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O Papa Bento XVI poderá publicar um decreto, chamado "Motu Propio", para antecipar a celebração do conclave depois que deixar o papado em 28 de fevereiro, indicou nesta quarta-feira o porta-voz do Vaticano.

"O Papa está levando em consideração a publicação nos próximos dias de Motu Propio para precisar alguns pontos da constituição sobre o conclave. Não sabemos se considerará oportuno abordar o assunto do prazo do início do conclave", declarou o porta-voz papal, padre Federico Lombardi.

"Veremos se será assim e quando será publicado o documento", afirmou Lombardi em um encontro com a imprensa.

"Em todo caso, depende da avaliação que fizer o Papa. Se decidir assiná-lo, será divulgado oportunamente", precisou.

O conclave para eleger o sucessor de Bento XVI, segundo a constituição apostólica, deve começar "entre um mínimo de 15 dias e um máximo de 20" desde que se decrete a chamada "sede vacante", fixada para o próximo 28 de fevereiro às 20H00 horas (16h00 de Brasília), o momento que Bento XVI escolheu para abandonar o trono de Pedro.

O presidente do Sport, Luciano Bivar, se pronunciou pela primeira vez, nesta quarta-feira, na Ilha do Retiro, sobre a renúncia de toda a diretoria de futebol rubro-negra. O mandatário só conversou com os jornalistas após ler a carta dos ex-dirigentes. Ainda assim, Bivar agradeceu à toda diretoria.

“Agradeço à antiga direção de futebol e lamento, ao mesmo tempo, pela renúncia deles. De toda sorte, o clube está absolutamente estruturado e temos todos os departamentos estabelecidos. Tenho a convicção de estamos no caminho certo para o que nos propusemos que é voltar à Série A”, afirmou Luciano Bicar.

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Para substituir a diretoria de futebol, um diretor remunerado deve ser contratado. Porém, nomes ainda não foram especulados. “Nosso pensamento é trazer alguém do mercado profissional, para que venha agrupar à nossa equipe técnica. Tenho certeza que, profissionalizando a gente pode ter um rendimento melhor, mais frio e sem paixões”, disse.

O presidente do Leão aproveitou para deixar claro duas situações. Primeiro, sobre a volta de Homero Lacerda ao Sport. “Não vem ao caso. Há uma dicotomia porque ele é radicalmente contra o projeto da arena e nossa gestão é favorável. Há uma distância muito grande nesses dois anos”, explicou, para depois falar sobre a permanência do técnico Vadão. “Continua, com certeza. Isso não foi nem colocado em pauta”, finalizou.

O papa Bento XVI garantiu na quinta-feira que, ao renunciar no dia 28, vai se "esconder do mundo", em um sinal de que poderá passar seus últimos anos de vida recluso em um monastério. Entre vaticanistas e mesmo entre os cardeais, porém, cresce o temor de que a presença de dois papas no Vaticano crie uma situação difícil, seja durante o conclave seja na gestão da Igreja nos próximos anos.

"Mesmo me retirando, vou estar sempre perto de vocês na oração e vocês estarão perto de mim, ainda que eu vá estar escondido do mundo", declarou o papa na quinta-feira (14), em um encontro com padres em Roma.

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O Vaticano tem se empenhado em passar a mensagem de que a renúncia é algo previsto dentro das leis e não há porque se preocupar com a existência de dois papas vivendo no minúsculo Estado do Vaticano, com apenas algumas centenas de moradores. "O papa é alguém muito discreto", disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.

Monarquia absolutista, o Vaticano segue de alguma forma o mesmo modelo que outros Estados. O problema é que, quando reis renunciam, deixam o cargo a herdeiros de seu próprio sangue. No caso do papa, não.

Alguns cardeais se dizem "desconfortáveis" com a "sombra" do papa que renunciou ao pontificado. Outra fonte de suspeita é seu secretário pessoal, Georg Gänswein, que mantém o título de prefeito do gabinete do papa, mas acompanhará Joseph Ratzinger em sua aposentadoria. Surgiu a especulação de que ele poderá atuar como intermediário com aliados.

Entre os vaticanistas, a constatação é de que o período de 600 anos sem uma renúncia não ocorreu por acaso. Outros papas já chegaram a cogitar a possibilidade de renunciar, mas foram orientados pelos especialistas legais do Vaticano a não tomar esse caminho. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O fiel escudeiro do Papa Bento XVI não abandonará seu mestre. O arcebispo alemão Georg Gänswein continuará sendo secretário pessoal do pontífice e também se mudará para Castel Gandolfo após a renúncia do papa, em 28 de fevereiro. Num segundo momento, ambos passarão a morar no mosteiro Mater Ecclesiae, dentro do Vaticano, que atualmente passa por reformas e adaptações para receber os novos habitantes. A imprensa italiana destacou que, em meio a crises e traições, o alemão foi um dos principais aliados de Bento XVI.

