Tópicos | MAURO CID

Militares da reserva abriram uma vaquinha com o intuito de ajudar o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid. A arrecadação serviria para, supostamente, bancar 600 mil reais em dívidas de Cid, segundo informações do portal Metrópoles.

“O coronel Cid está precisando de nossa ajuda humanitária, já vendeu quase tudo que possuía”, diz um trecho da mensagem que circula em um grupo de militares no WhatsApp. Nas conversas, também são citadas as chaves Pix do tenente-coronel e da sua esposa, Gabriela Cid.

##RECOMENDA##

No texto, assinado pela União Nacional dos Militares da Reserva e Reformados das Forças Armadas e Auxiliares do Brasil, é revelado que a dívida gira em torno de R$ 600 mil. A mensagem, que define Cid como uma pessoa que sempre “honrou a farda”, afirma que o ex-aliado de Bolsonaro acumula despesas altas com advogados e medicamentos. 

O tenente-coronel foi detido de maio a setembro do ano passado, sob suspeita de manipular dados sobre vacinas contra a Covid-19. No entanto, sua prisão foi revogada após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologar uma delação premiada para o militar. 

Afastado do seu cargo no Exército e usando tornozeleira eletrônica, Cid cumpre, atualmente, prisão domiciliar. Mesmo cumprindo a prisão e com as investigações em andamento, Cid continua recebendo um salário de 27 mil reais como oficial superior.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) ironizou, neste sábado (11), a delação do tenente-coronel Mauro Cid e disse que o único golpe que ela dá é durante treinos de luta. O ex-ajudante de ordens da Presidência disse à Polícia Federal (PF) que Michelle incitava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a não aceitar a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dar um golpe de Estado, segundo o portal UOL.

"Recebi uma mensagem que meu enteado Duda (Eduardo Bolsonaro) e eu estávamos incitando o golpe. Eu, incitando golpe? Com qual arma? Minha Bíblia poderosa?", rebateu Michelle Bolsonaro durante evento do PL Mulher no Espírito Santo. "Eu sei dar golpe e quero ensinar para vocês agora: jab, jab, direto, cruzado, up, esquiva, up", continuou a ex-primeira-dama, encenando os golpes no palco do evento. Ela disse praticar luta todas as terças e quintas-feiras.

##RECOMENDA##

Citado por Michelle, "Duda" é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ). Segundo a delação de Cid, ele formava, ao lado da esposa do ex-presidente e de aliados, um grupo que dizia que Bolsonaro teria o apoio da população e de pessoas armadas, como os CAC (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) para prosseguir com um golpe de Estado.

Essa não é a primeira vez que a ex-primeira-dama cita os treinos de luta no contexto de investigações que a atingem. Em setembro, antes comparecer para depor na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, sobre o caso da venda de joias da Presidência, Michelle postou um vídeo treinando, com a legenda: "Das porradas da vida, essas são as melhores".

Ainda na delação, Mauro Cid afirmou que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) teria incentivado o pai a reconhecer o resultado e admitir a derrota para o petista. A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que as acusações são "absurdas", enquanto Eduardo disse que a "narrativa não passa de fantasia, devaneio".

Responsável pela investigação, o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, disse ao Estadão que a delação de Cid ainda é uma "narrativa" e que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ainda precisa comprovar as denúncias e informações repassadas em sua delação. "Isso aí tem que ser corroborado. Pedi uma série de diligências que estão em curso", afirmou.

Em nota, nesta sexta, 10, a defesa do ex-presidente e da ex-primeira-dama disse que as acusações da delação de Cid não são amparadas em elementos de prova.

"As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do ex-presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas - ditas e reditas -, declarações do subprocurador da República, dr. Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-presidente nos fatos em apuração".

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse na delação premiada para a Polícia Federal (PF) que entregou para o ex-chefe do Executivo uma parte do dinheiro da venda de joias recebidas pela Presidência da República no exterior.

Enquanto Bolsonaro comandava o País, Mauro Cid teve acesso livre ao Palácio do Planalto e esteve ao lado do ex-presidente em entrevistas, lives, reuniões e até em salas de cirurgia em hospitais, sendo o braço-direito e secretário particular de Bolsonaro nos quatro anos do governo passado. As memórias e os acessos que teve nos últimos quatro anos tornam a delação um problema para o ex-chefe do Executivo.

##RECOMENDA##

O tenente-coronel foi preso no dia 3 de maio, em uma operação da PF que investiga a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema da Ministério da Saúde. Após ter a delação premiada homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, foi liberado do quartel onde estava detido no dia 9 de setembro.

Cinco dias depois de deixar a prisão, Mauro Cid disse aos investigadores que entregou ao ex-presidente uma parte do dinheiro proveniente do esquema ilegal de venda de joias no exterior. Segundo o tenente-coronel, Bolsonaro recebeu em mãos US$ 68 mil de forma parcelada, com um repasse nos Estados Unidos e outro no Brasil.

O tenente-coronel admitiu à PF que participou ativamente da venda de dois relógios, um da marca Rolex e outro da Patek Phillipe. O dinheiro da comercialização ilegal teria sido depositado na conta do pai dele, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid.

Bolsonaro ganhou joias de autoridades estrangeiras em viagens oficiais e, por isso, os itens valiosos deveriam ser incorporados ao acervo da União. Porém, as peças foram omitidas dos órgãos públicos, incluídas ao estoque pessoal do ex-chefe do Executivo e negociadas para fins de enriquecimento ilícito, segundo as investigações.

As tentativas de vender as peças só cessaram após o Estadão revelar, em março, que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um kit composto por colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes entregues pelo governo saudita para o então presidente e Michelle Bolsonaro.

Vendas seriam para pagar despesas processuais de Bolsonaro

 

Na delação, o ex-ajudante de ordens disse acreditar que a venda de joias dadas ao ex-presidente poderia ser considerada imoral, mas não ilegal. De acordo com Mauro Cid, a ideia de vender as peças surgiu como uma forma de "bancar as despesas" processuais de Bolsonaro.

"O presidente estava preocupado com a vida financeira. Ele já havia sido condenado a pagar várias multas", disse o tenente-coronel à PF.

Levantamento feito pelo Estadão no último dia 1º mostrou que Bolsonaro já somava um passivo de R$ 1.638.608,40 em dívidas com a Justiça. No valor, está incluída a multa de R$ 425,6 mil, estabelecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no julgamento que condenou o ex-presidente por abuso de poder político, abuso de poder econômico e conduta vedada nas comemorações do dia 7 de setembro de 2022.

A maior parte do débito, porém, foi perdoada por lei sancionada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Bolsonaro. As autuações por não usar máscara de proteção e promover aglomerações durante a pandemia de covid-19 somavam mais de R$ 1 milhão.

Ao Estadão, em agosto, o ex-chefe do Executivo alegou que Mauro Cid tinha "autonomia" para agir. A declaração foi em resposta ao questionamento se o ex-presidente havia pedido para seu subordinado vender joias no exterior e trazer de volta o dinheiro para o País.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) compartilhou um versículo bíblico nas redes sociais nesta sexta-feira, 10, após ser citada na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. Segundo o auxiliar de Jair Bolsonaro (PL), ela e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) incitavam o ex-chefe do Executivo a dar um golpe de Estado.

