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O Conselho de Estado da França vetou nesta terça-feira (21) o burkini nas piscinas públicas. O traje de banho cobre a cabeça e o corpo de mulheres muçulmanas e seu uso é polêmico.

O caso que agitou o debate sobre o islamismo na França começou em meados de maio quando o conselho municipal de Grenoble (sudeste) relaxou a normativa sobre os trajes permitidos nas piscinas, sem mencionar diretamente o burkini.

O Ministério do Interior apresentou uma queixa por considerar que a medida atentava contra os princípios do laicismo.

Quando um tribunal administrativo de Grenoble deu razão ao Estado, a cidade decidiu apelar e o Conselho de Estado foi encarregado do caso.

Nesta terça-feira, a mais alta jurisdição administrativa confirmou a decisão do tribunal de Grenoble ao entender que o novo regulamento das piscinas constitui uma "exceção muito seletiva" para satisfazer uma "reivindicação religiosa".

O ministro do Interior, Gerald Darmanin, celebrou a decisão no Twitter como "uma vitória da lei contra o separatismo e pelo laicismo".

Em 2016 a tentativa de alguns prefeitos do sul da França de proibir o burkini nas praias do Mediterrâneo gerou a primeira tormenta política em torno do traje que alguns consideram um símbolo da opressão à mulher.

A Justiça francesa arquivou o caso aberto contra o cineasta Luc Besson, a quem a atriz Sand Van Roy acusou há três anos de estupro, informaram fontes próximas ao caso nesta quinta-feira (9).

Uma juíza de instrução de um tribunal de Paris seguiu a opinião do Ministério Público, que em 8 de outubro pediu o fim da investigação deste caso midiático.

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"Após um processo que durou três anos e meio (...), a juíza de instrução acaba de arquivar o caso, o que acaba por isentar Luc Besson das acusações", disse o advogado do diretor, Thierry Marembert.

A denunciante questiona há muito tempo o processo aberto pela Justiça francesa, ao considerar que é tendencioso. A atriz belga-holandesa disse também que sua vida está "destruída".

"Lamento ter denunciado. Este país não protege as vítimas de pessoas famosas", afirmou em um documentário no canal France 2 divulgado em novembro. Nesta quinta-feira, ela anunciou no Twitter uma denúncia contra a juíza.

Luc Besson, de 62 anos, nega as acusações. Em 25 de janeiro, após uma longa audiência, a Justiça o declarou testemunha assistida, um estado anterior ao indiciamento ou ao arquivamento.

A atriz apresentou uma denúncia por estupro em maio de 2018 contra o produtor e diretor francês, um dia depois de ter se encontrado com ele em um hotel de luxo da capital francesa.

Dois meses depois, Van Roy denunciou outros estupros e agressões sexuais cometidas pelo diretor de "O Quinto Elemento" durante dois anos.

O Ministério Público arquivou essas denúncias em 25 de fevereiro de 2019, considerando que não pôde "verificar a infração denunciada".

Depois, a atriz apresentou outra denúncia em âmbito civil que gerou a abertura de um processo por "estupro" meses depois.

Outras oito mulheres o acusaram mais tarde de gestos inadequados e, inclusive, de agressões sexuais, acusações que já estariam prescritas em sua maioria, segundo depoimentos coletados pelo portal Mediapart.

A Justiça francesa ordenou, nesta terça-feira (19), que o ex-presidente conservador Nicolas Sarkozy compareça como testemunha no julgamento de cinco ex-colegas seus pelas dezenas de pesquisas encomendadas pelo Palácio Eliseu durante seu mandato.

O ex-chefe de Estado, que não está sendo julgado graças à sua imunidade presidencial, comunicou ao tribunal administrativo de Paris sua recusa a comparecer, como pedia a associação anticorrupção Anticor.

O tribunal considerou, entretanto, que "o depoimento de Nicolas Sarkozy é efetivamente (...) necessário para estabelecer a verdade" e que poderia "influenciar nos fatos atribuídos aos acusados".

O tribunal "ordenou que este testemunho seja levado a ele pela força pública para ser ouvido em 2 de novembro". Consultado sobre esta decisão, o entorno de Sarkozy rejeitou reagir "no momento".