Há poucos meses nomeado pelo Papa também prefeito da Casa Pontifícia, ou seja, responsável pela organização dos eventos e audiências papais, Gänswein faz parte de um estreito grupo de pessoas que lida com o pontífice no cotidiano - nas refeições e nos aposentos, por exemplo. Além dele, também outros funcionários que serviram Bento XVI nos últimos oito anos, a chamada "família pontifícia" ou "memores", devem acompanhá-los na mudança.

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De acordo com o porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, o arcebispo Gänswein manterá ambas as funções mesmo após a eleição de um novo Papa. Questionado pela imprensa sobre a possibilidade de Gänswein ser um meio de influência de Bento XVI no governo do sucessor, Lombardi negou. "Como prefeito da Casa Pontifícia ele tem uma função de governança", declarou. "Tem uma série de competências práticas, sobre logística e organização de audiências. Não é um problema."

Gänswein, de 56 anos, trabalha com Joseph Ratzinger desde quando o atual papa ainda era cardeal, na Congregação para a Doutrina da Fé, órgão que fiscaliza desvios teológicos e nos fundamentos da Igreja. Chamado frequentemente pela imprensa italiana de "Gorgeous George" (algo como "Belíssimo George", em inglês), ele foi uma das pessoas que mais se abalaram com o recente escândalo de vazamento de documentos sigilosos, conhecido como "VatiLeaks". Cartas e objetos pessoais do papa foram furtados pelo mordomo Paolo Gabriele na residência de Bento XVI, administrada justamente pelo arcebispo alemão.

O Papa Bento XVI surpreendeu por sua simplicidade e demonstrou que não é um homem de poder, afirmou em uma entrevista publicada nesta quinta-feira o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, um dos nomes cotados para a sucessão.

"É um homem que entendeu a humanidade, que entendeu a Igreja", disse à agência especializada I.Media o atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

"É um homem que nos surpreendeu por sua simplicidade, não é um homem de poder", completou o cardeal brasileiro, que na quarta-feira compareceu à última missa de Bento XVI na Basílica de São Pedro.

O Papa anunciou na segunda-feira a decisão de renunciar em 28 de fevereiro, alegando "falta de forças". O conclave de cardeais escolherá o sucessor a partir de meados de março.

"As coisas nunca acontecem por casualidade na Igreja", disse Braz de Aviz à imprensa italiana, antes de recordar as "tensões" que existem entre várias personalidades religiosas dentro do Vaticano.

"Acredito que o Papa também levou em consideração a exposição pública da doença de João Paulo II (em 2005) e não quis seguir o mesmo caminho, pelo bem da Igreja", disse o cardeal brasileiro.

Braz de Aviz lamentou em várias ocasiões que os bispos dos países do Sul não estejam mais bem representados dentro da Igreja Católica.

"Na América Latina, na África e na Ásia há um sentimento religioso muito forte, enquanto as vocações na Europa caem de maneira preocupante", disse.

O cardeal não descartou a possibilidade de um latino-americano ser escolhido Papa.

"A possibilidade existe", declarou.

"Não posso dizer que sou candidato, posso dizer que sou um dos 116 candidatos", completou, a respeito do número de cardeais eleitores do conclave que designará o novo Papa.

Braz de Aviz foi nomeado bispo com apenas 46 anos e em janeiro de 2011 foi convocado ao Vaticano por Bento XVI.

Os curitibanos Maryana e Vanderlei Sperling foram surpreendidos pela despedida de um papa durante sua visita a Roma. Na quarta-feira (13), na audiência geral no Vaticano - a última de Bento XVI como papa -, tiveram a oportunidade de presenciar um dos momentos mais fortes da Igreja em anos.

Os dois integravam um grupo de brasileiros que está percorrendo a Terra Santa e o Vaticano com uma empresa de turismo. "Organizamos nossa viagem há um ano", conta Maryana. "Jamais pensávamos que testemunharíamos um momento tão importante da Igreja", declarou.

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A curitibana admitiu que, quando desembarcou em Roma, na segunda-feira (11), ficou "chocada" com a notícia da renúncia do papa e chegou a pensar que parte da programação fosse cancelada. Na quarta-feira (13), ouviu de Bento XVI mensagens em português. "Não há como não ficar emocionada."

A goiana Graciele Rego, de 28 anos, também estava na audiência com o papa. E, como o casal Sperling, havia organizado há tempos sua viagem. "Minha família até brincou, dizendo que o papa estava esperando que eu chegasse para renunciar", disse. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, rompeu na quarta-feira (13) o silêncio de dois dias do governo brasileiro sobre a renúncia de Bento XVI. No lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), disse nos primeiros minutos do discurso: "Não há problema na relação entre governo e Igreja. Pelo contrário".

Carvalho disse discordar da avaliação de que o País teria demorado em se manifestar. "Não havia o que se falar. Foi uma atitude respeitosa." Ele também lembrou que nenhuma liderança da América Latina se manifestou sobre a renúncia do papa e afirmou que "atitudes são mais importantes do que falas".

