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Benevides, também conhecida como “Cidade das Flores”, fica a 25 km de Belém, é o terceiro maior município do país com 478 km² de extensão, tem 51.651 habitantes e concentra o maior polo de agricultura familiar do Estado do Pará. Por esse motivo a demanda por flores ornamentais, principalmente tropicais, cresce a cada ano.
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Segundo a engenheira agrônoma da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará) Katharine Batista, são 12 os municípios paraenses que concentram a produção de flores tropicais, temperadas e plantas ornamentais: Ananindeua, Belém, Benevides, Cachoeira do Arari, Chaves, Marituba, Muaná, Pontas de Pedras, Salvaterra, Santa Bárbara do Pará, Santa Cruz do Arari e Soure. Benevides está na ponta.
De acordo com o levantamento dos floricultores de Benevides, realizado em 2016 pela Emater–PA em parceria com a AFLORBEN (Associação dos Floricultores de Benevides), no município existem 44 produtores, dentre eles agricultores familiares e produtores empresariais, sendo 41,2% homens e 52% mulheres. A produção das flores é feita em propriedades familiares, sem lugar específico para o plantio. “A gente observa que é uma cultura de quintal, não tem uma área disponibilizada específica para se trabalhar com a produção de flores. São miniprodutores que trabalham dentro dos seus próprios terrenos”, afirma o diretor de Comunicação Social do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, José Leôncio Siqueira.
Depois de um período de estagnação no cultivo das flores, pode-se afirmar que hoje essa cultura está sendo revitalizada e em ascendência. “No início fizemos uma gama muito forte de plantio, mas não tínhamos tecnologia. Hoje nós temos tecnologia e não temos toda essa desenvoltura na utilização dos espaços para cultura de flores. Mas comparado ao período que passou, que foi um período praticamente parado, estagnado, hoje o processo começa a dar novos passos, começa a crescer”, diz José Leôncio Siqueira.
Consumo - Belém é o maior mercado consumidor das flores vindas Benevides. As vendas são feitas em cemitérios, floriculturas, supermercados, empresas de paisagismo e jardinagem, em eventos como o Flor-Pará, Agrifal e EXPOFLORBEN e para decoradores. Apesar de a maioria dos produtores produzir para exportar para a capital, ainda existem pessoas que cultivam sem fins lucrativos.
Segundo uma pesquisa feita pela Emater em 2011, são produzidas 255.033 hastes de flores tropicais; 24.320 unidades de flores temperadas; 225.848 vasos de plantas ornamentais; 8.550 maços de folhagens diversas; 41.900 de palmeiras para paisagismo e 340 hastes de orquídeas, ao mês. Por ano, o município de Benevides arrecada cerca de quase R$ 4 milhões com a atividade dos produtores. A procura pelo produto cresce por causa da demanda gerada por atividades como paisagismo e jardinagem.
O técnico em agropecuária Marivaldo do Amaral é um pequeno produtor com terreno de meio hectare de cultivo das flores e plantas ornamentais em Benevides e trabalha com paisagismo. “Só trabalho com flores tropicais, não tem outra. Já fiz ornamentação em vários lugares; em Belém mesmo, em alguns aniversários, casamentos; decoração com flores tropicais”, explica. Marivaldo diz que por mês cerca de 500 mudas são vendidas, mas que sua produção mensal é em torno de 3.000 mudas.
As espécies mais vendidas das flores tropicais são as das famílias heliconiaceae em geral e as zingiberaceae, como a Bastão do Imperador e Shampoo. Já entre as flores temperadas estão Angélica, Sorriso de Maria, Zinia e Crista de Galo, além de plantas ornamentais em geral, palmeiras e orquídeas.
Feira - Desde 2012 a Emater, juntamente com a AFLORBEN, e o apoio da Prefeitura Municipal de Benevides, realiza o EXPOFLORBEN, que já está na sua 5ª edição, no mercado municipal, localizado no centro do município. A feira de exposições e venda de arranjos serve para que os produtores e paisagistas possam mostrar seu trabalho para os moradores e visitantes do município nesta época do ano. Apesar do incentivo, ainda não é o suficiente para que o município seja conhecido pela beleza de suas flores. “É cidade das flores, mas se tu fores olhar a cidade não tem flor nenhuma, não tem paisagismo, não tem nada”, disse o produtor Marivaldo do Amaral. “A maioria das pessoas que moram aqui não sabe que Benevides é a cidade das flores; não sabem por que não é divulgado, não tem um paisagismo bonito, alguma coisa bonita que chamasse atenção”, diz.
Uma das dificuldades enfrentadas pelos produtores é o transporte das flores para a capital. “Nós temos um transporte muito deficitário. Quem produz, precisa de uma válvula de escoamento, em primeiro lugar. Tudo o que você produz você tem que vender, e pra você vender não vai ser aqui, porque não tem mercado. Aqui você tem o mercado produtor, o mercado consumidor é fora daqui, você tem que sair daqui para outras áreas”, diz José Leôncio Siqueira. “Nós tínhamos, inclusive, um transporte cedido pelo município que levava essa produção para Belém, havia também os distribuidores de Belém que já encomendavam. Hoje, pela instabilidade do atendimento, não existe isso. São pequenos produtores que tem alguém que eles já entregam, mas não todos”, lembra o diretor.
Assim como o transporte, a divulgação da feira de exposição, que é feita por meio da mídia escrita, televisionada e em outdoors, ainda não alcança um público externo ao município e muitos moradores desconhecem, poucos ouviram falar ou nunca foram à exposição. “Uma grande dificuldade que ainda temos é com a divulgação em outdoor e televisão, que é essencial para o sucesso do empreendimento, pois a feira tem condições de receber tanto o público local quanto o dos municípios da Região Metropolitana de Belém. O nosso movimento por conta da divulgação ainda é pequeno”, diz a Engenheira Agrônoma e Extensionista Rural da Emater, Soraya Mendonça.
Por Belisa Nunes, Irlaine Nóbrega e Jamyla Magno.