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Não importa se for servido com ou sem açúcar, acompanhado de peixe frito, carne seca ou farinha de tapioca. O açaí é sempre bem-vindo no prato dos amantes da fruta.
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O açaí é um dos alimentos mais consumidos pelos paraenses e também faz parte da cultura gastronômica do Pará. A importância é tão grande que ganhou uma data dedicada a ele, o dia 5 de setembro. O governo do Estado decretou, por meio da Lei nº 8.519, em 2017, o Dia Estadual do Açaí, que também coincide com a comemoração do Dia da Amazônia.
Indispensável por qualquer papa-chibé, como são apelidados os naturais do Pará, e presente em quase todas as refeições, o açaí é conhecido por ser o feijão dos paraenses. Pode ser servido no café da manhã, com açúcar e a farinha d'água ou de tapioca. No almoço ou na janta, pode ser acompanhado com peixe frito, carne seca ou camarão.
As refeições do universitário Marcos Antônio sempre têm o açaí como prato principal. Em média, são consumidos por ele e a família de 1,5 a 2 litros por dia. O universitário afirma que se ele ficar um dia sem tomar açaí a comida perde o sabor, e consequentemente fica difícil de se alimentar direito.
“Quando não tomo açaí, me sinto sem ganho de energia. Se quero trabalhar direito e estudar, preciso ingerir uma dose para me dar forças. Se não tiver como tomar, parece que o meu dia não anda e tudo fica ruim”, diz Marcos.
O maior medo do universitário é viajar para fora do Pará e ficar sem tomar açaí. Marcos conta que um dia, ao almoçar em um restaurante de Belém, o local não tinha como acompanhamento a opção da tigela com açaí, e ele teve que recorrer ao garçom para comprar meio litro para que conseguisse terminar de comer.
“O meu avô é a minha maior influência para gostar tanto de açaí. Ele tinha uma plantação no Baixo Acará, na comunidade de Boa Vista. Quando eu era pequeno no mês de julho ou final de semana, ia visitá-lo e ele não deixava faltar açaí. Era no almoço, lanche e janta. Se ele pudesse, colocava açaí até na minha mamadeira”, afirma Marcos.
A convivência do estudante Douglas Santos com o açaí é diária. Além de consumir em média 1 litro por dia, ele também trabalha com entregas no bairro em que mora. O serviço começou como uma forma de ajudar a complementar a renda em casa, mas hoje ele enxerga a oportunidade de trabalhar com o que mais gosta como algo gratificante.
“Aprendi a gostar de açaí por causa da minha família. Eles são do município de Abaetetuba e o meu avô tem sítio por lá, no qual trabalha com exportação de açaí. Então, desde quando eu era bebê sempre me ofereceram. Hoje em dia, sou viciado e não fico um dia sem tomar”, conta o estudante.
Para Douglas, o organismo já se acostumou com a fonte diária de açaí, e ficar sem tomar o fruto é sinônimo de uma fraqueza no corpo. “O açaí funciona como uma forma energética para mim. Preciso tomar todos os dias para ter disposição de realizar as minhas atividades”, afirma.
Do açaizeiro até a mesa do consumidor
Alberim Magno trabalha há 15 anos na comercialização de açaí. O comerciante iniciou na área aos 12 anos de idade ajudando um amigo, e como jogador de caroço do açaí aprendeu mais sobre como cuidar de fruto. Hoje em dia, ele é proprietário do Magno Açaí, localizado no bairro do Jurunas, periferia de Belém.
“É uma satisfação enorme poder trabalhar com o fruto da nossa região. Tenho fregueses que compram há anos o meu açaí, e ter fidelizado todos eles é motivo de muito orgulho”, afirma Magno.
O comerciante conta que compra o açaí que vem das ilhas em frente à cidade de Belém. Magno explica que, após a compra, os frutos são levados para o ponto da loja e iniciam o processo de higienização. O primeiro passo é a catação, que elimina as impurezas que vêm junto da fruta. Depois é iniciada a lavagem e em seguida o branqueamento, para poder iniciar o processo de produção.
Durante o período da pandemia, muitos setores econômicos foram afetados por causa do isolamento social, mas Magno garante que o estabelecimento não sofreu impacto. “Nós sempre oferecemos serviço de delivery e isso nos ajudou bastante”, assegura o comerciante.
A Associação de Batedores de Açaí de Belém estima que existam cerca de 10 mil pontos de venda de açaí na Região Metropolitana de Belém.
O olhar fotográfico para a riqueza da região
Fernando Sette, designer e fotógrafo, procura mostrar a relação do açaí com o paraense da forma mais simples possível. Editor do site Expedição Pará, ele diz que mostrar a paixão do paraense aumenta a responsabilidade de fotografar o açaí desde a coleta até a feira e o prato do consumidor.
