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No dia seguinte à aprovação das medidas contra a corrupção na comissão especial da Câmara dos Deputados, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deu sinalizações favoráveis à anistia ao caixa 2 de campanha, além da inclusão de outras medidas na proposta que "responsabilizem a todos". Renan também aproveitou para, mais uma vez, fazer referência ao Judiciário.

Sem ser direto em suas posições, o peemedebista defendeu que o termo "anistia" é incorreto, uma vez que não há como anistiar um crime que não estava previsto. "O projeto discute a possibilidade de não criminalizar o caixa 2 dois do passado, mas isso não significa anistia, porque você não pode anistiar um crime que não está cominado, tipificado, previsto", afirmou Renan nesta quinta-feira, 24.

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Ele afirmou ainda que novas medidas podem ser incluídas no texto e, mais uma vez, fez referência à responsabilização do Judiciário. "Por que 10 medidas? Por que não 12 ou 13? Não acho que devemos votar 10 medidas e resguardar privilégios", disse. "Medidas que responsabilizam todos precisam ser incluídas, sim", emendou.

Na Câmara chegou a ser discutida a possibilidade de estender o crime de responsabilidade aos magistrados, dispositivo que foi retirado do texto final. Renan confirmou a votação do projeto que modifica a lei de abuso de autoridade para 6 de dezembro e afirmou que a responsabilização de magistrados pode ser discutida juntamente com essa matéria.

Em uma última sinalização sobre o ritmo de tramitação que o projeto das medidas contra a corrupção terá no Senado, Renan disse que está disposto a colocar a matéria em urgência, desde que essa seja a vontade dos líderes partidários.

A comissão especial que analisa as medidas de combate à corrupção retomou na manhã desta quarta-feira (23) a análise do novo parecer apresentado na noite dessa terça (22) pelo relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Mais de 30 deputados estão inscritos para discursar por até 15 minutos, cada, antes da votação do parecer.

O primeiro a inaugurar a fase de debates foi o deputado Fausto Pinato (PP-SP), que já apresentou um voto em separado propondo a inclusão do crime de responsabilidade para magistrados e membros do Ministério Público. Pinato insistiu que "a hora é agora" para criar a tipificação de crime de responsabilidade para essas categorias. "Quem não deve não teme", insistiu o deputado.

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Em resposta a Pinato, Lorenzoni disse que até a próxima terça-feira (29) encaminhará uma proposta em separado na Câmara específica sobre o tema. Ele lembrou que já existe a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 291, que regulamenta o regime disciplinar da magistratura e do Ministério Público, e que o assunto pode também ser incluído na PEC. "Insisto a dizer que seu relatório não tem maioria, que gostaria que incluísse o crime de responsabilidade para juízes e promotores", rebateu Pinato.

Mudanças

Diante da pressão de parlamentares de diversos partidos, que resistem ao parecer mais palatável às propostas do Ministério Público Federal (MPF), o relator do pacote aceitou nesta terça-feira fazer várias mudanças no texto final. Lorenzoni retirou cinco das 17 medidas que contavam na penúltima versão do texto. Além disso, fez mudanças pontuais em algumas das 12 propostas que permaneceram no texto.

As alterações foram negociadas durante reunião na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com vários líderes partidários durante toda a tarde e início da noite de ontem.

Pelo acordado, o relator aceitou fazer mudanças no texto. Em troca, deputados se comprometeram a aprovar o parecer apresentado por ele na comissão e só propor mudanças como a anistia ao caixa 2 e o crime de responsabilidade para magistrados e membros do Ministério Público durante a votação no plenário.

Caixa 2

A pressão de líderes de diversos partidos também levou Lorenzoni a reduzir a pena para o crime de caixa 2. Na última versão de seu parecer, o parlamentar gaúcho reduziu o tempo de prisão no caso de agravante e a multa que será paga por partidos condenados pela prática.

Na última versão do pacote, Lorenzoni estabeleceu a tipificação do crime de caixa 2 a políticos e partidos, com pena de reclusão de 2 a 5 anos. Caso os recursos envolvidos na prática forem ilícitos, o texto prevê um agravante para elevar em um terço a pena, fazendo com que o tempo de prisão varie de 2,5 anos a 6,5 anos. Até então, o texto previa que o agravante dobraria a pena (4 a 10 anos de reclusão).

Nas sanções para os partidos, o relator reduziu mais uma vez a multa que deve ser paga pelas agremiações condenadas por caixa 2. O pacote original enviado pelo Ministério Público Federal (MPF) previa que as siglas deveriam pagar multa de 10% a 40% do valor de repasse de cotas do fundo partidário referentes ao exercício no qual ocorreu o ato lesivo.

Na primeira versão do seu parecer, Lorenzoni propôs redução da multa para de 5% a 30%. Na última versão, apresentada nessa terça-feira, o porcentual da multa foi mais uma vez reduzido, para de 5% a 20%. "Cremos que a imposição de multa é correta, mas também não se pode chegar ao ponto de inviabilizarmos a sobrevivência dos partidos políticos", justifica o relator no parecer.

Além de flexibilizar a pena para caixa 2, Lorenzoni retirou 5 das 17 medidas que chegou a propor, entre elas, a que ampliava o alcance da chamada ação popular e a que formalizava decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar prisão a partir da condenação em segunda instância. Fez ainda mudanças nas outras 12 propostas que permaneceram no parecer, que deve ser votado nesta quarta-feira na comissão.

Diante da pressão de parlamentares de diversos partidos, que resistem ao parecer mais palatável às propostas do Ministério Público Federal (MPF), o relator do pacote de medidas de combate à corrupção na Câmara, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), cedeu e aceitou nessa terça-feira (22) fazer novas alterações em seu texto final.