Já condenado a um ano de prisão em março, e a outro, no final de setembro por outros casos - veredictos dos quais recorreu -, o presidente francês (2007-2012) se recusou, em 2016, a comparecer ao juiz de instrução deste caso.

O escândalo das pesquisas, que começou em 2010, revelou que o Eliseu pagou muitas sondagens de opinião sobre a popularidade do presidente, suas políticas, seus adversários e até sobre sua esposa, Carla Bruni.

Um "vício em pesquisas", denunciou em 2012 o político ambientalista Raymond Avrillier, que obteve documentos da Presidência francesa por meio da Justiça administrativa.

Durante quatro meses, o tribunal deve abordar as suspeitas de favoritismo e de malversação de fundos públicos sobre os contratos fechados pelo Eliseu, sem licitação.

Entre os acusados, estão o historiador e jornalista de extrema direita Patrick Buisson, o ex-secretário-geral da Presidência Claude Guéant e a ex-chefe de gabinete Emmanuelle Mignon.

O ex-diretor da empresa de pesquisas Ipsos, Pierre Giacometti, também está entre os processados, assim como o ex-conselheiro Julien Vaulpré.

A Corte de Apelações de Paris validou a decisão da Autoridade da Concorrência da França que ordenou ao Google negociar com a imprensa francesa sobre uma remuneração pela utilização de seus conteúdos, garantida pelos direitos conexos.

"É uma decisão muito importante. A concorrência se aplica a todos, inclusive no digital", escreveu no Twitter a presidenta da Autoridade de Concorrência francesa, Isabelle de Silva.

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A decisão do tribunal francês será examinada de perto por outros países europeus, pois a lei sobre direitos conexos era na origem uma diretriz europeia. A França foi o primeiro país a aplicar a medida.

Em 9 de abril, o "árbitro" da concorrência da França deu prazo de três meses ao Google para que negociasse de "boa fé" com os meios de comunicação a aplicação efetiva destes direitos, aprovados no Parlamento Europeu em 2019.

Estes preveem uma remuneração por parte das plataformas digitais aos meios de comunicação pela publicação de seus conteúdos, especialmente vídeos e fotos.

Google, no entanto, se opôs a remunerar até o momento a imprensa francesa pelos conteúdos que aparecem nos resultados de sua ferramenta de busca.

Na quarta-feira à noite, poucas horas do anúncio da decisão da corte, o grupo americano informou que estava perto de um acordo com a imprensa francesa.

"Nossas negociações, que acontecem dentro do marco definido pela Autoridade de Concorrência, poderiam permitir a validação dos princípios chave de um acordo", afirmou a empresa, sem revelar detalhes.

Google, assim como outras grandes plataformas de internet como Facebook, mantém relações conturbadas com a imprensa, que critica o uso de seu conteúdo sem a remuneração adequada.

Um tribunal francês absolveu nesta sexta-feira (6) um professor universitário processado por ter ajudado migrantes eritreus ilegais provenientes da Itália, ao determinar que ele atuou para preservar a dignidade dessas pessoas.

A promotoria havia pedido uma pena de prisão de seis meses com sursis contra o professor da Universidade de Nice.

Pierre-Alain Mannoni, de 45 anos, foi interceptado em 18 de outubro, perto da fronteira com a Itália, quando transportava em seu veículo três eritreus, incluindo uma menor, que iria abrigar em sua casa.

Ele se beneficiou de uma lei de 2012 que prevê imunidade para as pessoas que ajudam migrantes sem receber retribuição e que agem se a vida dessas pessoas está em perigo.

Em um caso similar, um agricultor francês foi julgado na quarta-feira em um tribunal de Nice (sudeste da França) por ter ajudado migrantes em situação irregular e abrigado em sua fazenda localizada perto da fronteira com a Itália.

A justiça francesa acusa Cédric Herrou, de 37 anos, de ter "ajudado na entrada, circulação e residência em situação irregular" de migrantes.

Este agricultor, que se tornou um herói popular, pode ser condenado a até cinco anos de prisão e a uma multa de 30.000 euros se for considerado culpado.

A fazenda de Herrou está localizada em um vale na fronteira entre a França e a Itália, perto de uma rota pela qual passam migrantes que procuram refúgio na Europa, fugindo da guerra e da pobreza nos seus países de origem.