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Para muitos, o silêncio foi interpretado como sinal de distanciamento entre o governo brasileiro e o Vaticano. Mas o ministro-chefe buscou mostrar que o clima era outro, ao cantar animadamente o refrão da música da Campanha da Fraternidade, que tem como tema a juventude.

Entretanto, Carvalho procurou deixar clara a necessidade da independência entre Igreja e governo. Questionado sobre as expectativas de um cardeal brasileiro ser eleito papa, afirmou: "A Igreja não deve ser submissa ao governo nem o governo à Igreja". Já o secretário-geral da CNBB, Leonardo Steiner, afirmou que seria uma "honra" a indicação de um cardeal do País para chefiar a Igreja. "O Brasil tem chances", assegurou, sem arriscar qual dos cardeais estaria mais próximo do cargo.

Carvalho ressaltou que o governo brasileiro respeita a decisão do papa. Falando em nome da presidente Dilma Rousseff, disse que há "um desejo muito forte de que ele possa continuar contribuindo com a Igreja, no plano espiritual, nas orações e, enfim, na vida que está escolhendo".

Pedido

Na mensagem transmitida anualmente no início da Campanha da Fraternidade, Bento XVI pediu aos jovens brasileiros que sejam "protagonistas de uma sociedade mais justa e mais fraterna, inspirada no Evangelho". O texto foi escrito no dia 8, antes da divulgação da renúncia. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Com uma longuíssima salva de aplausos, fiéis que, na quarta-feira (13), lotaram a Basílica de São Pedro despediram-se do papa Bento XVI. Em um dia de emoções fortes e tristeza, o Vaticano viveu mais um momento inédito na história recente: a celebração, pelo próprio pontífice, de sua despedida.

O papa alemão não levou à Praça São Pedro uma multidão de fiéis como a que compareceu ao Vaticano após a morte de João Paulo II, em 2005. Mas nem por isso despertou menos simpatia. Sua primeira aparição em público após o anúncio da renúncia ocorreu pela manhã, em uma audiência geral no Vaticano. Visivelmente aliviado e até ensaiando alguns sorrisos, Bento XVI foi ovacionado, ainda em um clima de festa.

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O papa entrou no palco caminhando sem ajuda, falou em seis idiomas durante horas, aplaudiu as músicas e acenou ao público, reforçando a impressão, para muitos, de que sua fragilidade - usada para justificar sua decisão - é, sobretudo, política.

Entre as pessoas presentes, não faltaram gritos de "Viva o papa", clima de festa e até fanfarras vindas da Baviera - região na Alemanha onde Joseph Ratzinger nasceu - vestidas a caráter.

No final do dia, na Basílica de São Pedro, Bento XVI ainda realizou sua última missa, a de quarta-feira de cinzas. Transportado em uma plataforma, o pontífice já não disfarçava seu cansaço e o tom da despedida foi dos mais sóbrios. Mas a Basílica foi tomada por um longo e espontâneo aplauso do público, que se levantou. Em um gesto pouco comum, os bispos chegaram a tirar a mitra em respeito. Vários deles não contiveram o choro.

O coro e auxiliares do pontífice também não escondiam a emoção. Poucos papas, ao longo dos 2 mil anos da Igreja, realizaram uma missa em São Pedro sabendo que seria a última de seu reinado. Não por acaso, o clima de despedida na Basílica impressionava até cardeais. "Foi uma experiência que nunca mais esquecerei", disse ao jornal O Estado de S. Paulo d. João Aviz, cardeal brasileiro e prefeito da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica do Vaticano.

O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, homenageou o papa Bento XVI no fim da missa celebrada ontem dizendo que seu pontificado foi "uma janela aberta" para a Igreja e para o mundo.

Manto de tristeza

"Não seríamos sinceros se não disséssemos que há um manto de tristeza em nosso coração", lamentou o número 2 do Vaticano. De acordo com o cardeal italiano, Bento XVI ensinou aos bispos que a Igreja se renova sempre. "(Devemos) servir à Igreja com a firme consciência de que ela não é nossa, mas de Deus, e não somos nós que a construímos, mas é ele." Bertone é visto por muitos como principal alvo dos recentes vazamentos de documentos sigilosos da Santa Sé (conhecidos como VatiLeaks) e fonte de discórdia na Cúria Romana.

Entretanto, em julho de 2012, o papa Bento XVI manifestou publicamente sua confiança no secretário de Estado, afirmando que ele vinha recebendo críticas injustas. Do lado do público, a emoção não foi menor. John Harris, um americano de 25 anos que estava viajando pela Europa, decidiu ir até Roma quando, na segunda-feira (11), escutou que o papa havia renunciado. Na quarta-feira (13), passou quatro horas na fila para conseguir um "lugar na primeira fila".