Sem citar o caso, Michelle compartilhou uma passagem da Bíblia sobre enfrentar inimigos "em nome do Senhor dos Exércitos".

##RECOMENDA##

Segundo a coluna de Aguirre Talento no portal UOL, Michelle e Eduardo faziam parte de um grupo de conselheiros radicais que diziam que, em caso de um golpe, Bolsonaro teria apoio da população e de pessoas armadas, os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), que tiveram o acesso a armas facilitado durante o governo do ex-presidente.

A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que as acusações são "absurdas", enquanto Eduardo disse que a "narrativa não passa de fantasia, devaneio".

Nesta sexta-feira, Michelle citou, em um story (publicação que desaparece em 24 horas) no Instagram, a história bíblica do confronto entre o Rei Davi e o guerreiro filisteu Golias. "Você vem a mim com uma espada, uma lança e um dardo, mas eu vou enfrentá-lo em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos Exércitos de Israel, que você desafiou."

A ex-primeira-dama costuma utilizar a religião para rebater acusações das quais ela e Bolsonaro são alvos. No dia 11 de agosto, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Lucas 12:2, como parte da investigação de um esquema de venda ilegal de joias da Presidência pelo ex-presidente e seus aliados. Sem citar o caso, Michelle disse, no início de setembro, em um evento do PL Mulher - braço do Partido Liberal do qual é presidente - que a "justiça do homem pode não acontecer, mas a justiça de Deus é certa".

A operação da PF foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Trecho da investigação, constante na decisão do ministro, mostra uma conversa entre auxiliares de Bolsonaro, suspeitos de participarem do esquema, em que citam que um kit de joias "sumiu com dona Michelle".

Michelle usou religião como recurso nas eleições de 2022

O discurso religioso também foi utilizado por Michelle durante a campanha eleitoral do ano passado, quando atuou como cabo eleitoral para conquistar votos dos evangélicos. A ex-primeira-dama afirmou, em mais de uma ocasião, que não se tratava de uma disputa política entre Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e sim de uma "guerra entre o bem e o mal".

Ao participar de um culto religioso com Bolsonaro em agosto do ano passado, em Belo Horizonte (MG), Michelle afirmou que Bolsonaro seria eleito presidente porque Jesus Cristo já havia vencido "na cruz do Calvário por nós".

"Como ele (Bolsonaro) mesmo fala, é uma briga, é uma guerra do bem contra o mal. Mas eu creio que vamos vencer, porque Jesus já venceu na cruz do Calvário por nós. E as promessas do Senhor irão se cumprir na nossa Nação", afirmou.

Às vésperas do segundo turno, a ex-primeira-dama discursou para evangélicos em Nova Iguaçu (RJ) e disse que os cristãos estavam sendo "perseguidos" pelos apoiadores de Lula.

"Nós somos a última barreira de defesa, estamos vivendo uma guerra do bem contra o mal. Cristãos, vocês têm que perceber que já estamos sendo perseguidos. Eu sei o que eu fiz pelos que mais precisam e eu creio em Deus. O Brasil não vai cantar o hino da música internacional socialista, vamos continuar cantando o hino do Brasil", disse Michelle.

A ex-primeira-dama também afirmou, durante a campanha eleitoral, que o PT é um "partido das trevas" e as "portas do inferno não se prevalecerão", citando a possibilidade de vitória de Lula, depois concretizada nas urnas em 30 de outubro.

"Nós selamos aqui, agora, Senhor, as portas do inferno. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja do Senhor. As portas do inferno não prevalecerão contra as nossas famílias. As portas do inferno não prevalecerão contra a nossa Nação brasileira. Aleluia. Glória a Deus", discursou Michelle na "Marcha para Jesus", na Esplanada dos Ministérios, em 1º de outubro do ano passado.

Michelle compartilhou vídeo de cantora gospel presa pelos atos de 8 de janeiro

Citada por Mauro Cid como uma das incentivadoras de um golpe de Estado para barrar a posse de Lula no Planalto, Michelle Bolsonaro não fez declarações públicas sobre uma intervenção militar nem se posicionou sobre os atos antidemocráticos do 8 de janeiro.

No dia 18 de agosto, contudo, a ex-primeira-dama postou no seu perfil no Instagram a música "Liberdade", da cantora gospel Fernanda Ôliver, que se tornou o "hino" do acampamento bolsonarista no Quartel-General do Exército em Brasília. Trecho da canção diz: "Vou liderar o movimento. A maldade vai acabar".

Michelle publicou o vídeo um dia após a cantora ser presa pela 14ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela PF. Na legenda da imagem, a ex-primeira-dama usou novamente o recurso do discurso religioso ao mencionar a detenção de Fernanda Ôliver. "Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus", escreveu.

Fernanda Ôliver é acusada de incentivar os atos golpistas nas redes sociais e de gravar uma live invadindo o Congresso Nacional. A cantora teve liberdade condicional decretada na última terça-feira, 7, pelo ministro Alexandre de Moraes.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chamou de "cortina de fumaça" a acusação, feita por Mauro Cesar Barbosa Cid no acordo de delação premiada firmado com a Polícia Federal (PF), de que ele e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro teriam instigado o ex-presidente a dar um golpe de Estado.

"Mais uma cortina de fumaça para encobrir recorde de queimadas na Amazônia, fechamento de mais de 400 mil empresas no 1º semestre e aumento de imposto para tudo que é lado", escreveu o parlamentar no X (antigo Twitter) nesta sexta-feira, 10, alfinetando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

##RECOMENDA##

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) foi preso em maio durante uma operação da PF que investigou fraude nos cartões de vacinação do ex-presidente e da sua filha Laura. Em setembro, ele foi colocado em liberdade após o acordo de colaboração premiada.

O acordo está em segredo de Justiça, mas alguns pontos já vieram a público. De acordo com o que revelou o Uol nesta sexta, Eduardo e Michelle Bolsonaro fariam parte de um grupo de conselheiros radicais do ex-presidente, que teriam insistido para que ele desse um golpe de Estado depois de perder as últimas eleições para Lula.

Segundo a delação de Cid, um dos argumentos usados pela ex-primeira-dama e pelo deputado para tentar convencer Jair Bolsonaro é de que ele teria amplo apoio da população e dos Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores, os CACs, que tiveram o acesso a armamentos e munições facilitado na gestão passada.

Na delação, Cid também disse que o ex-presidente chegou a se reunir com comandantes das Forças Armadas para avaliar a possibilidade apoio a um golpe. Na ocasião, Bolsonaro teria apresentado uma minuta - que, segundo o ex-ajudante de ordens, foi escrita por Filipe Martins, um ex-assessor da Presidência investigado por fazer um gesto supremacista dentro do Senado.

Ele fez parte também do "gabinete do ódio", uma rede de ataques virtuais e disseminação de notícias falsas contra adversários políticos do ex-presidente. O grupo era coordenado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), segundo filho de Jair Bolsonaro.

