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O antraz, uma doença bacteriana grave geralmente associada a climas áridos, vem dizimando silenciosamente chimpanzés em uma floresta tropical da África Ocidental, e pode eliminá-los completamente, disseram pesquisadores nesta quarta-feira.

Amostras tiradas de carcaças, ossos e moscas que se alimentam de carniça no Parque Nacional de Tai (TNP), na Costa do Marfim, entre 1989 a 2014, revelaram que o antraz causou 38% das mortes de animais - incluindo 31 dos 55 chimpanzés mortos analisados.

Outras baixas incluíram macacos, antílopes, mangustos e um porco-espinho. "Nossas simulações (...) sugerem que a mortalidade induzida pelo antraz resultará em declínios determinísticos de população e na possível extirpação de chimpanzés do TNP nos próximos 150 anos", escreveu uma equipe na revista científica Nature. Os chimpanzés são particularmente vulneráveis ​​devido à sua lenta taxa de reprodução, disseram os cientistas.

Os pesquisadores não conseguiram determinar onde e como os animais estavam sendo infectados com um tipo de antraz identificado pela primeira vez no TNP em 2004. E eles advertiram que as infecções em macacos "são muitas vezes indicadoras de doenças que também podem afetar humanos".

A bactéria, Bacillus cereus biovar anthracis, também causou mortes de chimpanzés, gorilas e elefantes em Camarões e na República Centro-Africana, disse a equipe. Nenhum caso de humanos afetados foi registrado. Anteriormente, se acreditava que os surtos de antraz eram mais comuns em ecossistemas áridos, como a savana africana, onde matam animais de caça, gado e às vezes humanos.

Os humanos geralmente contraem a doença de animais infectados ou através da exposição a produtos animais contaminados. A bactéria pode ser contraída pela pele, boca ou inalação.

Em sua forma mais comum, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, provoca feridas negras na pele. A bactéria não é transmitida de pessoa para pessoa. Embora potencialmente mortal, reage bem ao tratamento com antibióticos.

Além de ter causado a morte do pedreiro Watila dos Santos, de 38 anos, e de ao menos três macacos no interior do Rio de Janeiro, a febre amarela ameaça também um dos mais bem sucedidos projetos de reintrodução na natureza de animais em extinção. A Reserva Biológica de Poço das Antas, vizinha a Casimiro de Abreu (RJ), onde Watila vivia, fica na única região do mundo onde ainda existem micos-leões dourados.

Na década de 1980, esses animais eram presença rara nas áreas de Mata Atlântica da região. Havia apenas 200 na floresta. Graças ao programa conduzido na Reserva, hoje eles são 3.200, em oito municípios.

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"Não há o que fazer, só esperar. Os micos são tão vítimas quanto os humanos. Infelizmente, não há vacina contra febre amarela para primatas", diz o geógrafo Luís Paulo Ferraz, secretário-executivo da Associação Mico-Leão-Dourado (AMDL), organização não-governamental que faz o acompanhamento dos micos na natureza.

O programa de reintrodução contou com o apoio de zoológicos internacionais, que doaram os animais para serem readaptados ao meio ambiente. Técnicos treinaram os micos para agir novamente como animais silvestres. Em cativeiro, os micos desaprendem a subir em árvores e a encontrar frutas para se alimentar, por exemplo.

Um programa de conscientização dos proprietários rurais da região levou à transformação de 22 fazendas em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Separados em famílias, os micos têm um colar que permite aos técnicos da AMLD acompanhar seus deslocamentos, reprodução e ciclo vital. "Até agora só tivemos mortes de micos por causas naturais, atacados por predadores, ou atropelados. Não há registros por doença", disse Ferraz.

Nos últimos dias, porém, equipes da AMDL passaram a vasculhar a mata com mais atenção, em busca de primatas que possam ter sido vítimas da febre amarela. "Se ocorrer o pior e tivermos uma catástrofe, temos 250 micos em cativeiro. O jeito será recomeçar o trabalho todo de novo", declarou Ferraz.

Silêncio

Na última quinta-feira, um dia depois de exames confirmarem que Watila havia morrido pela doença, a equipe do biólogo Waldemir Vargas, da Fundação Oswaldo Cruz entrou na floresta de Córrego da Luz, bairro rural onde o pedreiro vivia. "A mata era só silêncio", relatou Vargas. A falta de som é mau sinal, explicou. Significa que os bugios podem ter deixado a região ao perceber que outros animais adoeceram.

O biólogo afirma que o bugio é o primata mais sensível à doença. "Ele tem o metabolismo mais lento e movimentos vagarosos. Acaba sendo presa mais fácil para o mosquito. O mico também adoece, mas o bugio é a primeira vítima", afirmou.

"O primata é um sentinela importante. Se ele adoeceu, indica que há febre amarela na região", afirmou o subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado do Rio, Alexandre Chieppe. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Rio teve as primeiras mortes de macacos por febre amarela confirmadas pela Secretaria de Estado de Saúde. Os animais foram encontrados em áreas rurais de São Sebastião do Alto, na Região Serrana, e Campos dos Goytacazes, no norte fluminense.

Os moradores da Região Serrana começam neste sábado (18) a receber a vacina da febre amarela, numa campanha pata imunizar toda a população, a exemplo do que foi feito em Casimiro de Abreu, na Baixada Litorânea. Ali foram imunizados 75% dos 42 mil moradores em dois dias de campanha, depois da morte de um pedreiro por febre amarela na cidade.

