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A bancada ruralista ignorou, mais uma vez, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, e pautou para hoje a votação de um projeto de lei que altera profundamente o processo de licenciamento ambiental no País, dispensando a necessidade de realização de estudos e de autorização para diversas atividades de infraestrutura, como pavimentação de rodovias, ampliação de portos e melhorias em sistemas de energia.

Contra a vontade de Sarney Filho, o projeto de lei 3729/2004, relatado pelo deputado Mauro Pereira (PMDB-RS), está na pauta da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, para que seja apresentado em regime de urgência. O projeto de lei simplesmente atropela proposta que Sarney Filho havia costurado com a Casa Civil em torno de uma nova Lei Geral do Licenciamento.

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Ao Estado, a presidente do Ibama, Suely Araújo criticou duramente a proposta da bancada ruralista. "As propostas que trazem um grande número de isenções e flexibilizações de condicionantes ambientais podem aumentar a judicialização", ressaltou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes criticou nesta terça-feira (21) a forma de divulgação das investigações da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF). Para Mendes, houve "uma disputa pela mídia" ao se divulgar que supostos casos de adulteração de carne vencida poderiam ter afetado produtos exportados. A critica foi feita na sessão na qual Mendes acusou a Procuradoria da República de vazar nomes de citados nas delações da Odebrecht.

"Um delegado decide fazer a maior operação já realizada no Brasil e anuncia que todos nós estaríamos comendo carne podre, e que o Brasil estava exportando para o mundo carne viciada. Por que ele fez isso? Porque no quadro de debilidade da política não há mais anteparos, perderam os freios. E não querem que se aprove lei de abuso de autoridade. Então, um mero delegado anuncia operação dessa dimensão porque ele vê o crime cometido na Procuradoria da República", disse o ministro.

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Durante a mesma sessão, o também ministro Dias Toffoli disse é preciso "evitar pirotecnias" nas operações policiais e afirmou que o Judiciário deve tomar cuidado ao manter o sigilo das diligências autorizadas. "Se todos nós comêssemos carne podre, nós não estaríamos aqui em sessão, nós estaríamos no hospital. Não teríamos servidores para fazer sessões, não poderíamos estar aqui porque estaríamos com algum tipo de infecção", disse Toffoli.

A operação Carne Fraca investiga um suposto esquema criminoso envolvendo empresários do agronegócio e fiscais agropecuários, que facilitavam a emissão de certificados sanitários para alimentos inadequados para o consumo. De acordo com a PF, frigoríficos envolvidos nesse esquema criminoso "maquiavam" carnes vencidas e subornavam fiscais do Ministério da Agricultura para que autorizassem a comercialização de produtos sem a devida fiscalização.

Os títulos corporativos ligados ao setor agrícola bateram recorde de emissões em 2016 e atraíram em peso o investidor pessoa física. De acordo com a Cetip, central depositária desses papéis, o volume total emitido do Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) passou de R$ 467 milhões, no fim de 2015, para R$ 4,8 bilhões em dezembro passado, alcançando o maior nível da série histórica. O estoque era de R$ 17,5 bilhões.

Isento de Imposto de Renda, o CRA é um título privado de dívida emitido por uma empresa para captar recursos no mercado. Ao contrário de outros produtos, como a Letra de Crédito Agrícola (LCA), o CRA não tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) porque a própria empresa é a responsável pelo pagamento. Ou seja: o investidor corre o risco de perder seu capital em caso de calote.

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Esse quesito é fundamental no momento de analisar as vantagens da aplicação, diz Roberto Dib Laham, líder da área de produtos estruturados da Tag Investimentos. "Os títulos de grandes companhias são mais atraentes por causa da avaliação positiva do risco de crédito", diz.

Outra diferença em relação à LCA é que podem haver taxas extras e comissões nas ofertas de CRA.

Superintendente de produtos da Cetip, Fabio Zenaro explica que a escassez de crédito para empresas fez com que elas recorressem a essa ferramenta para financiar projetos. Na perspectiva do investidor, a oferta menor de LCA pelos bancos levou a um apetite maior pelo CRA e por outros títulos privados.

Nesse cenário, também ganharam espaço as debêntures e o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), cujo mecanismo é semelhante ao CRA, porém os papéis são emitidos por empresas ligadas ao setor de construção.

Gigantes

A alta recorde de emissões do CRA no ano passado se deve em grande parte a três operações entre as 21 realizadas. Em dezembro, a BRF arrecadou R$ 1,5 bilhão em oferta pública e a Fibria, R$ 1,25 bilhão; o Grupo Pão de Açúcar angariou R$ 1 bilhão em operação feita em outubro.

Segundo as regras atuais, qualquer empresa que tenha alguma ligação com a cadeia do agronegócio está apta a lançar seu papel no mercado. No entanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estuda uma nova forma de regular as emissões.

A previsão é que as mudanças passem a valer a partir do primeiro semestre de 2017. "Essas regras pretendem trazer mais segurança jurídica, principalmente quanto à definição do lastro", diz Antonio Berwanger, superintendente de desenvolvimento de mercado da CVM.

A possibilidade de as normas em estudo tornarem as ofertas de CRA mais restritivas podem explicar o impulso para as operações. A avaliação é de Felipe Ribeiro, responsável pela área de relações com investidores do Grupo Gaia, uma das maiores securitizadoras do País. "As emissões devem ganhar mais fôlego com a proximidade da entrada em vigor dessas mudanças", diz.

Outros papéis

Com as incertezas no cenário político e a dificuldade em tomar crédito, a emissão de títulos corporativos foi a saída encontrada por empresas para financiar projetos.

Assim, as emissões de CRI quase quadruplicaram, indo de R$ 2,3 bilhões, em 2015, para R$ 8,7 bilhões, em 2016. O estoque em dezembro passado era de R$ 73,6 bilhões.