Além do que Eduardo Bolsonaro disse nas redes sociais a respeito da acusação de Mauro Cid, os advogados que representam ele e Michelle divulgaram uma nota, afirmando que as declarações "são absurdas e sem qualquer amparo na verdade" e que não têm prova. Eles tentam acessar o conteúdo da delação, mas tiveram o pedido negado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Leia a íntegra da nota no final deste texto.

O acordo de colaboração premiada é um meio de obtenção de prova. Por isso, para ser considerada eficaz e Mauro Cid não correr o risco de ter sua liberdade revogada, ele terá que indicar caminhos que levem as autoridades a comprovar as acusações feitas.

Leia a íntegra da nota da defesa de Eduardo e Michelle Bolsonaro

As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do ex-presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas - ditas e reditas -, declarações do subprocurador da República, dr. Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-presidente nos fatos em apuração.

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, disse em sua delação premiada à Polícia Federal que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira dama Michelle faziam parte de um grupo que incitava o ex-presidente a não aceitar a derrota para o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nas urnas e a dar um golpe de Estado. As informações foram dadas pela coluna de Aguirre Talento no portal UOL.

Segundo Cid, esse grupo de conselheiros radicais, que incluía a ex-primeira-dama e o filho 03 - que é deputado federal por São Paulo -, dizia que Bolsonaro teria apoio da população e de pessoas armadas: os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), que tiveram o acesso a armas facilitado durante o governo do ex-presidente.

##RECOMENDA##

A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que as acusações são "absurdas", enquanto Eduardo disse que a "narrativa não passa de fantasia, devaneio".

O senador Flávio Bolsonaro, filho 01 do ex-presidente, estaria em outro grupo, que tentava convencer Bolsonaro a se pronunciar publicamente e aceitar o resultado da eleição.

O ex-presidente só falou ao público mais de 44 horas depois do fim do segundo turno, no dia 1º de novembro, mas não admitiu abertamente a derrota. Ele afirmou que as manifestações que ocupavam as ruas na época demonstravam um "sentimento de injustiça" do povo. Ficou para o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, confirmar que o governo iria cumprir a lei de transição.

Segundo a delação de Cid, a resistência de Bolsonaro em admitir a eleição de Lula e desmobilizar os acampamentos golpistas em frente a quartéis-generais das forças armadas era porque o então presidente acreditava no aparecimento de algum indício de fraude nas urnas para anular o resultado. No entanto, segundo o ex-ajudante de ordens, nenhuma prova de fraude foi encontrada.

Outra esperança de Bolsonaro, de acordo com a delação, era de que os militares aderissem às propostas golpistas. Mais informações da delação de Cid à PF contaram que o ex-presidente teria se reunido com a cúpula das Forças Armadas, após o segundo turno das eleições presidenciais, para discutir a possibilidade de uma intervenção militar para reverter o resultado que elegeu Lula para a Presidência.

Segundo o tenente-coronel, apenas o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, aderiu à proposta golpista. Bolsonaro viu a sua pretensão de permanecer no Palácio do Planalto se esvaziar após ouvir de um oficial do Exército que, em caso de um golpe, ele também acabaria sendo retirado da Presidência.

Como ajudante de ordens, Cid teve acesso livre ao Palácio do Planalto, estando ao lado do Bolsonaro em entrevistas, lives, reuniões e até mesmo em salas de cirurgias, sendo o braço direito e secretário particular do então presidente nos quatro anos do governo passado. As memórias dele e os acessos que teve tornam a delação um problema para o ex-chefe do Executivo.

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, em uma operação da PF que investiga a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19. Após ter o seu pedido de delação premiada homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Cid foi liberado de um quartel onde estava detido no dia 9 de setembro.

Defesa de Jair e Michelle Bolsonaro diz que acusações são 'absurdas'

Em nota, a defesa do ex-presidente e da ex-primeira-dama disse que as acusações da delação de Cid não são amparadas em elementos de prova. "As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do ex-presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas - ditas e reditas -, declarações do subprocurador da República, dr. Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-presidente nos fatos em apuração."

A nota indica ainda que a família Bolsonaro nunca esteve ligada a movimentos de ruptura institucional e que a defesa ainda não teve acesso ao conteúdo da delação.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, afirmou que a acusação é fantasiosa. "Querer envolver meu nome nessa narrativa não passa de fantasia, devaneio. Se a oposição queria dar um golpe, pergunta-se, então, por que o ministro da Justiça tudo fez para que as imagens de seu ministério não se tornassem públicas?"

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, teve seu pedido de retomada de trabalho no Exército negado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Além disso, o magistrado não autorizou a retirada da tornozeleira eletrônica usada pelo tenente-coronel. A decisão é sigilosa e foi revelada pelo site UOL nesta quinta-feira (9).

Desde setembro, quando foi revogada a prisão preventiva e homologado o acordo de colaboração premiada fechado pelo ex-aliado, de primeira honra, de Bolsonaro com a Polícia Federal, Moraes determinou o cumprimento de medidas cautelares, como: afastamento das funções de seu cargo de oficial do Exército Brasileiro, monitoramento eletrônico, proibição de conversar com outros investigados e utilizar redes sociais.

##RECOMENDA##

Na decisão, o magistrado afirmou que conceder esses benefícios a Cid seria "absolutamente prematuro". A justificativa é a de que "efetivamente, as medidas cautelares se mostravam, e ainda revelam-se, necessárias e adequadas" porque as investigações da Polícia Federal ainda estão em andamento.

Apesar de estar impedido de retornar as suas atividades, Mauro Cid continua recebendo normalmente o seu salário, que é no valor de 27 mil reais, de acordo com dados do Portal da Transparência.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, detalhou, em seu acordo de delação premiada, como funcionava o "gabinete do ódio" do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o jornal O Globo, a Polícia Federal (PF) teria exigido que Cid detalhasse o papel de cada ex-assessor do ex-chefe do Executivo no esquema montado no Palácio do Planalto para atacar adversários políticos via redes sociais.

A citação aos integrantes do gabinete do ódio teria sido uma das exigências para que o acordo fosse homologado em setembro. De acordo com o jornal, Cid relatou ainda a relação dos membros do grupo com os integrantes do clã Bolsonaro.

##RECOMENDA##

A delação de Cid já revelou informações sobre a venda ilegal das joias sauditas, a fraude nos cartões de vacina no sistema do Ministério da Saúde e a tentativa de golpe de Estado após a divulgação dos resultados das eleições do ano passado.

Como ajudante de ordens, Mauro Cid teve acesso livre ao Palácio do Planalto, estando ao lado do Bolsonaro em entrevistas, lives, reuniões e até mesmo em salas de cirurgias, sendo o braço direito e secretário particular de Bolsonaro nos quatro anos do governo passado. As memórias dele e os acessos que teve aos locais tornam a delação um problema para o ex-chefe do Executivo.

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, em uma operação da PF que investiga a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema de saúde. Após ter o pedido de delação premiada homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Cid foi liberado de um quartel onde estava detido no dia 9 de setembro.

