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O mundo silencia com a morte de Zygmunt Bauman. O magnífico sociólogo polonês lançou mais de 50 livros e dedicou-se à análise das condições da classe trabalhadora e da lógica de exclusão social, exaltando os excluídos sob um ponto de vista marxista, de uma forma singular e como apenas ele soube fazer.

Entre os temas abordados por Bauman, os que mais se destacam são ligados ao consumismo, a globalização e as transformações nas relações humanas. Este último foi eternizado na obra que se tornou best-seller em 2003, Amor Líquido, que versa sobre como os relacionamentos da modernidade tendem a ser menos duradouros.

Aos 91 anos, Zygmunt teve uma trajetória vida entre servir ao exército polonês na Segunda Guerra, ser filiado ao Partido Comunista Polaco e, enquanto professor da Universidade de Varsóvia, foi afastado e também teve obras censuradas. De todas as suas contribuições, a obra Modernidade e Holocausto talvez tenha sido a mais emblemática e lhe rendeu, em 1989, o Prêmio Europeu Amalfi de Sociologia e Ciências Sociais.

O sociólogo foi o criador do termo “modernidade líquida”, onde o líquido servia como metáfora para expressar as mudanças facilmente adaptáveis, fáceis de serem moldadas e capazes de manter suas propriedades originais. Bauman nos trouxe, talvez, o conceito mais correto em relação à sociedade atual: vivemos um progresso constante e o significado e propósito da vida e da felicidade é individual.

Para entender as teorias de Zygmunt Bauman é preciso voltar ao passado. É preciso enxergar uma sociedade que buscava a perfeição, que detinha a sensação de controle do mundo, da economia, da natureza e, por que não dizer, da tecnologia. Entretanto, com o passar dos anos, vimos a instabilidade econômica mundial, as guerras, a revolução tecnológica acontecer e, então, todo o conceito da modernidade sólida se desfez.

Os pensamentos modernos de Bauman para sua época chamaram a atenção de todos. A filosofia sobre a liquefação das formas sociais: o trabalho, a família, o engajamento político, o amor, a amizade e, por fim, a própria identidade. Foi o sociólogo que nos fez refletir sobre as consequências dessas reflexões. Situações que produziam angústia, ansiedade constante e o medo líquido: temor do desemprego, da violência, do terrorismo, de ficar para trás, de não se encaixar nesse novo mundo, que muda num ritmo alucinante.

“Fluidez” é a qualidade de líquidos e gases. (…) Os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com facilidade. (…) Os fluidos se movem facilmente. Eles “fluem”, “escorrem”, “esvaem-se”, “respingam”, “transbordam”, “vazam”, “inundam” (…) Essas são razões para considerar “fluidez” ou “liquidez” como metáforas adequadas quando queremos captar a natureza da presente fase (…) na história da modernidade.

Não podemos confundir o conceito de modernidade líquida de Bauman com a pós-modernidade tão falada e debatida nas áreas da filosofia e sociologia. Não se enxerga uma ruptura entre os conceitos de modernidade e pós-modernidade, mas sim uma continuação. Entendemos que há uma lógica diferente, uma rigidez substituída pela volatilidade, pelo imediato, pelo individualismo e pelo consumismo, mas, graças às teorias de Zygmunt Bauman podemos compreender as mudanças de uma forma mais simples, clara e objetiva.

Perde-se um ícone. Eterniza-se um pensador. Espera-se que as contribuições de Bauman nunca sejam esquecidas e que suas obras influenciem positivamente milhões de pessoas.

Personagem de numerosos filmes e documentários, Fidel Castro foi um apaixonado pelo cinema, que considerava um campo na sua "batalha política" e no qual legitimou a censura como arma para defender sua revolução.

Consciente do impacto social do cinema, três meses depois de entrar triunfante em Havana em janeiro de 1959, Fidel ordenou a criação do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (ICAIC), à frente do qual colocou seu amigo incondicional Alfredo Guevara, que foi um estreito colaborador até sua morte, em 19 de abril de 2013.

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Seu amigo colombiano e prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez (morto em 2014) chamou Fidel de "o cineasta menos conhecido do mundo", quando criaram em Havana a Fundação do Novo Cinema Latino-Americano, em 1985, e um ano depois a Escola Internacional de Cinema de San Antonio de los Baños, perto da capital cubana.

Para Fidel, o novo cinema era "uma grande batalha" pela identidade, libertação, independência e sobrevivência latino-americanas. "Se não sobrevivermos culturalmente, tampouco sobreviveremos economicamente nem politicamente", disse em 1985.

