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O presidente Jair Bolsonaro (PL) debochou na noite desta quinta-feira, 11, das cartas pela democracia produzidas pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Na tradicional live transmitida nas redes sociais, o chefe do Executivo exibiu um exemplar da Constituição Federal de 1988 e indagou: "Alguém discorda que essa daqui é a melhor carta à democracia?" O presidente ainda chamou as cartas lidas hoje em ato na Faculdade de Direito da USP de "pedaço de papel qualquer" e afirmou que o PT deu voto contrário ao texto da Carta Magna brasileira.

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"Já que o símbolo máximo do PT assinou a carta com a sua jovem esposa, eu pergunto: o PT assinou a carta em 1988? Assinou a Constituição de 88? O pessoal faz uma onda agora sobre carta à democracia para tentar me atingir, mas a bancada do PT em 88 não assinou a Constituição", criticou Bolsonaro.

O presidente relembrou também a carta ao povo brasileiro, feita pelo então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2002, em que fez acenos ao mercado financeiro. "A carta ao povo brasileiro em 2002 foi uma carta à corrupção brasileira, que foi o que PT fez quando assumiu", atacou.

O chefe do Executivo dirigiu críticas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e disse que signatários da carta foram coniventes com o que chamou de violações à Constituição durante a pandemia.

"Quando se faz carta à democracia, os signatários dessa carta estavam onde por ocasião da pandemia? Porque vários dispositivos da Constituição foram violados. É um absurdo o que esse pessoal da carta à democracia fizeram (sic). Foram coniventes com tudo isso aqui (violações da Constituição na pandemia) (...) Por que a CUT assinou a carta? Está com saudade do imposto sindical. Eles querem a volta disso", declarou.

Em ato na USP hoje, foram lidos dois manifestos. A "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros - Estado Democrático de Direito Sempre", que tem em torno de 900 mil assinaturas, entre juristas, advogados, empresários e artistas, e a carta "Em Defesa da Democracia e Justiça", apoiada por mais de cem entidades da sociedade civil e empresariais, como Fiesp, Febraban, Fecomércio-SP, centrais sindicais e OAB São Paulo.

O movimento pela democracia começou a ser organizado após Bolsonaro reunir embaixadores no Palácio da Alvorada para lançar dúvidas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. O presidente já chamou os manifestos de "cartinhas" e os empresários que endossaram o movimento de "mamíferos", sugerindo, de forma irônica, que "mamam nas tetas do governo".

Deflação

Assim como fez mais cedo, quando tentou ofuscar a leitura das cartas ao enfatizar o anúncio da redução de R$ 0,22 no preço do diesel pela Petrobras, Bolsonaro destacou a deflação de 0,68% em julho divulgada nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Não é apenas (deflação dos) combustíveis, é também energia elétrica e comunicações. Pega sua conta de energia elétrica e veja lá ICMS", disse ao citar novamente que a bancada do PT no Senado votou contra o projeto de lei que fixa teto de 17% a 18% na cobrança do ICMS sobre os combustíveis.

O ministro aposentado, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello considera que o ato na Faculdade de Direito do Largo São Francisco representa 'gesto histórico de inequívoco apoio da cidadania ao regime democrático, severa advertência ao presidente Jair Bolsonaro e aos seus epígonos (discípulos) e veemente repulsa à pretensão de mentes sombrias e autocráticas'.

O ex-decano da corte máxima apontou que os movimentos que se espalharam pelo País, em defesa da democracia, significam que a população não esqueceu dos 'abusos, indignidades , mortes e torturas' que marcaram a ditadura militar.

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Na avaliação do jurista, o manifesto lido nesta quinta-feira, 11, nas Arcadas, traduz aspiração da sociedade de 'viver, sem a opressão de governantes menores, em clima de respeito ao princípio da liberdade e de reverência ao postulado da democracia constitucional'.

"Enquanto houver essa legítima resistência da cidadania, fundada na autoridade suprema da Constituição da República, em oposição àqueles que minimizam e degradam o valor eticamente superior da ordem democrática, não haverá espaço possível reservado à intolerância, ao ódio, ao tratamento do adversário político como inimigo, a manifestações ofensivas à institucionalidade, à formulação de pretensões autoritárias, ao desrespeito à 'rule of law' e à transgressão dos princípios estruturantes consagradores do Estado Democrático de Direito", frisou.

Celso de Mello foi convidado a ler a Carta em Defesa da Democracia, mas teve de declinar do convite em razão de problemas de saúde. O texto foi lido na manhã desta quinta-feira, 11, pelas professoras Eunice de Jesus Prudente, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Elisa Liberatore Bechara, e pelo ex-ministro Flavio Bierrenbach.

Quando teve de recusar o convite, feito pelo ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo Luiz Antonio Guimarães Marrey (governos Mário Covas e Geraldo Alckmin), logo após a nova onda de ataques do chefe do Executivo às urnas, Celso ponderou que Bolsonaro 'busca permanecer na regência do Estado, mesmo que esse propósito individual, para concretizar-se, seja transgressor do postulado da separação de poderes e revelador de uma irresponsável desconsideração das instituições democráticas'.

Nesta quinta-feira, 11, o ex-ministro do STF atribuiu ao presidente 'obscurantismo retrógrado' e afirmou que Bolsonaro 'não conseguiu compreender , até agora, a importância e o alto significado do respeito e da fiel observância da institucionalidade'.

O governo Jair Bolsonaro e a campanha à reeleição do presidente buscaram minimizar os atos em defesa da democracia pelo País nesta quinta-feira, dia 11. O presidente, ministros e coordenadores de campanha traçaram a estratégia de colar a iniciativa à oposição e trataram o ato realizado na Faculdade de Direito da USP como algo menor. Bolsonaro optou, por enquanto, por ignorar o tema em público, depois de dizer que não assinaria a "cartinha".

Nos bastidores, porém, ministros do Palácio do Planalto admitiram desconforto com os atos e já vinham reclamando que todos se identificavam como democratas e que nenhuma ruptura seria positiva para o País. A inciativa apoiada pelo empresariado, com entrada da FEBRABAN e da Fiesp na articulação de uma carta com 107 adesões, foi a que mais incomodou o Planalto.

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Apesar da presença de atores políticos e sociais de todo o espectro ideológico, a avaliação interna do comitê bolsonarista é que as manifestações não vão impactar a decisão de voto e devem ser tratadas como protesto restrito a opositores e, de forma disfarçada, em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT. Os gritos de "fora, Bolsonaro", em São Paulo, deram munição à resposta governista.

Como reação, os bolsonaristas procuraram maneiras de pronunciar divulgando uma pauta positiva para o governo e opondo os atos em favor da democracia e respeito ao sistema eleitoral eletrônico, que Bolsonaro tenta desacreditar, a medidas de impacto direto no bolso dos eleitores.

"Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobras reduziu, mais uma vez, o preço do diesel", escreveu o presidente nas redes sociais, após meses de alta nos combustíveis, que elevaram a inflação. "A redução representa queda de R$ 0,22 por litro. O presente mês acumula redução de R$ 0,42 por litro de diesel. Já estamos entre os países com o menor preço médio de combustíveis do mundo, no cenário atual", comparou Bolsonaro.

Também com ironia, o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) adotaram a mesma linha e disseram que a verdadeira carta da democracia brasileira é a Constituição Federal. "Essa é a carta que o povo brasileiro exige de um presidente da República", disse o senador, divulgando a queda no preço da gasolina e do diesel.

"Carta ao Povo Brasileiro: estamos escrevendo a Carta que muda o Brasil para melhor. Combustível mais barato, redução do preço do diesel! Deflação, aumento do emprego! Economia forte, Democracia forte! Parabéns Democrata Jair Bolsonaro!", reagiu o titular da Casa Civil. "A Democracia não pertence a ninguém. A Democracia é de TODOS NÓS! A Democracia, inclusive, é o que deveria existir mais em países como Venezuela e Cuba, que alguns 'democratas' no Brasil apoiam."

Os bolsonaristas também defendem que a reação aos atos de hoje ocorrerá no Sete de Setembro, quando o presidente convocou seus militantes para irem às ruas "pela última vez" dar recados a "surdos de capa preta" - referência a ministros do Supremo Tribunal Federal. Ele já afirmou que militares das Forças Armadas e policiais militares estarão ao lado dos seus apoiadores.

