Estressado pela profissão que exerce? Sem condições de estar nas ruas? O assassinato do policial Militar Adriano Batista da Silva, 41 anos, baleado por um companheiro de trabalho, deixou dúvidas sobre a real situação de quem trabalha na proteção dos cidadãos de bem em Pernambuco. A discussão tomou conta das redes sociais.
Preso e autuado em flagrante na corregedoria da Secretaria de Defesa Social, o autor do disparo, o 'patrulheiro da guarnição', como descrito pela própria PM, pode ser condenado a até 30 anos de cadeia pelo crime.
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Informações postadas por conhecidos da vítima nas redes sociais dão conta de que o crime se tratou de uma execução. "Numa discussão tola, o Soldado Flávio Oliveira atirou no Cabo pelas costas e sem chance de defesa dentro da viatura, quando seguiam para o batalhão", disse uma policial no Facebook.
Um ex-policial, que não quis se identificar, afirmou que conhecia o PM que efetuou o disparo e disse que ele não tinha condições de trabalhar. "O soldado não puxou o gatilho sozinho. Quem o liberou para trabalhar na rua também puxou o gatilho. Quem conhecia ele, como eu conhecia, sabe que ele não tinha a mínima condição de ir pra rua", afirmou.
Em outro trecho, este mesmo ex-policial, afirma que foi vítima da 'falência do sistema de saúde' da PM. "Eles tratam o policial como se estivesse mentindo e mandam pro trabalho de qualquer jeito. Eu estava sendo acompanhado por um médico particular que me recomendou afastamento durante um tempo. Mas a PM me direcionou para um outro médico que numa consulta de 10 minutos disse que estava apto e me mandou para a rua. Mas eu pedi exoneração", desabafou.
Um ex-colega do soldado acusado confirmou a afirmação e ainda disse que o acusado tinha problema com drogas. "Ele era viciado em crack e álcool. Ele na abstinência tremia no serviço. Ninguém queria trabalhar com ele aqui no batalhão. Errou quem botou ele na rua. Errou quem deu a ele uma metralhadora", afirmou.
Em entrevista ao LeiaJá, um policial que preferiu não se indentificar acusou o governo do Estado de omissão. "Já há alguns dias estamos vendo bandidos matarem policiais. Mataram uma policial civil ontem (sábado) e horas depois assaltaram e tomaram a pistola de um delegado de policia em Piedade. Hoje nos deparamos com o ocorrido da morte do Policial Militar alvejado por um colega dentro da viatura. A violência está em uma crescente e o governo está tentando esconder. Aumento da violência, aumento do estresse de uma profissão que por si só, pela sua natureza, já é estressante. Medo é a palavra para definir o que até os policiais estão sentindo. É preciso tomar medidas urgentes de aumento de efetivo, melhor remuneração e acompanhamento do profissional de segurança pública, tratá-lo com dignidade e dar o valor que ele merece. Já estamos vivendo uma guerra civil que o Governo tenta esconder", criticou
Em nota do Coronel Pereira Neto, comadante geral, a Polícia Militar afirmou que através do 11º batalhão e do Centro de Assistência Social, irá prestar total assistência à família do cabo Adriano Silva. Natural de Jaboatão dos Guararapes, Adriano estava na PM há pouco mais de 10 anos, quase todos servindo no 11° BPM, em Casa Forte. Ele deixa mulher e um filho.