Tópicos | FABRÍCIO QUEIROZ

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota nesta sexta-feira, 20, em que protesta contra o tratamento dado pelo presidente Jair Bolsonaro a jornalistas nesta manhã na saída do Palácio da Alvorada. Para a entidade, as respostas exaltadas do presidente com ataques pessoais, caracterizam assédio moral aos profissionais.

Bolsonaro se irritou com as perguntas dos jornalistas e não respondeu várias das indagações. "Você tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual", disse a um repórter quando questionado se Flávio teria cometido algum deslize.

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Com dedo em riste, o presidente mandou jornalistas "ficarem quietos" mais de uma vez.

Um outro jornalista perguntou se ele teria o comprovante do empréstimo, de R$ 40 mil a Fabrício Queiroz que segundo o presidente, foi ele mesmo que fez. "Oh, rapaz, pergunte para a tua mãe o comprovante que ela deu ao teu pai, está certo?" foi a resposta de Bolsonaro.

Na nota, a Abraji diz que "foram mais de uma dezena de ocasiões ao longo do primeiro ano de mandato em que o presidente teve atitude semelhante. Os apoiadores do presidente que também o aguardam na porta do Alvorada costumam celebrar os ataques, acentuando o clima de intimidação contra os repórteres".

"Atacar jornalistas como forma de evitar prestar informações de interesse público e receber aplausos de apoiadores é ação incompatível com o respeito ao trabalho da imprensa, fundamental para a democracia", concluiu a entidade na nota.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou, nesta sexta-feira (20), que desde o ano passado investigam seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), e "não acham nada". O presidente falou sobre as investigações envolvendo seu filho na portaria do Palácio do Alvorada ao ser questionado por jornalistas sobre o assunto.

"Você já viu o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro investigar qualquer pessoa, qualquer ato de corrupção, qualquer agente público do Estado? Olha que é o Estado mais corrupto do Brasil", afirmou o presidente ao ser questionado sobre como via os indícios levantados pelo MP do Rio sobre o caso.

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"Já foram em cima do MP ver se vão investigar o Witzel (governador do Rio, Wilson Witzel)? Vocês repararam que, na véspera desse novo caso Flávio, a Polícia Federal mostrou operação na Paraíba onde um dos delatores pegou R$ 115 mil de Caixa 2 para campanha, bem como a loteria da Paraíba faz negócio com a Loterj, do RJ", acrescentou Bolsonaro.

O presidente ainda lembrou do depoimento do porteiro do seu condomínio sobre o caso da morte da vereadora Marielle Franco. "A polícia civil dele (Witzel) armou o porteiro do meu condomínio, que os dois suspeitos de matar a Marielle, ligaram na minha casa na quarta-feira. Vocês já foram perguntar ao governador Witzel?"

Sobre as buscas feitas na operação do Ministério Público do Rio que mirou o senador Flávio Bolsonaro, o presidente disse que houve busca e apreensão em casas de pessoas que não tinham nada a ver com o fato. Bolsonaro disse ainda, sobre a franquia da loja de chocolate do filho: "As franquias são controladas. Ninguém lava dinheiro em franquia."

O presidente ainda comentou a acusação feita pelo MP do Rio sobre o fato de Flávio ter feito depósitos, parcelados, de R$ 2 mil no caixa eletrônico. "Depósito de R$ 2 mil é o limite para ser colocado via caixa eletrônico."

Questionado se considera o filho inocente, Bolsonaro respondeu: "Não sou juiz."

A investigação do MP do Rio mira suposto esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, quando ele era deputado estadual.

O advogado Paulo Klein, que representava Fabrício Queiroz, deixou o caso na quinta-feira (19), um dia depois do ex-assessor parlamentar ser alvo de buscas e apreensões no inquérito que apura suposto esquema de "rachadinhas" no gabinete do então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Ele alegou "questões de foro íntimo" para abandonar a causa.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, Klein repetiu o motivo da saída, mas não quis dar detalhes.

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O advogado assumiu a defesa da família Queiroz no dia 18 de dezembro do ano passado, 12 dias após a revelação da investigação pela reportagem.

Mais cedo, Klein afirmou que o Ministério Público "distorce" os repasses de R$ 2 milhões registrados na conta de Queiroz.

Segundo a Promotoria, o ex-assessor teria recebido R$ 2.062.360,52 por meio de 483 depósitos feitos por assessores subordinados ou indicados por Flávio Bolsonaro.

"Se contextualizarmos os fatos, os referidos valores foram recebidos ao longo de 10 anos, repita-se, 10 anos, sendo que na sua quase totalidade fruto dos rendimentos da própria família que, como dito, centralizava seus pagamentos na conta do sr. Fabrício", diz a nota enviada pela manhã pelo advogado.

Queiroz foi um dos alvos de operação de busca e apreensão decretada pelo juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau no inquérito. Segundo a Promotoria, Queiroz recebia parcelas do salário de servidores indicados pelo deputado por meio de depósitos bancários. Em seguida, realizava saques para repassar os valores.

A família Queiroz integra o grupo de 12 servidores que teria recebido cerca de R$ 6,1 milhões da Assembleia Legislativa do Rio e repassado ao menos R$ 1,8 milhões para a conta do ex-assessor de Flávio e sacado cerca de R$ 2,9 milhões em espécie para entrega em mãos, apontou o Ministério Público. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em vídeo publicado no YouTube nesta quinta-feira, 19, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, disse que os parentes de Ana Cristina Siqueira Valle cujos endereços foram alvos nesta quarta-feira, 18, de mandados de busca e apreensão no contexto de uma investigação do Ministério Público do Rio (MP-RJ) trabalharam de fato como seus ex-assessores. Ana Cristina é ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro.