Enquanto ocorre a leitura da Carta pela Democracia elaborada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), na manhã desta quinta-feira (11), o conteúdo do documento e críticas à gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, inundam as redes sociais e destacam-se como os assuntos mais falados do dia. Até o fim da manhã de hoje, a hashtag Bolsonaro Sai, Democracia Fica ocupava a primeira posição da rede social no Brasil, com mais de 16 mil tweets pouco antes das 12h.

Dos dez assuntos mais comentados no Twitter no Brasil nove são da Carta pela Democracia. Entre algumas publicações está a de que o dia 11 de agosto será um movimento para se ter continuidade nas manifestações de 7 de setembro. Como mostrou o Estadão/Broadcast, o presidente e seus aliados tiveram sucesso em associar a data de independência do Brasil deste ano a um ato político em seu apoio.

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Quando faltava um mês da data, as menções no Twitter crescem acompanhadas de termos como "Bolsonaro" e "Copacabana" e hashtags sobre as eleições de 2022 - e praticamente ignoram a celebração do bicentenário da Independência do Brasil. Os dados são do Monitor de Redes do Estadão, ferramenta lançada nesta quarta-feira (10), que acompanha o desempenho dos candidatos nas plataformas digitais.

Reações ao manifesto

O coordenador do programa de governo da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Aloizio Mercadante (PT), participa dos atos pela democracia na Faculdade de Direito da USP. "Não é a eleição, é uma encruzilhada histórica. A democracia precisa preservar as instituições e ele o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição as agride diariamente", disse o petista. Ao ser questionado se os atos pela democracia beneficiam Lula, respondeu: "Não é essa a discussão. É o respeito ao resultado das urnas".

Também presente no ato, o vereador e candidato a deputado estadual pelo PT Eduardo Suplicy classificou o movimento como uma resposta às investidas contra a Constituição por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL). Suplicy, que participou da leitura da Carta aos Brasileiros em 1977, classificou o ato como "lindo" e se diz "emocionado".

O candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) chegou por volta das 10h, desta quinta-feira (11), à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) para participar da leitura das cartas em favor da democracia. Haddad está acompanhado da esposa, Ana Estela Haddad.

Aos jornalistas, o ex-prefeito de São Paulo afirmou que o ato de hoje ocorre em virtude do desrespeito do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Constituição Federal. "Há uma ameaça à Constituição, reiterada por ele (Bolsonaro) todos os dias".

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Questionado se o nome do presidente será mencionado ao longo do evento, Haddad minimizou. "Independentemente do nome estar sendo citado, ele é a maior razão de ser, porque representa, enquanto chefe do poder Executivo, uma ameaça concreta pelo estímulo à violência e intolerância".

As duas cartas em favor da democracia, uma organizada por ex-alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e outra pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), serão lidas nesta manhã, em São Paulo. A cerimônia ocorre no Largo São Francisco, na USP.

Apesar de as cartas não citarem o nome de Bolsonaro, os movimentos em favor da democracia ganharam força após o chefe do Executivo elevar o discurso que tenta pôr em xeque a credibilidade do sistema eleitoral.

O candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai ficar de fora da cerimônia. A equipe de campanha teme que sua presença partidarize a iniciativa.

Reitor da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Gilberto Carlotti Junior, abriu os atos em defesa da democracia com discurso defendendo o processo eleitoral, a soberania popular e criticando fake news e arbitrariedade. "Estar aqui hoje é um dever nosso com a sociedade paulista e brasileira. Estamos aqui para defender democracia, justiça eleitoral e sistema eleitoral com as urnas eletrônicas. Que a vontade do povo brasileiro seja respeitada e soberana", disse Carlotti Junior na manhã desta quinta-feira (11).

O reitor falou em nome de todas as universidades públicas do Estado de São Paulo no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde representantes da sociedade civil e empresários estão presentes para leitura das cartas pela democracia.

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Carlotti Junior defendeu também eleições livres e tranquila. "Queremos um processo eleitoral sem fake news e intimidações. Não queremos o arbítrio", afirmou. Ele relembrou o período de exceção e disse que as cicatrizes não foram esquecidas. "Deveríamos estar pensando em nosso futuro, em como resolver problemas graves da economia e da saúde e da educação, mas estamos voltados em impedir retrocessos. Estado Democrático de Direito sempre", disse.

Representantes da Febraban, da Fiesp, empresários, juristas, intelectuais e políticos já estão presentes no evento. Entre os participantes estão o economista Armínio Fraga, o ex-prefeito de São Paulo e candidato ao governo do Estado, Fernando Haddad, o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, o cientista político Carlos Nobre. A expectativa da organização é receber 10 mil pessoas nos dois atos desta quinta-feira.

O primeiro ato terá a leitura do manifesto Em Defesa da Democracia e Justiça,organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e apoiado por 107 entidades da sociedade civil e empresariais de diversos setores, como Febraban, Fecomércio-SP, centrais sindicais, OAB São Paulo, USP, Unicamp, Cebri, WWF, Greenpeace, Iedi, Abdib, PróGenéricos e Fundação Fernando Henrique Cardoso.

Às 11h, haverá a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros - Estado Democrático de Direito Sempre. A carta conta com aproximadamente 900 mil assinaturas. Além de juristas e advogados, empresários e artistas devem participar dos atos na USP. Telões serão colocados no Largo de São Francisco, em frente à Faculdade de Direito, sob a expectativa de grande participação popular.

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A procura por livros não acabou, apesar de muitas livrarias terem fechado durante a pandemia da covid-19 no Brasil. Isolados por pouco mais de um ano, os brasileiros tiveram que reestruturar seus hábitos e a leitura tornou-se parte da rotina de muitos deles. As tags booktok e bookgram ganharam força nas redes sociais, principalmente entre os mais jovens, que tiveram um incentivo para começar a ler.

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Há quem acredite que as redes sociais afastam as pessoas de atividades saudáveis, como ler e passear ao ar livre. Mas com o uso apropriado, as ferramentas digitais revolucionam e contribuem para o estímulo à leitura e à criatividade de jovens e adultos.

Durante a pandemia, o TikTok teve seu momento de ascensão no Brasil e no mundo. A rede social que é famosa por seus "challenges" vai muito além das dancinhas do momento; o Tiktok é composto por nichos dos mais variados gostos. Booktok é uma comunidade do aplicativo voltada para os leitores, onde os usuários podem compartilhar suas experiências literárias e provocar o interesse de outras pessoas.

Atualmente a tag #booktok conta com cerca de 51,1 bilhões de visualizações em todo o mundo; no Brasil os números ultrapassam os 3 bilhões. Os vídeos da rede social fizeram sucesso por usarem a linguagem do público jovem sobre um assunto que é visto como obrigação acadêmica. Além dos usuários fazerem lives para os seguidores lerem ao mesmo tempo, durante um período de isolamento social.

A estudante Maria Clara Pitangui, 18 anos, conta que voltou a ler durante a pandemia após ver vídeos no TikTok em que os usuários contavam histórias como se tivessem acontecido com eles e no final revelavam que era de determinado livro. “Eles te instigam a ler o livro”, falou.

É o caso também de Bianca Santos, estudante do ensino médio. Aos 18 anos, Bianca acompanha as principais tags literárias do Instagram e do TikTok. "Eu sempre via trechos de alguns livros lá e acabei me interessando por um em específico e depois comecei a ler vários", conta. Desde o início da pandemia, a estudante estima que leu mais de 60 livros e afirma que o hábito a ajudou a escrever melhor.

Foi por meio dessas tags que influenciadores e livrarias encontraram uma forma de criar e divulgar conteúdo literário e continuar trabalhando, apesar da pandemia. A jornalista paraense Thamyris Jucá, 34 anos, revela que produzir conteúdo literário lhe traz grande satisfação. "O meu projeto surgiu durante a pandemia e digo com segurança: foi a salvação da minha saúde mental", conta a jornalista. Suas páginas no TikTok e no Instagram (@thammyreads) têm mais de mil seguidores. Thamyris divulga suas resenhas literárias, unboxings e tour por livrarias.

Fora do Tiktok, a comunidade de leitores também está em alta no bookgram, na rede vizinha. Kamila Monteiro, 28 anos, é criadora de conteúdo há cinco anos. Em 2017 a estudante de Pedagogia decidiu criar um perfil no Instagram (@kamonmila) para ter contato e troca com outros leitores, e desde então segue produzindo conteúdos literários para 10 mil seguidores. Kamila está tentando profissionalizar o perfil. Ela posta dicas, curiosidades e resenhas literárias em parceria com editoras e autores.

A influencer relata que se sente pressionada pela exigência de constância da plataforma. O algoritmo não perdoa. Alguns dias sem conteúdo já significa baixo engajamento e os criadores de conteúdo precisam de bons números. Kamila conta que já consegue lidar bem com isso e hoje respeita o tempo que precisa ficar sem criar novos posts, apesar do reflexo nos números. “A saúde mental precisa vir primeiro, principalmente porque ainda não tiro remuneração do meu perfil”, disse.

A estudante conta que a leitura sempre esteve presente na sua vida e em muitos momentos os livros foram seus melhores amigos. “É algo fundamental pra mim, me ajuda a ter novas percepções, entender outros pontos de vista, ser mais tolerante, enxergar o outro com um olhar diferente”, diz.

Kamila defende a importância das redes sociais no incentivo à leitura. Para ela, durante a pandemia, muitas pessoas se sentiram acolhidas e resgataram o hábito pela facilidade da abordagem utilizada pelos internautas. “A escola empreende a literatura enquanto instrumento de prova, e não por prazer ou hábito. Sempre terá aqueles que não gostem, isso é normal. Mas impor uma leitura de avaliação afasta ainda mais os jovens, e nas redes o processo é o inverso”, afirma.

Wattpad e os estigmas da leitura

Afinal, só é leitor de verdade quem lê os clássicos da literatura? Thamyris Jucá diz que não. Ela acredita que esse pensamento afasta os leitores e cria uma barreira. "Todo mundo tem capacidade de ser leitor e pode ler o que quiser, sem julgamentos, sem pressões. O importante é adquirir o hábito e investir nele um pouco a cada dia", disse a jornalista.

Mas ainda há uma dose de preconceito em relação às fanfics, histórias criadas de fãs para fãs de algum universo, literário ou não. A linguagem mais atual e mais simples dos contos acaba gerando interesse nos jovens pela leitura. Foi o caso de Kamila Santos, estudante de 18 anos. Ela diz que muitos livros publicados como fanfics acabam sendo vendidos por editoras depois, como "Crepúsculo", da autora Stephenie Meyer. "Eu acho que quando a gente tem uma média de leitura de apenas 2 livros por ano, acaba que qualquer incentivo é válido", disse a estudante, quando perguntada sobre a visão de que fanfic não é leitura de verdade.

A fanfic é considerada gênero textual digital e é tema de debate em muitos trabalhos acadêmicos e entre professores de língua portuguesa. Em sua defesa de mestrado no Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF), Adriana Campos diz que é fundamental que o aluno entenda as variações dos textos falado e escrito. Em seu trabalho publicado na internet, Adriana diz que a fanfic "trata-se de um fenômeno contemporâneo, com adesão do público jovem nos meios digitais, permitindo interatividade e incentivando a criatividade do autor", e que por isso serviria de relevante ferramenta de ensino.

E para ajudar nesse incentivo, o Wattpad conta com milhares de livros publicados por autores independentes. Foi nessa comunidade que Maria Cristina Freire, recepcionista de um hospital em São Paulo, conheceu Jahmilly, estudante de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Pará (UFPA). Tudo começou em 2017, quando uma autora que Cristina acompanhava migrou para o site e um grupo de leitura foi criado para discutir a obra. Cristina conta que havia perdido a vontade de ler, mas que a comunidade do Wattpad reacendeu esse hábito, além de ter feito novas amizades. Apesar de não lerem mais fanfics como antes, as amigas concordam que foi o que expandiu o gosto literário delas.

Falta de representatividade nacional

Apesar das redes sociais terem alavancado o mercado dos livros, ainda há poucas obras brasileiras na roda. A maior parte dos livros indicados são estrangeiros, como os da autora queridinha do TikTok, Colleen Hoover. A empreendedora Caroline dos Santos Lima, 23 anos, é uma leitora voraz e diz que os livros indicados nas tags são muito repetitivos. "Tem tantos livros nacionais incríveis que não tem tanta visibilidade. Claro que é legal ler os livros do hype, mas também é bom sair um pouco deles e explorar, tem tanta opção", conta.

Na lista dos 25 best-sellers mais vendidos no Brasil em 2021, divulgada pela Amazon, apenas quatro livros são nacionais, apesar de ocuparem posições elevadas. Em primeiro lugar, "Torto Arado", do escritor e geógrafo Itamar Vieira Junior, também é divulgado nas redes sociais, e retrata a vida no sertão baiano, a partir da história de duas irmãs. Em 2020, a posição foi ocupada pelo "Pequeno Manual Antirracista", da filósofa Djamila Ribeiro.

Jahmilly discorda da afirmação de que livros estrangeiros são mais interessantes e diz "tem muito livro bom nacional que acaba não tendo reconhecimento e os da gringa tomam esse título". A estudante Kamila Macedo, 18 anos, afirma que não vê muitas editoras investindo em livros nacionais. “Normalmente a gente encontra mais autores independentes, então, para um público maior, fora das redes sociais, acaba sendo bem mais complicado saber mais sobre esses livros". E acrescenta: "Eu acho que crescemos com a ideia de sempre esperar o melhor de outros países, e isso não se trata apenas de livros, mas de diversas coisas se tratando de arte".

Mas, afinal, por que o brasileiro lê pouco?

Segundo dados da pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”, divulgada em 2020, o Brasil perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019. A pesquisa, realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural, revela que a média de livros lidos inteiros por ano é de 2,5 livros por pessoa. A pesquisa também aponta que o número de não leitores diminui de acordo com a renda familiar e com a classe social.

Para a pedagoga Ingrid Louzeiro, os brasileiros não leem porque não têm incentivo desde criança. Ocorreu com Jahmilly. A estudante conta que não teve incentivo em casa e foi na internet que descobriu a paixão pela literatura. Jahmilly lembra de quando começou a ler. Apesar de gostar de livros físicos, não tinha como comprar muitas unidade. Na internet ela conheceu comunidades de leitores que compartilham livros digitais e pôde expandir seus gostos. “Comecei a ler pela internet, em blogs e wattpad, depois entrei em grupos e segui perfis nas redes sociais sobre o assunto”, contou.

Segundo Kamila Monteiro, a falta de incentivo e de metodologia eficaz e apropriada dentro das escolas é determinante para o baixo índice de leitura do país. “Dois tempos de literatura no ensino médio não incentivam de fato a leitura, e também o preço dos livros não colabora. Livros são artigos de luxo, há uma ideia de que leitura, cultura e educação são privilégios e não direitos”, afirma.

Para a Ingrid, é preciso ter projetos educacionais dentro e fora das escolas que incentivem e estimulem a leitura desde cedo nos brasileiros. Kamila defende a necessidade de políticas públicas por parte do governo e uma revisão de como a literatura e a leitura são inseridas nas escolas. “Não dá pra achar que apenas os bookstans (fãs que acompanham determinada saga ou autor de livros) conseguem de fato converter leitores”, finalizou.

Por Álvaro Frota e Jéssica Quaresma (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

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Embora possa ser desenvolvida de maneiras diferentes, a escrita permite que a imaginação das pessoas seja estimulada e que grandes histórias sejam contadas, inclusive no universo das fanfics. Com origem no termo inglês fanfiction, fanfic significa “ficção de fã”. Como o nome diz, as histórias são criadas por fãs e são inspiradas em tramas e/ou personagens que já existem, artistas, entre outros.

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Atualmente, esse estilo de literatura tem crescido cada vez mais, principalmente na internet, graças às plataformas criadas para a leitura de fanfics e por causa das redes sociais. A estudante de Letras e escritora Daniela Alves, de 29 anos, conheceu as fanfics de modo inusitado, enquanto pesquisava sobre a banda sul-coreana BTS, e começou a escrevê-las em 2017.

Na época, Daniela percebeu que a maioria das fanfics possuía a mesma temática e o conteúdo era bom, mas notou também a falta de contextualização dos personagens e do ambiente. Por esse motivo, a escritora quis escrever algo parecido, porém de forma leve e mais próxima da realidade. “Outra motivação foi o fato de não encontrar fanfics que tinham Belém como cenário e, claro, a minha recente paixão pelo BTS”, conta.

Daniela escreve fanfics de romance com um pouco de ação e erotismo, e afirma que ama escrever sobre os cenários, porque, além de descrevê-los, gosta de fazer com que o leitor consiga se imaginar nos lugares. Apesar de não ler mais, a escritora relata que encontrou uma autora de fanfictions do BTS que aborda temas relevantes sobre autocuidado e tem buscado a reconexão com o mundo das fanfics.

Além do grupo de k-pop, as maiores inspirações de Daniela eram Belém, as frutas e comidas típicas da cidade. Ela revela que o seu desejo era atravessar fronteiras e mostrar a capital paraense a partir de uma perspectiva romântica e real do que temos. “Atualmente, o que me inspira são os meus pensamentos agitados que a cada instante querem falar”, diz.

A escritora acredita na contribuição das fanfics para a formação de novos autores e leitores, e destaca que existem escritores maravilhosos que abordam a depressão, preconceito, desigualdade social e outros temas importantes que precisam de visibilidade e aceitação maiores.

Além disso, Daniela relata que existe um preconceito em relação ao gênero pelo fato de autores de fanfics usarem artistas (rosto e corpo) como base para os personagens, desqualificando a criatividade dos escritores. “Muitos jovens estão ali, produzindo e consumindo histórias incríveis. Temos que incentivar ainda mais essa leitura, mostrar os vários gêneros textuais e literários que existem e visibilizar essas mentes criativas em ascensão”, afirma.

Daniela encoraja a expressão da criatividade e dos sentimentos daqueles que pensam e têm vontade de escrever fanfics. “Não escreva pensando ou se preocupando com o que as outras pessoas irão falar ou pensar de ruim sobre sua história, pois isso pode travar o seu processo criativo. Veja a escrita como algo leve e que vá satisfazer sua paixão”, incentiva a escritora.

A estudante de Publicidade e Propaganda Vitória Gonçalves, de 21 anos, escreve fanfics desde 2017 e o que a motivou foi o gosto pela leitura. Além disso, ela conta que costumava imaginar histórias e a partir disso começou escrever as ideias que tinha no papel. 

Vitória relata que gosta de todas as partes do processo de escrita, principalmente da criação de uma história, e que se empolga bastante com as ideias. A escritora também consome fanfics e relembra que leu muito durante a pandemia. Além disso, ela fala sobre suas inspirações. “As ideias surgem de repente na minha mente, mas às vezes me inspiro em filmes, livros, séries e letras de músicas para escrever uma fanfic”, revela.

A escritora acredita que as fanfics possuem grande relevância e que podem estimular o surgimento de novos autores e leitores no mundo literário. “A escritora Anna Todd, por exemplo, começou a sua carreira em 2013, publicando uma fanfic do cantor Harry Styles no Wattpad, que é uma plataforma exclusiva para quem gosta de ler e escrever fanfics. E atualmente é uma autora de grande sucesso”, exemplifica.

Vitória também incentiva os que têm vontade de se aventurar com a criação de fanfics porque ela estimula a criatividade, ajuda a aprimorar a habilidade da escrita e melhora o humor, e os reforça a acreditarem no seu potencial. “Eu acredito que todos nós temos capacidade de criar uma história e que a imaginação faz parte da nossa essência”, afirma.

A partir dos enredos nos quais pensava e gostava, a estudante de Jornalismo Gabrielle Almeida, 19 anos, começou a escrever fanfictions em 2016. A escritora revela que gosta de todas as etapas do processo de escrita de uma história, mas principalmente do desenvolvimento dos personagens. “Eu gosto de pensar o que vai acontecer com cada personagem”, destaca.

Além de escrever fanfics de romance, Gabrielle conta que lê histórias do mesmo gênero e também gosta de ler fantasia. Assim como Vitória Gonçalves, a escritora também busca inspirações nos livros, filmes e músicas, e afirma a contribuição das fanfictions para a literatura.

“A princípio, quando começamos a escrever uma história, eu diria que é mais como um hobby, mas a partir do momento em que vemos que gostamos de escrever, por que não investir nisso? Inclusive muitas autoras de fanfics estão investindo em ter seus livros físicos”, aponta Gabrielle.

A escritora deixa um recado para aqueles que pretendem investir na criação dessas histórias: “Apenas faça. Se você tem um bom plot (enredo), apenas escreva. Acho que escrever fanfics é uma forma de ter uma melhora gramatical e ter mais criatividade”.

Conheça os perfis das autoras:

Daniela Alves – Instagram: @danyalvessz

Vitória Gonçalves – Instagram: @citedbts / Wattpad: @citedbts

Por Isabella Cordeiro, com apoio de Even Oliveira (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) abriu inscrições para o novo Grupo de Leitura da Cátedra Paulo Freire, que tem como tema o livro “Educação e Mudança”.

O grupo de leitura é um projeto de extensão aberto a qualquer pessoa que esteja interessada em participar, seja da UFRPE ou da sociedade civil.  

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A iniciativa será realizada por meio de dez encontros virtuais, que acontecerão dia 09 e 23 de agosto; 06 e 20 de setembro; 04 e 10 de outubro; 01, 15 e 22 de novembro; e no dia 06 de dezembro, com início às 19h30 e uma hora e meia de duração. Aqueles que participarem de no mínimo 70% dos encontros ganharão direito a um certificado. 

Os interessados em participar da atividade devem enviar um e-mail para a Cátedra Paulo Freire com nome completo e número de telefone, além de destacar no assunto “Inscrição Grupo de Leitura”. O projeto oferece um total de 40 vagas gratuitas, que serão preenchidas de acordo com a ordem de chegada dos e-mails recebidos.

Em pouco mais da metade (55%) das turmas de educação infantil, não há um momento de leitura de livros de histórias para as crianças como rotina, e 90% delas não oferecem aos alunos o acesso livre aos livros. Os dados são de um estudo com 3.467 turmas em 1.807 unidades de educação infantil, públicas e conveniadas, de todo o Brasil.

O levantamento, da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV) em parceria com o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da Universidade de São Paulo (USP), incluiu pesquisa em campo em 12 cidades de todas as regiões do País, em 2021. Do total de turmas visitadas, 1.683 eram de creche e 1.784, de pré-escola.

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Segundo a FMCSV, evidências científicas das áreas da neurociência, pedagogia, psicologia e economia provam a importância da educação e dos cuidados com a primeira infância (até os sete anos) para o desenvolvimento saudável do indivíduo ao longo de toda a sua vida, com impactos cognitivo, físico e socioemocional, especialmente entre as crianças mais vulneráveis.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento do Ministério da Educação que serve como referência obrigatória para os currículos escolares de todas escolas públicas e privadas do País, inclui várias previsões para uma educação de qualidade, segundo os pesquisadores. Tendo a BNCC em vista, o levantamento aponta que um quarto das turmas analisadas parece estar em um bom caminho.

"Claro que 25% ainda está longe do ideal, mas mostra que já houve um progresso em relação à 2009, quando o cenário era bem mais pessimista", diz o segundo o economista Daniel Domingues, pesquisador do Lepes que admite esperar resultado ainda mais negativo. Por outro lado, entre 10 e 15% das turmas têm práticas que destoam muito do que é proposto pela BNCC. "Essas escolas necessitam de atenção urgente."

Para Domingues, o que parece ter mais espaço de melhora é a atuação pedagógica. "É a interação entre adultos e crianças, esse papel de mediação dos professores", avalia. Dentro dessas práticas pedagógicas, o que mais chama a atenção do pesquisador, de forma negativa, é que ainda há muitas turmas onde, em 3h30 de observação direta, não houve contação de histórias e o "brincar livre". "São dois tipos de oportunidades que deveriam estar presentes na rotina de todas as turmas, todos os dias", constata.

Domingues explica que a brincadeira é a forma mais efetiva de aprender para uma criança. "Ela socializa, se movimenta, pratica a linguagem, ou seja, é um espaço de interação quase completo para o desenvolvimento da criança", afirma ele, que também é membro do Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância.

O estudo mostrou também que, entre as turmas de pré-escola visitadas, 36% não promoviam experiências com teatro, dança e música. Nas creches, o porcentual caiu para 18%. Já em relação a momentos de brincadeira livre, a oportunidade não foi observada em 46% das turmas de pré-escola e 38% das creches.

Ele reforça ainda a importância de se promover o protagonismo das crianças. "É fundamental que elas, em algum grau, escolham as atividades dentre as propostas", afirma. "O protagonismo aumenta o engajamento da criança e faz com que ela construa significado na aprendizagem, desperte a sua curiosidade e veja sentido no que está sendo proposto. Uma consequência posterior é a criança gostar de aprender", completa.