O relator retirou cinco das 17 medidas que apresentaria, além de promover mudanças pontuais em algumas das propostas que permaneceram. A votação do parecer está prevista para ocorrer nesta quarta-feira (23).

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Pelo acordo, costurado em reunião na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com líderes partidários, deputados se comprometeram a aprovar o relatório apresentado na noite de ontem na comissão e só propor alterações, como deixar explícita a anistia ao caixa 2 e o crime de responsabilidade para magistrados e membros do Ministério Público, durante a votação no plenário.

Segundo apurou a reportagem, os dois temas, que vinham causando divergências entre Lorenzoni e a maioria dos deputados, serão incluídos no pacote por meio de destaques a ser apresentados por bancadas partidárias, e não individualmente. Dessa forma, deputados querem evitar que um parlamentar arque sozinho com o ônus de ser o autor de destaque ou emenda considerada polêmica.

Lorenzoni retirou de seu parecer as medidas que não constavam no pacote original enviado pelo MPF ao Congresso, mas que tinham sido incluídas por ele na semana passada. Entre elas estavam a que estabelecia regras para cooperação jurídica internacional, a que ampliava o alcance da chamada ação popular e a que formalizava decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar prisão a partir da condenação em segunda instância. "Continuamos com um texto que vai preservar o núcleo e o alcance das dez medidas", afirmou.

Segundo ele, as medidas que foram retiradas do pacote, como as que preveem mudanças no Código de Processo Penal, serão encaminhadas para comissão especial na Câmara que trata do tema. O colegiado foi criado em março do ano passado e, desde então, nada votou.

Sobre o crime de responsabilidade a juízes e integrantes do Ministério Público, que permaneceu fora de seu parecer, o relator defendeu que o assunto seja tratado junto com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 291, que regulamenta o regime disciplinar da magistratura e do MP.

Enquanto construía acordo com Maia e líderes, outros deputados subiram o tom contra o projeto na comissão. Incomodados com o protagonismo do Ministério Público, os parlamentares fizeram discursos alegando que a Casa não pode aceitar as propostas do pacote sem a chance de alterá-las.

"Quero que o relator Onyx revise e quero que juízes sejam incluídos no crime de responsabilidade. São santos, são deuses? Não são. O deputado precisa manter promotores e juízes no crime de responsabilidade", afirmou o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).

Houve críticas até em relação à coleta das mais de 2 milhões de assinaturas em apoio ao pacote anticorrupção. "A maioria das pessoas que assinou esse abaixo assinado, se tivessem sido feitos os esclarecimentos, creio que muitos não teriam assinado", disse o deputado Edio Lopes (PR-RR).

Presente na sessão, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, demonstrou preocupação com as pressões sofridas pelo relator. Um dos temores é fechar as brechas que permitem "ampla impunidade" e o outro é com possíveis retrocessos provocados por mudanças promovidas pelos deputados no pacote discutido.

Trocas

Na ofensiva para tentar aprovar um parecer mais favorável à classe política, líderes partidários fizeram novas trocas de integrantes na comissão. Foram pelo menos quatro mudanças feitas na segunda e na terça-feira. As mudanças geraram reações. O deputado Fernando Francischini (SD-PR), um dos que subscreveram o pacote anticorrupção, reclamou que foi retirado da comissão de última hora. "Não posso aceitar uma manobra espúria dessa", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Entidades que representam juízes, promotores e advogados no País lançaram um manifesto nesta segunda-feira, 21, atacando as tentativas de anistiar o caixa dois praticado antes da lei que criminalize a prática no Congresso Nacional. Em nota assinada por 18 instituições, entre elas a Associação dos Juízes Federais do Brasil, a Associação Paulista do Ministério Público e o Colégio de Presidentes dos Institutos dos Advogados do Brasil, a articulação de perdão ao caixa dois é classificada como um "tapa na capa" da população brasileira.

"Constitui um tapa na cara da sofrida população brasileira pretenderem os parlamentares legislar em causa própria, para se auto beneficiar e escapar da justiça penal pela porta dos fundos por via de anistia que concedem a si mesmos", diz o texto.

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As entidades afirmam que o crime do chamado caixa dois já está previsto como falsidade ideológica no Código Eleitoral. A nota defende que se os congressistas optarem por conceber uma redação que enquadre o crime no âmbito penal, a mudança não consistiria em perdão de práticas realizadas no passado.

Para as organizações que assinam o manifesto, a iniciativa de alguns parlamentares revela "o imenso desprezo" ao sentimento de Justiça que a população vivencia com o aprofundamento de investigações contra a corrupção envolvendo políticos.

Defensores do pacote anticorrupção discutido no Congresso temem que a anistia ao caixa dois seja incluída no projeto. O parecer do relator da proposta, deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), deve ser votado nesta terça-feira (22) em comissão especial na Câmara.

Em outra nota divulgada nesta segunda-feira, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e outras entidades que reúne membros do Ministério Público defendem a aprovação do projeto de lei que reúne as chamadas dez medidas contra a corrupção. O texto também lamenta o que chama de "tentativas de desvirtuar a proposição", citando a inclusão de juízes e procuradores na Lei de Crimes de Responsabilidade. A nota defende que o Congresso aprove o texto na "essência" que foi apresentado.

A maioria dos deputados da comissão especial da Câmara que discute o pacote de medidas anticorrupção é favorável à inclusão de juízes, desembargadores e todos os membros do Ministério Público no rol de autoridades que podem responder por crime de responsabilidade, mas é contra a anistia explícita à prática de caixa 2.

Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que, dos 30 parlamentares que compõem a comissão, 18 apoiam a punição de magistrados, promotores e procuradores por crime de responsabilidade. Outros sete integrantes são contra a medida, dois afirmaram ainda não ter uma posição formada e dois não responderam.