"As pessoas trabalhavam em Resende, e como era uma distância longa da cidade até o meu gabinete, trabalhavam lá. Todo político tem isso. Nem sempre os assessores ficam dentro do gabinete", argumentou o senador. Para o MP, há indícios de que estes ex-assessores poderiam ser funcionários-fantasmas do gabinete de Flávio, então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

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Apartamentos

No vídeo, o senador se defendeu das suspeitas levantadas pelo MP-RJ de que teria lavado dinheiro obtido por meio de suposta prática de "rachadinha" comprando dois apartamentos em Copacabana, no Rio. A operação envolve R$ 638,4 mil.

"Só porque consegui comprar um apartamento num preço bom, estou lavando dinheiro? São duas quitinetes que eu comprei, de 29 m2, sem vaga na garagem, 'cacarecadas', em Copacabana. Comprei de um grupo de investidores americanos que estava saindo do Brasil e eles me ofereceram três imóveis. Como eu não tinha dinheiro, eu comprei só dois", disse o senador. "É óbvio que eu consegui um preço melhor porque eram dois imóveis dos mesmos vendedores. Eu tenho que comprar mais caro para não ter suspeita? Que loucura é essa?" questionou.

Segundo Flávio, as acusações do MP fazem parte de uma "perseguição absurda do Rio de Janeiro em cima de mim porque querem me atingir para tentar atingir o presidente da República", Jair Bolsonaro, de quem é filho. O senador também disse que tem um patrimônio "muito menor" do que afirmaria o MP, de R$ 9 milhões. No entanto, o parlamentar não citou valores.

Boleto

Sobre a afirmação do MP de que o policial militar Diego Sodré de Castro Ambrósio teria pago um boleto de R$ 16.564,81 emitido em nome da esposa do senador, Fernanda Bolsonaro, o parlamentar disse que Diego, que é seu amigo, teria pago o boleto porque "o banco já tinha fechado e eu não tinha aplicativo no telefone na época". O boleto é referente a uma parcela de um apartamento. O valor do pagamento não foi mencionado pelo senador no vídeo publicado.

"Qual o problema nisso? Aí vão cruzar as informações dos depósitos bancários... Como ele Diego é um pequeno empresário bem-sucedido, comprava produtos na minha loja no final do ano para dar de presente para os seus clientes", disse Flávio, em referência à loja de chocolates da qual é sócio em um shopping center na Barra da Tijuca, no Rio e Janeiro.

O senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) chamou de "absurdas" as suspeitas de que a loja de chocolates da qual é sócio em um shopping center na Barra da Tijuca seria usada para lavar dinheiro advindo de suposta prática de "rachadinha" durante o tempo em que foi deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Em um vídeo publicado no YouTube nesta quinta-feira, 19, Flávio se defendeu do que definiu como uma "narrativa absurda". "Se quisesse lavar dinheiro, não abriria uma franquia, que tem controle externo", explicou. Segundo o filho primogênito do presidente Jair Bolsonaro, também faz sentido que ele receba mais dividendos da loja do que seu sócio, apesar de ambos terem 50% do empreendimento, porque ele leva "mais clientes à loja". "Não é natural que na hora da distribuição dos lucros eu tenha uma parte maior? Qual o problema nisso?"

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O parlamentar disse que comprou a loja em parceria com sua esposa, Fernanda Bolsonaro, com quem é casado em regime de comunhão parcial de bens. "Nossos bens se comunicam, não tem nenhum problema ela pagar uma parte da loja que a gente comprou."

Sobre a grande quantidade de depósitos em dinheiro recebida pela loja de chocolates, o senador disse que se trata de outra obviedade. "As pessoas pagam em dinheiro, é óbvio, energúmenos."

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O senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) se pronunciou nesta quinta-feira, 19, por meio de um vídeo no YouTube, a respeito dos mandados de busca e apreensão cumpridos nesta quarta-feira, 18, em endereços ligados a ele e a ex-assessores parlamentares do seu tempo na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A ação é um desdobramento de uma investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) sobre suposta prática de "rachadinha" no gabinete do então deputado estadual e que tem como pivô o ex-assessor Fabrício Queiroz.

Segundo Flávio Bolsonaro, trechos da investigação do MP têm sido vazados para a imprensa com a intenção de gerar desgaste a sua imagem "e para atingir o presidente Jair Bolsonaro", de quem ele é filho.

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O parlamentar também atacou o juiz que autorizou a operação, alegando que o juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio, é "motivo de chacota" e teria autorizado busca e apreensão "na casa de pessoas que sequer estavam no procedimento do MP". Além disso, disse que o MP deveria investigar o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), que, segundo o senador, empregaria a filha do magistrado em seu gabinete.

"A Nathalia Nicolau trabalha com o governador Wilson Witzel. Está lá até hoje. É uma boquinha que parece ser boa, MP. Vocês podem investigar. Inclusive ouço falar que ela não aparece muito por lá, não. É bom vocês investigarem se não tem um funcionário fantasma dentro do gabinete do governador, que é filha do juiz Flávio Itabaiana", disse o senador.

Foro privilegiado

No vídeo, Flávio afirmou ainda que não está recorrendo ao foro privilegiado por vontade própria, mas simplesmente porque "é o que diz a legislação".

"Não estou aqui pedindo foro privilegiado, isso está fora da minha escolha. É o que diz a legislação. Vamos tomar as providências", disse o parlamentar.

Conforme revelou o Broadcast Político nesta quinta-feira, 19, a defesa de Flávio Bolsonaro entrou com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). A relatoria do caso foi designada para o ministro Gilmar Mendes.

As operações de compra e revenda de dois apartamentos em Copacabana de Flávio e Fernanda Bolsonaro entraram na mira do Ministério Público Rio por suposta "simulação de ganhos artificialmente produzidos" de R$ 800 mil para o casal. A Promotoria acredita que as transações podem ter sido feitas para lavar parte dos recursos das "rachadinhas" da Assembleia Legislativa do Rio e investiga o americano Gleen Howard Dillar, que vendeu os imóveis ao casal Bolsonaro com suposto subfaturamento e recebimento de valores "por fora".