"Eu queria me despedir do papa", disse. "Ele deu um golpe em muita gente aqui com o que fez", declarou. "Participei de um momento histórico", dizia com lágrimas nos olhos a irlandesa Cathy, após a missa. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O conclave para eleger o sucessor de Bento XVI, que anunciou, nesta segunda-feira (11), sua renúncia ao papado, será iniciado em meados de março, na Capela Sistina, em um clima diferente, já que, pela primeira vez em sete séculos, acontecerá com o ex-pontífice vivo.

A ausência de homenagens, missas de luto e uma transmissão solene do funeral em todo o mundo, como ocorreu com João Paulo II em 2005, marcará o conclave mais incomum da história recente da Igreja Católica.

"O conclave não pode ter início antes de 15 de março. Pode começar nos dias 15, 16, 17, 18 ou 19", informou nesta quarta-feira o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, que diariamente dá detalhes do processo eleitoral de escolha do novo Papa, com um pontífice que alegou falta de "forças" para continuar a sua missão apostólica.

Os cardeais entram em conclave em no mínimo 15 dias e no máximo 20 dias após a morte ou renúncia de um Papa.

Bento XVI anunciou na segunda-feira que deixará o trono de Pedro no dia 28 de fevereiro.

A data será fixada pelo conclave de cardeais, segundo Lombardi, que admite que precisou consultar especialistas em direito canônico.

Durante seus dois mil anos de história, a Igreja Católica modificou várias vezes as modalidades para a designação de um Papa até chegar tardiamente à fórmula atual do conclave. Nada no Evangelho indica como escolher o sucessor do Santo Padre.

Em 21 de novembro de 1970, Paulo VI definiu as características atuais do colégio eleitoral: a idade limite de um cardeal para participar da eleição é de 80 anos, e no número máximo de cardeis eleitores é 120. João Paulo II confirmou essas regras em fevereiro de 1996 em sua constituição apostólica "Universi Domini Gregis".

Nos últimos anos, a internacionalização crescente do colégio de cardeais tornou cada vez mais aleatória qualquer previsão sobre a escolha do conclave.

A maioria dos 117 cardeais com menos de 80 anos e com direito a voto chegará nos próximos dias a Roma para participar de reuniões fechadas com os cardeais "não eleitores" e sem um limite de tempo.

Entre eles estão os seis novos cardeais nomeados em novembro de 2012.

Na ocasião, o Papa declarou: "Eu quero destacar, em particular, que a Igreja é a Igreja de todos os povos e, portanto, expressa em diferentes culturas de diferentes continentes".

Ao convidar para participar do seleto grupo de candidatos ao trono de Pedro esses religiosos, de países em conflitos graves e fora do velho continente, o Papa alemão indiretamente respondeu às críticas de "eurocentrismo" recebidas no início do ano depois de nomear 22 novos cardeais em fevereiro, 16 deles europeus, dos quais sete são italianos.

Fontes diplomáticas latino-americanas dizem que a eleição do sucessor de Bento XVI será rápida, antes da Missa do Domingo de Ramos, em 24 de março, um dos momentos mais importantes da Semana Santa e do ano litúrgico.

Dos 117 cardeais com poder de voto, 62 são europeus, 28 italianos e 19 da América Latina. Entre eles, estão cinco brasileiros, três mexicanos, dois argentinos, um chileno, um peruano, um boliviano, um cubano, um dominicano, um hondurenho, um venezuelano, um equatoriano e um colombiano.

A eleição acontece na Capela Sistina, com duas votações de manhã e duas à noite. As cédulas de voto são queimadas. O cardeal eleito é aquele que recebe pelo menos dois terços dos votos. Em caso de impasse, uma votação pela maioria absoluta é possível.

Durante o processo de votação, uma espécie de fogareiro é instalado na Capela Sistina para informar a multidão de fiéis, tradicionalmente reunida na Praça de São Pedro junto com o batalhão da imprensa, sobre o resultado da votação. Se a fumaça é preta, não há eleito. Se a fumaça é branca, um novo Papa foi escolhido.

Na primeira aparição pública após a renúncia, o Papa Bento XVI explicou, nesta quarta-feira (13), a peregrinos de todo o mundo que deixa o trono de Pedro "pelo bem da Igreja" e pediu que orem pelo seu sucessor, que será eleito em um conclave a partir de meados de março.

"Como sabem, decidi renunciar ao ministério que o Senhor me encomendou no dia 19 de abril de 2005. Decidi com plena liberdade pelo bem da Igreja depois de ter rezado por um longo tempo e de ter examinado perante Deus minha consciência", disse.

Visivelmente emocionado, o Papa admitiu estar "profundamente consciente da gravidade de tal gesto", mas reiterou "já não ter a capacidade de exercer o ministério de São Pedro com o vigor que ele mesmo requer".

O pontífice abandonará seu cargo no dia 28 deste mês. O conclave para eleger seu sucessor começará entre 15 e 19 de março, anunciou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.

"O conclave não pode começar antes de 15 de março, pode começar nos dias 15, 16, 17, 18 ou 19", afirmou Lombardi ao citar as normas do Código Canônico, que preveem que seja realizado entre um "mínimo de 15 dias e um máximo de 20 dias" depois que o Santo Padre abandone o cargo. A data definitiva será fixada pelos cardeais.

