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O juiz Bruno Risch Fagundes de Oliveira, da 4ª Vara Federal de Porto Alegre, condenou a União a pagar indenização por danos morais a Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart.  

O magistrado definiu o valor da indenização em R$ 79,2 mil, sob a justificativa de que a ex-primeira-dama foi perseguida politicamente e exilada junto com seus filhos durante a ditadura militar. 

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Cabe recurso da decisão ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). 

À Agência Brasil, a Advocacia-Geral da União (AGU) disse já ter sido intimada da decisão e que “no momento avalia as medidas cabíveis”.  

À Justiça, a viúva de Jango argumentou que o marido tinha uma trajetória empresarial e política bem-sucedida, antes de ser deposto da Presidência da República, com o golpe de Estado de 1964. 

Além de empresário do ramo agropecuário, Jango foi deputado federal, ministro do Trabalho no governo de Getúlio Vargas, vice-presidente eleito por duas vezes seguidas, tendo assumido a Presidência após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. 

Maria Thereza Goulart alegou que em 1º de abril de 1964, data do golpe, teve que deixar a Granja do Torto, uma das residências oficiais, às pressas com os dois filhos, à época com 6 e 8 anos de idade. 

Todos embarcaram para Porto Alegre com bagagem mínima, deixando para trás a maior parte dos pertences, como joias e roupas de marca, alegou a viúva de Jango. Todo o rebanho de gado de suas fazendas também foi saqueado, sustentou a defesa de Maria Thereza. 

A família foi obrigada a se exilar no Uruguai até 1973, e na Argentina, até 1975, tendo sido obrigada a migrar após golpes de Estado nesses países. A defesa ainda relatou um plano para sequestrar os filhos de Jango. 

Ao dar razão à viúva de Jango, o juiz federal justificou que o dano moral se deve ao exílio por motivação exclusivamente política e a injusta privação de direitos. 

“O grupo familiar do ex-presidente, como um todo, teve de suportar os danos decorrentes de tal ato de exceção, que se iniciaram com a fuga do território nacional e tiveram desdobramentos ao longo de mais de uma década e meia de perseguição política, assim reconhecida no processo administrativo que tramitou na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça”, escreveu o magistrado. 

Ele ainda reconheceu os danos à personalidade de Maria Thereza Goulart em função da vigilância ostensiva promovida pelo Estado brasileiro sobre toda família Goulart, conforme comprovado por documentos públicos encontrados no Arquivo Nacional. 

No processo, a União alegou que Maria Thereza não sofreu prisões, torturas ou agressões pelo Estado brasileiro, e que a viúva de Jango já reconheceu, em entrevistas, não ter sofrido privações econômicas durante o exílio. 

Nenhum comprador deu lance no leilão das fazendas do ex-presidente João Goulart, nessa sexta (11). As propriedades gaúchas, avaliadas em R$ 250 milhões, já haviam sido anunciadas em julho, mas também não atraíram interessados.

Rui Noé Goulart, neto do ex-presidente, disse que vai aguardar um comprador, já que a família não pretende continuar com as propriedades no Rio Grande do Sul. O valor da venda será dividido entre Rui e dois irmãos. "Negócio concreto, não houve. Só especulação. Por enquanto, vou aguardar", disse à RBS TV.

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A fazenda Cinamomo fica no município de Itaqui e possui 2,79 mil hectares. O terreno tem mais de 90% da área própria para agricultura e é indicado ao cultivo de grãos. Ela foi avaliada em  R$ 173.900.787.

A outra fica em Itacurubi e se chama "Fazenda Presidente João Goulart". Ela possui 2.124 hectares, dos quais 55% são destinados à agricultura e 45% à pecuária. A propriedade foi anunciada por R$ 80.716.195. Jango, como era conhecido, foi vice-presidente nos governos de Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, e assumiu o mandato de 1961 a 1964, quando foi deposto pelo golpe militar.

A propriedade de Itaqui foi vendida ao ex-presidente pelo também ex-presidente Getúlio Vargas. Do local, João Goulart partiu de avião ao Uruguai, onde cumpriu exílio após o início da ditadura.

A sanção do décimo terceiro salário completou 60 anos nesta quarta-feira (13). Uma das principais conquistas do trabalhador brasileiro, é equivalente a uma gratificação natalina, e é de autoria do deputado Aarão Steinbruch (PTB-RJ), sendo sancionada no dia 13 de julho de 1962 pelo então presidente João Goulart.

No ano da chegada do 13º salário no Brasil, as pessoas o vinham como uma ajuda para organizar sua vida financeira. Além disso, o décimo terceiro também impulsionou a economia, elevando o volume de compras para a indústria e o comércio no final do ano. 

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Porém, levando em consideração o cenário econômico atual, como será que estará a situação do poder de compra em dezembro, quando geralmente os trabalhadores têm acesso ao salário extra? Para responder essa pergunta, o LeiaJá conversou com o professor titular de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ecio Costa.

“A inflação em dezembro deve encerrar em 7,67%, então essa perda de poder de compra que estamos vendo agora, que está próxima a 12%, deve cair até o final do ano com a diminuição do ritmo da inflação. É provável que no mês de julho já tenha uma deflação por conta da queda nos preços dos combustíveis. Isso ajuda a recuperar o poder de compra da população para o final do ano”, esclareceu.

O professor também acredita que o recebimento do décimo terceiro não vai influenciar no poder de compra.  "O que importa na realidade é a renda das pessoas descontar da inflação. Se a inflação está muito alta, o poder de compra cai. Como a inflação deve ceder até o final do ano, segundo as previsões dessas 200 instituições financeiras que são consultadas pelo banco central, é muito provável que se tenha uma recuperação no poder de compra da população”, explicou.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, vetou integralmente projeto de lei dando o nome do ex-presidente João Goulart (1918-1976) à rodovia BR-153, entre Cachoeira do Sul (RS) e Marabá (PA). Jango, como era popularmente conhecido, foi presidente da República de 1961 a 1964, quando foi destituído por um golpe militar.

De autoria do então senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o PLS 503/2011 foi aprovado pelo Senado em 2012 e pela Câmara (onde recebeu o número 4.261/2012) em setembro passado. Nas duas Casas, a proposta foi acatada em caráter terminativo em comissões, sem necessidade de votação no Plenário. "Deposto pelo golpe militar de 1964, o presidente João Goulart talvez seja um dos personagens mais injustiçados de nossa história recente", afirmou Aloysio Nunes na justificativa do projeto.

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No despacho que comunica o veto, o presidente da República alega que "tal medida é inoportuna por não considerar as especificidades e as peculiaridades de cada estado", pois "homenagear apenas uma figura histórica poderia representar descompasso com os anseios e as expectativas da população de cada unidade federativa abrangida pela rodovia". A mensagem acrescenta que esse tipo de homenagem não pode ser "inspirada por práticas dissonantes das ambições de um Estado Democrático", sem especificar a que práticas se refere.

