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Três advogados do opositor russo Alexei Navalny foram colocados em prisão preventiva nesta sexta-feira (13), depois que os serviços de segurança revistaram suas residências, anunciou a equipe do ativista anticorrupção.

Os advogados Vadim Kobzev, Igor Sergunin e Alexey Liptser permanecerão presos até 13 de dezembro, pelo menos. A operação foi realizada no contexto de uma investigação por “participação em atividades extremistas”, informou o chefe do departamento jurídico da Fundação Anticorrupção de Navalny, Viacheslav Gimadi.

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Em junho de 2021, tribunais russos classificaram como extremistas as organizações de Navalny, uma das maiores vozes da oposição russa na última década, que mobilizou manifestantes contra o governo antes de ser preso, naquele mesmo ano, por acusações de fraude.

Vadim Kobzev deveria comparecer hoje junto à Justiça para representar Navalny em um processo contra a sentença de prisão.

“É por isso que tudo isto está acontecendo, para que Alexei fique sem proteção legal, sem conexão com o mundo externo", disse a porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh. “E para enviar a mensagem a outros advogados de que é perigoso defendê-lo e defender outros presos políticos.”

Navalny foi condenado em agosto a 19 anos de prisão por “extremismo” e está em uma prisão de segurança máxima perto de Moscou. Desde que foi preso, comunica-se com o mundo externo por meio de mensagens enviadas a seus advogados, nas quais continua denunciando a política do Kremlin e sua ofensiva na Ucrânia.

A repressão às vozes dissidentes aumentou após a ofensiva russa contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022, e levou para o exílio a maior parte do movimento opositor.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) voltou a abrir as portas para a participação de atletas russos nos Jogos de Paris-2024, independentemente da suspensão aplicada sobre o comitê olímpico de seu país, nesta semana. A Rússia vem sendo excluída das principais competições internacionais por ter invadido a Ucrânia, no ano passado.

Nesta sexta-feira, o presidente do COI, Thomas Bach, afirmou que atletas russos podem ser convidados de forma direta para a grande competição na capital francesa. "Serão convites que administraremos com federações internacionais e, se necessário, com as respectivas associações nacionais", afirmou o dirigente.

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Em seu discurso, Bach reiterou que a medida visa proteger os esportistas. "Não vamos punir ou sancionar atletas por causa das atitudes de seus dirigentes ou ainda por atos do governo local".

Ainda assim, os membros do conselho do Comitê Olímpico Russo, como Yelena Isinbayeva, ex-atleta do salto com vara, que integram o COI, podem manter privilégios com despesas pagas, incluindo a participação de reuniões. Questionado sobre a situação, Bach foi enfático. "Eles não são os representantes da Rússia no COI e sim os representantes do COI na Rússia", afirmou.

A entidade adotou uma posição mais forte em relação à guerra da Ucrânia após o país ter sido invadido em fevereiro de 2022. Em seguida, o COI estimulou os órgãos reguladores do desporto a excluírem os atletas e equipes russas das competições.

Bach já havia apontado a gravidade da violação da Rússia pela trégua olímpica apoiada pelas Nações Unidas ao iniciar a guerra apenas quatro dias após a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022.

Nesta sexta-feira, ele repetiu a recente afirmação de que esportistas de todo o mundo, e especialmente da África, querem que os atletas russos que não apoiaram a guerra regressem às competições.

A Ucrânia reivindicou nesta quarta-feira (4) a destruição de um sistema antiaéreo S-400 na Rússia, depois de Moscou ter anunciado que derrubou 31 drones e impediu uma tentativa de aterrissagem na península anexada da Crimeia.

Uma fonte do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) declarou à AFP que Kiev atacou com drones o sistema antiaéreo na região de Belgorod, cenário de diversos ataques nos últimos meses.

"O motivo das explosões noturnas na região de Belgorod é conhecido: o SBU atacou um sistema antiaéreo S-400", indicou a fonte, sob condição de anonimato.

Em setembro, o SBU já havia assumido o bombardeio de um primeiro sistema S-400 na Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

O Ministério de Defesa da Rússia anunciou, por sua vez, que abateu durante a noite 31 drones ucranianos que sobrevoavam as regiões de Belgorod, Biransk e Kursk - fronteira com a Ucrânia.

O ministério, que não informou nenhum dano ou feridos, explicou em outro comunicado que "um aparato das forças aeroespaciais russas acabou com a tentativa de um grupo de aterrissagem das forças armadas da Ucrânia de penetrar no território da Crimeia".

De acordo com a publicação, os soldados estavam a bordo de "uma lancha militar e três jet skis" em direção ao cabo Tarjankut, no noroeste da península.

A liderança da inteligência militar ucraniana reivindicou a operação.

Por outro lado, o governador da província de Bryansk, Alexander Bogomaz, acusou Kiev de usar bombas de fragmentação contra quatro distritos da sua região, algo que causou "destruição parcial" de casas e edifícios.

Os bombardeios em território russo aumentaram desde junho, quando a Ucrânia lançou a contraofensiva para recuperar os territórios ocupados por Moscou após a ofensiva de fevereiro de 2022.

O Comitê Paralímpico Internacional decidiu nesta sexta-feira permitir que atletas russos participem dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024. Os esportistas da Rússia, que vêm enfrentando restrições em diversas competições internacionais desde a invasão do país à Ucrânia em fevereiro do ano passado, poderão disputar o grande evento como atletas neutros.

A decisão foi tomada após votação na assembleia geral do Comitê, realizado nesta sexta em Manama, capital do Bahrein. Por 74 a 65 votos, a entidade decidiu não suspender a delegação russa. Na sequência, os membros do Comitê Paralímpico Internacional votaram, por 90 a 65, a favor de suspender "parcialmente" o país até 2025.