Essa e outras suspeitas culminaram na ação realizada pela Promotoria nesta quarta-feira, 18, que fez buscas em endereços ligados a Flávio, a seu ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz e a familiares de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro.

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Gleen Howard Dillar não foi alvo das medidas, mas teve seu sigilo telefônico quebrado para que a Promotoria possa apurar sua participação na suposta lavagem do dinheiro das rachadinhas da Assembleia do Rio, na época em que Flávio exercia o mandato de deputado estadual.

No relatório enviado à 27.ª Vara Criminal do Rio para desencadeamento da ação, o Ministério Público relata que Flávio e Fernanda compraram, em novembro 2012, dois apartamentos em Copacabana, um na Avenida Prado Júnior e outro na Rua Barata Ribeiro, por respectivamente R$ 140 mil e R$ 170 mil. Os dois imóveis foram vendidos na mesma data e pelo mesmo procurador, o americano.

Segundo o Ministério Público, o casal decidiu revender o apartamento da Barata Ribeiro um ano depois, em novembro de 2013, por R$ 573 mil. O lucro obtido foi de 237%, enquanto, no mesmo período, os imóveis da região valorizaram 9%.

Meses depois, em fevereiro de 2014, o segundo apartamento foi vendido, por R$ 550 mil, gerando um lucro ainda maior, de R$ 292%. Na época, a média de valorização imobiliária da região não passou de 11%.

A "lucratividade excessiva" entre os preços de compra dos apartamentos e o valor das posteriores vendas chamou atenção da Promotoria, que acredita que houve subfaturamento de registros na compra dos imóveis.

O Ministério Público indica que o apartamento da Avenida Prado Júnior foi vendido para Flávio por valor abaixo do preço de aquisição. Além disso, segundo os promotores, o subfaturamento dos valores declarados na venda de tal imóvel seria "evidente" uma vez que "representaria um inexplicável prejuízo de 30% em apenas um ano, equivalente a R$ 60 mil em valores brutos".

"A compra e revenda dos dois imóveis (apartamentos em Copacabana) simulou ganhos de capital artificialmente produzidos em torno de R$ 800 mil para Flávio Bolsonaro e sua esposa, dobrando ou quase triplicando de valor em pouco mais do que um ano, com claro objetivo de lavar parte dos recursos em espécie obtidos ilicitamente através do esquema das 'rachadinhas' de servidores da Assembleia Legislativa do Rio através da incorporação ao patrimônio imobiliário do casal".

Para registrar preços subfaturados nas escrituras de venda para o casal Bolsonaro, o procurador teria recebido "por fora" os pagamentos de valores não declarados na escrituras, segundo os promotores.

"Dessa forma, ambas as partes teriam êxito nos seus propósitos criminosos, pois o parlamentar integraria parte dos recursos em espécie sacados por seus assessores ao patrimônio do casal, ao passo que o procurador receberia tais recursos 'por fora', sem precisar repassá-los aos proprietários dos imóveis vendidos por preços subfaturados", dizem os promotores no texto.

O relatório submetido à 27.ª Vara Criminal do Rio relata que Fernanda e Flávio realizaram os pagamentos oficiais pelo apartamento com cheques depositados em duas datas, referentes ao "sinal" das operações e ao restante dos valores.

Segundo a Promotoria, no dia em que assinou as escrituras dos apartamentos, Glenn Howard Dillard recebeu não só o pagamento dos valores supostamente subfaturados, mas também dois depósitos em dinheiro vivo, no valor total de R$ 638.400,00. Tais pagamentos "por fora" foram realizados na mesma agência onde foram depositados os cheques do casal Bolsonaro, diz o Ministério Público.

Defesas

A reportagem busca contato com a defesa do senador Flávio Bolsonaro, de sua esposa Fernanda Bolsonaro e do americano Gleen Howard Dillard. O espaço está aberto a manifestações.

Em nota, "a defesa técnica de Fabrício Queiroz destaca inicialmente que curiosamente o ex-deputado estadual e atual senador Flávio Bolsonaro não foi objeto de pedido de busca e apreensão, nada abstante todos os demais alvos da medida estejam a ele relacionados, o que, ao que parece, foi uma manobra para fugir da discussão quanto ao foro por prerrogativa de função uma vez que o próprio MP reconheceu que o Juízo da 27 Vara criminal seria incompetente. Mais uma vez valores milionários vem sendo apresentados de forma distorcida, para que a opinião pública veja ilegalidades onde não há. Se contextualizarmos os fatos, os referidos valores foram recebidos ao longo de 10 anos, repita-se, 10 anos, sendo que na sua quase totalidade fruto dos rendimentos da própria família que, como dito, centralizavam seus pagamentos na conta do sr Fabrício. No mais, embora se insistiam em criar escândalos, como já devidamente esclarecido, o Sr Fabrício Queiroz recebia parte dos salários de alguns assessores para aumentar a base de atuação do deputado, ou seja, com a mesma finalidade pública dos recursos, não constituindo qualquer ilegalidade. Por fim, o senhor Fabrício Queiroz e sua família aguardam com serenidade a oportunidade de apresentarem sua defesa em juízo, ocasião que certamente os fatos serão analisados por um juiz imparcial e justo que reconhecerá que não houver qualquer crime praticado."

Após a operação do Ministério Público do Rio de Janeiro que mirou o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), a defesa do parlamentar entrou com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). O caso, que tramita sob sigilo, está sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes.

Foram cumpridos ontem 24 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Flávio, a seu ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz e a familiares de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro.

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A investigação mira suposto esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, quando ele era deputado estadual.

Em dezembro de 2018, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) encontrou movimentações atípicas nas contas bancárias de Queiroz, por onde passou R$ 1,2 milhão, entre saques e depósitos. A troca de informações entre o Coaf e o MP-RJ fez a ação ser paralisada por quatro meses por decisão tomada pelo presidente do Supremo, Dias Toffoli, em julho.