Herdeiro político de Getúlio Vargas, João Goulart (1918-1976) foi eleito vice-presidente duas vezes, em 1955 e 1960, pelo voto popular. Governou o Brasil de 1961 a 1964, tendo assumido o governo em razão da renúncia de Jânio Quadros (1917-1992), e em meio a uma crise institucional que levou à adoção do sistema parlamentarista. Em 1963, o presidencialismo foi restabelecido por plebiscito e Jango passou a governar com plenos poderes, até ser derrubado em 1964. Ele se exilou no Uruguai, onde morreu.

Da Agência Senado

 

Entre os argumentos usados nas redes sociais para defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores (PT) comparou o momento vivido por Lula ao ocorrido com outros dois personagens históricos: os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart.

"Vargas, Jango e outros inúmeros líderes sofreram derrotas, mas seus legados seguem vivos", publicou o PT em sua página oficial no Twitter. "A Luta continua!", diz a postagem.

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João Goulart, que ficou popularmente conhecido como Jango, foi deposto pelo Golpe Militar de 1964. Já Getúlio Vargas suicidou-se em 1954 em meio a uma crise política.

A morte do ex-ministro Armando Monteiro Filho causou comoção no mundo político. Dezenas de deputados federais, estaduais e prefeitos, além de senadores, prestaram homenagem a ele durante o velório, nesta quarta-feira (3), no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, Região Metropolitana do Recife. Armando Filho faleceu nessa terça-feira, aos 92 anos, após complicações respiratórias.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi um dos que se solidarizou com a família. Maia chegou ao local acompanhado do deputado federal Fernando Monteiro (PP) e seguiu para cumprimentar o senador Armando Monteiro (PTB) e os demais filhos do ex-ministro da Agricultura, na década de 60, durante o governo de João Goulart.

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Também presente, o deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB) declarou que Armando Filho "é daquelas pessoas que vai fazer falta fora e dentro da política". "Ele era muito solidário, um grande amigo", salientou o parlamentar. 

Armando era filiado ao PDT, partido pelo qual disputou o último cargo público em 1994 quando concorreu ao Senado, mas foi derrotado. Correligionário e amigo, o ex-prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), ficou emocionado ao falar do companheiro. "Fizemos uma grande amizade a partir da convivência partidária desde os tempos de Leonel Brizola. Tenho dele as melhores lembranças possíveis. Ele era um exemplo dos compromissos firmados com as classes mais populares. Deixa, principalmente neste ano, o exemplo político para as novas gerações. Fica uma lacuna", observou. 

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) também destacou o exemplo de Armando Filho. "Ele sempre teve uma incansável coerência política. Tem como marca a perseverança na luta por aquilo que mais prezava, o bem estar da população", frisou.

Além desses, o ex-governador João Lyra Neto (PSDB); o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho; os deputados federais Silvio Costa (Avante), Ricardo Teobaldo (Podemos), Danilo Cabral (PSB) e Jorge Federal (PTB); os deputados estaduais Silvio Costa Filho (PRB) e Guilherme Uchôa (PDT); e os prefeitos de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), e Paulista, Júnior Matuto (PSB) também participaram das últimas homenagens.


A elevada preocupação com a abertura de um processo de impeachment contra a presidenta, Dilma Rousseff, sem a existência de base jurídica para fundamentá-lo, levou um grupo de mais de 8 mil juristas a lançar um manifesto mundial em defesa do Estado Democrático e Constitucional de Direito no Brasil.

A iniciativa foi chamada de Nova Campanha da Legalidade, para relembrar a rede liderada pelo então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, em 1961, para mobilizar a sociedade brasileira contra as tentativas de ruptura com a ordem constitucional após a renúncia de Jânio Quadros, que visavam a impedir a posse de João Goulart. A Nova Campanha da Legalidade é formada por juristas de todos os Estados brasileiros.

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O manifesto, cujo abaixo assinado é encabeçado pelo jurista português Boaventura de Sousa Santos (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra), reafirma a importância de não se admitir no Brasil “violações de garantias fundamentais estabelecidas nem a instalação de um Estado de exceção por meio de um processo de impeachment sem fundamento jurídico”.

O texto defende também a “imparcialidade da Justiça, que deve operar segundo os ditames da Constituição e do ordenamento jurídico” e a luta pela preservação da estabilidade e do respeito às instituições políticas como forma de não passar por cima da “vontade do povo, manifesta através dos meios definidos pela Constituição, por meio de eleições diretas regulares e periódicas”. Além disso, o manifesto sustenta a importância de se combater a corrupção “de forma ética, republicana e transparente, por meios pertinentes, sem que para isto haja qualquer restrição ou flexibilização de direitos”.

Entre os nomes que sustentam o manifesto, estão: José Geraldo de Sousa Júnior, professor e ex-reitor da UnB; Marcelo da Costa Pinto Neves, professor-titular de Direito Público da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, Visiting Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Yale (EUA); Geraldo Prado, professor da UFRJ; Gilberto Bercovici, professor Titular de Direito Econômico e Economia Política da Faculdade de Direito da USP; Lenio Streck, professor da Unisinos e da Unesa; Pierpaolo Cruz Bottini, advogado e professor da Faculdade de Direito da USP; Menelick de Carvalho Neto, professor da Faculdade de Direito da UnB; Beatriz Vargas, professora de Direito Penal da UnB; Marcelo Cattoni, professor de Direito Constitucional da UFMG; e, Nilo Batista, professor-titular de Direito Penal da UERJ.

“A eliminação da corrupção não pode corromper os direitos”, escrevem os juristas no manifesto, que foi traduzido para cinco línguas, além do português.

Em 22 de março, a presidenta Dilma já havia recebido o movimento Juristas pela Legalidade e em Defesa da Democracia no Palácio do Planalto, em mais uma demonstração da falta de fundamento jurídico para sustentar o pedido de impeachment.

Acesse o manifesto e divulgue em suas redes, nas versões em portuguêsespanholitaliano,francêsinglês e alemão.

Leia a seguir a íntegra do manifesto:

“A Nova Campanha da Legalidade – Brasil

CONTEXTUALIZAÇÃO

A Presidenta Dilma Roussef tem sido alvo de ataques sistemáticos provenientes de políticos da oposição, da grande mídia e de setores conservadores da sociedade desde o anúncio oficial de sua vitória no segundo turno das eleições de 2014.

No primeiro momento, antes mesmo que a Presidenta fosse empossada no cargo, a oposição dá início a uma campanha destinada a espalhar a descrença quanto à confiabilidade da apuração dos votos e à regularidade do sistema eleitoral informatizado. Em providência inédita desde a implantação do voto eletrônico (1996), o Tribunal Superior Eleitoral autoriza a auditoria reclamada pelo candidato derrotado, ainda que sem demonstração de indício de fraude.

Fracassada essa primeira tentativa de inviabilizar o Governo eleito, o candidato da oposição, inconformado com a derrota, conclama a população brasileira a sair às ruas para pedir a renúncia da Presidenta, acusada de abuso das contas públicas para ganhar as eleições. Os principais movimentos organizadores dos protestos, autodefinidos “apartidários e espontâneos”, de orientação política conservadora e financiados por grandes corporações nacionais e estrangeiras defensoras do livre-mercado, querem o impeachment.