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Minas Gerais contabiliza 101 mortes por febre amarela este ano. Mais 83 estão em análise. Os números são do novo boletim epidemiológico divulgado hoje (7) pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

Ao todo, o estado registra 1.076 notificações da doença, das quais 57 foram descartadas e 272 são casos confirmados. O atual surto é considerado o maior no Brasil desde 1980, quando o Ministério da Saúde passou a disponibilizar dados da série histórica. Até então, o ano com a situação mais grave havia ocorrido em 2000, quando morreram 40 pessoas.

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Os boletins da SES-MG estão sendo divulgados às terças e sextas-feiras. Ele traz ainda o número de municípios afetados. Até o momento, 48 cidades mineiras têm confirmações de transmissão da doença e mais 89 analisam casos suspeitos.

A febre amarela atinge humanos e macacos. A doença é causada por um vírus da família Flaviviridae. No meio rural e silvestre, ele é transmitida pelo mosquito Haemagogus. Em área urbana, o vetor é o Aedes aegypti, o mesmo da dengue, do vírus zika e da febre chikungunya. Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão da febre amarela no Brasil não ocorre em áreas urbanas desde 1942. Até o momento, nenhum dos casos em Minas Gerais são considerados urbanos pelos órgãos públicos.

A principal medida de combate à doença é a vacinação da população. O imunizante é ofertado gratuitamente nos postos de saúde por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). A aplicação ocorre em dose única, devendo ser reforçada após dez anos. No caso de crianças, o Ministério da Saúde recomenda a administração de uma dose aos 9 meses e um reforço aos 4 anos.

Macacos

Há duas semanas, a Região Metropolitana de Belo Horizonte confirmou o primeiro caso de febre amarela. A vítima era do município de Esmeraldas (MG) e faleceu em decorrência da doença.

A capital mineira, porém, ainda não tem nenhuma notificação de infecção em humanos. Há algumas semanas, a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte informou que cinco moradores foram internados e receberam alta. No entanto, todos eles estiveram em áreas afetadas pelo surto e a hipótese trabalhada é de possível infecção em outros municípios.

Por outro lado, a Secretaria de Saúde confirmou ontem (6) que um segundo macaco encontrado morto na capital mineira estava com febre amarela. O corpo do animal havia sido localizado na região oeste da cidade. No mês passado, um macaco que morreu na região de Venda Nova também teve exame positivo para a doença.

A prefeitura de Belo Horizonte vem realizando algumas ações para evitar que humanos sejam infectados. Entre as medidas adotadas, estão o reforço da vacinação e a interdição do Parque Jacques Cousteau, do Parque das Mangabeiras e do Parque da Serra do Curral.

Um macaco encontrado morto por traumatismo craniano há uma semana, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, reforçou a suspeita de que esses animais estão sendo caçados e abatidos por serem depositários do vírus da febre amarela. Com ele, já são 25 os primatas que morreram neste ano no município e a maioria pode ter sido executada - 15 a pedradas e pauladas, quatro atados com cordas e um carbonizado. Apenas um deles estava doente. Pelo menos outras nove cidades têm casos semelhantes ou denúncias.

O risco de matança de macacos por medo da febre amarela já mobiliza os órgãos públicos. O 4.º Batalhão da Polícia Militar Ambiental intensificou a vigilância em áreas de matas com a presença de macacos. Em Severínia, foram achados espécimes mortos com ferimentos suspeitos na Matinha do Rubião. De 22 primatas que habitavam a área, restam oito. Um macaco encontrado morto no bairro Santa Rita, em Franca, na terça, pode ter sido vítima da ação humana, segundo a prefeitura.

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A Polícia Ambiental de Bauru, que atende 39 municípios, recebeu denúncias da presença de caçadores em matas. Um suspeito foi detido com armas e munição em Arealva. Depois que um jovem de 17 anos adoeceu em Santa Cruz do Rio Pardo, cinco macacos foram encontrados mortos no Bairro Cachoeira, onde o rapaz teria sido contaminado. Dois deles apresentavam ferimentos.

Em Américo Brasiliense, onde uma idosa morreu com febre amarela após contrair a doença em uma mata local, também houve denúncias, não confirmadas, de ataques a macacos. A diretora de Saúde, Eliana Marsili, fez um apelo para que a população não se voltasse contra os animais. "Os macacos são nossas sentinelas, nos avisam quando o vírus está circulando."

Segundo Danilo Teixeira, presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia, todos os primatas são suscetíveis ao vírus da febre amarela, sendo os bugios (gênero Alouatta), alguns saguis (Callithrix) e micos (Cebus) os mais sensíveis, podendo morrer da doença. "Eles são tão vítimas da febre amarela quanto os seres humanos. São hospedeiros do vírus, como nós somos também. Mas quem transmite são os mosquitos", ressaltou."O ser humano só se contamina quando entra na mata. Ali está exposto a ser picado."

Investigação

Em Ribeirão Preto, dos 35 macacos achados mortos neste ano, entre eles uma família de bugios, 5 tinham a doença. Outros resultados são aguardados. De acordo com o secretário de Saúde, Eleuses Paiva, cada vez mais são registradas causas externas para as mortes. Um deles, por exemplo, foi carbonizado e outro sofreu traumatismo.

Fora da região onde se concentram os casos de febre amarela no Estado, também há indícios de caça aos macacos. Um espécime foi resgatado com ferimentos em Ferraz de Vasconcelos, região metropolitana de São Paulo, mas acabou morrendo. Os exames indicaram que a doença não foi a causa da morte. Em São Roque, dos três macacos achados mortos, um óbito foi consequência de ferimentos que podem terem sido causados pelo homem.

De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado, de janeiro de 2016 a 14 de fevereiro de 2017 foram registradas 228 epizootias (situação de adoecimento ou óbito) para febre amarela entre macacos, sendo confirmados 32 casos da doença em primatas nas regiões de Ribeirão Preto, Barretos, Franca, São José do Rio Preto e Sorocaba.