Ordem para fraudes em cartões de vacina

Segundo informações do UOL, Cid admitiu participação no esquema de fraudes dos cartões de vacina de covid-19 no sistema do Ministério da Saúde e implicou Bolsonaro como o mandante. O site diz que o ex-chefe do Executivo pediu que os cartões dele e da filha, Laura, de 13 anos, fossem manipulados.

Segundo o tenente-coronel, os documentos fraudados foram impressos e entregues ao ex-presidente para que ele usasse quando "achasse conveniente". Os dados falsos de Bolsonaro e de Laura teriam sido inseridos no sistema do Ministério da Saúde por servidores da Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no dia 21 de dezembro de 2022, nove dias antes de o ex-chefe do Executivo viajar para os Estados Unidos, às vésperas da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Naquela época, as leis americanas exigiam que os viajantes comprovassem a imunização contra a covid-19.

A declaração de Cid confirmou hipóteses já trabalhadas pela PF. Segundo os investigadores, Bolsonaro e aliados tinham "plena ciência" das falsificações.

Dinheiro ilegal de venda de joias em mãos

Cinco dias depois de sair da prisão, foi revelado que Cid disse aos investigadores que entregou ao ex-presidente uma parte do dinheiro proveniente do esquema ilegal de venda de joias no exterior. O tenente-coronel admitiu à PF que participou ativamente da venda de dois relógios, um da marca Rolex e outro da Patek Phillipe. O dinheiro da comercialização ilegal teria sido depositado na conta do pai dele, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid. Bolsonaro, então, teria recebido em mãos US$ 68 mil de forma parcelada, com um repasse nos Estados Unidos e outro no Brasil.

Consulta a comandantes das Forças Armadas sobre golpe de Estado

Outra informação cedida por Cid à PF durante a delação premiada foi a de que Bolsonaro teria se reunido com a cúpula das Forças Armadas, após o segundo turno das eleições presidenciais, para discutir a possibilidade de uma intervenção militar para reverter o resultado que elegeu Lula para a Presidência.

O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, disse em depoimento que faz parte do acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal (PF), que o ex-presidente tentou abrigar na residência oficial, o Palácio do Alvorada, dois blogueiros que foram alvos de mandados de prisão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com Cid, a intenção era impedir que Oswaldo Eustáquio e Bismark Fugazza fossem presos. A informação é do colunista Aguirre Talento, do UOL.

##RECOMENDA##

Fugazza é um dos donos do canal de humor de direita Hipócritas e foi preso no Paraguai em março com o cantor gospel Salomão Vieira. Em junho, o humorista foi colocado em liberdade.

Eustáquio já havia sido preso em 2020 por envolvimento com atos antidemocráticos e, no final do ano passado, teve uma nova ordem de prisão decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Ele fugiu para o Paraguai e a polícia do país vizinho busca prendê-lo. A última tentativa foi no dia 16 de setembro. O próprio blogueiro narrou o episódio nas redes sociais e pediu aos correligionários doações via Pix.

De acordo com o UOL, Cid afirmou que Bolsonaro teria cogitado colocar os dois blogueiros dentro do Alvorada para impedir que fossem presos, mas foi dissuadido pelo ex-ajudante de ordens. No dia 13 de dezembro, Eustáquio e Fugazza foram à residência oficial para pedir ajuda, mas saíram na mesma noite.

Apoiadores do ex-presidente registraram a entrada dos dois em vídeo e comemoraram o episódio. A PF investiga se eles instigaram, ajudaram e financiaram atos antidemocráticos em 2022.

Mauro Cid foi preso pela Polícia Federal no dia 3 de maio, durante as diligências da Operação Venire, que coletava provas sobre uma fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro e sua filha mais nova, Laura. Depois disso, o ex-ajudante de ordens foi vinculado a outra investigação contra o ex-presidente, o caso das joias sauditas.

A PF suspeita que Bolsonaro coordenava e se beneficiava de um esquema internacional de venda de presentes de alto valor que ganhou em agendas oficiais. Entre eles, está um Rolex cravejado de diamantes que foi recomprado pelo advogado Frederick Wassef.

Um dos presentes vendidos é uma estatueta de coqueiro, que teria sido negociada por Mauro Cid e seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid. O reflexo do general aparece nas fotos que ele tirou da caixa do objeto para enviar ao filho.

Os termos totais da delação de Mauro Cid permanecem em segredo de Justiça, mas alguns pontos já foram revelados. O acordo o colocou em liberdade, mas ele cumpre restrições, como usar tornozeleira eletrônica, não poder ter redes sociais e ter que se recolher em casa.

O ex-ajudante de ordens teria dito que Bolsonaro é o mandante da fraude nos cartões de vacinação e que o ex-presidente recebeu, em mãos, dinheiro vivo oriundo da venda das joias. Até o momento, Bolsonaro é investigado. Não há ação penal contra ele por causa de nenhum desses episódios. Os advogados do ex-presidente tentaram ter acesso ao acordo de colaboração, mas não tiveram êxito.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse em seu acordo de delação premiada à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente da República ordenou, no final do seu mandato no Palácio do Planalto, que ele fraudasse os cartões de vacina de Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.

Segundo informações do portal UOL, Cid admitiu a sua participação no esquema e apontou Bolsonaro como o mandante. O portal diz que o ex-chefe do Executivo pediu que os cartões dele e da sua filha, Laura, de 13 anos, fossem fraudados. Segundo o tenente-coronel, os documentos fraudados foram impressos e entregue em mãos ao ex-presidente para que ele usasse quando "achasse conveniente".

##RECOMENDA##

O ex-ajudante de ordens confirmou que os dados falsos de Bolsonaro e de Laura foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde por servidores da Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no dia 21 de dezembro de 2022, nove dias antes do ex-presidente viajar para os Estados Unidos antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Naquela época, as leis americanas exigiam que os viajantes comprovassem a imunização contra a Covid-19.

Investigação aponta que Bolsonaro tinha conhecimento das falsificações

No dia 3 de maio, seis aliados de Bolsonaro - entre eles Mauro Cid - foram presos pela Polícia Federal na Operação Venire, que coletou provas de um esquema de fraudes de cartões de vacinação durante o governo do ex-presidente.

A investigação aponta que Bolsonaro e os seus aliados tinham "plena ciência" das falsificações. O objetivo, segundo a PF, era obter "vantagem indevida" em situações que necessitassem comprovação de vacina contra a covid no Brasil e nos Estados Unidos.

Bolsonaro nega ter sido vacinado contra a Covid-19

A PF identificou dois registros de vacinação de Bolsonaro no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias. O ex-presidente teria tomado o imunizante Pfizer em 13 de agosto e em 14 de outubro do ano passado. Nas mesmas datas, seus assessores Max Guilherme Machado de Moura e Sergio Rocha Cordeiro também teriam sido imunizados. Porém, a Controladoria-Geral da União (CGU) checou as agendas do ex-chefe do Executivo e atestou que seria impossível que ele tivesse comparecido na unidade de saúde.

Além de Bolsonaro e Laura, Mauro Cid também teria falsificado o próprio cartão de vacinação e também o da sua mulher, Gabriela Cid, e das suas três filhas.