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Atualmente, a lei que trata do assunto, de 1950, estabelece que só estão sujeitos ao crime o presidente da República e o vice, ministros de Estado e do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, governadores e secretários estaduais. Pela legislação atual, a autoridade que vier a ser punida por esse crime perderá o cargo.

Em relação à anistia ao caixa 2, apenas José Carlos Araújo (PR-BA) admitiu à reportagem ser favorável que o texto final do projeto que sairá da comissão traga escrito de maneira clara que políticos, empresários e partidos que cometeram atos ilícitos antes da aprovação da tipificação do crime não sejam punidos. "A lei não pode ser feita para retroagir. Tem que ser daqui para frente", afirmou o parlamentar, que é presidente do Conselho de Ética da Câmara.

Os dois temas têm causado impasse no colegiado e fizeram com que a votação do parecer elaborado pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), marcada para a semana passada, fosse adiada. Na quinta-feira passada, o relator negou que iria incluir no seu relatório o perdão aos políticos que fizeram uma contabilidade paralela nas eleições, mas admitiu que está discutindo a questão sobre crime de responsabilidade com os parlamentares e integrantes do Ministério Público para encontrar uma alternativa ao impasse.

Recuo

A inclusão dessas autoridades na lei de responsabilidade não constava do pacote anticorrupção original enviado pelo Ministério Público Federal ao Congresso Nacional, mas foi posteriormente incluída por Lorenzoni em seu parecer. Segundo a proposta, magistrados que se pronunciarem fora dos autos sobre qualquer processo, por exemplo, poderiam ser enquadrados. Após conversar com integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba, porém, o relator desistiu da medida, o que irritou deputados.

O discurso dos parlamentares favoráveis à punição mais severa a magistrados e membros do MP é de que ninguém está acima da lei, nem mesmo juízes e procuradores. "Sou favorável à responsabilização pessoal de todos por seus erros", disse o deputado Carlos Marun (PMDB-MS). "Nós precisamos estender essa vigília contra a corrupção a todos os Poderes, o foco está muito no Legislativo e no Executivo", disse o deputado Zé Geraldo (PT-PA).

O presidente da comissão, Joaquim Passarinho (PSD-PA), também disse concordar com alguma medida nesse sentido, e defendeu que parlamentares e Ministério Público entrem em consenso sobre o caso.

Dos deputados que se declararam contra a proposta, a maioria afirmou que concordava com o mérito, mas não com o momento da discussão. Esse é o caso da deputada Angela Albino (PCdoB-SC).

Caso não consigam incluir a proposta no pacote, líderes da Câmara já articulam um plano B para que a previsão de crime de responsabilidade entre no projeto de Lei do Abuso de Autoridade que tramita no Senado.

Caixa 2

Apesar de somente um deputado admitir ser a favor da anistia ao caixa 2, líderes partidários articulam a possibilidade de apresentar um voto em separado na comissão sobre o assunto. A ideia é que o texto deixe explícito o perdão aos crimes cometidos em eleições passadas e impeça a Justiça de punir os políticos com base em outros crimes, como corrupção e lavagem de dinheiro.

Caso não consigam passar o texto na comissão, o plano é que uma emenda seja apresentada a algum projeto diretamente no plenário da Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Alegando falta de quórum, o presidente da comissão da Câmara que analisa o projeto de lei com medidas contra a corrupção, Joaquim Passarinho (PSD-PA), cancelou a reunião que discutiria o relatório final do pacote proposto pelo Ministério Público Federal. Uma nova tentativa para votar o parecer foi agendada para a próxima terça-feira (22).

A decisão foi anunciada por volta das 10h30, quando faltava apenas um deputado para completar o número necessário para dar início à reunião. Quinze dos 30 titulares do colegiado haviam marcado presença. "A maioria da comissão está mostrando que não quer discutir esse assunto hoje", disse Passarinho.

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Mais cedo, o presidente já havia afirmado que não tinha pressa para pôr em votação o relatório e que a discussão poderia ficar para a próxima semana. Segundo ele, depois do trabalho que o colegiado teve, não poderia haver risco de o relatório ser reprovado.

Marcada inicialmente para essa quarta-feira, a votação foi adiada para esta quinta após pressão de deputados de diversos partidos para que o relator, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), fizesse alterações em seu texto.

Além de tentar articular uma maneira de anistiar a prática do caixa 2, líderes partidários trabalharam para que Lorenzoni volte atrás e mantenha no relatório final a proposta de endurecer as regras de punição a juízes, procuradores e promotores que cometerem crimes.

Ao chegar nesta quinta-feira à comissão, o relator do pacote afirmou que, por enquanto, a previsão do crime de responsabilidade continua fora de seu parecer. Ele, no entanto, admitiu que está negociando com líderes partidários e com o MP uma nova redação sobre o assunto. Lorenzoni disse ter "esperança" de construir um texto em que o "interesse público esteja acima de qualquer outro interesse".

O presidente da comissão especial que discute as medidas contra corrupção propostas pelo Ministério Público Federal, Joaquim Passarinho (PSD-PA), afirmou que não há pressa para votar o relatório final sobre o pacote e que a questão poderá ficar para a próxima semana. "Eu acho que vai ficar para terça-feira. Eu não quero apressar. Foi um trabalho muito grande, muito profundo que nós fizemos, para, numa correria, eu colocar em risco a votação no plenário", disse.

Marcada inicialmente para quarta-feira (16), a votação foi adiada para esta quinta-feira (17) após pressão de deputados de diversos partidos para que o relator, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), fizesse alterações em seu texto.

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Além de tentar articular uma maneira de anistiar a prática do caixa 2, líderes partidários trabalharam para que Lorenzoni volte atrás e mantenha no relatório final a proposta de endurecer as regras de punição a juízes, procuradores e promotores que cometerem crimes.