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A entidade alegou que a Rússia foi parcialmente suspensa por causa de "infrações em suas obrigações constitucionais como membro" do Comitê. As mesmas votações terão Belarus como protagonista ainda nesta sexta. O país é o principal aliado da Rússia na invasão à vizinha Ucrânia.

De acordo com o comitê, os russos "estarão elegíveis para participar de forma individual e neutra" na Paralimpíada e outros eventos geridos pela entidade. Pela definição, somente os atletas poderão competir nas provas individuais. As equipes russas foram vetadas das modalidades coletivas, caso do futebol, basquete, vôlei, entre outros.

A decisão, considerada tardia, já deve reduzir por si só a delegação russa na Paralimpíada, uma vez que muitos atletas russos não chegaram a disputar eventos pré-olímpicos e classificatórios nos últimos meses.

A Rússia poderá recorrer desta decisão na corte do próprio Comitê Paralímpico Internacional. O tribunal já havia alterado decisão da entidade, a favor da suspensão, em maio deste ano.

A decisão desta sexta-feira pode abrir precedente para o Comitê Olímpico Internacional (COI), que ainda não se manifestou oficialmente sobre a situação dos russos quanto à participação deles na Olimpíada de Paris-2024.

O chefe da diplomacia chinesa disse ao presidente russo, Vladimir Putin, que os dois países têm que trabalhar para aprofundar a sua cooperação, diante de "uma situação internacional complexa", informou nesta quinta-feira (21) a imprensa estatal do país asiático.

Durante um encontro com Putin em São Petersburgo, o chanceler Wang Yi ressaltou que "o mundo evolui rapidamente para a multipolaridade”, indicou a agência Xinhua. "Ambas as partes precisam fortalecer a sua cooperação multilateral estratégica, proteger seus direitos e interesses legítimos e empreender novos esforços para promover a ordem internacional rumo à igualdade e justiça", acrescentou.

Putin disse ao chanceler chinês que suas posições “coincidem em relação ao surgimento de um mundo multipolar”, informou a Xinhua. O presidente russo anunciou que viajará à China em outubro, a convite do colega Xi Jinping.

Os laços entre a China e a Rússia se tornaram ainda mais fortes a partir do começo da ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, que não foi criticada por Pequim.

Várias cidades ucranianas foram alvos de ataques de mísseis russos nesta quinta-feira, que deixaram dois mortos em Kherson (sul) e sete feridos em Kiev na queda de destroços, anunciaram as autoridades locais.

"Esta noite, a Rússia lançou um ataque em larga escala contra a Ucrânia", afirmou o vice-chefe do gabinete presidencial ucraniano, Oleksii Kuleba, no Telegram. "Meses difíceis nos aguardam: a Rússia atacará as instalações de energia e de importância crítica do país", acrescentou.

O comandante do exército ucraniano, Valeri Zaluzhni, anunciou que 36 dos 43 mísseis lançados durante a noite contra várias localidades do país foram derrubados.

"O exército russo bombardeou os bairros residenciais de Kherson (...) No momento sabemos de dois civis mortos", escreveu na plataforma Telegram o governador da região, Oleksandr Prokudin. Ele também informou que quatro pessoas foram hospitalizadas.

Os falecidos eram dois homens, de 29 e 41 anos, segundo o governador.

Durante a noite, outras cidades ucranianas foram atingidas por mísseis russos, incluindo a capital Kiev, onde sete pessoas ficaram feridas, informou o prefeito Vitali Klitschko.

As sete pessoas feridas moram no bairro de Darnitskyi. Três foram hospitalizadas.

Em Cherkasy, ao sul de Kiev, sete pessoas ficaram feridas em um ataque de míssil contra um hotel, afirmou o ministro do Interior, Igor Klimenko.

As autoridades locais também relataram ataques nas regiões de Rivne e Lviv, noroeste do país, e em Kharkiv, na região nordeste e próxima da fronteira com a Rússia.

Após o discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), nessa terça (19), o presidente Lula (PT) permaneceu em Nova Iorque e vai se encontrar pela primeira vez com Volodymyr Zelensky nesta quarta (20). Sem aplaudir a fala do bresileiro, o presidente ucraniano solicitou o encontro para discutir o fim da guerra com a Rússia.

A reunião entre os líderes ocorre em meio a uma grande expectativa pela posição de neutralidade do Brasil na guerra. Após o choque de agendas que impediu a conversa entre os dois na reunião do G7, o brasileiro não aderiu às sanções impostas à Rússia pelos países que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e chegou a afirmar que o presidente russo Vladimir Putin não seria preso no Brasil mesmo após ser condenado pelo Tribunal Penal Internacional.

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Em uma breve fala a jornalistas na sede da ONU, Lula disse que a reunião com Zelensky foi marcada às 16h e partiu de um pedido do governo ucraniano. "Eles pediram e resolvemos atender", disse.

"A expectativa é de uma conversa de dois presidentes de países, cada um com seus problemas, cada um com suas visões", resumiu o brasileiro.

Compromissos do Presidente

Mais cedo, Lula e o presidente norte-americano, Joe Biden, participam da cerimônia de lançamento da iniciativa bilateral em prol do avanço de direitos trabalhistas na Economia. A agenda do brasileiro ainda está preenchida com os encontros com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, e o presidente paraguaio Santiago Peña.

O voo de retorno do presidente Lula a Brasília está previsto às 21h.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dirigiu duras críticas à Rússia, durante seu discurso na manhã desta terça-feira (19) na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Além disso, tratou brevemente da China, ao dizer que seu governo não busca um "desacoplamento" em relação à economia chinesa, mas deseja "reduzir riscos" em relação à potência asiática, sem buscar conflito.

Em outro momento do discurso, reafirmou a defesa de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.

