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Mesmo com o dólar alto e com o preço das passagens elevado, a recuperação da demanda por voos internacionais no Brasil ganhou tração em 2022. Apesar de ter começado o ano com 48,2% do verificado antes da pandemia, chegou a 77,8% em outubro, dado mais recente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No mesmo período, o setor doméstico, que se recuperou mais rapidamente, passou de 84,4% para 91,8%.

No acumulado dos dez primeiros meses do ano, porém, a demanda internacional ficou em 66,3%. Especialistas dizem que a recuperação total do segmento deve ocorrer só em 2024, enquanto a do doméstico poderá ser vista neste ano.

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Para o consultor André Castellini, sócio da Bain & Company e especialista no setor aéreo, uma demanda internacional no mesmo patamar de 2019 só deve ser registrada no fim de 2024. Isso, porém, ainda dependerá do comportamento do dólar e da economia nos próximos dois anos, diz ele.

Para o diretor no Brasil da Associação Internacional de Transporte Aéreo, Dany Oliveira, o preço das passagens e o dólar não são os principais entraves para o segmento internacional se recuperar.

O gerente de estratégia comercial da Latam Brasil, Douglas Cabrera Lopes, diz que o preço da moeda americana não atrasou a recuperação da demanda internacional da empresa em relação ao que era projetado. Ele afirma, porém, que houve migração de demanda, com viagens para a Europa avançando mais rapidamente do que para os Estados Unidos. A Latam estima que a demanda atinja o nível do pré-pandemia em 2024. "Mas o cenário é volátil e depende da conjuntura global."

O grupo Air France-KLM também espera retomar o nível de 2019 em 2024. Essa estimativa, porém, é para a operação geral da companhia, não apenas para o Brasil. Segundo o diretor comercial do grupo na América do Sul, Steven van Wijk, no País, a Air France já tem a mesma frequência de voos de antes da pandemia em Guarulhos e em Fortaleza e a KLM, em Guarulhos e no Rio.

Ritmo da retomada

Assim como ocorreu no segmento doméstico, a retomada no internacional tem tido um ritmo diferente em cada empresa. Na Latam, a principal companhia no País nesse mercado, a demanda em janeiro de 2022 era apenas 35% do registrado no mesmo mês de 2019, mas, em outubro, chegou a 76%.

A companhia também está operando 21 destinos no exterior. Antes da pandemia, eram 26. "As rotas que faltam dependem do contexto econômico para serem retomadas."

Na Gol, uma das empresas onde o segmento internacional se recuperou mais lentamente, a demanda chegou a 80,6% em outubro em relação ao mesmo mês de 2019. No acumulado do ano, entretanto, ainda está em 40%. A companhia atende hoje 13 destinos internacionais; antes, eram 16.

A Azul, que chegou a 96% da demanda internacional do pré-pandemia em outubro, tem 69% nos dez primeiros meses de 2022. Também no acumulado do ano, a United e a Air France-KLM chegaram a 87% e 82%, respectivamente.

Embora o setor aéreo venha defendendo fortemente o uso de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) como parte importante do processo de descarbonização, executivos de companhias aéreas relatam que não só a oferta do insumo é uma preocupação: segundo eles, ainda há incertezas acerca da disponibilidade, nos próximos anos, de aeronaves capazes de voar 100% SAF.

A avaliação é que, essa alternativa depende principalmente dos fabricantes de motores e aeronaves. Hoje, companhias aéreas já utilizam SAF, com um limite regulatório de 50%. No plano das companhias aéreas está previsto que o combustível represente pelo menos 65% da demanda global das aeronaves até 2050, quando o setor pretende atingir a meta de carbono zero. Atualmente, a representatividade do SAF no consumo global não chega a 2%: a capacidade de produção do insumo é de 100 milhões de litros por ano.

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Para o CEO da Gol, Celso Ferrer, o papel das fabricantes é fundamental para garantir um futuro com aeronaves 100% SAF ou até mesmo com outros combustíveis sustentáveis, como hidrogênio, por exemplo. "O que temos tentado fazer é deixar claro que há demanda e que temos disposição para incentivar a produção em alta escala. O papel das fabricantes é fundamental neste contexto, mas não temos ainda uma visibilidade da vida útil (do motor)", disse durante fórum promovido pela Boeing.

Ele acrescenta que os testes desses motores já vêm sendo feitos e que há uma confiança no mercado que haverá motores testados e seguros para voos 100% SAF. "Todo mundo está presumindo que vamos ter motores com essa tecnologia daqui a alguns anos."

O CEO da Azul, John Rodgerson, aponta que os efeitos de longo prazo do uso integral de SAF nos motores das aeronaves ainda não são totalmente conhecidos. "Temos de ter certeza que qualquer combustível é 100% seguro, uma coisa é fazer testes, mas isso ainda não foi feito no longo prazo."

O executivo diz que, para voar 100% SAF, um motor precisa ser desenvolvido para isso. "O motor tem de ser feito para SAF, e hoje não temos isso, não há uma turbina certificada para esse combustível. O que estamos dispostos a fazer é trabalhar juntos para deixar claro que, quando tiver o motor pronto, vamos demandar."

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo com a alta do preço do combustível dificultando sua recuperação financeira, o setor aéreo deve ter um 2022 um pouco melhor do que o esperado. As perdas da indústria neste ano devem ficar em US$ 9,7 bilhões, ainda por conta da pandemia de Covid-19, segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) divulgados nesta segunda-feira (20).

Apesar de o resultado previsto para 2022 estar em patamar negativo, há uma melhora quando comparado com o valor que se projetava em outubro passado (perdas de US$ 11,6 bilhões) e com o registrado nos últimos dois anos - prejuízo de US$ 42,1 bilhões, em 2021, e de US$ 137,7 bilhões em 2020, o primeiro ano da pandemia.

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A entidade estima que 2023 deve, finalmente, ser o ano em que o setor como um todo voltará a registrar lucros. Nos Estados Unidos, porém, isso deve acontecer já em 2022, com US$ 8,8 bilhões; já na China, por causa da política de covid zero, só em 2024.

Entre os motivos para o otimismo no setor, estão a retomada da demanda que vem sendo verificada e os ganhos de eficiência das empresas, mesmo com a alta de 40% no preço do petróleo. Em países avançados, o baixo nível de desemprego também tem favorecido a retomada. Na América Latina, apesar de a economia ainda estar fraca, as companhias recuperaram o tráfego "de forma robusta", segundo a Iata. A demanda hoje está em 94,2% do nível pré-crise, abaixo apenas da verificada na América do Norte, de 95%.