"Se temos de infringir a lei para ajudar as pessoas, vamos fazer isso!", declarou Herrou ao chegar ao tribunal. Ele também acusou a polícia francesa de prender "milhares" de crianças e levá-las de volta para a fronteira.

A Europa está enfrentando sua pior crise de imigração desde a Segunda Guerra Mundial, com a chegada de 1,5 milhão de migrantes que atravessaram o Mediterrâneo desde 2014.

A Justiça francesa condenou o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) a três anos de prisão por lavagem de dinheiro em grupo organizado. Segundo informações da Procuradoria-Geral da República (PGR), o crime foi cometido de 1996 a 2005 na França. A esposa do deputado, Sylvia Lutfalla Maluf e o filho dele, Flávio Maluf também foram condenados pelo mesmo crime.

Além da condenação, a 11ª Câmara do Tribunal Criminal de Paris determinou a perda de valores apreendidos ($1.844.623 euros) e ordenou que sejam mantidos os mandados de captura internacional para os três. Maluf, o filho e a esposa também terão que pagar multas que chegam a $500 mil euros. Segundo a procuradoria brasileira, o tribunal francês considerou que o dinheiro do crime de lavagem foi fruto de corrupção e de desvio de dinheiro público praticado no Brasil. O caso está em fase de recurso.

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Ainda segundo a PGR, a acusação francesa contou com provas de ações que tramitam no Brasil contra o deputado e que foram compartilhadas pelo Ministério Público Federal (MPF) brasileiro e pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. A PGR informou ainda que pediu à justiça francesa que o caso termine de ser julgado no Brasil, além da repatriação do valor confiscado. A procuradoria aguarda uma resposta da França.

No Brasil, o deputado responde a duas ações penais no Supremo Tribunal Federal pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Por meio de nota, a defesa da família na França informou que “a decisão não é definitiva e aguarda julgamento na Corte de Apelação Francesa. Todos os valores envolvidos no processo têm origem lícita, foram declarados às autoridades brasileiras e os respectivos impostos foram pagos”.

Os processos de votação que culminaram na escolha das sedes dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio, e de 2020, em Tóquio, estão sob investigação. Procuradores franceses, que haviam aberto um processo contra os dirigentes do atletismo por corrupção, agora estão ampliando as investigações para examinar também o voto das sedes dos eventos. O Rio de Janeiro venceu a votação, superando Madri na final. A informação foi revelada pelo jornal inglês The Guardian, e confirmada pela reportagem do Estado de S. Paulo.

A investigação original se debruçava sobre o comportamento da cúpula da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF), com denúncias envolvendo dirigentes e o ex-chefe da entidade, Lamine Diack. Preso, ele foi acusado de receber mais de 1 milhão de euros (R$ 4,3 milhões) em propinas envolvendo um esforço de esconder testes de doping de atletas russos.

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Seu filho, Papa Diack, teria organizado a distribuição de "pacotes" para seis membros do COI quando o Catar estava ainda na corrida para sediar os Jogos de 2016. Os dirigentes que iriam receber os presentes indicaram, por e-mails, que queriam que o pacote fosse entregue em Mônaco por meio de um "conselheiro especial". As suspeitas dos franceses apontam para Papa Diack como o homem que faria a entrega. O Catar foi desclassificado antes mesmo de começar a votação, por propor os Jogos fora das datas estabelecidas. Mas, agora, o que os fiscais de Paris querem saber é o papel de Lamine Diack nas votações das sedes do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ele foi membro da entidade entre 1999 e 2013.

O que os investigadores querem saber é se a IAAF teve alguma influência indevida na escolhas de outras cidades. No caso de 2020, a suspeita aparece ainda num informe publicado pela Agência Mundial Antidoping (Wada). Numa nota de rodapé, o documento que investigava a federação de atletismo sugeriu que os japoneses venceram depois que Diack abandonou o projeto de Istambul e deu seu voto para Tóquio. Semanas antes, um patrocinador japonês havia fechado um acordo de apoio à IAAF. Os japoneses negam, enquanto o COI apenas indicou que iria "examinar o caso".

O COI insiste que tem acompanhado de perto o processo e que já pediu para ser envolvido no processo da Justiça francesa. Procurado pela reportagem, o Comitê Rio-2016 até agora não se pronunciou.

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