"Sigam rezando pelo futuro Papa e pela Igreja", pediu Bento XVI diante de 3.500 fiéis reunidos na sala Paulo VI do Vaticano para sua penúltima audiência geral, que presidiu normalmente.

Acolhido com gritos de "Benedetto!, Benedetto!", o pontífice, vestido com a tradicional batina branca, agradeceu a calorosa recepção: "Agradeço a todos por vosso amor e vossas orações".

Improvisando perante a multidão, Bento XVI confessou que "nestes dias não fáceis sente quase fisicamente o amor" dos peregrinos diante de uma decisão de tal envergadura que surpreendeu o mundo e, sobretudo, os católicos.

Durante a tradicional catequese, já mais tranquilo, mas com o mesmo cansaço no rosto, o Papa falou da Quaresma e das tentações de Jesus durante os 40 dias que passou no deserto.

O Papa presidiu a 346ª audiência geral de seu pontificado, a penúltima, com milhares de peregrinos de todas as nacionalidades, entre eles muitos latino-americanos, que o aplaudiram várias vezes.

Como é habitual durante estes encontros semanais, o Papa saudou em vários idiomas, incluindo o português, diante de vários peregrinos brasileiros.

O Papa prosseguirá suas atividades durante a tarde, presidindo a missa da Quarta-Feira de Cinzas na basílica de São Pedro na companhia de diversos cardeais e bispos da Cúria Romana.

Até o momento, o pontífice não cancelou nenhum dos compromissos previstos para fevereiro.

A cerimônia desta quarta-feira, que costuma ocorrer na basílica de Santa Sabina, na colina romana do Aventino, foi transferida pelo Vaticano para São Pedro pelo desejo de diversos cardeais de acompanhar a missa.

"Muitos fiéis querem vir, muitos cardeais disseram que queriam participar. Santa Sabina ficou muito pequena", explicou o padre Lombardi. Na quinta-feira, o Papa conversará com os sacerdotes de Roma para uma catequese programada.

Entre suas últimas intervenções públicas confirmadas, figura o tradicional Ângelus do domingo, depois do qual Bento XVI se retirará para uma semana de exercícios espirituais coincidindo com a Quaresma.

Na quarta-feira dia 27 de fevereiro, um dia antes de sua renúncia, o Papa dirá adeus aos fiéis na Praça de São Pedro, onde é esperada a presença de milhares de pessoas. A cerimônia será transmitida ao vivo por meios de comunicação de todo o mundo. Enquanto isso, a imprensa analisa a vida e os milagres dos candidatos a suceder Bento XVI.

Analistas ressaltam o fato de que em novembro, quando Bento XVI designou o último grupo de cardeais, entregou o título a seis novos membros, entre os quais não havia italianos ou europeus, o que foi interpretado como o desejo do pontífice de equilibrar o Colégio Cardinalício, dominado por europeus.

Entre os candidatos a futuro Papa, figura o cardeal hondurenho Oscar Rodríguez Maradiaga, presidente da Caritas, que não se considera apto para o cargo.

"É um trabalho implacável, não sou adequado", confessou em uma entrevista ao jornal italiano La Stampa.

O veterano cardeal português, José Saraiva Martins, considerou que o escândalo do ano passado pelo vazamento de documentos internos e confidenciais e a traição de seu mordomo, Paolo Gabriele, "podem ter influenciado na decisão" do pontífice.

A imprensa italiana também revela que o cardeal, Tarcisio Bertone, secretário de Estado, e o secretário privado do Papa, Georg Ganswein, foram informados da decisão há 15 dias.

O Papa Bento XVI afirmou nesta quarta-feira (13), durante sua primeira audiência pública após o inesperado anúncio de sua renúncia, que decidiu deixar o posto de sumo pontífice "pelo bem da Igreja".

Comovido e com a fisionomia cansada, diante de 3.500 fiéis do mundo inteiro reunidos na sala Paulo VI do Vaticano, Bento XVI falou sobre sua histórica renúncia ao trono de Pedro.

"Renuncio com plena liberdade pelo bem da Igreja".

Recebido por uma multidão entusiasmada, que o aplaudiu e gritou seu nome, o Papa alemão, de 85 anos, parecia cansado.

"Eu rezei muito" e "examinei perante Deus minha consciência, consciente da gravidade de tal gesto", disse.

Depois de ouvir os gritos de "Bento, Bento!", o pontífice agradeceu pela calorosa recepção.

"Agradeço a todos por vosso amor e vossas orações", afirmou.

Na segunda-feira, com um anúncio inédito na história da Igreja moderna, Bento XVI renunciou, a partir de 28 de fevereiro, ao pontificado, alegando razões de saúde e idade. A partir desta data terá início o processo para a eleição de seu sucessor.

O Papa reconheceu que não tem "as forças necessárias" para governar a Igreja e que sua energia diminuiu nos últimos meses.