Quanto às debêntures, cujo rendimento é tributado (salvo as ligadas à infraestrutura), o estoque chegou a R$ 257,8 bilhões. As emissões foram de R$ 13 bilhões em 2016, alta de 20% ante os R$ 10,5 bilhões de 2015. Debêntures sem IR emitidas em 2016 somaram R$ 1,4 bilhão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A jornalista da TV Record Fabélia Oliveira, à frente do programa “Sucesso no Campo”,  fez duras críticas ao samba-enredo da escola Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval de 2017. A apresentadora ficou revoltada com o tema "Xingu, o clamor que vem da floresta", criado para homenagear os indígenas e a luta diária para preservação da floresta e da cultura, além de criticar o modelo do agronegócio. 

“O índio luta pela sua terra, da Imperatriz vem o seu grito de guerra! Salve o verde do Xingu”, diz o samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense. Em outro trecho, a música fala sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte e a desapropriação de terras dos índios. “O belo monstro rouba as terras dos seus filhos”.

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Para Fabélia, os produtores rurais são os verdadeiros heróis e merecem ser homenageados. "Eles que trabalham de sol a sol para alimentar a população. Que conhecimento eles (os autores do samba) têm para falar do homem do campo? Para falar do índio, da floresta?”, disse. 

A letra foi criada pelo carnavalesco Cahê Rodrigues, 40, que trabalha há 5 anos com a escola e estudou um ano sobre a cultura indígena. De acordo com a apresentadora, os índios estão certos em preservar a cultura, desde que sejam "originais e não façam uso da tecnologia". 

"Se ele quer preservar a cultura ele não pode ter acesso à tecnologia que nós temos. Ele não pode comer de geladeira, tomar banho de chuveiro e tomar remédios químicos. Porque há um controle populacional natural. Ele vai ter que morrer de malária, de tétano, do parto. É… a natureza. Vai tratar da medicina do pajé, do cacique, que eles tinham", falou.

Confira o vídeo:

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A Universidade da Amazônia (Unama), a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-AR/PA) assinaram um acordo de cooperação técnica que visa à ampliação do ensino superior em 140 municípios do Pará. O acordo foi assinado durante a programação do 45º Encontro Ruralista Novo Brasil Novo Pará, no Palácio da Agricultura, em Belém, na última quarta-feira (30).

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O objetivo da parceria é estabelecer e regulamentar programas de cooperação técnica e acadêmica nas áreas de atuação e interesse comuns dessas instituições. Dentre as propostas relacionadas com os cursos de Graduação da Unama estão a realização de estudos e pesquisas, consultorias, conferências, publicações, oferta de cursos e programas de treinamento, além de realização de estágios.

A Unama privilegia pesquisas, conhecimentos e produção de ciência sobre o agronegócio para melhorar o setor produtivo da região do Estado do Pará, de acordo com a vice-reitora da Unama, Betânia Fidalgo. “Hoje estamos firmando um convênio 'guarda-chuva', no qual a gente vai poder trazer para a universidade toda a expertise dela, com graduação, mestrado e doutorado e extensão e pesquisa em agronegócio”, explicou a vice-reitora.

O Pará é o local onde a produção rural é de ponta no país. Em discurso, o presidente da Faepa, Carlos Fernandes Xavier, declarou que a educação e a produção agrícola devem andar sempre juntas. “Assim podemos melhorar e promover o desenvolvimento agrícola nos nossos cinco polos no Estado. É uma parceira de grande contribuição para o Estado do Pará, que é a região que mais impactada pelo processo migratório”, concluiu.

Por Alessandra Fonseca.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em parceria com o Ministério da Educação (MEC), traz a Pernambuco uma capacitação, que é voltada para formar gestores rurais no segmento agropecuário brasileiro. Existente há 20 anos no mercado, a ação da rede propõe levar qualificação profissional e ações de promoção social para pessoas que vivem e trabalham no meio rural.

O curso de Técnico em Agronegócio consiste em aulas gratuitas, divididas em presenciais e Ensino a Distância (EAD), com realização de provas nos polos de apoio da rede, além de aulas práticas voltadas para cadeias produtivas da agropecuária brasileira. Consultora empresarial especializada em Turismo e Hotelaria, Manuela Gomes, de 29 anos, revela que devido à capacitação, ela vê no agronegócio novas possibilidades de atuação através das pluriatividades associadas ao Turismo Rural, com a proliferação de hotéis-fazenda, spas, pousadas e casas de segunda residência, no Agreste pernambucano.

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Cerca de 40 alunos do Estado já puderam participar do primeiro processo seletivo do curso. De acordo com a coordenadora de Treinamentos do Senar–PE, Mônica Pimentel, a procura pelo treinamento se deve ao leque que a área dispõe em setores produtivos como a cana-de-açúcar, avicultura e fruticultura. “Esse fator, somado ao desafio de produzir diante das intempéries climáticas e a carência por treinamentos destinados ao agronegócio, fizeram a procura pelo curso despontar. Hoje, temos alunos desde a Região Metropolitana do Recife, do Agreste, Sertão e até de Alagoas”, salienta Mônica. As informações completas do programa estão disóníveis na página oficial da rede.

As multinacionais de defensivos agrícolas entraram de cabeça no páreo para oferecer soluções em agricultura digital. Na safra 2016/17, que começa neste mês, a americana Monsanto fará o pré-lançamento do sistema batizado de FielViewTM Plus para 100 agricultores brasileiros, após a ferramenta ter sido avaliada por 33 produtores no ciclo passado.

O sistema permite acompanhar por um aplicativo, em tempo real, detalhes da operação de colheita ou plantio. Os dados são captados por sensores instalados na máquina e, a partir desta safra, também no solo, e transferidos via computador de bordo para uma "nuvem" na internet através de banda larga (3G ou Wi-Fi).

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A gigante alemã Bayer também chega nesta safra com uma ferramenta similar, porém ainda sem a precisão de um talhão de terra. O site alertas.bayer.com.br traz previsões climáticas para os 5.570 municípios brasileiros, passíveis de serem acessadas pelo computador ou celular, com o porcentual de probabilidade de determinadas pragas e doenças da cultura selecionada. Alertas também são enviados pelo sistema para os produtores, por e-mail ou SMS, avisando quando surgem mudanças na previsão do tempo anterior.