Em 1961, no conhecido discurso "Palavras aos Intelectuais", defendeu o "direito" de seu governo a "regular, revisar e fiscalizar" filmes devido à sua "influência no povo", como uma responsabilidade "em meio a uma luta revolucionária".

Na crise econômica dos anos 1990, em pleno florescimento de filmes críticos à realidade da ilha, como "Alicia en el pueblo de maravillas" e "Morango e chocolate", Fidel arremeteu contra "Guantanamera" - sem tê-lo visto -, de Tomás Gutiérrez Alea, uma crítica à ineficiente burocracia cubana.

Muitas personalidades do cinema falaram e fumaram 'habanos' com Castro, entre eles Francis Ford Coppola e Kevin Costner, com quem viu em 2001 "Treze dias que abalaram o mundo", filme que o ator protagonizou sobre a crise dos mísseis de 1962.

Admirador de Brigitte Bardot e amigo de Gerard Depardieu, dizia que conhecia todos os filmes de Charles Chaplin, que era capaz de ver "três ou quatro vezes" os do humorista mexicano Mario Moreno 'Cantinflas', e que tinha sido cativado por Sophia Loren.

Fidel confessou a Oliver Stone, autor de dois filmes sobre ele, "Comandante" (2002) e "Procurando Fidel" (2003), que viu poucos filmes desde o colapso soviético em 1991, por falta de tempo. Entre os que viu em videocassete estavam "Gladiador" e "Titanic".

Ernst Nolte, um dos mais célebres e controvertidos historiadores da Alemanha, que tentou mostrar a interdependência entre o comunismo, o fascismo e o nazismo, morreu nesta quinta-feira, aos 93 anos, anunciou a família.

Nolte iniciou nos anos 80 a famosa "guerra dos historiadores" alemães ao publicar um artigo, "Um passado que não quer passar", no jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Sua tese, segundo a qual o nacional-socialismo seria uma reação à "ameaça existencial" da revolução russa e seus crimes em massa, provocou indignação de alguns especialistas, incluindo o filósofo Jürgen Habermas, e marcou o início de uma longa polêmica a respeito.

O vínculo causal que Nolte estabeleceu entre o Gulag e Auschwitz valeu a ele críticas acusando-o de minimizar os crimes nazistas e suspeitas de revisionismo, das quais sempre se defendeu.

Nascido em Witten (oeste), Ernst Nolte ensinou durante anos na Universidade Livre de Berlim.

Entre suas obras mais destacadas, figura "O fascismo em sua época", uma análise da natureza do fascismo graças à qual ficou conhecido nos anos 60, e "A guerra civil europeia, 1917-1945. Nacional-socialismo e bolchevismo", lançado no final dos anos 80.

As organizações religiosas chinesas devem obedecer o a teu Partido Comunista, afirmou o presidente Xi Jinping em uma reunião dedicada ao tema, informou a imprensa estatal.

"Os grupos religiosos (...) devem aderir à liderança do Partido Comunista da China", disse Xi a altos funcionários do partido único em uma conferência de dois dias que terminou no sábado, segundo a agência de notícias Xinhua.

Os integrantes do partido, ressaltou, devem ser "inflexíveis ateus marxistas" e "resolutamente proteger-se das influências estrangeiras que chegam por meio da religião".

"Deveríamos guiar e educar os círculos religiosos e seus seguidores com os principais valores socialistas", declarou Xi na conferência, que teve a presença de muitos membros do Politburo.

Na China vivem centenas de milhões de budistas, cristãos e muçulmanos, que o Partido Comunista deseja "guiar", ao mesmo tempo que reprime organizações religiosas não oficiais.

Desde que Xi Jinping chegou ao poder em 2012, o governo adotou uma linha mais dura a respeito da sociedade civil e das religiões.

Na província de Zhejiang (leste), as autoridades demoliram nos últimos anos várias igrejas e retiraram crucifixos em uma campanha que afetou centenas de paróquias, segundo grupos de defesa dos direitos humanos.

Na região de Xinjiang (oeste), de maioria muçulmana, fontes locais afirmam que o controle está mais rígido sobre a prática do jejum durante o mês do Ramadã.

O governo chinês afirma que os cidadãos gozam de liberdade de culto, mas que existe uma "ameaça terrorista" em Xinjiang por culpa dos extremistas islâmicos.