Em um depoimento para a PF no dia 16 de maio, Bolsonaro negou que ele e a filha teriam sido vacinados contra a Covid-19. O ex-presidente também afirmou que não determinou e não tinha conhecimento das fraudes, o que agora é confrontado pela delação premiada de Cid.

Em suas redes sociais, o advogado e assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, rechaçou a hipótese de Bolsonaro ter ordenado a falsificação dos dados de vacinação, como Mauro Cid teria dito à PF. "Chance zero", disse Wajngarten na rede social X (antigo Twitter), completando: "Mundo todo conhece a posição do Pr @jairbolsonaro sobre vacinação. Como chefe de Estado, o passaporte/visto que ele possui não exige nenhuma vacina. Filha menor de idade jamais necessitou de vacinação, até porque possui comorbidades."

Diante das informações apresentadas por Mauro Cid durante a sua delação premiada, a Polícia Federal investiga se o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, atuou como elo entre o ex-mandatário e integrantes dos acampamentos golpistas que pediam intervenção militar após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Braga Netto costumava atualizar o então presidente sobre o andamento das manifestações antidemocráticas e fazia um elo entre Bolsonaro e integrantes dos acampamentos.

##RECOMENDA##

Em novembro do ano passado, uma reportagem do site Metrópoles exibiu imagens de pessoas que estavam acampadas em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, frequentando o local onde funcionou o comitê de campanha do ex-presidente. Na ocasião, o ex-ministro da Defesa dava expediente no local. Dias após os registros, Braga Netto saiu para cumprimentar e tirar fotos com os manifestantes bolsonaristas em frente à residência oficial após visitar o ex-presidente. Ele pediu aos apoiadores para “não perderem a fé”.

As falas de Braga Netto foram interpretadas por grupos bolsonaristas como um pedido para que as barracas em frente aos quartéis não fossem desmontadas e que os manifestantes continuassem a atacar os resultados das urnas.

Para checar o relato de Cid, a PF está mapeando todas as reuniões realizadas entre Bolsonaro, o acusado e integrantes das Forças Armadas no fim do ano passado. A maioria desses encontros ocorreu no Palácio da Alvorada, onde o ex-mandatário ficou recluso depois da derrota para Lula nas eleições.

 

A comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga atos e omissões durante os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 já colheu 19 depoimentos desde que iniciou seus trabalhos, no final de maio, até esta última semana de setembro.

A lista (veja abaixo) inclui hacker, condenados por tentativa de explosão de bomba, oficiais das Forças Armadas, integrantes das polícias (militar, civil, rodoviária e Federal) e até ex-ministros. Restam agora sete semanas para o prazo final de funcionamento, em 20 de novembro.

##RECOMENDA##

O 20º depoimento está marcado para terça-feira (3), quando os parlamentares devem inquirir o empresário Argino Bedin, que figurou entre os investigados como possíveis financiadores dos atos golpistas. Na quinta (5), deve ser ouvido o subtenente da PM Beroaldo José de Freitas Júnior. Ele participou da defesa do Palácio do Congresso no dia dos ataques.

O presidente da comissão, deputado federal Arthur Maia (União-BA), e a relatora, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmaram nesta semana que pretendem concluir os trabalhos antes do prazo. O relatório final deve ser apresentado em 17 de outubro.  Eliziane disse que um novo depoimento de Mauro Cid não está descartado e que ela ainda quer ouvir os últimos comandantes militares da gestão do então presidente Jair Bolsonaro.

— Esses comandantes das Forças Armadas foram citados na delação premiada do Mauro Cid sobre uma possível reunião que se deu no dia 24 de novembro com o então presidente da República. Foi uma reunião grave, que teria planejado uma ação golpista.

O presidente da CPMI considerou essencial que a comissão trate das fontes de financiamento dos ataques antidemocráticos.  — É fundamental que a gente chame aqui os financiadores, aquelas pessoas apontadas como financiadores, porque até agora não ouvimos ninguém a respeito disso.

Veja quem já prestou depoimento à CPMI

20/6 – Silvinei Vasques Policial rodoviário. No primeiro depoimento à CPMI, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal negou que a instituição tenha concentrado fiscalização no Nordeste nas eleições de 2022 para prejudicar eleitores de Lula. Silvinei, hoje aposentado, estava à frente da PRF quando foram feitas blitz em rodovias no 2º turno. Foi preso em agosto.

22/6 – Leonardo de Castro  Delegado da PCDF. Disse que os condenados pelo malsucedido atentado a bomba perto do Aeroporto de Brasília, em 24 de dezembro, também participaram da tentativa de invasão da Polícia Federal, em 12 de dezembro. Diretor de Combate à Corrupção e Crime Organizado, depôs com os peritos Renato Carrijo e Valdir Pires Filho, responsáveis pelo laudo do atentado.

22/6 – George Washington de Oliveira Sousa  Um dos condenados por planejar a explosão do caminhão-tanque no aeroporto. Cumpre pena de mais de 9 anos de prisão pela tentativa de atentado a bomba. Manteve-se calado na maior parte de seu depoimento à CPMI. Admitiu, porém, que frequentou o acampamento bolsonarista montado em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. 

26/6 – Jorge Eduardo Naime  Coronel da PMDF. Comandava o Departamento de Operações da corporação até janeiro deste ano. Foi preso em fevereiro pela Operação Lesa Pátria da PF, que investiga os eventos de 8 de janeiro. O coronel saiu de folga poucos dias antes dos atos golpistas. À CPMI, disse que a Abin avisou, às 10h da manhã, que havia ameaças de invasão e depredação das sedes dos três Poderes.

27/6 – Jean Lawand Junior  Coronel do Exército. Disse à CPMI que as mensagens trocadas em dezembro passado com o tenente-coronel Mauro Cid não foram um estímulo a um golpe de Estado contra o presidente Lula. No mais, ficou calado.

11/7 – Mauro Cesar Barbosa Cid  Tenente-coronel do Exército. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro não respondeu às perguntas na CPMI. Disse que apenas cumpria atividades de assessoramento e secretariado, sem ingerência em decisões. Cid ficou preso 4 meses, acusado de fraudar cartões de vacina, e é suspeito de participar da articulação golpista. Foi solto devido a possível colaboração com a investigação. 

1º/8 – Saulo Moura da Cunha  Oficial de inteligência. Ex-diretor da Abin, disse aos parlamentares que relatórios da agência indicaram “certa organização de grupos extremistas” dias antes dos atos antidemocráticos. Afirmou não saber se os ataques às sedes dos três Poderes foram facilitados pela eventual omissão de autoridades. Disse ainda que o general GDias foi informado sobre o risco de ataques. 

8/8 – Anderson Torres  Delegado da Polícia Federal. Ex-secretário de Segurança Pública do DF e ex-ministro da Justiça. No depoimento à CPMI, disse não ter vínculos com a chamada “minuta do golpe”. Ficou quatro meses preso por ser suspeito de omissão durante os ataques golpistas.

