estava na fila por uma moradia na capital. Segundo a Secretaria Municipal da Habitação, essa lista reúne 1 milhão de pessoas, sendo 130 mil aptas a participar de projetos habitacionais.

Boulos exigia que o texto definisse ou ao menos permitisse que as moradias fossem erguidas por meio do programa federal Minha Casa Minha Vida Entidades, em que as organizações é que escolhem os contemplados. A alteração solicitada, no entanto, é contestada pelo Ministério Público, que já se manifestou sobre a importância de se obedecer à fila municipal.

Acordo.

Após sete horas de negociação, Police Neto acrescentou um artigo no projeto que, em caso de financiamento estadual ou federal, as moradias serão destinadas a uma demanda a ser aprovada pelo Conselho Municipal da Habitação. "Ele é que vai decidir se as regras estão sendo cumpridas. Desse modo, não existe hipótese de a fila ser furada", afirmou.

Mais tarde, depois de firmar acordo para votação, Boulos argumentou que sua intenção nunca foi a de "demarcar" o terreno para o MTST. "Só queríamos ter a certeza de que não seriam as empreiteiras que fariam o projeto em Itaquera", disse. A indefinição sobre os critérios da lei travou o Plano Diretor por outra exigência de Boulos: que ambas as votações sejam concluídas no mesmo dia - garantia dada a ele pelo presidente da Casa, José Américo (PT).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Manifestantes dos movimentos sem-teto, acampados em frente à Câmara Municipal desde a segunda-feira, foram surpreendidos na tarde desta sexta, 27, com a chegada de um caveirão da Tropa de Choque. Para pressionar a votação do Plano Diretor, eles se revezavam nas cornetas durante buzinaço na região quando o Choque chegou, por volta das 18h.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores sem-teto (MTST), Guilherme Boulos, ficou surpreso. "O que aconteceu? Por que eles (o Choque) estão aqui?", indagou a outros membros do movimento. O buzinaço ficou ainda mais forte e outros coordenadores do movimento pediram para que os manifestantes recuassem e se organizassem, evitando confronto. "Peçam ao líder de quem está buzinando para pararem", disse.

##RECOMENDA##

Os coordenadores conversaram com a Polícia Militar, explicando que o ato não é violento. "Nosso movimento é pacífico, tudo calmo. Vocês não vão ver black blocs aqui". Os manifestantes colocaram uma fita de isolamento no acesso à Rua Japurá, onde estacionou o Choque, para evitar confrontos. Para garantir que as buzinas não parem, os manifestantes se revezam para que cada um fique meia hora tocando enquanto outros descansam.

O revezamento entre grupos ocorreu também durante a semana para que os acampamentos montados na frente da Câmara ficassem sempre cheios. "Vim aqui todos os dias e minha esperança é que a minha casa própria saia com esse projeto", afirmou a dona de casa Diana Silva, de 30 anos, que divide uma casa de um cômodo com o marido e 2 filhos.

Desde a segunda-feira os manifestantes permanecem acampados no local e na galeria do plenário da Câmara. A promessa no início da semana era de que o projeto que reordena o crescimento da cidade pelos próximos 16 anos fosse votado até esta Sexta. Representantes da oposição, no entanto, afirmam que a proposta deve ser adiada. Ainda não se sabe se ficará para a próxima semana ou até mesmo para o próximo semestre.

"Até o momento o que está sendo levado para o plenário está de acordo com as propostas que a gente defende. Mas temos um problema: as propostas estão sendo acolhidas, mas os vereadores dizem que não tem tempo para votar hoje. Queremos que o plano seja votado hoje sim porque já perdemos tempo demais", disse Boulos.

O coordenador do MTST afirmou ainda que a manifestação não será interrompida. "Vamos continuar de forma pacífica. Os vereadores têm demonstrado boa vontade e o movimento tem maturidade para reconhecer. Houve o pedido de que, se a votação for adiada, a gente tire o acampamento e volte na segunda. Essas lonas, esses colchões e esses companheiros só arredam o pé daqui quando o plano for votado", assegurou Boulos.