No começo do ano de 2015, a coligação do candidato derrotado pede à Justiça Eleitoral a impugnação do mandato da Presidenta e do Vice, alegando abuso de poder político e econômico durante a campanha (ao final do mesmo ano, a ação é aceita pelo Tribunal Superior Eleitoral – até agora não julgada).

No decorrer do ano de 2015, os ataques da oposição se intensificam. É o momento em que a Petrobras torna-se alvo da maior operação contra a corrupção já realizada no País – o que se fez possível exatamente em razão das medidas de controle e transparência aprovadas ao longo dos anos de governo do Partido dos Trabalhadores. A grande mídia privada promove as ações do juiz Sérgio Moro – encarregado dos processos instaurados a partir das investigações policiais – como um espetáculo de massas. Isso se dá por meio de sistemática cobertura seletiva e parcial em relação aos fatos, acompanhada de comentários depreciativos em relação ao governo e estigmatizantes em relação aos seus apoiadores.

Grandes grupos de comunicação se dedicam claramente a descontruir um dos lados da disputa política e a fortalecer o outro, fomentando a ideia de que o Partido dos Trabalhadores é o responsável pela corrupção estrutural no Brasil. Reduzem a dimensão das manifestações populares em favor do governo e ocultam as nuances e a complexidade do momento político, colocando-se entre os protagonistas da campanha “Fora, Dilma!”.

Ainda em 2015, o Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, investigado por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras e réu em ação penal por recebimento de propina em conta na Suíça, recebe pedido de impeachment fundado 1) nas chamadas “pedaladas fiscais” (2015), apresentadas como operações de crédito entre a União e os bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES), e 2) na edição de seis decretos não numerados responsáveis pela abertura de créditos suplementares, sem autorização legislativa.

Nenhuma das duas ações, todavia, contempla a exigência constitucional de ofensa à lei orçamentária a configurar crime de responsabilidade, única situação em que o ordenamento jurídico brasileiro autoriza a tramitação do processo de impeachment.

Eduardo Cunha, ainda não afastado pela Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, segue intocado no cargo de Presidente daquela Casa. Nessa condição, com o apoio da oposição derrotada nas urnas em 2014, está prestes a conduzir a primeira e mais importante fase do processo de impeachment.

Do outro lado, sujeita à cassação, sem qualquer indício, investigação ou acusação de sonegação de imposto ou de informações de bens e valores à Receita Federal, encontra-se a Presidenta Dilma Roussef, que não tem conta no exterior, que não figura em qualquer lista de políticos envolvidos com a corrupção da Petrobras, que não foi apontada em qualquer delação premiada por recebimento ou oferecimento de propina, que não figura como acusada ou investigada em procedimento policial ou criminal.

De um lado, o princípio da presunção de inocência; do outro lado, a presunção da culpa como regra política do momento. A agravar, a Comissão Especial do processo de impeachment na Câmara vê-se formada, em sua maioria, por políticos que, comprovadamente, receberam doações de campanha por parte de empresas que figuram na investigação dos desvios na Petrobras. Membros dessa Comissão Especial são políticos investigados nessa mesma operação policial.

O Brasil vive momento particular de grande apreensão e sofrimento. Nas ruas e redes sociais, ódios são destilados àqueles que apelam pela defesa da Democracia ou do Direito. Cidadãos comuns ou figuras públicas que não participam do “falso consenso” produzido pela oposição tornaram-se alvo de ataques pessoais estimulados pela mídia conservadora e dominante, claramente interessada na reversão das urnas. A Presidenta Dilma é ofendida, inclusive na sua condição de mulher, por meio de insultos machistas e piadas misóginas. Políticos aliados, por interesses pessoais ou eleitoreiros, afastam-se da sustentação política do governo.

Desde as eleições, a própria governabilidade vem sendo ameaçada, inúmeras ações são inviabilizadas pela maioria parlamentar, para fomentar a crise econômica, social e política que autoriza o discurso golpista. O Direito tem sido, por muitos juristas ou agentes do sistema de justiça, usado como instrumento político de reversão do resultado das urnas, em flagrante abandono de princípios elementares assegurados em diversas instâncias judiciais.

Nesse cenário, é altamente preocupante a perspectiva de rompimento da ordem democrática e a violação da soberania popular pela via do abuso de poder. Ou, em outras palavras, pelo exercício de um poder que não se submete ao Direito.

A ausência de fundamento fático válido para motivação do impeachment, a utilização de juízos políticos, vagos e imprecisos, e o descumprimento do princípio constitucional da legalidade são o instrumental caracterizador do que se pode chamar de “golpe legislativo”, “golpe branco” ou “golpe encoberto” (a deposição de Fernando Lugo, Presidente do Paraguai, em 2012, embora não seja caso isolado na América Latina, é o que mais bem ilustra a aplicação desse juízo político, para deposição do Chefe do Poder Executivo no sistema presidencial: “mau desempenho político”).

Contudo, no regime presidencialista, o julgamento acerca do desempenho político do mandatário é do cidadão, por meio do voto em eleições regulares e diretas, jamais do Legislativo, sob pena de quebra do Estado Democrático de Direito.



A NOVA CAMPANHA DA LEGALIDADE: MANIFESTO DE JURISTAS EM DEFESA DA CONSTITUIÇÃO E DO ESTADO DE DIREITO

À Exma. Senhora Presidenta da República, aos Exmos. Senhores Senadores da República, aos Exmos. Senhores Deputados Federais, aos Exmos. Senhores Ministros do Supremo Tribunal Federal, ao Povo Brasileiro

A Nova Campanha da Legalidade: Manifesto de Juristas em Defesa da Constituição e do Estado de Direito

Nós, abaixo assinados, juristas, advogadas e advogados, professores e professoras de Direito de todo o país, vimos por meio desta nota:

1 – Afirmar o Estado Democrático e Constitucional de Direito, que deve estar submetido às leis e se realizar através da lei, não admitindo violações de garantias fundamentais estabelecidas nem a instalação de um Estado de exceção por meio de um processo de impeachment sem fundamento jurídico;

2 – Defender a imparcialidade da Justiça, que deve operar segundo os ditames da Constituição e do ordenamento jurídico, não admitindo a sua partidarização, seu funcionamento seletivo e perseguições políticas de qualquer natureza;

3 – Sustentar a repressão à corrupção, que deve se realizar de forma ética, republicana e transparente, por meios pertinentes, sem que para isto haja qualquer restrição ou flexibilização de direitos ou mesmo a utilização irresponsável de meios de comunicação para a sustentação artificiosa e inidônea de procedimentos judiciais. À eliminação da corrupção não pode corromper os direitos;

4 – Dizer que lutaremos para preservar a estabilidade e o respeito às instituições políticas o que, especialmente num momento de crise, vem a ser a posição mais prudente, no sentido de se fazer respeitar a vontade do povo, manifesta através dos meios definidos pela Constituição, por meio de eleições diretas regulares e periódicas.