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Biden disse que a Rússia tem conduta "irresponsável" na questão do controle de armas, ao abandonar iniciativa bilateral com os EUA para conter algumas classes de armamentos. Enfatizou que considera a Rússia "a única responsável" pela guerra "ilegal" na Ucrânia, e reafirmou o apoio ao povo ucraniano.

Como adiantado antes pela Casa Branca, Biden enfatizou a importância de se defender a Ucrânia e impedir sua divisão, inclusive como garantia de segurança para todos os países.

O presidente norte-americano também defendeu a importância de medidas coletivas para lidar com outras questões importantes, como as mudanças climáticas e seus riscos para toda a humanidade. Biden ainda mencionou alguns países que enfrentam problemas, como a Líbia, que sofreu enchentes recentes, e defendeu o envio de missão da ONU para ajudar o Haiti.

Sobre o Irã, disse "reafirmar" que o país não pode nunca possuir armas nucleares.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta terça-feira (19) na Assembleia Geral da ONU "diálogo" para resolver o conflito da Ucrânia.

O conflito na Ucrânia mostra "nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU", disse o presidente, que lembrou que "nenhuma solução será duradoura, se não for baseada no diálogo".

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Ele acrescentou: "Investe-se muito em armamentos e pouco em desenvolvimento".

Criticado no Ocidente por ter sido brando com a Rússia em relação à ofensiva na Ucrânia, Lula encontrará o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, em paralelo à Assembleia Geral.

Zelensky tentou se reunir com Lula na cúpula do G7 no Japão em maio, sem sucesso.

As relações estão tensas entre Zelensky e Lula, que chegou afirmar que o líder ucraniano é tão responsável pela guerra quanto o presidente russo, Vladimir Putin, e se recusou a se unir às nações ocidentais na imposição de sanções à Rússia, assim como no fornecimento de armas à Ucrânia.

Lula tenta posicionar o Brasil como potencial mediador do conflito, junto com outros países "neutros", incluindo China, Índia e Indonésia.

"Os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana", disse Lula da tribuna da Assembleia Geral em um discurso muito político, interrompido várias vezes por aplausos.

Após recordar que, no ano passado, os gastos militares somaram mais de dois trilhões de dólares (dez trilhões de reais na cotação da época), assegurou que a "cultura de paz é um dever de todos nós. Construí-la requer persistência e vigilância", disse antes de lembrar o risco de um golpe na Guatemala "que impediria a posse do vencedor de eleições democráticas".

Lula também fez referência à incapacidade para criar um Estado para o povo palestino, à crise humanitária no Haiti, ao conflito no Iêmen e à situação da Líbia, além das rupturas institucionais em vários países da África.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, retornou a seu país depois de concluir a "visita oficial de boa vontade" à Rússia, que abriu "um novo capítulo" nas relações entre os dois países, informou a imprensa estatal nesta terça-feira.

Kim "completou sua visita oficial à Federação da Rússia e passou pela estação ferroviária de Tumangang, a estação fronteiriça, na manhã de segunda-feira", informou a agência estatal KCNA.

Durante a viagem, o dirigente "aprofundou ainda mais a relação de camaradagem e os vínculos de amizade com o presidente russo (Vladimir) Putin e abriu um novo capítulo no desenvolvimento das relações entre a RPDC e a Rússia", afirma a agência, que utiliza a sigla do nome oficial da Coreia do Norte.

Na visita de vários dias, Kim teve uma reunião com Putin, inspecionou foguetes espaciais, aviões e submarinos, além de ter acompanhado uma demonstração militar da Frota Russa no Pacífico.

A viagem provocou inquietação entre os países ocidentais por um possível acordo de venda de armas entre Coreia do Norte e Rússia, algo que o Kremlin negou.

Analistas acreditam que a Rússia está disposta a comprar munições norte-coreanas para utilizar na Ucrânia, enquanto a Coreia do Norte tem interesse na tecnologia de satélites de Moscou.

Durante a viagem, Kim afirmou que a relação com a Rússia será a "prioridade número um" da Coreia do Norte, que historicamente tem a China como sua principal aliada e benfeitora.

Pyongyang e Moscou enfrentam sanções internacionais devido as testes de armas nucleares e à guerra na Ucrânia, respectivamente.

O governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ofereceu dois horários ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para uma reunião bilateral às margens da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que é realizada esta semana em Nova York. Ainda não há uma data fechada para o encontro, mas os assessores das duas partes trabalham para definir uma agenda nos próximos dias.

Houve uma tentativa frustrada de reunião entre os dois presidentes durante a reunião do G7, no Japão. Agora, uma nova chance de um encontro entre Lula e Zelensky ocorre em Nova York, onde líderes mundiais se reúnem nesta semana para a Assembleia Geral da ONU.

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A informação foi confirmada pelo líder do governo no Senado, o senador Jacques Wagner (PT-BA), a jornalistas, em Nova York.

Ele integra a comitiva brasileira que acompanha o presidente Lula à Big Apple.

O líder norte-coreano Kim Jong-un está voltando para casa neste domingo, 17, vindo da Rússia, encerrando uma viagem de seis dias que gerou preocupações globais sobre acordos de transferência de armas entre dois países que possuem impasses com o Ocidente.

O trem blindado de Kim partiu ao som da canção da marcha patriótica russa "Despedida da Eslava" no final de uma cerimônia em uma estação ferroviária em Artyom, uma cidade no extremo leste da Rússia, a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Coreia do Norte, segundo a agência de notícias estatal russa RIA.

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Altos funcionários, incluindo o ministro de Recursos Naturais da Rússia, Alexander Kozlov, e o governador regional de Primorye, Oleg Kozhemyako, estiveram presentes na cerimônia, que contou com uma banda militar russa tocando hinos nacionais norte-coreanos e russos.

Desde que entrou na Rússia na terça-feira passada, na sua primeira viagem ao exterior em mais de quatro anos, Kim encontrou-se com o presidente Vladimir Putin e visitou locais militares e tecnológicos importantes, destacando o aprofundamento da cooperação de defesa dos países frente aos confrontos cada vez mais intensos com o Ocidente.