Manejo de solo

Já a também alemã Basf comercializa desde 2013 no Brasil o AgroDetecta, site que conjuga instruções de manejo do solo a partir de informações meteorológicas de 290 estações instaladas em dez Estados brasileiros.

Dados atualizados a cada três horas para um período de dez dias são enviados por telefonia móvel ou sinal de satélite para o sistema central da Fundação ABC, da área de pesquisa, que transforma os dados em recomendações, como o porcentual de probabilidade de surgir uma doença.

Os benefícios de negócios trazidos por esse tipo de plataforma, segundo as companhias, estão associados principalmente à fidelização de clientes, incluindo a nova geração de produtores rurais, que já está mais familiarizada com o mundo digital. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A tecnologia empregada no campo foi determinante para que a agricultura brasileira alcançasse a produtividade atual. Em quase 30 anos, o rendimento das plantações de soja do País aumentou 70,8%, bem acima do incremento de 41% registrado no mesmo período pelos Estados Unidos, maior produtor da oleaginosa. A evolução é contínua e agora se consolida uma nova era de tecnologia agrícola: a da agricultura digital. O que move essa guinada, além do ímpeto dos produtores de alcançar maior eficiência nas lavouras, é a revolução digital provocada pela expansão da telefonia móvel e da internet no Brasil e no mundo.

As montadoras de máquinas agrícolas têm exercido papel decisivo nessa nova etapa da agricultura, já que a mecanização das lavouras tirou das mãos do agricultor todas as etapas do processo de produção. Associadas a outras ferramentas de transmissão de dados, como GPS e sinal de rádio, estas máquinas estão transmitindo informações que já eram coletadas no campo para a tela do computador, celular ou tablet de agrônomos e produtores, de forma muito mais rápida agora.

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E a agricultura de precisão, que abarca os novos sistemas digitais, concentra hoje a atenção de todas as fabricantes. "Nos próximos três anos, a CNH investirá em pesquisa e desenvolvimento o triplo do que foi investido nos últimos três anos e só a agricultura de precisão absorverá mais de 10% dos recursos para P&D no período", disse ao Broadcast Agro o diretor da Agricultura de Precisão da CNH Industrial, Gregory Giordan.

Gestão de máquinas

Na última Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), realizada em abril em Ribeirão Preto (SP), os lançamentos das montadoras se concentraram em sistemas de gestão de máquinas ou de frota que permitem aos produtores monitorar e alterar, em tempo real, a velocidade e a forma de operar da máquina.

Tais sistemas, de forma geral, transmitem do computador de bordo da máquina para softwares ou aplicativos, via sinal GPRS, de telefonia celular e internet, se a máquina está colhendo ou plantando na velocidade programada, a quantidade de sementes ou de adubo aplicada por hectare, a umidade do grão, além de sinalizar eventuais problemas técnicos.

O Fuse Connected Services, apresentado pela AGCO na feira, pode gerar economia de cerca de R$ 110 mil em uma safra em uma propriedade de 1 mil hectares, graças às perdas evitadas na colheita e ao ganho de produtividade no plantio, segundo o gerente de marketing de produto Crop Care e ATS da AGCO América do Sul, Rafael Antonio Costa.

Integração

A John Deere fez o pré-lançamento de sistema semelhante na Agrishow, o JD Link, que deve começar a sair de fábrica a partir de janeiro de 2017 em grande parte das máquinas da marca. A CNH, por meio da marca New Holland, lançou o PLM Connect, enquanto a Case IH, do mesmo grupo, passou a oferecer o AFS.

A era da agricultura digital também está levando à integração de diversos setores, como o de máquinas agrícolas, agroquímico e de tecnologia, a fim de buscar soluções conjuntas e ofertar sistemas mais completos para os produtores. AGCO, CNH Industrial e John Deere têm parcerias para sincronizar seus sistemas com o de outras empresas e dar aos agricultores condições de controlar à distância um número maior de operações, além das atividades da máquina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério da Agricultura informou nesta sexta-feira, 29, em nota, que Brasil e Estados Unidos concluíram a negociação para o comércio de carne bovina in natura entre os dois mercados. O acordo foi decidido ontem, em Washington, durante o IX Comitê Consultivo Agrícola (CCA) dos dois países. A expectativa, segundo o MInistério, é de que os embarques comecem em 90 dias, após a finalização dos trâmites administrativos.

"Durante a reunião, além da discussão sobre temas de interesse agrícola bilateral, ambos os países comunicaram a conclusão dos procedimentos técnicos para a abertura dos mercados brasileiro e americano de carne bovina 'in natura'", disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.

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Ainda conforme o ministro, os serviços veterinários concluíram as avaliações do reconhecimento do controle oficial de ambos sistemas de inspeção. A modalidade de habilitação será por "pré-listing", isto é, o Ministério da Agricultura do Brasil e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) poderão indicar lista de estabelecimentos para a exportação. "Porém, apenas os estabelecimentos que cumprirem com todos os requisitos determinados na certificação acordada serão indicados pelos serviços oficiais americanos e brasileiros. A expectativa é que os embarques se iniciem nos próximos 90 dias, após finalização dos trâmites administrativos pelas autoridades sanitárias dos dois países."

O agronegócio, que ajudou a sustentar a economia nos últimos dois anos, com taxas robustas de crescimento, está sob risco de perdas diante da escassez de crédito, juros mais altos e da disparada do dólar em relação ao real. Diante da dificuldade de acesso a novos financiamentos, produtores rurais já atrasam a compra de insumos para a próxima safra.