Sob o impacto do anúncio da renúncia do papa Bento XVI, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) faz nesta quarta-feira, em Brasília, o lançamento da 50ª edição da Campanha da Fraternidade (CF), que terá como tema deste ano, "Fraternidade e Juventude" e o lema "Eis-me aqui, envia-me!". O evento é visto como estratégico não apenas pela Igreja, mas também pelo governo federal para deixar clara a mobilização em torno da realização da Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá no Rio de Janeiro, entre os dias 23 e 28 de julho, a despeito da renúncia do papa.

Esse movimento será reforçado pela presença, no evento, do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ex-seminarista, que tem uma ligação forte com representantes da Igreja Católica. Ele foi convidado para estar presente no lançamento da campanha, que será feita pelo Secretário Geral da CNBB, dom Leonardo Steiner.

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O Vaticano reconheceu pela primeira vez que o Papa Bento XVI usa um marca-passo há anos e que sua bateria foi substituída em uma cirurgia ocorrida há alguns meses, em segredo. O porta-voz do Vaticano, o reverendo Federico Lombardi, disse que Bento XVI já tinha o marca-passo "muito tempo antes" de se tornar papa, em 2005. Segundo ele, o último procedimento médico relacionado ao aparelho foi "rotineiro".

Outro segredo revelado é o fato de que, há meses, homens trabalham na renovação de um prédio de quatro andares, ligado a um monastério. Somente algumas autoridades do Vaticano sabiam que o local se tornaria, um dia, o lugar onde o Papa desfrutaria de sua aposentadoria.

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Agora, o prazo para o fim da restauração está ainda mais apertado, após o inesperado anúncio de que Bento XVI renunciará em 28 de fevereiro, tornando-se o primeiro pontífice a renunciar em seis séculos. A "idade avançada" e a necessidade de "vigor" para o cargo levaram o Papa Bento XVI a decidir deixar a função.

Segundo Lombardi, Bento XVI se despedirá de seus seguidores em uma aparição na Praça de São Pedro, em 27 de fevereiro, um dia antes da sua renúncia formal. Apesar de ainda não haver uma data anunciada para o conclave que escolherá o novo papa, ele deve começar dali 20 dias. Isso significa que um novo papa será escolhido antes da Páscoa, que será em 31 de março este ano. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

Para o padre jesuíta Joseph Fessio, a decisão de Bento XVI de deixar o pontificado não surpreendeu. Mas o momento para o anúncio foi "particularmente inesperado". "Não fiquei sabendo de nenhum rumor, o que é incomum", afirmou Fessio em entrevista por e-mail à Agência Estado.

Fessio foi aluno de doutorado de Joseph Ratzinger na década de 70 e é editor da Ignatius, selo que lançou, em 2010, o livro Luz do Mundo, em que Bento XVI afirma que um papa tem o direito "e também o dever de renunciar, sob algumas circunstâncias".

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Apesar de não estar surpreso com a decisão de Ratzinger, o padre Fessio afirmou ter ficado triste com a saída de Bento XVI. "Ele é uma pessoa e um papa maravilhosos", disse Fessio. "Mas acredito no discernimento dele. Se ele acredita que fez o que Deus estava pedindo pelo bem da Igreja, estou seguro que será uma bênção para todos nós."

Foi a primeira vez que um papa deixou o cargo máximo da Igreja em seis séculos, mas, para Fessio, a decisão deve se tornar mais comum de agora em diante. "Com a medicina moderna, os papas podem viver mais, mas as exigências do ofício se tornaram mais onerosas", disse.

Fessio afirmou que a renúncia de Bento XVI não muda o processo de escolha de seu sucessor e minimizou a reação da congregação diante da decisão do Sumo Pontífice. "Se foi a vontade de Deus, será para o bem de todos, o que quer que pensem sobre a decisão."

Oito feministas com os seios à mostra participaram em uma manifestação nesta terça-feira na catedral de Notre Dame de Paris para festejar a saída do Papa Bento XVI.

As mulheres, que entraram em meio a dezenas de turistas, vestiam longos abrigos, que tiraram perto de três dos novos sinos colocados de maneira provisória na grande nave da catedral.

As feministas tocaram os sinos com pedaços de madeira, ao mesmo tempo que gritavam em inglês "Pope no more" ("Papa nunca mais ").

Nos seios e nas costas elas escreveram frases como "Não homofobia", "Crise da fé" e "Bye bye Bento!".

Visitantes da catedral expressaram consternação.

"A catedral é sagrada, vocês não devem tirar as roupas aqui", disse uma turista francesa.

As mulheres foram retiradas da catedral pelo serviço de segurança de Notre Dame e permaneceram vários minutos diante do templo gritando frases.

O surpreendente anúncio da renúncia do Papa Bento XVI é destaque nas primeiras páginas dos jornais de todo o mundo, que analisam o impacto da decisão para a Igreja católica e especulam sobre o nome do sucessor do Santo Padre, que pela primeira vez pode não ser europeu.

