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O delegado responsável pela Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro, Giniton Lages, falou que um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro namorou a filha de Ronnie Lessa, que é um dos suspeitos de assassinar a vereadora Marielle Franco (PSOL).

A informação foi dada durante coletiva de imprensa sobre a prisão de Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz, que é o outro suspeito de participar do crime.

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Bolsonaro e Lessa moram no mesmo condomínio, na Barra da Tijuca. Entretanto, o delegado afirmou que, por enquanto, o relacionamento afetivo dos filhos não é objeto de investigação, mas que poderá ser mais pra frente.

O filho mais jovem de Bolsonaro se chama Jair Renan Bolsonaro e ele tem 20 anos. Porém, o nome dele não foi mencionado na pergunta e nem na resposta da coletiva. Lessa, pai da ex-namorada do filho de Bolsonaro, é conhecido por seu comportamento violento.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que "é possível" que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) tenha mandantes e que espera que as investigações tenham chegado, nesta terça-feira (12), aos reais executores do crime. Ele destacou que não conhecia a vereadora do Rio de Janeiro e completou: "Eu também estou interessado em saber quem mandou me matar". 

"É possível que tenha um mandante. Eu conheci a Marielle depois que ela foi assassinada. Eu não conhecia ela, apesar de ser vereadora com meu filho no Rio de Janeiro. E eu também estou interessado em saber quem mandou me matar", declarou. No ano passado, o presidente foi vítima de atentado durante a campanha eleitoral, de autoria de Adélio Bispo.

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Hoje, a Delegacia de Homicídios (DH) da Capital e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) prenderam o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa e o ex-PM Elcio Vieira de Queiroz, por envolvimento no assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes, que ocorreu há cerca de um ano.

Desde a divulgação das prisões, passou a circular na internet uma foto de Bolsonaro ao lado de Elcio de Vieira Queiroz, um dos suspeitos. Questionado sobre o assunto, Bolsonaro respondeu que tem fotos com "milhares de policiais civis e militares, com milhares, do Brasil todo".

Bolsonaro disse que não ficou surpreso com as descobertas desta terça porque "não existe crime impossível" de ser solucionado. "Eu acredito que não existe crime impossível de ser solucionado, coisa rara. Agora que poderia chegar a um bom termo, eu acredito que sim", disse.

Bolsonaro falou com a imprensa após encontro e pronunciamento ao lado do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que está no Brasil para sua primeira visita oficial.

O vereador Tarcísio Motta (PSOL), colega de bancada da vereadora Marielle Franco, disse nesta terça-feira, 12, que as prisões realizadas na manhã desta terça-feira são um passo importante na resolução do crime, mas que ainda falta esclarecer quem foi o mandante.

"Parece-me óbvio que um crime desta envergadura não foi cometido por razões pessoais desses PMs", afirmou o vereador. "É fundamental chegarmos aos mandantes desse crime político."

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Preso na manhã desta terça-feira, 12, acusado de dirigir o carro onde estavam os assassinos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz é filiado ao DEM no Rio de Janeiro. Com inscrição registrada em julho de 2011 e ainda ativa, Élcio Queiroz vota na zona eleitoral 214, no Meier, zona norte da cidade, próximo ao local onde mora e foi preso.

O presidente do partido no Estado é o vereador e ex-prefeito Cesar Maia, uma das figuras mais importantes da política fluminense nas últimas décadas. Ele é pai do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também do DEM-RJ. A reportagem entrou em contato com a legenda e aguarda o retorno.

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Já o preso acusado de disparar contra a vereadora, Ronnie Lessa, foi filiado ao MDB de 1999 até 2010. Sua filiação se deu menos de um ano depois de ter sido homenageado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) pelo falecido deputado estadual emedebista Pedro Fernandes Filho, quadro histórico do partido no Estado.

A homenagem, protocolada em 23 de novembro de 1998, foi justificada por Fernandes pelo modo como Lessa e outros 17 policiais do 9º Batalhão de Polícia Militar, em Irajá, haviam conduzido uma operação.

"Sem nenhum constrangimento posso afirmar que o referido militar é digno desta homenagem por honrar, permanentemente, com suas posturas, atitudes e desempenho profissional, a sua condição humana e de militar discreto mas eficaz. Constituindo-se, deste modo, em brilhante exemplo àqueles com quem convive e com àqueles que passam a conhecê-lo", diz a homenagem.