Os sem-teto que acampam dentro e fora da Câmara Municipal de São Paulo tiveram acesso nesta terça-feira (24) a duas senhas para uso de wi-fi - uma delas chegou a ser exposta no painel eletrônico do plenário após o término da sessão. Com o empréstimo, parte dos funcionários ficou sem poder utilizar o serviço, que foi restabelecido por volta das 15h.

Durante a noite, o uso da internet distraiu cerca de 50 manifestantes que dormiram nas galerias do plenário. Eles também receberam um lanche oferecido pelo vereador Calvo (PMDB). "Foi pão com queijo e mortadela", disse Zelídio Barbosa, de 36 anos. Acompanhado da mulher, Karla Lima, de 28, ele dormiu no chão. "Vamos ficar hoje também e quanto tempo for necessário até que se vote o Plano Diretor", disse Barbosa.

##RECOMENDA##

Na semana passada, depois de tomar conhecimento da intenção dos vereadores paulistanos de modificar o zoneamento do terreno onde foi organizada a Ocupação Copa do Povo, o Ministério Público Estadual (MPE) encaminhou ofício aos parlamentares informando sobre a ilegalidade da proposta. De acordo com a Promotoria de Habitação e Urbanismo, uma Ação de Inconstitucionalidade (Adin) deverá ser apresentada ao procurador-geral de Justiça, caso a medida seja levada adiante.

O terreno mencionado fica em Itaquera, na zona leste da capital, e foi invadido pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) no início de maio. Menos de uma semana depois, o governo federal assegurou ao grupo que construiria 2 mil unidades habitacionais na área por meio do programa Minha Casa Minha Vida. Desde então, o movimento exige da Câmara Municipal que altere a classificação do terreno, que hoje é industrial, para uma zona de interesse social. "Não é legal uma mudança pontual no zoneamento para favorecer um ou outro. O Judiciário já tem se manifestado sobre essa questão. Além disso, nem se sabe ao certo quantas famílias estão lá. O MTST nos proibiu de iniciar o cadastro na semana passada", afirmou o promotor de Justiça Marcus Vinicius Monteiro dos Santos.

##RECOMENDA##

Autor do projeto de lei que regulariza a Copa do Povo, o vereador Alfredinho (PT) não soube informar quantas pessoas ocupam hoje o terreno. "A Câmara não fez nenhum estudo a respeito", afirmou o petista. Para a Promotoria, o desconhecimento sobre o número real de famílias que acampam no local é outro impedimento. "No fim de semana, integrantes do movimento muito estranhamente nos impediram de começar o cadastro das famílias. Com isso, ficou claro para nós que o número propagado de 4 mil ocupantes é absolutamente exagerado. Nem chega perto disso", afirmou o promotor.

Contagem - Segundo Santos, documento oficial da Polícia Militar do dia 22 de maio contradiz os números apresentados pelo MTST. Nele, após blitz no local, a PM atesta que "durante o período noturno a área fica quase que totalmente desocupada, permanecendo apenas algumas pessoas cuidando do acampamento, diferentemente do período diurno, onde há grande número de pessoas e veículos". "Estou vendo a Câmara correr para aprovar a mudança de zoneamento sem ao menos saber quem está ocupando a área, qual é a situação econômica e social das pessoas. Não vejo o mesmo tratamento para as demais pessoas que estão cadastradas na fila da Secretaria de Habitação. E isso não será tolerado."

De acordo com a Promotoria, o tema também é tratado pela constituição estadual, que veta alterações casuísticas, em detrimento da coletividade. "Aliás, a coletividade nem foi consultada. Ou alguém perguntou aos moradores de Itaquera se eles querem a mudança de zoneamento?, questionou Santos.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando