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O Instituto Êxito de Empreendedorismo e o Instituto ELA Educadoras do Brasil firmaram convênio para fortalecer a rede de captação de absorventes e de recursos para aquisição de produtos, protegendo e impactando positivamente a vida das jovens brasileiras, pelo projeto Adote um Ciclo. A parceria irá disponibilizar posto de coleta para esses recursos e doações on-line via QR Code com pix.

O projeto Adote um Ciclo, criado pelo Instituto ELA Educadoras do Brasil, nasceu para minimizar e extinguir a pobreza menstrual, situação que afeta milhões de mulheres no mundo e no Brasil. Essa condição faz com que muitas adolescentes e mulheres faltem uma semana inteira em suas atividades escolares por não possuírem absorventes, prejudicando, assim, o seu rendimento escolar e a sua autoestima, além de acarretar ausência no trabalho, doenças e afetar a qualidade de vida e a saúde emocional.

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O lançamento oficial da parceria de arrecadação será realizado nesta quinta-feira (26), às 18h, durante a reunião dos conselheiros, diretores e associados do Instituto Êxito de Empreendedorismo e o Facing the Giants – programa de palestras voltadas para o empreendedorismo, marketing digital e áreas afins. É possível acompanhar o evento pelo canal do Youtube e pelas redes sociais do Instituto Êxito de Empreendedorismo. “Sabemos que a situação de vulnerabilidade aumentou muito durante a pandemia e, para continuarmos firmes na missão de impactar vidas, firmamos essa parceria com o Instituto ELA por acreditarmos que o projeto Adote um Ciclo é uma iniciativa relevante e que terá impacto direto no bem-estar de milhares de mulheres”, afirma o presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo, Janguiê Diniz.

Para a presidente do ELA Instituto Educadoras do Brasil, Sonia Simões Colombo, o convênio irá agregar valor ao projeto Adote um Ciclo e transformar o cotidiano de milhares de mulheres. “Hoje, já foram arrecadados 310 mil absorventes, beneficiando 22 mil jovens, mas o ciclo menstrual é mensal e precisamos continuar nesta caminhada”, pontua. “Estamos muito felizes em poder contar com parceiros que apoiam essa causa e ajudam a captar aquisições para proteger essas mulheres”, completa.

O Instituto ELA Educadoras do Brasil possui postos de coleta de doações por todo o Brasil, que podem ser encontrados no site www.institutoela.org.br/adote-um-ciclo, além da sede do Instituto Êxito de Empreendedorismo, na Rua Joaquim Floriano, 466 - Brascan Century Corporate, 1001-C - Itaim Bibi, São Paulo/SP.

Também foi disponibilizado um QR Code para doação on-line visando a compra dos absorventes e recursos do projeto. O pix pode ser feito pelo CPNJ do Instituto ELA: 35.696.048/0001-60; ou pelo passo a passo abaixo:

- Entre no app do seu banco;

- Selecione a opção “PIX” e escolha pagar com QR Code;

- Ao abrir a janela, aponte a câmera do seu celular na imagem do QR Code ao lado;

- Realize sua transferência no valor que desejar e ajude milhares de mulheres.

Sobre o Instituto Êxito

O Instituto Êxito de Empreendedorismo é o resultado de um sonho que envolve empreendedores visionários dos mais variados segmentos do Brasil. Hoje, já conta mais com mais de 600 sócios que compactuam de um mesmo propósito: fazer do empreendedorismo a turbina para impulsionar vidas e histórias.

O Êxito tem a filosofia de que, independentemente da classe social e econômica, qualquer pessoa pode transformar suas ideias em ações que mudem e melhorem a realidade e a comunidade na qual vive. Por isso, nasceu com o objetivo de estimular o dom empreendedor dos jovens, especialmente os de escolas públicas, onde há muitos talentos escondidos e boas ideias a serem impulsionadas.

Nomeado como uma instituição sem fins lucrativos, seu principal plano de ação está em oferecer uma plataforma de cursos online e gratuitos, além de realizar diversas ações voltadas para o fomento ao empreendedorismo.

Sobre o Instituto ELA

O Instituto ELA – Educadoras do Brasil visa inspirar educadoras para transformar vidas, por meio de uma rede de voluntárias, para multiplicar conhecimentos, fortalecer e empoderar mulheres do Brasil, em situação de vulnerabilidade social, emocional e profissional.

Com o objetivo de valorizar todos que atuam em educação. Entretanto, na constante busca pela igualdade de gênero, e em atenção à Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, o Instituto ELA – Educadoras do Brasil vem como um incentivo à força feminina, reconhecendo e valorizando a sua atuação educacional para a sociedade. Saiba mais em: www.institutoela.org.br.

*Da assessoria de imprensa

Em sessão histórica nesta quinta-feira (10), o Congresso Nacional aprovou a derrubada do veto presidencial de número 59 – que tratava sobre supressão de artigos da Lei de Dignidade Menstrual, que instituiu o programa de distribuição gratuita de absorventes para mais de 5,6 milhões de mulheres em todo o Brasil.

A deputada federal Marília Arraes (PT), autora da lei, comemorou mais essa vitória no Congresso. “Foi uma luta árdua contra o machismo, a misoginia, a falta de respeito às mulheres. Mas conseguimos. A derrubada desse veto fez parte de uma grande articulação dentro do Congresso. Foi uma vitória das mulheres brasileiras, que terão mais dignidade a partir de agora. Nossa luta continua. Agora é cobrar a imediata regulamentação e o início efetivo do programa", afirma a deputada. 

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A derrubada do veto só foi possível graças ao apoio irrestrito da bancada do PT, dos líderes dos mais variados partidos, de toda a bancada feminina e de dezenas de  entidades e representantes da sociedade civil. A Lei 14.214/2021 possibilitará o acesso a produtos de higiene menstrual para estudantes carentes da rede pública de ensino, detentas, adolescentes em cumprimento de medida sócio educativa e mulheres em situação de rua. A legislação instituiu, ainda, o Programa Nacional de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, responsável pela disseminação de informações sobre a saúde da mulher e seu corpo. 

>> Apreciação do veto ao PL dos absorventes foi adiada 

Durante reunião do colégio de líderes realizada no ano passado, o grupo confirmou a decisão coletiva de se unir em torno do tema e garantir a derrubada do veto através de um acordo de líderes. “Estamos vivendo um momento histórico para as mulheres de nosso país e por isso mesmo não poderia deixar de enfatizar e reconhecer o empenho de tantos parlamentares que estiveram conosco, lado a lado, neste processo. Não posso nominar todos por isso quero estender meus agradecimentos através da deputada Jaqueline Cassol, relatora do PL na Câmara, da senadora Zenaide Maia, relatora da matéria no Senado, do deputado Arlindo Chinaglia, líder da minoria no Congresso, e Celina Leão, coordenadora da Secretaria da Mulher na Câmara."

Lei da Dignidade Menstrual

Com a entrada da lei de autoria da deputada Marília Arraes em vigor, o Brasil passará a ter, pela primeira vez na história, um programa destinado à proteção e promoção da saúde menstrual. Em 2019, a deputada pernambucana apresentou a primeira iniciativa de combate à pobreza menstrual na Câmara, com o foco na distribuição gratuita de absorventes para estudantes, em situação de vulnerabilidade, de escolas públicas de todo o país. 

No último mês de agosto de 2021, a matéria foi aprovada por unanimidade no plenário da Câmara, com relatoria do substitutivo da deputada federal Jaqueline Cassol (PP/RO). No Senado, o projeto foi relatado pela senadora Zenaide Maia (PROS/RN) e também aprovado por aclamação no mês de setembro. 

Precariedade 

Desde 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o acesso à higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. Diante da falta de condições de adquirir produtos de higiene menstrual milhares de brasileiras acabam recorrendo a produtos inadequados, que trazem riscos e prejuízos à saúde.  

Em maio de 2020, o Banco Mundial publicou um artigo lembrando que os períodos menstruais não foram interrompidos pela pandemia da Covid-19  –  pelo contrário, a pandemia exacerbou os desafios enfrentados por milhões de mulheres e jovens na lida com suas necessidades menstruais desassistidas e agravou o sentimento internalizado de vergonha que essa desassistência acarreta em sua vida diária.

No documento, o BM propõe que as necessidades menstruais fossem consideradas nas políticas e intervenções de resposta à emergência sanitária e informando que a instituição continuava a implementar seus esforços para proporcionar higiene menstrual segura a essas mulheres e jovens.

Menstruar na escola

Diante do pouco dinheiro para produtos básicos de sobrevivência, são as adolescentes o alvo mais vulnerável à precariedade menstrual. Isso porque sofrem com dois fatores: o desconhecimento da importância da higiene menstrual para sua saúde e a dependência dos pais ou familiares para a compra do absorvente, que acaba entrando na lista de artigos supérfluos da casa.

A falta do absorvente afeta diretamente o desempenho escolar dessas estudantes e, como consequência, restringe o desenvolvimento de seu potencial na vida adulta. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, do IBGE, revelaram que, das meninas entre 10 e 19 anos que deixaram de fazer alguma atividade (estudar, realizar afazeres domésticos, trabalhar ou até mesmo brincar) por problemas de saúde nos 14 dias anteriores à data da pesquisa, 2,88% delas deixaram de fazê-la por problemas menstruais. Para efeitos de comparação, o índice de meninas que relataram não ter conseguido realizar alguma de suas atividades por gravidez e parto foi menor: 2,55%.

Dados da ONU apontam que, no mundo, uma em cada dez meninas faltam às aulas durante o período menstrual. No Brasil, esse número é ainda maior: uma entre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorventes.

>> PE: pobreza menstrual atinge pessoas privadas de liberdade

Segundo a PNS 2013, a média de idade da primeira menstruação nas mulheres brasileiras é de 13 anos, sendo que quase 90% delas têm essa primeira experiência entre 11 e 15 anos de idade. Assim, a maioria absoluta das meninas passa boa parte de sua vida escolar menstruando. Com isso, perdem, em média, até 45 dias de aula, por ano letivo, como revela o levantamento Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil. “O ato biológico de menstruar acaba por virar mais um fator de desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Não podemos admitir que isso continue acontecendo”, destacou Marília Arraes. 

Mulheres encarceradas

Atualmente, o Brasil registra mais de 37 mil mulheres presas, segundo dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Na maioria das unidades prisionais espalhadas pelo país, o kit de higiene distribuído é o mesmo para mulheres e homens. Apenas algumas unidades disponibilizam absorventes para as presidiárias e mesmo assim em uma quantidade muito pequena, que não atende às suas necessidades. “Estar privada de liberdade em função do cumprimento de uma pena não significa ter que ser privada de dignidade”, concluiu a parlamentar.

Entre os anos de 2000 e 2005 chegavam até o Conselho Metropolitano da Comunidade, do qual a assistente social Wilma Melo fazia parte, notícias sobre a falta de condições de higiene na Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), no bairro da Iputinga, Zona Oeste da capital. Sem absorventes íntimos, algumas mulheres privadas de liberdade usavam até miolo de pão para conter o fluxo menstrual. O conselho foi extinto, mas Wilma Melo seguiu atuando na defesa dos direitos da população privada de liberdade. No último dia 27 de outubro, ela participou de vistoria na Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima (CPFAL), na Região Metropolitana do Recife (RMR), como  presidente do Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (Sempri) e coordenadora do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura. Na ocasião, ela sentiu voltar no tempo, ao ouvir relatos de presas sem acesso a absorvente, dessa vez usando pedaços de pano improvisadamente.

“Depois dessa situação do miolo de pão como absorvente a gente conseguiu dar um olhar para as mulheres encarceradas e houve uma sensível melhora. Mas quando a gente retorna à unidade prisional, a gente percebe que essa sensível melhora não frutificou. Mulheres não usam miolo de pão, mas continuam usando pedaços de pano e papel higiênico”, conta a assistente social.

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Nas entrevistas realizadas na inspeção da CPFAL, ficou constatado que, embora tenham sido solicitados 480 absorventes no mês da inspeção, foram disponibilizados apenas 48. Em 17 de dezembro deste ano, conforme dados do Mapa da Totalidade oferecido pelo Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco, a unidade prisional tinha 442 pessoas encarceradas para 192 vagas, o equivalente a uma lotação de aproximadamente 230%, o que significa uma taxa de ocupação de 2,3 presas por vaga.

O tema da pobreza menstrual ganhou maior difusão no país após o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), sancionar com vetos em outubro o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. Os artigos vetados previam a distribuição de absorventes nas cestas básicas das brasileiras de baixa renda por meio do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. O texto original também adotava a entrega de absorventes para estudantes de baixa renda matriculadas em escolas públicas, mulheres em situação de rua e privadas de liberdade no sistema prisional e socioeducativo. Para justificar os vetos, o governo defendeu que o texto "contraria o interesse público" e não indicava a fonte de custeio.

Também em outubro, o Governo de Pernambuco lançou o Programa de Educação em Saúde Menstrual, voltado para as escolas da rede estadual. O projeto prevê distribuição de absorventes para estudantes em idade menstrual e formação e orientação sobre questões sociais, biológicas e emocionais que afetam a vida da mulher durante o período da menstruação. "A conscientização dos nossos jovens sobre a saúde da mulher começa nas escolas", disse o governador Paulo Câmara (PSB) ao lançar o programa.

Além de Wilma Melo, participaram da inspeção de outubro a Defensoria Pública do Estado de Pernambuco e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Ofício enviado pela Defensoria Pública diz haver um contrassenso entre o Programa de Educação em Saúde Menstrual do Governo de Pernambuco e a ausência de tais políticas públicas nas unidades prisionais femininas. “As pessoas que nós entrevistamos narraram que dependiam sempre desse fornecimento por parte das visitas e havia muitas dificuldades para aquelas que não recebiam visitas”, conta a defensora pública Gabriela Lima Andrade, do Núcleo de Cidadania Criminal e Execução Penal (NECCEP).

“Trata-se de uma obrigação do Estado fornecer o absorvente íntimo às pessoas privadas de liberdade”, acrescenta a defensora. “As mulheres e os homens trans privados de liberdade sofrem duplo estigma, gerado pelo cárcere e discriminação de gênero, e isso decorre de uma sociedade pautada, em geral, em padrões masculinos de dominação.”

Duas ex-detentas com passagem pela Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR) e pela  Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima (CPFAL) ratificam que a situação de pobreza menstrual no cárcere não é nova e que as mulheres precisam contar com doações e ajuda de familiares para ter acesso aos absorventes. Presas que não recebem visitas enfrentam maiores dificuldades no acesso a itens de higiene e precisam da solidariedade de outras mulheres privadas de liberdade.

Márcia Félix, de 31 anos, esteve reclusa nas duas unidades, com a última passagem se encerrando em 2020. "É uma situação bem complicada. A quantidade de mulheres é muita e de doações é muito pouca", resume ela. 

"Eu já cheguei a ficar no Castigo [cela isolada para punir reeducandos por comportamento considerado desviante] usando papel higiênico porque não tinha absorvente no pavilhão. Essa é a realidade de muita gente", conta. "Também já tive que usar pano. Chegou a data da minha menstruação e era domingo, não tinha expediente no setor social nem na enfermaria. Eu tive que botar pano, usando roupas velhas usadas", lembra ela.

"Eu já passei por constrangimento”, continua Márcia. “Estava com as meninas e o sangue passou para a roupa. Elas entendem, mas sempre tem uma ou outra que gosta de falar.”  Ela já recebeu kits de higiene de uma enfermeira e da diretora da escola. "A enfermeira pedia para eu não dizer para as outras, porque se eu dissesse muitas iam pedir e ela não teria condições de dar."

Já Nara, como quis ser identificada, de 37 anos, passou nove meses na CPFAL, deixando a unidade em novembro de 2019. Por ser concessionada, ou seja, exercia atividade laboral na unidade, ela tinha mais facilidade para obter materiais de higiene. Mas a posição que ocupava também fez conhecer muitos casos de pobreza menstrual.

"Para as presas de forma geral é complicado o acesso, pelo fato de que quem leva o absorvente são as igrejas e outras doações", lembra. A ex-detenta conta que a única vez que recebeu o absorvente íntimo do Estado foi no dia em que chegou à unidade. "Sempre havia presas que vinham me pedir absorvente. Toda semana eram cinco, seis, dez que vinham me pedir”, lembra. "O Estado tem a obrigação de prover a sua sobrevivência. Boa parte da população carcerária não tem muito estudo, muito grau de instrução e pensa que tudo isso é favor. Mas é um direito da gente enquanto ser humano custodiado pelo Estado", ela ressalta. Tanto Márcia Félix quanto Nara estão em busca de emprego, vivendo de bicos desde que deixaram o cárcere.

O coletivo Liberta Elas é um dos que doam materiais básicos de higiene para as unidades prisionais femininas de Pernambuco. "Muitas mulheres para se manter dentro das unidades prisionais contam muito com a ajuda da família. É a família que vai levar, além do carinho e do afeto, remédios, roupas e produtos de higiene”, diz Juliana Trevas, que é uma das coordenadoras do projeto.

Segundo Trevas, a falta de absorventes é só a “ponta do iceberg”. "Essa situação escancara que o Estado não cumpre o que está na lei. E, assim, demonstra mais uma vez as péssimas condições do cárcere, as violações de diversas esferas. Revela como é precária e de violação de direitos a situação que aquelas mulheres se encontram, que nem absorvente tem, nem sabonete, nem xampu ou lençol", lamenta ela. "É um local de extrema ausência de tudo", completa.

A integrante do Liberta Elas defende que a ausência do absorvente íntimo afeta a dignidade das mulheres presas, às quais ela se refere como “sobreviventes”. "Afeta a dignidade totalmente. A menstruação ainda é um tabu. Todo mundo sabe que existe, mas muita gente tem nojo do sangue menstrual, inclusive as próprias mulheres. Imagina você estar sangrando e não ter o mínimo de higiene para passar seu ciclo de uma forma tranquila. Você não ter absorvente é um componente da humilhação", ela diz.

A assistente social Wilma Melo cobra de parlamentares mulheres uma atenção para as mulheres privadas de liberdade, apresentando emendas e projetos que tornem a Lei de Execuções Penais menos genérica, identificando de forma clara as necessidades específicas para as unidades prisionais femininas. “A lei é de 1984, ela ainda não era tão voltada para a mulher presa. Então não se olhou isso e hoje as emendas ainda não olham. Não é obrigação das organizações estar levando material como sabonete, pasta, desodorante e absorvente íntimo para as mulheres encarceradas. É dever do Estado garantir o mínimo necessário de condições higiênicas para essas mulheres”, argumenta.

No ofício enviado à Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), a Defensoria Pública cobra detalhes sobre a quantidade de absorventes disponibilizados pelo Estado às unidades prisionais e o fornecimento em caráter urgente do material. 

O LeiaJá procurou o governo estadual para comentar a falta de absorventes no cárcere. As questões foram respondidas pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), responsável por fazer o repasse do item de higiene.

A SES defende que não houve ausência de fornecimento, que é oferecida a quantidade solicitada e que há disponibilidade do produto no estoque. Segundo a pasta, foram disponibilizados 1.799 pacotes nos últimos seis meses para a CPFAL, sendo uma média de 257 pacotes com oito unidades em cada mês.

A última compra de absorvente foi realizada em 2019. Durante os anos de 2020 e 2021, a CPFAL foi abastecida por meio desse estoque. A SES não informou o custo.

Ainda segundo a pasta, o cálculo de absorventes a serem entregues individualmente é realizado com base em um consumo estimado de duas a três unidades por dia para cada mulher privada de liberdade. Apesar dos diversos relatos, a secretaria afirma que a distribuição do absorvente íntimo é realizada igualmente para todas as privadas de liberdade, independente se elas recebam ou não visitas.

 Os pontos de arrecadação são: 

1) Defensoria Pública de Pernambuco

- Av. Manoel Borba, 640. Boa Vista. @defensoriape

2) Marília Sales Visagista @mariliasales_vs

Rua Visconde de Ouro Preto, 156. Casa 2. - Casa Forte - . Entregas nas quartas-feiras entre 14h e 18h

3) Ciclos Absorventes @ciclos_absorventes

Rua Professor Henrique de Lucena, 56. - Jardim São Paulo-

4) Bestafera Bar @bestaferabar

Rua Mamede Simões, Centro.

5) Centro Comunitário Germinar

Rua Andaraí, 101,Cj. Flor do Carmelo, Jardim Piedade

6) AMPAC - Associação de Mãe, Pai e Adolescente do Coque @ampacoque

Rua Catalão, 92, Joana Bezerra, Coque.

7) Poço das Artes @pocodasartes

Rua Álvaro Macedo, 54, Poço da Panela.

A apreciação do veto presidencial ao Projeto de Lei n. 4968/2019, conhecido como PL dos Absorventes, de autoria da deputada Marília Arraes (PT-PE), foi retirada da ordem do dia do Congresso Nacional nesta sexta-feira (17). O adiamento foi confirmado pela assessoria da parlamentar. Esta será a última sessão conjunta do Senado e da Câmara, que se preparam para a pausa de fim de ano e só retomam a apreciação das matérias em 2022. A sessão de hoje está prevista para análise de diversos vetos presidenciais, mas só o PL da pobreza menstrual ficou pendente. 

O presidente, apesar de ter sancionado a criação do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual (Lei 14.214), vetou, em outubro, a previsão de distribuição gratuita de absorventes femininos para estudantes de baixa renda e pessoas em situação de rua, que era a principal medida determinada pelo programa. A sanção foi publicada no Diário Oficial da União.  

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A proposta (PL 4.968/2019), da deputada Marília Arraes (PT-PE), foi aprovada pelo Senado em 14 de setembro, sob a relatoria da senadora Zenaide Maia (Pros-RN). A intenção era combater a precariedade menstrual, que significa a falta de acesso ou a falta de recursos para a compra de produtos de higiene e outros itens necessários ao período da menstruação. 

De acordo com parlamentares favoráveis à aprovação do projeto, o adiamento da análise é mais uma “artimanha” do governo Bolsonaro para impedir o trabalho de Marília, que é de oposição, e para barrar um parâmetro básico da dignidade das mulheres. Confira a repercussão entre os políticos: 

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Foi cancelada a sessão conjunta do Congresso Nacional que estava agendada para esta terça-feira (7) com o propósito de deliberar sobre 26 vetos que estão com o prazo constitucional de análise vencido e 16 projetos de lei (PLN). 

Entre os vetos em pauta estão três propostas na área de saúde: a quebra de patentes de vacinas e remédios para combate à pandemia de Covid-19 (Veto 48/21), o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual (Veto 59/21) e o acesso a tratamentos de quimioterapia por usuários de planos de saúde (Veto 41/21). 

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Outros temas polêmicos são a privatização da Eletrobras (Veto 36/21) e a definição do crime de comunicação enganosa em massa (fake news) e de atentado ao direito de manifestação (Veto 46/21). 

Pandemia

O líder do PT, deputado Bohn Gass (PT-RS), destaca a importância da quebra de patentes de vacinas por causa do risco de novas variantes de coronavírus. "Estamos diante de um novo surto nesta pandemia, o que já está acontecendo em vários países. Nós precisamos da quebra de patentes, para que vacinas e remédios possam ser fabricados com maior intensidade para nossa população. Esse veto precisa ser derrubado", afirmou. 

Entre os dispositivos vetados do Projeto de Lei 12/21 estão a dispensa de processo administrativo para licença compulsória durante emergência de saúde pública e a obrigação de o titular da patente prestar informações para fabricação de vacinas e medicamentos, incluindo o fornecimento de material biológico essencial. No veto, o governo afirma que a proposta pode trazer o caos ao sistema nacional de patentes e suscitar conflitos com a indústria farmacêutica. 

Também está pendente de análise o veto total à Lei Assis Carvalho, que oferece auxílio a pequenos produtores rurais afetados pela pandemia (Veto 51/21). 

Absorventes

Parlamentares da bancada feminina já se manifestaram pela derrubada do veto à distribuição gratuita de absorventes higiênicos femininos para estudantes de baixa renda, mulheres em situação de rua ou mulheres apreendidas e presidiárias. Entre elas, a senadora Simone Tebet (MDB-MS). "A menina não pode ficar 40 dias fora da sala de aula, porque isso vai impactar a sua escolaridade, a sua independência econômica", argumenta. 

A líder do Psol, deputada Talíria Petrone (RJ), também afirma que a falta de absorventes está relacionada à evasão escolar de meninas. "Estamos falando da dignidade. Muitas meninas param de frequentar a escola", relata. 

Na justificativa do veto, o governo argumenta que o programa não é compatível com a autonomia das redes e estabelecimentos de ensino e a proposição não indica a fonte de custeio ou medida compensatória. 

Quimioterapia

Entre os itens da pauta, o Projeto de Lei 6330/19, que garante tratamentos antineoplásicos domiciliares de uso oral por usuários de planos de saúde, foi vetado integralmente. A proposta beneficiaria mais de 50 mil pacientes que poderiam realizar o tratamento de quimioterapia em casa, sem necessidade de internação hospitalar.  O governo defende o veto por causa do alto custo dos antineoplásicos orais, que poderia "ameaçar a sustentabilidade do mercado de planos privados de assistência à saúde e elevar os preços para os consumidores". 

O veto provocou a reação de vários parlamentares. A coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Prol da Luta contra o Câncer, deputada Silvia Cristina (PDT-RO), que é paciente oncológica e relatou a proposta na Câmara, se disse “indignada” com o que chamou de “veto à vida”. 

Eletrobras

Outro veto que depende da análise dos parlamentares trata da lei sobre a privatização da Eletrobras (Veto 36/21). Os dispositivos vetados incluem garantias para empregados e ex-empregados da Eletrobras e regras para o funcionamento de hidrelétricas e subsidiárias e os novos contratos de concessão de geração de energia. Na justificativa, o governo afirma que a proposta geraria dificuldades no processo de desestatização e provocaria efeitos negativos no processo de fixação do valor das novas ações a serem emitidas. 

O aumento no preço da energia é um dos argumentos utilizados por pelo deputado Bohn Gass para apoiar a derrubada dos vetos a 14 dispositivos na lei sobre a privatização da Eletrobras (Medida Provisória 1031/21). "As pessoas têm medo de olhar a conta de luz no fim do mês. Estamos prestes a sofrer uma situação de flagrante dificuldade energética, e estão querendo vender a Eletrobras", afirmou. 

Fake news

Também polêmico, o Veto 46/21 trata da definição dos crimes de comunicação enganosa em massa (fake news) e de atentado ao direito de manifestação. Os dispositivos estavam no Projeto de Lei 2462/91, que revoga a Lei de Segurança Nacional e define os crimes contra o Estado Democrático de Direito. 

O presidente Jair Bolsonaro justifica o veto afirmando que o texto não deixa claro qual conduta seria objeto da criminalização das fake news, se a conduta daquele que gerou a notícia ou daquele que a compartilhou.

O governo ainda afirma encontrar dificuldade em caracterizar o que viria ser manifestação pacífica, e por isso a tipificação do crime de atentado ao direito de manifestação poderia prejudicar a ação das forças de segurança. 

*Da Agência Câmara de Notícias

O Congresso Nacional reúne-se em sessão conjunta nesta terça-feira (7) para deliberar sobre 26 vetos e 16 projetos de lei (PLN). A sessão na Câmara dos Deputados está prevista para as 14h e a do Senado, para as 18h. Os deputados deliberam novamente às 20h.

Entre os vetos, 20 são parciais. Entre eles está o VET 36/2021, apresentados pelo Poder Executivo ao Projeto de Lei de Conversão (PLV) 7/2021, que trata do processo de privatização da Eletrobras. A matéria foi sancionada pelo presidente da República Jair Bolsonaro como Lei 14.182, de 2021.

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O presidente retirou do texto a possibilidade de empregados demitidos após a privatização adquirirem ações da empresa com desconto. Para ele, vendas de ações dessa forma tipificam conduta ilegal de distorção de práticas de mercado.

Também foi vetada a permissão para que funcionários demitidos até um ano após a privatização sejam realocados em outras empresas públicas. Bolsonaro vetou ainda um dispositivo que pretendia proibir a extinção, fusão ou mudança de domicílio estadual, durante 10 anos, da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), de Furnas, da Eletronorte e da Eletrosul.

Outro item vetado foi a realocação de populações na faixa de servidão de linhas de transmissão com tensão igual ou superior a 230 quilovolts (Kv). Para o governo, a medida prejudica o programa Casa Verde e Amarela. Também não foi sancionada a obrigatoriedade de sabatina pelo Senado para que o indicado à direção do Operador Nacional do Sistema (ONS) possa assumir o cargo.

LDO

O presidente Jair Bolsonaro sancionou com vetos a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que define regras para a elaboração do Orçamento de 2022. Por isso, os parlamentares vão analisar o VET 44/2021. Além de vetar o fundo especial de R$ 5,7 bilhões para o financiamento das eleições do ano que vem, o Palácio do Planalto decidiu barrar itens que previam recursos para o enfrentamento da pandemia de coronavírus. A Lei 14.194, de 2021, foi publicada com mais de 40 dispositivos vetados. 

Pobreza menstrual 

Um dos vetos parciais que causou grande manifestação da sociedade (VET 59/2021) foi o relativo à criação do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual (Lei 14.214, de 2021), que previa distribuição gratuita de absorventes higiênicos para estudantes de baixa renda e pessoas em situação de rua.

O presidente Bolsonaro vetou seis trechos da proposição sob argumentos de falta de previsão de fontes de custeio e incompatibilidade com a autonomia dos estabelecimentos de ensino.

Veto integral 

Entre as seis matérias que foram vetadas por completo está o Projeto de Lei (PL) 2.110/2019, que define o termo “praça” para efeito de tributação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). De acordo com o projeto, “praça” é o município onde está situado o estabelecimento do remetente do produto. 

No veto (VET 58/2021), o presidente da República afirma que a proposição legislativa contraria o interesse público por gerar insegurança jurídica, “haja vista que a definição do termo 'praça' como sendo o município onde estivesse situado o estabelecimento do remetente, para fins de determinação do valor mínimo tributável do IPI, estaria em descompasso com o entendimento aplicado pela 3ª Turma da Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf)".

Também foi vetado integralmente (VET 41/2021) projeto que facilitaria o acesso a remédios orais contra o câncer. O PL 6.330/2019, do senador Reguffe (Podemos-DF), beneficiaria mais de 50 mil pacientes que poderiam realizar o tratamento em casa, sem necessidade de internação hospitalar.

Créditos 

O PLN 40/2021 trata da destinação de crédito suplementar de R$ 889,5 milhões a órgãos do Poder Executivo e de transferências a estados, Distrito Federal e municípios.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

*Da Agência Senado

“Quando uma fralda do meu filho arrebenta, penso: ‘vai virar absorvente’”. Vanessa Moraes, 39 anos, admite que raramente consegue comprar absorventes, um problema compartilhado por muitas pessoas pobres e que ganhou atenção depois que o presidente Jair Bolsonaro vetou sua distribuição gratuita.

Em meio à correria entre os serviços de garçonete e motorista que realiza para sobreviver, Vanessa, uma mulher negra, alta e de longos cabelos castanhos, cuida dos dois filhos, de 11 e 12 anos. O mais velho, Hugo, tem deficiência. O auxílio que recebe do governo, no valor de um salário mínimo (1.100,00), mal supre as necessidades dele.

Toda a renda desta moradora do Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, é voltada para prioridades que não incluem absorventes.

“Absorvente é caro, então a gente apela para uma fralda, um tecido, uma fronha de travesseiro”, conta.

O preço de um pacote de absorvente, segundo pesquisa realizada pela marca de coletores menstruais Fleurity, é de entre R$ 3 e R$ 10.

O relatório “Livre para Menstruar – Pobreza menstrual e a educação de meninas”, divulgado este ano pelo movimento “Girl Up”, da Fundação das Nações Unidas, revelou que 30% do país menstrua - ou 60 milhões de meninas e mulheres. Sem acesso a absorventes, uma em cada quatro meninas e adolescentes deixa de frequentar a escola quando está menstruada.

Outra pesquisa, da fabricante Sempre Livre, divulgada em setembro, estima que 28% das mulheres de baixa renda sofrem de pobreza menstrual, ou seja, a falta de condições mínimas de higiene neste período.

Com dificuldade de acesso a absorventes, muitas optam por alternativas, como miolo de pão, papéis e o ‘paninho’ - pedaço de tecido que é lavado e reutilizado.

Cercada por adereços do Flamengo na casa de poucos cômodos onde moram seus pais, Vanessa conta sua história enquanto brinca com o filho.

Apesar de morar numa casa separada, encontra suporte onde cresceu com os pais, que não trabalham. Filha única depois de perder um irmão em um acidente de trânsito, se emociona toda vez que fala da família.