Entenda o caso

Ronie Lessa, policial militar reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar, foram denunciados por homicídio qualificado da vereadora e do motorista e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, uma das assessoras de Marielle que também estava no carro emboscado.

Lessa mora no mesmo condomínio em que o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa, na Barra da Tijuca, Zon oeste no Rio. Nas redes sociais, Queiroz é simpatizante do presidente Bolsonaro. Ele curte as páginas oficiais do PSL Carioca, de Flávio Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro.

A prisão é resultado de uma operação conjunta do Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse que os suspeitos presos nesta terça-feira, 12, no caso Marielle "poderão pensar na delação premiada" para que a investigação chegue aos mandantes do crime. Ele reuniu autoridades da Polícia Civil e os delegados responsáveis pelo inquérito para apresentar o resultado do que classificou como primeira fase da apuração. Uma segunda fase seria a responsável a chegar a outros envolvidos nos assassinatos.

Witzel comemorou a "resposta dada à sociedade". O delegado Giniton Lages, responsável pelo inquérito, detalhou que a investigação ouviu 230 testemunhas, interceptou 318 linhas telefônicas e chegou a um intricado rastro de vestígios deixados pelos suspeitos. "Foi uma execução sofisticada e que não teve erro por parte dos criminosos. Eles não desceram do carro em nenhum momento, não fizeram ligação, não deram oportunidade para que a investigação chegasse até eles", disse Lages.

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Ronie Lessa, policial militar reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar, foram denunciados por homicídio qualificado e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, uma das assessoras de Marielle que também estava no carro emboscada. A prisão é resultado de uma operação conjunta do Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Usuários do Twitter compartilham nas redes sociais uma foto postada por um perfil atribuído ao ex-PM Elcio de Vieira Queiroz, um dos presos nesta terça-feira (12), pela polícia por supostamente ter participado do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), abraçado ao presidente Jair Bolsonaro.

Queiroz, de 46 anos, teria postado a imagem em que aparece lado a lado com o Bolsonaro no último dia 4 de outubro, às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial. A  imagem, contudo, corta parte do rosto do presidente. Dias antes, em 25 de setembro, o mesmo perfil postou uma gravação de um show de Paulo Ricardo com a legenda "Homenagem de Paulo Ricardo (RPM) ao Capitão Bolsonaro!"

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Na foto que serve de mural ao perfil atribuído a Queiroz no Facebook está um texto que critica a atuação de "especialistas em segurança pública". "Devemos desmascarar a impropriedade desses comentaristas autodeclarados" especialistas em segurança pública", sempre à espreita de escândalos e crises, como urubus a procura de coisa pútrida", diz um trecho do comentário inscrito na foto.

A jornalista Fernanda Chaves, assessora da vereadora Marielle Franco, assassinada no dia 14 de março do ano passado, protestou contra a falta de solução para o caso em entrevista à TV Globo veiculada neste domingo (10).

"Não é possível que a gente vá continuar passando essa vergonha no mundo, que é o que está acontecendo agora, de não responsabilizar os criminosos por esse crime bárbaro", disse.

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Ela estava no carro com Marielle e com o motorista Anderson Gomes, que também morreu no ataque. Depois dos assassinatos, deixou o País e se refugiou na Espanha e Itália. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL), que ficou conhecido por quebrar ao meio uma placa em homenagem à vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), decidiu emendar a placa e colocar parte dela em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) como uma espécie de troféu. 

Na época do acontecimento, o aliado de Bolsonaro falou que a ação feita em conjunto com o então candidato a deputado federal Daniel Silveira (PSL) foi uma “represália” aos grupos de esquerda que colocaram a placa na Praça Floriano, nome oficial da Cinelândia, onde fica a Câmara dos Vereadores, de forma ilegal por cima da placa da praça.

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Ao jornal O Globo, o parlamentar confessou que teve a iniciativa polêmica. Segundo ele, o fragmento da falsa placa é o símbolo da restauração da ordem no Rio de Janeiro. “Há alguns dias me manifestei no plenário da Alerj quanto à desordem protagonizada por alguns deputados da esquerda que pretendem transformar os corredores do Legislativo em local de doutrinação ideológica. Minha manifestação é na privacidade do meu gabinete sem afrontar absolutamente ninguém”, contou.  

Amorim foi eleito deputado com o maior número de votos no Rio de Janeiro. Ele teve 140 mil votos. O PSL elegeu 13 deputados para a Assembleia Legislativa.

Onze meses depois do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) e do motorista Anderson Gomes, a Anistia Internacional (AI) aponta contradições na investigação do caso e enumera 20 perguntas que seguem sem resposta. Na manhã desta quarta-feira, 13, a organização apresentou um extenso levantamento das informações já divulgadas sobre o crime apontando possíveis incoerências.

"O que já foi revelado publicamente sobre o assassinato de Marielle levanta sérias preocupações em relação a possíveis negligências, interferências indevidas, ou ao não seguimento do devido processo legal durante as investigações", afirmou a diretora da Anistia Internacional, Jurema Werneck.

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"As autoridades devem responder às perguntas que agora são feitas sobre pontos críticos do caso. A Anistia Internacional continuará monitorando o caso até que todas as perguntas tenham sido respondidas e o caso solucionado."

O documento divulgado nesta quarta-feira, chamado de "Labirinto Marielle", foi elaborado a partir de informações divulgadas por autoridades públicas ou pela imprensa. Traz dados agrupados em torno de sete temas: disparos e munição, a arma do crime, os carros e aparelhos usados e as câmeras de segurança, procedimentos investigativos, responsabilidade e competência das investigações, acompanhamento externo e andamento das investigações.

"Embora as investigações estejam sob sigilo, o que já foi divulgado publicamente sobre o caso levanta questões sérias sobre possíveis ilegalidades dentro de instituições de segurança no país, já que munições e armas de propriedade do Estado teriam sido desviadas", aponta a diretora. "É de extrema preocupação que um lote de munição da Polícia Federal tenha sido desviado, usado em homicídios, e que depois de tanto tempo as autoridades não tenham dado uma explicação satisfatória para isso."

Entre outros pontos críticos destacados no documento estão a falta de respostas sobre o desligamento das câmeras de segurança do local do crime dias antes do assassinato, o desaparecimento de submetralhadoras do arsenal da Polícia Civil do Rio de Janeiro e negligências no armazenamento do carro.

As falas públicas das autoridades sobre o andamento das investigações e estimativas de conclusão do inquérito policial também foram destacadas no documento.

"Desde que o assassinato de Marielle Franco completou cinco meses ouvimos autoridades dizerem publicamente que as investigações estavam andando e que o caso estava perto de ser concluído", lembra Werneck. "Se até hoje não se sabe quem matou, quem mandou matar Marielle e nem a motivação do crime, em que as autoridades se basearam todos esses meses para afirmarem que as investigações estavam próximas do fim?"

Com o início de nova gestão no governo federal, outro tema de preocupação é a continuidade que será dada à investigação da Polícia Federal sobre as investigações da Polícia Civil do Rio.

"Em novembro do ano passado, o então Ministro da Segurança Pública anunciou que a Polícia Federal iria investigar as investigações do assassinato diante de denúncias de que haveria um grupo organizado, com participação de agentes do Estado, agindo para interferir negativamente no andamento das investigações. Essa suspeita é grave e precisamos que as novas autoridades federais deem uma resposta à altura e que a gente saiba a conclusão da investigação aberta pela Polícia Federal" afirma Jurema Werneck.

O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) homenageou dois dos 13 alvos da Operação Intocáveis, deflagrada na manhã desta terça, 22, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio contra a milícia de Rio das Pedras. São eles: o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega e o major PM Ronald Paulo Alves Pereira. Eles receberam, em 2003 e 2004, na Assembleia Legislativa do Rio, por indicação de Flávio, respectivamente, a Medalha Tiradentes e uma menção honrosa, com elogios à sua atuação como policiais.

Além disso, a mãe do ex-capitão Adriano, Raimunda Veras Magalhães, e a mulher do major Ronald, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, estavam lotadas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj até novembro do ano passado, com salários de R$ 6.450,00. Raimunda aparece no Relatório de Inteligência Financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por ter repassado R$ 4.600,00 para a conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio.

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Em nota oficial, Flávio Bolsonaro afirmou em nota que "continua sendo vítima de uma campanha difamatória com objetivo de atingir o governo de Jair Bolsonaro" e responsabilizou o ex-assessor Fabrício Queiroz pela contratação de uma das funcionárias. Raimunda foi assessora de Flávio em 2015.

"A funcionária que aparece no relatório do Coaf foi contratada por indicação do ex-assessor Fabrício Queiroz, que era quem supervisionava seu trabalho. Não posso ser responsabilizado por atos que desconheço, só agora revelados com informações desse órgão. Tenho sido enfático para que tudo seja apurado e os responsáveis sejam julgados na forma da lei. Quanto ao parentesco constatado da funcionária, que é mãe de um foragido, já condenado pela Justiça, reafirmo que é mais uma ilação irresponsável daqueles que pretendem me difamar. Sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens. Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos", disse em nota.

Caso anterior

Esta é a segunda vez meses que policiais denunciados pelo Ministério Público acusados de ligação com o agora senador eleito pelo PSL têm prisão decretada por suposto envolvimento com milícias. Em setembro do ano passado, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que outros dois PMs presos haviam trabalhado na campanha dele foram para a prisão, sob a mesma suspeita.

Na ação desta terça, os denunciados são apontados como integrantes de uma milícia que atua nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e adjacências, todas na zona oeste. Os agentes também estiveram em endereços dos denunciados e de algumas empresas relacionadas ao grupo criminoso.

Em dezembro passado, o general Richard Nunes, então secretário estadual de Segurança Pública do Rio, revelou à reportagem que milicianos ligados à grilagem de terras e que atuam na zona oeste da capital haviam ordenado a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL). No crime, ocorrido em março, morreu também o motorista Anderson Gomes.

Um dos alvos da Operação Intocáveis, que prendeu nesta terça-feira (22), suspeitos de participarem do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) no ano passado, o major da Polícia Militar do Rio de Janeiro Ronald Paulo Alves Pereira, foi homenageado pelo senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) em 2004, quando este era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Na época, Flávio fez uma Moção de Louvor e Congratulações que homenageasse o policial por "importantes serviços prestados ao Estado do Rio de Janeiro quando da operação policial realizada no Conjunto Esperança no dia 22 de janeiro de 2004", um confronto que teria resultado na morte de três pessoas.

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Um deles, segundo o pedido disponível no site da Alerj, é descrito como "o meliante Macumba, líder do trafico no Conjunto Esperança, Complexo da Maré". A operação também teria apreendido dois fuzis M16 A2, uma granada, dois celulares e um rádio - além de projéteis de variados tipos.

Segundo o jornal O Globo, pelo menos cinco pessoas já haviam sido presas até às 8h20 desta terça-feira, entre eles Pereira. A ação agora deflagrada mira em um grupo que atua em Rio das Pedras - considerado o mais perigoso do Rio -, mas os agentes estiveram também em outros endereços da zona oeste, como Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande e Vargem Pequena.

Investigação do Ministério Público (MP) do Rio revela que, nos últimos dez anos, o vereador Marcello Siciliano (PHS) participou de pelo menos 80 transações imobiliárias envolvendo a cessão de terras em Vargem Grande, Vargem Pequena e Guaratiba, zona oeste carioca, áreas sob domínio da milícia. Siciliano é investigado como envolvido na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Segundo documento sigiloso do MP obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, uma das teses levantadas, ainda sem conclusão, é a de que Marielle foi morta por ter atingido algum negócio de supostos sócios milicianos do vereador. Ele nega a acusação, que chegou anonimamente pelo Disque-Denúncia. Outro inquérito, também sigiloso, apura os homicídios.

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Em dezembro, ao Estadão, o então secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, disse que o caso Marielle está ligado a milícias envolvidos em grilagem na zona oeste. No dia seguinte, foram cumpridos mandados de apreensão em endereços ligados ao vereador.

O documento do MP reúne informações sobre Siciliano na tentativa de demonstrar seu elo com milicianos da zona oeste. Revela uma negociação entre Siciliano e um empresário de exploração de saibro, cujo irmão foi preso acusado de ser miliciano. O vereador admite que já trabalhou com saibro e confirma a sociedade nos negócios, mas nega envolvimento com milícias e afirma trabalhar de forma legal.

Investigação feita pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), anexada ao inquérito, revela ainda que, em apenas de julho a dezembro de 2016, houve movimentação atípica na conta bancária do vereador. O valor - R$ 2.141.704 - foi considerado incompatível com seus rendimentos. Também foram identificados saques em espécie de valores altos, um deles feito pelo próprio Siciliano, de R$ 100 mil.