Em Minas Gerais, a matança de macacos levou a Polícia Militar a divulgar um comunicado, alertando que matar animal silvestre é crime ambiental punido com prisão sem direito à fiança e multa. "Com a eliminação dos macacos, cada vez mais os mosquitos se aproximam do homem, espalhando ainda mais a doença", diz o texto do informe. Em Simonésia, houve denúncia de mortes de primatas por tiros e envenenamento.

Alerta

Até quinta-feira (2) foram notificados 1.411 casos suspeitos da doença no País. Há 915 sob investigação e 352 (24,9%) confirmados. Das 224 mortes em análise, 113 foram confirmadas. Minas Gerais, foco do surto, tem 1.088 notificações em 87 cidades e 92 óbitos confirmados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Aplicado em macacos machos adultos, um gel contraceptivo pode ser uma nova alternativa à vasectomia. Um teste foi considerado concluído com sucesso por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. 

As informações são da BBC Brasil. Denominada Vasalgel, o medicamento é introduzido no canal por onde passa os espermatozoides. De acordo com os especialistas, o gel pode funcionar por até dez anos e não altera a produção de hormônios. 

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Durante o teste, o gel foi aplicado em 16 macacos (dez dos quais já tinham sido pais). Ao longo de uma semana, os bichos foram monitorados e, na sequência, liberados com fêmeas férteis. Houve acasalamento, mas nenhuma macaca ficou grávida. 

Testes em humanos devem ser iniciados nos próximos anos. Seria o primeiro contraceptivo masculino a chegar ao mercado. Atualmente, só o uso de preservativos e a vasectomia (operação de esterilização) são as opções. 

Com informações da BBC Brasil

Um gel injetável que foi administrado em macacos se revelou eficaz para prevenir a gravidez, afirma um estudo publicado nesta terça-feira (7), que pode significar uma solução, potencialmente reversível, para os homens que desejam evitar a vasectomia.

As mulheres contam com várias opções de controle da natalidade, enquanto para os homens as possibilidades são limitadas: os preservativos e uma solução a priori definitiva, a vasectomia.

A vasectomia consiste em um procedimento cirúrgico para a secção de um segmento dos ductos deferentes, por onde transitam os espermatozoides, para impedir que o esperma se una ao fluido ejaculado durante o ato sexual.

Cientistas americanos estão desenvolvendo uma possível alternativa, um gel chamado Vasalgel, que demonstrou ser efetivo em coelhos e, agora, também nos macacos rhesus, mais próximos aos humanos.

Dezesseis macacos adultos foram tratados com o gel injetável nos ductos deferentes, no California National Primate Research Center.

Os animais, que vivem ao ar livres com fêmeas de fertilidade comprovada, foram monitorados por um período de até dois anos, incluindo pelo menos uma temporada reprodutiva.

"Os machos tratados não tiveram nenhuma concepção desde as injeções de Vasalgel", afirmam os cientistas em um artigo publicado na revista especializada Basic and Clinical Andrology.

A taxa de gestação esperada nas fêmeas que vivem com o grupo deveria ter sido, a princípio, de algo por volta de 80%, segundo os cientistas.

Os animais toleraram o gel, que apresentou poucos efeitos colaterais, informaram os autores do estudo. Um dos 16 macacos apresentou sintomas de granuloma espermático (acúmulo no canal deferente), uma complicação registrada, segundo os cientistas, em 60% dos casos de vasectomia em humanos.

A reversibilidade do método ainda não foi testada nos macacos, apenas nos coelhos, com a remoção do gel com uma solução de bicarbonato de sódio.

Um teste clínico do gel para os homens está sendo preparado, de acordo com a Fundação Parsemus, uma organização sem fins lucrativos que financia o desenvolvimento do produto.

A Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo registrou a morte de 54 macacos por suspeita de febre amarela nas regiões Sul e Noroeste do Estado desde o início do ano. O número, no entanto, pode chegar a 80, com a confirmação de outros casos por prefeituras. A atualização será feita na segunda-feira (16).

Parte das mortes ocorreu em Colatina, a 220 quilômetros de Governador Valadares, no Leste de Minas Gerais, cidade sede de uma das quatro regionais de saúde que tiveram decretado situação de emergência nesta sexta-feira, 13, pelo governador Fernando Pimentel (PT), depois do registro de 38 mortes de pessoas por suspeita da doença.

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Óbitos em grande número de macacos em curto período de tempo são considerados como indício da ocorrência da febre amarela e funcionam como alerta para evitar que a doença atinja humanos. Apesar da morte dos animais, o Espírito Santo ainda não é considerado área de incidência da doença, conforme informações da Secretaria de Estado da Saúde.

As outras três áreas que tiveram situação de emergência decretada pelo governador - Teófilo Otoni (Vale do Mucuri), Coronel Fabriciano (Vale do Aço) e Manhumirim (Zona da Mata) - também não estão distantes do Espírito Santo. Ao todo, o decreto envolve 152 cidades.

O registro de mortes por suspeita da doença vem aumentando a cada dia em Minas. Conforme levantamento de quinta-feira, 12, da Secretaria de Estado da Saúde, o total de óbitos era de 30, passando para 38 na Sexta-feira.

Há um total, até o momento, de 20 mortes prováveis pela doença (quando exames iniciais comprovaram a doença, mas restam outros testes a serem feitos). O relatório de sexta-feira aponta ainda registro de 133 casos suspeitos da doença, 23 a mais que no relatório anterior.

Em viagem à região com incidência da doença em Minas nessa sexta-feira, o governador do Estado pediu a prefeitos que abrissem os postos de vacinação no fim de semana. A imunização é a única forma de combater a doença.