15/8 – Adriano Machado  Repórter fotográfico. Disse à CPMI que apenas cumpriu seu trabalho ao fotografar os ataques dos invasores. Ele estava dentro do Palácio do Planalto e disse ter sido abordado por invasores para apagar imagens da câmera. Também disse que fotografou guardas da Força Nacional no estacionamento do Ministério da Justiça, enquanto os manifestantes se dirigiam ao Planalto.

17/8 – Walter Delgatti Neto  Hacker. Foi preso em agosto, alvo de investigação que apura inserção de dados falsos sobre o ministro do STF Alexandre de Moraes no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça. A inserção teria sido feita em janeiro, antes dos ataques. Na CPMI, relatou que falou com Bolsonaro sobre urnas eletrônicas a pedido da deputada Carla Zambelli.

24/8 – Luis Marcos dos Reis  Sargento do Exército. Em menos de um ano, teria movimentado mais de R$ 3 milhões, segundo a CPMI. Ele disse que as movimentações financeiras decorriam de uma espécie de consórcio entre militares, gerenciado por ele. O sargento afirmou que outras transações tiveram origem na venda de um carro a Mauro Cid.

29/8 – Fábio Augusto Vieira  Coronel da Polícia Militar. Ex-comandante da PM do DF, era o chefe da polícia no dia dos ataques. Ficou em silêncio no depoimento à CPMI, protegido por habeas corpus do ministro do STF Cristiano Zanin. Ele e outros 6 oficiais foram presos porque, segundo a Procuradoria-Geral da República, a cúpula da PMDF foi omissa e deixou de agir para impedir os ataques de 8 de janeiro. 

31/8 – Marco Edson Gonçalves Dias  General do Exército. Mais conhecido como GDias, comandava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no dia dos ataques golpistas. Em seu depoimento, o ex-ministro-chefe do GSI disse que a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar do Distrito Federal foram “ineficazes” no enfrentamento aos manifestantes.

12/9 – Marcela da Silva Morais Pinno  Cabo da PM do Distrito Federal. Atuou na repressão aos atos golpistas como soldado do pelotão Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) Alfa da PMDF e sofreu graves agressões físicas em 8 de janeiro. Promovida a cabo por ato de bravura, foi chamada de heroína por membros da CPMI.

14/9 – Gustavo Henrique Dutra de Menezes  General do Exército. Ex-comandante do Comando Militar do Planalto (CMP). Em seu depoimento à CPMI, negou ter sido pressionado para manter o acampamento golpista perto do QG do Exército em Brasília ou que tenha impedido ações de desmobilização. 

21/9 – Wellington Macedo de Souza  Blogueiro. Ficou em silêncio na CPMI e negou-se a responder às perguntas dos parlamentares. Foi preso recentemente no Paraguai e já está condenado a seis anos de prisão por participar do atentado a bomba no Aeroporto Internacional de Brasília.

26/9 – Augusto Heleno Ribeiro Pereira  General da reserva do Exército. Foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República na gestão de Jair Bolsonaro. Em mais de 9 horas de depoimento na CPMI, general Heleno respondeu poucas perguntas. No entanto, negou ter participado da articulação golpista. Foi defendido por muitos parlamentares da oposição.

*Da Agência Senado

A Polícia Federal fez um pedido ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para ter acesso aos nomes de visitantes do Palácio da Alvorada, ainda da época da época da presidência de Jair Bolsonaro (PL), em um período específico de tempo, para verificar informações dadas por seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, em depoimento de delação premiada. As informações são do portal UOL. 

Segundo a PF, o intuito do pedido seria para dar continuidade à investigação de quem teria participado de reuniões com o então presidente da República com uma minuta golpista. Mauro Cid confirmou que houve encontros entre Bolsonaro e militares de alta patente, como o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, e o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). 

##RECOMENDA##

Heleno chegou a depor, na última terça-feira (26), na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, onde afirmou que Cid não participava de reuniões entre militares, e que ele próprio não comparecia aos encontros.  

Mauro Cid estava preso desde maio deste ano, e foi solto após a homologação da delação premiada que fez à PF. 

 

Após protagonizar discussões com parlamentares como Eliziane Gama (PSD-MA) e Fabiano Contarato (PT-ES), o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair Bolsonaro (PL), optou pelo silêncio ao responder às perguntas sobre sua relação com os atos golpistas de 8 de janeiro, na sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) desta terça-feira (26). 

O militar que, para evitar se incriminar, teve direito ao silêncio garantido pela Suprema Corte, iniciou o depoimento sem grandes oposições, até que a presença de Mauro Cid em reuniões entre o ex-presidente e seus ministros passou a ser tópico recorrente nas perguntas da relatoria e colegiado. Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, é investigado pela Polícia Federal (PF) e atualmente acerta uma delação premiada que pode comprometer a base bolsonarista. 

##RECOMENDA##

Respondendo ao deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA), sobre o caso do hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti, o general optou pelo silêncio pela primeira vez. O deputado, em sua participação, perguntou se Heleno participou ou sabia da reunião entre o hacker e Bolsonaro e se tinha conhecimento do conteúdo do encontro. Ele também não respondeu sobre as visitas de Delgatti ao Ministério da Defesa durante a gestão anterior. 

Pouco depois, o parlamentar petista quis saber, também, se Heleno participou do encontro entre Bolsonaro e o alto comando das Forças Armadas para tratar da minuta golpista, situação delatada por Mauro Cid à Polícia Federal. Novamente, Pereira Júnior ouviu do militar a resposta de que ficaria em silêncio. 

Augusto Heleno, que por diversas vezes chegou a afirmar que Mauro Cid não participou presencialmente de reuniões, precisou mudar a versão dada ao Legislativo após Eliziane Gama exibir uma imagem que mostra Cid, Bolsonaro e Heleno na mesma mesa de reunião. 

Em seguida, por longos minutos, ele repetiu que ficaria em silêncio ao ouvir perguntas sobre seu papel como militar durante a ditadura no Brasil. Naquela ocasião, ele foi questionado pela senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA) se, como ajudante de ordens do ministro do Exército no início do governo militar de Ernesto Geisel, sabia das torturas e participou das decisões e ações nos porões da ditadura. Ele, novamente, não forneceu respostas. 

[@#video#@]

LeiaJá também 

- - > 'CPMI: General Heleno nega ter conhecido 'minuta do golpe'

- 'Heleno se exalta com relatora da CPMI: 'é para ficar pu**'

 

O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse, nesta terça-feira (26), que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid não participava das reuniões realizadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma foto, contudo, mostra Cid ao fundo durante um encontro de Bolsonaro com o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e os comandantes das Forças Armadas da época.

##RECOMENDA##

Marcos Corrêa/PR

Durante a oitiva na CPMI, a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) perguntou se Cid participava das reuniões e Heleno negou.

"Não e eu quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid, ele não participava de reuniões, ele era o ajudante de ordens do presidente da República. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar numa reunião dos comandantes de Força e participar da reunião. Isso é fantasia. Isso é fantasia. É a mesma coisa é essa delação premiada, ou não premiada, do Mauro Cid... Tão apresentando trechos dessa delação e me estranha muito, porque a delação está ainda sigilosa, ninguém sabe o que o Cid falou", disse o general.

