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Pernambucanos se mobilizam nesta sexta-feira (9) em um protesto para apoiar os índios Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul. Uma página na rede social Facebook “Salve Guarani-Kaiowá!”, funciona como ponto de encontro para os simpatizantes da causa. A concentração será na Praça do Diário, no bairro de Santo Antonio, às 15h.

No convite, eles pedem que as pessoas vistam roupas pretas, com pinturas e caracteres indígenas. A mobilização acontecerá em vários estados do país. O primeiro evento no Estado foi realizado no mês de outubro e reuniu centenas de pessoas no Marco Zero, no Recife Antigo.

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A ação começou após a divulgação de uma carta que a comunidade Guarani-Kaiowá fez para o Governo Federal e a Justiça brasileira, denunciando a violência que o povo indígena vem sofrendo depois da ordem expressa pela Justiça Federal de Navirai do Estado do Mato Grosso do Sul, expedida desde o último dia 29 de setembro. Na ordem, a justiça obriga a comunidade a sair do local onde estão vivendo, às margens do Rio Hovy, próximo ao território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay (MS).

Nesta semana alguns acontecimentos importantes foram destaque, tais como a troca de líderes na China e a grande mobilização que os brasileiros fizeram nas redes sociais para a permanência dos índios Guarani-Kaiowá em suas terras. Não esquecendo do fato que ganhou um maior destaque pelo mundo, o Furacão Sandy que deixou vítimas por onde passou.

Confira os fatos que marcaram a semana:

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Furacão Sandy

Devido aos fortes ventos e inundações que deixou 154 mortos em todo o mundo, o Furacão Sandy ganhou destaque nos últimos acontecimentos dessa semana. A tempestade atingiu intensamente localidades como no Canadá, Caribe, Cuba, Haiti e a Costa Leste dos Estados Unidos, deixando um preijuízo, em  Nova York, de quase US$ 50 bilhões de euros, que equivale a R$ 101,5 bilhões de reais. Orgãos públicos e estabelecimentos comerciais pararam, além da bolsa de valores, causando um choque econômico. 

O  furacão ocorreu há uma semana das eleições presidenciais nos EUA, marcada para o dia 6 de novembro, paralisando assim as campanhas políticas. Preocupado com a situação, o presidente Barack Obama decretou estado de alerta na última segunda-feira (29) em reunião com palarmentares, decidindo que a prioridade era salvar vidas. Após a sua passagem, a tempetade deixou diversas vítimas em Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia, Connecticut, Maryland, Carolina do Norte e Virgínia. 

As ações do atual presidente foram aprovadas pela sociedade, de acordo com uma pesquisa realizada em parceria entre o Washington Post e a ABC News mostra que oito em cada 10 prováveis eleitores afirmaram que o presidente fez um "excelente" ou "bom" trabalho. Nova York, assim como outras cidades e países afetados pelo furacão ficaram tachadas de “cidades fantasmas”, e segundo cidadãos vítimas da tragédia, essa tempestade iria entrar para os recordes mundiais. 

 

Preparações políticas na China

O Comitê Central realizou a sua última reunião nesta quinta-feira (1°) para finalizar as preparações para a troca de líderes do país. O presidente Hu Jintao entregará o congresso para o vice-presidente Xi Jinping e a nova geração no congresso do Partido Socialista. O Comitê é composto por cerca de 370 integrantes. 

 

O dilema dos índios Guarani-Kaiowá

Após divulgar a sua trágica situação na internet, vários úsuários das redes sociais se sensibilizaram com história da comunidade e deram início a uma das maiores mobilizações que este país já viveu. A união entre as cidades brasileiras, como Recife, Curitiba, São Paulo e Rio de Janiero, foi tão grande que o assunto virou pauta no mundo inteiro. Nesta última terça-feira (30), uma decisão judicial foi a favor da permanência dos indígenas em suas terras.

 

Apesar de ter a permanência garantida na Fazenda Cambará, no Mato Grosso do Sul, após suspensão de liminar que determinava a retirada, o líder da etnia indígena Guaraní-Kaiowá, Eliseu Lopes, pediu que o governo apresse a demarcação da terra.

Em audiência realizada na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, nesta quinta-feira (1º)) ele reclamou da demora do governo e disse que a suspensão da liminar não resolve o problema, pois é preciso garantir a permanência do grupo, formado por cerca de 200 pessoas, e boas condições de vida. "Enquanto o governo está se preparando, nós já vamos retomar o que é nosso. Nós não aguentamos mais viver em baixo de uma lona preta, as crianças tomando água suja, sem ter condição de vida digna com suas famílias. Guarani-Kaiowá vem morrendo de atropelamento na beira da estrada, ataque de pistoleiro, todos os dias, muitos matando nossas lideranças. Nós não aguentamos mais isso", frisou.

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O procurador da República no município de Dourados (MS), Marco Antonio Delfino, afirmou que a solução é conceder aos índios a titularidade das terras reivindicadas e indenizar os fazendeiros que são os atuais proprietários. O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) concordou com a medida. A área é disputada há anos por índios e fazendeiros. "É uma população que não chega a ter nem um hectare por habitante, enquanto que nós temos no nosso Brasil, ainda, muitas vezes, propriedades, improdutivas ou não, em que apenas um proprietário tem mais do que 30 mil hectares. Se parte da elite diz que é muita terra para pouco índio, isso também nos daria o direito de dizer que é muita terra para pouco branco", afirmou.

O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) pediu que governo do estado do MS também se envolva para resolver esse impasse. "A solução para esse conflito é o diálogo. As soluções estão apontadas, nós precisamos de uma articulação forte da bancada dos senadores, dos deputados, das duas comissões que vão fazer um trabalho conjunto, do governo federal, através da Funai, do Ministério do Planejamento, do Palácio do Planalto, para que, inclusive, a gente ajuste essa solução ao orçamento do ano que vem também e dê a atenção devida a essa questão dos Guarani-Kaiowá", declarou.

A impunidade em relação aos assassinos dos índios também é motivo de queixa. Eliseu Lopes reafirmou que a etnia precisa de segurança. O senador João Capiberibe (PSB-AP) propôs que seja feito um levantamento para identificar os processos relativos às terras indígenas em andamento para cobrar providências do Judiciário.

Os senadores da comissão afirmaram que pretendem visitar o local do conflito, onde os índios estão instalados.

Histórico - O local é disputado há anos por índios e fazendeiros. A situação ficou mais crítica em setembro deste ano, depois que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região determinou a retirada das famílias indígenas e a reintegração de posse aos fazendeiros. Numa carta, os índios afirmaram que não deixariam o lugar e lutariam pela terra nem que isso causasse a morte deles.

A determinação dos Guarani-Kaiowá ganhou fôlego em todo o País, com declarações de apoio nas redes sociais. Nesta semana, o TRF3 acatou o  recurso apresentado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelo Ministério Público Federal (MPF), permitindo que a etnia permaneça no local até que a demarcação seja definida.

Com informações da Agência Senado.

"Nós vamos ficar. Se os atiradores quiserem nos atacar, morreremos em suas mãos por nossa terra", declarou em entrevista à AFP Lide Solano Lopes, representante da comunidade Pyelito Kue, que reivindica suas terras ancestrais em Mato Grosso do Sul.

Uma carta desta comunidade, na qual seus 170 habitantes, entre mulheres, homens e crianças, declaram que estão dispostos a uma "morte coletiva" para não abandonar suas terras ancestrais, coloca em destaque a situação dramática vivida por parte dos 45.000 guarani-kaiowá neste estado brasileiro.

As famílias Pyelito Kue, cansadas de esperar em acampamentos lotados e aldeias beirando as estradas que o governo devolva seus territórios, decidiram há um ano ocupar parte desta terra que eles reivindicam, localizada a cerca de 500 km da capital do estado.

"Eu tinha quatro anos quando fomos forçados a deixar a nossa Tekohá (terra ancestral)", agora ocupada por 18 fazendas, explica Lide, que tem 44 anos e quer as terras de volta para sua comunidade.

Em meados de outubro, um tribunal ordenou que este grupo de 170 índios deixasse o território ocupado, o que fez com que alertassem que estavam prontos para morrer, em uma mensagem que rodou o mundo inteiro.

O governo recorreu da decisão em favor dos índios, e na terça-feira um tribunal concordou que continuem no local à espera que o Executivo demarque suas terras.

Representantes e líderes guarani-kaiowá do Mato Grosso do Sul denunciaram em Brasília esta situação, que se repete em dezenas de territórios do estado.

"O estado nos expulsou para entregar nossas terras aos produtores rurais e a Constituição de 1988 define que elas sejam devolvidas para nós, mas este processo está décadas atrasado", declarou à AFP Otoniel Guaraní, um dos líderes da região.

"O Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do Brasil e a pior situação de terras indígenas demarcadas e reconhecidas", reclamou Flávio Machado, coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à igreja Católica.

"A situação dessas populações confinadas em aldeias superlotadas e reservas é alarmante. Sofrem com uma taxa de homicídios nove vezes maior que a média nacional, a expectativa de vida é inferior a 50 anos, a desnutrição infantil é alta e o nível de suicídios aumentou vertiginosamente, chegando a um por semana na última década", acrescentou.

Uma comissão da Câmara dos Deputados visitou a região no final de 2011 e denunciou a violência: "os pistoleiros (homens armados contratados por proprietários de terras) promovem um etnocídio kaiowá". De acordo com o Cimi, pelo menos, uma dúzia de líderes foram mortos na última década.

Nisio Gomes, da aldeia Guaiuire, foi assassinado há quase um ano por pistoleiros, e seu filho disse que recebeu as mesmas ameaças. "'Como Nisio, também mataremos você', disseram", contou Genito Gomes à AFP.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou na terça-feira o envio de mais efetivos da força nacional para garantir a segurança e também se comprometeu a acelerar o reconhecimento do terreno.

Recuperar essas terras é um grande projeto que envolve dezenas de proprietários que devem ser ressarcidos. Além disso, os índios devem viver em uma área que perdeu florestas para a produção agrícola.

"A natureza está muito devastada, recuperar essas áreas levará 10 ou 15 anos, mas nós vamos sobreviver com a nossa produção de alimentos, que hoje não conseguimos plantar porque não temos lugar", explicou Pedro Benites, outro líder guarani-kaiowá.

O apelo dos índios de Pyelito Kue resultou em uma campanha na internet que já recolheu mais de 270.000 assinaturas, segundo o site especializado em campanhas internacionais do Avaaz.

Foi suspensa nessa terça-feira (30) a liminar que determinava a retirada do acampamento dos índios guaranis kaiowás da Fazenda Cambará, em Mato Grosso do Sul. O anúncio foi feito pelo Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, durante reunião com líderes indígenas na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH). De acordo com a decisão da Justiça, os cerca de 170 índios que vivem no acampamento devem permanecer no local até que a demarcação de suas terras seja definida.

A decisão da desembargadora Cecilia Mello, do Tribunal Regional da 3ª Região (TRF-3) em São Paulo, acata o recurso apresentado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelo Ministério Público Federal (MPF). O agravo de instrumento, apresentado dia 16, representava contra uma liminar anterior, favorável à manutenção de posse proposta por Osmar Luis Bonamigo, dono da fazenda.

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Em seu despacho, a desembargadora considerou que “o caso dos autos reflete, de um lado, o drama dos índios integrantes da Comunidade Indígena Pyelito Kue que, assim como outros tantos silvícolas brasileiros, almejam de há muito a demarcação de suas terras. E, de outro lado, o drama não menos significativo daqueles que hoje ocupam terras supostamente indígenas que, na maioria das vezes, adquiriram a propriedade ou foram imitidos na posse de forma lícita e lá se estabeleceram”. A magistrada declara ainda que “os indígenas se encontram em situação de penúria e de falta de assistência e, em razão do vínculo que mantêm com a terra que creem ser sua, colocam a vida em risco e como escudo para a defesa de sua cultura”.

A decisão foi recebida com entusiasmo pelos presentes à reunião. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, que presidiu o encontro, disse que o próximo passo é agilizar o processo de estudos para demarcação da terra indígena. “Essas pessoas têm empreendido uma luta com o apoio de toda a etnia guarani kaiowá e todos os guaranis e comunidades indígenas do Brasil”, disse referindo à luta dos guaranis kaiowás e de outras etnias em Mato Grosso do Sul pela demarcação de suas terras.

Solano Pires, líder guarani kaiowá do Acampamento Puelyto Kue, falando em guarani, expressou sua alegria com a decisão da Justiça e reafirmou a ancestralidade dos índios sobre a terra. “Essa tekoha [terra sagrada] é nossa. Meu avô e meu tataravô estão enterrado lá”, disse.

A desembargadora também revogou a multa diária de R$ 500 contra a Funai por descumprimento da decisão de retirar os índios do local. A Funai argumentou no tribunal que “não detém a tutela da comunidade indígena, não influencia na sua cultura, no modo de viver e nem mesmo foi responsável pela retomada da área em conflito”.

Cecilia Mell diz também que a Funai deve adotar todas as “providências no sentido de intensificar os trabalhos e concluir o procedimento administrativo de delimitação e demarcação de terras”. Também autoriza que outros órgãos governamentais possam ter acesso ao acampamento para prestar assistência aos índios.

Durante a reunião, José Eduardo Cardozo anunciou que já tomou várias medidas para assegurar melhores condições para os índio. Ele destacou o reforço no contingente da Força Nacional e da Polícia Federal para garantir a segurança no local, e que solicitou que a Funai agilize o processo de demarcação de terras.

O ministro disse que em até 30 dias será apresentado o relatório final definindo se a área reivindicada pelos índios. “Nós vamos aprovar dentro de 30 dias. Falta apenas a questão do levantamento fundiário para que o processo possa ser aprovado”. Apesar disso, o ministro reconheceu que o processo de demarcação das terras indígenas ainda deve demorar. “A questão da demarcação de terras indígenas é extremamente conflituosa. Nós temos decisões liminares que interrompem o processo. É difícil estimar um tempo para o próximo passo”, ressaltou.

De acordo com a Secretária Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, uma decisão judicial acatada nesta terça-feira (30) irá suspender a reintegração de posse do território dos índios Guarani-Kaiowá. A notícia foi publicada pela própria Secretária em seu twitter. “De acordo com essa decisão, os indígenas ficam onde estão! Agora lutaremos para agilizar o processo de estudos para demarcação desse território”, dizia twitter publicado.

A decisão vai contra o recurso do Governo Federal, que obriga a comunidade indígena a sair do local onde estão vivendo, às margens do Rio Hovy, próximo ao território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay, no Mato Grosso do Sul.

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Milhares de pessoas se mobilizaram no país inteiro após a divulgação de uma carta que a comunidade Guarani-Kaiowá fez para o Governo Federal e a Justiça brasileira, denunciando a violência que o povo indígena vem sofrendo depois da ordem expedida desde o último dia 29 de setembro que a obriga a comunidade sair do local.

*Mais informações em instantes.

Líderes indígenas da etnia Guarani Kaiowá e Ñadeva pediram nessa segunda-feira (29) à Procuradoria-Geral da República (PGR) mais segurança e urgência no processo de demarcação de suas terras em Mato Grosso do Sul. Eles se reuniram com a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat. Os índios também entregaram um documento solicitando o apoio do Ministério Público Federal (MPF) para garantir melhorias no acesso ao Acampamento Pyelito Kue/Mbarakay, área ocupada pelos indígenas na Fazenda Cambará, em Iguatemi, sul de Mato Grosso do Sul (MS).

No documento, eles explicam a situação pela qual passam e reafirmam que “a comunidade decidiu que não vai sair nem por bem e nem por mal”. “Vamos lutar pela nossa terra até o último guerreiro”, diz. Os índios relataram ainda a ocorrência de mais um suicídio, no último sábado (26) e também denunciaram o estupro de uma índia ocorrido na quarta-feira (24).

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Otoniel Guarani Ñadeva, um dos líderes, disse que os índios estão se sentindo ameaçados e que precisam que o Estado trabalhe para dar mais segurança aos índios que estão no Acampamento Pyelito Kue/Mbarakay, onde vivem atualmente 200 índios guarani kaiowás. O acampamento ocupa uma área de 2 hectares.

Para Otoniel, a demora da Fundação Nacional do Índio (Funai) em divulgar o relatório definindo se a área reivindicada pelos índios pertence à etnia, está contribuindo para a situação de violência. “Nós queremos resolver a questão da demarcação das terras. Queremos que a Funai divulgue o resultado final sobre a demarcação de terras. Aí, sim, acabaria a violência que o nosso povo sofre hoje”, disse.

Para Deborah Duprat, que coordena a 6ª Câmara do MPF, que trata de populações indígenas e comunidades tradicionais, a situação dos guaranis kaiowás é “um dos vários casos em que a omissão do Estado na demarcação de terras indígenas gera reações dramáticas como essa”, disse.

Segundo ela, a situação dos guaranis kaiowás é semelhante à vivenciada na demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. “Há uma reação enorme do setor dito produtivo de Mato Grosso do Sul. Há uma resistência que chega a ser quase um racismo institucional. O estado colocando as suas instituições contra os índios”, declarou.

Pra a vice-procuradora, o MPF tem cobrado agilidade da Funai na divulgação do relatório, mas que a fundação vem estourando todos os prazos. “A Funai firmou com o MPF, há cerca de três anos, um termo de ajustamento de conduta se comprometendo com prazos para a identificação de todas as áreas indígenas em Mato Grosso do Sul. Nada disso foi cumprido. É preciso que esses processos sejam concluídos”, disse.

No dia 16 de outubro, o MPF em Dourados apresentou recurso no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF 3) para reformar a decisão da Justiça Federal em Naviraí, que determinou a saída dos índios da fazenda. O MPF pede a permanência da etnia Guarani Kaiowá na área até que sejam concluídos os estudos antropológicos aptos a determinar a tradicionalidade da ocupação. A expectativa é que o recurso seja julgado até quarta-feira (31).

Mais duas lideranças vão se juntar ao grupo que está em Brasília. Eles representam 94 mil índios de oito etnias. Nesta terça-feira (30), eles vão se reunir com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, para tratar das violações de direitos humanos sofridas pelos índios.

Indignados, muitos usuários da rede social Facebook de todo o país comoveram-se com a situação do povo indígena Guarani-Kaiowá e, em forma de protesto, uma mobilização nacional será realizada no dia 9 de novembro. Contudo, no Recife, será realizada no próximo domingo (28), às 15h, no Marco Zero do Recife, área central da cidade, um protesto anterior à mobilização nacional.

Uma petição organizada pela AVAAZ também foi feita, com o objetivo de reunir 200 mil assinaturas. Tudo ocorreu após a divulgação de uma carta que a comunidade Guarani-Kaiowá fez para o Governo Federal e a Justiça brasileira, denunciando a violência que o povo indígena vem sofrendo depois da ordem expressa pela Justiça Federal de Navirai do Estado de Mato Grosso do Sul, expedida desde o último dia 29 de setembro. Na ordem, a justiça obriga a comunidade a sair do local onde estão vivendo, às margens do Rio Hovy, próximo ao território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay, no Estado. 

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Ato Nacional - No total serão 10 estados brasileiros que já confirmaram presença no ato nacional, que acontecerá no dia 9 de novembro. A organização geral informa que ainda está entrando em contanto com outros estados para aderirem ao movimento.

Confira abaixo a carta relatando a situação indígena da localidade:

Nós, (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, viemos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de da ordem de despacho expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, do dia 29 de setembro de 2012. Recebemos a informação de que nossa comunidade logo será atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal, de Navirai-MS.

Entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena, nativo e autóctone do Mato Grosso do Sul, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça brasileira.

A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós.  Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram quatro mortes, sendo duas por meio de suicídio e duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas.

Moramos na margem do rio Hovy há mais de um ano e estamos sem nenhuma assistência, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Passamos tudo isso para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs, avós, bisavôs e bisavós, ali estão os cemitérios de todos nossos antepassados.

Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui.

Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para  jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal. Decretem a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem mortos.

Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.     

Atenciosamente, Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay 

Lista de estados:

> Porto Alegre



> Florianópolis



> Curitiba



> São Paulo1

> São Paulo 2

> Rio de Janeiro



> Belo Horizonte



> Brasília



> Mato Grosso Do Sul



> Ceará



>Porto Velho

A Fundação Nacional do Índio (Funai) negou, em nota, que haja intenção de suicídio coletivo dos índios guaranis kaiowás, do Mato Grosso do Sul. A entidade, vinculada ao Ministério da Justiça, informou que as lideranças indígenas foram ouvidas e informaram que há é uma "determinação de não deixar o local que consideram sua terra tradicional". A Funai também informou que interpôs um recurso para reverter a situação perante o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, e que aguarda a apreciação.

Nos últimos dias, o assunto ganhou espaço na mídia com uma suposta ameaça de suicídio coletivo. O assunto também está entre os mais comentados nas redes sociais, chegando ao Trending Topics do Twitter e com várias manifestações de apoio aos índios no Facebook.

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Tudo começou depois a Justiça Federal de Naviraí determinou que os 170 índios (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) deixassem a Fazenda Cambará, onde estão acampados há um ano, às margens do rio Hovy. Em carta endereçada ao governo brasileiro e a Justiça, a tribo condenou a liminar e considerou a ação como parte "de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena". Em um dos trechos, os índios ressaltaram o descrédito à Justiça brasileira, que não dá a eles "a esperança de sobreviver dignamente e sem violência" na região e que não têm mais a quem recorrer, se a própria Justiça está contra eles.

Na carta, os índios também explicaram que os antepassados também viveram no local e ali estão enterrados e pediram para que não fosse decretada a ordem de despejo. O trecho que causou o alarde no País foi o que os índios pediram para que fosse decretada a morte coletiva deles e que os corpos fossem enterrados no local.

"Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal. Decretem a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem mortos", diz a carta.

Apesar de ser considerada pela imprensa e internautas como uma declaração de suicídio coletivo, o líder indígena, Eliseu Lopes, esclareceu que se trata de uma decisão de lutar pela terra, de não abandoná-la, mesmo que todos sejam mortos, já que pistoleiros foram contratados pelos fazendeiros para ameaçar os índios.

“Estamos fazendo esse ato para dizer que muitas lideranças já foram mortas, derramaram sangue pelas suas terras, mas não queremos mais isso. Já decidimos coletivamente que não vamos sair das terras porque nós não temos para onde ir”, frisou ele, durante uma manifestação pacífica na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na semana passada.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que também participou da mobilização na capital federal, também negou a ideia de suicídio e reivindicou a homologação e demarcação de terras. De acordo com a entidade, entre 2003 e 2011, 503 índios foram assassinados no Brasil, sendo 279 do povo Guarani Kaiowá. “Precisamos que o Estado tome as iniciativas adequadas que são de direito e dever do Estado brasileiro para a proteção física das pessoas, dos indivíduos guaranis kaiowás e, especialmente, tome as iniciativas estruturantes no sentido de implementar suas terras tradicionais e assim, superar os conflitos naquela região”, explicou o secretário executivo do Cimi, Cleber Buzatto.

Um levantamento feito pela entidade mostra que, desde 1991, apenas oito terras foram homologadas para os indígenas, que somam 43 mil pessoas. Sobre suicídios, o Conselho revelou que ocorreram 555, entre 2003 e 2010, causados por “situações de confinamento, falta de perspectiva, violência aguda e variada, afastamento das terras tradicionais e vida em acampamentos às margens de estradas”. "Nenhum dos referidos suicídios ocorreu em massa, de maneira coletiva, organizada e anunciada", explicou em nota.

Com informações da Agência Brasil.

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