A renúncia do Sumo Pontífice de 85 anos aparece na primeira página de todos os jornais britânicos, que elogiaram as qualidades pessoais de Bento XVI e tentaram antecipar o continente do sucessor.

O Guardian publica uma foto de Bento XVI e destaca que "a renúncia do papa transtorna a Igreja". "Teologicamente e politicamente era a prolongação de João Paulo II, com suas qualidades e defeitos".

"Estou muito frágil para continuar", cita o Times, ao mencionar uma frase do Papa, cuja renúncia revela, segundo o jornal londrino, as imensas mudanças que se perfilam no horizonte do papado no século XXI.

O jornal considera a decisão do Papa "digna e desinteressada", mas afirma que seu sucessor deverá fazer da Igreja católica "uma instituição mais colegiada".

Para o Daily Telegraph, que publica uma enorme foto de Bento XVI com uma vela sobre um fundo escuro, a renúncia do papa "transtorna o mundo inteiro".

"Posto vacante: se busca um novo líder para 1,2 bilhão de católicos", destaca o jornal The Independent, para o qual o anúncio do papa deixou a Igreja sob uma "tormenta".

"Auf Wiedersehen, Pope", escreve o Sun ao lado de uma foto de Bento XVI saudando uma multidão.

"Virá um Papa da América, Ásia ou África?", pergunta o jornal argentino Clarín em um editorial publicado em seu site, no qual destaca que com a renúncia de Bento XVI se abre a possibilidade de que "um cardeal, já não italiano, inclusive um não europeu, seja eleito pontífice".

Segundo o jornal, "não se trata de uma disputa geográfica, e sim de fundo". "A Europa – de onde sempre saíram os papas - tem um catolicismo praticamente em retirada", enquanto em contrapartida, completa, "África e Ásia têm regiões onde o cristianismo romano se expande com vigor. E a América Latina, apesar de ter claros-escuros, contêm mais de 40% dos católicos do mundo".

No Brasil, o jornal Folha de S. Paulo destacou em seu site: "Brasileiros, italianos e um africano estão entre os possíveis sucessores de Bento XVI"

O jornal destaca que na lista de "favoritos" estão dois brasileiros: João Braz de Aviz, 65 anos, e Odilo Pedro Scherer, de 63.

Todos os jornais franceses destacaram a renúncia do papa.

O católico La Croix afirma que a "decisão de Bento XVI é uma surpresa pela metade. Em várias oportunidades, durante seu pontificado, havia anunciado que não hesitaria em renunciar no caso de padecer uma incapacidade física, psicológica ou espiritual para cumprir com as tarefas de sua função".

"É um homem de fé que decidiu retirar-se com a consciência de ter dado tudo o que podia pelo bem da Igreja", completa o jornal.

O Figaro publica uma edição especial na qual elogia a "humildade" de Bento XVI que "afirmou que os desafios da Igreja contemporânea excediam suas forças".

"Esta decisão abre uma era inédita na história da Igreja católica moderna: o próximo conclave acontecerá enquanto o papa está vivo".

"Papus interruptus": esta é a manchete do Libération, que escreveu em latim seu editorial sobre a renúncia do papa na página 3 e sua tradução ao francês na página 11.

"Ninguém saberá jamais se Bento XVI cedeu à fadiga física ou metafísica. Se o corpo não dá suporte à força que a tarefa necessita. Ou se a alma que já não acredita", afirma o jornal.

A decisão do Papa Bento XVI de renunciar ao posto de sumo pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana anunciada, nesta segunda-feira (11), apesar de ter surpreendido os católicos do mundo todo, pode não ter sido tomada recentemente. Ao menos é o que defende o diretor do jornal oficial do Vaticano, o "L'Osservatore Romano", Giovanni Maria Vian. Em editorial escrito hoje para a publicação, Vian afirma que a definição foi feita há cerca de um ano, quando Bento XVI viajou para o México e Cuba.

"A decisão do Pontífice foi tomada há muitos meses, depois da viagem ao México e Cuba (entre 23 e 29 de março de 2012), e numa confidência que ninguém pôde infringir, depois 'de ter repetidas vezes examinado' a própria consciência 'diante de Deus', por causa da idade avançada. Bento XVI explicou, com a clareza que lhe é própria, que as suas forças 'já não são apropriadas para exercer de modo adequado' a tarefa imane exigida a quem é eleito 'para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho'", afirma Vian no editorial intitulado "O futuro de Deus".

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O editorial diz ainda que a decisão de renunciar ao cargo é um acontecimento "sem precedentes" na história e ressalta que o atual Papa - que deixará o cargo no dia 28 de fevereiro - "não procurou de modo algum a eleição ao pontificado". "Por isso, Bento XVI nunca se sentiu sozinho, numa relação autêntica e diária com quem amorosamente governa a vida de cada ser humano e na realidade da comunhão dos santos, apoiado pelo amor e pelo trabalho dos colaboradores, e amparado pela oração e estima de muitíssimas pessoas, crentes e não crentes. Nesta luz deve ser lida também a renúncia ao pontificado, livre e sobretudo confiante na providência de Deus".

