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Ré em ação penal por crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro supostamente oriundo do esquema de propinas atribuído a seu marido, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB/RJ), a jornalista Claúdia Cruz alega, por meio de seus defensores, que o próprio magistrado reconheceu que sua conta na Suíça 'não recebeu qualquer valor proveniente dos supostos atos de corrupção na África'.

Em alegações finais, fase derradeira do processo, os advogados de Cláudia destacam que 'esses recursos permaneceram nos trusts de Eduardo Cunha'. "Portanto, os valores gastos nos cartões de crédito não têm qualquer relação com a suposta corrupção".

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O documento é subscrito pelos advogados Pierpaolo Bottini, Cláudia Vara San Juan Araújo, Stephanie Guimarães e Igor Tamasauskas.

Em abril, também em alegações finais, a força-tarefa do Ministério Público Federal pediu condenação de Claúdia a pena de prisão 'em regime fechado'. Os procuradores sustentam que a conta da mulher do ex-presidente da Câmara recebeu mais de US$ 1 milhão 'provenientes de crimes praticados pelo marido'. O dinheiro teve origem, destacam os investigadores, na propina que o peemedebista teria recebido em negócio da Petrobrás na compra de campo de petróleo de Benin, na África, em 2011.

A defesa de Cláudia rechaça essa versão e usa como argumento principal trecho da sentença que o próprio juiz Moro impôs a Eduardo Cunha - 15 anos de prisão na Lava Jato.

Na sentença contra o peemedebista, Moro destacou, na página 98, que os valores depositados na conta de Cláudia Cruz 'não foram provenientes de vantagem indevida decorrente do contrato de aquisição pela Petrobrás dos direitos de exploração do Bloco 4 em Benin'.

Os criminalistas Pierpaolo Bottini, Cláudia Vara San Juan Araújo, Stephanie Guimarães e Igor Tamasauskas são os defensores de Cláudia.

Eles alegam que o dinheiro gasto com cartões de crédito de Cláudia tem origem diversa, 'de outros recursos de Eduardo Cunha, sobre os quais não pesam quaisquer suspeitas'.

"Inviável a condenação nos termos da imputação em questão, uma vez que não se atribuí à defendente (Cláudia) nada além de receber valores de trusts dos quais seu marido é beneficiário, não havendo qualquer elemento que indique a ilicitude destes recursos", sustentam os advogados em uma peça de 169 páginas.

Nas alegações, os advogados requereram preliminarmente a Moro que desconsidere e tire dos autos os termos de delação premiada de Hamylton Padilha e Nestor Cerveró (ex-diretor de Internacional da Petrobrás) 'em razão da indisponibilidade dos registros audiovisuais das oitivas em questão'.

Os defensores pedem, ainda, que o juiz determine a tradução dos documentos que dão base à acusação - contratos entre CBH e República de Benin, extratos e documentos bancários, íntegra das investigações empreendidas na Suíça, sendo reabertos os prazos para requerimento de diligências.

A defesa de Cláudia pede também que 'seja reconhecida a ilicitude da prova oriunda da Suíça, em virtude das máculas que recaem sobre a cooperação jurídica internacional, sendo determinado o seu desentranhamento dos autos'.

"Seja a defendente absolvida nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal, em razão de não constituírem infração penal os fatos imputados pela acusação".

Alternativamente, eles sugerem a Moro que caso não absolva Cláudia, que aplique a ela penas mínimas.

Acompanhando entendimento do desembargador federal Paulo Espirito Santo, a Primeira Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2) decidiu remeter para a 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, base da Operação Lava Jato, o processo penal no qual o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB/RJ) é acusado de participação em esquema de corrupção envolvendo contratos da Petrobras. A decisão foi dada em julgamento de agravo apresentado pelo político, que pretendia ser processado e julgado pela primeira instância da Justiça Federal do Rio de Janeiro.

O caso começou com denúncia do Ministério Público Federal oferecida no TRF2 contra Eduardo Cunha e Solange Pereira de Almeida, que, na época, era prefeita de Rio Bonito, na região metropolitana da capital fluminense. Em razão do mandato municipal ela gozava do direito à prerrogativa do foro por função, ou seja, deveria ser julgada diretamente pela segunda instância.

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Eduardo Cunha está preso em Curitiba desde outubro de 2016. Em março passado, o juiz Moro condenou o ex-deputado a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, Eduardo Cunha teria pedido propina que somaria US$ 40 milhões do estaleiro Samsung, com sede na Coreia do Sul, para atuar na contratação de navios-sonda com a Petrobras. O equipamento se destinava a operações de perfuração em águas profundas na África e no Golfo do México e a negociação teria sido efetuada com a intervenção de Solange Almeida e de Júlio Camargo, que prestou colaboração premiada e foi condenado pela Justiça Federal paranaense.

Com o fim do mandato de Solange Almeida em Rio Bonito, o Tribunal decidiu remeter os autos para a primeira instância de Curitiba. Foi contra essa decisão que Eduardo Cunha apresentou o agravo julgado pela Primeira Seção Especializada do TRF2.

Em suas alegações, o político sustentou que a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba já julgou o mérito do processo que apurou os mesmos fatos denunciados, em relação a outros réus. A defesa de Eduardo Cunha argumentou que, por esse motivo, a ação deveria permanecer na Justiça Federal do Rio de Janeiro, onde, supostamente, teriam ocorrido os crimes relatados pelo MPF.

Em seu voto, o desembargador federal Paulo Espirito Santo, relator do processo criminal no TRF2, ponderou que a duplicidade de ações - no Rio e no Paraná - só ocorreu em função da prerrogativa de foro: "Assim, apesar de realmente estar sentenciado o processo a que se reporta o embargante, como pode ser visto, há um conjunto probatório que demanda apreciação por um único juízo (13.ª Vara Federal de Curitiba/PR), no caso prevento, eis que lá houve apuração em relação aos demais réus envolvidos nos mesmos fatos", concluiu o magistrado.