O Brasil vive, no atual momento, grave crise na sua recente democracia. Durante os anos de ditadura, vários cidadãos sofreram e sacrificaram-se, para que estejamos hoje em pleno exercício dos nossos direitos.

A corrupção não é fato novo, mas se arrasta desde muito tempo no Brasil, e deve ser fortemente combatida. Mas, a fim de eliminar a corrupção, não podemos, sob pena de retrocedermos ao patamar das graves violações aos direitos dos cidadãos brasileiros, havidas durante a ditadura militar implantada pelo Golpe de 64, permitir: a relativização da presunção de inocência; expedientes arbitrários como condução coercitiva de investigados ou pedidos de prisão preventiva, sem o devido embasamento legal; utilização da prisão temporária, igualmente quando ausentes os pressupostos previstos na legislação, com o fim de obter delações premiadas; interceptações telefônicas ilegais que violam as prerrogativas dos advogados e até mesmo da Presidência da República.

Ademais, não podemos permitir o comprometimento dos princípios democráticos que regulam o processo, com as operações midiáticas e vazamentos seletivos, que visam destruir reputações e interferir no debate político, além de tensionar a opinião pública para apoiar tais operações.

Não podemos aceitar a relativização do princípio democrático por meio de um procedimento de impeachment sem fundamento jurídico. A Constituição exige o cometimento, pelo Presidente, de crime de responsabilidade, a ser previamente definido em lei ordinária. Não se trata, portanto, de pura e simples decisão política ligada à satisfação ou insatisfação com a gestão.

O voto popular escolhe o Presidente para um mandato de quatro anos, findo o qual será avaliado. Ainda que se afirme ser o impeachment uma decisão política, isso não afasta sua juridicidade, ou seja, seu caráter de decisão jurídica obediente à Constituição. A aprovação de leis ou a edição de decretos também são decisões políticas, mas nem por isso podem contrariar a Constituição. Afirmar que o julgamento é político não pode significar que a Constituição possa ser descumprida.

É requisito de constitucionalidade para o impeachment a prova da existência de crime de responsabilidade. Mesmo por uma análise bastante legalista do processo, a conclusão de que não há crime de responsabilidade se impõe.

A democracia permite a divergência sobre a correção das decisões políticas, mas a decisão última sobre os erros e acertos, em um regime democrático, repousa no voto popular. Mesmo aos parlamentares eleitos pelo povo não é dado pela Constituição o poder de excluir o chefe do Executivo, também eleito pelo sufrágio, com base em dissensos políticos, mas apenas na hipótese estrita e excepcional do crime de responsabilidade.

Nesse sentido, queremos afirmar que a luta para preservar a estabilidade e o respeito às instituições políticas passa pelo respeito ao mandato popular adquirido por meio do voto em eleições regulares.”

Da Agência PT

A construção de um memorial com o nome do ex-presidente João Goulart (1919-1976) no centro de Brasília resgatou o embate que precedeu o golpe - que completa hoje 51 anos - entre admiradores de Jango, como era conhecido, e um grupo de militares, os chamados pracinhas, combatentes brasileiros da Segunda Guerra Mundial.

Para aumentar a polêmica, a recente instalação de tapumes no terreno que abrigará o espaço - ao lado do Setor Militar Urbano, no que é considerado uma provocação às Forças Armadas - se tornou um ingrediente a mais da manifestação anti-Dilma programada para 12 de abril na cidade. Militares veteranos também criticam a obra.

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"Aquilo era um lugar para a construção do Memorial dos Pracinhas que morreram na Segunda Guerra Mundial. Estão jogando uma bomba em cima dos habitantes de Brasília", critica o arquiteto Carlos Magalhães, amigo de Oscar Niemeyer. "O Oscar, onde estiver, deve estar p... da vida. Ele fez esse projeto para São Borja (terra natal de Jango), isso é um atentado."

A área do terreno de 10,8 mil metros quadrados foi destinada ao Instituto Presidente João Goulart (IPG) em abril de 2013, na gestão Agnelo Queiroz (PT), informou a Secretaria de Cultura do Distrito Federal. O convênio não prevê repasse financeiro do governo local ao IPG - fica a cargo do instituto captar recursos para a execução da obra.

"O memorial não é um tributo ao João Goulart, é um tributo à liberdade e à democracia", diz o empresário João Vicente Goulart, filho de Jango e diretor do IPG. "Pretendemos que o espaço seja uma usina de ideias, dos novos movimentos, do hip hop, grafiteiros, do rolezinho, e promova uma reflexão sobre a ruptura institucional de 1964." Segundo ele, a ideia é fazer do memorial um ambiente de atividades culturais gratuitas à população. "Não vai ter nenhuma exaltação (a Jango), apenas o nome."

Campanha nas redes sociais já arrecadou R$ 48 mil para a construção do memorial, orçada em R$ 17 milhões. O IPG conseguiu autorização para captar R$ 15,8 milhões via Lei Rouanet. "Assim como o Lula convocou o exército vermelho do Stédile (João Pedro Stédile, líder do MST), eu convocaria o exército glorioso brasileiro para entrar conosco nessa campanha contra o memorial", diz o presidente do Clube dos Pioneiros, Roosevelt Dias Beltrão.

Críticos do projeto já se mobilizam para iniciar o ato anti-Dilma, no dia 12, na área do memorial, com ameaça de derrubada dos tapumes. "O pessoal quer derrubar tudo", diz o ex-secretário de Cultura Silvestre Gorgulho. A Secretaria de Comunicação da Presidência, a Administração de Brasília e Ana Lúcia Niemeyer, neta de Oscar Niemeyer, não se manifestaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Há 50 anos as principais avenidas das capitais políticas do Brasil – nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais e Brasília – estavam começando a ser inundadas por militares que tomariam, entre os dias 31 de março e 1º de abril de 1964, o governo do presidente João Goulart (Jango) e dos governadores estaduais, entre eles o de Pernambuco, comandado à época por Miguel Arraes. Com a promessa de restaurar a democracia, segundo os militares, ameaçada pelo comunismo cubano, a tropa comandada pelo general Olímpio Mourão Filho, saiu de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, dando início ao que culminaria no golpe de estado, proporcionando ao país os 21 anos de repressão, censura e cerceamento da liberdade.

Jango enfrentava uma forte oposição conservadora, por causa da afeição com os movimentos sociais reformistas e a defesa pela participação trabalhista na construção da democracia. Em 64, os militares não estavam sozinhos na intenção de depô-lo. Vários parlamentares, em sua maioria da UDN e PSD, e até governadores-conspiradores apoiavam o golpe, entre eles Carlos Lacerda (RJ). Além destes, o movimento também contou com o apoio da CIA, que treinou a maioria dos oficiais, a partir de uma operação intitulada por “Grande Irmão”.