Por outro lado, ele destaca a presença de boas estratégias de acolhimento às crianças e boa mediação de conflitos. "No geral, a maioria dos professores parece ter repertório para lidar com essas situações. Ainda que em 10% das turmas tenha havido algum tipo de interação negativa dos professores com os alunos. Na maior parte dos casos, não é interação física, é verbal, como humilhação, exposição, ou o ‘cantinho do pensamento’, por exemplo. E 10% é um número alto", avalia.

Acesso caminha, mas qualidade ainda fica para trás

O Plano Nacional da Educação (PNE), de 2014, estipulou que o País deveria ter pelo menos metade das crianças matriculadas em creche até 2024. Já para a pré-escola (4 e 5 anos), a meta era ter todas as crianças matriculadas até 2016. O Brasil tem 94,1% das crianças na pré-escola, conforme os dados de 2019. Para Domingues, essa cobertura pode ser considerada satisfatória e atingir os 100% é um problema mesmo para nações desenvolvidas.

O mesmo não é verdade para o acesso a creches - com 37,5% das crianças matriculadas, em 2019 -, que está mais distante da meta. "É um problema, porque além de estarmos longe da meta, é um acesso muito desigual. Algumas cidades apresentam 10% das crianças nas creches, e outras já estão quase nos 50%", afirma.

Para ele, além do acesso, a preocupação com a qualidade é essencial. "O Brasil teve movimento importante de aumento do acesso ao ensino, mas em relação à qualidade temos menos informações. Os estudos mostram que só o acesso, sem qualidade, não garante o direito da criança a oportunidades importantes na educação infantil", diz.

Crianças mais estimuladas se tornam alunos mais interessados

O Colégio Rio Branco, na região central de São Paulo, busca justamente dar aos alunos possibilidades de interação com leituras e diversas formas de arte. Sueli Marciale, diretora assistente da escola, conta que as crianças da educação infantil têm, todos os dias pela manhã, um momento de acolhimento e ampliação de repertório. "Tem o dia de contação de histórias, o dia de falar sobre artistas ou cientistas, o dia de atualidades, o dia do relaxamento", enumera.

Os alunos também vão à biblioteca e pegam livros para ler na escola ou levar pra casa. Depois, fazem uma roda em que apresentam argumentos aos colegas sobre o porquê deveriam ler aquele livro também, promovendo a oralidade e a argumentação das crianças. "A educação infantil é um espaço de letramento, com leitura de diferentes repertórios. Isso favorece o desenvolvimento da alfabetização e possibilita que ela argumente e defenda seu ponto de vista", avalia a diretora.

Sueli destaca dois projetos da turma do Infantil 5 (crianças entre 4 e 5 anos) que promoveram a autonomia e criatividade dos alunos. "Eles se inspiraram em Gaudí (arquiteto espanhol estudado em sala de aula) e quiseram pintar e decorar a casinha com desenhos e materiais reciclados", conta. "Foi um trabalho tão significativo que as crianças não esquecem mais até hoje".

"Outras crianças tinham lido sobre fotógrafos, como eles olhavam para a natureza, e quiseram tirar fotos. Então os professores ensinaram como fotografar e eles desenvolveram um projeto sobre como cuidar da escola, colocando banners ensinando a fazer isso", lembra a diretora. "Nosso objetivo é formar crianças que pensem, critiquem, reflitam - diferente da nossa época. E aprender brincando torna a aprendizagem intencional e significativa", conclui.

A roda de conversa promovida pela Casa das Artes, na última terça-feira (24), por meio da Fundação Cultural do Pará, contou com a presença do escritor Denilson Monteiro, que esteve em Belém com o objetivo de concluir pesquisas e entrevistas para o novo livro que está escrevendo, "Ruy Barata, uma biografia”. Denilson é paraense e vive no Rio de Janeiro. O trabalho está sendo produzido desde 2020.

“Esse livro estava previsto fazer parte das programações centenárias do Ruy Barata, em 2020. Agora já tem boa parte escrita, eu precisei vir aqui pra Belém porque não teria sentido terminar o livro sem passar pelos locais por onde ele passou e visitou”, ressalta o escritor.

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Em sua obra, Denilson vai abordar os primeiros anos da vida de Ruy Barata, o convívio com a elite de Belém, sua vida em família, o interesse pela política como oposição à ditadura Vargas no Estado Novo e a seu interventor no Pará, Magalhães Barata, a eleição e mandato como deputado federal, a perseguição e as prisões durante a ditadura militar. Também fala de poesias e da parceria musical com o filho, Paulo André Barata, que resultou em várias composições de sucesso.

Ruy Barata nasceu em Santarém, Pará, em 25 de junho de 1920 e morreu em 23 de abril de 1990, em São Paulo. Mudou-se para Belém aos 10 anos, para estudar. Foi professor de Literatura da Universidade Federal do Pará (UFPA), historiador, advogado, político, jornalista e poeta. Iniciou a faculdade de Direito em 1938 e, por influência do pai, Alarico Barata, aos 26 anos entrou na política. Sua trajetória política é refletida em diversos poemas e estudos, como “Me trae una Cuba Livre/Porque Cubra libre está”.

Seu primeiro livro de poemas foi publicado em 1943, chamado de “Abismo dos Medos”, com apoio do poeta e romancista paraense Dalcídio Jurandir. Casou-se com Norma Barata, com quem teve sete filhos. Entre eles, Paulo André Barata, seu parceiro em várias canções, como “Pauapixuna”, “Esse Rio é Minha Rua” e “Foi Assim”. Essas se tornaram clássicos da MPB e foram interpretadas por vários cantores paraenses, como Fafá de Belém, que levou a obra do artista para todo o país.

Suas ricas obras inspiram e se encontram presentes até hoje nas mais variadas manifestações culturais. Em dezembro de 2020, comemorando o centenário do poeta, o Governo do Pará criou o “Ano Cultural Ruy Barata”, que compreende todas as manifestações culturais promovidas no Estado do Pará neste ano. Um ano antes, em 2019, Denilson foi convidado e iniciou sua pesquisa e escrita sobre o poeta.

O escritor conta que Ruy Barata era contra a exploração do homem e preocupado com as injustiças sociais e causas ambientais, especialmente na Amazônia. “Era um homem que, muito tempo antes de se falar, de se ter essa coisa da ecologia, já tinha uma preocupação com a devastação da Amazônia e, por conta disso, já era chamado de comunista mesmo antes de ser. Depois, ele, realmente, entrou para o Partido Comunista Brasileiro – PCB – e foi perseguido pela ditadura cívico-militar, foi impedido de fazer uma das coisas que ele mais gostava na vida, que era lecionar”, relata.

Denilson também ressalta sobre a vida boêmia do poeta e sua capacidade de envolver-se com os que estavam ao seu redor, independentemente da faixa etária, tratando todos de igual para igual. “Ele era uma figura muito importante, tanto que você vê busto e estátua pela cidade; terminal hidroviário com o nome dele. Ele tinha uma letra dele dizendo: ‘Eu sou de um país que se chama Pará’. Ele tinha orgulho de ser paraense”, diz.

Denilson Monteiro nasceu em 1967, em Belém. É autor das obras “A bossa do lobo: Ronaldo Bôscoli” (2011), biografia do jornalista e compositor Ronaldo Bôscoli; “Divino Cartola: uma vida em verde e rosa” (2013), fotobiografia do compositor Cartola; e “Chacrinha: A Biografia” (2014).

Por Amanda Martins, Juliana Maia, Lívia Ximenes e Clóvis de Senna (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

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A escritora e jornalista Iaci Gomes, formada pela UNAMA - Universidade da Amazônia, criou a ação solidária Soprando Letras, em 2015, com o objetivo de incentivar a leitura entre jovens e crianças. Para divulgar o trabalho, o projeto realiza ações solidárias.

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Autora do livro "Nem te conto", Iaci decidiu colocar sua obra a serviço de três instituições de Belém: Gueto Hub, instituto Áster e Au Family. Até o dia 25 de março, o livro está à venda pela internet (clique aqui) e 50% dos lucros vão ser doados a essas instituições.

A Gueto Hub é um espaço criativo que tem um papel importante de promoção da leitura nas periferias de Belém. O instituto Áster, outro beneficiado pelo Soprando Letras, tem como objetivo proporcionar ao adultos e jovens portadores de câncer de baixa renda melhores condições de tratamento. A Au Family, que atua na proteção e adoção de cães e gatos abandonados, também é uma instituição beneficiada.