Defesas

A reportagem entrou em contato com a defesa de Eduardo Cunha, mas não obteve retorno.

O advogado da ex-prefeita de Rio Bonito, Claudio Oraindi Rodrigues Neto, afirma que "a defesa acredita na Justiça em qualquer de suas esferas. Mais importante que o Foro competente é a prova dos autos e esta é categórica no sentido da improcedência da denúncia em relação à acusada Solange".

Em carta escrita do próprio punho, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba, afirma que o parecer do processo de impeachment de Dilma Rousseff foi submetido, antes da abertura, ao presidente Michel Temer. Cunha diz que Temer não falou, em entrevista no sábado (15), a "verdade" sobre o ocorrido em encontro dois dias antes da abertura do processo de afastamento da petista.

No sábado, Temer foi questionado sobre o papel de Cunha no impeachment e disse que ambos teriam conversado a respeito do encaminhamento na Câmara - e que Cunha dizia que arquivaria os pedidos se tivesse os votos do PT no Conselho de Ética. Cunha, por outro lado, afirma que Temer teve acesso ao parecer e deu aval sobre o conteúdo.

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O deputado cassado também afirma que Temer se "equivocou nos detalhes" quando tratou de encontro com o ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial Márcio Faria da Silva. Em delação, Silva diz que o presidente comandou reunião de acerto de propina de US$ 40 milhões, marcada por Cunha. Temer nega. O deputado cassado, porém, não contesta a versão de que não se falou de valores. O Planalto informou que não vai se manifestar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quinta-feira (6) seguimento ao habeas corpus impetrado pela defesa do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para revogar a prisão preventiva do peemedebista.

O ex-presidente da Câmara está preso em Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato, desde outubro do ano passado. Ele é réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

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Para a defesa de Cunha, a fundamentação da prisão preventiva é "manifestamente genérica, uma vez que se vale apenas de possibilidades, de hipóteses, daquilo que poderia acontecer, mas que efetivamente não ocorreu e não tem indícios de que ocorrerá".

"Desde que teve sua prisão ilegalmente decretada, o ora paciente, por meio de seus defensores, vem se valendo dos instrumentos jurídicos aptos a devolver-lhe a liberdade, que lhe foi retirada pelo novo 'modus operandi' típico das indevidas prisões cautelares no âmbito do que se convencionou denominar por Operação Lava Jato", alegam os advogados de Cunha.

A íntegra da decisão de Fachin ainda não havia sido divulgada até a publicação deste texto.

Em 15 de fevereiro, por oito votos a um, o STF decidiu manter a prisão de Cunha. Na época, o voto do ministro Fachin abriu caminho à rejeição da reclamação feita pela defesa do peemedebista no primeiro julgamento no plenário da Corte relacionado à Lava Jato tendo Fachin como relator.

Por unanimidade, a 5.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve Cunha preso no mês passado.

A condenação do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) repercutiu na Casa. Para alguns parlamentares, a pena de 15 anos e 4 meses de prisão servirá de exemplo para aliados.

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) afirmou que a condenação do peemedebista é a prova de que os que defendiam sua cassação tinham razão - Rede e PSOL protocolarem o pedido no Conselho de Ética da Câmara que resultou na cassação do mandato do peemedebista. "Tomara que ele conte tudo o que sabe para que a gente possa passar a limpo o Parlamento", disse Molon.

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O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que a condenação do ex-presidente da Câmara e as recentes ações da Polícia Federal no Rio demonstram "um imenso vazio" na política do Estado. "O Cunha é símbolo de toda essa degradação e é o primeiro peixe grande da política condenado. É muito importante como exemplo para quem faz uma política de negociatas, como ele sempre fez, pragmático, homem de bastidor que foi crescendo. Ele era objeto de desconfiança dos próprios caciques do PMDB, (o ex-governador Sérgio) Cabral e (o ex-prefeito) Eduardo Paes, todo mundo tinha certas reservas pela sua voracidade e jeito ardiloso, mas dançou. E tinha uma empáfia danada, era cruel e vingativo."

"Essa é a primeira condenação de uma série", disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), adversário político de Cunha. Na avaliação de Delgado, a punição deixará o "pessoal mais ressabiado", uma vez que o mundo político se dá conta de que o juiz Sérgio Moro não se inibe diante de personagens que já tiveram poder.

Já o principal aliado do ex-presidente da Câmara, Carlos Marun (PMDB-MS) disse que no escândalo de corrupção na Petrobr's, o colega de partido não é o protagonista. "O Cunha, ao meu modo de ver, não é o protagonista desta situação", afirmou. "Na tribo do petrolão, Cunha é no máximo um índio, e o cacique está solto", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em carta divulgada por interlocutores após ser avisado de sua condenação pelo juiz Sérgio Moro, Eduardo Cunha afirmou que sua sentença é política, "visando a tentar evitar a apreciação de meu habeas corpus no STF, para que ele possa me manter como seu troféu em Curitiba". Escrita à mão pelo parlamentar, que está detido no Complexo Médico Penal, em Pinhais, o documento afirma ainda que Moro "quer se transformar em um justiceiro político, não tem qualquer condição de julgar qualquer ação contra mim pela sua parcialidade e motivação política".