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“O João Goulart começou a implantar uma série de reformas, abrangendo a área educacional, urbana, política, tributária e, entre outras, uma reforma agrária, que era a grande discordância entre o congresso e as forças armadas do país. Estas atitudes eram vistas como propensas a instalação de ‘uma nova Cuba’. Outro agravante foi que muitos militares tiveram problemas de promoção e salários atrasados. Antes do golpe, houve a revolta dos marinheiros no Rio de Janeiro, contra as condições do trabalho e os salários atrasados. Este foi quase o estopim, para o Golpe. Às vésperas, no dia 30 de março, Jango se reuniu com generais das Forças Armadas e auxiliares onde fez um discurso forte, criticando o auxílio das forças estrangeiras”, contextualizou o pesquisador dos períodos da Ditadura Militar e responsável pela distribuição dos arquivos da época no Acervo Público de Pernambuco, Diogo Barreto. 

A série de ações do presidente, de 1961 a março de 1964, foi sepultando pouco a pouco o seu mandato. Após a deposição, Jango, em busca de segurança, viajou do Rio, onde se encontrava no momento do golpe, para Brasília, e em seguida para Porto Alegre, onde Leonel Brizola tentava organizar a resistência aos militares. Apesar da insistência de Brizola, Jango desistiu de um confronto militar com os golpistas e seguiu para o exílio no Uruguai. O presidente só retornou ao Brasil para ser sepultado, em 1976.

Em Pernambuco, o então governador Miguel Arraes passou a noite, daquele 31 de março, reunido no Palácio do Campo das Princesas com seus assessores e secretários, buscando uma forma de se livrar do golpe. A maioria dos aliados políticos de Arraes o aconselharam a sair da capital e seguir para a região que hoje está localizada a cidade de Palmares, na Mata Sul, no entanto o governador decidiu que resistiria até o fim, enviando apenas a esposa, Madalena Arraes, e os filhos para a casa de familiares no interior do estado. Na manhã do dia 1º de abril, o Campo das Princesas já estava rodeado de militares. A tarde, após uma negociações sem êxito, o governador foi escoltado, dentro de um fusca, para seguir ao exílio. Primeiro Arraes foi para o arquipélago de Fernando de Noronha, e, depois, seguiu para a Argélia, retornando ao Brasil, em 1978. 

“Arraes lutou até o último momento e falou que não sairia o Palácio e a polícia diz que vai invadir e tirar ele a força, naquele momento ele diz ‘eu não vou obedecer a ordens, porque entrei pela porta da frente pelas mãos do povo e ei de sair também pela porta da frente, pelas mãos do povo, é um mandato democraticamente construído’, mas os militares disseram ‘a democracia vai ser restaurada’”, contou Barreto. 

Assim como Arraes, o então prefeito do Recife, Pelópidas Silveira, foi deposto e preso para que se evitasse a continuação do governo pró-comunismo no estado. Silveira e Miguel Arraes eram adeptos ao Movimento Cultural Popular (MCP) e engajados com artistas e escritores como, Abelardo da Hora, Hermílio Borba Filho e Ariano Suassuna. 

O governo de Pernambuco, após a deposição de Arraes, é interinamente assumido por Augusto Lucena, enquanto as primeiras leis do governo militar vão aparecer, e o primeiro governador pró-ditadura, que assume o Campo das Princesas, é o de Paulo Pessoa Guerra, em 1966. Guerra já começa a fazer realizações baseado no governo de Castelo Branco. 

Os anos mais duros

O golpe militar de 1964 desencadeou uma violenta repressão no país. Os anos, até 1985, são intitulados, pelos que viveram à época, como os “mais duros”. Os militares iniciaram uma intensa luta contra os setores politicamente mobilizados à esquerda no espectro político, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), as Ligas Camponesas e grupos católicos como a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Ação Popular (AP). 

Milhares de pessoas foram presas de modo irregular e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. Um dos exemplos marcantes da história em Pernambuco foi o fuzilamento dos dois jovens Jonas Albuquerque e Ivan da Rocha, no primeiro dia do regime. Ambos participavam de manifestações no Recife, em frente à Faculdade de Direito. 

Com o passar dos anos a repressão foi se unindo a censura. Os brasileiros começaram a ser coagidos, de maneira mais eficaz, após o início da elaboração dos Atos Institucionais (AI). Eles passaram a reger o país quando os militares decidiram suspender a Constituição, e colocarem em prática uma legislação para beneficiar a ditadura e deixar ainda mais difícil a vida dos brasileiros, principalmente aqueles que se posicionavam a favor do retorno da democracia ou da instalação do comunismo no país. 

De acordo com Diogo Barreto, apenas cinco AI’s são relembrados pela população. “No total foram 17, mas apenas cinco são lembrados. Todos implantados sem que fossem aprovados pelo Congresso”, afirmou o historiador. Completando que “em 1967, unindo todos os Atos, foi aprovada a Constituição a favor dos militares, recebendo uma emenda em 1969, com o mais forte, o AI-5”. 

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A revolta do povo contra a ditadura

A revolta da população contra a Ditadura Militar começou imediatamente após o golpe, em abril de 1964. A UNE, CGT e a JUC endossaram mobilizações intensas pelo país. Em 1966, centenas de estudantes iniciaram viagens Cuba, onde eram treinados pelo Partido Comunista, com o intuito de organizarem mobilizações e guerrilhas armadas. 

Um dos atos, talvez o principal, foi Passeata dos Cem Mil. O ato aconteceu em junho de 1968, no Rio de Janeiro, e contou com a participação de artistas, intelectuais e outros setores da sociedade brasileira. Um dos motivos da Passeata foi o assassinato do estudante Edson Luiz, de 18 anos. O secundarista foi morto com um tiro à queima roupa após uma reunião no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro. 

“Desde 64 eles começaram a criar a sua resistência aos dispositivos do golpe, mudanças que começaram a acontecer. Os estudantes, após a morte de Edson Luiz, saem novamente às ruas com cartazes dizendo ‘a ditadura matou um estudante e se fosse o seu filho, o que você faria?’, então de certa forma jogam a sociedade de vez contra o regime”, pontuou o pesquisador. “Por isso que elas partiram com tudo para cima dos estudantes e foi aí que veio o AI -5 para sepultar qualquer forma de subversão”, acrescentou.

Na madrugada do dia 1º de abril de 1964 (com o Golpe Militar em andamento desde o dia anterior), Rubens Paiva, deputado federal por São Paulo, fez um apelo ao vivo pela Rádio Nacional em defesa da legalidade do presidente João Goulart. O áudio com o discurso de Paiva foi divulgado esta semana pela Agência Brasil, ao ouvir depois de 43 anos a voz do pai, Vera Paiva, filha do deputado se emocionou e afirmou ter sentido um "ourgulho cidadão". 

"Foi uma emoção sem par para toda a família, depois de 43 anos, ouvir a voz de Rubens Paiva. Naquele tempo, a gente não tinha condição de guardar a voz. Tudo o que temos são fotos e algumas imagens, mas sem voz", disse Vera, emocionada. Para ela, ouvir a voz do pai 43 anos depois fez despertar um orgulho profundo. "Orgulho profundo em ver a atitude dele de sair de São Paulo, onde morávamos, e ir até a Rádio Nacional, no Rio, para, em um ato de coragem, apoiar a legalidade", revelou.