Levantamento feito pelo Broadcast, serviço de notícias tempo real da Agência Estado, com dados do Banco Central mostra que a queda de contratações para custeio no primeiro quadrimestre do ano foi de 18,86% em comparação a igual período de 2014. O desempenho do crédito foi influenciado, entre outros fatores, pela menor captação da poupança rural e por uma retração dos depósitos à vista - principais fontes para o financiamento do agronegócio.

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De janeiro a abril do ano passado, o sistema financeiro havia feito R$ 19,921 bilhões em contratos de crédito rural voltados para o custeio. Este ano, no mesmo período, essa cifra foi de R$ 16,164 bilhões. Os dados do BC mostram que o financiamento que usa fundos da poupança rural, por exemplo, encolheu 26,97%, passando de R$ 10,388 bilhões para R$ 7,586 bilhões, valores referentes apenas a contratos de custeio.

Nos financiamentos que têm como fundo os depósitos à vista, o tombo foi de 23,40%, passando de R$ 8,279 bilhões para R$ 6,342 bilhões no período. De acordo com o Banco Central, esses valores estão contratados e são classificados como crédito aberto à disposição do tomador, o que não significa que eles foram totalmente concedidos. Ou seja, a liberação efetiva para o produtor na agência bancária pode ser ainda menor do que os dados revelam.

"O crédito não está aparecendo na ponta, para o tomador. Já existe atraso na aquisição de insumos. Essa compra já deveria estar acontecendo, mas não foi por falta de crédito", disse o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Ricardo Tomczyk.

Menos contratos - No Banco do Brasil, instituição que detém fatia em torno de 70% do mercado de crédito rural, os contratos chegaram ao menor nível para abril desde 2013, somando R$ 2 bilhões para custeio. Em abril do ano passado, o custeio para agricultura e pecuária havia somado R$ 3,79 bilhões. Em abril, o BB detinha 66,65% dos contratos de custeio.

André Nassar, secretário de Política Agrícola do Ministério do Agricultura, afirma que a maior dificuldade do setor gira em torno dos recursos para o fim da safra, dinheiro classificado como pré-custeio e que é usado pelos agricultores para comprar insumos antes do início da safra agrícola.

"Não foi possível tornar viável o pré-custeio. Este ano não existe esse dinheiro. Os juros subiram e os depósitos (funding) caíram, o que gerou um estrangulamento", explicou o secretário.

Segundo ele, no lugar do pré-custeio, o Banco do Brasil conseguiu ofertar linhas de curto prazo, o que deixou os produtores insatisfeitos. "Os produtores estão perdendo oportunidade para comprar insumos", disse.

Nassar explicou ainda que sempre que a taxa básica da economia, a Selic, sobe, há uma redução dos recursos disponíveis para os financiamentos (ou funding, no jargão do setor). "E isso sempre gera desaceleração na agricultura", observou. "Este ano estamos trabalhando no limite do funding."

De acordo com o secretário, há discussões para tentar ampliar a oferta de recursos, mas sem nada definido ainda. Questionado se a mudança nas regras de exigibilidade da poupança rural - com aumento do porcentual que deve ser aplicado na agricultura - trará algum alívio, Nassar afirmou que será positivo por aumentar o volume de recursos.

Tomczyk, da Aprosoja-MT, prevê dificuldades para o financiamento da próxima safra. Calcula que, para fazer o mesmo trabalho da safra anterior, será preciso mais recursos por conta do aumento do dólar em relação ao real, já que os insumos são cotados na moeda norte-americana. O custo desse crédito também promete ser um desafio a mais para o fluxo de caixa dos produtores. Os juros médios do Plano Safra podem subir de algo ao redor de 6,5% para 9% ao ano.

"Estamos enfrentando aumento de custo de produção e, se a taxa de juros vier muito maior, vai impactar diretamente nos custos e achatar ainda mais as margens", argumentou Tomczyk. "Esse cenário pode significar lucro menor e, em alguns casos, até prejuízo", lamentou.

Custo elevado - Sérgio Bortolozzo, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), disse que, na prática, ainda não existe linha de pré-custeio e as taxas de juros apresentadas aos produtores foram contestadas pela entidade. O custo do crédito foi considerado demasiadamente elevado.

"Isso tem nos incomodado. Os custos de produção têm subido e esse câmbio, que é favorável para a venda do nosso produto, se continuar subindo, vai se tornar impeditivo para a compra do insumo. Por isso precisamos comprá-los o quanto antes", relatou.

O Banco do Brasil divulgou seu balanço financeiro esta semana e o único segmento cujas projeções de desempenho para 2015 não foram alcançadas foi o de agronegócio.

De acordo com a instituição, os financiamentos para o setor devem crescer de 10% a 14% neste ano. No primeiro trimestre, porém, o avanço ficou em 9%, abaixo da expectativa. O BB explicou, em relatório, que houve menor volume contratado na linha de crédito agroindustrial na comparação em 12 meses. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

“Se o campo não resiste, a cidade não ocupa”. Sob este lema norteador, integrantes do movimento Ocupe Estelita se juntaram a grupos sociais do Interior de Pernambuco em manifestação cultural, neste domingo (12). O Ocupe Campo-Cidade levou várias pessoas ao Cais José Estelita, em um evento que discutiu as semelhanças e singularidades dos problemas de ambas as regiões. 

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Especulação imobiliária, latifúndio, agronegócio, comércio informal. As correlações foram trazidas à tona através de aulas públicas, apresentações teatrais e feiras. “Esta é uma ocupação de um dia, mas queremos que este espaço (o Cais José Estelita) seja sempre de ocupações. É um evento de unificação das lutas do campo com as da cidade. Mais uma manifestação contra a elitização, a privatização de locais públicos, a opressão”, assegurou Chico Ludermir, jornalista e um dos representantes do Ocupe. 

Em frente aos antigos galpões, pais com crianças passavam nas barracas montadas com os vários produtos à venda. Na Praça Abelardo Rijo, pedidos em faixas: “salvem o estelita”, “tombem o estelita”. Segundo o Ocupe Estelita, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) garantiu o tombamento da malha ferroviária do Cais, mas o movimento luta pelo tombamento de toda a área, incluindo os galpões e o terreno, o que impediria a construção das torres previstas pelo projeto Novo Recife.