Depois, quando surgiu a foto na CPMI, Eliziane voltou a fazer o mesmo questionamento: “Mauro Cid participava presencialmente das reuniões com comandantes do Exército?”, Heleno por sua vez respondeu: “Raramente tinha esse papel de estar ali para fazer algo que o presidente pedisse”.

Depois, quando o senador Fabiano Contarato (PT-ES) voltou a falar sobre o assunto e apontar que mesmo sem deliberar nas reuniões, Mauro Cid estava lá e poderia testemunhar os fatos, o general voltou a justificar as presenças do ex-ajudante de ordens. “Não era por iniciativa dele. É a mesma coisa que esse rapaz que serve café para nós pacientemente, ele não é partícipe da reunião”, disse, quando também lembrou que a imagem era antiga.

Em outro momento, antes do surgimento da foto, Augusto Heleno também chegou a dizer que Mauro Cid não tinha protagonismo no governo, apenas obedecia as ordens de Jair Bolsonaro. 

A foto

Uma foto de 25 de janeiro de 2019 mostra o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, sentado logo atrás do ex-ministro do GSI, general Heleno, durante uma reunião do presidente com os comandantes das Forças Armadas. 

A legenda da imagem relata quem são os presentes no encontro: "Presidente da República, Jair Bolsonaro durante encontro com durante Reunião com Fernando Azevedo, Ministro de Estado da Defesa; Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Júnior, Comandante da Marinha do Brasil; General de Exército Edson Leal Pujol, Comandante do Exército Brasileiro; Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, Comandante da Aeronáutica; Almirante Esq Cláudio Portugal de Viveiros, Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Interino, e Alte Esq Almir Garnier Santos, Secretário-Geral do Ministério da Defesa." 

A imagem está disponível na conta do Flickr do Palácio do Planalto.

O senador Hamilton Mourão (Republicanos) questionou o teor da delação do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, e resumiu a reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com os chefes das Forças Armadas para discutir um possível golpe como “blá-blá-blá”. De acordo com a delação do ex-ajudante de ordens, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier tentou incentivar os comandantes a rejeitarem o resultado das eleições.

Mourão preferiu não opinar sobre a inclinação de Almir Garnier em apoiar o golpe. "Eu aprendi com meu pai, quando fui para a reserva, que não tenho de dar pitaco no que os caras da ativa estão fazendo", comentou em entrevista ao Globo.

##RECOMENDA##

Fora do Exército antes de assumir a vice-Presidência, o ex-general defendeu as Forças Armadas e apontou que Marinha, Exército e Aeronáutica não têm relação com o ato golpista de 8 de janeiro.

"As Forças Armadas sempre estão agindo dentro da legalidade, legitimidade e mantendo a estabilidade do país. Ela não foi fator de instabilidade. O que ocorreu foi o seguinte: um grupo de baderneiros achou que, fazendo uma baderna naquele domingo, 8 de janeiro, algo iria mudar no Brasil. Muito pelo contrário, não mudou nada", considerou.

O senador também minimizou os possíveis desdobramentos da destruição da Praça dos Três Poderes ao descartar a punição aos militares que corresponderam ao interesse dos envolvidos.

"Uma tentativa de golpe seria o quê? A Força Armada sair para a rua e ser derrotada, a exemplo do que ocorreu na Turquia. Isso não aconteceu no Brasil. Se for verdade a delação do Mauro Cid sobre essa suposta reunião, o que houve foi uma discussão. Segundo ele, uns disseram que eram contra e outro disse que era a favor. Isso é um assunto que vai pertencer à História apenas", afirmou o parlamentar.

"Quando Juscelino (Kubitschek) foi eleito, vivíamos um processo tumultuado por causa da morte do Getúlio (Vargas). Na ocasião, houve três presidentes interinos e duas tentativas de golpe para impedir a posse do Juscelino: Jacareacanga, Aragarças. Todas foram revoltas de militares da Força Aérea. Ali realmente você teve uma investida. Agora o que há é um mero blá-blá-blá…", continuou.

O não reconhecimento do resultado das eleições por parte de Jair Bolsonaro é encarado como um dos fatores que influenciaram o 8 de janeiro. Para Mourão, o ex-presidente ficou "muito frustrado" com a derrota e também não teve culpa pelas depredações.

"O que ele ia fazer? [...] Aquela movimentação já estava em determinados grupos dos nossos apoiadores, aqueles mais insatisfeitos com o processo eleitoral", pontuou o ex-presidente.

Na sua visão, o atual governo conserva uma boa relação com as Forças Armadas, mas há certo incômodo com a figura do ministro da Justiça Flávio Dino. 

"Vejo o ministro Múcio [da Defesa] trabalhando bem nesse sentido, mas temos um complicador, que é o ministro Dino [da Justiça]. Ele fala demais [...] Acho que em questões da Polícia Federal nessas investigações. Posso citar as ações sobre alguns militares, como foi a própria prisão do Cid. Essas coisas não estão sendo bem conduzidas", criticou. 

O ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, recebeu um estudo sobre o "poder moderador" de militares, dois dias após uma reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com os comandantes das Forças Armadas, o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e o general Braga Netto. A informação é do jornal O Globo.

A reunião com a cúpula das Forças Armadas aconteceu 15 dias após o segundo turno das eleições, mas não aparece na agenda do ex-presidente. Contudo, uma troca de e-mails da equipe de ajudantes de ordens confirma o encontro. O e-mail não denomina os comandantes, mas as três Forças eram então chefiadas pelo almirante Almir Garnier (Marinha), pelo general Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e pelo tenente-brigadeiro Baptista Junior (Aeronáutica).

##RECOMENDA##

O chamado “poder moderador dos militares” é uma tese adotada por bolsonaristas para defender uma intervenção e o não cumprimento do resultado das eleições de 2022, que levou a vitória do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).  

Outro encontro também registrado no e-mail e fora da agenda oficial de Jair Bolsonaro foi com o almirante Garnier, o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, o ministro Paulo Sérgio Nogueira, e o assessor Filipe Martins. Em delação premiada, segundo o UOL, Cid contou que neste encontro Martins entregou a Bolsonaro uma minuta prevendo a intervenção e a prisão dos adversários.

Além do documento sobre o poder moderador, Mauro Cid recebeu também outros dois, que versavam sobre a prerrogativa das Forças Armadas na "garantia dos poderes constitucionais" e a possibilidade de "decretação do estado de defesa ou de sítio".

“Entende-se que a GPC (garantia dos poderes constitucionais) ocorre em situações de não normalidade, caracterizada pela intervenção da União nos Estados ou no Distrito Federal, ou pela decretação do estado de defesa ou do estado de sítio. Essas possibilidades possuem enquadramento no texto constitucional, e o emprego das Forças Armadas seria regulado a partir de um decreto presidencial (legalidade). Essas possibilidades são as apontadas pela doutrina majoritária como sendo o emprego da FA em GPC”, diz um trecho detalhado na reportagem.

Ao O Globo, a defesa de Cid disse em nota que "não tem os referidos depoimentos, que são sigilosos, e por essa mesma razão não confirma seu conteúdo".