Quebrar pedras para produzir fragmentos cortantes não seria uma habilidade exclusiva dos nossos brilhantes ancestrais, segundo uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (19) na revista científica Nature, que revela que macacos estudados no Brasil também são capazes de fabricar tais objetos.

"Observamos o Sapajus libidinosus (macaco prego, nativo do nordeste e do centro do Brasil) quando quebra pedras deliberadamente e cria involuntariamente fragmentos que têm várias semelhanças com os produzidos pelos primeiros homínidos da idade da pedra", disse à AFP Tomos Proffitt, pesquisador da Universidade de Oxford.

Os animais observados são macacos prego com menos de quatro quilos do Parque Nacional Serra da Capivara, no estado do Piauí. Já se sabia que a espécie utiliza essas ferramentas de pedra para romper nozes, do mesmo modo que fazem os chimpanzés.

No entanto, os pesquisadores encontraram um espetáculo ainda mais surpreendente: os primatas golpeavam reiteradamente uma pedra contra outra e produziam fragmentos cortantes. Os macacos prego seriam capazes inclusive de escolher as pedras que vão usar em função da sua composição e forma, preferindo as arredondadas.

"Esta observação é importante, já que os arqueólogos sempre pensaram que a produção de fragmentos de pedra que apresentam rupturas em curva e bordas cortantes era uma exclusividade dos homínidos", explica Proffitt.

Diferentemente dos nossos ancestrais, porém, os primatas não controlam a utilização dos fragmentos obtidos. Desse modo, "é difícil compreender porquê os macacos talham as pedras assim", segundo os pesquisadores. Em outras palavras, o ato intencional dos homínidos é fortuito nos macacos, o que constitui uma grande diferença.

Graças a esta descoberta, os cientistas deverão reavaliar "o nível máximo de complexidade cognitiva e morfológica necessária para produzir esses fragmentos" de pedra, afirma Proffitt.

Em um passo à frente rumo à regeneração de órgãos, células-tronco desenvolvidas a partir de células da pele de macacos revitalizaram corações doentes de cinco animais, anunciaram cientistas nesta segunda-feira.

O experimento representa um avanço na direção da meta de se estabelecer uma fonte ampla e indiscutível de células revitalizadas para serem transplantadas em vítimas de ataques cardíacos, escreveram pesquisadores em um estudo publicado na revista científica Nature. Isto evitaria a necessidade de coletar células-tronco de embriões ou dos próprios transplantados.

A equipe de cientistas utilizou as denominadas células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs). Elas são desenvolvidas ao se estimular células maduras, já especializadas - como as da pele - a voltarem ao estado neutro, juvenil, a partir do qual podem dar origem a qualquer outro tipo de célula humana.

Antes do surgimento da técnica iPSC, as células-tronco pluripotentes eram coletadas de embriões humanos, que são destruídos no processo - uma prática controversa. Há uma terceira categoria de células-tronco, que podem ser diretamente coletadas de seres humanos. Estas células-tronco "adultas" são encontradas dentro de certos órgãos, inclusive o coração, e existem para recompor células danificadas.

Células-tronco adultas do coração já foram usadas em nível experimental para tratar vítimas de ataques cardíacos. E o tratamento com células-tronco embrionárias demonstrou ser promissor no tratamento da insuficiência cardíaca severa. Mas a equipe de cientistas japoneses afirmou que seu estudo foi o primeiro a utilizar células iPSCs para consertar um dano cardíaco.

As células humanas iPSCs são há tempos consideradas uma fonte promissora de células para reparar o coração. Mas desenvolvê-las a partir das próprias células do paciente era "demorado, trabalhoso e custoso", enquanto as células cardíacas desenvolvidas a partir das células de outra pessoa podiam ser rejeitadas pelo sistema imunológico do receptor, escreveram os pesquisadores.

Nas experiências com macacos, os estudiosos selecionaram uma molécula em uma célula do sistema imunológico que combinou tanto com o doador quanto com os receptores de forma a impedir que o sistema de defesa do corpo identificasse e reagisse às células "invasoras". Os macacos também receberam drogas imunossupressoras brandas e foram monitorados por 12 semanas.

As células melhoraram a função cardíaca, embora tenham sido observados irregularidades nos batimentos (arritmia), destacaram os pesquisadores. Mas, o importante é que as novas células não foram rejeitadas.

"Ainda temos alguns obstáculos, incluindo o risco de formação de tumores, arritmias, o custo, etc", enumerou, em declarações à AFP, o coautor do estudo, Yuji Shiba, da Universidade Shinshu, do Japão. 

Mas ele disse estar confiante de que as células cardíacas iPSC serão testadas em humanos "em alguns anos". Especialistas que não participaram do estudo consideraram-no um avanço, mas advertiram que há um longo caminho a percorrer.

"Eu não acredito que o tratamento com células-tronco para insuficiência cardíaca vá se tornar realidade em muitos anos", avaliou o cardiologista Tim Chico, da Universidade de Sheffield.

Uma nova candidata a vacina de DNA contra o vírus da zika, desenvolvida pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, mostrou alto nível de eficiência em testes com macacos.

Aplicada em duas doses, a vacina deu proteção total a 17 primatas em um grupo de 18 animais. A vacina se baseia em um DNA que codifica duas proteínas exclusiva do vírus da zika, fazendo com que o organismo desenvolva uma resposta imune contra a infecção. Os testes, realizados por cientistas da NIH, com participação da brasileira Leda Castilho, da Coppe-UFRJ, tiveram seus resultados publicados nesta quinta-feira, 22, na revista Science.

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De acordo com os autores do artigo, os resultados dos ensaios serão utilizados nos testes clínicos com humanos, já em andamento, para ajudar a estabelecer os níveis mínimos de anticorpos no sangue para que uma proteção completa seja possível. Uma vacina preventiva é vista pelos cientistas como a melhor alternativa para reduzir o alastramento do vírus pelo mundo e evitar suas graves consequências para gestantes. Uma das possibilidades é o desenvolvimento de vacinas de DNA, que codifica proteínas específicas do vírus.

Quando as células do paciente absorvem esse DNA, elas o utilizam para sintetizar as proteínas virais, levando o organismo a reconhecê-las e desencadeando uma resposta do sistema imune contra a infecção. Segundo Leda, a nova vacina utiliza como vetor um anel de DNA chamado plasmídeo, que contém dois genes que codificam uma proteína da membrana e outra do envelope do vírus. A pesquisadora está desde março em Bethesda, nos Estados Unidos, atuando como pesquisadora visitante do Centro de Desenvolvimento de Vacinas do NIH.

"Quando esse vetor de DNA é injetado no macaco, o organismo dele passa a produzir as proteínas, formando estruturas tridimensionais que chamamos de partículas sub-virais - que é, digamos assim, só a casca do vírus, sem seu código genético. O organismo então passa a reconhecer essas partículas e a produzir anticorpos", disse Leda à reportagem. O teste teve o objetivo, de acordo com Leda, de avaliar se a vacina de DNA do NIH realmente induz à produção de anticorpos e se eles são neutralizantes o bastante.

O próximo passo é estabelecer o limiar de anticorpos necessários para a proteção. Mas a pesquisadora afirma que a vacina já está sendo avaliada clinicamente. "Os testes de fase 1, que têm objetivo de avaliar a segurança da vacina em humanos, já foram iniciados e os primeiros voluntários receberam a vacina no início de agosto. Até agora, 55 indivíduos já foram vacinados e chegaremos a 80. Esperamos ter os resultados dessa fase de testes nos próximos quatro meses", disse Leda.

De acordo com Leda, o experimento foi realizado com 30 macacos rhesus, divididos em cinco grupos de seis primatas, que receberam diferentes variantes da vacina. Três dos grupos receberam duas doses e um deles recebeu apenas uma dose. Outros animais receberam uma vacina inativa, como controle.

"Dos 18 macacos que receberam duas doses, 17 ficaram completamente protegidos. Os seis animais que receberam apenas uma dose não ficaram protegidos. Mas suas cargas virais foram reduzidas em comparação com animais do grupo de controle", afirmou Leda. O fato de animais que receberam baixas dosagens apresentarem carga viral menor é importante, segundo Leda, porque mostra que um número reduzido de anticorpos não leva a uma infecção ainda mais severa, como é observado em alguns casos de infecção por dengue.

"O número de animais no nosso experimento é pequeno para que possamos afirmar com certeza que a infecção não se fortalece quando os anticorpos estão presentes em baixa concentração. Mas é um indício importante", declarou.

As lesões cerebrais provocadas no feto de um macaco que teve a mãe infectada pelo vírus zika foram observadas pela primeira vez em laboratório, em um novo avanço na pesquisa sobre a doença.

"Nosso primeiro objetivo era demonstrar que o vírus zika provoca lesões cerebrais fetais para acabar por completo com as dúvidas a respeito deste vírus incrivelmente perigoso para a gestação", afirmou à AFP Kristina Adams Waldorf, coautora do estudo publicado nesta segunda-feira pela revista Nature Medicine.

No passado, já haviam sido realizadas pesquisas com primatas, mas até agora não se tinha observado em animais lesões cerebrais do tipo encontrado nos fetos de mulheres grávidas, como a microcefalia, um grave transtorno do desenvolvimento cerebral.

Para obter um modelo animal mais representativo, pesquisadores americanos inocularam o vírus zika em uma macaca no 119º dia da sua gestação, equivalente a 28 semanas de uma gravidez humana. Apesar de a macaca infectada não demonstrar sintomas da doença (como febre ou erupções), o feto desenvolveu anomalias nos dias que se seguiram à inoculação.

Na medida em que as lesões ocorrem um pouco depois da infecção, a única forma de proteger o feto é evitar a infecção do pai pelo zika, assinala a cientista Kristina Adams Waldorf. Ela explicou que o cérebro do feto de macaco deixou de crescer 3 semanas depois da inoculação. Se as lesões continuassem crescendo nesse ritmo, o feto teria desenvolvido microcefalia um mês depois, segundo os autores do estudo.

A infecção é grave para o ser humano principalmente quando ocorre durante o primeiro trimestre de gravidez. O risco de microcefalia varia, segundo os estudos, entre 1% e 13%, e coincide, além disso, com outros transtornos, em particular oculares e auditivos.

Os autores do estudo afirmam que suas observações em um primata infectado no terceiro trimestre de gestação podem explicar os casos bebês de mães infectadas nascidos com a cabeça normal, mas que, posteriormente, desenvolvem a microcefalia.

As experiências com macacos continuarão para acelerar o desenvolvimento de uma vacina ou tratamento que permita evitar a infecção da mãe e as lesões cerebrais no feto, segundo os autores. Cerca de 70 países sofrem com a epidemia de zika surgida no ano passado, sendo que o Brasil é o mais afetado, com mais de 1,5 milhão de pessoas infectadas e 1.600 recém-nascidos com microcefalia.

Três diferentes vacinas experimentais contra o zika que estão sendo desenvolvidas nos Estados Unidos funcionaram bem em estudos com macacos, abrindo o caminho para testes em humanos nos próximos meses, segundo um relatório publicado na revista científica Science na quinta-feira.

Os resultados chegam em um momento em que pesquisadores correm para encontrar uma maneira de prevenir a infecção pelo vírus, transmitido por mosquitos e que pode causar malformações fetais graves. O vírus zika já se propagou por 50 países e territórios, principalmente na América Latina, no Caribe e no estado americano da Flórida.

"Três vacinas forneceram proteção total contra o vírus zika em primatas não humanos, que são o melhor modelo animal antes de começar os testes clínicos", disse o autor sênior Dan Barouch, professor de medicina na Harvard Medical School. "A proteção consistente e potente contra o vírus zika em roedores e primatas alimentam nosso otimismo em relação ao desenvolvimento de uma vacina segura e eficaz contra o zika para os humanos".

Uma das vacinas é a chamada ZPIV, produzida com vírus purificado e inativado do zika, desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa do Exército Walter Reed (WRAIR). Macacos rhesus vacinados com a ZPIV "mostraram uma proteção completa contra ambas as cepas brasileira e porto-riquenha do zika", disse o estudo. Duas vacinas candidatas da Universidade de Harvard, uma delas uma vacina de plasmídeo de DNA e a outra uma vacina baseada em vetor adenoviral, também protegeram os macacos. Nenhum efeito colateral adverso foi observado nos animais.

De acordo com Sara Gilbert, professora de vacinologia na Universidade de Oxford, a pesquisa representa "um passo importante no desenvolvimento de uma vacina contra o vírus zika". Mas Gilbert, que não participou da pesquisa, recomendou cautela ao se avançar para os testes em humanos.

"Sabe-se que os anticorpos contra um serotipo do vírus da dengue, semelhante ao zika, podem produzir infecções subsequentes com um serotipo diferente muito mais grave", disse. "Será necessário se certificar de que as pessoas que recebem uma vacina contra o zika não se tornam mais suscetíveis a infecções graves de dengue, que podem ser fatais", completou. Gilbert também observou que embora as três vacinas tenham sido eficazes, a vacina de DNA teve um desempenho inferior em induzir respostas imunológicas em macacos.

Duas outras vacinas experimentais que estão atualmente sendo testadas em humanos nos Estados Unidos e no Canadá são vacinas de DNA.

Para combater as ligações clandestinas, as famosas gambiarras, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) está investindo na implantação de novas tecnologias com a finalidade de identificar e inibir irregularidades. De acordo com a empresa, as fraudes, popularmente chamadas de 'macaco', respondem por aproximadamente 7% da energia elétrica distribuída na área de concessão da empresa.

Ao longo de 2016, as implantações das novas tecnologias para coibir o furto de energia deve custar R$ 90 milhões. Serão feitas inspeções de 130 mil imóveis, em áreas onde a empresa identifica com maior frequência a prática de ligações clandestinas. A tecnologia deverá contar com uma fiação blindada. Os condutores de energia são envolvidos por uma chapa de aço, o que impede o acesso de fraudadores. Além de possibilitar uma melhor qualidade no fornecimento de energia elétrica, o procedimento é mais seguro.

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A Celpe informou que o percentual desviado ilegalmente equivale ao consumo de um ano dos municípios de Jaboatão dos Guararapes e Paulista juntos. Além do prejuízo para todos os clientes, a prática é ilegal, coloca em risco a vida da população e prejudica o fornecimento regular. Ao longo de 2016, o plano para coibir o furto de energia deve consumir R$ 90 milhões. Serão feitas inspeções de 130 mil imóveis, em áreas onde a empresa identifica com maior frequência a prática de ligações clandestinas.

A elevação da rede de baixa tensão em relação ao solo também foi outra alternativa encontrada pela Celpe para dificultar o acesso de pessoas não autorizadas. Durante as obras, os condutores sem isolamento são substituídos por fiação protegida.  A inovação permite o monitoramento à distância do consumidor, inclusive com possibilidade de detecção de fraudes. Caso o sistema acuse alguma irregularidade, uma equipe técnica é enviada ao local para adotar as medidas necessárias. 

Outra ação da Celpe é a regularização de imóveis que estavam sendo supridos por ligações clandestinas. Anualmente, 15 mil famílias deixam de utilizar energia de forma irregular e passam a ser clientes regularizados da concessionária. Além das unidades consumidoras, a Celpe também promove ações de combate às ligações clandestinas em vias públicas tais como comércios ambulantes e lava-jatos de rua. Nos cinco primeiros meses deste ano, foram removidas aproximadamente 500 irregularidades no Estado. Até o final do ano a previsão é que ultrapassemos 1.000 ações deste tipo.

Em 2016, estão previstas a instalação de 35 mil medições remotas. Segundo a Celpe, as novas tecnologia devem contribuir para uma redução significativa das perdas no sistema elétrico, equivalente ao suprimento anual de uma cidade como Garanhuns, com aproximadamente 140 mil habitantes. Os acidentes provocados por ligações clandestinas podem ocorrer no ato da instalação das gambiarras ou com o passar do tempo. As ligações ilegais não obedecem aos padrões de segurança e podem sobrecarregar a rede elétrica.

De acordo com a Celpe, a população pode colaborar denunciando a prática de irregularidades. A denúncia pode ser feita no site oficial da Celpe, preenchendo um formulário com os dados da ocorrência. Crime previsto no artigo 155 do Código Penal Brasileiro, com pena que pode variar de dois a oito anos de prisão, o furto de energia representa risco de acidentes fatais para o infrator e à comunidade.

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) encontraram, pela primeira vez fora do continente africano, macacos infectados pelo vírus zika. A descoberta no Brasil indica que, por ser capaz de contaminar outros hospedeiros além dos humanos, a doença se espalha com mais facilidade e pode ser mais difícil de ser contida do que os especialistas imaginavam.

"Esse é um achado que nos deixou muito preocupados porque mostra que o zika veio para ficar. Assim como no caso da febre amarela, o vírus tem um ciclo não só em humanos, mas também em animais silvestres, que podem tornar-se um reservatório. É por isso que, no caso da febre amarela, mesmo com a vacina, a gente nunca conseguiu erradicar o vírus, porque ele fica circulando entre os primatas. Isso não acontece com a dengue, por exemplo", explica Edison Luiz Durigon, professor titular do departamento de microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e um dos coordenadores do estudo, cujos resultados preliminares foram publicados no periódico bioRxiv.

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Os macacos infectados pelo zika foram encontrados em diferentes regiões do Ceará entre os meses de julho e novembro do ano passado. Cientistas do ICB-USP e do Instituto Pasteur estavam no local capturando saguis e macacos-prego para um estudo sobre a raiva.

"Resolvemos testá-los também para o zika e, para nossa surpresa, 29% das amostras deram positivas, todas elas de macacos capturados em áreas onde há notificação de zika e ocorrência de microcefalia", diz o pesquisador, um dos integrantes da Rede Zika, força-tarefa de cientistas paulistas criada no ano passado, com auxílio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), para estudar o vírus.

Método

Para testar os macacos, Durigon e os colegas utilizaram a técnica PCR em tempo real, que detecta a presença do vírus no organismo do animal. Após passarem pelo exame, os macacos tiveram um microchip implantado e foram devolvidos ao hábitat natural.

Na pesquisa, foram capturados 15 saguis e 9 macacos-prego, todos eles com hábitos domésticos ou que viviam próximos aos humanos. Dos 24 animais que passaram pelo exame, sete estavam com zika: quatro saguis e três macacos-prego. Foram encontrados animais infectados tanto na região costeira do Ceará quanto nas áreas de caatinga e de floresta.

"Estes não são macacos completamente silvestres, eles costumam ir às casas das pessoas para buscar comida e ali podem ser contaminados, voltando para o ambiente selvagem levando o vírus e, inclusive, infectando outros tipos de Aedes. Por enquanto, é o humano que está provocando a infecção do macaco, mas daqui a pouco pode ser o contrário", afirma o professor do ICB-USP.

Dengue x zika

O resultado encontrado pelos pesquisadores brasileiros pode apontar para um dos motivos de o zika ter se disseminado tão rápido pelas Américas. Em menos de dois anos, a doença já foi identificada em 35 países do continente, enquanto a dengue levou décadas para se espalhar na mesma amplitude.

A dengue, no entanto, é incapaz de infectar macacos e, portanto, não tem o chamado reservatório em animais silvestres.

"O que acontece com os vírus é que, para eles se multiplicarem em um organismo, precisam que as células de um indivíduo tenham um receptor. Eles só conseguem infectar as células que são permissivas a eles. Mesmo se um mosquito positivo para a dengue picar o macaco, não consegue infectá-lo porque não há esse receptor nas células. Já no caso da zika, descobrimos que sim", diz Durigon.

Embora a infecção por zika já tivesse sido detectada em macacos da África, os cientistas se surpreenderam porque os primatas do novo e velho mundo, como são classificados, têm estruturas genéticas e suscetibilidade a doenças diferentes. Não havia, portanto, a obrigatoriedade de um primata do continente americano ser suscetível à infecção por zika.

Com o achado, os pesquisadores pretendem retornar ao Ceará em meados de maio para fazer exames em mais macacos e tentar recapturar alguns dos animais já testados para que eles sejam estudados de forma mais aprofundada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em parceria com pesquisadores americanos do Texas, o Instituto Evandro Chagas, órgão vinculado ao Ministério da Saúde, pretende iniciar testes de uma possível vacina contra o zika ainda neste ano, em macacos, afirmou ontem Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, diretor da instituição.

"Em maio, vamos iniciar dois experimentos com macacos injetando o vírus nos animais para avaliar as reações. E até o final do ano, já esperamos ter uma candidata a vacina para iniciar os testes pré-clínicos (em animais)", explicou o pesquisador. O Instituto Butantã também faz estudos em busca de uma vacina contra a doença.

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A Escola Experimental de Primatas (EEP), da Universidade Federal do Pará (UFPA), realiza pesquisa que visa estudar o potencial cognitivo do macaco-prego para resolver problemas de dificuldade de aprendizagem em crianças. O projeto, que é desenvolvido pela escola desde 1995 e vinculado ao Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento (NTPC/UFPA), coordenado pelo professor Olavo Galvão, estuda também as formas de vida social em cativeiro para planejar um ambiente mais saudável para os primatas.

Em entrevista ao portal LeiaJá, o professor Olavo Galvão explicou que o  projeto tem como objetivo estudar o potencial pré-simbólico do macaco-prego. “Os macacos são colocados numa câmara experimental e recebem questões propostas na tela do computador como teste. Usamos o toque nos estímulos como indicador de escolhas e, dependendo do estímulo escolhido pelo macaco, ele recebe uma recompensa”, contou.

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Ainda segundo o professor, os macacos que foram submetidos a testes iniciais ainda vivem no cativeiro. “Para os macacos que foram testados inicialmente, ensinamos cada vez mais coisas complexas, aproveitando o que eles já aprenderam de testes anteriores”, informou.

De acordo com Olavo Galvão, transpor uma determinada descoberta que foi desenvolvida para ensinar pessoas e que agora ajuda a ensinar os macacos pode gerar métodos para ajudar muitas crianças com dificuldade de aprendizagem. “Ensinando os macacos que não têm comunicação, nós desenvolvemos tecnologias efetivas para ajudar crianças que têm dificuldades de comunicação a aprender. Nesse sentido, as pesquisas servem como um apoio de novas tecnologias para o ensino de pessoas com dificuldades de aprendizagem”, afirma.

O professor informou que, com base nos resultados dos experimentos com macacos, surgirão adaptações para crianças com dificuldades. “Se essas crianças não estiverem num ambiente muito apropriado na infância, elas acabam aprendendo de uma forma mais lenta que as demais. Então, para elas, essas tecnologias de ensino podem ser interessantes”, disse.

Para o professor, um dos avanços do projeto é a manutenção dos primatas em cativeiro. “Eles não podem ser devolvidos para a natureza. Os macacos-prego vivem em bando e esses daqui ou foram pegos muito pequenos e nunca viveram a vida selvagem, ou nós não sabemos de onde eles vêm. Então recolocá-los na natureza é uma coisa muito complicada e a chance deles sobreviverem é baixa”, contou.

De acordo com Olavo, o projeto leva o animal a apresentar uma discriminação usando a capacidade de demonstrar o que ele é capaz de relacionar, assim como uma criança, a estímulos. “Todo mundo fala que o macaco-prego é um bicho inteligente, mas na realidade você não consegue demonstrar as habilidades cognitivas desse animal. Mas aqui no laboratório nós conseguimos demonstrar como essa inteligência pode ser trabalhada para conhecimentos específicos”, informou.

O Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder na África do Sul, anunciou nesta terça-feira uma denúncia por uma mensagem no Facebook que compara os negros aos macacos, um caso que provocou um escândalo no país.

Penny Sparrow, uma agente imobiliária branca de Park Rynie, na província de KwaZulu-Natal (leste), se queixou no Facebook da atitude dos negros que deixam lixo na praia nas festas de fim de ano. "A partir de agora chamarei de macacos os sul-africanos negros porque os pequenos e adoráveis macacos selvagens fazem o mesmo que eles: pegam e jogam o lixo", escreveu.

O ANC, no poder desde o fim do regime racista do apartheid, em 1994, decidiu entrar com uma denúncia por ultraje contra "vários sul-africanos que publicaram mensagens racistas nas redes sociais". "É alarmante que pessoas intolerantes que até agora guardavam suas opiniões estejam ganhando coragem", disse o porta-voz do partido, Zizi Kodwa.

Diante da repercussão, Sparrow apagou sua mensagem e pediu desculpas, afirmando que "não queria insultar ninguém".

Por sua vez, o partido da oposição Aliança Democrática (DA), do qual Sparrow é membro, disse rejeitar o racismo e apresentou uma denúncia contra ela. Este caso e outros parecidos são a mostra de que as questões raciais continuam sendo muito sensíveis na África do Sul mais de 20 anos após o fim do apartheid.

Uma vacina experimental contra o HIV, o vírus responsável pela aids, mostrou resultados promissores em macacos, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (2) na revista Science.

Esta vacina "duplo viral", que primeiro prepara o sistema imunitário com um outro agente patogênico e em seguida, impulsiona uma proteína encontrada em torno do invólucro do HIV, pode ser a melhor estratégia para proteger contra a infecção por este vírus em seres humanos, como pesquisadores.

Primeiro eles injetaram nos macacos uma vacina contra um adenovírus - vírus ligados a muitas infecções humanas - para alertar o sistema imunológico. Numa segunda fase, foi injetada uma espécie de lembrete, desta vez com uma proteína purificada que forma o envelope do HIV, o que provocou uma forte reação das células imunitárias.

Um tal sistema, que visa multiplicar tanto a magnitude da resposta imune como alargar a proteção contra ataques virais subsequentes, foi utilizado com a vacina contra o Ebola.

No caso da vacina experimental contra a aids, os cientistas foram capazes de proteger totalmente metade de doze macacos contra a infecção do vírus de imunodeficiência símia (VIS), semelhante ao HIV que ataca os seres humanos.

"Nos sentimos encorajados pelos resultados deste estudo pré-clínico, que abre o caminho para a avaliação de uma vacina que poderia servir aos seres humanos", afirmou o virologista Dan Barouch, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard e um dos os principais autores da pesquisa.

Já está em curso um estudo clínico de fase 1 com voluntários saudáveis, para avaliar a segurança da vacina experimental.

Duas famílias de macacos em risco de extinção - sete micos-leões-dourados, propriedade do governo do Brasil, e dez saguis prateados - foram roubadas durante o fim de semana de um zoológico francês, informou o diretor da instituição.

"São macacos extremamente raros, extremamente frágeis que integram um programa internacional de conservação e não nos pertencem", declarou na segunda-feira à AFP o diretor do centro, Rodolphe Delord.

Os micos, originários do Brasil, pertencem ao governo brasileiro, indicou o diretor. Os ladrões conseguiram evitar os guardas de segurança e as câmeras e entraram no zoológico da localidade de Beauval, no centro da França, na noite de sábado.

"Sabiam exatamente o que queriam levar", disse Delord, afirmando que os ladrões eram espertos.

O zoológico alertou todas as unidades da gendarmaria francesa e os serviços veterinários sobre o roubo.

"É fundamental que encontremos estes animais muito rápido", disse Delord.

"São muito difíceis de alimentar e devem ser cuidados por especialistas", declarou.

Por sua vez, o comandante da gendarmaria local disse que "a princípio apenas uma dezena de cuidadores dos 500 funcionários do zoológico têm acesso ao lugar" onde os macacos estavam. "A vigilância nas fronteiras foi reforçada", advertiu.

Nos últimos anos ocorreram muitos roubos deste tipo em diversos zoológicos.

Nas Ilhas Canárias (Espanha), desapareceram em 2013 vários saguis e na Arábia Saudita sumiram um leopardo e um jaguar em fevereiro de 2015, segundo o boletim francês "A la trace", especialista em caça ilegal e contrabando de animais.

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