Ao chegar à comissão, o relator do pacote confirmou que a sessão desta quinta-feira será apenas para discussão das medidas. Lorenzoni afirmou que, por enquanto, a previsão do crime de responsabilidade para juízes, desembargadores e outros membros do Ministério Público continua fora de seu parecer. Ele, no entanto, admitiu que está negociando com líderes partidários e com o MP uma nova redação sobre o assunto. O relator disse ter "esperança" de construir uma redação em que o "interesse público esteja acima de qualquer outro interesse".

A inclusão do crime de responsabilidade para magistrados e membros do MP não constava do pacote anticorrupção original enviado pelo MPF ao Congresso, mas foi proposta por Lorenzoni em seu parecer. Após conversa nesta semana com integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato, porém, o relator desistiu da medida, o que irritou outros deputados.

Nessa quarta-feira, os deputados Fausto Pinato (PP-SP) e Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) apresentaram parecer alternativo ao de Lorenzoni (DEM-RS), em que propõe a inclusão de juízes, desembargadores e todos os integrantes do MP na lei que rege crimes de responsabilidade (Número 1.079, de 1950).

Como mostrou o Broadcast Político, deputados já articulam dobradinha com os senadores para incluir a previsão de crime de responsabilidade para juízes e todos os membros do MP no projeto de lei que trata de abuso de autoridade, no caso de não conseguirem aprovar o trecho no pacote de medidas de combate à corrupção analisado na Câmara.

Lorenzoni também voltou a reiterar que não vai mexer no trecho de seu parecer que trata da tipificação do crime de caixa 2 para incluir anistia explícita a quem cometeu o crime antes da aprovação do pacote. Com isso, deputados articulam apresentação de emendas no plenário para deixar essa anistia explícita.

Propostas que na visão de procuradores e magistrados têm potencial para enfraquecer as investigações, especialmente a Operação Lava Jato, avançaram nessa quarta-feira (16) no Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados, partidos se articularam para alterar pontos do parecer apresentado por Onyx Lorenzoni (DEM-RS), relator do pacote de medidas contra a corrupção.

Um grupo de parlamentares ameaça apresentar um relatório paralelo para tornar explícita a anistia ao caixa 2 cometido até a publicação de uma nova lei que criminaliza a prática. Deputados também articulavam a mudança de integrantes da comissão e o retorno ao texto do endurecimento das regras de punição a juízes, procuradores e promotores.

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A movimentação na comissão da Câmara gerou reação do procurador Deltan Dallagnol, que no Facebook acusou "lideranças partidárias" de "manobras" de última hora. "Isso é um desrespeito com os mais de 2 milhões de brasileiros que assinaram o projeto de iniciativa popular", disse o coordenador da força-tarefa em Curitiba.

A articulação contra o parecer de Lorenzoni acabou por adiar a votação do texto da comissão especial. Havia a previsão era que a proposta fosse votada nesta quarta mesmo no plenário da Casa. O local acabou sendo invadido à tarde por de cerca de 50 pessoas - manifestantes que se intitularam de direita e disseram que tinham como bandeiras a intervenção militar, o combate à corrupção e o apoio ao juiz Sérgio Moro e à Lava Jato.

A invasão gerou tumulto e brigas no plenário. O ato organizado pelo aplicativo do WhatsApp ocupou a Mesa Diretora da Casa e pedia o fechamento do Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ameaçou determinar a prisão dos invasores.

Na outra Casa legislativa, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acelerou a tramitação do projeto que modifica a lei de abuso de autoridade e agendou a votação da proposta diretamente em plenário no dia 6 de dezembro. O senador Roberto Requião (PMDB-PR) foi anunciado como relator do projeto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A invasão do plenário da Câmara nesta quarta-feira, 16, por manifestantes causou revolta de parte de um grupo de senadores que foi à tribuna cobrar "uma ação firme das forças de segurança" para "restabelecer a ordem".

"A invasão do plenário da Câmara dos Deputados hoje é a culminância de um processo que precisa ser detido em nome da democracia, da defesa das instituições e do Estado de Direito. É preciso uma ação firme das forças de segurança e também uma atitude por parte do poder Judiciário e do Ministério Público, de defesa intransigente da ordem democrática, que esses movimentos estão violando", afirmou o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP).

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Já o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) ressaltou que a invasão mais cedo na Câmara pode abrir o caminho para novas investidas de manifestantes nas duas Casas e até contra o Supremo Tribunal Federal.

"Nós não podemos de maneira nenhuma encarar isso com naturalidade. É um verdadeiro atentado. Não podemos permitir isso. Temos que tomar uma providência de ordem legal, mas que tenha a devida repercussão. Se continuar assim, com essa gravidade, nós podemos ter, da mesma maneira que a Câmara foi invadida, o Senado poderá ser invadido, o Supremo Tribunal Federal poderá ser invadido. Então, é hora de se usar a força necessária para restabelecer a ordem", afirmou o peemedebista.

Já o líder da Rede, Randolfe Rodrigues (AP), considerou a invasão com uma ação "fascista". "O nosso Parlamento tem centenas de problemas, mas uma Nação que tem seu parlamento invadido e impedido de funcionar perde a prerrogativa de ser uma Nação democrática, porque é o parlamento a Casa da representação popular. Não posso deixar de repudiar. Essa é uma atitude fascista", afirmou.

As reações dos senadores ocorreram após manifestantes invadiram, na tarde desta quarta o plenário da Câmara dos Deputados.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RJ) disse esperar que não haja "golpinho" na votação de seu relatório sobre as medidas anticorrupção na comissão que discute o pacote sugerido pelo Ministério Público Federal.

"Eu espero que o Parlamento brasileiro tenha equilíbrio, bom senso e, acima de tudo, senso de patriotismo. Não é momento para dar golpinho, nem para fazer pizza nem para brincar com a vontade popular", disse o relator do pacote ao chegar à reunião.