Na prática, como o habeas corpus de Flávio foi protocolado na noite da última quarta-feira, 18, no Supremo, às 23h43, o processo ainda pode ser analisado por Gilmar Mendes, mesmo com o início do recesso do STF, que fez a sua última sessão plenária hoje.

Procurada, a defesa de Flávio Bolsonaro não respondeu à reportagem até a publicação deste texto para esclarecer o pedido apresentado ao Supremo.

Fontes que acompanham o caso acreditam que as maiores chances de o senador obter uma vitória no Supremo e paralisar novamente as investigações seria durante o período do recesso, que ficará sob comando de Toffoli e do vice-presidente do STF, ministro Luiz Fux, até o final de janeiro. Tanto Toffoli quanto Fux já deram - também durante o plantão do Supremo - liminares que beneficiaram o filho do presidente da República neste ano.

Inteligência

Nesta quinta-feira, 19, o presidente Jair Bolsonaro respondeu com insinuações sobre o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), ao ser questionado sobre a operação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) em endereços do "filho 01", e de seus assessores.

"Vocês sabem o caso do Witzel, foi amplamente divulgado aí, inteligência levantou, já foi gravado conversa entre dois marginais citando meu nome para dizer que eu sou miliciano. Armaram", disse o presidente, sem deixar claro sobre qual levantamento de "inteligência" se referia.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ver "exagero" na investigação de suspeitas de "rachadinha" envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. O Ministério Público do Rio de Janeiro fez, nessa quarta-feira (18), pela primeira vez, uma operação ostensiva para procurar provas sobre eventuais crimes de lavagem de dinheiro e peculato neste caso.

"Se dá muita publicidade a isso, está no início da investigação. Está se criminalizando a pessoa (Flávio) sem dar o direito a defesa. Algumas coisas muito exageradas", afirmou Maia nesta quinta-feira (19) durante café da manhã com jornalistas na residência oficial da presidência da Câmara. Ele disse não ter conversado com o presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto.

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Para Maia, a investigação sobre o filho do presidente não deve ser usada por parlamentares para atingir o governo. "Se for intenção de parte do Parlamento de enfraquecer o governo vai ser nas matérias que serão votadas, com derrotas ou derrubando vetos, mas entrar nessa seara da família do presidente para desgastar o governo, acho que não tem espaço na Câmara nem no Senado", disse o presidente da Câmara.

Maia ainda elogiou o filho "01" de Bolsonaro, dizendo ser o "mais tranquilo" dos filhos políticos do presidente. "O Flávio tem muito respeito no Parlamento. Dos três irmãos, é o mais tranquilo, sempre teve um bom diálogo", comparou Maia, em referência ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e ao vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC).

Após as novas revelações envolvendo o senador Flávio Bolsonaro e seu ex-assessor Fabrício Queiroz, a defesa do suposto operador do esquema do parlamentar bateu na mesma tecla de quando foi revelada a investigação pelo jornal O Estado de S. Paulo, há pouco mais um ano. Para o advogado Paulo Klein, que representa Queiroz, o Ministério Público "distorce" os números, já que o valor de R$ 2 milhões foi recebido pelo ex-assessor num período de dez anos.

"Se contextualizarmos os fatos, os referidos valores foram recebidos ao longo de 10 anos, repita-se, 10 anos, sendo que na sua quase totalidade fruto dos rendimentos da própria família que, como dito, centralizava seus pagamentos na conta do sr. Fabrício", diz a nota enviada na manhã desta quinta-feira (19) pelo advogado.

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Outro ponto abordado por Paulo Klein é a suposta manobra do MP para driblar um direito a foro privilegiado que Flávio Bolsonaro poderia ter. "(…) curiosamente o ex-deputado estadual e atual senador Flávio Bolsonaro não foi objeto de pedido de busca e apreensão, nada obstante todos os demais alvos da medida estejam a ele relacionados, o que, ao que parece, foi uma manobra para fugir da discussão quanto ao foro por prerrogativa de função uma vez que o próprio MP reconheceu que o Juízo da 27ª Vara Criminal seria incompetente."

Nesse ponto, o advogado se refere a um parecer emitido por uma procuradora do MP estadual que defendeu que, por ser deputado estadual na época dos supostos crimes praticados, Flávio teria direito a ser julgado pela segunda instância do Rio, ou seja, pelo Tribunal de Justiça.

A investigação do MP que embasou a operação da manhã desta quarta-feira, 18, mostrou que Queiroz recebeu R$ 2 milhões em depósitos feitos por 13 ex-assessores do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, a Alerj, o que confirmaria a prática de "rachadinha".

O argumento da defesa, de que o valor não é anormal se considerado o espaço de tempo em análise, também foi usado quando o Estado revelou o relatório do Coaf que detectou "movimentação atípica" de R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz no período de 1 ano.

A íntegra da nota da defesa de Queiroz

"A defesa técnica de Fabrício Queiroz destaca inicialmente que curiosamente o ex-deputado estadual e atual senador Flávio Bolsonaro não foi objeto de pedido de busca e apreensão, nada abstante todos os demais alvos da medida estejam a ele relacionados, o que, ao que parece, foi uma manobra para fugir da discussão quanto ao foro por prerrogativa de função uma vez que o próprio MP reconheceu que o Juízo da 27 Vara criminal seria incompetente. Mais uma vez valores milionários vem sendo apresentados de forma distorcida, para que a opinião pública veja ilegalidades onde não há. Se contextualizarmos os fatos, os referidos valores foram recebidos ao longo de 10 anos, repita-se, 10 anos, sendo que na sua quase totalidade fruto dos rendimentos da própria família que, como dito, centralizavam seus pagamentos na conta do sr Fabrício. No mais, embora se insistiam em criar escândalos, como já devidamente esclarecido, o Sr Fabrício Queiroz recebia parte dos salários de alguns assessores para aumentar a base de atuação do deputado, ou seja, com a mesma finalidade pública dos recursos, não constituindo qualquer ilegalidade. Por fim, o senhor Fabrício Queiroz e sua família aguardam com serenidade a oportunidade de apresentarem sua defesa em juízo, ocasião que certamente os fatos serão analisados por um juiz imparcial e justo que reconhecerá que não houver qualquer crime praticado."

