No período do São João, que abrange todo o mês de junho, o Hospital da Restauração (HR) registrou 44 casos de queimados, entre eles 21 envolvendo crianças. O número apresentou redução de quase 10% em relação ao mesmo período do ano passado que chegou a 50 atendimentos. Os dados foram divulgados durante coletiva na tarde desta segunda-feira (30).
De acordo com o chefe do setor de queimados, Marcos Barreto, a redução ocorreu por dois fatores. "Este ano nossa divulgação na mídia para alertar os acidentes foi maior, além de haver também a influência da chuva. Choveu na véspera e dia de São João, isso diminuiu a quantidade de fogueira acesa e consequentemente o número de acidentes", acrescentou.
##RECOMENDA##A Copa do Mundo também influenciou nos resultados. O médico acredita que o número poderia ter sido menor. "Recebemos 11 casos durante os jogos do Mundial. Todos relacionados aos fogos de artifícios", avaliou.
O número de crianças feridas também foi uma surpresa. Nos anos anteriores, a estatística ultrapassava o números de adultos, mas desta vez os casos com crianças foram inferiores. O Hospital registrou 21 casos, todos com crianças de 2 a 10 anos, mas nenhuma em estado grave.
Os casos com mais riscos à saúde são os dos bacamarteiros. "Tivemos aqui seis casos envolvendo bacamarteiros, cinco da Região Metropolitana e um do município de Gravatá. Das ocorrências, dois foram para o Hospital Miguel Arraes, um recebeu alta e três estão aqui no HR. Um deles é um senhor de 79 anos qie está em estado grave. Temos outro também respira com a ajuda de aparelhos", informou.
A dona de casa, Maria Betânia dos Prazeres, está com o marido, Enock de Lima, Tenente da Polícia Militar, de 54 anos, na área amarela da unidade. Ele foi vítima de uma explosão enquanto acendia a fogueira na véspera do São João. "Ele comprou um botijão do Imetro, que serve para armazenar combustível para colocar em veículo, mas perguntou ao vendedor se poderia usar para colocar álcool e acender a fogueira. O vendedor disse que sim. Ele acendeu a primeira e segunda vez e deu certo, mas quando o vizinho chamou para acender a fogueira dele o botijão explodiu", lamentou Prazeres.
Enock está com 43% do corpo queimado e seu estado de sáude requer cuidados. Depois do acidente, ele foi transferiso para o Hospital da Polícia Militar, mas como não apresentou melhoria, os médicos preferiram transferí-lo para o HR. A mulher dele está em busca de uma vaga no setor de queimados.
Faltando 15 dias para o fim da Copa, Marcos Barreto alerta para que o número de queimados não aumente. "O mais importante seria o comedimento no uso dos fogos de artifício. As pessoas esquecem que usá-los significa correr riscos que podem causar danos para o resto da vida", alerta.