As fotografias reúnem a força do ribeirinho de entrar na mata para conseguir o sustento e a simplicidade de fazer o trabalho manual com exatidão. Fernando registra desde a criação da peconha (utensílio amazônico utilizado na escalada de árvores e coletar o açaí) até a hora de debulhar, ou seja, tirar os grãos de açaí. Veja imagens aqui.
Para o fotógrafo, a importância de registrar os ribeirinhos é fazer com que as pessoas entendam o quanto é difícil todo o processo. “O açaí chega lindo nas mesas, mas tem toda uma logística por trás. Não é fácil entrar na mata, saber escolher o melhor açaí, debulhar no paneiro e trazer um paneiro de cada vez para o barco”, relata Fernando sobre as dificuldades de apanhar o fruto.
O fotógrafo também conta que é muito válido poder registrar as histórias dos ribeirinhos e fazer novas amizades. Fernando diz que uma das pessoas mais famosas e que ele adora fotografar é seu Ladir, de 78 anos. “Dá gosto de ver subindo no açaizeiro Ele tem força de sobra para subir no açaizeiro. Uma figura fantástica do Pará”, afirma.
Pesquisa investiga eficácia do açaí contra covid-19
Pesquisadores de uma universidade canadense decidiram experimentar um tratamento com o açaí. A fruta tem ação anti-inflamatória e os cientistas querem entender se é possível utilizá-la para combater algumas reações do organismo à infecção.
Sabe-se que uma parte das mortes resultantes do contágio é causada não pela ação direta do vírus, mas pela resposta exagerada do sistema imunológico, causando uma reação inflamatória.
A iniciativa é da brasileira Ana Andreazza, em parceria com Michael Farkouh, ambos da Universidade de Toronto, no Canadá, que já estudam as propriedades do açaí há cinco anos. Os pesquisadores reuniram 580 participantes no Canadá e no Brasil para o estudo, todos diagnosticados com covid-19. Metade recebeu um extrato de açaí, enquanto os outros receberam apenas um placebo. Os resultados devem ser publicados até o fim do ano, sem um prazo específico.
A expectativa dos pesquisadores é conseguir eliminar as complicações clínicas da infecção por covid-19, impedindo a manifestação de formas mais graves da doença, o que possibilitaria reduzir a letalidade por caso.
Confira, abaixo, o podcast com o nutricionista Matheus Assis, pós-graduando em Nutrição Esportiva e Estética e em Nutrição Comportamental. Ele explica os benefícios do açaí e comenta sobre a eficácia da fruta contra a covid-19.
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Produto ganha o Brasil e o mundo
O site Comex Brasil, voltado para assuntos de comércio exterior, divulgou reportagem sobre o açaí como produto de exportação. O site confirma o que os brasileiros de fora do Pará também já admitem: puro, com açúcar, como sorvete, até com granola, banana ou guaraná, o açaí caiu no gosto de gente do mundo todo.
“Tomo creme de açaí todos os dias da semana”, diz a profissional da área de educação física Cíntia Mota, enquanto saboreia uma mistura gelada da fruta roxa originária da Floresta Amazônica com xarope de guaraná, num pequeno quiosque em um shopping de Brasília. O creme, acrescenta, substitui o sorvete e sacia o desejo por doces. “Refresca e é mais saudável.”
Cíntia faz parte dos milhares de apreciadores de açaí espalhados pelo Brasil, América do Norte, Europa e Ásia. A produção brasileira de extrativismo e de cultivo dessa fruta exótica está concentrada na região Amazônica, informa o Comex Brasil. O principal produtor é o Pará, mas o Amazonas, Maranhão, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima também colhem a fruta. A cadeia produtiva é formada, em sua maioria, por pequenos e pequenas agricultores ribeirinhos.
Atenta ao mercado promissor do fruto, a empresária Ana Paula de Jesus Batista abriu uma casa de açaí, em 2002, em Brasília. O estabelecimento, localizado em uma quadra residencial de Taguatinga Norte, funciona durante toda a semana e garante a renda familiar. No cardápio, há vários acompanhamentos para servir com a polpa da fruta, como vinho, tapioca e o crepe. As porções da polpa são servidas geladas em tigelas de 300 ml a 1 litro.
“Vimos no açaí uma oportunidade. Sobrevivemos desse mercado há quatro anos. Aqui, prezamos pelo sabor original do fruto que compramos diretamente de fornecedores do Pará. Os outros ingredientes são servidos separados”, conta Ana Paula ao site da Comex.
Por Amanda Martins.
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