Segundo Iaci Gomes, a leitura está presente em sua vida desde de criança. Em 2015, ela quis comemorar seu aniversário de forma diferente, estimulando doações de livros para bibliotecas comunitárias e espaços de incentivo à leitura. “O principal foco é estimular os jovens e crianças esse prazer pela leitura”, destacou.

Por causa da pandemia, o projeto Soprando Letras teve que parar e retornou em 2022. Está na sexta edição. De 2015 a 2019 foram mais de quatro mil livros arrecadados, em ações pelas redes sociais e nas praças de Belém. A divulgação se dá pela internet e em contatos com a imprensa, influenciadores e pessoas próximas à jornalista.

Para mais informações sobre o livro "Nem te conto", acesse https://www.leiaja.com/cultura/2021/10/04/terror-e-realismo-fantastico-em-cenarios-paraenses/

Por Maria Gabriela Barbosa (sob orientação e acompanhamento de Antonio Carlos Pimentel).

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As notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foram divulgadas na noite de quarta-feira (9 de fevereiro) e a seleção das instituições públicas, na quarta-feira (23) e na quinta-feira (24). Em Belém, candidatos aprovados comemoraram a conquista e apontaram os caminhos para uma boa classificação: foco, disciplina e muita leitura.

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A prova do Enem é realizada em dois domingos. Nesse último ano, ocorreu nos dias 9 e 16 de janeiro. O tema da redação, sempre temida, foi "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania".

Para os candidatos que se preparam durante todo o ano, a redação é o momento mais esperado. Como o tema só é conhecido na hora do exame, é comum que os alunos fiquem apreensivos e nervosos por terem que elaborar um texto sobre um assunto totalmente desconhecido.

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A candidata Ana Luiza Lauve, 18 anos, aprovada em Ciências Contábeis na Universidade Federal do Pará (UFPA) e na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), tirou 960 na redação do Enem deste ano. “Eu treinei a redação este ano por saber deste peso. A redação te ajuda a conquistar vagas em outros Estados, como foi o meu caso. Consegui uma vaga na UNIFESP e na UFPA”, diz a candidata.

A estudante chegou a fazer o Enem nos anos anteriores para conhecer melhor a prova, e diz que o hábito da leitura foi o diferencial para a sua aprovação. “Eu comecei a ler mais no último ano, e com a minha leitura passei a ter mais conhecimento com palavras que eu não conhecia. Essa pesquisa me ajudou a ter mais segurança na hora da prova e da redação”, conta Ana Luiza.

Aluízio Ramos, de 30 anos, tirou 940 na redação do Enem, e foi aprovado em Medicina pela Universidade Federal do Pará. Ele conta sobre o planejamento que teve desde o início do ano e como venceu os obstáculos para obter uma excelente nota na prova.

“Rever as matérias do ensino médio e fazer uma lista das disciplinas que eu mais tinha dificuldade. Sou formado em outro curso tem 10 anos, então eu teria que rever todo o ensino médio. Química, Física, Biologia, Matemática e a redação foram meus focos, não deixando de estudar as outras disciplinas”, diz.

Em 2020, o estudante fez a prova do vestibular para testar seu conhecimento e colocar em pratica as técnicas planejadas no decorrer do ano. No ano seguinte, usou as mesmas metodologias para obter um bom rendimento no Enem de 2021.

O calouro estudava de segunda a sexta, duas vezes ao dia, e se necessário aos finais de semana. Aluízio afirmou que aos domingos produzia uma redação com um tema disponibilizado pela plataforma de que era assinante.

Para ir bem na prova, algumas dicas são fundamentais: uma boa leitura e principalmente um bom preparo durante todo o ano. “Ter foco, disciplina, planejamento, assistir aulas de professores que lhe incentivem e estar próximo de pessoas que te apoiem. Ser sincero consigo mesmo. Se estiver cansado, pare e tenha um descanso para que possa absorver todo conhecimento adquirido no dia e depois volte a estudar”, diz Aluízio.

Por Amanda Martins (sob orientação e acompanhamento de Antonio Carlos Pimentel).

Crianças da rede municipal de ensino de Belém participaram de uma programação especial em alusão ao Dia da Consciência Negra. A atividade foi organizada pela Faculdade UNINASSAU Belém, por meio do curso de Pedagogia, dentro da Escola Municipal de Educação Infantil "Direito de Ser Criança". O público presenciou contação de histórias de valorização da diversidade nas relações humanas.  

O evento faz parte das atividades de extensão da unidade Quintino Bocaiúva. Foi mediada pela professora Milene Vasconcelos Leal, docente da disciplina "Relações Étnico Raciais", que também já lecionou no Colégio Municipal assistido no projeto. Acadêmicos de diversos semestres estiveram presentes.  

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De acordo com o coordenador do curso de Pedagogia da UNINASSAU Belém, Igor Belo, essa foi uma ação integrada, visando construir uma sociedade mais igualitária, justa e sem preconceitos. "Foi desenvolvido um planejamento, com elaboração e execução desse dia em alusão ao Dia da Consciência Negra, no qual alunos do curso de Pedagogia fizeram contação de histórias que trata da valorização da diversidade nas relações humanas, buscando construir uma sociedade com menos discriminação racial", disse o gestor.  

Os acadêmicos também ficaram responsáveis pelo ensaio e produção de painel, histórias, músicas e brindes para as crianças. "Para os discentes, foi um momento de engajamento social, planejamento e ação, uma preparação para o exercício da docência na prática. E, para as crianças, foi um momento de aprendizado, debate e interação, pois elas se posicionaram também sobre o tema abordado, trazendo à tona a questão do racismo, visando romper com práticas de discriminação", finalizou o coordenador.

Por Rayanne Bulhões.

A pandemia de Covid-19 fez com que a população de todo o mundo passasse por experiências de isolamento e distanciamento social. Para muitas pessoas, os grandes companheiros durante estes momentos foram os livros, que são celebrados hoje (29) - Dia Nacional do Livro - em todo o território nacional.  

As livrarias, que tiveram que fechar as portas logo no início da emergência sanitária, foram altamente afetadas pela impossibilidade de vendas. Agora, registram o retorno gradual do público e o aumento significativo nas vendas de livros em geral.

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“As pessoas compraram muito mais livros [na pandemia]. Passados os quatro primeiros meses, quando houve muita incerteza e muitas dificuldades até mesmo de logística e de lojas fechadas, as pessoas começaram a se reconectar e as vendas cresceram, o que observamos no mundo inteiro. Aqui no Brasil demorou um pouco mais. Começamos a notar isso mais forte a partir de agosto. De setembro em diante, o crescimento foi tão grande que praticamente recuperou todas as perdas do período inicial da pandemia. E esse movimento permanece em 2021”, disse Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel).

Segundo ele, neste ano de 2021, o setor está crescendo de forma robusta inclusive sobre 2019, período anterior à pandemia. “Acho que as pessoas redescobriram o prazer de ler e [isso] recolocou o livro nos hábitos diários”, disse Pereira.

Ler é um hábito para a especialista em inovação Solange Belchior, 43 anos. “Sempre foi uma das minhas atividades favoritas nas minhas horas vagas”, disse ela, que costumava ler cerca de dez livros por ano. Solange lê muito mais do que a média nacional: a quantidade média de livros consumida pelo brasileiro é de apenas 2,5 livros inteiros por ano.

Como ocorreu com muitas pessoas, ela não conseguia ler no início da pandemia. “O ano de 2020 foi muito intenso e eu não conseguia me concentrar. Li pouquíssimo, mas também não me forcei a ler. Leitura tem que ser por prazer, não por obrigação”, falou. Já neste ano de 2021, ela leu mais do que costumava: foram 26 livros lidos até agora. “Em 2021 tudo mudou. Foi o ano que mais li. Comecei a seguir no Instagram mais pessoas ligadas aos livros e essas pessoas inspiram a gente a querer ler mais, saber mais”, explicou.

Com menos deslocamentos pela cidade e menos atividades presenciais, grande parte das pessoas também teve mais tempo livre durante a pandemia. “Por conta do trabalho, estudos, distância de casa e deslocamentos, o único tempo que tinha para ler era no transporte público. Por conta da pandemia estou em home office desde março de 2020, então tenho um pouco mais de tempo livre. Às vezes fecho o notebook e já emendo um livro para desligar a cabeça dessa doideira corporativa”, disse Pedro Balciunas, 26 anos, escritor, roteirista e jornalista.