Movimentos como dos Trabalhadores Sem Terra (MST) estiveram presentes ao evento. Valdenilson de Souza, mais conhecido como Foguinho, é membro do evento e atua na Secretaria Estadual do MST em Caruaru. Para ele, o Ocupe Campo-Cidade serviu para fortalecer o vínculo do Ocupe Estelita com os movimentos agrários. “Com certeza, apoiamos o Ocupe Estelita, porque temos o mesmo objetivo de ocupação urbana”. 

Além do MST, tiveram representantes entidades como Rede Coque Vive, Centro Sabiá, Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal (Sintraci).

Com o fim dos bloqueios nas estradas, o agronegócio brasileiro começa a calcular o prejuízo das manifestações de caminhoneiros para as diferentes cadeias produtivas, mas encontra dificuldade em determinar a dimensão do impacto. Por enquanto, poucos números estão disponíveis, mesmo nos segmentos mais afetados.

Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV), Nilson Muniz, não há dúvida de que o setor foi prejudicado, já que as manifestações em rodovias federais e estaduais dificultaram a coleta de leite cru em muitas regiões, diminuindo o ritmo de trabalho das indústrias. No entanto, a entidade não se arrisca a calcular os efeitos econômicos deste episódio. "Sabemos que algumas de nossas associadas, principalmente no Sul, tiveram perdas, mas não chegamos a estimar. Não temos como quantificar isso no todo", relatou.

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De acordo com Muniz, o impacto dos bloqueios para o setor só não foi mais "traumático" porque o leite longa vida ou UHT - produto final de grande parte da matéria prima láctea brasileira - tem uma durabilidade maior. Desta forma, o problema principal ocorreu na produção rural e na industrialização, e não no abastecimento ao varejo.

Mesmo assim, ele projeta um reflexo no preço do produto, que esteve pressionado em meses anteriores e recentemente entrou em uma fase ascendente, influenciado pela elevação dos valores internacionais do leite em pó, pela valorização do dólar e pela sazonalidade - março e abril são meses em que o Brasil naturalmente produz menos leite. "Os protestos (dos caminhoneiros) mexem nos preços, porque diminuem a oferta do produto acabado disponível para o varejo em algumas regiões. Ou seja, esse episódio potencializa um movimento de alta (do preço) que já vinha ocorrendo", explicou.

O presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), Alexandre Guerra, concorda que os bloqueios das estradas provocam uma aceleração na curva de preços do setor, com reflexos para o consumidor. Levantamento da entidade apontou que mais de 15 milhões de litros de leite deixaram de ser coletados pela indústria láctea do RS no período dos protestos. Segundo ele, boa parte deste volume teve que ser descartado pelos produtores, já que se trata de uma matéria prima perecível que, se não chegar ao destino em até 48 horas, perde as condições de industrialização.

O Rio Grande do Sul foi um dos Estados mais atingidos pelas manifestações, com quase duas semanas de bloqueios a rodovias estaduais e federais. De acordo com o Sindilat, a média de industrialização no RS, segundo maior produtor do País, é de 13 milhões de litros de leite por dia, envolvendo cerca de 120 mil famílias produtoras.

"Sabemos do prejuízo para o segmento, mas não conseguimos quantificar. Não tivemos só a perda daqueles 15 milhões de litros que deixaram de ser processados na indústria, mas também daqueles clientes que não atendemos e que comprou de outro fornecedor, de outro Estado. Também houve problema nas exportações. O prejuízo se torna maior porque temos que retomar o mercado", disse.

Para amenizar a situação, a indústria leiteira gaúcha - que vinha se recuperando de um período de crise - sugeriu ao governo estadual a possibilidade de flexibilização do prazo de pagamento do ICMS. Outra proposta que deve ser discutida com as autoridades é a abertura de linhas de crédito especiais para produtores rurais e empresários.

Carnes

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) acredita que a grave dos caminhoneiros tenha gerado um prejuízo de R$ 700 milhões para o setor de aves e suínos nacional. Conforme a entidade, em torno de 70% da capacidade de abate da região Sul (que é maior produtora de aves e suínos do País) foi afetada nos dias mais graves de bloqueios, já que a entrega de ração animal, o trânsito de aves e suínos para o abate e a liberação de cargas prontas ficaram comprometidas.

A Aurora Alimentos, que tem indústrias de aves e de suínos concentradas principalmente em Santa Catarina - outro Estado onde os bloqueios foram intensos -, levará cerca de 40 dias para calcular o tamanho do estrago causado pelos protestos dos últimos dias. "O que sabemos por enquanto é que o prejuízo é grande", adiantou ao Broadcast a assessoria de imprensa.

Na conta de perdas que começa a ser feita pela empresa, está a diminuição de abates, o tempo em que os funcionários ficaram parados, as horas extras que terão que ser pagas para recuperar a produção, o descarte de material biológico, como pintos e ovos, a redução da qualidade do produto final (por conta da falta de ração) e as multas que deverão ser pagas pelo não cumprimento de contratos de exportação.

A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) divulgou que a agroindústria catarinense teve um prejuízo entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões com os bloqueios realizados pelos caminhoneiros no Estado, entre os dias 18 de fevereiro e 3 de março. Segundo a entidade, as cadeias de produção de aves, suínos e leite foram as mais atingidas.

Os Estados que compõem a região do Matopiba - Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a nova fronteira agrícola brasileira - estão entre as unidades da federação com menor competitividade no ranking do agronegócio. A principal explicação é a deficiência estrutural desses Estados, conforme novo Índice de Competitividade criado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), divulgado nesta terça-feira (2). A entidade calculou a competitividade dos 26 Estados e do Distrito Federal com base num cruzamento de 21 subitens de seis categorias norteadoras da pesquisa: infraestrutura, educação, saúde, ambiente macroeconômico, inovação e mercado de trabalho. Os dados foram compilados a partir de mapeamentos sociais e econômicos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2011.