O advogado Frederick Wassef, defensor do senador Flávio Bolsonaro (sem partido - RJ), disse, nesta quarta-feira (18), que não teme os resultados da nova incursão do Ministério Público (MP) do Rio contra seu cliente.

Wassef afirmou que ainda não teve acesso à decisão judicial que autorizou buscas em 24 endereços, inclusive de alvos ligados a Flávio e a Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, e que pretende tomar medidas contra o vazamento da operação.

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Wassef disse que conversou com Flávio sobre a ofensiva do Ministério Público, desencadeada depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) destravou a investigação relativa a dados compartilhados pela Unidade de Inteligência Financeira, antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou movimentações atípicas nas contas do ex-assessor Fabrício Queiroz.

Desde as primeiras horas desta quarta, os promotores fazem buscas. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estadão/Broadcast.

A operação se dá no âmbito da investigação que apura suposto esquema de lavagem de dinheiro e peculato no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio quando ele exercia mandato de deputado estadual.

Além de Queiroz, são alvo da operação familiares do ex-assessor e de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro. A investigação mira suposto esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio na Assembleia.

"O Flávio está surpreso (com a operação desta quarta), mas zero de preocupação. Como eu também. Nada de ilegal vão encontrar, como não encontraram na quebra do sigilo bancário e fiscal", disse Frederick Wassef.

O advogado disse que os investigadores "não vão lograr êxito, nada de errado vão encontrar porque jamais existiu esquema de 'rachadinha' no gabinete do meu cliente".

Sobre a operação desta quarta, ele protestou enfaticamente. "Invadiram a empresa do meu cliente, mas certamente não vão encontrar nada, simplesmente porque não existe nada que o comprometa. Vão pegar documentos, informações do dia a dia de uma empresa de chocolates, nada mais", declarou.

Wassef considera que uma medida cautelar dessa natureza é previsível dentro de alguma investigação, mas ele protesta contra o que chama de "vazamento da operação" e, mais ainda, como as buscas são realizadas e seus reflexos na rotina da empresa.

"Arrombaram a porta, pelo que sei, um absurdo. Imagine o estrago que isso causa, clientes assustados, temerosos de comprar alguma coisa." Wassef argumenta que o que está se comentando no Rio é que está havendo uma série de ilegalidades e arbitrariedades nessas buscas.

"Estão buscando materiais de pessoas que nunca trabalharam no gabinete do Flávio, jamais. Coisas estão sendo apreendidas, estão pegando de todo mundo, indiscriminadamente. Alguma ilegalidade está sendo cometida na operacionalização da medida", finalizou.

A operação de busca e apreensão realizada pelo Ministério Público do Rio, na manhã desta quarta-feira (18), atingiu o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), Fabrício Queiroz, e a ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. Também tiveram os endereços visitados pelos agentes nove parentes de Ana Cristina, a mulher e a enteada de Queiroz.

Todos estiveram lotados no gabinete de Flávio em diferentes momentos de seu mandato na Assembleia Legislativa do Rio, entre 2003 e 2018, e estão entre os que tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça Rio, a pedido do Ministério Público, em maio deste ano.

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A operação se dá no âmbito da investigação que apura suposto esquema de lavagem de dinheiro e peculato no gabinete de Flávio na Alerj quando ele era deputado estadual.

Veja quem são os atingidos pela ação:

Ana Cristina Siqueira Valle: casada com Bolsonaro por dez anos, entre 1998 e 2008, tem nove parentes investigados no inquérito do MP que apura um suposto esquema de repasse de salários de servidores a deputados da Assembleia Legislativa do Rio.

Fabrício Queiroz: ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj, pivô da investigação ao ter uma movimentação financeira suspeita detectada pelo Coaf.

Marcia Aguiar, mulher de Queiroz: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Evelyn Mayara, enteada de Queiroz: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

José Procópio Valle, pai de Ana Cristina e ex-sogro de Bolsonaro: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj e no de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina, ex-cunhada de Bolsonaro: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj e no de Bolsonaro na Câmara.

Francisco Diniz, primo de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Juliana Vargas, prima de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj e no de Bolsonaro na Câmara.

Daniela Gomes, tia de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Guilherme dos Santos Hudson, tio de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Ana Maria Siqueira Hudson, tia de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Maria José de Siqueira e Silva, tia de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Marina Siqueira Diniz, tia de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Defesas

A defesa de Fabrício Queiroz se disse surpresa com a medida de busca e apreensão. Em nota, o advogado Paulo Klein, que representa Queiroz, afirmou que está tranquilo. O espaço está aberto para as manifestações de defesa dos outros citados.

A defesa de Fabrício Queiroz se disse surpresa com a medida de busca e apreensão em andamento na manhã desta quarta-feira (18). Em nota, o advogado Paulo Klein, que representa Queiroz, afirmou que está tranquilo.

"A defesa de Fabrício Queiroz recebe a informação a respeito da recente medida de busca apreensão com tranquilidade e ao mesmo tempo surpresa, pois absolutamente desnecessária, uma vez que ele sempre colaborou com as investigações, já tendo, inclusive, apresentado todos os esclarecimentos a respeito dos fatos", disse Klein.

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"Ademais, surpreende que mesmo o MP reconhecendo que o juízo de primeira instância seria incompetente para processar e julgar qualquer pedido relacionado ao ex-deputado o tenha feito e obtido a referida decisão, repita-se, de forma absolutamente desnecessária."