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Deputados planejam apresentar um parecer alternativo ao relatório oficial do pacote anticorrupção na Câmara prevendo explicitamente a anistia a quem praticou caixa 2 antes da aprovação do projeto. A ideia é aprovar o parecer alternativo na comissão nesta quarta-feira e colocá-lo em votação ainda nesta quarta no plenário da Casa para evitar que a repercussão negativa afete a votação novamente.

Partidos também mudaram os integrantes da comissão. No bloco do PT, houve três alterações. O PP também mudou um de seus deputados. Nas redes sociais, o procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, afirmou que as mudanças estariam sendo realizadas para que os novos titulares votassem contra o pacote.

O relator voltou a afirmar ser contra a anistia ao crime de caixa dois e disse acreditar que será possível aprovar o relatório se o colegiado mantiver 70% da composição original.

"O Brasil não merece ter hoje uma legislação tão falha que permite que relação pública/privada seja desse nível, que permite que a corrupção seja a regra, nós queremos que a correção seja a regra, e a corrupção o acidente", disse.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira, 10, que o pacote de medidas de combate à corrupção só será votado no plenário da Casa após ser aprovado na comissão especial que debate a matéria.

"Não terá urgência para que a matéria seja votada antes", afirmou Maia em entrevista coletiva. Nesta quarta-feira, 9, o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), disse que há uma articulação para aprovar requerimento para que o pacote seja votado diretamente no plenário, sem ser analisado pela comissão.

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De acordo com Molon, a articulação teria o objetivo de aprovar o pacote - que pode possibilitar uma anistia retroativa para quem cometeu caixa 2 - antes da divulgação da delação premiada da construtora Odebrecht, que deve citar muitos políticos.

"Não posso cuidar dos sonhos dos deputados. Porque eu sempre disse que a gente vai votar primeiro na comissão antes de votar no plenário", afirmou Rodrigo Maia na entrevista. "Antes da comissão não será votado", disse o deputado do DEM.

Parlamentares da comissão especial que analisa as medidas anticorrupção apresentadas pelo Ministério Público ao Congresso já articulam mudanças em pelo menos quatro pontos centrais do pacote - a criminalização do caixa 2, o aumento da pena para corrupção, a possibilidade de que provas ilícitas sejam consideradas válidas se forem colhidas de boa-fé e a hipótese de prisão preventiva para a recuperação de recursos desviados.

Deputados têm discutido o tema em encontros reservados com advogados. Eles resistem a expor publicamente o desconforto com as medidas, já que o projeto chegou à Câmara com o apoio de 2 milhões de assinaturas, recrutado por representantes da força-tarefa da Lava Jato e respaldado pelo juiz Sérgio Moro.

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A criminalização do caixa 2, hoje um ilícito eleitoral, é um dos pontos mais polêmicos e tem causado reações entre parlamentares, que debatem a melhor forma para evitar o endurecimento da legislação sobre a prática. O Ministério Público Federal quer responsabilizar não só pessoas físicas, mas também os partidos que praticam o caixa 2. Apesar de a discussão na comissão ter como base as 10 medidas do MPF, ainda não há um texto final do projeto e os deputados estudam como modificar a proposta original sem rejeitar a medida toda.

Para o presidente da comissão, Joaquim Passarinho (PSD-PA), com o fim do financiamento eleitoral, "praticamente acabou o problema do caixa 2" e é preciso analisar uma nova forma de abordar a questão. A principal tese em discussão é separar crime eleitoral de propina.

Aliado do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o peemedebista Carlos Marun (MS) avalia que a criminalização do caixa 2 só será aprovada se houver uma distinção entre a prática - que consiste na doação ou recebimento recursos não declarados à Justiça Eleitoral - e o recebimento de dinheiro oriundo de corrupção.

"A propina tem uma relação de causa e efeito, tem que haver fato gerador com o benefício tendo se materializado e em contrapartida o beneficiado ter feito pagamento para algum agente político. Se não houver essa diferenciação, tudo vira propina", disse Marun.

O relator da comissão especial, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), concorda que é necessário "separar o joio do trigo".

Delações

A tese, contudo, enfrenta resistência no próprio colegiado. Para o deputado Wadih Damous (PT-RJ), essa seria uma forma de blindar parlamentares e protegê-los de delações em curso, como a da Odebrecht.

Na opinião de Rubens Bueno (PPS-PR), que é suplente na comissão, fazer a distinção entre caixa 2 e o recebimento de propina seria um "eufemismo". "É uma forma de fugir da Justiça, acho que o caixa 2 tem que ser julgado como propina também."

Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a criminalização do caixa 2 e o aumento da pena para crime de corrupção são a base fundamental das dez propostas do MPF e, por isso, "precisam ser avaliados com toda atenção pelos deputados". "É preciso observar o que vem acontecendo na política nacional para entender por que esses são os aspectos importantes", disse. "Sinto no meu dia a dia que a sociedade tem uma expectativa positiva com que o Congresso pode fazer com essas medidas. Estamos sob os olhares de milhões de brasileiros."

Passarinho considera que o "primeiro impacto" das propostas é "ruim" e que alguns pontos sugeridos podem ser modificados. Sobre o aumento da pena para crimes de corrupção, por exemplo, o deputado afirma que "não é em razão do tamanho da pena que as pessoas são corruptas".

Provas

Outra medida considerada polêmica é a possibilidade de provas apontadas como ilícitas serem validadas pela Justiça se for comprovado que foram colhidas "de boa-fé". Os questionamentos em relação a essa medida transcende a discussão no Congresso e envolve também o mundo jurídico.