Siciliano, diz o MP, figura como sócio em cinco empresas, três de incorporações imobiliárias. O MP destaca o fato de que duas delas têm sede em endereço residencial. Outra não tem registro de funcionários, aponta o órgão. "As evidências permitem possível conclusão sobre existência de empresas de fachada", diz o MP.

Siciliano afirmou que suas negociações de terra são feitas em cartório e que sua mãe é sua única sócia, em duas empresas, pelas quais gerencia negócios imobiliários. Disse que outras duas empresas citadas já fecharam e que a quinta nem estaria no seu nome. "Tudo meu tem escritura, está declarado no Imposto de Renda." Ele também afirmou que era amigo de Marielle na Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes completa, nesta sexta-feira (14), nove meses ainda com muitos questionamentos envolvendo o crime. A data tem rendido muitas homenagens à parlamentar e ao motorista, que foram mortos a tiros dentro de um carro no bairro do Estádio, na região central do Rio.

No entanto, o polêmico deputado federal eleito Alexandre Frota, que vem fazendo críticas de um modo geral sobre diversos assuntos, questionou o motivo da morte de outras pessoas não serem lembradas. “Vejam só onde estão os artistas, onde está Marcelo Freixo e toda aquela gente comovida que estavam aos prantos com a morte da vereadora fuzilada Marielle Franco. Aqui em São Paulo uma policial negra, mulher, lésbica, que defendia a sociedade foi assassinada e aí, vocês não vão falar nada? Ah, já sei, ela não é igual a Marielle. É, realmente ela não é”, disse por meio de vídeo. 

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“Brasil, não percam tempo com esses jumentos ignorantes, dependentes intelectuais que defendem a democracia do proletariado sem ter lido uma frase da história política da transformação do mundo escrita por selvagens que matam milhões de pessoas e hoje estão estampados em camisetas do socialistas tupiniquins de merda e achando o máximo receber 50 reais e pão com mortadela para invadir fazendas, queimar maquinários, destruir plantações, interditar rodovias, queimar pneus, queimar ônibus e ameaçar o povo brasileiro e até mesmo acampar em Curitiba para dizer todos os dias bom dia presidente Lula. Vão procurar o que fazer cambada de vagabundo”, detonou.

Empresário da área de construção civil, novato na política, pouco conhecido até dos próprios colegas da Câmara e eleito com forte votação na zona oeste, um tradicional reduto das milícias. Esse é Marcello de Moraes Siciliano, de 45 anos.

A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro cumprem na manhã desta sexta-feira, 14, mandado de busca e apreensão na casa de Siciliano (PHS), na Barra da Tijuca, na zona oeste. O vereador, que estaria envolvido em grilagem de terras, é suspeito de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco.

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No site da Câmara dos Vereadores, um vídeo apresenta o parlamentar. O vereador conta, sem disfarçar o orgulho, que teria sido indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2010 por suas ações sociais em Vargem Grande e Vargem Pequena, na zona oeste do Rio, onde mora há mais de 20 anos.

No vídeo, o vereador se apresenta como "pai de família, com cinco filhos e três netos". Diz que trilhou sua trajetória profissional sozinho, e começou a trabalhar com apenas 15 anos de idade. Aos 17, começou a comprar e vender carros.

Depois, conta, migrou para o ramo da construção civil, chegando a ser proprietário de uma empresa. "Comecei a minha vida do nada e me tornei um empresário bem-sucedido", diz no vídeo. "Faço política para ajudar as pessoas, não preciso disso para viver."

Buscas

As buscas na casa do vereador foram noticiadas pela TV Globo na manhã desta sexta. De acordo com reportagem da emissora, Siciliano não estava em casa no momento da chegada dos agentes. Na residência foram aprendidos um tablet, um computador, HD e documentos.

Investigações também apontam participação, em menor grau, do ex-PM Orlando Curicica, que está preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta sexta-feira, o general Richard Nunes, secretário da Segurança do Rio, afirma que Marielle foi morta porque milicianos acreditaram que ela poderia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras na zona oeste da capital fluminense. Segundo ele, o crime era planejado desde 2017.

Defensora dos direitos de moradores de favelas, negros, mulheres e da população LGBT, Marielle levou quatro tiros na cabeça dentro de seu carro na noite de 14 de março. Ela e seu motorista saíam de um evento no Estácio, região central do Rio, quando foram executados. Foi noticiado que as câmeras de segurança da prefeitura do ponto exato onde ocorreu o crime haviam sido desligadas, mas não ocorreram maiores esclarecimentos sobre essa questão.

A vereadora Marielle Franco (PSL) foi morta porque milicianos acreditaram que ela poderia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras na zona oeste do Rio de Janeiro. O crime estava sendo planejado desde 2017.

As revelações foram feitas ao jornal O Estado de S. Paulo pelo general Richard Nunes, secretário da Segurança Pública do Rio. Nunes, que assumiu a pasta em 27 de fevereiro, relatou problemas que encontrou e disse que vários generais que assumirão cargos na área em 2019 procuraram o comando da intervenção para levar o modelo de gestão a outros Estados.

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O senhor imaginava o tamanho do problema que encontraria?

Imaginava. Primeiro: porque sou do Rio e acompanhei a evolução do quadro da Segurança no Estado. Segundo: porque comandei a força de pacificação na Maré (ocupação militar de complexo de favelas, zona norte do Rio, de abril 2014 a junho de 2015), vendo de perto no nível tático, na ponta da linha, o que estava acontecendo no Estado; e, depois, como comandante da Eceme (Escola de Comando e Estado-Maior do Exército) era tema de estudo nosso.

De R$ 1,2 bilhão enviado pelo governo federal, o gabinete da intervenção empenhou 39,06% ou R$ 468 milhões. Qual foi a dificuldade para gastar o dinheiro?

É um aspecto fundamental do início da ação: compreender as restrições impostas pelo regime de recuperação fiscal; Isso não estava claro para ninguém. O regime de recuperação fiscal estabelecido em setembro de 2017 nos causou embaraço de toda ordem. Tanto que a verba federal alocada aqui teve de ser administrada por uma estrutura que não existia, que tivemos de criar. No âmbito da secretaria, colocamos em funcionamento o Fundo Estadual de Segurança Pública e Desenvolvimento Social. É uma dádiva. São 5% dos royalties do petróleo. Este ano, já superamos R$ 300 milhões e no próximo deve superar R$ 400 milhões.

Considera que esse foi o principal efeito da intervenção?

Esse foi o grande diferencial dessa intervenção, o legado que acredito que vai ser apropriado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública. O general Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira virá aqui se reunir comigo e com o general (o interventor Walter Souza) Braga Netto; o (futuro) secretário de Segurança de São Paulo, o general (João Camilo Pires de) Campos, o futuro secretário do Paraná, general (Luiz) Carbonell, estiveram aqui conversando. Está havendo interesse nas experiências da intervenção federal que possam ser úteis em outras partes do País. E o grande diferencial foi exatamente esse. Fizemos a intervenção com propósito muito mais de reestruturar os órgãos do que de tratarmos do dia-a-dia da criminalidade. Segurança Pública é muito absorvida pela temática da criminalidade, mas não é só isso. Nossa preocupação é que o legado da intervenção tenha prosseguimento. O maior risco que corremos aqui é a divisão da secretaria, como pretendido pelo novo governo (do governador eleito do Rio, Wilson Witzel). É como acabar com o Ministério da Defesa. Como acabar com essa estrutura e fazer integração? Já deixei patente isso em várias reuniões. Eu e o general Braga Netto, mas o tempo vai passando, e a gente fica cada vez mais preocupado. Não adianta ficar pedindo GLO (operações de Garantia da Lei da Ordem com emprego de tropa das Forças Armadas na segurança pública). Esse negócio de GLO virou uma panaceia.

Aliás, continua GLO depois do fim da intervenção?

Não. GLO morre com a intervenção, no dia 31 de dezembro.

General, o caso Marielle foi uma afronta à intervenção?

Não foi. O que entendo hoje é que os criminosos superestimaram o papel que a vereadora poderia desempenhar. Era um crime que já estava sendo planejado desde o fim de 2017, antes da intervenção. Isso aí temos; está claro na investigação. O que aconteceu foi o contrário. Os criminosos se deram conta da dimensão que tomou o crime por ter sido na intervenção. Não podemos entender como afronta porque assumi em 27 de fevereiro. E dei posse ao comandante da PM em 14 de março, dia do crime. Estávamos iniciando um trabalho. E hoje, com dados de que dispomos de 19 volumes de investigação, fica claro que se superestimou o papel que ela desempenhava.

Que papel?