Hugo tem paralisia cerebral e precisa de cuidados constantes. Depois que nasceu, a renda de Vanessa passou a ser direcionada ao filho.

“Acabo focando nele e esquecendo de mim”, confessa.

Quando uma fralda de Hugo arrebenta, Vanessa a transforma em absorvente. Com uma peça em mãos, ilustra: arranca os elásticos e abre o produto descartável, adicionando um pedaço de pano para torná-la mais eficiente.

“Por conta da necessidade, a gente vai se virando”, explica.

- “Questão de saúde pública” -

Vanessa recebe ajuda da ONG ‘One by One’, que auxilia pessoas com deficiência em situações de vulnerabilidade no Rio de Janeiro.

Além de prover recursos como cadeiras de rodas, a organização fornece cestas básicas para as famílias e absorventes para as mulheres.

Assim como Vanessa, Karla Cristina de Almeida, de 15 anos e também negra, conta com as doações da ONG para conseguir absorventes. Em sua casa no Complexo da Maré, divide o mesmo pacote com a irmã.

"Às vezes temos um pacote só, outras vezes não temos nenhum. Quando não temos, nem saio de casa. Já faltei a escola por causa disso", confessa.

Durante ação de distribuição de absorventes da ONG, várias mulheres fazem fila. Entre elas Miriam Firmino, de 51 anos e moradora do Engenho da Rainha. Mãe de três meninas, conta que desde pequena sempre usou "paninho", mas hoje busca doações para que suas filhas não passem o mesmo.

"Para comprar (absorvente), você tem que correr atrás de promoção. Quando não conseguimos comprar, nos viramos com o que temos", afirma.

A presidente da 'One by One', Teresa Stengel, conta que “com a pandemia e a crise econômica, muitas mães que atendemos relatam que voltaram a usar paninhos, papel, algodão e outros materiais quando menstruam”.

“Elas reclamam de machucados e infecções. A pobreza menstrual é uma questão de saúde pública”, destaca.

- Veto do governo -

Em outubro, o presidente Bolsonaro sancionou o projeto de lei instituindo o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual para promover “saúde e atenção à higiene feminina”.

Porém, os trechos do projeto que previam a distribuição gratuita de absorventes foram vetados pelo presidente “por entender que despesas geradas com a instituição do Programa não apontaram a fonte orçamentária para seu custeio, ou mesmo medidas compensatórias”.

O Congresso pode derrubar o veto apenas por maioria absoluta e não há data marcada para votação.

Após a medida presidencial, governos municipais e estaduais passaram a mobilizar campanhas.

A prefeitura do Rio anunciou o programa “Livres para Estudar”, que visa distribuir mais de 8 milhões de absorventes por ano para cerca de 100 mil estudantes da rede municipal de ensino, contemplando também meninos trans e pessoas não-binárias que menstruam.

Foi sancionada, nesta sexta-feira (24), pelo prefeito do município de Paudalho, na Mata Norte de Pernambuco, Marcelo Gouveia, a Lei nº998 de 2021 que institui o programa de fornecimento de absorventes descartáveis para alunas da rede municipal de ensino da região.

A distribuição dos itens nas instituições de ensino será realizada pela Secretaria de Educação da cidade. Por meio da assessoria, o gestor municipal, explica que a norma é uma questão de saúde pública e um direito. "Sabemos que no Brasil existe a Lei de Combate à Pobreza Menstrual que determina o acesso a absorventes higiênicos e muita das vezes a aluna deixa de ir até a escola pela falta dos absorventes e isso causa a evasão. Nós queremos com essa ação combater esse fator e também garantir o direito", afirma Gouveia.

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De acordo com o texto sancionado, a Secretaria de Educação poderá receber doações de absorventes, através de parcerias com empresas privadas ou organizações não governamentais. No entanto, a maioria das despesas com o projeto será de responsabilidade da prefeitura. Além da distribuição, a Lei propõe que as escolas promovam rodas de conversa, palestras ou cursos para conscientização sobre o tema da menstruação e menarca (primeira menstruação).

O parlamento escocês votou e aprovou por unanimidade a distribuição gratuita de absorventes, fazendo com que a Escócia seja o primeiro país no mundo a distribuir gratuitamente à população esse tipo de produto. 

O projeto foi apresentado pela parlamentar Monica Lennon, do Partido Trabalhista. Ela tem feito campanha e servido de linha de frente para acabar com a chamada 'pobreza menstrual' desde 2016.

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As autoridades locais agora têm o dever legal de garantir que os absorventes e coletores estejam disponíveis "para quem precisar deles", incluindo as pessoas trans.

"As menstruações não param por causa das pandemias e o trabalho para melhorar o acesso a absorventes nunca foi tão importante’’, afirmou Lennon.

A proposta é usar o mesmo modelo pelo qual preservativos são distribuídos gratuitamente hoje.

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