O ex-parlamentar criticou também a velocidade do juiz da Lava Jato para proferir a sentença, dois dias depois de sua defesa apresentar as alegações finais, os últimos argumentos no processo. "A decisão, além de absurda e sem qualquer prova válida, jamais poderia ser dada 48 horas após as alegações finais". Cunha ainda chega a afirmar que a sentença foi dada "antes dos demais réus terem sequer apresentado as suas alegações finais na ação". Nesta ação penal, contudo, o peemedebista é o único réu da ação.

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Ele ainda reiterou que já entrou com ação arguindo a suspeição de Moro "por vários motivos já divulgados" e que agora tem o "agravante" com essa decisão, "mostrando que a sentença já estava pronta", segue o ex-parlamentar.

"Essa decisão não se manterá nos tribunais superiores, até porque contém nulidades insuperáveis", afirma.

O advogado Marlus Arns, que defende o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na ação penal sobre propinas na compra do campo petrolífero de Benin, na África, pela Petrobras, em 2011, informou que vai recorrer da condenação imposta pelo juiz federal Sérgio Moro. O ex-deputado Eduardo Cunha foi sentenciado a 15 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção, de lavagem e de evasão fraudulenta de divisas.

O recurso de Marlus Arns será enviado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre e jurisdição nos Estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná. O Tribunal é o responsável por julgar as sentenças do juiz federal Sérgio Moro em segunda instância.

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Moro determinou ainda que "deverá Eduardo Cosentino da Cunha responder preso cautelarmente eventual fase recursal". Eduardo Cunha foi preso preventivamente por ordem do juiz federal Sérgio Moro em 19 de outubro, em Brasília.

Os valores da propina a Eduardo Cunha teriam saído da compra, pela Petrobras, de 50% dos direitos de exploração de um campo de petróleo em Benin, na África, no valor de US$ 34,5 milhões. O negócio foi tocado pela Diretoria Internacional da estatal, cota do PMDB no esquema de corrupção.

Segundo a sentença, "a prática do crime de corrupção envolveu o recebimento de cerca de US$ 1,5 milhão, considerando apenas a parte por ele recebida, o que é um valor bastante expressivo, atualmente de cerca de R$ 4.643.550,00". O prejuízo estimado à Petrobras, pela compra do campo de petróleo, afirmou Moro, é de cerca de US$ 77,5 milhões, segundo a Comissão Interna de Apuração da estatal.

A defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentou na noite desta segunda-feira (27) suas alegações finais no processo sobre propinas na compra do campo petrolífero de Benin, na África, pela Petrobras, em 2011. Os advogados do ex-deputado alegam que houve cerceamento de defesa e pedem a absolvição dos crimes de corrupção passiva, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Alegações finais são a parte derradeira do processo, em que o Ministério Público - que acusa - e as defesas apresentam suas argumentações e pedidos a serem considerados pelo juízo. A Procuradoria entregou seus memoriais no início de março. Os advogados Marlus Arns, Rodrigo Sánchez Rios, Luiz Gustavo Pujol e Mariana Michelotto subscrevem as 188 páginas das alegações finais de Eduardo Cunha.

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No documento ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato na 1ª Instância, Eduardo Cunha alega que houve cerceamento de defesa ao ter suas perguntas ao presidente Michel Temer (PMDB) indeferidas.

Em outubro do ano passado, Moro vetou 21 das 41 perguntas da defesa de Eduardo Cunha a Michel Temer, que havia sido arrolado como sua testemunha de defesa. Das 21 perguntas proibidas pelo juiz da Lava Jato, 13 foram consideradas "inapropriadas" pelo magistrado que levou em conta que "não há qualquer notícia do envolvimento do Exmo. Sr. Presidente da República nos crimes que constituem objeto desta ação penal".

Nas alegações finais, a defesa de Eduardo Cunha anotou que contrariamente ao afirmado por este douto juízo, as referidas perguntas possuem completa pertinência e relevância com a ação penal e os indeferimentos consistem em cerceamento de defesa, ante a violação aos princípios constitucionais ao contraditório e a ampla defesa consagrados no art. 5º, inciso LV da Constituição Federal.

O presidente Michel Temer respondeu 20 perguntas de Eduardo Cunha e declarou ao juiz federal Sérgio Moro que não tem conhecimento de participação do ex-presidente da Câmara na compra do campo petrolífero de Benin, na África. O depoimento de Temer foi dado por escrito.

Eduardo Cunha foi preso preventivamente por ordem do juiz federal Sérgio Moro em 19 de outubro, em Brasília. O deputado cassado teria recebido em suas contas na Suíça propinas de ao menos R$ 5 milhões referentes a aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin. O negócio foi tocado pela Diretoria Internacional da estatal, cota do PMDB no esquema de corrupção.

Os criminalistas pedem ainda, nas alegações finais, a nulidade dos documentos bancários obtidos pelas autoridades brasileiras na Suíça e que embasam a imputação pelo delito de evasão de divisas por violação ao princípio da dupla incriminação.

Por unanimidade, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve preso o deputado cassado Eduardo Cunha. O ex-presidente da Câmara está preso em Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato, desde outubro. Ele é réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou um recurso da defesa de Cunha. Entre outras coisas, o plenário da Corte considerou que já estava em tramitação no STJ um habeas corpus ainda pendente de análise. A partir de agora, com a negativa da 5ª Turma do STJ, os advogados do peemedebista podem novamente recorrer ao Supremo.

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Cunha aposta nos tribunais de Brasília - STJ e STF - para sair da prisão. Até agora, no entanto, os julgamentos foram negativos para a defesa do peemedebista. Interlocutores de Cunha dizem que o ex-presidente da Câmara não admite falar em negociação de delação premiada antes de esgotar todas as possibilidades de defesa.