Nos anos 1970, Pequim desistiu de tentar erradicar a religião organizada e optou por controlar a prática religiosa através dos templos, igrejas e mesquitas autorizados, que propagam um discurso que mistura teologia com retórica comunista.

Xi disse que esta política será mantida e pediu a união das doutrinas religiosas com a cultura chinesa.

O presente do boliviano Evo Morales ao Papa Francisco - um peculiar crucifixo em madeira com Cristo sobre uma foice e um martelo - provocou polêmica, e muitos religiosos consideraram a iniciativa uma "provocação".

Morales, no entanto, se defendeu e disse que o presente era uma criação de um jesuíta, Luis Espinal, assassinado em 1980 por paramilitares de direita, durante o golpe militar de Luis García Meza, atualmente preso por crimes contra os direitos humanos.

"Estamos acostumados à originalidade criativa do presidente Morales", comentou à AFP o monsenhor Eugenio Coter, vigário apostólico do departamento de Pando, ao ser questionado sobre o presente que faz referência a um símbolo do comunismo.

"É uma provocação, uma travessura", disse o bispo emérito Gonzalo del Castillo.

"O padre Espinal esteve com os pobres, foi torturado antes de ser assassinado. Este padre desenhou, talhou (...) Não é um invento de Evo Morales, estamos apenas recuperando esta mensagem do padre Luis Espinal", disse o presidente em uma entrevista ao canal CNN em espanhol.

De acordo com a ministra da Comunicação, Marianela Paco, o presente é simbólico "porque a foice significa lavrador e o martelo carpinteiro (...) ambas figuras que representam populações humildes, trabalhadoras, pessoas de Deus".

"Esta foi a intenção do presente, não foi uma manobra ou qualquer outra suposição que podem estar fazendo a respeito.

Vários religiosos bolivianos consideraram o presente um gesto surpreendente.

O papa Francisco prestou homenagem ao padre Espinal ao desembarcar na Bolívia, rezando diante do local onde o corpo do religioso, torturado e com marcas de tiros, foi encontrado em La Paz.

"Creio que a expressão no rosto do papa diz o suficiente. Ficou surpreso, nada sorridente, com a boca quase aberta. Com a dúvida de como interpretar o gesto", disse Coter.

"É um presente anacrônico. Nos anos 70 esta obra tinha um sentido, era o compromisso com o socialismo. Hoje em dia, com a queda do muro, ficou para trás. Resgatar um símbolo assim é tirá-lo do contexto, uma travessura do presidente", disse à AFP Francisco Zaratti, analista de temas relacionados à Igreja boliviana.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, admitiu em uma entrevista coletiva que o presente de Morales, que estava acompanhado de duas condecorações dedicadas a Espinal, não estava no programa previsto.

"Não estava previsto, isto é claro. O núncio não sabia. Além disso, todos sabem que o papa não costuma receber condecorações", comentou Lombardi.

"O papa não fez até o momento observações particulares sobre o tema, nem pediu que manifeste", disse.

Nas redes sociais, as reações foram em sua maioria negativas ao presente de Morales ao papa Francisco.

Há 50 anos as principais avenidas das capitais políticas do Brasil – nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais e Brasília – estavam começando a ser inundadas por militares que tomariam, entre os dias 31 de março e 1º de abril de 1964, o governo do presidente João Goulart (Jango) e dos governadores estaduais, entre eles o de Pernambuco, comandado à época por Miguel Arraes. Com a promessa de restaurar a democracia, segundo os militares, ameaçada pelo comunismo cubano, a tropa comandada pelo general Olímpio Mourão Filho, saiu de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, dando início ao que culminaria no golpe de estado, proporcionando ao país os 21 anos de repressão, censura e cerceamento da liberdade.

Jango enfrentava uma forte oposição conservadora, por causa da afeição com os movimentos sociais reformistas e a defesa pela participação trabalhista na construção da democracia. Em 64, os militares não estavam sozinhos na intenção de depô-lo. Vários parlamentares, em sua maioria da UDN e PSD, e até governadores-conspiradores apoiavam o golpe, entre eles Carlos Lacerda (RJ). Além destes, o movimento também contou com o apoio da CIA, que treinou a maioria dos oficiais, a partir de uma operação intitulada por “Grande Irmão”.