A nulidade de provas é um dos principais caminhos usados por criminalistas para tentar derrubar investigações. As operações Satiagraha e Castelo de Areia são exemplos de ações anuladas por provas ilegais.

As 10 Medidas Contra a Corrupção foram entregues ao Congresso no fim de março. A comitiva contou com a presença do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba. Em meio à turbulência do afastamento de Cunha (PMDB), o pacote ficou nas gavetas da Câmara até junho, quando o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP), criou a comissão especial para discuti-la. Alguns dos principais partidos da Casa - PMDB, PT, PP, PSC e PCdoB - protelaram a indicação de nomes para compor o colegiado. A comissão só começou a funcionar no início deste mês.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Apesar do discurso em defesa da Operação Lava Jato, o governo do presidente em exercício Michel Temer resiste a encampar as dez medidas de combate à corrupção defendidas pelo Ministério Público Federal com o apoio de 2 milhões de assinaturas. Na esteira das investigações dos desvios na Petrobras, o pacote - que contém 20 propostas legislativas - foi apresentado como projeto de iniciativa popular na Câmara há dois meses, mas está parado na Casa, à espera da criação de uma comissão especial.

As medidas contam com o apoio do juiz federal Sérgio Moro e dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. "Essas propostas são de iniciativa popular e não foram apresentadas pelo Executivo. No momento, nossa prioridade é a pauta econômica", afirmou André Moura (PSC-SE), líder do governo na Câmara e aliado do presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo da Lava Jato.

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A criação da comissão especial depende de uma decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), que não tem exercido suas funções de fato. "Isso dificulta tudo ainda mais", disse Moura.

Em meio à falta de empenho para se avançar nas discussões, o presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate à Corrupção, deputado Mendes Thame (PV-SP), tentou se reunir na quinta-feira com Maranhão para cobrar a instalação do colegiado. O parlamentar não foi recebido. Na saída, se queixou da falta de interesse da Casa e do Executivo: "É preciso um maior comprometimento e celeridade. Este projeto é de extrema importância para tampar os buracos legais".

Publicamente, Temer e os ministros com gabinete no Palácio do Planalto têm afiado o discurso em favor da Lava Jato. Sobretudo após a queda de dois integrantes da Esplanada exatamente por causa das investigações. Com apenas 18 dias de governo, Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência) pediram demissão após a divulgação dos áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

Desconhecimento

Segundo o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), o assunto não foi discutido com Temer, mas houve uma conversa informal entre os ministros para avaliar as dez medidas. "Isso ainda não está no governo, houve apenas uma reunião entre os ministros que lidam com a política, o ministro Geddel Vieira Lima (ministro-chefe da Secretaria de Governo) e aqueles indicados pelos partidos, que começam a avaliar qual é a reação dentro dos partidos para a aprovação no Congresso. O que se viu é que algumas medidas teriam certamente apoio de toda a classe política, outras teriam de ser adequadas."

Como o debate não avançou, Padilha afirmou que não poderia adiantar quais são as medidas que têm maior simpatia das legendas e disse que o governo tem outras prioridades no momento. "Claro que vamos tratar disso. Mandei levantar as matérias", afirmou Geddel, responsável pela articulação política com o Congresso.

"Falta um ato burocrático do presidente interino da Câmara para que o ato normativo de criação da comissão mista possa ser lido em plenário e as lideranças possam indicar os membros", reclamou o procurador Roberson Pozzobon, da força-tarefa da Lava Jato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Valdir Simão lançou na manhã desta quarta-feira, 4, o Programa de Integridade do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com o objetivo de inibir desvios de conduta que possam levar a corrupção ou fraude na própria pasta. De acordo com o assessor especial de Controle Interno do Ministério, Rodrigo Fontenelle, que apresentou as ações, a ideia é assegurar a entrega dos resultados.

A base para implementação do programa foram três guias lançadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) sobre o tema. Na solenidade, o ministro Simão afirmou que o objetivo do programa é garantir uma "conduta ética" à instituição, além de inspirar outros ministérios e órgãos a seguir o mesmo caminho. "Precisamos adotar mecanismos que protejam a instituição quanto ao desvio de conduta", disse.

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Para viabilizar o programa, o Planejamento contará com um código de conduta para orientar seus servidores, um canal de denúncias, um plano de capacitação e educação continuada e rotatividade de cargos. "No Programa, a leitura tem que ser feita junto com o risco de integridade", disse Fontenelle, antes de avaliar que as análises têm que ocorrer levando em consideração os cargos e as funções desempenhadas pelos servidores.

O Planejamento está realizando também outros procedimentos e levantamentos no âmbito do programa para garantir efetividade às ações, como avaliação das declarações de bens dos servidores, verificação de conflito de interesses e identificação sobre presença de nepotismo no órgão. Segundo Fontenelle, em 2015, houve apenas quatro consultas de verificação de conflito de interesse. "Esse é um trabalho que já vem acontecendo", disse. "A ideia é que ações preventivas conseguissem evitar irregularidades. As pessoas têm que ser punidas por meio de medidas disciplinares", acrescentou.

O ministro da pasta avaliou que o programa não é para "caçar corruptos", mas para inibir práticas irregulares, podendo identificar os autores. "Os programas de integridade não têm como objetivo eliminar a corrupção, mas têm como objetivo garantir que aquela organização tenha procedimentos que inibam a prática de corrupção e, se acontecer, possa ser identificada e tenha seus responsáveis punidos", afirmou.

Para o ministro da CGU, Luiz Navarro, as empresas que têm programas robustos de compliances se diferenciam das que não têm. "Não dá para uma empresa pregar integridade todos os dias e ao mesmo tempo seus dirigentes fazerem essas atividades corruptas cotidianamente", afirmou Navarro.

Simão elogiou o trabalho da CGU, que tem incentivado a criação de programas de integridade. "Minha expectativa é que cada órgão adote seus programas de integridade customizados", disse Simão.