Autoridades dos EUA e da Coreia do Sul disseram que a Coreia do Norte poderia fornecer munições extremamente necessárias para a guerra de Moscou contra a Ucrânia em troca de sofisticada tecnologia de armas russas que promoveria as ambições nucleares de Kim. Fonte: Associated Press

O governo da Rússia afirmou nesta sexta-feira (15) que nenhum acordo foi assinado durante a visita ao país do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, um tema que provocou muita preocupação no Ocidente, que suspeita da intenção de Moscou de comprar armas de Pyongyang para utilizar no conflito na Ucrânia.

"Nenhum acordo foi assinado e não estava planejado assinar qualquer acordo", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ao ser questionado pela imprensa sobre um possível contrato militar, ou de outro tipo.

Além do armamento que a Coreia do Norte poderia fornecer à Rússia, as potências ocidentais suspeitam de que Pyongyang busca adquirir tecnologia russa para seus programas nucleares e de mísseis.

Na reunião de quarta-feira no cosmódromo de Vostochni (extremo-leste do país), o presidente russo Vladimir Putin e Kim Jong-un trocaram rifles como presentes, objetos considerados simbólicos, devido aos temores do Ocidente.

Os dois demonstraram sua proximidade. Kim Jong-un declarou que a aproximação com Moscou era uma "prioridade absoluta" da política externa e Putin destacou o "fortalecimento" da cooperação.

O presidente russo citou "perspectivas" de cooperação militar, apesar das sanções internacionais que afetam Pyongyang por seu programa armamentista, que inclui testes nucleares.

Washington expressou "preocupação" com a possível compra de munições norte-coreanas, enquanto Seul fez uma "advertência veemente" contra qualquer negociação do tipo.

- Visita a uma fábrica de aviação militar -

Kim Jong-un, que chegou à Rússia na terça-feira em seu trem blindado, prosseguiu nesta sexta-feira com sua primeira viagem ao exterior desde o início da pandemia e visitou uma fábrica de aviação militar no extremo-leste russo.

O dirigente norte-coreano visitou a fábrica que tem o nome do cosmonauta Yuri Gagarin, que ele conheceu em 2002 durante uma viagem de seu pai, o falecido Kim Jong Il, segundo o governo russo.

Acompanhado pelo vice-primeiro-ministro russo do Comércio e Indústria, Denis Manturov, Kim acompanhou a produção de aviões de combate e de transporte civil, antes de observar um voo teste do caça Su-35.

"Vemos potencial de cooperação tanto na área de fabricação de aviões como em outras indústrias", declarou Manturov.

As autoridades russas também anunciaram que Kim visitará o porto de Vladivostok para uma "demonstração" da capacidade militar da frota russa no Pacífico.

Putin e Kim podem voltar a se reunir em breve.

O Kremlin confirmou na quinta-feira que o presidente russo aceitou um convite do dirigente norte-coreano para viajar a seu país, sem revelar a data da visita.

Esta será a segunda viagem do presidente russo à Coreia do Norte. Em julho de 2000, pouco depois de assumir a presidência, ele seu reuniu em Pyongyang com o pai do atual líder norte-coreano, Kim Jong-il.

Mais de duas décadas depois, a Rússia enfrenta um isolamento sem precedentes imposto pelas potências ocidentais, devido à ofensiva na Ucrânia, e Putin busca retomar as alianças da era soviética.

- "Violação direta" -

A Casa Branca informou na quinta-feira que o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, entrou em contato com os homólogos do Japão e da Coreia do Sul para comentar o encontro entre Putin e Kim.

Eles destacaram que "qualquer exportação de armas norte-coreanas para a Rússia seria uma violação direta de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU, afirmou o governo americano.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, já havia afirmado que está disposto a ter uma reunião com Kim "sem condições prévias" e reiterou a proposta, afirmou uma fonte do governo nipônico.

"Gostaríamos de manter conversas de alto nível sob o controle direto do primeiro-ministro para obter uma reunião de cúpula o mais rápido possível", disse o secretário-chefe de gabinete do governo japonês, Hirokazu Matsuno.

Seul afirmou que está "considerando todas as opções" a respeito da possibilidade de impor novas sanções a Moscou e Pyongyang.

"Se a Coreia do Norte alcançar um acordo sobre o comércio de armas após a reunião com a Rússia, isto seria um ato que ameaçaria gravemente a paz e a segurança na península coreana", afirmou o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Park Jin.

Depois de recorrer ao Irã para obter centenas de drones explosivos, a Rússia pode encontrar recursos úteis em Pyongyang, que possui grandes reservas de material soviético e produz armas convencionais em larga escala.

Em troca, Pyongyang poderia receber petróleo e alimentos russos, ou até mesmo acesso à tecnologia espacial.

O líder norte-coreano Kim Jong Un visitou nesta sexta-feira (15) uma fábrica da aviação militar na Rússia, depois de uma reunião na quarta-feira com o presidente Vladimir Putin, em uma viagem que pretende consolidar a aproximação entre os dois países excluídos da comunidade internacional.

Os dois países são aliados históricos e enfrentam uma série de sanções: a Rússia devido ao conflito na Ucrânia e a Coreia do Norte por seu programa armamentista, que inclui testes nucleares.

A visita do dirigente norte-coreano à Rússia é sua primeira viagem ao exterior desde a pandemia e provocou inquietação na Ucrânia, Estados Unidos e outras potências ocidentais devido à possibilidade de um acordo para venda de armas entre Moscou de Pyongyang.

A Coreia do Norte busca a ajuda da Rússia para desenvolver seu programa de mísseis e funcionários do governo americano e analistas afirmam que Moscou deseja comprar munições norte-coreanas para usar na Ucrânia.

Dois dias após a reunião com o presidente russo no cosmódromo de Vostochni, Kim chegou em seu trem blindado a Komsomolsk do Amur, onde foi recebido pelo governador regional Khabarovsk, Mikhail Degtiarev.

Kim visitou uma fábrica aeronáutica de equipamentos civis e militares no polo industrial do extremo leste russo, informaram as autoridades de Moscou.

O norte-coreano acompanhou a produção de caças Sukhoi Su-35 e Su-57 e observou um voo de teste.

"Vemos potencial de cooperação tanto na área de fabricação de aviões como em outras indústrias", afirmou o vice-primeiro-ministro russo do Comércio e Indústria, Denis Manturov, que acompanhou Kim na visita.

"Isto é particularmente importante para cumprir as tarefas que nossos países enfrentam para alcançar a soberania tecnológica", acrescentou.

- Viagem em trem blindado -

O líder norte-coreano partiu em seu trem blindado de Pyongyang no domingo (10), mas só chegou à fronteira com a Rússia, uma viagem de 500 quilômetros, na terça-feira (12).

Na quarta-feira, Kim se reuniu com Putin durante mais de duas horas no cosmódromo de Vostochni, também no extremo leste russo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, informou na quinta-feira que a visita de Kim seria prolongada "por mais alguns dias" e anunciou que Putin aceitou um convite do dirigente norte-coreano para viajar a seu país.

Esta será a segunda viagem do presidente russo à Coreia do Norte. Em julho de 2000, pouco depois de assumir a presidência, ele seu reuniu em Pyongyang com o pai do atual líder norte-coreano, Kim Jong Il.

Mais de duas décadas depois, a Rússia enfrenta um isolamento sem precedentes imposto pelas potências ocidentais devido à ofensiva na Ucrânia e Putin busca retomar as alianças da era soviética.

As autoridades russas também anunciaram que Kim visitará o porto de Vladivostok para acompanhar uma "demonstração" da capacidade militar da frota russa no Pacífico.

- EUA consulta Japão e Coreia do Sul -

A reunião entre os dois governantes gerou preocupação no Ocidente devido à possibilidade de negociação sobre um acordo de armas.

A Casa Branca informou que o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, entrou em contato com os homólogos do Japão e da Coreia do Sul para comentar o encontro.

Eles destacaram que "qualquer exportação de armas norte-coreanas para a Rússia seria uma violação direta de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU, incluindo algumas que a Rússia aprovou", afirmou o governo americano.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, afirmou que está disposto ter uma reunião com Kim "sem condições prévias", afirmou uma fonte do governo nipônico.

Kishida já havia mencionado a disponibilidade para iniciar um diálogo com Kim, mas desta vez a declaração acontece em um momento de grande tensão na região, após o encontro entre Kim e Putin.

"Gostaríamos de manter conversações de alto nível sob o controle direto do primeiro-ministro para obter uma reunião de cúpula o mais rápido possível", disse o secretário-chefe de gabinete do governo japonês, Hirokazu Matsuno.

Seul estuda a possibilidade de impor novas sanções a Moscou e Pyongyang, em caso de um acordo armamentista.

"Se a Coreia do Norte alcançar um acordo sobre o comércio de armas após a reunião com a Rússia, isto seria um ato que ameaçaria gravemente a paz e a segurança na península coreana", afirmou o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Park Jin.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de adotar sanções adicionais, ele respondeu: "Estamos considerando todas as opções".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já defendeu o fortalecimento do Tribunal Penal Internacional (TPI), órgão que o petista afirmou nesta segunda-feira, 11, que não conhecia. Durante o primeiro mandato, em 2004, o chefe do Executivo se comprometeu a complementar a legislação brasileira, seguindo diretrizes do tribunal, e a buscar o fortalecimento do Estatuto de Roma, tratado internacional que criou o TPI.

Na época, o governo Lula pretendia enviar um projeto de lei ao Congresso para adaptar as leis brasileiras às normas do Estatuto de Roma. O objetivo era tipificar os crimes de genocídio e de lesa-humanidade no Código Penal Brasileiro. A ideia foi divulgada pelo então secretário nacional dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, durante a Conferência Parlamentar Ibero-Americana na Câmara em março de 2004.

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O Tribunal Penal Internacional, também conhecido como Tribunal de Haia, foi tratado ainda pela sucessora do petista, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Em dezembro de 2015, no segundo mandato, a então chefe do Executivo assinou o decreto nº 8.604, que reconhece a personalidade jurídica do órgão, além de dispor sobre os privilégios e imunidades da Corte.

Mais recentemente, Lula e correligionários defenderam a punição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela atuação na pandemia de covid-19. Em abril, na Espanha, o presidente afirmou que Bolsonaro "um dia será julgado em tribunal internacional pela atuação na pandemia". Ele não citou nominalmente o TPI, que é o órgão internacional que pode julgar indivíduos acusados de genocídio - termo recorrentemente usado por petistas para responsabilizar o ex-chefe do Executivo pelas mortes pelo coronavírus.

Em fevereiro de 2022, parlamentares levaram o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid para o Tribunal de Haia. O documento acusa Bolsonaro de nove crimes no âmbito da pandemia, incluindo epidemia com resultado de morte e crime contra a humanidade. Estavam na comitiva os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso.

Neste sábado, 9, Lula garantiu que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, poderia se sentir tranquilo em participar da próxima reunião da Cúpula do G-20, a ser realizada em novembro de 2024 no Rio de Janeiro. Segundo o presidente, Putin, que será convidado para o encontro, entrará no Brasil "tranquilamente". O petista também afirmou que a prisão do líder russo em terras brasileiras seria um "desrespeito".

"O que eu posso dizer é que, se eu sou o presidente do Brasil e ele for para o Brasil, não há por que ele ser preso", afirmou em entrevista ao canal indiano Firstpost em Nova Délhi, onde participou da cúpula do G-20. "Ninguém vai desrespeitar o Brasil, porque tentar prender ele no Brasil é desrespeitar o Brasil", disse.

A discussão envolvendo Putin tem como base um mandato de prisão contra o presidente russo, emitido pelo Tribunal Penal Internacional, por crimes de guerra por causa de seu suposto envolvimento em sequestros e deportação de crianças de partes da Ucrânia ocupadas pela Rússia durante a guerra. Como o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, ele é obrigado a prender Putin caso ele esteja em terras brasileiras.

Esse foi o motivo do líder russo não participar pessoalmente a cúpula do Brics, na África do Sul, em julho. Assim como o Brasil, o país africano é signatário do Estatuto de Roma, o que também o obrigaria a prender Putin.

Após a declaração causar desgaste político, Lula recuou, afirmou que o tribunal funciona somente com países "bagrinhos", referência às nações menos desenvolvidos, e disse que nem sabia da existência do TPI. O petista também deixou em aberto uma eventual retirada do Brasil do Estatuto de Roma.

O que é o Tribunal Penal Internacional?

O Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma, entrou em vigor em julho de 2002. É um organismo internacional permanente, com jurisdição para investigar e julgar indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão. A sede está localizada na cidade de Haia, nos Países Baixos. Suas decisões podem ser cumpridas em 123 países, incluindo o Brasil que promulgou o Estatuto de Roma em setembro de 2002.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, recuou em seu compromisso de não deter o presidente da Rússia, Vladimir Putin, caso ele decida participar na próxima reunião de cúpula do G20 no Rio de Janeiro e afirmou que a decisão corresponde à Justiça.

"Não sei se a Justiça brasileira vai prender, isso quem decide é a Justiça. Não é o governo", declarou em uma entrevista coletiva um dia após a conclusão do encontro de cúpula do G20 em Nova Délhi.

Durante o fim de semana, em uma entrevista para um canal de televisão indiano, Lula afirmou que Putin não seria detido no Brasil, apesar de um mandado de prisão internacional emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), que o acusa de crimes de guerra.

A acusação é baseada na suposta deportação de crianças ucranianos durante a invasão russa à Ucrânia.

Lula questionou a participação do Brasil no TPI, quando outros grandes países não são signatários do Estatuto de Roma, que criou o organismo.

"Eu quero muito estudar a questão do Tribunal Penal. Estados Unidos não é signatário, a Rússia não é signatária. Então, eu quero saber por que o Brasil é signatário de um tribunal que os Estados Unidos não aceitam?", questionou.

O presidente brasileiro disse ainda que "os países emergentes são signatários de coisas que prejudicam eles mesmos" e prometeu estudar a questão.

"Não estou dizendo que vou sair de um tribunal. Eu só quero saber por que Estados Unidos não é signatário, por que a Índia não é signatária, por que a China e a Rússia não são signatárias e por que o Brasil é signatário", declarou.

Durante a entrevista, Lula afirmou esperar que, no momento da reunião de cúpula do G20 em novembro de 2024, a guerra na Ucrânia já tenha terminado.

Questionado sobre a ausência de Putin e do presidente chinês, Xi Jinping, no encontro de Nova Délhi, Lula limitou-se a informar que os dois "serão convidados e espero que participem" na cúpula de 2024, marcada para o Rio de Janeiro.

"Estou trabalhando para que, quando o G20 for realizado no Brasil, a guerra tenha acabado, que o povo ucraniano tenha voltado para casa, que a reconstrução tenha começado, que a produção de alimentos tenha retornado ao normal. Isso é o que desejo", disse.

Lula antecipou a intenção de organizar vários eventos em diversas cidades brasileiras para ter uma reunião com participação dos cidadãos, não apenas dos governantes.

"Queremos mostrar um G20 mais participativo e democrático", disse. "Temos um ano e dois meses pela frente".

Os países do G-20 decidiram abrandar o tom ao tratar da guerra na Ucrânia com objetivo de chegar a um comunicado conjunto de consenso na Cúpula em Nova Délhi. O documento poupa a Rússia. Os países ocidentais aliados da Ucrânia, sobretudo do G-7, precisaram fazer concessões para incluir palavras que agradam a Moscou, além de contemplar preocupações da China.

Os líderes reunidos na Índia aprovaram a remoção de um trecho inteiro do texto, que exigia a "retirada total e incondicional das tropas russas do território ucraniano". O novo comunicado, conhecido como "Declaração de Líderes do G-20 de Nova Délhi", não fala mais em condenação da guerra, nem sequer cita a invasão e a ocupação militar realizada pela Rússia, em fevereiro de 2022.

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Antes, o G-20 afirmava que, embora houvesse visões distintas sobre o conflito e sobre as sanções decorrentes dela contra os russos, a maioria dos membros condenava fortemente a guerra. A declaração anterior, assinada em Bali (Indonésia), no ano passado, citava ainda que a maioria dos países "deplorava nos termos mais veementes a agressão da Federação Russa contra a Ucrânia".

As sanções não são mais objeto de menção no texto. Rússia condiciona a reabertura do corredor de exportações do Mar Negro à suspensão delas. Na declaração, os países apelaram por uma implementação rápida dos acordos, intermediados na Turquia, de exportação de grãos, cereais e fertilizantes, produzidos na Ucrânie e na Rússia: "Isso é necessário para satisfazer a demanda nos países em desenvolvimento e menos desenvolvidos, particularmente aqueles na África".

Em trecho considerado relevante por negociadores, exigiu-se compromisso com alguns princípios: "Todos os Estados devem abster-se da ameaça do uso da força ou de procurar a aquisição territorial contra a integridade territorial e a soberania ou a independência política de qualquer Estado. O uso ou ameaça de uso de armas nucleares é inadmissível".

A Declaração de Líderes de Nova Délhi foi adotada neste sábado, 9. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, anunciou que os líderes das principais economias do mundo haviam chegado a um acordo, batendo na mesa repetidas vezes em comemoração.

"Com base no trabalho árduo de todas as equipes, obtivemos consenso sobre a declaração da Cúpula dos Líderes do G-20?, afirmou o indiano.

Nos últimos dias, os diplomatas que coordenam as negociações se debruçaram sobre os temos do texto. As conversas haviam travado justamente no assunto da guerra, embora houvesse entraves também no conteúdo sobre a redução do uso de combustíveis fósseis, depois superados.

Havia o risco de que as tratativas não avançassem na direção de um comunicado consensual, como de praxe, o que seria considerado um fracasso diplomático. Isso poderia significar, na prática, um esvaziamento do G-20, o que não interessa agora aos países do G-7, sobretudo depois da expansão do Brics, impulsionada pela China, para criar um mecanismo alternativo de discussões globais, em sua órbita.

Segundo fontes a par das negociações, os países do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) trabalharam a favor da construção de um comunicado de consenso, junto da Indonésia. Para isso, foi preciso fazer concessões e trabalhar com base numa linguagem "mais genérica" sobre a guerra, conforme diplomatas.

Os russos estavam dispostos a bloquear o avanço da declaração de líderes. No ano passado, ela ficou pronta de última hora e incluiu uma menção dura contra a Rússia, por maioria de votos, o que não é o costume. Em geral, os texto são assinados somente depois de consenso entre todos os integrantes do bloco.

Moscou protestava contra isso, e dizia que essa era uma prática forçada pelos países do G-7, liderados pelos Estados Unidos, que tentavam impor a "ucranização" da agenda global em espaços não apropriados para essa discussão, desconsiderando seus argumentos.

O G-20 também menciona agora que é o "principal fórum para cooperação econômica internacional", exatamente como argumenta a diplomacia chinesa. Essa é uma forma de Pequim explicitar que os assuntos de geopolítica e guerra, no seu entendimento, deveriam ficar em segundo plano nas reuniões do grupo.

Em paralelo ao G-20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ecoou essas preocupações russas e chineas. Segundo a Presdiência da República, Lula afirmou ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que o G-20 "não pode fixar as discussões apenas na guerra entre Rússia e Ucrânia, porque há outras crises no mundo, como a fome, a pobreza extrema e os desafios climáticos, que demandam atenção imediata".

Com anúncio de última hora, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, foram os dois principais ausentes da cúpula em Nova Délhi. Eles enviaram representantes.

O G-20 também lembrou que cada países tem posições próprias, já manifestadas no Conselho de Segurança das Nações Unidas e na Assembleia Geral da ONU e que "todos os Estados devem agir de forma consistente com os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, na sua totalidade".

O G-20 lembrou ainda que a guerra na Ucrânia causa sofrimento humano e impactos negativos na segurança alimentar e energética, bem como nas cadeias de suprimento, na estabilidade financeira, na inflação e no crescimento econômico. Além disso, reconheceram que a guerra tornou mais complicadas ações ambientais, especialmente nos países em desenvolvimento, que se recuperam ainda da pandemia da covid-19 e suas consequências econômicas. Mais uma vez houve divergências de avaliação e visão no assunto.

"Apelamos à cessação da destruição militar ou de outros ataques a infraestruturas relevantes", diz o comunicado final. "Vamos nos unir no esforço para enfrentar o impacto adverso da guerra na economia global e saudamos todas as iniciativas relevantes e construtivas que apoiam uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia."

Os países, por fim, assinaram um acordo dizendo que o G-20 deve continuar a funcionar na base do consenso, uma preocupação russa, e mencionaram a realização da Cúpula de 2026, nos Estados Unidos, o que a China tentava objetar, no que foi interpretado como uma forma de barganha nas negociações. A edição de 2024 será no Brasil, e a de 2025, na África do Sul. A Arábia Saudita quer assumir a presdiência depois.

Diante da pressão chinesa, Índia, Brasil, África do Sul e Estados Unidos - atual e futuros anitriões do G-20, nesta ordem, de 2023 a 2026 -, divulgaram um comunicado conjunto, no qual reafirmam o compromisso com o bloco, "principal fórum para a cooperação econômica internacional, buscando soluções para o nosso mundo".

"Continuaremos avançando a partir do progresso histórico alcançado na presidência da Índia para enfrentar os desafios globais. Neste espírito, juntamente com o presidente do Banco Mundial, nós saudamos o compromisso do G-20 de tornar bancos multilaterais de desenvolvimento maiores, melhores e mais eficazes", disseram os quatro países.

O comunicado final também confirmou a adesão da União Africana, como novo membro permanente do G-20, o que havia sido anunciado por Modi.

Meio Ambiente e Europa

Em recado que repercute nas negociações do Brasil e demais países do Mercosul com a União Europeia, os países do G-20 se comprometeram a "evitar políticas econômicas verdes discriminatórias", em linha com regras previstas em acordos climáticos e na Organização Mundial do Comércio.

O Brasil reclama de legislações europeias recentemente aprovadas que, no entendimento do governo federal, podem gerar retaliações a produtos do agronegócio e fechar mercados. Elas atrapalham as negociações do acordo comercial entre os dois blocos.

Ao passo que contempla a cobrança do presidente Lula por mais recursos para financiamento da manutenção de florestas, que haviam sido prometidos no Acordo de Paris, o G-20 também exigiu a prevenção e combate a incêndios florestais e recuperação de danos provocados pela mineração clandestina.

Uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas em uma série de ataques durante a noite e madrugada contra várias cidades ucranianas, informaram nesta sexta-feira as autoridades de Kiev.

Em Kryvy Rih, cidade natal do presidente Volodimir Zelensky, sul da Ucrânia, um bombardeio atingiu um edifício administrativo e matou uma pessoa, anunciou no Telegram o comandante da administração militar da região, Serguei Lissak.

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O ministro do Interior, Igor Klimenko, afirmou que a vítima fatal era um policial e que 25 pessoas ficaram feridas no ataque.

Na região norte da Ucrânia, em uma zona residencial da cidade de Sumy, quase 20 edifícios atingidos, segundo o ministério do Interior. Três pessoas ficaram feridas, incluindo um casal de idosos resgatados dos escombros.

Ao leste, em Zaporizhzhia, um homem ficou ferido em um ataque russo, segundo o comandante da administração militar regional, Yuri Malachko.

De acordo com as autoridades militares, 29 localidades sofreram ataques russos perto da frente de batalha nas últimas 24 horas.

A região, parcialmente ocupada pelo exército russo, é o principal ponto da contraofensiva ucraniana no sul.

A vice-presidente dos EUA, o primeiro-ministro chinês e o ministro das Relações Exteriores russo participaram nesta quinta-feira (7) na Cúpula do Leste Asiático, na qual o presidente indonésio, anfitrião do evento, emitiu um alerta sobre as crescentes rivalidades entre as potências.

A reunião de 18 nações na capital indonésia, Jacarta, colocou a China e os Estados Unidos frente a frente um dia depois de o primeiro-ministro Li Qiang ter alertado que as grandes potências devem administrar as suas diferenças para evitar "uma nova Guerra Fria".

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As interações entre as duas delegações foram acompanhadas de perto devido ao risco de intensificação das tensões sobre Taiwan, aos laços com a Rússia e à rivalidade para ganhar influência no Pacífico.

"Peço aos líderes da Cúpula do Leste Asiático que façam deste um fórum para reforçar a cooperação e não para aguçar as rivalidades", disse o presidente indonésio, Joko Widodo, no seu discurso de abertura.

Na quarta-feira, tanto Li Qiang como a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, reuniram-se separadamente com os líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Nessa reunião, Harris destacou "a importância de defender o direito internacional no Mar da China Meridional", reivindicado quase inteiramente por Pequim em disputa com outros países costeiros.

A cúpula desta quinta-feira foi também a primeira reunião entre os líderes dos EUA e da Rússia em quase dois meses, após uma tensa reunião da ASEAN em julho, na qual o chefe da diplomacia de Moscou, Serguei Lavrov, recebeu repreensões dos seus homólogos ocidentais pela invasão da Ucrânia.

Lavrov falou nesta quinta-feira sobre os riscos de "militarizar o leste asiático" e acusou a Otan de "penetrar" na região, segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores russo.

Na véspera, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, anunciou uma nova ajuda à Ucrânia de 1 bilhão de dólares (4,9 bilhões de reais) durante uma visita a Kiev.

- "Inaceitável" -

Autoridades dos países da ASEAN, Índia, Japão, Coreia do Sul, Canadá e Austrália também participaram da cúpula de Jacarta.

O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, disse que qualquer tentativa unilateral de mudar o status quo no Mar da China Meridional é "inaceitável" e apelou a uma "ordem marítima baseada em regras" para administrar esta importante rota marítima, segundo o seu gabinete.

O presidente filipino, Ferdinand Marcos, instou os líderes a se oporem ao "uso perigoso da guarda costeira" e a quaisquer navios utilizados pelas autoridades chinesas, após vários incidentes envolvendo navios chineses nos últimos meses, de acordo com um discurso publicado pelo seu gabinete.

Mas a declaração conjunta da cúpula, vista pela AFP, omite qualquer menção ao Mar da China Meridional, em grande parte reivindicado pela China, ou à guerra na Ucrânia.

À margem da cúpula, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, reuniu-se com Li Qiang e confirmou que visitará Pequim este ano. O primeiro-ministro chinês disse a ele que o seu país estava disposto a retomar as trocas bilaterais.

Depois de anos de atritos sobre questões econômicas e políticas, a Austrália tem tentado colocar a sua relação com a China nos trilhos desde que o líder trabalhista chegou ao poder em 2022.

Mas, para além de reunir todos estes líderes, os especialistas não esperam que a cúpula ajude a resolver a vasta gama de disputas regionais e globais.

As grandes potências aproveitaram as negociações anteriores em Jacarta para traçar alianças e exercer pressão sobre o bloco de dez nações da ASEAN (Mianmar, Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietnã).

Um bebê foi salvo pelo pai após ser lançado para fora de um carrinho que tombou em um ônibus, no último dia 22 de agosto, em Kaliningrado, cidade limítrofe da Rússia. O momento foi registrado em vídeo e viralizou nas redes locais, por mostrar os reflexos rápidos do pai, que também havia levado uma queda. De acordo com a mídia russa, a criança, que se chama Mark, tem apenas seis meses e, apesar do susto, não se feriu gravemente. 

As imagens da câmera de segurança mostram a viagem seguindo normalmente, até que, em algum trecho, o ônibus balança e faz o pai cair. O tutor estava em pé monitorando o carrinho, na parte reservada para pessoas com mobilidade reduzida. Quando cai, acaba puxando o carrinho junto e o objeto tomba na direção da escada de desembarque. Por pouco, o bebê não bate a cabeça na escada. O pai consegue segurá-lo pela roupa e outras pessoas correm para ajudá-lo a socorrer a criança. 

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Eduard, como foi identificado o responsável, viajava ao lado da esposa e do filho de cinco anos, que estavam sentados nos bancos de trás. Ainda de acordo com a mídia russa, a família estranhou o comportamento do motorista e levou a situação à polícia, visando iniciar uma ação legal. Os exames médicos revelaram ferimentos no pai e no filho, e as autoridades estão investigando o incidente por meio de relatos de testemunhas oculares e imagens de vigilância. 

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