Na 5ª Turma do STJ, os ministros seguiram o voto do relator, ministro Félix Fischer. Para ele, enquanto o dinheiro supostamente recebido por Cunha a partir da prática de crime não for totalmente rastreado há risco de "dissipar o produto do crime", o que inviabiliza a recuperação dos valores. Os ministros apontaram que há indícios de crimes envolvendo ao menos US$ 1,5 milhão.

Cunha foi preso em 19 de outubro, na ação em que responde por lavagem de dinheiro e corrupção, acusado de receber propina oriunda de um contrato da Petrobras na África e manter o dinheiro em contas secretas na Suíça. O caso foi encaminhado a Moro após ele ser cassado e perder o foro privilegiado.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer, negou nesta quarta-feira, 15, o pedido liminar da defesa da jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, mulher do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), para suspender a ação penal da Lava Jato contra ela em Curitiba.

Cláudia é acusada de lavar mais de US$ 1 milhão provenientes de crimes praticados por Cunha por meio de contas no exterior e também de evasão de divisas.

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Segundo as investigações, ela teria sido beneficiada com parte da propina recebida pelo marido por viabilizar a compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, na África. Seria responsável ainda pela lavagem de ativos, adquirindo bens de luxo no exterior e mantendo valores não declarados superiores a 100 mil dólares.

O recurso da defesa de Cláudia foi apresentado no STJ após ela ter negado o habeas corpus impetrado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).

Ao STJ, os advogados da mulher de Cunha alegaram serem ilegais as provas que instruem a ação penal, obtidas por cooperação jurídica internacional entre Brasil e Suíça. Sustentaram a inépcia da inicial acusatória, a ausência de justa causa para a ação penal e a afronta ao contraditório e à ampla defesa, em razão do indeferimento de uma prova pericial requerida.

Os defensores alegaram ainda que ela sofre constrangimento ilegal decorrente de uma ação com "graves vícios".

Sem ilegalidade

De acordo com o ministro Felix Fischer, o TRF4 entendeu que não houve ilegalidade na transferência de dados de investigações da Suíça para o Brasil, "seja porque não há vedação (havendo, ao contrário, previsão de ampla cooperação), seja porque a Suíça não fez restrições quanto ao uso das provas constantes de tal investigação, quando fez a remessa".

Fischer explicou que caso houvesse alguma ilegalidade, o próprio Supremo Tribunal Federal já o teria reconhecido, quando a investigação que acabou abrangendo Cláudia Cruz foi remetida para o órgão, à época em que Eduardo Cunha tinha foro por prerrogativa de função.

Com relação à inépcia da inicial acusatória, Fischer afirmou estar descrito na denúncia que o dinheiro recebido por ela era "sujo", ou seja, "proveniente de crimes praticados contra a Petrobras".

A respeito da alegada ausência de justa causa para a ação penal, o ministro afirmou que é preciso fazer uma análise mais aprofundada da questão, na própria ação penal a que a paciente responde, não sendo possível, no caso, obter-se o trancamento da ação penal através do habeas corpus.

Requisitos ausentes

Fischer entendeu que o indeferimento de perícia para apurar o valor dos supostos danos decorrentes dos crimes não afronta o contraditório e a ampla defesa, pois a apuração do montante, embora importante, é "questão secundária" no processo (pois a questão principal é apurar a materialidade dos crimes e a respectiva autoria). Acrescentou que quando o mérito for julgado, "far-se-á análise mais aprofundada, especialmente quanto ao valor mínimo da reparação".

Ao nomear a ex-prefeita de Rio Bonito Solange Almeida (PMDB) para o cargo de secretária de Proteção e Apoio à Mulher e ao Idoso do Estado do Rio, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) pode ajudar o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) a se livrar de ser julgado em mais uma ação penal pelo juiz Sérgio Moro. Isso porque, com o novo cargo, Solange pode passar a contar com foro privilegiado.

Cunha e Solange foram denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em 20 de agosto de 2015 por suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, a acusação foi aceita pelo STF em 3 de março de 2016, mas com a perda de mandato de Cunha em setembro do ano passado, e com a não reeleição de Solange na prefeitura (que lhe dava foro privilegiado), em janeiro de 2017 o Tribunal Regional Federal da 2ª Região determinou que o caso fosse remetido para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba.

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O Tribunal, contudo, aguarda para julgar um recurso da defesa de Solange contra a decisão de enviar o caso para Moro. Neste meio tempo, ela foi nomeada secretária de Estado no Rio na segunda-feira, 13. Com isso, caberá ao TRF2 decidir se ela volta a ter foro privilegiado.

Atualmente, o Tribunal aguarda um parecer da Procuradoria Regional da República sobre o recurso de Solange para, então, poder julgar o caso. Ainda assim, há a possibilidade de o Tribunal decidir separar a denúncia e remeter apenas a parte que envolve Cunha para o juiz da Lava Jato.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, uma das teses que pode ser adotada no caso é de que os cargos de secretário de Estado devem também possuir foro, por analogia com o que ocorre com os ministros do governo federal. Ainda assim, há a possibilidade de o Tribunal decidir separar a denúncia e remeter apenas a parte que envolve Cunha para o juiz da Lava Jato.

Navios-sonda

Nesta denúncia, o ex-presidente da Câmara é acusado de receber US$ 5 milhões em propinas para que o estaleiro sul-coreano Samsung Heavy Industries fosse contratado pela Petrobras para fornecer dois navios-sondas para a perfuração em águas profundas na África e no Golfo do México, entre 2007 e 2012.

Na época deputada, Solange é acusada de ter atuado a mando do ex-deputado para pressionar por meio de um requerimento na Câmara uma empresa que não estava pagando a propina solicitada pelo peemedebista.