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No discurso, o deputado convocou estudantes e trabalhadores a acompanharem as transmissões da Rádio Nacional, que formava uma rede em defesa da legalidade junto a outras emissoras. "Estejam atentos às palavras de ordem que emanarem aqui da Rádio Nacional e de todas as outras rádios que estejam integradas nesta cadeia da legalidade. Julgamos indispensável que todo o povo se mobilize tranquila e ordeiramente em defesa da legalidade prestigiando a ação reformista do presidente João Goulart que neste momento está com o seu governo empenhado em atender todas as legítimas reivindicações de nosso povo".

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"Está lançada inteiramente para todo o país o desafio: de um lado, a maioria do povo brasileiro desejando as reformas e desejando que a riqueza se distribua, os outros são os golpistas que devem ser repelidos e desta vez, definitivamente para que o nosso país veja realmente o momento da sua libertação raiar". Foi dessa maneira que Paiva concluía a sua intervenção pela rádio, em que convocava a resistência pacífica contra o Golpe.

Na madrugada do dia 03 de abril, Paiva ainda providenciou um avião para levar o ministro da Casa Civil, Darcy Ribeiro, e o Procurador-Geral da República, Waldir Pires - que tentavam a resistência em Brasília - para o Rio Grande do Sul, onde Jango tentava ainda articular forças para resistir ao Golpe. No meio do trajeto eles souberam pelo rádio que não haveria resistência e, assim como o presidente, rumaram para o exílio no Uruguai.

No dia 10 de abril, com os militares já no poder,  Rubens Paiva teve seu mandato cassado após a edição do primeiro Ato Institucional (AI-1) . Eleito em 1962 para o mandato parlamentar, Rubens Paiva teve papel de protagonismo na CPI que investigou o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), cuja conclusão apontava a intervenção da entidade “no processo de escolha de representantes políticos do povo brasileiro para a tomada do poder através da corrupção eleitoral”.

Em 1971, entre os dias 20 e 22 de janeiro, o deputado entrou para a lista dos mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar brasileira (1964-1985).

Andamento do caso Rubens Paiva

Na última quarta-feira (19), a A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados vai realizar audiência pública para ouvir o general reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham sobre as circunstâncias da prisão, tortura, morte e ocultação de cadáver do ex-deputado federal Rubens Paiva.

O colegiado aprovou requerimento do deputado Vieira da Cunha (PDT-RS) e outros solicitando a audiência. A reunião deverá ser promovida em conjunto com as comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; e de Direitos Humanos e Minorias. A votação imediata do requerimento pela CCJ foi pedida pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, que, por sua vez, atendeu a pedido da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Informações colhidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) que apontam responsáveis pela morte do ex-deputado federal Rubens Paiva, desaparecido desde 1971, foram entregues ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), nesta terça-feira (18). Baseado em  pesquisa documental e provas testemunhais, o documento aponta que o hoje general José Antônio Nogueira Belham, então major, no comando do Destacamento de Operações e Informações (DOI) do I Exército, onde Paiva esteve detido, mesmo alertado por duas testemunhas militares de que o preso poderia morrer, nada fez para impedir as torturas ou prestar atendimento à vítima, até hoje desaparecida.

Na ocasião ficou decidido que o tema seria submetido pelo presidente ao colégio de líderes. Uma das ideias propostas é uma sessão conjunta das comissões de Constituição e Justiça e de Direitos Humanos para tratar do caso Rubens Paiva, na qual poderá ser tomado o depoimento do general Belham.

Considerado fundamental para o esclarecimento do caso, Belham será convocado a depor em audiência pública da CNV, para a qual a Câmara dos Deputados foi convidada a enviar um representante. Belham inicialmente prestou um depoimento espontâneo à CNV e já havia entregue um documento à comissão onde nega participação na morte ou ocultação do cadáver do deputado. Entretanto sua folha de alterações (documento funcional que aponta todas as atividades exercidas na carreira por um militar) contradiz a versão do general de que ele estava de férias, uma vez que ele recebeu diárias para exercer missão secreta no período em que Paiva passou pelo DOI.

Além disso, documento do DOI do I Exército, apreendido na casa do coronel Júlio Molinas, em Porto Alegre, no final de 2012, e entregue à CNV pelo governo do Rio Grande do Sul, registra, entre outras informações, que o general Belham esteve na posse de dois cadernos de Rubens Paiva, enquanto o deputado esteve preso no Doi. Molinas foi um dos sucessores de Belham no comando do Doi-Codi do I Exército, no Rio.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) anunciou a apresentação de três projetos de lei, incluindo os temas da reforma agrária, restrição da remessa de lucros ao exterior por empresas multinacionais e aprimoramento do sistema de educação pública.

Segundo o pedetista, o resgate desses temas é uma forma de homenagear a todos os brasileiros que lutaram, na década de 60, pelas reformas de base anunciadas pelo presidente João Goulart.

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Os três projetos, além da assinatura do parlamentar, serão também subscritos pelos senadores Roberto Requião (PMDB-PR) e Pedro Simon (PMDB-RS).

“A reforma agrária teria deixado o Brasil com uma cara completamente diferente e melhor hoje do que a que nós temos, mas não fizemos. Preferimos dar um golpe militar para impedir aquela reforma e ela foi impedida. E, ao ser impedida, nós tivemos a tragédia da migração urbana de imensas massas em direção às cidades, sem emprego, com a pobreza gritante, com os serviços degradados, com uma inflação crescente e com a consequente violência”, lamentou o senador.

Parlamentares se reuniram nesta quarta-feira (18), no plenário do Senado, para sessão solene destinada a devolver simbolicamente o mandato presidencial a João Goulart. Um golpe de Estado depôs Jango em 1964, dando início a Ditadura Militar no País que durou até 1985.

Participaram da solenidade a presidente Dilma Rousseff (PT), o vice-presidente Michel Temer (PMDB), o líder do Senado Renan Calheiros (PMDB) e o da Câmara dos deputados Henrique Alves (PMDB). Da parte da família de João Goulart, esteve presente o filho, João Vicente Goulart.

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Antes da cerimônia, Renan Calheiros afirmou que a sessão “é uma reparação histórica”. Para Henrique Alves, “é com muita honra que a Câmara participa ao lado do Senado desse momento histórico. É um momento de resgatar direitos e a honra do presidente João Goulart”.

No dia 21 de novembro, por proposta dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), foi anulada a sessão de 2 de abril de 1964, na qual o então presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República, tornando possível o afastamento de João Goulart do poder.

 

Será na próxima quarta-feira (18) a sessão do Congresso Nacional que devolverá simbolicamente o mandato de presidente da República a João Goulart. Segundo a assessoria de imprensa da presidência do Senado, a sessão até então marcada para esta quarta-feira (11) precisou ser adiada porque a família de Jango não conseguiu embarcar para Brasília devido à forte chuva que atinge o Rio de Janeiro.