A decisão papal de deixar o cargo também foi descrita como "humilde" e de "lucidez". "Não se sentindo mais capaz de 'administrar bem' o ministério que lhe foi confiado, (o Papa) anunciou a sua renúncia. Com uma decisão humana e espiritualmente exemplar, na plena maturidade de um pontificado que, desde o início e por quase oito anos, dia após dia, nunca deixou de fazer admirar e deixará um vestígio profundo na história".

A Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) destacou nesta segunda-feira (11) a "humildade e grandeza" do Papa Bento XVI ao anunciar sua renúncia por falta de forças.

"Acolhemos com amor filial as razões apresentadas por Sua Santidade, sinal de humildade e grandeza, que caracterizaram os oito anos de seu pontificado", afirmou a CNBB em um comunicado difundido em seu site.

Segue abaixo a íntegra do comunicado:

"Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja" (Mt 16,18)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB recebe com surpresa, como todo o mundo, o anúncio feito pelo Santo Padre Bento XVI de sua renúncia à Sé de Pedro, que ficará vacante a partir do dia 28 de fevereiro próximo. Acolhemos com amor filial as razões apresentadas por Sua Santidade, sinal de sua humildade e grandeza, que caracterizaram os oito anos de seu pontificado.

Teólogo brilhante, Bento XVI entrará para a história como o "Papa do amor" e o "Papa do Deus Pequeno", que fez do Reino de Deus e da Igreja a razão de sua vida e de seu ministério. O curto período de seu pontificado foi suficiente para ajudar a Igreja a intensificar a busca da unidade dos cristãos e das religiões através de um eficaz diálogo ecumênico e inter-religioso, bem como para chamar a atenção do mundo para a necessidade de voltar-se ao Deus criador e Senhor da vida.

A CNBB é grata a Sua Santidade pelo carinho e apreço que sempre manifestou para com a Igreja no Brasil. A sua primeira visita intercontinental, feita ao nosso País em 2007, para inaugurar a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, e, também, a escolha do Rio de Janeiro para sediar a Jornada Mundial da Juventude, no próximo mês de julho, são uma prova do quanto trazia no coração o povo brasileiro.

Agradecemos a Deus o dom do ministério de Sua Santidade Bento XVI a quem continuaremos unidos na comunhão fraterna, assegurando-lhe nossas preces.

Conclamamos a Igreja no Brasil a acompanhar com oração e serenidade o legítimo processo de eleição do sucessor de Bento XVI. Confiamos na assistência do Espírito Santo e na proteção de Nossa Senhora Aparecida, neste momento singular da vida da Igreja de Cristo.

O Papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira (11) que renunciará a seu ministério em 28 de fevereiro, durante um discurso pronunciado em latim e traduzido em seguida para sete idiomas pela secretaria de imprensa do Vaticano.

A seguir a transcrição do discurso do Papa:

Caríssimos irmãos,

Convoquei-vos a este Consistório não apenas para as três causas de canonização, mas também para comunicá-los uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino.

Estou muito consciente de que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser executado não apenas com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando. No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para governar a barca de são Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que hei de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado.

Por isto, sendo muito consciente da seriedade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005, de forma que, a partir 28 de fevereiro de 2013, às 20.00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por meio de quem tem competências, o conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos irmãos, dou graças de coração por todo o amor e o trabalho com que tens levado junto a mim o peso de meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora, confiamos a Igreja ao cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Santa Mãe, que assista com sua materna bondade aos Pais Cardeais ao eleger o novo Sumo Pontífice. No que me diz respeito, também no futuro, gostaria de servir de todo coração a Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração.

Vaticano, 10 de fevereiro 2013.

BENEDICTUS PP. XVI

[Texto original: Latim

A Arquidiocese do Rio de Janeiro manterá a realização das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), previstas de 23 a 28 de julho, apesar do inesperado anúncio de renúncia do Papa Bento XVI, confirmou nesta segunda-feira à AFP um porta-voz.

"As Jornadas serão mantidas, a demissão do Papa não altera nada", declarou à AFP Adionel da Cunha, porta-voz da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

O arcebispo do Rio, Orani Tempesta, também confirmou que, apesar da renúncia do Papa, o evento será mantido, e será encabeçado pelo sucessor de Bento XVI.

"O próprio Bento XVI sempre disse que a Jornada Mundial da Juventude será realizada no Rio por ele ou por seu sucessor. Rezamos pela saúde do Papa, assim como pela de todos os idosos e enfermos neste dia de Nossa Senhora de Lurdes", assinalou Tempesta durante uma cerimônia, citado pelo site G1.

"Não se considera uma eventual ausência do Papa nas JMJ", insistiu. "É tradição que os Papa assistam, mesmo depois de uma mudança recente", explicou.

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