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“O João Goulart começou a implantar uma série de reformas, abrangendo a área educacional, urbana, política, tributária e, entre outras, uma reforma agrária, que era a grande discordância entre o congresso e as forças armadas do país. Estas atitudes eram vistas como propensas a instalação de ‘uma nova Cuba’. Outro agravante foi que muitos militares tiveram problemas de promoção e salários atrasados. Antes do golpe, houve a revolta dos marinheiros no Rio de Janeiro, contra as condições do trabalho e os salários atrasados. Este foi quase o estopim, para o Golpe. Às vésperas, no dia 30 de março, Jango se reuniu com generais das Forças Armadas e auxiliares onde fez um discurso forte, criticando o auxílio das forças estrangeiras”, contextualizou o pesquisador dos períodos da Ditadura Militar e responsável pela distribuição dos arquivos da época no Acervo Público de Pernambuco, Diogo Barreto. 

A série de ações do presidente, de 1961 a março de 1964, foi sepultando pouco a pouco o seu mandato. Após a deposição, Jango, em busca de segurança, viajou do Rio, onde se encontrava no momento do golpe, para Brasília, e em seguida para Porto Alegre, onde Leonel Brizola tentava organizar a resistência aos militares. Apesar da insistência de Brizola, Jango desistiu de um confronto militar com os golpistas e seguiu para o exílio no Uruguai. O presidente só retornou ao Brasil para ser sepultado, em 1976.

Em Pernambuco, o então governador Miguel Arraes passou a noite, daquele 31 de março, reunido no Palácio do Campo das Princesas com seus assessores e secretários, buscando uma forma de se livrar do golpe. A maioria dos aliados políticos de Arraes o aconselharam a sair da capital e seguir para a região que hoje está localizada a cidade de Palmares, na Mata Sul, no entanto o governador decidiu que resistiria até o fim, enviando apenas a esposa, Madalena Arraes, e os filhos para a casa de familiares no interior do estado. Na manhã do dia 1º de abril, o Campo das Princesas já estava rodeado de militares. A tarde, após uma negociações sem êxito, o governador foi escoltado, dentro de um fusca, para seguir ao exílio. Primeiro Arraes foi para o arquipélago de Fernando de Noronha, e, depois, seguiu para a Argélia, retornando ao Brasil, em 1978. 

“Arraes lutou até o último momento e falou que não sairia o Palácio e a polícia diz que vai invadir e tirar ele a força, naquele momento ele diz ‘eu não vou obedecer a ordens, porque entrei pela porta da frente pelas mãos do povo e ei de sair também pela porta da frente, pelas mãos do povo, é um mandato democraticamente construído’, mas os militares disseram ‘a democracia vai ser restaurada’”, contou Barreto. 

Assim como Arraes, o então prefeito do Recife, Pelópidas Silveira, foi deposto e preso para que se evitasse a continuação do governo pró-comunismo no estado. Silveira e Miguel Arraes eram adeptos ao Movimento Cultural Popular (MCP) e engajados com artistas e escritores como, Abelardo da Hora, Hermílio Borba Filho e Ariano Suassuna. 

O governo de Pernambuco, após a deposição de Arraes, é interinamente assumido por Augusto Lucena, enquanto as primeiras leis do governo militar vão aparecer, e o primeiro governador pró-ditadura, que assume o Campo das Princesas, é o de Paulo Pessoa Guerra, em 1966. Guerra já começa a fazer realizações baseado no governo de Castelo Branco. 

Os anos mais duros

O golpe militar de 1964 desencadeou uma violenta repressão no país. Os anos, até 1985, são intitulados, pelos que viveram à época, como os “mais duros”. Os militares iniciaram uma intensa luta contra os setores politicamente mobilizados à esquerda no espectro político, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), as Ligas Camponesas e grupos católicos como a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Ação Popular (AP). 

Milhares de pessoas foram presas de modo irregular e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. Um dos exemplos marcantes da história em Pernambuco foi o fuzilamento dos dois jovens Jonas Albuquerque e Ivan da Rocha, no primeiro dia do regime. Ambos participavam de manifestações no Recife, em frente à Faculdade de Direito. 

Com o passar dos anos a repressão foi se unindo a censura. Os brasileiros começaram a ser coagidos, de maneira mais eficaz, após o início da elaboração dos Atos Institucionais (AI). Eles passaram a reger o país quando os militares decidiram suspender a Constituição, e colocarem em prática uma legislação para beneficiar a ditadura e deixar ainda mais difícil a vida dos brasileiros, principalmente aqueles que se posicionavam a favor do retorno da democracia ou da instalação do comunismo no país. 

De acordo com Diogo Barreto, apenas cinco AI’s são relembrados pela população. “No total foram 17, mas apenas cinco são lembrados. Todos implantados sem que fossem aprovados pelo Congresso”, afirmou o historiador. Completando que “em 1967, unindo todos os Atos, foi aprovada a Constituição a favor dos militares, recebendo uma emenda em 1969, com o mais forte, o AI-5”. 

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A revolta do povo contra a ditadura

A revolta da população contra a Ditadura Militar começou imediatamente após o golpe, em abril de 1964. A UNE, CGT e a JUC endossaram mobilizações intensas pelo país. Em 1966, centenas de estudantes iniciaram viagens Cuba, onde eram treinados pelo Partido Comunista, com o intuito de organizarem mobilizações e guerrilhas armadas. 

Um dos atos, talvez o principal, foi Passeata dos Cem Mil. O ato aconteceu em junho de 1968, no Rio de Janeiro, e contou com a participação de artistas, intelectuais e outros setores da sociedade brasileira. Um dos motivos da Passeata foi o assassinato do estudante Edson Luiz, de 18 anos. O secundarista foi morto com um tiro à queima roupa após uma reunião no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro. 

“Desde 64 eles começaram a criar a sua resistência aos dispositivos do golpe, mudanças que começaram a acontecer. Os estudantes, após a morte de Edson Luiz, saem novamente às ruas com cartazes dizendo ‘a ditadura matou um estudante e se fosse o seu filho, o que você faria?’, então de certa forma jogam a sociedade de vez contra o regime”, pontuou o pesquisador. “Por isso que elas partiram com tudo para cima dos estudantes e foi aí que veio o AI -5 para sepultar qualquer forma de subversão”, acrescentou.

Um programa de extensão ligado à Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) foi suspenso por determinação judicial sob alegação de que "ostenta feição predominantemente político-partidária". Na avaliação do juiz José Carlos do Vale Madeira, da 5ª Vara Federal no Maranhão, o Centro de Difusão do Comunismo (CDC) comete "grave ofensa" ao princípio da moralidade porque "favorece a militância política anticapitalista em detrimento de outras militâncias" existentes no País.

A decisão atendeu a pedido do advogado Pedro Leonel Pinto de Carvalho, que entrou com ação popular na Justiça Federal com o argumento de que o programa, vinculado à Pró-reitoria de Extensão da Ufop, é ilegal por usar recursos públicos para divulgar uma ideologia política. O CDC começou a funcionar no ano passado e, em sua página na internet, informa que o objetivo é "lutar por uma sociedade para além do capital".

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O programa, coordenado pelo professor André Mayer, do curso de Serviço Social da Ufop, é constituído de quatro ações articuladas para "estudar, debater e realizar a crítica à ordem do capital". Participam do CDC 20 bolsistas que recebem R$ 250 mensais, além de estudantes e quaisquer pessoas que queiram aderir ao programa. Na lista de atividades, gratuitas e abertas à comunidade em geral, estão incluídos dois projetos (Liga dos Comunistas - Núcleo de Estudos Marxistas e Equipe Rosa Luxemburgo - Grupo de Debate e Militância Anticapitalista) e dois cursos (Mineração e Exploração dos Trabalhadores na Região da Ufop e Relações Sociais na Ordem do Capital - As Categorias Centrais da Teoria Social de Marx). Elas são realizados duas vezes por ano no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) em Mariana, município próximo a Ouro Preto, também na região central de Minas.

Foice e martelo

O juiz Vale Madeira concordou com os argumentos de Pedro Leonel, de que o programa afeta a "igualdade de oportunidades" para os partidos que disputam eleições porque é sustentado com recursos públicos e tem "evidente opção político-partidária que exalta a militância política anticapitalista". "O símbolo utilizado pela Ufop para divulgá-lo é precisamente aquele universalmente associado aos partidos comunistas, ou seja, uma foice e um martelo. Este símbolo, com pequenas variações, é o mesmo utilizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Comunista Brasileiro (PCB)", observou o magistrado. Ele lembrou também que a legislação eleitoral proíbe o uso de bens públicos para a promoção de legendas e declarou que o programa "desrespeita as demais convicções partidárias", exemplificando com socialistas, trabalhistas, democratas, cristãos e ambientalistas.

Em sua decisão, proferida após ouvir a instituição, o juiz determinou a imediata suspensão das atividades, assim como a contratação de professores, pagamento de bolsas de estudo, compra de materiais, disponibilização das dependências da universidade para o CDC e até mesmo a divulgação dos objetivos e atividades do programa. O magistrado ainda ordenou que seja dada publicidade à decisão - divulgada no site do CDC -, mas se negou a estipular uma multa diária à Ufop porque "não existem registros de descumprimento" da ordem judicial.

A reportagem tentou falar com o professor André Mayer, mas, segundo a assessoria da universidade, ele estava em reunião com o reitor no início da noite desta quarta-feira, 28. A instituição informou que vai recorrer da decisão para retomar o programa. O CDC recebeu diversas mensagens de "apoio e solidariedade" de docentes da própria Ufop e de outras instituições como a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

O ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, queixou-se de problemas no joelho e de visão fraca em uma entrevista concedida ao jornal do Partido Comunista Granma e publicada nesta terça-feira (12).

Aos 86 anos, o ícone revolucionário também elogiou as autoridades eleitorais cubanas por construírem uma nova entrada no local de votação, eliminando a necessidade de Castro subir escadas. Desde que sofreu uma queda em 2004, o ex-presidente tem dificuldades em realizar certos movimentos.

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Castro também citou, com entusiasmo, seu aliado e amigo, o presidente venezuelano Hugo Chávez, que está lutando contra o câncer em um hospital de Cuba e não é visto em público há mais de dois meses. "Quando ele estava em combate (política), negligenciou sua saúde e dedicou-se à luta", disse.

O ex-presidente também elogiou as mudanças econômicas que estão sendo realizadas sob a liderança de seu irmão Raul, de 81 anos de idade, que é presidente desde 2006.

Fidel Castro raramente é visto em público, e mais raramente fala sobre assuntos de Cuba. Em cinco páginas, o veículo transcreveu o encontro inteiro com o ex-chefe de Estado e relatou que o texto foi "revisto e atualizado pelo entrevistado". As informações são da Associated Press.

Trinta anos depois da Guerra das Malvinas, documentos secretos mostram que o governo militar brasileiro temia que o conflito entre Argentina e Grã-Bretanha abrisse as portas do continente para a influência comunista da União Soviética e até mesmo acelerasse o programa nuclear argentino.

Papéis confidenciais guardados no Arquivo Nacional, em Brasília, aos quais o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, revelam que o Brasil monitorou diariamente o andamento da crise entre os dois países. Os militares brasileiros, porém, tiveram especial preocupação com a ajuda que a então União Soviética poderia prestar aos argentinos como contraponto à aliança da Grã-Bretanha com os EUA.

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O documento de número 350, produzido pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar), de 19 de abril de 1982 e classificado como secreto, revela que a inteligência brasileira soube que os soviéticos teriam se comprometido a repassar uma carga de 100 quilos de urânio enriquecido aos argentinos. O relatório não informa o grau de enriquecimento do material. "Obteve-se informe de que, em cumprimento a negociações secretas anteriores, a União Soviética comprometeu-se a entregar à Argentina 100 quilos de urânio enriquecido para seu programa nuclear, tendo sido assinado em Buenos Aires um convênio entre a Comissão Nacional de Energia Atômica e a Teschmabexport (entidade soviética de comércio exterior)."

Segundo o mesmo documento, os soviéticos teriam elaborado uma espécie de operação com outros países de seu grupo de influência, como Cuba, Angola e Líbia, para poder repassar armas aos argentinos de forma indireta, sem chamar a atenção da comunidade internacional.

O avião que levava o embaixador de Cuba em Buenos Aires chegou a ser interceptado quando sobrevoou o espaço aéreo brasileiro. O documento do Cenimar faz referência ao episódio citando ainda a participação do líder cubano Fidel Castro e de seu colega líbio Muamar Kadafi na suposta operação de ajuda militar para a Argentina.

"Há indícios de que militares soviéticos se encontram em Buenos Aires auxiliando a Marinha argentina a levantar dados sobre a força-tarefa britânica que foi deslocada para a área das Malvinas. Os soviéticos solicitaram a Kadafi que a Líbia fornecesse à Argentina aviões e mísseis de procedência russa para que a URSS não aparecesse sozinha como responsável pelo fornecimento de armas", diz o documento.

"O embaixador cubano em Buenos Aires, cujo avião foi interceptado no espaço aéreo brasileiro, foi portador de uma mensagem de Fidel Castro aos argentinos em que, em nome do governo de Angola, oferece as bases aéreas angolanas como escala operacional para manter uma ponte aérea entre a Líbia e a Argentina", acrescenta o relatório. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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