'Rachadinha'

O Ministério Público do Rio cumpre diversos mandados de busca e apreensão em endereços de ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro na Alerj. Entre eles, está Fabrício Queiróz. As buscas estão sendo feitas em endereços de Queiroz no Rio e em Resende, no sul fluminense.

A investigação é sobre a prática de "rachadinha" no gabinete do então deputado estadual. A notícia foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Um ano após o jornal O Estado de S. Paulo revelar, em 6 de dezembro de 2018, que o PM Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar na Assembleia Legislativa fluminense, tivera em conta movimentações financeiras de R$ 1,2 milhão, atípicas e incompatíveis com seus ganhos, o Ministério Público do Rio retomará as investigações e seu foco: o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ).

O salvo-conduto para a retomada da apuração foi dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A corte considerou legal o compartilhamento de informações fiscais e bancárias com o MP. O parlamentar alegava ilegalidade e perseguição política na ação.

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Flávio virou alvo de suspeita após Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontar que Queiroz recebia depósitos regulares de colegas de gabinete. Essas movimentações ocorriam perto do pagamento de salários.

Para os promotores, esse era suposto indício de "rachadinha" - "devolução" de parte ou da totalidade dos salários ao deputado. Flávio disse, à época, que todos os "mandatos na Alerj foram pautados pela legalidade e pela defesa dos interesses da população."

O MP também apontou suposta ação de organização criminosa no gabinete de Flávio na Alerj e supostos sinais de que o hoje senador lavou o dinheiro na compra e venda de imóveis. O parlamentar acusou a promotoria de tentar atingir o governo do seu pai. O Coaf, porém, também apontou suspeitas de outros assessores, deputados e ex-deputados, no documento gerado na Operação Furna da Onça, sobre corrupção na Alerj.

Queiroz faltou a quatro convites para depor no Procedimento Investigatório Criminal (PIC) sigiloso do MP-RJ. Alegou problemas de saúde - trata-se de um câncer, do qual se operou no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Seu desaparecimento por meses rendeu à oposição um mote - "Cadê o Queiroz?" -, desfeito depois que o PM aposentado foi localizado pela revista Veja, na capital paulista.

O ressurgimento se tornaria incômodo em outubro, quando, em áudio, o ex-assessor foi flagrado afirmando que o MP teria "uma pica do tamanho de um cometa" para "enterrar" nele e em um interlocutor não identificado.

Outros ex-integrantes do gabinete também faltaram a depoimentos no MP. Apenas um, Agostinho da Silva, compareceu. Disse que entregava vencimentos ao ex-assessor, para que aplicação na compra e venda de carros.

O próprio Queiroz, após sustentar em entrevista ao SBT que "fazia dinheiro" comprando e vendendo veículos, apresentou ao MP defesa por escrito com versão modificada. Afirmou que recolhia os salários dos colegas de gabinete para redistribuí-los por mais gente, pagando militantes e ampliando a base de Flávio. O então deputado, de quem era assessor próximo, desconheceria a prática, segundo afirmou. Como o investigado não apresentou documentos (recibos, por exemplo) tornou-se difícil sustentar as alegações.

À medida que a investigação se aproximava de Flávio Bolsonaro - inclusive com a quebra de seu sigilo bancário e de dezenas de outras pessoas físicas e jurídicas ligadas a ele, determinada pelo juiz Flávio Itabaiana - aumentou o mal-estar no governo. "Venham para cima, não vão me pegar", reagiu o presidente.

O Planalto já se incomodara com a revelação de que o Coaf mostrou que tinham saído da conta de Queiroz R$ 24 mil para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, quando Jair Bolsonaro ainda era deputado federal, e ela, assessora parlamentar em Brasília. O presidente afirmou que se tratava do pagamento, na conta da sua mulher, de um empréstimo que fizera ao assessor do filho. Antecipou ainda que outras prestações poderiam aparecer. Como o ex-assessor do filho, não apresentou nenhum documento para comprovar o que dissera.

Foi nesse cenário de dificuldades que Flávio Bolsonaro tentou, por três vezes, suspender as investigações que enfrentava, sem consegui-lo. Só teve sucesso quando o criminalista Frederick Wassef, muito próximo dos Bolsonaros, foi ao Supremo Tribunal Federal. A defesa do senador alegou que, na prática, o sigilo bancário do parlamentar tinha sido quebrado, sem autorização do Poder Judiciário.

O presidente do STF, Dias Toffoli, acatou a argumentação e, em 15 de julho, suspendeu liminarmente as investigações baseadas no compartilhamento, até que o plenário da Corte se pronunciasse. Foram 136 dias de paralisia, sem que os promotores do Rio pudessem agir. Agora, a investigação será retomada, com a legitimidade dada pelo Judiciário. Assim como centenas de outras, atingidas pela mesma medida. O Coaf, porém, mudou de nome: agora é Unidade de Inteligência Financeira e foi transferido para o Banco Central (BC).

Na manhã desta quarta-feira (4), o o "caso Queiroz" entrou para os tranding topics do Twitter por compler 1 ano da revelação da antiga Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que identificou transações financeiras atípicas feitas por Fabrício Queiroz, ex-assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. A hashtag #ParabénsCasoQueiroz fez relembrar a falta de resultados nas investigações, em função das mais de uma paralisação no processo. 

O caso que segue com as investigações paradas desde julho, pode sofrer uma reviravolta com a nova decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que vai revogar a obrigatoridade da autorização judicial para o Ministério Público obter acesso a informações sigilosas, motivo pelo qual fez ministros suspenderem os processos di Coaf.  

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Relembre o caso

Em dezembro de 2018, a divulgação do relatório do Coaf fez gerar a primeira crise na família Bolsonaro, pois envolvia o filho mais velho do presidente recém-eleito Jair Bolsonaro. De acordo com o relatório do Coaf, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, movimentou, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, um valor de R$ 1,2 milhão, montante considerado pela Coaf como "incompatíveis” com o patrimônio e ocupação. Fabrício Queiroz era servidor público da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, cuja renda mensal era de R$8.517, além de um valor que ele ganha como policial militar aposentado.

À época, também foi apontado um depósito de R$ 24 mil realizado por Queiroz em benefício da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Jair Bolsonaro, por sua vez, disse que o depósito na conta da esposa era referente a um empréstimo de R$ 40 mil e que a conta da esposa teria sido usada por uma questão de “comodidade”.

Investigações foram suspensas por duas vezes

Outras sete pessoas ligadas a Flávio Bolsonaro fizeram transferências para a conta de Queiroz, conforme afirmou a Coaf. Entre os envolvidos está a filha do assessor parlamentar, Nathália Melo de Queiroz que trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj e depois foi funcionária de Jair Bolsonaro.

Em janeiro deste ano, Luiz Fux, ministro do STF, acatou o pedido da defesa de Flávio Bolsonaro e determinou a suspensão da investigação instaurada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. O filho do presidente argumentou que havia ilegalidades no processo de investigação criminal, como o acesso do órgão a informações sigilosas sem autorização judicial.

Em março, a decisão de Fux foi revogada pelo ministro Marco Aurélio. Com a retomada das investigações, tanto Flávio Bolsonaro, quanto Fabrício Queiroz foram novamente convocados a depor. Ambos não compareceram novamente.

No mês de julho o processo foi paralisado mais uma vez. O ministro Dias Toffoli entendeu que as investigações não poderiam ir adiante tendo em vista o compartilhamento de dados secretos, mesmo motivo da primeira suspensão feita pelo STF.

Reviravolta no processo investigativo

Contrariando a liminar de Dias Toffoli, que desautorizou o uso de informações sigilosas pelo Ministério Público, na última semana, a maioria da corte votou a favor da liberação do compartilhamento de informações. Com isso, uma nova reviravolta pode refletir no processo de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz. Dentre os ministros que se posicionaram a favor da alteração, estão: Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Carmém Lúcia, Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Alberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Morais.

 

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes suspendeu ontem liminar que paralisava as investigações contra o senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) apura suposta prática de "rachadinha" que envolve Flávio e seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

O caso estava parado desde julho, quando o presidente do Supremo, Dias Toffoli, travou cerca de 900 investigações que envolviam repasse de dados da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), antes chamado de Coaf. Em setembro, Gilmar deu uma liminar que ordenava ao MP-RJ que seguisse o decidido por Toffoli.

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O Supremo decidiu, por 9 votos a 2, que a Receita pode compartilhar dados sigilosos sem necessidade de autorização judicial. Após o resultado, Toffoli derrubou a liminar que havia paralisado as mais de 900 investigações. Gilmar seguiu o entendimento, declarando sua liminar também sem efeito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) publicou, nesta sexta-feira (1º), um vídeo em que, segundo ele, registra o momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) o mandou "fechar a matraca".

Nesta semana, durante participação na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Fake News, o tucano afirmou ter sido puxado pelo braço pelo presidente, para uma reclamação do pedido de prisão que fez no plenário da Câmara para o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz. E, na ocasião, apontou que a deputada Bia Kicis (PSL-DF) estava no momento. Ela negou. 

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Além de mandar Frota calar a boca, segundo a publicação, Jair Bolsonaro teria dito que gostaria de "continuar transando" com o deputado.

"Fecha essa matraca puta que pariu eu quero continuar transando com vc [sic], disse Bolsonaro", escreveu Alexandre Frota. O vídeo não está tão audível e dá para entender poucas palavras, como "matraca".

"Estou postando porque a Bia Kicis disse que não estava no dia e que não tinha visto. Podem conferir ela entre eu e ele ainda prestando atenção na conversa e com um leve sorriso. Está de óculos", emenda o tucano.

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Alexandre Frota pediu a prisão de Fabrício Queiroz no dia 14 de fevereiro. Segundo ele, depois disso, Flávio Bolsonaro chegou a dizer para ele que o pai não havia gostado da postura do deputado. 

Em áudios revelados pelo jornal Folha de S. Paulo, Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL), diz se sentir abandonado e mostra preocupação com as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). "Eu não vejo ninguém mover nada pra tentar me ajudar", diz Queiroz na gravação. Ouça os áudios.

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 "O MP tá com uma p*** do tamanho de um cometa pra enterrar na gente e não vi ninguém agir", acrescenta Queiroz. O ex-assessor é um dos principais alvos de investigação contra Flávio Bolsonaro. Ele é suspeito dos crimes de lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa no gabinete de Flávio quando este era deputado estadual no Rio. 

 Fabrício Queiroz foi exonerado no fim de 2018 após relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontar movimentações financeiras suspeitas em sua conta no valor de R$ 1,2 milhão.

Na gravação, Fabrício também se oferece para blindar o presidente Jair Bolsonaro (PSL). "É isso que eu te falei, tá tudo ruim aqui no nosso Estado, tá tudo bagunçado, eu já sabia disso. Então cara, eu, politicamente, eu só posso ir pra partido, entendeu, cara? Aí trabalha isso aí com o chefe, aí, cara, passando essa ventania aí, fica eu e você de frente. Aí, pô, a gente nunca vamos trair o cara. Você sabe dele, sabe disso. A gente blinda, blinda legal essa p**** aí. Espertalhão não vai se criar com a gente." A reportagem da Folha diz que um dos áudios é de março deste ano.

 Em um dos trechos, o investigado diz que 'o cara lá tá hiper protegido'. De acordo com o jornal O Globo, ele se referia a Adélio Bispo, autor do atentado contra o Bolsonaro em setembro do último ano.

A Polícia Federal concluiu que Adélio agiu sozinho e tem problemas psiquiátricos. Ele está internado em um hospital por tempo indeterminado. Segundo O Globo, o ex-assessor também demonstra desejo em descobrir um suposto mandante para o atentado.

 Na quinta-feira, o jornal O Globo divulgou gravação em que Fabrício fala sobre cargos que poderiam ser ocupados no Congresso. "Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara, no Senado... Pode indicar para qualquer comissão, alguma coisa, sem vincular a eles [família Bolsonaro] em nada. Vinte continho pra gente caía bem, pra c***, caía bem pra c***. Não precisa vincular a um nome", comenta em gravação de abril.

Ao comentar o vazamento de áudios atribuídos à Fabrício Queiroz, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta segunda-feira (28), que até 2018 "tinha liberdade" para conversar com o ex-assessor de seu filho, o agora senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) sobre diferentes assuntos. Segundo ele, tratar da demissão de funcionários dos gabinetes de seus parentes é "normal". Bolsonaro falou sobre o assunto com jornalistas ao deixar os Emirados Árabes rumo ao Catar.

Em gravações divulgadas pelos jornais Folha de S.Paulo e O Globo, Queiroz diz que Bolsonaro o comunicou sobre a intenção de demitir uma funcionária do gabinete de seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), porque haviam suspeitas de que ela não trabalhava efetivamente no gabinete.

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Segundo Bolsonaro, Cileide Barbosa Mendes não era uma funcionária fantasma e a sua demissão "não tem nada para espantar". "Até estourar o problema eu tinha liberdade com o Queiroz, conversava com ele algumas coisas. No ano passado, se for ver, no meu gabinete eu mandei embora cinco, seis pessoas. Eu passava praticamente de segunda a sábado fora de casa, comecei a não ter o controle de quem estava no Rio. Exatamente para evitar problema essas pessoas foram demitidas", disse Bolsonaro nesta segunda.

Sobre a situação de Cileide, o presidente disse que ela sabia que não poderia continuar contratada caso ele fosse eleito presidente da República e Flávio Bolsonaro fosse para Brasília. Em seguida, no entanto, ele lembrou que Cileide era funcionária no gabinete de Carlos Bolsonaro, que continua no Rio. Jair Bolsonaro destacou mais de uma vez que a ex-funcionária mora em uma propriedade registrada em seu nome, embaixo do local onde funcionava o seu escritório de apoio.

"Essa específica, a Cileide, ela se formou em enfermagem tem dois anos aproximadamente, fez uma especialização, e ela sabia que não ia continuar conosco porque eu não sendo eleito, o Flávio não eleito (no Rio), (ela) não viria para Brasília. Se bem que ela estava no gabinete do Carlos. Mas é uma mudança normal isso aí, não tem nada para espantar", disse.

"O pessoal quer pegar fantasma e rachadinha. Ela (Cileide) sempre morou ali, a casa é minha, está em meu nome, ela mora ali embaixo", afirmou Bolsonaro.

O relatório do Coaf que indicou movimentações bancárias atípicas nas contas de Queiroz no período em que ele trabalhava no gabinete de Flávio foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo em 2018. Bolsonaro voltou a dizer nesta segunda que não fala com o ex-assessor desde então. "O Queiroz cuida da vida dele e eu da minha", reafirmou.

Apesar do presidente Jair Bolsonaro (PSL) dizer que quer distância do ex-policial Fabrício Queiroz, o também ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL) alimenta o desejo de ser reintegrado ao grupo político do presidente. A informação é do jornal Folha de São Paulo.

Em um áudio obtido pela reportagem, Queiroz ressalta planos de ajudar Bolsonaro a resolver a "bagunça" no diretório do PSL do Rio de Janeiro. "Resolvendo essa p... que está vindo na minha direção, se Deus quiser vou resolver, vamos ver se a gente assume esse partido aí. Eu e você de frente aí. Lapidar essa  porra", diz Queiroz a um interlocutor não identificado, mas que segundo o jornal foi quem encaminhou a conversa. 

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Queiroz ainda diz, na gravação, que está "agoniado" para voltar a trabalhar. "Torcendo para essa p... passar. Vamos ver no que vai dar isso í para voltar a trabalhar, que já estou agoniado. Estou agoniado de estar com esse problema todo aí, atrasando a minha vida e da minha família, a porra toda”, frisa. 

"Politicamente, eu só posso ir para partido. Trabalha isso aí com o chefe aí. Passando essa ventania aí, ficamos eu e você de frente. A gente nunca vai trair o cara. Ele sabe disso. E a gente blinda, a gente blinda legal essa possa aí. Espertalhão não vai se criar com a gente”, completou. 

Em outros áudios, Queiroz ainda se mostra preocupado com as notícias sobre a gestão de Bolsonaro. "Estão fazendo chacota do governo dele. Rodrigo Maia está esculachando. Rodrigo Maia... As declarações dele humilham o Jair. Jair tinha que dar um porrada nesse filho da puta. Botar o Sergio Moro para ir no calço dele. Tem p... na bunda dele aí, antiga", afirmou, no trecho gravado em março. 

Fabrício Queiroz tenta se esconder dos holofotes da imprensa desde janeiro, mas nos últimos dias apareceu novamente entre os assuntos políticos. Na semana passada, um áudio atribuído a Queiroz foi divulgado pelo jornal O Globo. Na gravação, o ex-assessor de Flávio demonstra ainda ter influência sobre indicações políticas no Congresso Nacional, não apenas em gabinetes dos filhos do presidente.

Em agosto, a revista Veja divulgou que ele estava se tratando de um câncer de intestino no Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. 

O ex-assessor de Flávio Bolsonaro aparece em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por ter feito movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão em sua conta entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Ele é um dos assessores de gabinetes de então deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que passou a ser investigado por conta das transações.

Diante das acusações, e apesar de não ter nenhum mandado policial contra si, o sumiço de Queiroz gerou especulações envolvendo o clã liderado pelo presidente que, inclusive, chegou a ser questionado recentemente sobre o paradeiro do então amigo pelo deputado federal Paulo Pimenta. Em ofício, ele respondeu que não possuía informações sobre o paradeiro de Queiroz.

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