Atualmente, Cunha é réu em três ações penais, incluindo a que está no TRF2. Uma delas tramita em Curitiba, perante o juiz Moro, por supostamente receber propinas referentes à compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, na África. A outra ação tramita na Justiça Federal do DF, na qual o peemedebista é acusado de cobrar propinas para liberar recursos do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) para grandes empreendimentos.

Defesa

Ao anunciar a nomeação de Solange, ontem, o governador Luiz Fernando Pezão minimizou o fato de ela ser ré na Lava Jato. "Não (incomodam as acusações). Também já passei por isso, estou passando. Tenho certeza que ela vai fazer um grande trabalho", afirmou o governador.

Já Solange Almeida divulgou nota hoje afirmando: "Acho muito desagradável responder ao processo, mas tenho certeza da minha lisura. Vou responder de cabeça erguida".

A assessoria não respondeu à pergunta da reportagem sobre se o governador nomeou Solange para "protegê-la" do juiz Moro.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), nomeou uma aliada do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), Solange Almeida (PMDB), para o cargo de secretária de Proteção e Apoio à Mulher e ao Idoso. A informação foi publicada no Diário Oficial do Estado desta segunda-feira, 13.

Ex-prefeita do município de Rio Bonito (RJ), Solange é ré na Lava Jato em um processo com Cunha, em denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF). O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou o ex-deputado de ter recebido propina no valor de ao menos US$ 5 milhões para viabilizar a construção de dois navios-sonda da Petrobras, no período entre junho de 2006 e outubro de 2012. Solange teria participado do esquema pressionando os operadores pelo pagamento de valores retidos.

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Segundo a denúncia, Cunha recebeu vantagens indevidas para facilitar e viabilizar a contratação do estaleiro Samsung, responsável pela construção dos navios-sonda, sem licitação. A intermediação foi feita por Fernando Soares, operador ligado à diretoria internacional da Petrobras, de indicação do PMDB. A propina foi oferecida, prometida e paga por Júlio Camargo.

Janot pediu a condenação do ex-deputado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e de Solange por corrupção passiva.

O advogado do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em Curitiba (PR), Marlus Arns, afirmou em entrevista à TV Bandeirantes que o político não cogitou até agora fazer um acordo de colaboração premiada no âmbito da Operação Lava Jato. Cunha está preso preventivamente na capital paranaense desde outubro de 2016.

Arns disse, entretanto, que Cunha conhece o instrumento e que não há cliente hoje na advocacia criminal que não cogite a hipótese de delação, ferramenta defendida por ele como legítima. "Se a colaboração premiada for uma saída para o cliente não ser preso ou cumprir uma pena menor, por que não utilizar?".

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O advogado afirmou que o processo de Cunha em Curitiba "caminha bem" e que as provas levantadas até o momento são "muito favoráveis" ao cliente. Sobre um dos fatos que o político é acusado, envolvendo a indicação de um diretor da Petrobras em troca de vantagens, o advogado disse que as provas produzidas indicam que a nomeação não partiu dele, mas do PMDB mineiro. Sobre a participação de Cunha em um truste, o advogado sustenta que os fatos comprovam a licitude dos valores depositados a favor do ex-deputado.

Arns também falou que há outras investigações embrionárias que têm o peemedebista como alvo e que há menções dele nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht. Sobre o fim da Lava Jato, o advogado opinou que os julgamentos da operação podem acabar daqui a oito ou dez anos no Supremo Tribunal Federal (STF) e que a tendência é de condenação dos réus, considerando as características da Justiça Federal e da manutenção das decisões nas instâncias superiores.

O advogado reconheceu que a defesa de Cunha e de outros investigados na Lava Jato é um "papel complicado" e que busca resultados positivos para os clientes, mesmo que isso não signifique uma absolvição, mas, uma pena menor.

Além de o Supremo negar os pedidos de liberdade feitos pela defesa de Cunha, o advogado argumenta que o STF errou ao autorizar a prisão após a condenação em segunda instância e que muitos acusados continuarão presos sem serem julgados. "Aqueles que estão presos preventivamente terão, a meu ver, cada vez mais dificuldade de serem soltos e cada vez mais dificuldade de não cumprirem a pena presos", afirmou.

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quinta-feira, 2, um novo pedido de liberdade do deputado cassado Eduardo Cunha, do PMDB, preso preventivamente desde outubro de 2016, no Paraná, por decisão do juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba.

Os advogados de Cunha questionavam, no STF, uma decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Félix Fischer, que, em 25 de novembro, indeferiu liminar pedida pela defesa em um habeas corpus naquele tribunal. Em dezembro, o então relator da Lava Jato no STF, ministro Teori Zavascki, já havia negado o habeas corpus da defesa de Cunha, alegando que, de acordo com a Súmula 691 do STF, não compete ao Supremo Tribunal Federal analisar habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de outro tribunal superior - no caso, o STJ.

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A defesa recorreu, com um agravo regimental, e o ministro Edson Fachin, novo relator da Lava Jato após a morte de Teori Zavascki, considerou nesta quinta-feira o pedido prejudicado. Fachin apontou que o próprio STJ considerou prejudicado o habeas corpus, depois de o julgamento do mérito no Tribunal Regional Federal da 4ª Região manter a prisão preventiva.

O ministro disse também que "considerando que a impetração articulava ilegalidade decorrente da ausência de concessão de tutela de urgência, a posterior decisão de índole definitiva acarreta a perda do objeto desta impetração e, por consequência, do respectivo agravo regimental que impugnava o ato jurisdicional antecedente", afirmou o relator da Lava Jato.