Ela estava lidando em determinada área do Rio controladas por milicianos, onde interesses econômicos de toda ordem são colocados em jogo. No momento em que determinada liderança política, membro do Legislativo, começa a questionar relações que se estabelecem naquela comunidade, afeta os interesses daqueles grupos criminosos. É nesse ponto que a gente precisa chegar, provar essa tese, que está muito sólida. O que leva ao assassinato da vereadora e do motorista é essa percepção de que ela colocaria em risco naquelas áreas os interesses desses grupos criminosos.

Como ela colocaria em risco?

A milícia atua muito em cima da posse de terra e assim faz a exploração de todos os recursos. E há no Rio, na área oeste, na baixada de Jacarepaguá, problemas graves de loteamento, de ocupação de terras. Essas áreas são complicadas.

A atuação dela seria de fazer...

Uma conscientização daquelas pessoas sobre a posse da terra. Isso causou instabilidade e é por aí que nós estamos caminhando. Mais do que isso eu não posso dizer.

O senhor ou a intervenção receberam pressões por esse crime?

Zero. O que há é muita especulação. Houve um movimento para tentar federalizar esse investigação totalmente desprovido de fundamento. Houve essa sugestão sob a suspeita de que a Polícia Civil não estaria fazendo um trabalho isento. Isso não tem fundamento. Temos de ter muito cuidado em não dar voz a criminosos que se encontram presos e colocam em xeque o processo de investigação (trata-se do miliciano Orlando de Araújo, o Orlando de Curicica).

Hoje depois desse tempo todo pode-se dizer que as milícias são um perigo maior para o Rio do que as facções criminosas?

Elas se equivalem. O que há de perigoso nas milícia é o modo como explora determinadas atividades. É mais insidiosa. Porém, facções têm adotado práticas de milícia e vice-versa. Como secretário, não há como estabelecer grau de risco diferenciado. Quando a milícia passa a aceitar o tráfico e quando o traficante se dedica a modalidades de crimes semelhantes aos da milícia, para mim, isso indica que temos de combater esses movimentos criminosos com a mesma intensidade.

O senhor vai conseguir deixar a secretaria com o anúncio da prisão dos envolvidos nesse crime?

Não tenho ideia. Nossa luta é contra o tempo; é coletar muitos dados que precisamos checar, de característica técnica, em um quadro de deficiência estrutural que encontramos. Esse cruzamento de dados, para poder fechar em cima dos autores, é demorado e complicado; filtros têm de ser feitos com precisão para que não se cometa erro. O erro que não pode cometer não é deixar de anunciar até 31 de dezembro. É anunciar precipitadamente e essas pessoas virem a ser inocentadas por um inquérito mal concluído. Não sou um ator político, até porque continuo no Exército, vou seguir minha vida.

Alguns dos suspeitos estão mortos?

É provável que sim.

Queima de arquivo?

Queima de arquivo ainda é difícil de caracterizar porque são pessoas que vivem da prática de crimes e estão mais sujeitas a esse tipo de desfecho.

Uma das críticas à polícia do Rio é sua letalidade. De 2013 a 2017, o Exército e a Marinha em suas operações mataram 19 pessoas e um militar morreu. Só em agosto a polícia matou 175 pessoas no Rio. O que faz a ação das Forças Armadas ter um nível de confronto menor?

A capacidade dissuasória. Comparar o Rio com outros Estados é complicado. O Rio convive com três facções de tráfico que disputam espaço, além de grupos milicianos. Por causa disso, as facções se armaram mais fortemente. Nossa orientação é que operações em comunidade sejam feitas com absoluta superioridade de meios para dissuadir o enfrentamento. Não tem havido atuação indiscriminada da polícia. Este ano, vamos ter redução de mortes de policiais em confronto. O aumento de mortes em confronto com a polícia se tornou mais debatido porque outros indicadores de violência caíram, como roubos e homicídios, e esse não caiu na mesma proporção, pois tem havido uma atuação da polícia mais ostensiva. Eu não comparo com as Forças Armadas. Quando ocupei a Maré, tínhamos a superioridade absoluta de meios. Ai de quem nos enfrentasse. Não nos enfrentaram porque não eram loucos.

O senhor acha que a regra de engajamento deve mudar, como na questão do bandido com fuzil?