O indicador varia de 0 a 1, sendo que quanto mais perto de um, mais competitivo é o Estado. O Maranhão ficou na 24ª colocação do ranking elaborado pela CNA, com pontuação de 0,229 no índice. O Piauí ocupa a 22ª posição, pontuando 0,249. Enquanto a Bahia ficou na 16ª colocação (0,291 ponto) e o Tocantins na 14ª (0,342 ponto). São Paulo é o 1º colocado, Santa Catarina (2º), Paraná (4º) Rio Grande do Sul (5º). O Distrito Federal ficou na terceira posição.

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A diferença das médias gerais de cada Estado e, consequentemente, a posição de cada um deles no ranking levou em consideração o peso das unidades da federação nesses 21 itens. É o caso do quesito produtividade, que mostra que da porteira para fora as principais áreas em volume de produção agrícola perdem em capacidade de escoamento para antigos redutos da agricultura: o Sul e o Sudeste, cujo nível de infraestrutura e de educação são superiores.

Outro pelotão de Estados intermediários, incluindo alguns dos principais redutos do agronegócio do País, também ficou na frente do Matopiba na soma de pontos de cada um dos 21 subitens da pesquisa: Minas Gerais (6º), Goiás (8º), Mato Grosso (10º) e Mato Grosso do Sul (11º).

Na infraestrutura para o escoamento da produção agrícola, um dos componentes do indicador geral, o Matopiba só aparece no ranking a partir da 16ª posição - ocupada pela Bahia. Piauí, Maranhão e Tocantins ocupam, respectivamente, a 19ª, a 21ª e a 23º posição.

A infraestrutura considera como subitem a "movimentação portuária". Como Piauí e Tocantins não têm porto para escoamento da produção, eles levaram zero - o que contribui para a média ruim. O mesmo valeu para "qualidade das rodovias", no qual o Tocantins recebeu 0,290 ponto (22ª colocação neste critério) e o Maranhão obteve 0,306 ponto (21ª posição).

O Matopiba, porém, foi melhor na avaliação das rodovias do que o maior produtor de grãos do País, Mato Grosso (23ª posição na categoria). As rodovias foram apontadas pelo coordenador do estudo, Marcelo Ávila, como principal problema mato-grossense. "Mato Grosso tem maior competitividade por trabalhador, mas quando vai escoar a produção começa a esbarrar em gargalos que, por exemplo, São Paulo não tem", comparou o técnico do Instituto CNA.

O mesmo ocorreu nas avaliações da CNA sobre educação, onde o Matopiba e Mato Grosso têm mais abandono educacional na zona rural, maior taxa de alfabetismo e mais distorção na relação idade-série do que os Estados do Sul e Sudeste. A relação também foi acompanhada nos quesitos saúde, inovação e ambiente macroeconômico, sempre com o Sul e o Sudeste liderando. O inverso ocorre, contudo, no critério de variação do PIB agropecuária. Nesse item da pesquisa, o Piauí tem o segundo melhor desempenho, à frente do Mato Grosso, de São Paulo e de Minas Gerais. O Maranhão figura em 10º lugar neste item, superando o Rio Grande do Sul.

O cenário de incerteza do agronegócio - com a safra brasileira de grãos ainda sendo plantada e preços das commodities em queda - pode levar o setor a perder, em 2015, um de seus vários rótulos: o de sustentador do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, ainda divergem sobre o tamanho do impacto da cadeia agropecuária no PIB brasileiro no próximo ano.

A avaliação é de que a provável perda de renda do setor possa ser superada pela safra também recorde do País, o aumento da demanda global por alimentos, com destaque à proteína animal, bem como uma correção cambial, o que favoreceria as exportações em 2015. Esses fatores freariam, ao menos em parte, o viés negativo que a maior oferta das principais commodities pode trazer, principalmente após a supersafra norte-americana. Além disso, o agronegócio deve seguir líder em competitividade e produtividade em relação aos outros setores da economia brasileira.

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"A renda (do produtor) cairá, mas o PIB do agronegócio não necessariamente recuará, porque a variação de quantidade (produzida) será maior em 2015 e isso influencia muito. E o agronegócio ainda continua sendo muito bom (em termos de competitividade) comparativamente com o resto", disse Amaryllis Romano, sócia da Tendências Consultoria. Para a economista, o clima pode trazer o impacto negativo, mas o câmbio, com a alta do dólar, deve ampliar a já elevada competitividade do País.

O coordenador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Geraldo Sant'Ana de Camargo Barros, segue a mesma linha de Amaryllis e avalia que o PIB do agronegócio deverá contribuir positivamente para o crescimento da economia do País em 2015, na esteira de um crescimento menor dos demais setores econômicos. "Não se vislumbra uma recuperação significativa da indústria. Por um lado, a produtividade vai mal e, por outro, o consumidor está endividado; e, finalmente, o governo não dispõe de recursos para incentivar sua demanda", exemplificou.

Levantamento do Cepea/Esalq e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgado em outubro apontou que o PIB do agronegócio acumulou alta de 1,9% nos primeiros sete meses de 2014, enquanto o PIB brasileiro está próximo a zero. A alta acumulada foi puxada pela produção agropecuária, com aumento de 4,23%, pelos insumos, com 1,78%, e pela distribuição, com crescimento de 1,56% entre janeiro e julho de 2014. O aumento só não foi maior por conta justamente da agroindústria, que recuou 0,02% no período.

Sem fatores "relevantes estimulando o agronegócio", Barros supõe que, por conta do aumento da produtividade, o setor "siga crescendo a uma taxa anual média de 3,5% ao ano, que é o valor esperado para 2015". Já a agropecuária, considerada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na apuração do PIB, deve avançar 4%, desde que ponderadas as incertezas climáticas, na avaliação do coordenador do Cepea.