Depois de 37 anos, o ex-presidente João Goulart foi enterrado na sexta-feira (6), com honras de chefe de Estado. O novo enterro de Jango, como era conhecido o ex-presidente, ocorreu no município de São Borja, a 630 quilômetros de Porto Alegre, na fronteira do Brasil com a Argentina.

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Os restos mortais de Jango foram analisados pelo Instituto Nacional de Criminalística do Departamento de Polícia Federal, depois da exumação no dia 13 de novembro. A análise dos restos mortais dele faz parte da investigação da Comissão Nacional da Verdade sobre a morte do ex-presidente.

A presidente Dilma Rousseff (PT), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, além de ministros de Estado e dos tribunais superiores participarão nesta quarta-feira (11), da sessão solene que devolverá, simbolicamente, o mandato presidencial a João Belchior Marques Goulart. A cerimônia ocorrerá no Senado Federal, em Brasília às 12h30.

O mandado será devolvido a Goulart, conforme aprovação de senadores e deputados do projeto (PRN 4/2013) que tinha tornado nula a sessão de 2 de abril de 1964, quando o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, presidindo a Mesa Congresso Nacional, declarou vaga a Presidência da República. Na época, o senador informou que João Goulart havia deixado o país sem permissão do Congresso.

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Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Simon (PMDB-RS) argumentaram que Jango não estava no exterior naquela data do fato, mas em Porto Alegre, onde foi se encontrar com forças contrárias ao golpe militar.

Morte - João Goulart morreu em 6 de dezembro de 1976, na cidade de Corrientes, na Argentina. Oficialmente, a causa da morte foi um ataque cardíaco, mas há uma investigação em curso para apurar se o ex-presidente da República foi assassinado.

Para que se procedesse a essa apuração, os restos mortais do ex-presidente João Goulart foram exumados em São Borja no último dia 13 de novembro e enviados a Brasília no dia seguinte para exames no Instituto Nacional de Criminalística, mas o resultado ainda não foi divulgado.

Os restos mortais do ex-presidente João Goulart retornam para o município de São Borja (RS) nesta sexta-feira (6). Eles estavam sob os cuidados do Instituto Nacional de Criminalística(INC) do Departamento da Polícia Federal, em Brasília, desde o dia 13 de novembro, quando ocorreu a exumação. 

No dia 14 de novembro, os despojos do ex-presidente foram recebidos com honras militares, em cerimônia que contou com a participação da presidenta Dilma Rousseff e dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor.

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A exumação dos restos mortais de Jango, como era chamado, faz parte da investigação da Comissão Nacional da Verdade (CNV) sobre a morte do ex-presidente. Deposto pelo regime militar (1964-1985), Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976, na Argentina. A CNV analisa a possibilidade de João Goulart, que oficialmente teve como causa da morte um ataque cardíaco, ter sido assassinado pela ditadura militar, na chamada Operação Condor, um plano organizado pelas ditaduras do Cone Sul para perseguir opositores.

O processo de análise dos restos mortais é coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, CNV e pelo Instituto João Goulart e conta com a participação de peritos da Polícia Federal. As atividades tiveram início em agosto com a visita de preparação técnica ao túmulo do ex-presidente, em São Borja.

O grupo de trabalho e especialistas designados pela família do ex-presidente participaram de todos os procedimentos de exumação e análises que buscam apurar a causa da morte de Jango. Mas, após 37 anos da morte, há possibilidade de que os exames não sejam conclusivos.

Os despojos do ex-presidente embarca em voo da Força Aérea Brasileira, em Brasília, por volta das 7h30. O esquife de João Goulart irá diretamente para São Borja, onde desembarcará por volta das 11h. Do aeroporto municipal, os restos mortais seguirão para a Igreja Matriz São Francisco de Borja, onde ocorrerá uma celebração religiosa às 14h.

A reinumação (novo enterro) está programada para as 16h, no Cemitério Jardim da Paz, no jazigo da família.

A exumação do corpo do ex-presidente João Goulart pode dar início a outras “reparações” na história recente do País. A investigação da sua morte – ele faleceu em dezembro de 1976 durante exílio na Argentina, supostamente de ataque do coração – foi solicitada pela sua família. Os parentes acreditam que o ex-majoritário foi envenenado. Segundo o historiador Diogo Barreto, os militares provavelmente estão envolvidos no caso de “Jango”.

“Tem muita gente com medo da exumação de Goulart. Ela provavelmente vai comprovar que ele foi assassinado na Operação Condor (ação conjunta das ditaduras instaladas no Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai). Existem hipóteses que a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek , Carlos Lacerda e do próprio João Goulart teria sido planejadas. A ideia de matar Jango existia na época que ele iria tomar posse no lugar de Jânio Quadros que saiu do poder, mas com uma manobra política isso foi evitado”, explicou o acadêmico.

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“Muito do que se tem hoje de produção acadêmica sobre João Goulart mostra essa hipótese (que ele foi assassinado), que Jango não queria dar um golpe comunista. Na verdade, os militares rotularam bastante a imagem de Goulart para chegarem ao poder. Ele se aproximou dos países ditos de esquerda, mas isso não quer dizer que ele iria implantar isso no País. Ele queria era fazer uma política de legalidade”, completou.

De acordo com Barreto, as reformas da base propostas por João Goulart teve o apoio da classe trabalhadora, o que acabou mexendo com os interesses de uma parte da representação política do País. “No discurso que ele fez em 1963 ele foi ovacionado pela classe trabalhadora. Isso incomodou muita gente, inclusive os militares. O engraçado é que antes do golpe de 1964, ele estava convicto que não aconteceria nada com ele. Inclusive,  Luis Carlos Prestes  afirmou na Rádio Nacional que não haveria golpe”, lembrou o historiador.

Nesta quinta-feira (14), o corpo do ex-presidente João Goulart foi homenageado com todas as honras de um Chefe do Estado, após 36 anos de sua morte, em Brasília. Na cerimônia estavam presentes a presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a família de Jango.

A líder petista depositou, junto com a viúva de João Goulart, Maria Thereza, uma coroa de flores brancas na urna com os restos mortais do presidente. A esposa de Jango recebeu a bandeira brasileira que estava em cima da urna com os restos mortais do ex-majoritário. 

Ao final, a urna foi levada pela Polícia Federal para o Instituto Nacional de Criminalística, onde será feita a coleta das amostras necessárias para a realização da perícia.

Os restos mortais do ex-presidente João Goulart chegaram nesta quinta-feira (14) a Brasília, onde foi realizada uma solenidade com honras de Chefe de Estado, cerimônia que não pôde ser realizada na época da morte de Jango. A exumação tem o objetivo de realizar exames periciais para constatar a causa da morte do ex-presidente.

A homenagem póstuma com honras militares compreendeu, entre outros aspectos, salva de 21 tiros, execução do hino nacional e condução do esquife com os restos mortais por militares até a Base Aérea de Brasília, local onde foi prestada a homenagem. Além da presidente Dilma Rousseff, estiveram presentes os familiares de Jango, como a ex-esposa Maria Tereza Goulart, e várias autoridades, como os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor e Lula.

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Mais cedo, antes da cerimônia, Dilma ressaltou a importância da cerimônia, em postagem no Twitter. "Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstância ainda a serem esclarecidas por exames periciais. Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória. Essa cerimônia que o Estado brasileiro promove hoje com a memória de João Goulart é uma afirmação da nossa democracia. Uma democracia que se consolida com este gesto histórico", considerou no microblog.

Biografia

João Belchior Marques Goulart nasceu em 1º de março de 1919, em São Borja (RS). Ele foi deputado estadual (RS), deputado federal, Secretário de Estado de Interior e Justiça (RS), Ministro do Trabalho e duas vezes vice-presidente. Em agosto de 1961, Jango tornou-se Presidente da República, cargo que ocupou até 31 de março de 1964, data do golpe de Estado.

Deposto, ele refugiou-se no RS e depois partiu para o exílio no Uruguai e na Argentina, onde faleceu em 6 de dezembro de 1976. A causa oficial da morte foi um ataque cardíaco, mas a família de Jango nunca se convenceu por acreditar que o governo de Ernesto Geisel tenha envenenado o ex-presidente. Essa suspeita foi reforçada por um militar uruguaio que afirmou que os remédios para problemas cardíacos, tomados regularmente pelo ex-presidente, foram trocados por veneno. A expectativa é de que os exames possam ser anexados a documentos e testemunhos na investigação sobre o óbito de Jango.

O processo de exumação foi iniciado em 2007, por  iniciativa de familiares. Com a instalação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em maio de 2012, foi criado um grupo de trabalho que vem coordenando as investigações em torno da morte de João Goulart. O trabalho é feito, de forma conjunta, pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e pela CNV.

A exumação durou 18 horas, no Cemitério Jardim da Paz, na cidade de São Borja (RS), e foi encerrado as 2h desta quinta-feira. O trabalho envolveu 12 profissionais do Brasil, Argentina, Cuba e Uruguai. O médico João Marcelo Goulart, neto do ex-presidente, teve participação efetiva em todo o procedimento.

Os restos mortais permanecem na capital federal até o dia 6 de dezembro, quando serão levados novamente para São Borja, onde serão enterrados também com honras militares. Algumas amostras serão coletadas no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, para exames periciais. Também serão feitos exames toxicológicos em laboratórios de outros países. Não há previsão para a divulgação dos resultados.

Um grupo de senadores protocolou, nesta quarta-feira, 13, um projeto de resolução para anular a sessão do Congresso Nacional que destituiu o ex-presidente João Goulart por meio do golpe militar e lhe devolve, assim, o cargo. A formalização da proposta ocorreu no dia da exumação dos restos mortais de Jango, em São Borba, Rio Grande do Sul.

Autor da proposta, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) definiu o projeto como um "resgate da história nacional". "O que foi praticado no Congresso Nacional na madrugada de 1º para 2 de abril de 1964 foi uma violência contra a Constituição, contra o povo brasileiro. O que pretendemos é resgatar a história, a memória nacional, os valores da democracia", disse após entregar pessoalmente o projeto ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

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Ele foi acompanhado do senador Pedro Simon (PMDB-RS) que lembrou como "violenta" a destituição de Jango do cargo. Renan disse que essa é uma oportunidade para limpar "essa mancha na história do Brasil".

Os trabalhos de exumação do corpo do ex-presidente começaram antes das 7 horas desta quarta-feira com a chegada da equipe de peritos. Não há prazo para a conclusão do processo.

O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo confirmou a recepção dos restos mortais nesta quinta-feira, 14, em Brasília, na presença da presidente Dilma Rousseff, autoridades civis e militares, além de representantes do corpo diplomático. "Essas honras são devidas há muito tempo ao presidente João Goulart", afirmou.

O processo de exumação do corpo do ex-presidente João Goulart no Cemitério Municipal de São Borja (RS), coordenado pela Polícia Federal, foi iniciado na manhã desta quarta-feira (13). O trabalho terá a cooperação de peritos do Brasil, Cuba, Argentina e Uruguai, além de observadores do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. A família de Jango acompanhará o procedimento, que deve levar algumas horas.

O corpo do ex-presidente será levado a Brasília, onde receberá honras de chefe de Estado na quinta-feira (14), e retornará à cidade natal após passar por perícia na Polícia Federal em Brasília. O objetivo do trabalho é investigar a possibilidade de envenenamento de Jango.

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Os ministros Maria do Rosário (Direitos Humanos) e José Eduardo Cardozo participaram nesta terça-feira (12), em São Borja (RS), de audiência pública para esclarecimento da exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart.

A ministra Maria do Rosário agradeceu à família do ex-presidente pela confiança depositada no governo federal. “A nação brasileira assumiu um caminho definitivo para a democracia. Este é o sentido político da homenagem que o presidente João Goulart receberá em Brasília, com as devidas honras de Chefe de Estado”, disse.

Para o Ministro da Justiça, a elucidação da verdade é um pressuposto básico do sistema democrático. “Os familiares têm o direito de saber como morreram seus entes queridos. Cidadãos têm o direito de saber como morreram seus lideres”, afirmou. O filho de Jango, João Vicente Goulart, ressaltou que trata-se de um resgate histórico não apenas para sua família, mas para todo o país. “A grande vítima do golpe foi a Constituição brasileira, o povo brasileiro. Hoje é o primeiro grande passo para contarmos uma história que foi omitida durante muitos anos”, disse.

Da Assessoria da Polícia Federal

Os restos mortais do ex-presidente João Goulart, o Jango, serão transportados de São Borja, no oeste do Rio Grande do Sul, a Brasília e de volta à cidade gaúcha com honras de chefe de Estado, quando forem submetidos à perícia que poderá indicar a causa da morte, revelou nesta segunda-feira, 2, em Porto Alegre, a chefe da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, Maria do Rosário.

"Decidida sua exumação, nós queremos preparar um procedimento em que ele vá com honras a Brasília, como presidente, e volte a São Borja com honras também", afirmou, depois de uma reunião com líderes estaduais do PDT. Deposto em 1964, Jango morreu no exílio, em 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, na Argentina. O enterro no jazigo da família, em São Borja, teve grande presença popular, mas não contou com honrarias oficiais.

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Maria do Rosário afirmou que ele "terá o tratamento que não recebeu quando foi deposto e no momento de seu sepultamento; temos o compromisso de tratá-lo devidamente como presidente eleito pelo povo brasileiro". O ritual das honrarias será definido pelo cerimonial do governo. A exumação dos restos mortais de Jango foi decidida em 2013 pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que quer apurar se a morte decorreu de enfarte, como na versão oficial, ou de envenenamento, como suspeitam alguns admiradores do ex-presidente. A data de abertura do túmulo poderá ser definida em reunião de representantes da CNV e da SDH com peritos da Polícia Federal (PF) e convidados, marcada para o dia 17, na capital federal. Os restos mortais serão levados para análise em laboratórios da PF na capital.

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