Com mais um escândalo de desvio de dinheiro e pagamento de propina a políticos, revelado pela Operação Lava Jato, os brasileiros levantaram ainda mais a bandeira anticorrupção, tão evidenciada nas manifestações populares nos últimos meses. Levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), encomendada pelo Portal LeiaJá, em parceria com o Jornal do Commecio, mostra que os recifenses estão atentos aos casos e insatisfeitos com os serviços públicos oferecidos à população.

Para 92,1% dos entrevistados, atualmente há mais casos de corrupção sendo noticiados pela imprensa do que no passado. Para 90% das pessoas ouvidas pelo instituto, a situação piorou nos últimos anos no ambiente público. Apenas 8,8% discordam. O aumento de manifestações e protestos na internet e a organização de movimentações nas ruas mostram que os brasileiros estão mais exigentes sobre a atuação política que nos anos anteriores, o que 82,6% dos entrevistados também confirmam.

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Quando perguntados sobre a honestidade dos políticos, apenas 6,4% acreditam que eles sejam mais íntegros que no passado. Ao todo, 92,8% dos entrevistados discordaram e mostraram que a desconfiança entre os eleitores em relação aos eleitos nas urnas ainda é grande.

Mas não foram apenas os políticos que foram mal avaliados. Alguns serviços públicos também foram analisados negativamente pelos moradores da capital pernambucana. No estado em que o programa de segurança pública - o Pacto pela Vida - é um dos carros chefe do Governo, a violência ainda assusta a população.

Para 94,2%, a violência aumentou atualmente. Apenas 5,3% discordaram e acreditam que a situação melhorou; 0,5% não souberam ou não responderam. O atendimento nas unidades de saúde públicas também não é bem visto. Para 72,5% dos recifenses que responderam às perguntas, o serviço do Sistema Único de Saúde piorou. Já 24,9% acreditam que melhorou e 2,6% não responderam ou não souberam classificar a qualidade.

Sobre a vida econômica dos brasileiros, a avaliação é um pouco mais otimista. Para 58%, hoje a vida econômica é melhor. Outros 39,9% acham que piorou. Dos entrevistados, 53,5% acreditam que atualmente, há menos pobres no Brasil. Já 42,6% discordam. O acesso à educação também tem agradado a quem mora no Recife. Ao todo, 81,6% acreditam que hoje as pessoas têm mais oportunidades na educação básica e superior que no passado.

O IPMN realizou as entrevistas entre os dias 20 e 21 de julho, com 622 pessoas. O nível de confiança da pesquisa é de 95%, com margem de erro estimada de quatros pontos percentuais para mais e para menos.

Em meio à crise que assola a Petrobras, os delegados da Polícia Federal, protagonistas das grandes investigações contra desvios e malfeitos na administração pública, querem ser ouvidos pelo governo na preparação de medidas de combate à corrupção e à impunidade. Eles alegam que "é inviável se discutir um plano nacional de combate à corrupção sem que isso passe pelo aprimoramento das instituições responsáveis pelo combate à criminalidade, como a Polícia Federal".

"Pelo que foi noticiado até agora, não há nenhuma medida específica para a Polícia Federal em estudo", questionam os delegados, em nota divulgada pela entidade de classe, a Associação Nacional dos Delegados da PF.

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O Palácio do Planalto anunciou que nos próximos dias será apresentada uma série de medidas para coibir desvios na administração pública. Os delegados assinalam que desde fevereiro têm buscado colaborar com os debates sobre o tema.

A direção da Associação dos Delegados da PF assinala que já pediu, "por diversas vezes", uma audiência formal com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para apresentar propostas para o fortalecimento da Polícia Federal. "Até agora nenhuma resposta foi dada."

"Considerando que estão sendo estudadas ações e projetos legislativos entre os poderes da República e o Congresso Nacional, e aproveitando o ensejo apresentado pela sociedade nas diversas manifestações pelo País, a Associação quer apresentar propostas que tornem a Polícia Federal mais autônoma, forte e atuante", declarou o presidente da entidade, delegado Marcos Leôncio Ribeiro.

Segundo o delegado, "pelo que foi noticiado até agora não há nenhuma medida específica para a Polícia Federal em estudo".

Os delegados dizem que esperam que o governo inicie um processo de interlocução com as entidades que "tenham interesse em colaborar com a construção do novo Pacto Nacional de Combate à Corrupção, cujo lançamento deve contemplar o fortalecimento da Polícia Federal".

Convênio divulgado nesta quinta-feira, 5, entre a Prefeitura de São Paulo e a Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais vai transferir para o governo mineiro o software que permitiu que a Prefeitura descobrisse a Máfia do Imposto Sobre Serviços (ISS), em 2013.

O programa, chamado Sistema de Controle de Bens Patrimoniais dos Servidores Públicos (Sispatri), cruza informações sobre a renda e o patrimônio acumulado pelos servidores públicos. Esse cruzamento aponta indícios de enriquecimento ilícito, o que coloca servidores sob suspeita.

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O sistema foi instalado em São Paulo pelo então controlador-geral Mário Spinelli. É ele quem comanda, atualmente, a Controladoria-Geral mineira. Ele foi escolhido pelo governador Fernando Pimentel (PT).

No Estado, Spinelli está realizando uma auditoria nas contas das gestões do PSDB no Estado, governado até o ano passado pelo senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).

Embora tenha perfil técnico, a ida de Spinelli para Minas foi articulada por petistas que desejavam uma 'devassa' nas gestões tucanas de Aécio Neves e Antonio Anastasia.