*A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA IATA

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Câmara dos Deputados pode votar nesta quarta-feira (20) a Medida Provisória 1089/21, que reformula a legislação sobre aviação civil, acabando com a diferença entre serviços aéreos públicos (transporte comercial regular) e serviços privados (sem remuneração e em benefício do operador), além de mudar valores e tipos de ações sujeitas a taxas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A sessão do Plenário está marcada para as 9 horas.

De acordo com o substitutivo preliminar do relator, deputado General Peternelli (União-SP), qualquer pessoa física ou jurídica poderá explorar serviços aéreos, observadas as normas do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) e da autoridade de aviação civil.

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Segundo o texto, tanto as companhias aéreas quanto os que prestam serviços de intermediação de compra de passagem (agências ou aplicativos, por exemplo) devem fornecer às autoridades federais competentes as informações pessoais do passageiro.

Peternelli incorporou ainda regras que permitem à companhia aérea deixar de vender, por até 12 meses, bilhete a passageiro que tenha praticado ato de indisciplina considerado gravíssimo, nos termos de regulamento que deverá prever também o tratamento dispensado a esse passageiro no momento do ocorrido.

Entretanto, a restrição de venda não poderá ser aplicada a passageiro em “cumprimento de missão de Estado”, como policiais ou militares.

Os dados de identificação de passageiro que tenha praticado o ato gravíssimo de indisciplina poderão ser compartilhados pela companhia com outras prestadoras de serviços aéreos.

Com a MP, a Anac passa a ter mais poder regulatório, como em relação à criação e à extinção de tarifas aeroportuárias devidas por companhias aéreas e passageiros pelo uso da infraestrutura. Assim, o texto retira da Lei 6.009/73 a lista das tarifas incidentes, como de embarque, conexão, pouso e armazenagem.

Promulher

Outra matéria pautada para esta quarta é o Projeto de Lei 4251/21, que cria um programa de apoio a projetos ligados à proteção das mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, usando recursos de doações dedutíveis do Imposto de Renda.

Segundo o substitutivo preliminar da deputada Vivi Reis (Psol-PA) para o projeto, de autoria do deputado Bosco Costa (PL-SE), poderão receber recursos do Programa Nacional de Proteção e Apoio à Mulher (Promulher) tanto políticas públicas da área quanto projetos apresentados por organizações não governamentais sem fins lucrativos, desde que aprovados pelo governo federal.

O dinheiro captado deverá ser utilizado para compra, construção, reforma ou ampliação de casas-abrigo, casas de acolhimento provisório ou centros de atendimento integral e multidisciplinar.

Benefício extraordinário

Em pauta consta ainda a Medida Provisória 1076/21, que institui um benefício extraordinário para complementar o valor do Auxílio Brasil até chegar a R$ 400 por família.

Inicialmente editada para o mês de dezembro de 2021, a MP dependia da aprovação pelo Congresso da PEC dos Precatórios para que o pagamento desse adicional pudesse ser estendido durante o ano de 2022. Com a transformação da PEC na Emenda Constitucional 114, o Decreto 10.919/21 prorrogou o pagamento do benefício de janeiro a dezembro de 2022.

Para 2023, não há previsão de pagamento do benefício extraordinário junto com o recebido por meio do programa Auxílio Brasil, cuja média está em torno de R$ 224.

Segundo o governo, o total gasto em dezembro de 2021 foi de cerca de R$ 2,67 bilhões e o estimado para 2022 será proporcional a esse mês, resultando em cerca de R$ 32,04 bilhões para os 12 meses.

O benefício extraordinário será calculado a partir da soma dos benefícios financeiros do Auxílio Brasil para famílias em situação de pobreza ou de extrema pobreza, terá caráter provisório e não se integrará ao conjunto de benefícios criados pela Lei 14.284/21.

*Da Agência Câmara de Notícias

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) fez, nessa quinta (14), um alerta para a escalada do preço do querosene de aviação (QAV), que registrou alta de 91,7% no segundo trimestre deste ano, em relação a igual período do ano passado, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Segundo a ABEAR, também preocupam os sucessivos recordes de cotação do dólar em relação ao real. Para a associação, os dois fatores ameaçam a retomada mais consistente da aviação comercial brasileira e vêm “pressionando os preços das passagens aéreas”.

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Preços das passagens

O levantamento mais recente da ANAC mostra que a tarifa média aérea doméstica real do segundo trimestre de 2021 registrou queda de 19,98% em comparação com o mesmo trimestre de 2019, período prévio aos impactos da pandemia da Covid-19. O preço médio do bilhete foi de R$ 388,95, ante R$ 486,10.

A ABEAR destaca que qualquer comparação de preços de bilhetes tendo como referência o ano de 2020 leva em consideração os menores valores históricos por causa do impacto da pandemia.

De acordo com a associação, a tarifa aérea doméstica do ano passado se situou em R$ 376,29, o “menor preço em 20 anos”.

Querosene

Segundo pesquisa da ABEAR, no primeiro semestre de 2021, o preço médio do querosene de aviação na bomba, no Brasil, foi 24,6% superior do que nos Estados Unidos.

Duas semanas antes do carnaval, a diretoria da Gol se reuniu em um auditório na sede da empresa, ao lado do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Sentados em cadeiras iguais a assentos de avião, os executivos começaram a se preparar para atravessar o deserto, como chamaram, então, a crise da Covid-19.

"Nessa reunião, que ficou histórica para nós, a figura que adotamos e que se mostrou acertada foi a de que iniciaríamos a travessia de um deserto, cuja extensão e temperatura eram imprevisíveis e, como acontece na travessia de qualquer deserto, na qual só poderíamos contar com os suprimentos que tínhamos no começo da jornada. No meio do deserto não tem posto de gasolina, hospital ou supermercado", lembra o presidente da companhia, Paulo Kakinoff.

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Com o plano de travessia traçado, os investimentos, como campanhas de publicidade, foram suspensos. Era um modo para garantir que a água - dinheiro no caixa, nesse caso - não acabasse antes de que se atingisse o fim do deserto. Também com esse objetivo foi desenhada a proposta de reduzir a jornada e o salário dos tripulantes.

No fim de março, os trabalhadores já tinham aceitado o corte de até 75% na remuneração para os meses seguintes. Cerca de mil funcionários foram desligados durante o ano.

Foi essa época em que o passageiro "sumiu". Kakinoff diz que a empresa tinha se preparado para uma redução significativa da demanda, mas não imaginavam que a queda seria tão brutal - chegou a 93% em abril e maio.

No mês passado, a Gol foi a mercado para captar R$ 1 bilhão e dar continuidade à travessia do deserto, que só deve ser concluída quando a população estiver vacinada. "Enquanto a Covid não estiver resolvida, você jamais vai ouvir da gente que a situação está sob controle", diz o presidente da empresa. "Mas espero que o trecho mais quente do deserto tenha ficado para trás. De qualquer modo, nem isso a gente crava, porque o cenário é muito volátil", acrescenta.

A aposta de Kakinoff é que a retomada já verificada no segmento de lazer se mantenha nos próximos meses, enquanto o segmento corporativo continuará penando. Ele prevê que as viagens realizadas a trabalho alcancem entre 60% e 70% do que se tinha antes da pandemia apenas no segundo semestre do ano que vem. O segmento corporativo é o que rende maiores receitas para as aéreas, dado que as passagens são compradas com menor antecedência e a preços mais elevados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A expectativa para 2020 era alta no setor aéreo. O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, previa que seria o melhor ano para as empresas desde 2010. Com a saída da Avianca Brasil do mercado e a consequente redução da concorrência, as companhias tinham elevado os preços das passagens em 2019 e viam a situação de seus caixas melhorar. A Azul prometia elevar a oferta em 20%, enquanto Gol e Latam, entre 6% e 9%. Mas não poderia ser mais diferente do que aconteceu. Com a Covid-19 e o distanciamento social, o setor teve o pior ano de sua história, com uma queda de demanda que chegou a 94,5% no pior momento.

"No pré-covid, as coisas estavam indo super bem. Os voos estavam cheios. Seria um ano recorde para nós. Aí, de repente, tudo parou", lembra o presidente da Azul, John Rodgerson.

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A paralisação dos voos foi global e o setor acabou sendo um dos mais atingidos pela crise do coronavírus. O impacto foi tão profundo que, rapidamente, governos passaram a resgatar empresas aéreas privadas. Nos Estados Unidos, inicialmente, US$ 25 bilhões foram destinados às companhias do setor - mais US$ 15 bilhões foram aprovados no fim do ano. Na Alemanha, US$ 9 bilhões socorreram a Lufthansa.

Por aqui, as discussões por uma ajuda estatal foram travadas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BDNES) e fracassaram. O modelo proposto pelo banco, que financiaria 60% do empréstimo - 10% deveriam vir de um sindicato de bancos e 30%, levantados no mercado - foi considerado caro e ineficiente pelas companhias.

Isso porque os títulos das empresas já são negociados hoje no mercado. As companhias teriam, portanto, de oferecer juros mais elevados para essa nova dívida se tornar atraente. A esse preço mais alto, bancos privados poderiam fornecer o crédito.

A saída encontrada por Gol e Azul acabou sendo recorrer ao mercado financeiro. Já a Latam entrou em recuperação judicial (chapter 11) nos EUA.

Além do pedido de recuperação em Nova York, a Latam adotou outra saída inesperada e fechou uma parceria de "code share" com a Azul para as empresas realizarem voos de forma conjunta.

Até o ano anterior, as companhias viviam disputa acirrada pelas autorizações de pouso e decolagem no aeroporto de Congonhas (SP) deixadas pela Avianca Brasil, que havia falido. A briga levara os presidentes das empresas a trocarem acusações publicamente e ainda fez com que a Azul deixasse a Abear, a entidade que representa o setor.

"Não consigo imaginar, e duvido que a Azul imaginasse, um 'code share' entre Latam e Azul se não estivéssemos em uma crise como essa. Mas, neste momento, faz sentido, porque tanto eles como nós queremos vender mais e aumentar a receita. Se uma forma de elevar a receita é vender um voo operado por eles, tudo bem", diz Jerome Cadier, presidente da Latam no Brasil.

A parceria surgiu após uma reunião virtual de relacionamento entre o presidente da Azul, John Rodgerson, e o presidente do grupo Latam, Roberto Alvo, que havia assumido o cargo em abril, no meio da crise.

O acordo entre as empresas garantiu a sobrevivência de algumas rotas que poderiam desaparecer por causa da queda da demanda. Mas não de todas elas.

"A crise cria uma deseconomia de escala. Voos que tinham um certo número de passageiros acabam não sendo mais viáveis. As empresas vão sair menores depois disso tudo. O mercado não vai se recuperar totalmente", diz André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company e especialista no setor.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o total de passageiros no mercado doméstico em outubro era metade do registrado um ano antes. Castellini prevê que o número só volte ao patamar anterior à crise em junho de 2023.

Segmento corporativo

No mercado internacional, que hoje se aproxima dos 15% do que tinha em dezembro de 2019, a recuperação total só deve ocorrer daqui a quatro anos, estima o consultor. Já para o segmento corporativo, que paga as tarifas mais caras e é uma importante fonte de receita para as empresas, não é possível nem fazer previsões concretas.

"Entre 25% e 35% da demanda de negócios deve acabar porque o setor vai perder uma parte não desprezível da demanda no pós-pandemia por causa das soluções de videoconferência. Mas esse número ainda é impreciso", acrescenta Castellini.

Diante desse cenário e das incertezas, os presidentes das companhias aéreas afirmam não poder cravar que o pior ficou para trás com o fim de 2020.

Apesar de sentirem uma recuperação mais sólida na demanda desde setembro, destacam que não respirarão tranquilos enquanto a população não estiver vacinada e dizem, ainda, que a saída dessa crise pode ser tão complexa quanto o início dela. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Diário Oficial da União desta quinta-feira (8) traz a Portaria 2.626, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que institui o Programa Voo Simples. Lançado na quarta-feira (7) pelo governo federal, o programa tem um conjunto de 52 medidas para aviação geral, com foco nos profissionais, operadores de aeronaves, instituições de ensino e empresas de pequeno porte. O pacote tem como uma das ações previstas o fim do prazo de validade da carteira de habilitação de pilotos.

Segundo o texto da portaria, o programa será regido pelas seguintes diretrizes: buscar continuamente a simplificação e a desburocratização da atuação da Anac visando reduzir os custos administrativos; promover ações relacionadas à melhoria da efetividade e da eficiência dos serviços públicos prestados pela Anac; promover a melhoria da interação da Anac com os regulados; ampliar a transparência e a divulgação das ações e dos resultados obtidos; garantir o tratamento adequado às contribuições de melhorias e simplificação de processos encaminhadas à Anac.

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Ainda de acordo com o texto, o programa compreenderá a simplificação nos seguintes eixos de iniciativas: profissionais da aviação civil; simulador de voo; registro de aeronaves; documentação de voo; manutenção de aeronaves; certificação de aeronaves e componentes; empresas de pequeno porte; incentivo à indústria; procedimentos de notificações e autuações; revisão legal; incremento da segurança; e infraestrutura aeroportuária.

Os eixos e ações do primeiro ciclo do Voo Simples vão ficar em vigor até dezembro de 2021 e serão revistos a cada dois anos pela diretoria colegiada da Anac.

Com o desaparecimento quase completo dos passageiros durante a quarentena, as companhias aéreas têm tido um certo alento nesses últimos meses com o transporte de carga. Enquanto a demanda de passageiros no mercado doméstico brasileiro recuou 89,9% entre abril e junho, a movimentação de carga por aviões teve uma queda mais branda, de 63%, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Apesar da redução no volume, algumas empresas conseguiram crescer na receita com carga e começam a pensar em produtos específicos para o segmento em uma tentativa de manter o ritmo de expansão no pós-crise.

O descasamento entre faturamento e volume de mercadorias transportadas ocorreu devido a uma alta dos preços por causa da falta de voos. Da carga brasileira transportada por via aérea, 85% são armazenados na barriga das aeronaves que carregam também passageiros. Com as medidas de distanciamento social e a consequente redução da demanda por viagens, as companhias estacionaram suas frotas, e o número de aviões disponíveis para transportar carga despencou.

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Maior empresa no transporte de cargas, o grupo Latam registrou queda de 15,7% no volume transportado no segundo trimestre, incluindo as unidades de negócios de outros países. Apenas no mercado doméstico brasileiro, a retração foi de 62%. Ainda assim, a receita do grupo no segmento cresceu 18,4%.

Adaptação

Para contornar a falta de jatos e poder transportar o maior volume possível, a Latam adaptou sua frota. No lugar de usar modelos A321 - que têm capacidade para 220 passageiros, mas apenas duas toneladas de carga -, passou a operar mais com Boeing 767, com capacidade para até 238 passageiros, mas que pode levar até 20 toneladas de mercadorias.

"Aumentamos em dez vezes a capacidade de carga praticamente sem aumentar a de passageiros", diz Diogo Elias, diretor da Latam Cargo Brasil. A empresa também transformou um Boeing 777, com capacidade para 379 passageiros, em um cargueiro, retirando as poltronas para poder levar mais mercadorias.

Com queda de 39% no volume de carga transportada no segundo trimestre, mas alta de 44% na receita, a Azul também alterou sua frota. De seus 40 A320 que carregavam passageiros antes da pandemia, até 12 são usados por semana agora como cargueiros - após as aeronaves terem suas configurações alteradas para transportar mercadorias. Dos 13 A330 (modelo maior da Airbus), sete também foram repassados para a unidade de negócios de carga da companhia aérea.

"Durante a pandemia, fizemos essa transformação, que hoje possibilita transportarmos até um pouco mais do que no ano passado", afirma Izabel Reis, diretora da Azul Cargo.

Desempenho

A Azul tem tido o melhor desempenho entre as companhias aéreas no segmento de carga até agora. Além de ter registrado o menor recuo no volume transportado no segundo trimestre, a empresa conseguiu movimentar, em julho, 99,2% do registrado no mesmo mês do ano passado. Com esse resultado, a companhia ultrapassou a Gol no segmento.

Com queda de 86,7% na carga do segundo trimestre, a Gol não chegou a aumentar a receita, que recuou de forma mais moderada. No período, a queda no faturamento com transporte de mercadorias foi de 35%, segundo o diretor executivo da Gollog, Julio Perotti.

Ainda assim, a empresa tem procurado oferecer novos serviços para atrair clientes, como o aluguel de caixas que transportam animais em voos ou um profissional para cuidar de um animal de estimação em uma conexão. "Apresentamos esses produtos mais cedo do que estávamos prevendo por causa da pandemia", diz Perotti.

Os novos serviços das empresas atendem a uma transformação no setor de carga das companhias aéreas, que observou um crescimento expressivo com o aumento do e-commerce durante a pandemia. Na Azul Cargo, a entrega de produtos vendidos pela internet avançou 19% neste ano. Na Latam, o segmento era responsável por 8% do volume transportado antes da pandemia. Essa parcela chegou a 20% nos primeiros meses de quarentena e, agora, com a economia sendo reaberta, está em 16%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O setor aéreo, um dos mais afetados pela crise causada pela pandemia da covid-19, deve sofrer impactos negativos em sua cadeia pelo menos até o fim de 2023, segundo a consultoria Bain & Company. Hoje, a maior parte da frota global de aviões está parada por causa do fechamento de fronteiras e das medidas de distanciamento social.

Segundo o estudo da Bain, fabricantes de aeronaves devem registrar uma queda significativa em suas produções nos próximos cinco anos. No caso das companhias aéreas, a demanda global só deve voltar ao patamar pré-coronavírus em meados de 2022, isso considerando que a crise seja moderada.

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Para as fabricantes, a consultoria prevê uma situação mais difícil no segmento de aeronaves de grande porte (com dois corredores), que deve retomar o nível pré-crise em dezembro de 2023. Entre os aviões menores (de um único corredor), a projeção é de recuperação a partir de novembro de 2021.

Até agora, a Airbus, por exemplo, reduziu sua produção em um terço. Segundo a companhia, não é possível afirmar quando o nível pré-covid-19 será retomado. A empresa reconhece que o segmento de aviões de grande porte sofrerá mais, mas lembra que modelos de um corredor e com alcance internacional, segmento em que é líder, devem se recuperar mais rápido.

O estudo da consultoria aponta também que, com a crise, 35% da frota global de aeronaves ainda deverá estar parada no fim deste ano, e que o cancelamento de encomendas de aviões pode chegar a 20% mesmo com os governos ajudando as aéreas. A Gol, por exemplo, anunciou na semana passada que, em meio a uma negociação com a Boeing para ser compensada pelo atraso na entrega de aviões 737 MAX, reduziu suas encomendas de 129 jatos para 95.

A Bain & Company indica ainda que o novo cenário econômico favorecerá a manutenção de aeronaves antigas no mercado, prejudicando empresas como Embraer, Boeing e Airbus. A fabricante brasileira de aviões é uma das que lançou recentemente uma nova família de jatos, cuja principal vantagem é gastar menos combustível. O problema, segundo a Bain, é que aeronaves mais econômicas deixam de ser tão atraentes para as empresas aéreas quando o preço do petróleo está em baixa, como acontece agora.

Outro fator que não favorece as fabricantes no momento é que deve crescer o número de aviões disponíveis no mercado secundário. Isso fará com que os preços dos jatos usados sejam mais vantajosos quando comparados com os novos.

Menos pessimista que a Bain, o banco UBS prevê neste ano uma queda de 16% na produção da Boeing e da Airbus. A americana deve fabricar 490 unidades, enquanto a europeia, 860, aponta relatório do banco. O UBS, porém, prevê que as antigas estimativas de produção que tinha para o setor sejam atingidas apenas em 2023.

Demanda por voo. Para as companhias aéreas, a Bain projeta um cenário tão complexo quanto para as fabricantes. A queda na demanda global por voos deve atingir 70% em junho e ficar entre 40% e 55% neste ano. O número está em linha com estimativas da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), que prevê recuo de 55% na receita com passageiros.

No caso das empresas aéreas que operam na América Latina, a Bain espera que a demanda por voos domésticos retorne ao nível que se tinha antes da crise apenas no início do segundo semestre de 2022. Para voos internacionais, isso não ocorrerá antes de junho de 2024.

Segundo André Castellini, sócio da consultoria, além dos impactos da crise econômica e do fechamento de fronteiras, mudanças nos hábitos do consumidor devem reduzir a procura por voos no futuro. "O segmento corporativo deve ficar mais restritivo para viagens após experimentar um uso maior das videoconferências", explica.

O consultor dá a própria empresa como exemplo. Hoje, quando profissionais são recrutados no exterior, um funcionário vai até o local para fazer a seleção. "Isso deve mudar. Talvez, a primeira fase passe a ser por vídeo."

Esse cenário de recuperação a partir do segundo semestre de 2022 considera que a crise vai ser moderada. Caso ela se prolongue e as mudanças no hábito do consumidor sejam muito profundas, a retomada se daria ainda mais tarde.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, diz, no entanto, não ser possível prever quando a recuperação deve ocorrer, dado que dólar e combustível estão muito voláteis. Ele afirma também não ser possível saber qual será o comportamento das pessoas quando o pior da crise passar. "Só posso dizer que o setor vai se recuperar, como e em quanto tempo são especulações."

Até agora, a demanda doméstica no Brasil recuou 90%, enquanto a internacional, perto de 100%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo está atrás de 40 empresas estrangeiras para ingressar no mercado brasileiro para aumentar a concorrência e baratear o preço das passagens. Hoje, os voos nacionais são concentrados em três empresas: Azul, Latam e Gol.

A abertura para esse tipo de ação foi dada pela medida provisória, convertida em lei, que autorizou áreas com 100% de capital estrangeiro a operarem no mercado doméstico. "Estamos trabalhando para que boa parte dos aviões que estão vindo para a América Latina em 2020, venham para o Brasil", disse o chefe da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), Ronei Saggioro Glanzmann.

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Apesar da manutenção da cobrança pelo despacho da bagagem e o fato de o Estado de São Paulo ter reduzido o ICMS do combustível de aviação, Glanzmann admite que a saída da Avianca no mercado doméstico tornou o ano mais difícil para o setor. "A empresa tinha 14% em média do mercado doméstico, mas em algumas áreas específicas ela tinha mais da metade", afirma.

Com a redução da oferta de voos no País decorrente da crise da Avianca Brasil, os preços das passagens aéreas nas principais rotas da companhia registram altas de até 140%.

O governo considera que o processo mais avançado de ingresso de estrangeiras é o da Air Europa. A autorização está em curso na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A eventual entrada da empresa, no entanto, pode esbarrar na compra da Air Europa pelo International Airlines Group (IAG).

"Estamos acompanhando o movimento deles. Acho que deram uma parada na discussão por ora, mas estão na nossa mira para retomarmos o assunto. Enquanto isso, fizeram um acordo com a Gol para operar a distribuição no País", disse Glanzmann.

Pelo acordo fechado com a Gol, a Air Europa voará de São Paulo, Recife, Salvador e Fortaleza para outras 20 cidades do Brasil, segundo a Anac. Os voos terão início em janeiro de 2020: "isso sinaliza que o mercado brasileiro é estratégico".

Low Cost

Com a permissão da cobrança do despacho de bagagem estabelecida no mercado, o Brasil ficou mais atrativo para as chamadas companhias "low cost", de baixo custo. Atualmente, três delas já atuam no Brasil: Norwegian, Sky Airlines e Flybondi.

A JetSmart deve iniciar em 27 de dezembro a rota Santiago - Salvador. A Sky também iniciará rota nova (Santiago - Salvador) em 26 de dezembro, e a Flybondi planeja dois novos trajetos: no dia 20 a rota Buenos Aires - Florianópolis e a partir de março a rota Buenos Aires - Porto Alegre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) se manifestou contra as alterações na Medida Provisória do setor aéreo que retomaram a franquia de bagagem despachada e incluíram a obrigação de realização de voos regionais no Brasil pelas aéreas estrangeiras.

A MP, que abre o setor aéreo para o capital estrangeiro, foi modificada por uma comissão do Congresso Nacional semana passada. Para o Departamento de Estudos Econômicos do Cade, as modificações podem interferir no ambiente para a entrada de novas empresas aéreas estrangeiras. O entendimento dos técnicos é que barreiras normativas não seriam desejáveis para a ampliação da participação do capital estrangeiro no mercado de aviação civil.

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Além da franquia de bagagem, o parecer determina que empresas áreas estrangeiras que venham a atuar no Brasil destinem 5% dos voos para rotas regionais por um prazo mínimo de dois anos. "A medida não garante o desenvolvimento da aviação regional, dado que outros fatores se mostram mais relevantes para esse crescimento, notadamente, infraestrutura e demanda por transporte aéreo", diz a nota.

Para o Cade, a volta da franquia de bagagem afetará negativamente os investimentos no mercado porque impacta diretamente o modelo de negócios das empresas aéreas de baixo custo, que teriam manifestado interesse de entrar no mercado brasileiro. "A entrada desse tipo de empresa acirraria a concorrência com possíveis impactos favoráveis ao consumidor sobre o preço do transporte aéreo, incluindo passagens e despacho de bagagens", diz a nota.

O Cade informou que enviará o parecer ao Congresso para discussões sobre o tema. A MP ainda tem de passar pelos plenários da Câmara e do Senado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Trabalhadores da aviação civil realizaram nesta segunda-feira (25) uma greve nacional de quatro horas em toda a Itália, em protesto contra a falta de soluções para a crise no setor, especialmente o impasse envolvendo a Alitalia, que foi colocada à venda.

O ato foi convocado pelos principais sindicatos do país e envolveu pilotos, assistentes de voo, técnicos de manutenção e equipes de terra. A paralisação durou das 10h às 14h e provocou o cancelamento de 95 voos.

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Além disso, os funcionários da Air Italy, segunda maior companhia aérea do país, fazem uma greve de 24 horas, mas a empresa garantiu duas faixas de operação, das 7h às 10h e das 18 às 21h. Como a paralisação já estava programada, houve poucos transtornos nos aeroportos italianos.

"A greve foi bem sucedida, com muitos voos cancelados preventivamente e altíssima adesão dos trabalhadores. Agora precisamos de respostas sobre a situação trabalhista do setor e o caso Alitalia", disse o secretário-geral da Federação Italiana dos Trabalhadores dos Transportes (Filt), Fabrizio Cuscito.

Da Ansa

Depois três anos considerados fracos pelos principais executivos do setor, as companhias aéreas do País preveem um 2018 de retomada. A recuperação deverá ser puxada principalmente pelo segmento corporativo, o mais rentável e que já começou a ganhar tração no último trimestre de 2017.

A Gol, por exemplo, maior empresa do mercado doméstico no Brasil, projeta aumentar sua oferta em até 3% para responder ao aquecimento da demanda. Segundo estimativas preliminares, essa alta ficou em 0,5% no ano passado. Durante a grave crise financeira e de demanda pela qual passou, a companhia reduziu sua frota média de 129 aviões, em 2015, para 116, em 2017. Agora, projeta elevar para 118 neste ano.

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Na Latam, a previsão é de uma oferta doméstica até 4% maior em 2018, após uma queda de 4% em 2017. "Claramente, a partir de abril deste ano, voltaremos a crescer no Brasil", diz o presidente da empresa no País, Jerome Cadier. "Em 2017, a demanda doméstica foi se consolidando e agora olhamos para 2018 como um ano mais positivo internamente. No internacional, a recuperação já vem de antes", acrescenta.

Recuperação

O executivo da Latam destaca que o segmento corporativo - cujas tarifas são mais caras por serem compradas com menor antecedência - sofreu muita oscilação no primeiro semestre de 2017 e começou a se consolidar no fim do ano. "No quarto trimestre, o segmento ficou mais firme, com semanas seguidas de crescimento na comparação com 2016. Mas são taxas de 3% a 4%, não de 15%." Com a crise brasileira, o segmento corporativo chegou a registrar queda de 6,3% e 4,7% no número de passagens vendidas para voos nacionais em 2015 e 2016, respectivamente.

Já nos nove primeiros meses do ano passado, a alta foi de 6,2%, segundo a Associação Brasileira de Viagem Corporativa (Abracorp). "Com uma maior confiança, as empresa brasileiras começaram a retomar seu ritmo de consumo, o que teve um impacto direto no setor aéreo. Já vemos melhora em setores como farmacêutico, financeiro e de agronegócios", diz o diretor executivo da entidade, Gervasio Tanabe.

Também para o presidente da Azul, John Rodgerson - o único que considera que 2017 já foi um ano bom, em razão da abertura de capital da empresa, que arrecadou R$ 2 bilhões -, 2018 será mais sólido porque grande parte dos setores da economia está saindo da crise, elevando a demanda corporativa. "O ano passado foi bom, no primeiro semestre, por causa da safra, mas agora estamos vendo outras indústrias indo bem. Não é mais algo isolado", diz.

O presidente da Avianca, Frederico Pedreira, entretanto, afirma que a retomada da indústria aérea deverá ficar mais para o fim de 2018 e o início de 2019. "O ano passado foi um pouco melhor que 2016, que foi o ano mais difícil. A forma como estamos trabalhando é que 2018 será de transição, melhor que 2017, mas não forte como acontecia em 2009 ou 2010." Em 2017, a demanda doméstica cresceu 3,51%, após queda de 5,47% em 2016, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) divulgados nesta terça-feira, 23.

Desafios

O especialista no setor aéreo André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company, destaca que há indicativos de que 2018 começou "muito bem" no setor aéreo, tanto no segmento corporativo quanto no de lazer. Ele também afirma que a melhora começou no segundo semestre do ano passado, mas não de uma forma "muito brilhante".

Castellini frisa que, assim como os demais setores da economia, a indústria aérea pode sofrer depois do carnaval, conforme as eleições se aproximarem. "Tudo deve ficar um pouco parado, esperando uma definição do cenário político. Se a perspectiva política piorar, pode haver impactos no câmbio e, consequentemente, no preço do petróleo." Procurada, a Gol não comentou o assunto por estar em período de silêncio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente interino, Michel Temer, sancionou com vetos a lei que trata de modificações no setor aéreo como a reestruturação de débitos da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) com a União. Entre os vetos, está o que previa a liberação total de capital estrangeiro para participar de companhias aéreas brasileiras. A sanção foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (26).

A nova legislação provém de uma medida provisória enviada em março pela presidenta afastada Dilma Rousseff, que ampliava de 20% para 49% a permissão de participação de capital estrangeiro nas empresas de aviação civil do país. Durante tramitação do texto na Câmara, o governo atuou para expandir o percentual para 100%.

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No entanto, cumprindo acordo costurado com senadores, Temer vetou a liberação total de capital estrangeiro para participar de companhias aéreas brasileiras. Em mensagem encaminhada ao Congresso Nacional para justificar o veto, a Presidência da República classifica como “meritória” a elevação da participação de capital estrangeiro com direito a voto nas empresas aéreas, dos atuais 20% para 49%.

“Entretanto, a eliminação dos dispositivos que instituem um limite, conforme consta do atual Projeto de Lei de Conversão, não se mostra inteiramente adequada aos propósitos almejados, recomendando assim seu veto por interesse público”, acrescentou.

O governo vetou, também, o artigo que previa que, voos internacionais operados por empresa aeroviárias, valendo-se do direito de tráfego do Estado brasileiro, deverão ser operados por tripulações brasileiras, com contrato de trabalho no Brasil. De acordo com a justificativa do veto, tais medidas “poderiam onerar o custo das operações aéreas, bem como dificultar substancialmente a operacionalização das mesmas, sobretudo em voos compartilhados com escala no território nacional".

O Brasil deve apresentar ainda este ano à União Europeia uma proposta de acordo de reciprocidade para que investidores europeus possam adquirir até 100% de companhias áreas brasileiras, desde que grupos nacionais também possam adquirir empresas do setor nos 28 países membros do bloco.

A proposta deve ser colocada à mesa na próxima reunião de uma ampla negociação que trata da unificação de acordos do setor aéreo entre o País e a União Europeia.

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O processo vem sendo realizado desde 2011 pela Divisão de Negociações de Serviços do Ministério de Relações Exteriores. O objetivo inicial das tratativas é transformar os acordos que o Brasil já mantêm na área com países como França, Alemanha e Reino Unido em um tratado mais amplo, que abarque todo o bloco europeu.

Limite maior. A possibilidade de incluir no acordo uma cláusula de reciprocidade na compra de empresas aéreas surgiu nesta semana, com a publicação da Medida Provisória 714. O texto amplia de 20% para 49% o limite para o capital estrangeiro nas companhias de aviação brasileiras, mas traz uma brecha que eleva esse porcentual para até 100% justamente no caso de tratados que permitam o mesmo acesso do capital nacional a firmas do setor no exterior.

De acordo com o Itamaraty, a última reunião de negociação sobre o acordo aconteceu no mês passado, em Bruxelas, na Bélgica. E como a diplomacia brasileira só trabalha com base em dispositivos legais já aplicáveis, a possibilidade de reciprocidade na aquisição de aéreas não foi levada aos negociadores europeus na ocasião.

Os negociadores brasileiros começam a se preparar, então, para apresentar aos europeus a atualização da legislação no próximo encontro, que ainda não tem data marcada, mas que deve ocorrer no fim do ano. Normalmente, as reuniões sobre o acordo aéreo têm muitos meses de intervalo porque os negociadores europeus precisam percorrer os 28 países membros do bloco para referendar o andamento das propostas.

Na avaliação de diplomatas brasileiros, as chances de um acordo de reciprocidade com a União Europeia são maiores porque já existe uma negociação referente ao setor aéreo em andamento. Fora do bloco europeu, as demais tratativas sobre aviação em processo de consulta são com países asiáticos e africanos que ainda não têm voos regulares para o Brasil.

De qualquer maneira, o Brasil poderá firmar acordos dessa natureza com outros países ou blocos econômicos sem precisar do aval do Mercosul, já que o grupo sul-americano negocia em conjunto apenas o comércio de bens. Como o mercado de aviação está na categoria de serviços, o País tem total liberdade para firmar tratados bilaterais sem consultar seus vizinhos.

Perdas

A medida provisória chega em um momento crítico para o setor. O cenário de alta de custos e queda nas vendas deve levar o setor ao maior prejuízo de sua história no Brasil em 2015 (os balanços do período fechado ainda não foram divulgados). Até setembro, TAM, Gol, Azul e Avianca perderam, juntas, R$ 3,7 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

Sob ameaça de paralisação de trabalhadores do setor aéreo nesta quinta-feira, 22, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou nesta quarta-feira que seja assegurada a manutenção mínima de 80% dos aeronautas em serviço.

A decisão foi tomada pelo presidente do TST, ministro Barros Levenhagen, na análise de liminar requerida pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) em ação cautelar preparatória do dissídio coletivo de greve.

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Conforme determinação do ministro, os aeronautas devem manter os 80% por toda a duração da greve, em especial no horário das 6h às 7h do dia 22, "de sorte a viabilizar o prosseguimento, sem solução de continuidade, da atividade essencial de que se reveste o transporte aéreo em todo o território nacional".

O descumprimento da decisão considera pena de multa diária de R$ 100 mil. Em outra liminar, o ministro determinou também aos aeroviários (pessoal de terra) a manutenção dos 80% de serviços.

Ao pedir a garantia da continuidade dos serviços, o SNEA argumentou que a paralisação, em época de alta estação, pode trazer prejuízos irreparáveis ou de difícil reparação para os usuários do transporte aéreo.

O sindicato das empresas aéreas sustentou que a paralisação é ilegal por ter sido deflagrada sem o esgotamento das tentativas de negociação. Ao deferir a liminar, o ministro Levenhagen ressaltou que, como não houve acordo entre as partes neste sentido, "impõe-se a intervenção do Judiciário a fim de assegurar a higidez do transporte aéreo, em salvaguarda do expressivo contingente de usuários que dele fazem uso nesse período de férias, no qual se verifica aumento considerável no fluxo de passageiros".

Material do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), disponível na internet, cita: "Nessa quinta-feira, dia 22! Aeroviários e aeronautas, juntos, em greve para valer!" Segundo o TST, na negociação salarial, os empregados das empresas aéreas pedem aumento de 8,5% nos salários e benefícios, melhores condições de trabalho e estabelecimento de um piso salarial para os agentes que fazem o check-in.

Os trabalhadores da aviação civil confirmaram a paralisação já programada para a manhã desta quinta-feira (22). A mobilização de aeronautas e aeroviários da base da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT (Fentac) vai paralisar as decolagens e atendimentos nos aeroportos do País das 6h às 7h. O movimento é organizado pelos sindicatos dos Aeroviários de Guarulhos, Porto Alegre, Campinas, Recife, do Sindicato Nacional dos Aeroviários, que representa 22 Estados, e do Sindicato Nacional dos Aeronautas.

A paralisação foi decidida em assembleia na semana passada, após as entidades patronais terem proposto um reajuste de 6,5% nos salários, que corresponderia a um pequeno ganho real, de 0,17%, e 8% nos vales-alimentação e refeição, proposta considerada "inaceitável" pelos trabalhadores. As duas categorias reivindicam um aumento de 8,5% nos salários e demais benefícios.

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Em nota divulgada nesta quarta-feira, a Fentac afirmou que "a paralisação será deflagrada em razão que o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (SNEA), que representa as companhias TAM, Gol, Azul e Avianca, não apresentou até o final desta segunda-feira (19) uma nova proposta de reajuste salarial e melhoria nos benefícios sociais para os trabalhadores da aviação civil".

Conforme apurou o Broadcast, uma nova proposta, de reajuste de 6,83% - o que corresponde à reposição de inflação mais um ganho real de 0,50% - chegou a ser colocada na mesa pelas empresas na semana passada, mas os representantes das categorias a rechaçaram, depois de já terem reduzido duas vezes sua reivindicação - inicialmente, eles defendiam um aumento de 11%. Nesta tarde, ainda havia tentativas de negociação.

Apesar de a paralisação estar prevista para durar apenas uma hora, em período ainda não considerado de pico, empresas aéreas e sindicalistas preveem impactos nas atividades para as horas seguintes de operação, com possíveis atrasos nos voos. O presidente do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos (Sindigru/CUT), Orisson Melo, afirmou, em nota, que a paralisação terá um reflexo nos aeroportos de todo o País, podendo ocasionar um atraso de até cinco horas nos voos nacionais e internacionais. "No GRU Airport, acreditamos que, por ser o maior em tráfego de passageiros do Brasil, o impacto do atraso de uma hora será bem maior, em razão também das conexões que são feitas entre os voos em Guarulhos entre os Estados", acrescentou.

Já as empresas preparam planos de contingência para tentar minimizar os impactos, mas, até o momento, não indicaram uma estimativa de impactos na malha e nos atrasos. Na tentativa de reduzir os reflexos, o SNEA entrou com ação cautelar preparatória do dissídio coletivo de greve no Tribunal Superior do Trabalho (TST), que determinou um efetivo mínimo de 80% de aeronautas e aeroviários em serviço durante a paralisação. Foi estabelecida também multa diária de R$ 100 mil no caso de descumprimento dessa determinação judicial.

Assembleia

Também para amanhã está prevista uma nova assembleia dos aeronautas, às 15 horas, para avaliar os resultados da mobilização e definir os rumos do movimento nos dias seguintes. "A assembleia pode inclusive definir ações mais incisivas, como a ampliação do período de paralisação diário, para que as reivindicações dos trabalhadores sejam atendidas", diz a convocação do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).

Dos 111,2 milhões de passageiros transportados em 2013, 12.555 registraram manifestações (críticas, reclamações, dúvidas e elogios) à ANAC relacionadas aos serviços das companhias aéreas, o equivalente a uma manifestação a cada 9 mil passageiros. A proporção é 16,5% menor que em 2012, quando foi feita uma manifestação a cada 7.400 de um total de 108,9 milhões de passageiros.

Os números foram divulgados no último dia 6 de fevereiro pela ANAC, com base nos relatórios que as empresas aéreas enviam durante o ano e mostram que, mesmo com o aumento de passageiros, menos pessoas procuraram a agência reguladora.

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Para o setor, a queda no número de manifestações é resultado da facilidade de acesso à informação que as companhias vêm promovendo. “As empresas buscam melhorar a eficiência do atendimento e a redução de manifestações significa também que houve menos reclamações”, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da ABEAR.

As companhias aéreas seguem ausentes nos rankings de reclamação dos Procons de SP, DF, MG e PR, quatro dos cinco Estados que respondem por 68% dos movimentos de aeronaves no Brasil (Fonte: Infraero. Não foi localizado ranking do Procon-RJ). “Embora o número de reclamações esteja em queda e o setor não esteja entre os mais reclamados, temos o compromisso de atingir excelência e seguiremos trabalhando em conjunto com os demais atores da aviação para melhorar a experiência de viagem”, conclui.

Da Agência ABEAR

A perspectiva para a indústria aérea global está melhorando, à medida que o aumento do volume de tráfego aéreo impulsionou a receita e o lucro das companhias, mas a turbulência atual na zona do euro continua a ser um risco para o setor, afirmou a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). A associação elevou sua projeção de lucro líquido da indústria para este ano para US$ 10,6 bilhões, do lucro de US$ 8,4 bilhões previsto em dezembro do ano passado.

Segundo a associação, a América Latina é a única região para a qual a previsão foi reduzida. A IATA disse que prevê agora que o lucro das empresas latino-americanas será de US$ 600 milhões, ante projeção anterior de US$ 700 milhões, justificando que o crescimento da região desacelerou devido aos prejuízos anteriores nos voláteis mercados domésticos. No entanto, o valor ainda representa o dobro do registrado no ano passado. A IATA afirmou também que a região terá o segundo maior crescimento da demanda, de 8,1%.

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Todas as outras regiões deverão registrar uma alta do lucro líquido do setor aéreo no atual ano fiscal em relação a 2012. A associação prevê que o lucro da indústria na América do Norte subirá para US$ 3,6 bilhões, de US$ 2,3 bilhões. O lucro da região da Ásia e do Pacífico avançará para US$ 4,2 bilhões, de US$ 3,9 bilhões. Na Europa, o setor deverá registrar aumento do lucro para US$ 800 milhões, de US$ 300 milhões.

A indústria também deverá gerar uma receita de US$ 671 bilhões, com uma a margem de lucro operacional de 3,3%, afirmou a IATA. O negócio de transporte de passageiros vai ser responsável pela maior parte do aumento da receita em relação ao ano passado, mas o transporte de cargas deverá subir também, disse a associação, acrescentando que os mercados emergentes, em particular, impulsionarão a demanda de viagens neste ano.

A associação afirmou ainda estimar que os preços do combustível de aviação ficarão em US$ 130 o barril neste ano, ante previsão anterior de US$ 124 o barril. A conta total da indústria com combustível será de US$ 216 bilhões, ou um terço dos custos operacionais.

Segundo a IATA, a melhora da perspectiva depende da zona do euro continuar estável. Mas a crise em curso no Chipre, em meio ao processo de resgate, indica que a crise europeia está longe de ser resolvida, ressaltou o presidente-executivo da IATA, Tony Tyler. Segundo ele, isso continuará a prejudicar a confiança. As informações são da Dow Jones.

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