Nesse tempo, ele também criou um perfil no Instagram para publicar resenhas sobre livros. “Como sempre li muito, as pessoas naturalmente vinham me procurar para pedir dicas de livros, incentivos para ler mais. Então decidi maximizar isso com a rede social, um lugar que te dá acesso a muita gente interessada no mesmo assunto que você”, contou.

Balciunas tem o hábito de ler desde criança. E assim como Solange, passou a ler mais durante a pandemia. “Em 2019, li 12 livros; em 2020 foram 14 livros. Até o momento, em 2021, já foram 24”, falou.

Aumento das vendas

O Painel do Varejo de Livros no Brasil, divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) a partir de pesquisa feita pela Nielsen BookScan, demonstrou que, entre janeiro e setembro deste ano foram vendidos 36,1 milhões de exemplares de livros, aumento de 39% em comparação ao mesmo período de 2020. 

Apesar da base de comparação ser baixa, já que em 2020 o setor ainda enfrentava muitos problemas relacionados à pandemia, esse aumento já é robusto em relação a 2019 também. “A gente está crescendo em 2021 em relação a 2019. A gente cresceu muito em relação a 2020, ano da pandemia. Mas se comparar com 2019, é um crescimento robusto também”, afirmou Marcos da Veiga Pereira, presidente do Snel.

Compras online

Em entrevista à Agência Brasil, Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), disse que a pandemia foi um momento muito difícil para o setor. Principalmente nos primeiros meses após a chegada do novo coronavírus ao Brasil, quando os governos determinaram o fechamento do comércio não essencial - caso das livrarias. “A pandemia afetou muito, não só o setor editorial, mas a economia como um todo. No começo da pandemia, ficamos muito preocupados porque as livrarias e as editoras, no mês de março, pararam. Ficamos praticamente 90 dias com o afastamento social. As livrarias físicas estavam fechadas, sem faturar nada. Todo mundo ficou muito preocupado”, disse Tavares.

“Depois, em um segundo momento, a gente percebeu que a pandemia não ia terminar assim tão rápido e começamos a nos reinventar. Os editores, por exemplo, se tinham planejamento de fazer uma certa quantidade de livros, diminuíram pela metade. As livrarias tradicionais, que já trabalhavam com vendas pela internet, tiveram um aumento muito bom, até dobraram o faturamento das vendas de livros pela internet. Foi o que de fato alavancou as vendas no ano de 2020”, falou Tavares.

Solange foi uma das pessoas que comprou livros pela internet durante a pandemia. “Comprei muito mais livros na pandemia. E o consumo foi muito maior pelo e-commerce. Mas com a volta da abertura do comércio, estou indo também em livrarias de rua pra comprá-los”, disse Solange.

Ficção

O gênero literário mais procurado durante a pandemia pelos brasileiros foi ficção. “Em 2020, as pessoas consumiram muitos clássicos. O autor mais vendido durante a pandemia foi George Orwell, com A Revolução dos Bichos”, disse o presidente do Snel.

“Achei um livro simples e atemporal, que dialoga com questões atuais, como pós-verdade, exploração, corrupção, líderes insanos e escolhas de inimigos para gerar crises”, descreveu Balciunas, um dos brasileiros que conheceu a obra do escritor indiano radicado em Londres.

Outro livro que também apareceu entre os mais vendidos nesse período foi a ficção distópica 1984, também de Orwell. “Todo brasileiro deveria ler este livro”, acrescentou Solange.

Segundo o Snel e a CBL, outros gêneros literários com alta demanda foram guias de culinária e gastronomia, livros infantis e publicações sobre negócios.

Novas perspectivas

Com o avanço da vacinação e a consequente diminuição dos casos de Covid-19, as livrarias brasileiras puderam reabrir. Isso possibilitou também que novos livros fossem lançados no mercado. “Na pandemia, foi muito difícil lançar livros novos. As livrarias fechadas impediram que a gente pudesse apresentar novidades. E isso tem acontecido agora em 2021. Vamos perceber um crescimento muito forte no número de novos produtos lançados”, disse Pereira.

“As livrarias começaram a reabrir e a gente viu que o público leitor começou a voltar a comprar livros. O brasileiro, na pandemia, não deixou de ler. Assim como os autores não deixaram de escrever. Tivemos aumento muito interessante de novos livros, novos lançamentos”, falou Tavares, citando que as inscrições para o Prêmio Jabuti, que é organizado pela Câmara, tiveram um grande aumento neste ano. Outro fenômeno ocorrendo com o avanço da vacinação é a abertura de novas livrarias físicas, principalmente na cidade de São Paulo.

Para incrementar as vendas, o setor também aposta em outras estratégias para se aproximar do leitor. “Sempre fomos muito passivos em relação ao consumidor. Mas isso passou a ser mais ativo na pandemia, na medida em que a comunicação passou a ser online, todos os departamentos de marketing das principais editoras passaram a centrar atividades e esforços, em construir uma base de relacionamento direto com seus leitores. O livro passa a ser muito mais presente em sua vida”, disse o presidente do sindicato.

Outra estratégia citada por Tavares foi que as livrarias, principalmente as menores, passaram também a vender pela internet, utilizando suas redes sociais. “As livrarias de bairro, as menores, foram as que mais sofreram na pandemia. Elas não têm um capital para ficar fechadas por um período muito longo. A gente viu que muitas delas tiveram que fechar ou ser vendidas. Mas também percebemos que muitas começaram a adquirir, correr atrás e vender livros pela internet, Whatspp, por rede social, fazendo lives”.

Depois desse período mais difícil da pandemia, o setor agora se anima também com a volta dos eventos presenciais dedicados ao livro, como a Bienal do Livro de São Paulo. Em julho de 2022, ela volta a ser presencial e vai prestar uma homenagem a Portugal, como parte das celebrações pelos 200 anos da Independência do Brasil.

Apesar dessas perspectivas positivas, o setor ainda batalha para impedir que a taxação sobre os livros seja aprovada. Desde 1946, os livros são isentos de impostos, mas uma proposta de reforma tributária do governo prevê o fim dessa isenção. “Temos combatido, lutado muito, para que o livro não seja tributado e para que ele seja acessível cada vez mais para a população como um todo”, disse Tavares.

Dia do Livro

Em celebração ao Dia Nacional do Livro, Solange reforça a importância da leitura como instrumento de transformação. “Acho que é uma troca muito intensa de conhecimento entre o escritor e o leitor. Além claro, de que quanto mais se lê, mais a gente entende as questões políticas e sociais que envolvem nosso dia a dia. Com isso, começamos a pensar e agir de forma diferente para que o cenário mude”, refletiu.

“Dica? Desligue do celular e vá ler um livro”, acrescentou. “Nada contra TV, séries, novelas, eu mesmo adoro tudo isso, mas leitura é uma forma muito mais potente e dinâmica de estimular o nosso cérebro, isso é científico. Ela te coloca em contato consigo mesmo de uma maneira muito sutil e que ativa capacidades cognitivas de atenção, foco e concentração que nenhum outro meio possibilita.”

A CPI da Covid encerrou há pouco a sessão destinada à leitura do parecer apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). No documento, de 1180 páginas, Renan pede indiciamentos envolvendo 68 pessoas e empresas, entre elas o presidente Jair Bolsonaro. A votação do relatório ficou marcada para a próxima terça-feira, 26. Após essa etapa, as conclusões serão encaminhadas aos órgãos de controle, que poderão abrir processos sobre os supostos crimes apontados.

Renan propõe que Bolsonaro seja responsabilizado pelos seguintes delitos: epidemia com resultado morte; crimes de responsabilidade por proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo; crime de responsabilidade pela violação de direito social; infração de medida sanitária preventiva; charlatanismo; incitação ao crime; falsificação de documento particular; emprego irregular de verbas públicas; prevaricação; e crimes contra a humanidade nas modalidades extermínio, perseguição e outros atos desumanos.

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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado disponibilizou, nesta quarta-feira (20), a íntegra do relatório elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). O documento com 1.180 páginas pode ser conferido neste link

Antes de disponibilizar o documento, Renan Calheiros afirmou que o relatório tem 69 pessoas indiciadas e 29 tipos penais apontados.

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Em cerca de seis meses de trabalho, a CPI da Pandemia fez 66 reuniões — 58 delas destinadas a depoimentos. Foram ouvidas 61 pessoas, além das vítimas da Covid-19. Dos 1.582 requerimentos apresentados, 1.062 foram apreciados. O colegiado aprovou 251 transferências de sigilo (fiscal, bancário, telefônico e telamático). 