"Ressalto que a decisão que manteve a custódia processual não foi examinada pelo Superior Tribunal de Justiça, de modo que o conhecimento prematuro por esta Corte configuraria indevida supressão de instância", disse Fachin. A prisão de Eduardo Cunha foi decretada pela 13ª Vara Federal de Curitiba no âmbito da ação penal que investiga se o peemedebista recebeu, em suas contas na Suíça, propinas de ao menos R$ 5 milhões, originárias de contratos da exploração de petróleo da Petrobras na África. Cunha também é réu em outro processo na Justiça Federal no Paraná e em mais um processo na Justiça Federal do Distrito Federal.

O empresário Alexandre Margotto confirmou, em delação premiada, que Eike Batista pagou propina ao corretor Lúcio Funaro e ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para que o fundo de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) investisse, em 2012, R$ 750 milhões na empresa LLX Açú Operações Portuárias S.A.

Criada em março de 2007, a empresa fez parte do grupo EBX e, atualmente, é controlada pelo Grupo EIG, que adquiriu 53% do capital social da LLX Logística S.A. e mudou o nome para Prumo Logística S.A.

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No subanexo 11.7 de sua delação, Margotto relatou aos investigadores as "ilicitudes envolvendo o investimento do FGTS na empresa LLX, bem como o envolvimento do empresário/executivo Eike Batista". Em depoimento gravado em vídeo, Margotto disse que Funaro não mantinha relações com Eike e dizia que o empresário não conseguiria "1 real" na Caixa sem sua ajuda.

De acordo com Margotto, o corretor se "enaltecia" do suposto "poder de veto" que tinha nas liberações de valores do fundo. Funaro teria avisado Fabio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos e Loterias da Caixa, indicado por Cunha, que tinha poder de veto no comitê que decide os aportes do fundo, "para não fazer nada, não assinar nada" com as empresas de Eike. "Se ele acha que tem a turma do PT, ele vai ver a dificuldade que terá para pegar esse empréstimo", teria dito Funaro ao delator.

Na versão do delator, a situação teria mudado após um jantar entre Funaro e Eike, em Nova York. A reunião, revelada a Margotto por Funaro, teria sido intermediada por Joesley Batista, da holding J&F, que teria participado do encontro. O empresário nega.

Ainda segundo Margotto, após Funaro lhe contar sobre o encontro, Fabio Cleto teria confidenciado que Cunha deu ordens para que o aporte do FGTS na empresa de Eike tivesse seguimento. Assim como Cleto em delação, o braço direito de Funaro não soube apontar o valor recebido por Cunha, mas afirmou que o corretor recebeu ao menos R$ 1,5 milhão.

Operação

O ex-vice-presidente da Caixa foi o primeiro a revelar os pagamentos indevidos da empresa de Eike para Cunha e Funaro. Em sua delação premiada, Cleto assumiu ter recebido ao menos R$ 240 mil e apontou Funaro como operador de Cunha no caso.

Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, o braço direito de Funaro detalhou como o grupo político do PMDB da Câmara, liderado por Cunha e Geddel Vieira Lima, atuava na liberação de valores para empresas junto a órgãos públicos, em especial a Caixa. O acordo foi tornado público pelo juiz Vallisney de Souza, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal.

Defesas

A J&F, por meio de nota de sua assessoria de imprensa, negou a intermediação e também que Joesley Batista tenha participado de qualquer encontro entre Funaro e Eike. Ainda segundo a empresa, suas relações comerciais com Funaro "são lícitas, legais e devidamente documentadas". A empresa reitera também que está à disposição do Ministério Público Federal (MPF) e da Justiça caso haja algo a acrescentar. Sobre Margotto, a J&F afirma que nenhum de seus executivos "teve ou tem qualquer relação" com ele.

As defesas de Cunha e de Funaro não responderam aos contatos feitos pela reportagem. A de Eike não foi encontrada para comentar a afirmação de Margotto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, afirmou em decisão desta sexta-feira, 10, que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) tentou intimidar o presidente da República, Michel Temer, no processo penal que responde pelo recebimento de R$ 5 milhões de propinas em um contrato da Petrobras, na África. O magistrado negou pedido de liberdade apresentado pela defesa do ex-deputado.

"Não se pode permitir que o processo judicial seja utilizado para essa finalidade, ou seja, para que parte transmita ameaças, recados ou chantagens a autoridades ou a testemunhas de fora do processo", registrou Moro, ao negar que Cunha fosse colocado em liberdade.

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O ex-presidente da Câmara está preso, preventivamente, em Curitiba desde outubro de 2016.

Moro considerou que Cunha tentou pressionar Temer para que ele interferisse na Lava Jato, em seu favor. Para isso, citou as perguntas dirigidas ao presidente da República, que foi arrolado pelo ex-deputado como sua testemunha de defesa no processo.

"Tais quesitos, absolutamente estranhos ao objeto da ação penal, tinham, em cognição sumária, por motivo óbvio constranger o Exmo. Sr. Presidente da República e provavelmente buscavam com isso provocar alguma espécie de intervenção indevida da parte dele em favor do preso", afirmou Moro.

"Isso sem olvidar outros quesitos de caráter intimidatório menos evidente."

Na decisão desta sexta, Moro destacou algumas perguntas dirigidas pela defesa de Cunha a Temer - que respondeu aos questionamentos por escrito.

"Qual a relação de Vossa Excelência com o Sr. José Yunes?; O Sr. José Yunes recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB?; Caso Vossa Excelência tenha recebido, as contribuições foram realizadas de forma oficial ou não declarada?."

Homem de confiança de Temer, o advogado Yunes ocupava cargo de assessor no Planalto. Seu nome teria sido citado em um dos termos de delação premiada da Odebrecht - o que provocou seu pedido de demissão do cargo.

Segundo Moro, "a pretexto de instruir a ação penal, Eduardo Cosentino da Cunha apresentou vários quesitos dirigidos ao Exmo. Sr. Presidente da República que nada diziam respeito ao caso concreto". As perguntas, segundo o juiz, "não têm a mínima relação com o objeto da ação penal" e foram indeferidas por ele, em novembro de 2016.

"A conduta processual do acusado Eduardo Cosentino da Cunha no episódio apenas revela que sequer a prisão preventiva foi suficiente para fazê-lo abandonar o modus operandi, de extorsão, ameaça e chantagem, que foi objeto de longa descrição na preventiva e ainda na decisão de 4 de maio de 2016 na Ação Cautelar 4070/DF do eminente ministro Teori Zavascki (relator da Lava Jato no STF, morto em 19 de janeiro em acidente de avião)."

Nesta quarta-feira, 8, ao ser interrogado por Moro como réu no processo, Cunha voltou a citar Temer. O peemedebista afirmou que o presidente participou de reunião, em 2007, em que teria sido discutida a indicação de agentes públicos na Petrobrás.

Legado

Na decisão desta sexta, Moro enalteceu Teori e usou seus argumentos para manter Cunha preso preventivamente.

"O curso da ação penal deu ainda mais razão a este Juízo e aos argumentos emprestados do eminente Ministro Teori Zavascki. Nem mesmo a prisão preventiva de Eduardo Cosentino da Cunha o impediu de prosseguir com o mesmo modus operandi, já apontado pelo eminente Ministro Teori Zavascki, de extorsão, ameaça e intimidações."

Cunha é acusado no processo de ter recebido 1,3 milhão de francos suíços - equivalente a cerca de US$ 1,5 milhão - de propinas, entre maio de 2011 e junho de 2011 em conta secreta em nome de Orion SP e da qual era o beneficiário final e que mantinha no Banco Julius Bar na Suíça.

O dinheiro seria sua parte na propina pela compra dos direitos de exploração de petróleo, pela Petrobras, em Benin, na África, via Diretoria de Internacional da estatal. A área era cota do PMDB no esquema de corrupção alvo da Lava Jato.

"O ex-parlamentar jamais declarou essas contas, esses recursos ou as empresas nominalmente titulares dos recursos ao Banco Central ou à Receita Federal e igualmente omitiu-os em depoimento prestado na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara sobre a Petrobras" registra Moro, ao resumir na acusação.

O juiz lembra que a denúncia foi recebida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 22 de junho de 2016, pelo então relator, ministro Teori Zavascki - morto tragicamente em acidente de avião no dia 19 de janeiro.

Com a perda de mandato de Cunha, em 12 de setembro, o processo foi enviado a Moro dois dias depois.

Liberdade

Na decisão desta sexta, o juiz da Lava Jato lembra que no STF outros pedidos de liberdade apresentados por Cunha foram negados anteriormente.

Moro cita ainda que Cunha apresentou atestados médicos para provar que tem um aneurisma cerebral - fato revelado por ele, em seu primeiro interrogatório na Lava Jato, em Curitiba, realizado nesta quarta-feira, 8.

"Não há causa para a revogação da preventiva do acusado Eduardo Cosentino da Cunha e que deve ser mantida, pelo menos, até julgamento da ação penal, o que deve ocorrer em breve, já que caminha-se para alegações finais. No caso de eventual condenação, analisarei novamente", decidiu Moro.

"É a lei que determina que a prisão preventiva deve ser mantida no

O juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, negou nesta sexta-feira, 10, pedido de liberdade feito pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB).

"Não há causa para a revogação da preventiva do acusado Eduardo Cosentino da Cunha e que deve ser mantida, pelo menos, até julgamento da ação penal, o que deve ocorrer em breve, já que caminha-se para alegações finais. No caso de eventual condenação, analisarei novamente", decidiu Moro.

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O ex-deputado está preso desde outubro de 2016, preventivamente, em Curitiba. O peemedebista é acusado de ter recebido R$ 5 milhões em propinas em um negócio de compra de campos de exploração de petróleo, em Benin, na África, via Diretoria de Internacional - área que era cota do PMDB na Petrobras.

"É a lei que determina que a prisão preventiva deve ser mantida no presente caso, mas, na esteira do posicionamento do eminente e saudoso Ministro Teori Zavascki nos aludidos julgados, não será este Juízo que, revogando a preventiva de Eduardo Cosentino da Cunha, trairá o legado de seriedade e de independência judicial por ele arduamente construído na condução dos processos da Operação Lava Jato no âmbito Supremo Tribunal Federal, máxime após a referida tentativa feita pelo acusado de intimidar a Presidência da República no curso da ação penal."

Mesmo preso, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acompanha as notícias a seu respeito e relata sobre sua situação. Nesta quinta-feira, 9, o ex-deputado escreveu um bilhete - que autodenomina uma "nota" - de próprio punho na prisão, no qual reforça as críticas às condições de segurança e atendimento médico do presídio onde se encontra e rebate as informações divulgadas pelo Departamento Penitenciário (Depen) do Paraná sobre sua recusa em fazer exames médicos.

"Lamento que o Governo do Estado do Paraná, tão bem conduzido pelo governador Beto Richa (PSDB), tenha auxiliares que buscam holofote para se aproveitarem da situação de notoriedade do meu caso, ao invés de zelar pelo cumprimento da Lei de Execução Penal, que não é cumprida no Complexo Médico Penal do Paraná", escreveu Cunha, em manuscrito.

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Na terça-feira, 7, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Cunha disse possuir um aneurisma cerebral. No dia seguinte, o diretor do Depen do Paraná, Luiz Alberto Cartaxo, afirmou que Cunha foi convocado para fazer exames médicos que serviriam para comprovar a doença, mas se recusou a passar pelos procedimentos. Pela recusa, Cunha recebeu um registro de infração leve em sua ficha criminal.

Cunha diz ter recebido um tratamento "desrespeitoso" por um médico ortopedista no departamento médico do presídio e relata que não recebeu nenhuma notificação por escrito sobre a necessidade de passar pelo procedimento. "(...) Se dizendo médico do juízo, mas sem me apresentar qualquer notificação por escrito, quis me constranger a realizar um exame de ressonância magnética com contraste na forma e local que ele entendesse, o que não concordei", escreveu o ex-deputado.

O peemedebista disse ter se colocado à disposição para fazer o exame, desde que sob determinação da Justiça e em local orientado pelo seu médico particular, onde seja atendido pelo plano de saúde. "Por se tratar de um exame cerebral com contraste que possui risco, alertado até pelo médico ortopedista, não vou me submeter ao risco, salvo orientado", escreveu Cunha.

Na noite de quarta, 8, a defesa do ex-deputado protocolou na Justiça do Paraná exames de imagem feitos em 2015 e 2016, além de laudos de dois médicos sobre o aneurisma. Em um dos casos, há indicação de reavaliações médicas semestrais sobre a situação de saúde do ex-deputado. Os exames foram feitos no Hospital Sírio-Libanês e no Americas Medical City. De acordo com Cunha, um novo exame "só poderá constatar a mesma situação ou mais grave, jamais o sumiço natural de um aneurisma cerebral".

Nessa quarta, Cartaxo afirmou que Cunha relatou o problema de saúde no dia 21 de dezembro, quando deu entrada no Complexo-Médico Penal. Segundo o diretor do Depen, na ocasião os médicos solicitaram que Cunha encaminhasse os exames médicos ao Estado, o que não havia sido feito. Ele nega a solicitação e, em trecho sublinhado no manuscrito, diz que "jamais" recebeu solicitação de cópia dos exames.

A Moro, Cunha comparou seu aneurisma ao "mal que acometeu a ex-primeira-dama Marisa Letícia" e disse que no presídio "são várias as noites em que os presos lutam sem sucesso por tratamento médico e não são ouvidos". Na carta, Cunha reitera as críticas: "reafirmo que o presídio não possui nem condições de segurança, bem como de atendimento à emergência médica". Ele diz ainda que "o protocolo prevê" requisição de escolta da Polícia Federal em casos de urgência médica para encaminhamento a hospital "cujo tempo e disponibilidade são incertos".

"Reitero que a garantia da minha segurança, assim como da minha garantia de atendimento médico de emergência é de responsabilidade do juízo da 13ª Vara Federal e do Depen do Paraná", completa.

O manuscrito foi feito em uma folha de caderno, utilizada na frente e no verso, e foi assinado por Cunha.

Nessa quarta, o diretor do Depen do Paraná rebateu as críticas de Cunha sobre a segurança do presídio e disse que a enfermidade não impedia que o ex-deputado permanecesse sob custódia do Estado. "A afirmativa que ele fez de que o CMP (Complexo Médico Penal) não oferece condições de custódia para ele eu contesto veementemente", disse o diretor, na quarta-feira.

Preso desde outubro, Cunha tem pendentes de análise um habeas corpus que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) e um pedido de liberdade protocolado a Moro.

A defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) entregou nesta quarta-feira, 8, ao juiz federal Sérgio Moro - dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba - laudos médicos que atestam um "aneurisma intracraniano na artéria cerebral esquerda".

O ex-deputado revelou o problema ao juiz Sérgio Moro nesta terça-feira, 7, ao ser interrogado pela primeira vez como réu da Lava Jato. Ele está preso desde outubro de 2016, em Curitiba.

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Nesta quarta, o Departamento Penitenciário do Paraná pretendia fazer exames médicos para comprovar a doença, mas Cunha não quis se submeter aos procedimentos. O diretor do Depen, Luiz Alberto Cartaxo, relata que o ex-deputado informou ao corpo médico do Complexo-Médico Penal (CMP) em 21 de dezembro possuir a doença, mas não encaminhou os exames relativos ao diagnóstico do aneurisma.

Sua defesa protocolou na Justiça uma série de laudos indicando que o problema foi identificado em 2015 e que ele deve passar por avaliações periódicas a cada seis meses.

Cunha pediu ainda a revogação de sua prisão ao juiz Sérgio Moro, alegando que ele não oferece mais riscos de fugo ou a ordem pública.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou nesta terça-feira, 7, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que é alvo de um processo político e que corruptores internacionais são poupados.

"Gostaria também de dizer que estamos com um processo político aqui e que empresas estrangeiras, queria protestar, são poupadas de responsabilização e empresas brasileiras pagam bilhões no exterior além da perda de mercado."

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Cunha foi interrogado como réu em uma ação penal em que é acusado de ter recebido em suas contas na Suíça propinas de ao menos R$ 5 milhões referentes à aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.

O negócio foi tocado pela Diretoria Internacional da estatal, cota do PMDB no esquema de corrupção.

O Ministério Público Federal sustenta que parte destes recursos foi repassada para Cláudia Cruz, mulher de Cunha, também em contas no exterior - a transação está sendo investigada em outra ação, específica contra a mulher do peemedebista.

"A ação penal é indivisível, mas não houve, por exemplo, a responsabilização da Keppel Fels na sentença divulgada na semana passada, apesar da imputação direta da empresa pelo delator Zwi (Skornicki), ou da Samsung, onde é publica sua participação nos crimes de corrupção, que depôs o presidente da Coreia", afirmou Cunha, ao final da audiência que durou cerca de três horas.

"As punições não podem ser seletivas e poupar os corruptores internacionais. Falo com a autoridade de quem foi responsável pelo impeachment da ex-presidente da República para defender a legalidade no nosso País."

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