Menos otimista, o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fábio Silveira, espera um crescimento modesto para o PIB da agropecuária em 2015, com um impacto pequeno, mas positivo no PIB oficial do País. Na mesma linha, o PIB do agronegócio, que considera os setores "fora da porteira" - insumos, distribuição e agroindústria - "não deve ter desempenho equivalente em 2015", segundo Silveira, mas também contribuirá positivamente em uma economia que deve crescer apenas 1,3% no próximo ano, na avaliação da GO Associados.

De acordo com Silveira, a desvalorização cambial deve repor a perda de renda com os preços menores de grãos e ainda ajudar a indústria a recuperar um papel mais proativo no PIB brasileiro no próximo ano. "O agronegócio vai perder muito do charme em 2015. A indústria pode resgatar a força, por conta da desvalorização cambial, e empurrar produtos para mercados que mostram dinamismo, como o norte-americano e alguns da América do Sul, como Colômbia, Peru e, talvez, Argentina", comparou.

Após um levantamento do Programa de Pesquisas em Agronegócios da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (AgroFEA), da USP, apontar que o índice de confiança do produtor agrícola bateu o recorde negativo em outubro, o coordenador do programa, Roberto Fava Scare, é totalmente pessimista quanto ao crescimento do setor em 2015. Ele minimiza os efeitos do dólar no setor e lembra que a alta recente na moeda norte-americana impactou o custo das lavouras, pois ocorreu na época da compra dos insumos.

"Se essa mudança de patamar do dólar, de R$ 2,20 para R$ 2,50, persistir até a comercialização da safra, ainda será muito pouco", diz. Ele destaca que o recuo dos preços das commodities foi maior. Scare cita ainda as desacelerações previstas para o mercado chinês, principal destino do grão brasileiro, e também para o mercado interno. "O que pode segurar um pouco é o mercado de proteína animal, cuja produção tende a crescer. Essa contribuição do agronegócio para sustentar a economia brasileira nos últimos 10 anos não será igual em 2015", concluiu.

O ex-ministro da Agricultura e atual presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, acredita que o agronegócio será tema prioritário no segundo turno das eleições para presidente da República. "Há consciência unânime de que o agronegócio é uma força importantíssima para a economia e para o plano social do País", afirmou nesta segunda-feira, 6, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Segundo Turra, o agronegócio avançou muito nos últimos anos, em parte devido aos programas governamentais, "mas agora o setor precisa manter sua competitividade". Ele considerou que esta questão deve ser o ponto central dos programas de Dilma Roussef (PT) e Aécio Neves (PSBD). "O agronegócio merece atenção dos dois candidatos e ambos irão priorizar o debate do agronegócio em torno dessas questões: competitividade, logística, infraestrutura e custo Brasil".

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Ainda de acordo com Turra, os principais segmentos do agronegócio já encaminharam suas demandas aos candidatos à Presidência. Em relação ao setor de carnes, a manutenção dos mercados internacionais já abertos às exportações brasileiras e o reconhecimento da segurança sanitária da produção do País são os assuntos centrais da pauta.

Turra descartou a ideia de que o agronegócio tivesse algum receio em relação à candidata Marina Silva (PSB). Disse que o setor também não deve se posicionar neste segundo turno. "O importante é que eles (os candidatos) atendam os pontos que foram apresentados em seus programas de governo", concluiu.

O ex-ministro da Agricultura e diretor do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (GV Agro), Roberto Rodrigues, avaliou nesta segunda-feira, 06, que o agronegócio deve seguir dividido no segundo turno. "É outra eleição e vamos ver o que vai virar. O Aécio (Neves) deu uma arrancada impressionante nessa fase final, está em processo ascendente, mas o cenário ainda é incerto", disse Rodrigues, eleitor declarado do senador do PSDB.

Rodrigues lembrou que Dilma Rousseff (PT) terá o apoio da senadora e líder ruralista Kátia Abreu (PMDB-TO), reeleita neste domingo e apontada por ele como futura ministra da agricultura caso a presidente tenha um segundo mandato. "Acho também que os produtores da fronteira agrícola devem apoiar Dilma, pois são muito gratos a ela pelo apoio nos financiamentos rurais", disse o ex-ministro, se referindo aos agricultores do Centro-Norte do País.

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Já a posição do setor sucroenergético, cuja maioria das lideranças apoiou Marina Silva (PSB) no primeiro turno, ainda é incerta na avaliação de Rodrigues. "Não sei como vai ser, mas é um setor que está aborrecido com Dilma", concluiu o ex-ministro, que preside o conselho deliberativo da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

As principais demandas do agronegócio estão contempladas nos programas de governo dos três candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto à Presidência da República, garantiram, na segunda-feira, 29, os representantes dos candidatos Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

Presentes ao "Fórum Estadão Brasil Competitivo: Rumo ao Futuro do Campo", realizado em São Paulo, o atual secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Seneri Paludo, o biólogo João Paulo Capobianco, representante de Marina, e o engenheiro agrônomo Alexandre Mendonça de Barros, que falou por Aécio, disseram que questões essenciais para o desenvolvimento do setor, como investimento em infraestrutura e logística, garantia de renda e preço, reforma de tributos, desburocratização de processos de licença e liberação de agroquímicos, além de acesso a mercados, estarão no foco do futuro governo. As propostas em 10 áreas para o desenvolvimento do agronegócio, compiladas pela Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), foram reunidas no livro Rumo ao futuro do campo, lançado ontem.

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Seguro agrícola que contemple a renda do produtor esteve entre os assuntos mais discutidos entre os participantes, ainda que todos apontem as dificuldades de se tirar do papel um sistema de proteção ao agricultor tão eficiente quanto o dos Estados Unidos.

Mendonça de Barros lembrou que os norte-americanos estão aprimorando seu sistema de seguro ao produtor há 40 anos. Ele afirmou, porém, que um plano de garantia de renda é pilar básico do projeto de governo do candidato tucano para a Agricultura.

O mesmo é considerado para um eventual governo Marina, segundo Capobianco, que reforçou a necessidade de um seguro que vá além da cobertura contra catástrofes climáticas, presente na proposta da pessebista. Em nome da candidata Dilma, Paludo afirmou que o ministério trabalha em um projeto para que o produtor possa acessar o mercado de opções, instrumento que funcionaria como garantia de renda em um cenário de preços baixos. Pela proposta, que mesmo em caso de reeleição da presidente não sairia do papel a tempo para a próxima safra, o governo subsidiaria os custos da operação no mercado financeiro.

Críticas

A crise do setor sucroenergético foi a principal fonte de críticas para o governo. Mendonça de Barros destacou que a política de controle de preços da gasolina foi responsável por uma destruição de valor sem precedentes no setor, e afirmou que a continuidade do controle levará a uma "anidrização" da produção de etanol. O álcool anidro é utilizado na mistura da gasolina, enquanto o hidratado é usado em carros flex. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, reafirmou, nesta quarta-feira (24), que durante um eventual governo adotará políticas voltadas para o agronegócio. Segundo o candidato, o país deve muito ao esforço do homem do campo pelo pouco crescimento registrado na economia.

"Nós teremos uma política agrícola responsável, que será estruturada no tripé: 'crédito, segurança jurídica e seguro'", afirmou ele. "Estaremos investindo cada vez mais em novas tecnologias, em inovação e abrindo novas fronteiras para aqueles que produzem no Brasil", disse durante visita a Uberaba (MG), no polo agrícola do Triângulo Mineiro e da criação do gado zebu. 

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Para Aécio, é preciso que o setor tenha "previsibilidade e garantia". "Como nós vamos recuperar a capacidade do Brasil de crescer, tenho absoluta convicção de que é exatamente onde nós já demonstramos enorme capacidade competitiva, que é no agronegócio, que nós podemos avançar mais do que qualquer outro setor", disse.

Pesquisas

O tucano destacou que a pesquisa Ibope, divulgada na terça-feira (23), mostrou a candidatura dele como a única que cresce nos três Estados com os maiores colégios eleitorais do país - Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro - e também vem registrando crescimento nas regiões Sul e no Centro-Oeste.

"Não importa qual é a diferença [em relação a outras candidaturas]. O que é essencial é que a nossa é a única candidatura que está crescendo e acredito que nós vamos recuperar aqueles votos que querem derrotar o PT, que hoje têm a compreensão mais clara de que nós temos as melhores condições de vencer e, mais do que isso, só nós temos as condições adequadas para colocar no lugar desse governo um governo experimentado, com gente altamente qualificada", afirmou.

 

 

Representante de Marina Silva (PSB) no 3º Fórum Nacional de Agronegócios do Lide, em Campinas (SP), Marcos Jank se empenhou em negar qualquer tipo de conflito entre a ex-ministra do Meio Ambiente e o setor agrícola e em citar os avanços da candidata a presidente no discurso aos produtores.

"Existe uma transformação grande na Marina de quando ela foi ministra do Meio Ambiente e agora, como candidata. Ela está mais aberta e observamos claramente que não há divergências entre Marina e o agronegócio", afirmou Jank, diretor global de assuntos corporativos da BRF, mas que fez questão de afirmar que falava no encontro apenas como conselheiro da candidata.

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Jank reforçou o discurso feito pelo candidato a vice-presidente Beto Albuquerque (PSB) para mitigar os pontos polêmicos do programa de Marina, principalmente em relação à revisão dos índices de produtividade agropecuária para fins de reforma agrária. "O programa de Marina reconhece fortemente os ganhos de produtividade que houve na agricultura nos últimos anos e irá premiar o produtor", afirmou.

Além de avaliar que houve falta de gestão e um "engargalamento" nos ministérios para as políticas voltadas à área agrícola, o representante da candidata do PSB no encontro, que é especialista em negociações internacionais, fez ainda duras críticas às políticas do atual governo para o setor externo. "Infelizmente o Brasil desandou fortemente na política comercial por uma visão extremamente limitada, com privilégio a países da América do Sul, e perdemos a chance de fazer parte de megablocos comerciais", disse Jank.

O executivo, que também presidiu a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), pediu, por fim, políticas publicas concretas para o setor de etanol e criticou o controle de preços da gasolina, bem como o retorno da cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o combustível de petróleo, medidas que tiraram a competitividade do etanol. "Existe um grande equívoco no governo para a área de agroenergia", concluiu.

O coordenador-geral do programa de governo da presidente da República e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), afirmou neste sábado (20) que o governo federal sob o comando do PT - desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo em 2003 - aprendeu "que campo brasileiro é produtivo e bem administrado". "O setor cresceu 40%, o que não ocorreu com qualquer outro", disse ele durante o 3º Fórum Nacional de Agronegócios do Lide, em Campinas (SP). Teixeira avaliou que o quadro de tensões sociais no campo foi revertido desde então.

"Vivíamos tensões sociais no campo muito forte com invasões, mortes e inquietação. Trouxemos a paz no campo e o governo aprendeu que campo tem espaço para grande, pequeno e médio", disse Teixeira. O coordenador-geral do programa de Dilma citou que o financiamento para o Plano Agrícola e Pecuário saiu de R$ 50 bilhões, em valores atualizados, para quase R$ 160 bilhões. "Recuperamos uma parte do setor de máquinas que estava quebrado. Só o BNDES tem garantido pelo menos R$ 10 bilhões para máquinas e equipamentos agrícolas", disse.

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Teixeira citou ainda a aprovação do Novo Código Florestal Brasileiro, durante o governo de Dilma, e afirmou que o projeto "independente das melhorias, tirou agricultores da ilegalidade". Para um possível segundo mandato de Dilma, Teixeira disse que o governo precisa ampliar seguro agrícola e investir pesadamente em armazenagem, além de resolver outros problemas como infraestrutura e a questão indígena. "É preciso, por fim, melhorar o registro de produtos, diminuir a burocracia, porque não pode demorar tantos anos", concluiu.

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