A CPI expediu 2.669 ofícios e recebeu 2.792 documentos, além de 71.957 arquivos contendo documentos ostensivos e 4.251.840 arquivos com documentos sigilosos. Os dados estão no relatório final.

Acompanhe ao vivo a sessão da CPI da Pandemia:

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*Com a Agência Senado

 

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que o adiamento da apresentação do relatório final da comissão foi uma decisão do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). Inicialmente, a leitura do documento estava marcada para esta terça-feira (19), com votação no dia seguinte. Agora, a leitura será na quarta-feira (20) e a votação, na próxima terça-feira (26), conforme informou Aziz nesse domingo ao Estadão/Broadcast.

Renan disse ao Estadão que a mudança no prazo "ajudará muito a termos mais tempo para conversar", afinal "o parecer é da maioria, é coletivo, não é individual". Para ele, no entanto, o relatório já está "definido" e agora serão feitos apenas ajustes de redação. Mesmo assim, disse Renan, é importante saber o que os colegas dele na CPI avaliam do documento.

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Conforme o Estadão publicou com exclusividade neste domingo, o relatório final da CPI conclui que o governo de Jair Bolsonaro agiu de forma dolosa, ou seja, intencional, na condução da pandemia e, por isso, é responsável pela morte de milhares de pessoas. "O governo federal criou uma situação de risco não permitido, reprovável por qualquer cálculo de custo-benefício, expôs vidas a perigo concreto e não tomou medidas eficazes para minimizar o resultado, podendo fazê-lo. Aos olhos do Direito, legitima-se a imputação do dolo", diz trecho da peça, que tem 1.052 páginas e ainda pode ser alterada até a sua apresentação formal na CPI.

Em uma mudança de entendimento, o texto passou a imputar a Bolsonaro e ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello o crime de homicídio qualificado. Até então, o relatório atribuía aos dois o crime de homicídio comissivo - praticado por omissão. O argumento da CPI é de que Bolsonaro sabia dos riscos que oferecia à população e os assumiu.

Um dos pontos que levaram ao adiamento do parecer, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem, é justamente a decisão de Renan de indiciar Bolsonaro por homicídio qualificado, revelada pela reportagem do Estadão. O jornal apurou que o presidente teria reclamado com o presidente da CPI, Omar Aziz, dessa intenção de Renan. O senador Aziz, no entanto, negou enfaticamente à reportagem a existência de qualquer conversa com Bolsonaro sobre o relatório. Interlocutores de Bolsonaro afirmam que homicídio é algo que todas as pessoas entendem o que é e que, se isso for adiante, Bolsonaro ficará marcado como assassino, o que seria muito difícil de ser revertido na opinião pública.

O Estadão apurou, contudo, que Renan pretende manter essa definição, "a não ser que isso prejudique a aprovação de seu relatório".

Outro ponto de impasse no colegiado, segundo essas fontes, é o indiciamento do ministro da Defesa, Braga Netto. Nesse caso, é o próprio relator que resiste à essa conclusão, por considerar que na CPI não houve apoio nem mesmo para ele prestar depoimento, quanto mais para o indiciamento. Braga Netto, então chefe da Casa Civil no início da pandemia, era o coordenador do grupo interministerial criado pelo Palácio do Planalto para cuidar da gestão da pandemia.

Aziz afirmou ao Estadão/Broadcast que o adiamento não está relacionado a eventuais discordâncias sobre pontos do relatório. "Não é discordância. É porque o que vazaram, vazaram pontualmente, e só as tipificações, a gente não tem o embasamento", disse o presidente da CPI, que afirma não ter tido acesso ao relatório até o momento. "Ninguém viu o relatório ainda", afirmou.

De acordo com ele, a data foi alterada por uma questão de cautela. Aziz foi aconselhado por vários juristas a conceder um período maior de tempo entre a leitura do parecer e a votação do relatório, disse o senador. "Fui aconselhado por vários juristas a ter a cautela necessária para que alguém não entre na Justiça dizendo que não teve direito de defesa. Porque o prazo é muito exíguo. Relatório com mais de mil páginas você não analisa em minutos. Apenas em um dia as pessoas ainda não teriam dados suficientes para questionar pontualmente alguma coisa", afirmou.

A CPI precisa votar o relatório final até 4 de novembro, quando expira o prazo de funcionamento da comissão. Depois de aprovado, o relatório com a conclusão dos trabalhos e as sugestões de punição será encaminhado aos órgãos de controle, que poderão abrir processos sobre os supostos crimes apontados. Isso ocorre porque a CPI tem poderes de investigação, mas não de punição.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, adiou a apresentação de seu relatório final, marcada inicialmente para esta terça-feira, 19. A decisão é informada pelo site do Senado, que ainda não traz a nova data para a leitura do documento. O cronograma inicialmente divulgado pelo colegiado previa a apresentação do relatório de Renan Calheiros (MDB-AL) na terça, com votação no dia seguinte, na quarta, 20.

Segundo antecipou o Estadão, o relatório final da CPI conclui que o governo de Jair Bolsonaro agiu de forma dolosa, ou seja, intencional, na condução da pandemia e, por isso, é responsável pela morte de milhares de pessoas. "O governo federal criou uma situação de risco não permitido, reprovável por qualquer cálculo de custo-benefício, expôs vidas a perigo concreto e não tomou medidas eficazes para minimizar o resultado, podendo fazê-lo. Aos olhos do Direito, legitima-se a imputação do dolo", diz trecho da peça, que tem 1.052 páginas e ainda pode ser alterada até a sua apresentação formal na CPI. A conclusão será encaminhada aos órgãos de controle, que poderão abrir processos sobre os supostos crimes apontados.

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De acordo com a agenda publicada pelo Senado, outro compromisso também adiado na CPI é a oitiva de Nelson Mussolini, membro do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e integrante da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que iria ocorrer na manhã desta segunda-feira, 18, mas também não tem nova data prevista. Por ora, está mantida a audiência pública com familiares de vítimas da covid-19, que também estava programada para a segunda, à tarde.

Para a terça-feira (19), a CPI marcou o depoimento de Elton da Silva Chaves, representante do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) na Conitec. A oitiva dele está agendada para as 10 horas da terça.

A Conitec é um órgão vinculado ao Ministério da Saúde responsável pela análise técnica de novos medicamentos a serem inseridos no Sistema Único de Saúde (SUS). Recentemente, a Conitec adiou uma decisão que poderia barrar o uso da hidroxicloroquina e da cloroquina como tratamento para pacientes com covid-19, quando tirou de pauta a avaliação de um estudo sobre esses remédios. A comissão chegou a aprovar a convocação do médico Carlos Carvalho, responsável por coordenar esse trabalho na Conitec, mas, por enquanto, só confirmou a audiência com Elton da Silva Chaves, que é um dos integrantes do grupo, como representante dos municípios.

O site da Amazon Canadá deixou vazar detalhes do novo modelo de Kindle Paperwhite, incluindo a versão especial “Signature Edition”. Em um gráfico comparativo, que já foi retirado do ar, os usuários conferiram as novidades dos dispositivos. As informações são do site GoodEReader.

Ao contrário da versão atual do Kindle, com 6 polegadas e cinco LEDs, os novos aparelhos terão tela de 6,8 polegadas, resolução de 300 ppi e 17 LEDs de iluminação. Além disso, as bordas serão mais estreitas no canto superior e nas laterais. O design frontal com tela nivelada deverá ser preservado.

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Seguindo a tendência das versões anteriores, os aparelhos de leitura têm certificado IPX8 de resistência à água. Os novos modelos, no entanto, contam com a opção de ajuste de temperatura de luz, além de iluminação nas cores âmbar e branco, para tornar a leitura mais agradável e não cansar os olhos dos usuários.

Entre as maiores novidades, está a memória do modelo Signature Edition, que oferece 32 GB de armazenamento interno e suporte para carregamento sem fio. Ademais, os usuários poderão aproveitar a nova função de ajuste automático do brilho conforme o ambiente.

Embora as novidades tenham agitado o mundo da tecnologia, o fabricante ainda não confirmou as datas de lançamento dos produtos, tampouco disse se as informações vazadas pela Amazon estão corretas. No Brasil, o modelo atual do Kindle Paperwhite é vendido a partir de R$ 499.

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