Na última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, foi verificado que quase metade das residências brasileiras possuem pelo menos um cachorro. Já uma em cada cinco casas tem gato de estimação, sendo o Piauí o estado com maior número de felinos, cerca de 34,2%, e o Distrito Federal com o menor índice, 6,9%.
Esses números são uma representação da quantidade de pets existentes nos lares dos brasileiros. E muitas vezes por achar que o cachorro ou gato são parte da família e devam estar em todos os momentos, inclusive na hora de comer, algumas pessoas mantêm o hábito de alimentar o bicho com comidas consumidas por humano. Mas talvez nem todos saibam que tal atitude acaba prejudicando a saúde do animal, acarretando problemas intestinais e intoxicações. Alguns ingredientes que vão na panela na hora de temperar e dar o sabor aos alimentos são extremamente prejudiciais para os pets.
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O veterinário e secretário-executivo do Direito dos Animais do Recife, Robson Melo, explica a importância das pessoas estarem atentas para aquilo que oferecem aos animais. “Algumas pessoas têm a mania de dar tudo aquilo que comem para o animal, achando estar fazendo uma boa ação. Os animais têm necessidades um pouco diferente da nossa. Nós (enquanto veterinários) costumamos dividir como alimentar o filhote, que necessita de uma quantidade maior de alguns elementos como cálcio e proteína, e o animal já na fase adulta; onde essas necessidades tendem a diminuir”, pondera.
Os animais, assim como os humanos, necessitam do leite materno quando nascem para o bom desenvolvimento e uma melhor saúde. No entanto, quando crescem, não precisam e nem podem mais consumir leite de qualquer tipo. “Os filhotes deverão receber o leite materno durante toda a fase de amamentação. Após esse período ocorre uma diminuição da lactase, uma enzima que digere o leite, e os animais passam a ter uma digestão prejudicada. Alguns podem apresentar casos de dores abdominais, náuseas e diarreia se receberem leite ou derivados após o desmame”, salienta Robson.
Israel Eduardo cria uma cachorra e precisou procurar o Hospital Veterinário do Recife porque Mirucha - como chama o animal - estava apresentando um problema intestinal devido ao que tinha consumido. “Eu trouxe um pedaço de carne de porco do quartel e eu acho que ela comeu. Desde esse dia ela começou a passar mal. A gente mantém um hábito de dar 'comida de panela' para ela, já que não gosta muito de comer ração”. A cadela, de 8 anos, consome em torno de 2 kg de comida por dia. Israel acredita também que Mirucha pode ter consumido restos de alimentos estragados, que ele geralmente traz para dar às galinhas.
Agora, depois de ter comido algo que pode ter lhe feito mal, a cachorra tem dificuldade até para andar. “Também não está urinando, vive triste, coloca secreção pela vagina, não corre, não come mais nada; a gente precisa auxiliar ela o tempo todo”, informou. Conforme a avaliação veterinária preliminar, Mirucha pode perder o útero.
Pedro Paulo também procurou atendimento para a cachorra Nicole, de 4 anos, porque ela não estava mais querendo comer. O animal, segundo Pedro, consome todo tipo de alimento. “A gente dá ração e carne para ela. Nunca tinha acontecido nada com a Nicole. Mas, de um uns dias para cá, ela não está comendo e ainda está com febre”, lamentou.
O veterinário reforça que se o dono detectar alguma intoxicação no cão ou gato não se deve jamais estimular o vômito ou algo do tipo. Existe enraizado na mente popular que se der leite o bicho pode melhorar. O profissional discorda. "Se você não sabe o que o seu animal ingeriu, procure um veterinário para ele pesquisar a motivação e medicá-lo adequadamente", informou. No Hospital Veterinário do Recife todo dia animais são atendidos com desarranjo intestinal por conta de algo que comeu.
“Nós somos aquilo que comemos”, comentou o veterinário. Por isso a importância de se manter atento na hora de preparar o alimento do pet. Não é contraindicado dar carne branca ou vermelha, desde que se cozinhe bem o alimento antes. “O ideal mesmo é prezar pela ração, já que nela o animal encontra a maioria dos nutrientes necessários”, finalizou.
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O veterinário e secretário-executivo do Direito dos Animais do Recife disponibilizou uma lista dos alimentos que fazem mal para o pet. Fique atento porque muitas das coisas que na hora de temperar a comida para o consumo humano é indispensável, para o cachorro e gato pode causar a morte.
Confira:
Alho e cebola - comumente utilizados na alimentação humana, representam um perigo para os cães, seja qual for a maneira de administração (cru, desidratado ou cozido). Esses ingredientes possuem, respectivamente, dissulfeto de isopropila e tiossulfato, substâncias que podem ocasionar vômitos, diarreia, fraqueza e anemia em cães.
Chocolate - é extremamente prejudicial para a saúde dos bichos, ele contém teobromina, um derivado do cacau que leva à intoxicação grave e até a morte.
Doces - ricos em açúcar, não só são calóricos como, quando consumidos em excesso, podem tornar os pets obesos e diabéticos. Além disso, também são responsáveis pela formação de tártaro, cáries e até perda do dente.
Doces dietéticos - os adoçados com xilitol podem causar danos hepáticos e até a morte em cães mais sensíveis. Isso inclui balas, biscoitos e outros.
Ossos de aves - o cozimento altera a estrutura do colágeno, tornando esse tipo de osso mais duro. Se o animal ingerir, corre o risco de ter uma perfuração gastrointestinal, além de trazer dificuldades na digestão do pet.
Café e chá preto - contêm alcalóides neurotóxicos como xantinas, que podem significar alterações cardíacas e neurológicas.
As frutas mais ácidas - causam problemas digestivos, por isso devem ser evitadas. As outras frutas podem ser oferecidas, com cuidado especial para a maçã, já que as sementes são altamente tóxicas para cães e gatos. Já que carregam um composto conhecido como cianogênico-ciânica, com poder de alterar o processo de respiração celular do organismo do animal. Pode causar palidez das mucosas, taquipneia, taquicardia, náuseas, vômito, convulsões e até a morte. Em excesso, as frutas podem engordar os animais por serem ricas em frutose, um tipo de açúcar.
Abacate - contém ácido persin, que pode provocar vômito e diarreia no cão
Tomate e batata - o tomate verde contém glicoalcalóides, tóxicos para o cão. A batata, principalmente a inglesa, é rica em solanina, que pode causar depressão no sistema nervoso e distúrbios gastrointestinais.
Frituras e alimentos gordurosos - pizza, queijos, batata frita e outros itens da alimentação humana não só causam um desarranjo intestinal como podem levar à pancreatite; uma inflamação do pâncreas que pode acabar em morte do animal
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