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) rompeu o silêncio que vinha adotando em relação ao acordo de colaboração premiada feito pelo seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cesar Barbosa Cid. Por meio de uma nota divulgada pelos seus advogados nesta quinta-feira, 21, o ex-presidente negou todas as suspeitas que pairam sobre ele e prometeu "medidas judiciais cabíveis contra toda e qualquer manifestação caluniosa, que porventura extrapolem o conteúdo de uma colaboração que corre em segredo de Justiça".

O ex-ajudante de ordens fez um acordo de colaboração premiada que foi homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no último dia 9, no meio do feriado prolongado do 7 de setembro. A delação colocou Mauro Cid, que estava preso desde maio, em liberdade. Os termos do acordo, ajustado com a Polícia Federal (PF), estão em segredo de Justiça, mas alguns detalhes vieram a público.

##RECOMENDA##

Como mostrou o Estadão, Mauro Cid teria dito que entregou nas mãos de Bolsonaro dinheiro vivo oriundo da venda de joias que foram recebidas durante agendas oficiais da Presidência, confirmando a suspeita da PF de que o ex-presidente coordenava esse suposto esquema. Nesta quinta-feira, 21, outro trecho da delação foi revelado: Cid diz que, depois das eleições passadas, Bolsonaro se reuniu com a cúpula das Forças Armadas para avaliar a possibilidade de um golpe de estado.

Nessa última ocasião, o ex-presidente teria apresentado aos militares uma "minuta de golpe", que teria sido entregue a ele por Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência. Durante uma sessão do Senado, em março de 2021, quando acompanhava o então ministro das Relações Exteriores, Martins teria feito um gesto supremacista, gesto que lhe rendeu uma ação criminal.

Ele foi absolvido na primeira instância da Justiça Federal e o Ministério Público Federal (MPF) recorreu para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, onde o caso aguarda julgamento.

A nota divulgada pela defesa de Bolsonaro diz que o ex-presidente "jamais compactuou com qualquer movimento ou projeto que não tivesse respaldo em lei, ou seja, sempre jogou dentro das quatro linhas da Constituição Federal" - repetindo, no final desta frase, um dos jargões frequentes de Bolsonaro.

No final do texto, os advogados do ex-presidente reiteram que ainda não conseguiram ter acesso ao conteúdo da delação. Nesta terça, 19, Bolsonaro e sua esposa Michelle, que também é investigada no caso das joias sauditas, pediram ao STF para ter acesso ao conteúdo acordo de delação.

A declaração desta quinta muda o tom de Bolsonaro a respeito do seu ex-ajudante de ordens. Até o momento, o ex-presidente vinha argumentando que Cid agiu por conta própria e negou ter dado qualquer ordem para que o tenente-coronel cometesse crimes. A caminho de Abadiânia, no dia 18 de agosto, Bolsonaro disse ao Estadão que Cid "tinha autonomia" e que desejava "clarear o mais rápido possível" toda a situação.

O ex-ajudante de ordem, Mauro Cid, contou em delação premiada que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com militares da alta patente para debater sobre uma eventual minuta que inviabilizasse o cumprimento do resultado das eleições de 2022. A informação foi divulgada pelo UOL. 

Cid, que é tenente-coronel do Exército, detalhou que o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, teria se manifestado favoravelmente ao plano golpista, contudo o Alto Comando das Forças Armadas não aderiu ao plano intervencionista. 

##RECOMENDA##

O relato de Cid está entre os anexados na delação premiada, que segue em sigilo, mas o UOL teve acesso. Quem teria confeccionado a minuta golpista foi o assessor Filipe Martins. Mauro Cid disse ter participado da reunião em que Bolsonaro tomou conhecimento do documento e também do encontro com os militares.

De acordo com as informações, Mauro Cid relatou detalhes sobre a minuta que, segundo ele, convocaria uma nova eleição com prisão dos adversários. A PF investiga, agora, se o documento entregue por Felipe Martins é o mesmo encontrado na casa do ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres. 

Falsificação de certificados de vacina

Em sua delação, o ex-ajudante de ordens também falou sobre a falsificação de certificados de vacina que o levaram à prisão em maio, além de outros casos como o esquema de venda de joias, que envolve o presidente e arrasta militares do Exército, Marinha e Aeronáutica para problemas de Bolsonaro.

Veracidade das revelações e defesa de Cid

A investigação da PF ainda deve realizar diligências para verificar a veracidade das revelações feitas pelo delator.

Em nota, a defesa de Cid afirmou não ter os depoimentos a respeito da reunião de Bolsonaro com a cúpula militar e disse que eles são sigilosos.

Investigação estaria 'esticando a corda' dos militares

Em entrevista ao Estadão, os militares chegaram a dizer que veem a Justiça "esticando a corda" com prisões e investigações que envolvem as Forças, e alegaram que isso geraria instabilidade e insegurança. A afirmação ocorreu depois que a PF prendeu comandante da PM no DF, além de coronéis e tenente por omissão ante 8 de janeiro.

Na acusação desse caso, a PGR narrou que provas colhidas apontam que "havia profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da Polícia Militar do DF que se mostrou adepta de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas".

Em 2021, o Estadão revelou que o então ministro da Defesa, Walter Braga Netto, fez ameaça e condicionou as eleições de 2022 ao voto impresso.

O caso foi no dia 8 de julho, quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), recebeu um duro recado do Braga Netto, por meio de um importante interlocutor político.

O general havia pedido para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022 se não houvesse voto impresso e auditável. Ao dar o aviso, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Cid foi liberado da prisão para participar de delação premiada

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, estava preso desde maio, quando foi revelado um esquema falsificação de carteiras de vacinação contra a covid-19. No entanto, no último dia 9, Cid foi liberto do Batalhão da Polícia do Exército, em Brasília, após sua delação premiada ser homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Ao longo dos quatro anos em que Bolsonaro ocupou o Palácio do Planalto, Mauro Cid foi chefe da ajudância de ordens do então presidente. Esse posto é dado a um oficial, que deve ficar à disposição do presidente no desempenho das funções, como um secretário particular do chefe do Executivo.

No período, o tenente-coronel teve livre acesso ao gabinete presidencial, ao Palácio da Alvorada e até mesmo ao quarto ocupado pelo ex-chefe do Executivo em hospitais, após cirurgias.

*Com a Agência Estado

A CPI Mista do 8 de janeiro vai ouvir, nesta terça-feira (19), o ex-coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência da República, Osmar Crivelatti. Ele era subordinado ao tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro nos quatro anos de governo.

Inicialmente, estava prevista para amanhã a oitiva do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, mas o depoimento foi adiado.

##RECOMENDA##

A convocação atende a requerimentos apresentados por diversos parlamentares. "Como se sabe, a Ajudância de Ordens, comandada pelo tenente-coronel
Mauro Cid, teve papel central na tentativa de deslegitimação dos resultados das
eleições", afirma o senador Rogério Carvalho (PT-SE) no documento em que pede a convocação de Crivelatti.

Crivelatti estaria envolvido na tentativa de venda de joia recebida por Jair Bolsonaro em viagem oficial à Arábia Saudita.

*Da Agência Câmara de Notícias

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando