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Mensagens encontradas pela Polícia Federal (PF) no celular no tenente-coronel Mauro Cid mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha conhecimento do suposto esquema de venda de presentes oficiais e não teve interesse em reaver itens sem valor comercial.

Em conversa com Marcelo Câmara, assessor do ex-presidente, Mauro Cid explica que Bolsonaro não quis de volta duas esculturas douradas, após tentativas frustradas de vender os objetos. Uma delas foi recebida no encerramento do Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, no Bahrein, em novembro de 2021.

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"Não. Ele (Bolsonaro) não pegou porque não valia nada. Então tem (...) tem aqueles dois maiores: não valem nada. É, é... não é nem banhado, é latão. Então meu pai vai, vai levar pro Brasil na mudança", afirma o tenente-coronel em mensagem de áudio.

Os investigadores afirmam que Mauro Cid tentou negociar as estátuas em lojas especializadas na venda de itens de luxo nos Estados Unidos, com a ajuda do pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, mas teria descoberto que não eram banhadas em ouro.

As estátuas, no formato de barco e de palmeira, têm valor histórico-cultural. Uma escultura idêntica, no formato da árvore, é exposta no site da Organização das Nações Unidas (ONU). A palmeira é o símbolo do Bahrein.

"Apesar de, aparentemente, os bens não possuírem valor esperado, pesquisas em fontes abertas evidenciaram objetos semelhantes a árvore e ao barco que mostram o valor histórico-cultural que tais esculturas teriam para o Estado brasileiro considerando o contexto diploma´tico e o respeito aos países que presentearam o Brasil", diz um trecho do relatório da PF.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO EX-PRESIDENTE

Até a publicação deste texto, a reportagem buscou contato com a defesa de Jair Bolsonaro, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação.

Auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disseram que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro "sumiu" com joias recebidas pelo então chefe do Executivo. Em mensagens para discutir se os kits de itens preciosos poderiam ser vendidos, o assessor especial Marcelo Câmara relatou ao ex-ajudante de ordens Mauro Cid sobre o "desparecimento" de objetos. "Porque já sumiu um que foi com a dona Michelle."

"As mensagens revelam que, apesar das restrições, possivelmente, outros presentes recebidos pelo ex-Presidente Jair Bolsonaro podem ter sido desviados e vendidos sem respeitar as restrições legais, ressaltando inclusive que 'sumiu um que foi com a dona Michelle'", afirma a Polícia Federal (PF). Não há descrição do que "sumiu" com a ex-primeira-dama.

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O trecho da investigação está na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a Operação Lucas 12:2, realizada nesta sexta-feira, 11. O objetivo é investigar suposto grupo que teria vendido bens entregues a autoridades brasileiras em missões oficiais.

Na troca de mensagens em áudio, Mauro Cid e Marcelo Câmara debatem sobre a legalidade da venda de joias recebidas em compromissos oficiais do ex-presidente. Esses objetos de alto valor são considerados bens públicos e devem ser enviados para o acervo da Presidência da República.

A discussão é sobre um conjunto de joias da marca suíça da Chopard, que o grupo tentou leiloar em 8 de fevereiro de 2023. O anúncio de um conjunto composto por relógio, abotoaduras, anel, caneta e um rosário árabe (masbaha) em ouro rosé e cravejados de diamantes por US$ 120 mil estava em um site americano especializado em leilões de objetos de luxo.

O kit não foi vendido, e Câmara alertou a Cid, em 9 de fevereiro, que havia um documento do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência, datado de novembro de 2022, que atestava a existência das joias no acervo.

Em 13 de fevereiro, Cid pediu para Câmara procurar Marcello da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República, para checar sobre a legalidade da venda dos objetos. "Mas, liga pra ele. Ele tinha me falado, ele me garantiu que poderia, que o presidente poderia fazer o que quisesse porque isso são itens personalíssimos."

Câmara respondeu, então, que já havia conversado com o ex-chefe do gabinete de documentação histórica, se referindo à possibilidade de vender objetos que teriam sido destinados ao acervo privado de Bolsonaro. "Eu falei com ele sobre isso, Cid. Aí ele me falou que tem esse entendimento sim. Mas que o pessoal questiona porque ele pode dar, pode fazer o que ele quiser. Mas tem que lançar na comissão, memória, entendeu?"

Na sequência, Câmara afirmou: "O que já foi, já foi. Mas se esse aqui tiver ainda a gente certinho pra não dar problema. Porque já sumiu um que foi com a dona Michelle; então pra não ter problema". Não foi citado nas mensagens de qual item falavam ao relacionar o nome da ex-primeira-dama.

Mauro Cid disse que havia mandado recuperar o conjunto Chopard. "Eu já mandei voltar, eu já mandei voltar!" Câmara afirmou ainda que poderiam tentar vender o kit de novo "em uma próxima oportunidade", avisando ao governo federal sobre a comercialização.

"Só dá pena pq estamos falando de 120 mil dólares", disse Mauro Cid. Marcelo Câmara concordou: "O problema é depois justificar e para onde foi. De eu informar para a comissão da verdade. Rapidamente vai vazar".

O conjunto de joias Chopard chegou ao Brasil pelas mãos da comitiva do então ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, em outubro de 2021, e entrou ilegalmente no País, burlando a Receita Federal, como relevou o Estadão em abril deste ano.

Um dos nomes em maior evidência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de Janeiro é o do tenente-coronel Mauro Cid, peça-chave do Governo Bolsonaro e antigo ajudante de ordem do ex-presidente da República. A aproximação dos dois aconteceu através do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel e também colega de turma de Jair durante desde a década de 70.

Junto ao filho, Lourena se tornou, nesta sexta-feira (11), alvo de um mandado de busca e apreensão obtido pela Polícia Federal (PF). O objetivo é encontrar provas no caso de desvio dos bens patrimoniais do Brasil, em um esquema montado por aliados de Jair Bolsonaro (PL) e encabeçado pelos Cid. Na façanha, o general seria responsável por encontrar clientes e negociar as joias nos Estados Unidos, onde atuava.

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Entenda quem são os Mauro Cid - pai e filho - e a participação deles em supostos crimes investigados durante o último governo. 

Mauro Cesar Lourena Cid, o pai e general

O general Lourena é um oficial do Exército Brasileiro, formado na Academia Militar dos Agulhas Negras (Aman). Foi na academia que ele conheceu Jair Bolsonaro, ainda na década de 70, e eles se tornaram amigos de turma. Atualmente, Lourena é general da reserva, mas atuou no Governo Bolsonaro. Após a indicação do ex-presidente, assumiu a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), nos Estados Unidos, entre 2019 e 2023. 

Em 2015, assumiu o posto de Comandante Militar do Sudeste, comando enquadrante da 2ª Região Militar e da 2ª Divisão de Exército, até 2017. Depois, o general fez parte do Departamento de Educação do Exército. O pai de Lourena Cid, Antônio Carlos Cid, chegou a trabalhar na Casa Militar de José Sarney, onde fica a ajudância de ordens.

General está no cerne de escândalo de corrupção

Lourena e o filho Mauro Cid são alvos de uma operação da Polícia Federal que investiga a tentativa de vender, de forma ilegal, presentes entregues ao ex-presidente Jair Bolsonaro por delegações estrangeiras. Pai e filho tiveram mais de R$ 5,6 milhões em “transações atípicas” em um pouco mais de um ano, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Nesta sexta-feira (11), a PF cumpriu mandados de busca e apreensão no endereço dos investigados, sendo adicionado ao grupo de suspeitos, também, Frederick Wassef, ex-advogado da Família Bolsonaro.

O filho e tenente-coronel, Mauro Cid

Mauro Cesar Barbosa Cid é natural de Niterói, no Rio de Janeiro, tem 44 anos e integra o Exército Brasileiro desde 1996. Ele é filho do coronel Mauro (Lourena) Cid, que está nas Forças Armadas há cinco décadas. Já integrou o Comando de Operações Terrestres do Exército Brasileiro (Coter) e foi coordenador da ajudância de ordens do Governo Bolsonaro, entre 2018 e 2022. Em quatro anos, Cid fez 144 viagens a serviço da Presidência, segundo o Portal da Transparência do governo federal. 

Outras investigações contra o tenente-coronel

1. Fraude ao Conecte SUS 

Cid foi preso preventivamente pela PF no dia 3 de maio por suspeita de fraude em cartões de vacinação contra a covid-19. A polícia aponta que ele adulterou os registros de imunização de Laura e Jair Bolsonaro para uma viagem aos Estados Unidos, que exige a vacinação para ingressar no país. Os dados do cartão vacinal de Cid e de sua esposa, Gabriela Ribeiro, também foram fraudados. 

Gabriela viajou três vezes aos EUA com o cartão de vacinação fraudado. A PF cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de Mauro Cid, onde foram apreendidos US$ 35 mil e R$ 16 mil em dinheiro vivo. Além disso, seu celular foi periciado e foram encontradas movimentações bancárias em uma conta nos Estados Unidos. 

Além disso, Mauro Cid foi apontado como integrante das milícias digitais em investigação da Polícia Federal sobre a live de Bolsonaro, onde o presidente relacionou as vacinas contra COVID-19 com o HIV. Ele também seria o responsável pela divulgação de dados sobre o ataque hacker ao Supremo Tribunal Federal. 

2. Tentativa de golpe de Estado 

Cid é suspeito de articular uma intervenção militar contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após as eleições de 2022. Uma perícia da PF encontrou no celular de Cid trocas de mensagens com outros militares, entre abril e maio, tratando de ações que configurariam um golpe de Estado. As mensagens foram reveladas pela imprensa e depois tornadas públicas pela Justiça. Entre os documentos obtidos pela polícia, está uma minuta de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e tratativas para a decretação de um Estado de Defesa. 

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O advogado criminalista Frederick Wassef, alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (11), faz parte do círculo mais íntimo da família Bolsonaro. Ele defendeu o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho mais velho, Flávio, e escondeu o ex-assessor Fabrício Queiroz durante as investigações de um suposto esquema de "rachadinha" no gabinete do "01".

Denominada Lucas 12:2, a operação da PF desta sexta vasculhou quatro endereços em Brasília, São Paulo e Niterói atrás de provas dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. A suspeita da corporação é de que Wassef estaria envolvido nesses delitos por meio da venda de joias recebidas como presentes durante agendas oficiais no exterior.

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Wassef recomprou Rolex para entregar ao TCU

O general da reserva do Exército Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, e o tenente Osmar Crivelatti também estão entre os alvos da operação.

A autorização da ordem de busca e apreensão veio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das milícias digitais, que apura um suposto esquema de ofensivas virtuais feitas por apoiadores do ex-presidente contra adversários políticos.

De acordo com as investigações, Wassef recomprou, nos Estados Unidos, o Rolex recebido de presente por Bolsonaro e vendido por Lourena Cid para poder entregar o item ao Tribunal de Contas da União (TCU). O advogado teve de pagar um valor maior do que aquele obtido na venda.

Relação de Wassef com a família Bolsonaro

Conhecido como Fred, o advogado é considerado bolsonarista "raiz". Crítico do que chama de "indústria dos radares", defensor de "ações mais efetivas da polícia" no combate à violência, católico praticante e adversário da esquerda.

O primeiro contato entre o ex-presidente e Wassef foi em 2014. Wassef ganhou de presente um smartphone quando estava internado para tratamento de câncer, clicou no ícone do YouTube e assistiu a um discurso do então deputado federal Jair Bolsonaro sobre controle de natalidade. No dia seguinte Fred telefonou para o gabinete de Bolsonaro na Câmara. Depois de mais de uma hora de conversa, marcaram um encontro pessoal.

A atuação de Wassef ao lado do clã Bolsonaro ultrapassa a relação entre advogado e cliente. Em 2019, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) entrou na mira da Polícia Federal suspeito de ter dentro do seu gabinete, quando era deputado pelo Rio, um esquema de "rachadinha". O assessor responsável por movimentações atípicas em contas vinculadas ao parlamentar, Fabrício Queiroz, ficou meses foragido da Justiça.

Em junho de 2020, Queiroz foi encontrado em uma casa de Wassef, no município de Atibaia, quando foi preso pela PF. No dia seguinte, o advogado deixou o caso.

Além disso, Wassef costumava frequentar o Alvorada quando Jair Bolsonaro era presidente. Em novembro de 2022, depois que o ex-presidente foi derrotado nas urnas, o criminalista apoiou os acampamentos feitos por apoiadores do ex-chefe do Executivo perto dos quartéis do Exército em todo o País.

"Gente, isso vai muito além do que simplesmente uma eleição ou um presidente. Isso é uma semente que nasceu, o nosso herói Jair Bolsonaro foi quem começou no Brasil o despertar de uma consciência coletiva política de amor ao Brasil, à pátria, à bandeira", disse Wassef na época.

Nas últimas eleições, o advogado se candidatou a deputado federal pelo PL em São Paulo. Ele obteve 3.628 votos e ficou como suplente. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Wassef declarou um patrimônio de R$ 18 milhões, composto de vários imóveis no Brasil e no exterior.

Sem citar nomes, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), comentou, em suas redes sociais, sobre a investigação contra o ex-integrante do Governo Bolsonaro Mauro Cid e seu pai, alvos de uma investigação da Polícia Federal sobre a venda de joias que pertenceriam ao patrimônio nacional. O titular da pasta disse que a compra e a venda de joias são caminhos clássicos de corrupção e lavagem de dinheiro. 

“Há muitos estudos que mostram que compra e venda de joias é um caminho clássico de corrupção e lavagem de dinheiro. Muitos veem como um crime “seguro”, que ficará escondido para sempre. Por isso, é essencial sempre investigar o assunto, quando há indícios de ilegalidades”, escreveu. 

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Na manhã desta sexta-feira (11), a Polícia Federal (PF) cumpre mandados de busca e apreensão contra o general Mauro César Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), em Brasília. O militar e outros integrantes da Gestão Bolsonaro são suspeitos de utilizar do cargo para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues de presente por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens em países do exterior. 

Os valores obtidos pelas transações ilegais ainda não foram revelados, mas a investigação aponta que tudo foi convertido em dinheiro em espécie, que posteriormente foi transferido para o patrimônio pessoal dos suspeitos. Um dos conjuntos no rol de joias vendidas, da grife Chopard, foi avaliado em R$ 5,6 milhões. 

Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de Janeiro, parlamentares revelaram documentos que transcrevem e-mails de Mauro Cid. As mensagens revelam que a Ajudância de Ordens da Presidência da República teve acesso aos certificados de joias entregues pelo governo da Arábia Saudita ao Brasil. Os registros revelam também as tentativas de retirada do primeiro conjunto de joias, apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. 

A nova etapa da investigação das joias e presentes ocultados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (11), com o cumprimento de mandados de busca e apreensão nas casas do general da reserva Mauro César Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro -, do próprio Cid e de Frederick Wassef, advogado da família do ex-presidente

As buscas foram autorizadas por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e ocorrem em imóveis em Niterói, no Rio de Janeiro, em Brasília e em São Paulo.

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A CPMI da tentativa de golpe de 8 de janeiro teve acesso a e-mails em que Mauro Cid negocia um relógio Rolex, avaliado em cerca de R$ 300 mil, recebido em viagem oficial. A Polícia Federal investiga os crimes de associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.

O dinheiro em espécie com a venda do Rolex se tornaria patrimônio dos suspeitos por meio de terceiros, sem passar por bancos e, assim, a origem dos valores permaneceria oculta.

O nome da operação é "Lucas 12:2", uma referência ao versículo bíblico que diz: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”.

 

Os escândalos acerca do acervo pessoal da Família Bolsonaro, a partir de supostos desvios do inventário da presidência, acaba de ganhar uma adição: em um e-mail captado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), um ajudante de ordens é orientado a entregar dois pacotes de pedras preciosas ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da gestão Bolsonaro, em vez de registrá-las no acervo do Palácio do Planalto. Os itens seriam entregues ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua esposa, Michelle. 

A informação foi revelada durante uma sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1, nessa terça-feira (1º), pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Jair e Michelle teriam recebido, respectivamente, um envelope e uma caixa com pedras preciosas em outubro de 2022, mas os presentes não constam na lista de 46 páginas e 1055 itens recebidos durante o mandato. Cleiton Henrique Holzschuk é o ajudante de ordens que envia a mensagem em questão aos colegas. 

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Em 27 de outubro de 2022, no dia seguinte ao recebimento das pedras preciosas, a referida mensagem de Holzchuk apareceu em troca de e-mails com outros dois colegas: Adriano Alves Teperino e Osmar Crivelatti. 

Holzchuk ordena que o envelope e a caixa de pedras preciosas, que seriam de Jair e Michelle Bolsonaro, não fossem cadastrados na lista de presentes recebidos pelo então presidente e entregues a Cid. Além disso, o sargento Marcos Vinícius Pereira Furriel deveria ser acionado em caso de alguma dúvida ou dificuldade. Os e-mails são analisados pela comissão na tentativa de chegar aos mandantes da investida golpista no início da gestão Lula, este ano. 

 

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República abriu processo para investigar a conduta de envolvidos no caso das joias recebidas da Arábia Saudita em outubro de 2021. As peças foram presentes para o então presidente Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle Bolsonaro, e entraram no país em comitiva do Ministério de Minas e Energia  que esteve no país do Oriente Médio em eventos oficiais.

Será investigada a atuação do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, do ex-secretário Especial da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes e do ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência Marcelo da Silva Vieira. A decisão de instaurar o processo ético foi tomada em reunião ordinária da comissão, na última segunda-feira (31).

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O relator será o presidente da Comissão de Ética Pública, Edson Leonardo Dalescio. De acordo com nota pública divulgada na tarde desta terça-feira (1°) pela Presidência, há indícios de conduta antiética.

No caso de Albuquerque, há “suposto desvio ético relacionado ao transporte de artigos de luxo em viagem oficial e condutas irregulares no desembarque alfandegário”. Já Vieira Gomes será investigado por “suposto desvio ético na utilização de órgão de controle aduaneiro com vistas à liberação dos bens” e Silva Vieira, por “suposto desvio ético na destinação das joias para o acervo privado presidencial”.

Avaliada em R$ 5,1 milhões, a caixa de joias – com colar, anel, par de brincos e relógio de diamantes – foi retida pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos. Os artigos estavam na mochila de um assessor do então ministro Bento Albuquerque. Na ocasião, o assessor e o ministro não declararam os objetos na alfândega, conforme prevê a legislação. Albuquerque disse, à época, que as joias eram um presente para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Na tentativa de reaver as joias, Júlio César Vieira Gomes assinou ofício autorizando os auditores da Receita Federal em Guarulhos a entregar a caixa a um assessor de Bolsonaro. Auditor de carreira, Gomes foi exonerado no mês passado. De acordo com a Receita Federal, não houve tentativa de regularização das joias.

Todo viajante que chega ao Brasil deve declarar bens pessoais cujo valor ultrapasse US$ 1 mil. Já os agentes públicos devem declarar os bens que não sejam para uso pessoal como pertencentes ao Estado brasileiro.

O caso envolve ainda mais dois kits de joias. Todas elas já estão sob guarda da Caixa Econômica Federal.

Outro presente do governo saudita foi um estojo de joias masculinas, com um relógio, uma caneta, abotoaduras, um anel e um tipo de rosário, da marca suíça de diamantes Chopard, avaliados em R$ 500 mil. Este não foi percebido pela Receita em Guarulhos e entrou no país. Mais de um ano depois, em novembro de 2022, um representante do Ministério de Minas e Energia entregou os objetos ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, que os remeteu ao acervo privado do presidente.

O órgão da Presidência da República é responsável por, entre outras ações, analisar os presentes recebidos por autoridades brasileiras e dizer se são objetos de uso pessoal ou destinados ao Estado brasileiro em função do valor histórico, cultural e financeiro. Na ocasião, Marcelo da Silva Vieira era chefe do gabinete.

Avaliado em R$ 500 mil, o terceiro kit tem entre as peças um relógio da marca Rolex. A Polícia Federal também investiga o caso. O ex-presidente Jair Bolsonaro nega qualquer irregularidade.

 

A esposa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Heloisa Bolsonaro, fez uma parceria de divulgação com uma marca de joias. Em uma publicação no seu perfil do Instagram, a nora de Jair Bolsonaro (PL) divulgou um conjunto de brincos, colar, pulseira e anel que juntos equivalem a cerca de R$ 20 mil. No site da loja de joias, uma das peças à venda chega a custar mais de R$ 23 mil.

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Joias divulgadas por Heloisa Bolsonaro. Foto: Reprodução/Instagram

Histórico de joias na família

Jair Bolsonaro, quando ainda era presidente, recebeu joias do príncipe da Arábia Saudita avaliadas de R$ 4 milhões a R$ 5 milhões. Ele tentou entrar no Brasil com os presentes, mas ficaram retidos na Receita Federal, e ele tentou reavê-las em 2021.

O presidente Lula (PT), em agenda oficial na França, havia sido convidado pelo príncipe árebe Mohammed bin Salman al Saud para um jantar privado nesta sexta-feira (23). O evento, no entanto, foi cancelado pela agenda oficial do chefe do executivo brasileiro pela má repercussão ocasionada. O príncipe Mohammed bin Salman é o mesmo que deu as joias a Michelle e Jair Bolsonaro, avaliadas em R$ 5 milhões, e que foram trazidas ilegalmente para o Brasil em 2019.

Líder de um regime ditatorial, o príncipe Mohammed bin Salman é apontado como mandante de assassinatos políticos, como a morte do jornalista Jamal Khashoggi, que era crítico à ditadura no país. A última vez que foi visto com vida foi na embaixada da Turquia em 2018. Até hoje não se sabe o paradeiro do seu corpo.

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Agenda presidencial

Lula está na França participando de eventos e reuniões com líderes franceses e francófonos. No final da tarde ele se encontra com o Presidente da República do Congo, Denis Sassou-Nguesso.

O último evento confirmado do dia é o encontro com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o brasileiro Ilan Goldfajn, às 18h30 (horário de Paris).

A Polícia Federal concluiu a perícia nas joias apreendidas pela Receita Federal com uma comitiva do governo Jair Bolsonaro no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em outubro de 2021. O caso foi revelado pelo Estadão. O conjunto foi avaliado em R$ 5,1 milhões.

A análise foi feita por especialistas do núcleo de perícias em geologia do Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília. O laudo foi incluído no inquérito que investiga se o ex-presidente tentou se apropriar indevidamente dos presentes da Arábia Saudita em vez de destiná-los ao acervo da União. O conjunto da marca suíça Chopard, com colar, anel e brincos de diamante, foi avaliado em R$ 4 milhões. O relógio vale em torno de R$ 1 milhão, segundo a perícia.

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Inicialmente, o conjunto foi estimado em R$ 16,5 milhões. O Estadão apurou com especialistas em perícia que a diferença de valores pode ter ocorrido porque a avaliação feita pela PF, frequentemente, é objetiva. Ou seja, leva em consideração o valor efetivo dos diamantes. Ficam de fora outros elementos subjetivos que agregam valor e compõem o preço na loja, como o joalheiro que desenhou a peça, a grife que produziu a joia, o lucro que a empresa vai tirar e o custo para venda e com impostos.

A PF apura se houve crime de peculato no caso - uso do cargo para desviar recursos ou bens públicos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens no governo Bolsonaro, depôs à Polícia Federal nesta segunda-feira, 22, e respondeu todas as perguntas feitas pelos investigadores sobre caso das joias - revelado pelo Estadão. A investigação é conduzida pela superintendência da Polícia Federal em São Paulo. Ele foi ouvido por videoconferência.

O depoimento estava previsto no dia em que ele foi preso preventivamente na Operação Venire - investigação sobre fraudes na carteira de vacinação de Bolsonaro -, por isso o procedimento precisou ser remarcado.

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Cid será interrogado pela segunda vez no inquérito. Ele já foi ouvido por cerca de três horas no início do mês passado, quando confirmou que recebeu um pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro para tentar reaver as joias retidas pela Receita Federal.

Bolsonaro também já deu sua versão. O ex-presidente alegou que acionou seus auxiliares para evitar um suposto 'vexame diplomático' e que só ficou sabendo da existência das joias em 2022 - um ano após a apreensão no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Gabriela Santiago Ribeiro Cid atribuiu fraudes em cartão de vacina ao marido, sinalizando que ele pode assumir a culpa pelos crimes investigados na Operação Venire, que também mira Bolsonaro

O conjunto de colar, anel, par de brincos e relógio em ouro branco e diamantes da marca suíça Chopard, avaliado em R$ 16,5 milhões, foi um presente do regime da Arábia Saudita. Outros dois kits, com relógio, caneta, terço islâmico e abotoaduras, também vieram a público.

Uma comitiva do Ministério das Minas e Energia tentou entrar com joias no Brasil sem declará-las. A suspeita é que elas seriam destinadas a Bolsonaro, burlando a lei que obriga a restituição dos presentes ao acervo da União. A investigação é conduzida pelo delegado Adalto Machado.

Mauro Cid seria ouvido na semana passada em outro inquérito, sobre um esquema de fraudes em certificados de vacina da covid-19. Ele se apresentou na sede da PF, em Brasília, mas decidiu ficar em silêncio e não respondeu aos questionamentos dos investigadores.

Em entrevista recente à revista Veja, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “não há motivos” para temer uma eventual prisão. O conservador, que está na mira da Polícia Federal por supostos crimes de responsabilidade, acredita que opositores estão tentando “carimbá-lo com a pecha de ex-presidiário”. Segundo o ex-capitão, pessoas “importantes” já discutiam prendê-lo antes do fim do governo, numa espécie de “prisão light”, com o intuito único de manchar sua imagem.  

Bolsonaro já prestou três depoimentos à PF desde que voltou ao Brasil. Ele é investigado por possível fraude ao sistema de saúde, mas também pelo caso das joias sauditas milionárias e por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro.  O ex-militar citou ainda o caso da ex-presidente boliviana Jeanine Áñez, presa e condenada sob acusação de atos antidemocráticos, mas negou temer que o mesmo ocorra com ele no Brasil. 

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“Não há motivos para isso. Mas é bom não esquecer o que aconteceu na Bolívia. A ex-presidente Jeanine Áñez assumiu quando o Evo Morales fugiu para a Argentina. Depois, o outro lado voltou ao poder, ela foi presa e condenada a dez anos de cadeia. Acusação: atos antidemocráticos. Não preciso explicar mais”, disse Bolsonaro. 

Bolsonaro também disse que esperava ser perseguido após deixar o poder, mas não “dessa forma”. “O pessoal está vindo para cima de mim com lupa. Eu esperava perseguição, mas não dessa maneira. Na terça-feira, nem tinha deixado o prédio da PF ainda e a cópia do meu depoimento já estava na televisão. É um esculacho”, afirmou. No total, até o momento, são 24 ações e inquéritos contra o ex-mandatário. 

Questionado sobre a relação com o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, que foi preso em operação que investiga fraude no sistema que registra a vacinação da Covid-19, o ex-presidente voltou a defender o militar e disse que não irá acusá-lo. No entanto, admitiu: “Ao que tudo indica, alguém fez besteira. Não estou batendo o martelo. Da minha parte não tem problema nenhum”.  

 

A Polícia Federal (PF) faz nesta sexta-feira, 12, buscas na casa do capitão de corveta da reserva Marcelo da Silva Vieira, que era chefe do setor de documentação histórica da Presidência, no Rio de Janeiro. Ele era responsável por classificar os presentes recebidos pelo presidente, indicando se deveriam ficar com ele ou entrar para o acervo da União. Vieira foi demitido em janeiro deste ano, com a troca de governo.

Os policiais buscam documentos na investigação sobre o caso das joias. Ele prestou depoimento há um mês e implicou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na tentativa de liberar os presentes.

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Vieira narrou à PF que participou de uma ligação com Bolsonaro e o então ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid, em dezembro do ano passado, sobre a liberação das joias. O capitão afirmou ter se negado a assinar um documento para a Receita Federal entregar o conjunto de colar, brincos, relógio e anel avaliado em R$ 16,5 milhões.

A versão de Vieira é que Mauro Cid pediu que ele fizesse um ofício pedindo a incorporação das joias ao acervo da presidência. O capitão afirma ter explicado que não poderia fazê-lo porque estaria além de suas funções.

Centenas de joias pertencentes à falecida milionária austríaca Heidi Horten foram a leilão este mês em uma venda organizada pela Christie's, a qual várias organizações pedem que seja suspensa, devido aos laços de seu marido com os nazistas.

ONG conhecida por rastrear criminosos de guerra nazistas foragidos, o Centro Simon Wiesenthal se opõe à venda, porque o marido de Heidi, Helmut Horten, construiu sua fortuna na Alemanha durante o regime nazista, do qual era simpatizante.

A receita da venda desta coleção, avaliada entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões (R$ 745,3 milhões e R$ 993,8 milhões, na cotação atual), será destinada à caridade.

Uma das principais atrações deste leilão de 700 joias que pertenceram a Heidi Horten, falecida em 2022, é um anel Cartier com um valioso rubi "sangue de pombo" de 25,59 quilates.

O preço desta aliança é estimado entre 15 milhões e 20 milhões de dólares (74,5 milhões e 99,3 milhões de reais), explicou o diretor internacional de joias da Christie's, Rahul Kadakia, na apresentação desta segunda-feira.

Do total da coleção, 300 lotes são propostos online até 15 de maio. Menos de 100 serão leiloados na Christie's de Genebra na quarta-feira, dia 10, e outras 150 peças, na sexta-feira. As demais peças serão vendidas online em novembro.

Segundo o ranking anual das pessoas mais ricas do mundo elaborado pela revista Forbes, a fortuna de Heidi Horten totalizava 2,9 bilhões de dólares (14,4 bilhões de reais). A origem do dinheiro de Horten, que já foi dona de uma das grandes redes de lojas de departamentos da Alemanha, atrai críticas.

O Centro Simon Wiesenthal e o American Jewish Committee (AJC) pediram à Christie's que suspendesse a venda. A casa de leilões disse que concordou em sediar o leilão "já que todos os lucros da venda irão para a caridade".

Após a acusação feita por uma servidora do Palácio do Planalto, em depoimento a Polícia Federal (PF), de que Michelle Bolsonaro (PL) recebeu em mãos o segundo pacote de joias sauditas, a ex-parlamentar e atual comentarista da CNN Brasil, Janaina Paschoal, criou uma teoria para tentar explicar a situação. Segundo Janaina, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, teria se apaixonado pela ex-primeira-dama.

“O príncipe se apaixona platonicamente, passou pela minha cabeça. Quando eu conheci o presidente e a primeira-dama eu disse a ele, acho que até hoje ele não gosta de mim por isso, eu falei ‘o senhor é um homem de muita sorte, porque realmente é uma mulher, é uma coisa de outro mundo”, disse, elogiando a beleza de Michelle.

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O kit de joias, da marca suíça Chopard, é composto por um relógio com pulseira de couro, um par de abotoaduras, uma caneta rosa gold, um anel e um masbaha rose gold (colar de contas, parecido com um rosário católico, tradicional na religião islâmica). Os itens foram entregues a ela em novembro de 2022.

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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu em mãos o segundo kit de joias, dado de presente pelo governo da Arábia Saudita, na época em que seu esposo, Jair Bolsonaro, era presidente da República. De acordo com o depoimento de uma ex-funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), o material estava em território nacional ilegalmente, e chegou a ser conferido pelo próprio Jair Bolsonaro no dia 29 de novembro de 2022, no Palácio da Alvorada.

O portal Estadão teve acesso ao depoimento da ex-servidora, que era responsável pela triagem dos presentes oficiais recebidos pela presidência. O kit, da marca suíça Chopard, é composto por um relógio com pulseira de couro, um par de abotoaduras, uma caneta rosa gold, um anel e um masbaha rose gold (colar de contas, parecido com um rosário católico, tradicional na religião islâmica).

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Segundo o rastreamento prévio, as joias chegaram ao Brasil em outubro de 2021, por meio da comitiva do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, sem haver a aprovação da Receita Federal.

O envolvimento de Michelle no recebimento das joias ilegais entra em conflito com a declaração feita por ela nas redes sociais, ainda no início do escândalo. “Não estava sabendo que tinha tudo isso”, disse a ex-primeira-dama nas redes sociais.

Em depoimento à Polícia Federal - prestado no último dia 5 -, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que conversou com o ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes e 'determinou' que ele estabelecesse contato com o ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente coronel Mauro Cid, para tratar das joias que foram dadas ao então chefe do Executivo e à primeira-dama Michele Bolsonaro pelo governo da Arábia Saudita, mas acabaram apreendidas pelo Fisco no Aeroporto de Guarulhos.

Segundo Bolsonaro, o contato com o ex-chefe da Receita se deu enquanto Mauro Cid foi atrás de informações sobre as joias apreendidas, por solicitação do próprio ex-presidente. O ex-chefe do Executivo ainda alegou que só soube do caso em novembro de 2022 - enquanto a apreensão se deu no ano anterior.

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A íntegra do depoimento de Bolsonaro foi divulgada nesta sexta-feira, 14, pela jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil. A reportagem do Estadão confirmou os detalhes do relato do ex-presidente à PF.

Na oitiva realizada no último dia 5, Bolsonaro ainda narrou que não se recorda de quem lhe contou sobre a apreensão, sendo possível ter sido de alguém do ministério de Minas e Energia. As joias foram apreendidas na mochila de um ex-assessor do ex-ministro Bento Albuquerque, titular da pasta. O ex-presidente negou ter conversado com o ex-ministro sobre o caso.

O ex-presidente narrou à Polícia Federal que é de 'praxe o recebimento de presente quando de visitas ao Oriente Médio, não havendo um motivo específico para as joias terem sido ofertadas pelo governo da Arábia Saudita'.

Em depoimento à Polícia Federal (PF), um ex-funcionário da Presidência da República declarou que teria recebido uma ligação do braço-direito do então presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitando a assinatura de um ofício para resgatar as joias apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. O presente dado pelo governante da Arábia Saudita, avaliado em R$ 16,5 milhões, ficou retido na alfândega por não ter sido declarado quando foi trazido ao Brasil.

Na declaração, o ex-chefe de gabinete de documentação histórica, Marcelo da Silva Vieira, conta que em dezembro de 2022, Mauro Cid entrou em contato para pedir que assinasse um ofício com pedido à Receita Federal que os bens retidos fossem incorporados ao patrimônio da presidência. As mensagens trocadas foram feitas por WhatsApp, sem utilização de canais oficiais de comunicação.

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Com as negativas de Vieira, no dia 27 de dezembro, Cid ligou pelo aplicativo de mensagens instantâneas para pedir mais uma vez a assinatura do ofício. “Mauro Cid colocou a ligação no modo viva-voz e pediu ao declarante para que explicasse ao Presidente da República essa situação e por que não poderia assinar”, disse Vieira. Ao explicar as impossibilidades técnicas do pedido, ele disse que ouviu Bolsonaro respondendo do outro lado “ok, obrigado”.

Vieira trabalhou como chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), responsável por liberar os itens considerados de acervo da União ou de patrimônio do presidente. Ele cumpriu a função desde 2017 até janeiro de 2023, quando foi exonerado pelo novo governo do presidente Lula.

O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, decidiu tornar sem efeito a portaria que exonerou a pedido o ex-secretário do órgão Julio Cesar Vieira Gomes. Julio Cesar Gomes solicitou a exoneração após envolvimento no caso que investiga a entrada ilegal no País de joias dadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à ex-primeira-dama Michelle pelo regime da Arábia Saudita.

O Estadão apurou que Barreirinhas vai avaliar se Julio Cesar pode mesmo ser exonerado, uma vez que há procedimentos investigatórios em andamento. O secretário vai consultar formalmente a corregedoria da Receita.

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A portaria da exoneração de Julio Cesar tem data do dia 5 de abril, mas foi publicada somente hoje no Diário Oficial da União (DOU). Já a portaria que anula a exoneração, assinada por Barreirinhas, tem a data desta segunda-feira, 10, e deve ser publicada em breve.

Julio Cesar estava lotado em um cargo na Superintendência da Receita Federal no Rio de Janeiro. Ele pediu exoneração da carreira, o que ocorreu depois de depor na Polícia Federal, na semana passada, no mesmo dia de Bolsonaro. Como mostrou o Estadão, Julio Cesar, indicado para o cargo pelo o ex-presidente, fez pressão sobre os servidores públicos para liberar as joias detidas na alfândega do Aeroporto de Guarulhos. A pressão envolveu atos extraoficiais que, no cargo de comando da Receita, jamais poderiam ser utilizados.

O Estadão apurou que, para conseguir liberar as joias estimadas em até R$ 16,5 milhões e enviá-las ao então presidente Jair Bolsonaro e à primeira-dama Michelle Bolsonaro, Gomes pressionou servidores de diversos departamentos, por meio de mensagens de texto enviadas por aplicativos como WhatsApp, gravou áudios, fez telefonemas e encaminhou e-mails sobre o assunto. A pressão chegou também a subsecretários do órgão.

Em um dos áudios aos quais a reportagem teve acesso, Julio Cesar pede que um servidor acesse outro departamento do órgão federal - a Coordenação-Geral de Programação e Logística (Copol) - e passe seu contato para o responsável da área, sob o argumento de que precisa explicar o caso da retenção das joias enviadas a Michelle Bolsonaro e que se trata de um item que "faz parte do gabinete pessoal" da Presidência da República. "É do presidente da República. Existe um gabinete pessoal, é um órgão que ele criou."

Os atos do ex-secretário resultaram em denúncias levadas à Corregedoria do Ministério da Fazenda. O Estadão apurou que, por meio da Superintendência da Receita Federal de São Paulo, funcionários da Receita que sofreram pressão do ex-chefe decidiram registrar uma representação junto ao departamento da Fazenda, para que esses atos sejam investigados. A denúncia é assinada pelo comando da superintendência e os delegados da alfândega de Guarulhos.

Julio Cesar Vieira Gomes foi nomeado para comandar a Receita em dezembro de 2021. Ele substituiu José Tostes, que perdeu o cargo após a tentativa de integrantes do governo Bolsonaro de entrar ilegalmente no País com as joias vindas do regime saudita.

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