A aprovação do "pacote anticorrupção" citado por Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (1º), em seu discurso de posse deve encontrar resistência na própria base de sustentação ao governo. Dentro das bancadas aliadas à presidente no Congresso, há políticos que consideram a medida como uma ação de marketing. Outros dizem que ela deveria trabalhar para tornar efetivas as leis já existentes.

O pacote, que Dilma prometeu enviar ao Congresso no primeiro semestre deste ano, é composto por cinco projetos que, segundo ela, visam a "garantir processos e julgamentos mais rápidos e punições mais duras".

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"O que tem que ser feito é uma reforma política. É mais urgente que esse pacote. Não pode fazer alguns pontos e não fazer os outros", diz o líder do PP na Câmara dos Deputados, Eduardo da Fonte (PE).

Outro foco de ceticismo com relação à proposta de Dilma parte do PTB. Seu líder, Jovair Arantes (GO), afirma que a aprovação não é automática. "Claro que não. Nosso papel é estudar e votar. Aprovamos o que for importante. O que não for, a gente bota para trás", diz.

PP e PTB são dois partidos que ganharam ministérios no segundo governo de Dilma Rousseff numa tentativa da presidente de garantir sua governabilidade. Enquanto o PP emplacou o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, o PTB fez o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto.

Apesar da declaração de Dilma a favor das medidas, três das cinco propostas já tramitam no Congresso e não recebem apoio da presidente para serem aprovadas. Em outubro, após ela prometer o pacote em sua campanha eleitoral, o jornal O Estado de S. Paulo publicou um levantamento mostrando que aguardam aprovação do Legislativo as seguintes propostas: transformar em crime o enriquecimento não justificado de agentes públicos, transformar em crime a prática do caixa dois em campanha eleitorais e dar mais agilidade aos processos contra pessoas com foro privilegiado. Os projetos ainda não apresentados são: permitir o confisco de bens adquiridos de forma ilícita e agilizar processos sobre desvio de recursos públicos.

Mesmo no PMDB, contemplado com seis ministérios, existe um foco de resistência. O vice-líder do partido na Câmara, Lúcio Vieira Lima mostra que em seu partido também há resistência contra o pacote anunciado pela presidente. Ele afirma que os projetos em tramitação não vão para frente por falta de vontade política e joga a culpa no governo Dilma dizendo que "tem mecanismos que poderiam já ser aplicados e não são". Ele cita como exemplo a Lei Anticorrupção, em vigor desde janeiro de 2014, mas ainda sem regulamentação do Poder Executivo.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), deixa transparecer a forma como a presidente idealizou o pacote. Ele afirma que o governo não procurou sua base antes de anunciar a intenção de mandar os projetos para o Legislativo. Mesmo assim, disse acreditar não haver dificuldades para aprová-los. "Eu acho que, hoje, qualquer medida que venha a apertar o cerco à corrupção terá no Congresso uma tendência de aprovação", diz.

A oposição também se pronunciou sobre o assunto. O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), que foi candidato a vice-presidente da República na chapa de Aécio Neves (PSDB), cita a mesma Lei Anticorrupção para dizer que Dilma já poderia ter colocado em prática medidas anticorrupção. "Ela poderia começar a fazer a parte dela", disse. Para o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), o anuncio do pacote é "uma tentativa de atenuar o desgaste" provocado pelo escândalo de corrupção da Petrobrás.

O deputado oposicionista Júlio Delgado (PSB-MG) lembrou que a aprovação do pacote também dependerá dos novos congressistas, que nunca exerceram mandatos no Congresso antes. "Se eles forem envolvidos pelo clima do Parlamento, não vai prosperar", disse, lembrando que mesmo com a comoção dos protestos de 2013, projetos já em tramitação não foram aprovados.

Durante o discurso de abertura da 15ª Conferência Internacional Anticorrupção (IACC), nesta quarta-feira (7), em Brasília, a presidente Dilma Rousseff disse que no Brasil o combate a corrupção são práticas de Estado, citando em seguida a Lei de Acesso à Informação e a divulgação das remunerações dos servidores públicos federais como mecanismos de controle e combate a corrupção.

“O combate ao malfeito não pode ser usado para atacar a credibilidade da ação política. Deve, ao contrário, valorizar a política, a esfera pública e o conflito democrático entre projetos que nela tem lugar. Deve reconhecer o papel do Estado como instrumento importante para o desenvolvimento, a transparência e a participação política. O Estado é o destinatário privilegiado das mobilizações por transparência. Por isso todas as ações que constroem a transparência são essenciais”, ressaltou.

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A presidente também citou a Controladoria-Geral da União (CGU), os tribunais de contas, o Ministério Público e a Polícia Federal como instrumentos sólidos para a garantia de que as práticas honestas sejam perpetuadas na esfera pública, abrangendo inclusive as empresas privadas que prestam serviços ao governo.

Dilma também salientou o papel da imprensa em promover o combate a corrupção, mas ressaltou que é preciso conter os exageros. “Estou convencida de que, mesmo quando há exageros e sabemos que eles existem, é sempre preferível o ruído da imprensa livre ao silêncio tumular das ditaduras”, afirmou. O presidente da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage Sobrinho, também destacou que a imprensa livre é um fator fundamental para que denúncias sejam feitas. “Há quem entenda que existem exageros em qualquer área, mas entendo que a população sabe distinguir esses excessos e atribuir credibilidade para quem é parcial”, considerou.

A citação sobre o papel da imprensa vem depois de críticas do ex-ministro da casa Civil, José Dirceu, condenado no julgamento do mensalão, sobre a necessidade de mecanismos de controle do que é veiculado pelos veículos de comunicação. Sobre as declarações de Dirceu, o presidente da CGU preferiu não comentar.

Na ocasião, Dilma cumprimentou a jornalista iemista Tawakkol Karman, Prêmio Nobel da Paz 2011. Ela será recebida no final da tarde no Palácio do Planalto.

 

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