É lógico que um criminoso armado com fuzil é uma ameaça. Não importa se ele está no ombro ou na mão. Alguém que porte um fuzil, sem ser policial ou militar, é uma ameaça à sociedade e é lícito, no meu entendimento, que ele seja engajado pela polícia. Mas não é mudando as regras de engajamento que vamos resolver isso.

Vários secretários da segurança serão generais. A que se deve essa opção do mundo político?

A sociedade chegou a um ponto de amadurecimento de entender que a nossa maior crise era ética, muito mais do que econômica e social. E as Forças Armadas conseguiram atravessar esse processo mantendo um alto grau de credibilidade, preservadas pelos valores que encarna. O outro aspecto inegável foi a intervenção federal, que sinalizou para o País que há condições de se enfrentar problemas gravíssimos por meio de uma correta percepção da realidade e encaminhamento de soluções que não sejam midiáticas e pirotécnicas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal (PF) pediu acesso ao inquérito da Polícia Civil do Rio sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes. Desde o mês passado, a PF investiga suposta atuação de um grupo criminoso para atrapalhar as investigações sobre o crime, ocorrido em março, e se há omissão das autoridades do Estado. As informações são da TV Globo.

O inquérito da PF foi aberto a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ele é apoiado no depoimento de duas pessoas. O nome de uma delas é mantido em sigilo, e o outro é Orlando de Oliveira Araújo, conhecido como Orlando de Curicica. Ele é apontado como chefe de uma milícia em Curicica, bairro da zona oeste do Rio, e está preso na penitenciária federal de Mossoró (RN) desde junho.

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Uma das linhas de investigação da Polícia Civil aponta Orlando como um dos mandantes do assassinato de Marielle e de seu motorista, mas o miliciano nega qualquer participação. Ele procurou o Ministério Público Federal (MPF) e prestou depoimento em agosto alegando estar sofrendo pressão para assumir o crime.

No depoimento, Orlando de Curicica disse que foi procurado pelo titular da Divisão de Homicídios, Giniton Lages, em maio, quando estava preso em Bangu. O responsável pela investigação da morte de Marielle teria pressionado para que ele se apresentasse como um dos mandantes do crime. O miliciano foi além e também acusou a Divisão de Homicídios de receber dinheiro do jogo do bicho para não investigar crimes, em esquema que existiria desde que o atual chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, comandava a divisão.

O jornal O Estado de S. Paulo não conseguiu contato com os citados. À TV Globo, Rivaldo Barbosa disse que as declarações de Orlando são levianas e têm o objetivo de tumultuar a investigação. A Polícia Civil declarou em nota que "as ilações feitas por Orlando tentam desmoralizar e desacreditar instituições idôneas". A Secretaria de Segurança Pública do Rio informou que não vai se pronunciar.

A polêmica envolvendo um sanduíche batizado de “Maria da Penha” , criado por uma hamburgueria de São Paulo, revoltou muitas pessoas. No entanto, dois comentários em particular na página da lanchonete no Facebook também está dando o que falar por envolver um policial militar e o vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Salto (SP). 

O policial chamado Jonatas Guedes sugeriu que fosse criado o “X-Marielle”, em referência à vereadora assassinada Marielle Franco. O vice-presidente da OAB de Salto, Flávio Garcia, respondeu ao PM: “Muitas azeitonas?”. O termo é conhecido como uma gíria que significa “tiros”. Não se contentado, o PM fez a tréplica: “Não me recordo com quantas azeitonas vem”.

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A vereadora Marielle Franco foi morta, no dia 14 de março deste ano, dentro de um carro, no bairro do Estácio, no centro do Rio de Janeiro. O crime ocorreu poucos dias após Marielle denunciar, junto com o coletivo Papo Reto, a ação truculenta de policiais na Favela do Acari, Zona Norte do Rio, onde dois jovens foram mortos.

A Rede Globo de Televisão foi proibida pela Justiça de divulgar informações do inquérito que investiga os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março. A decisão foi do juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, a pedido da Divisão de Homicídios da Capital (RJ) e do Ministério Público do Estado. Em nota divulgada em telejornais da TV Globo e da Globonews, a empresa afirmou ter considerado a determinação "excessiva" e avisou que irá recorrer.

Segundo o site G1, da Rede Globo, o juiz considerou em sua sentença que "o vazamento do conteúdo dos autos é deveras prejudicial, pois expõe dados pessoais das testemunhas, assim como prejudica o bom andamento das investigações, obstaculizando e retardando a elucidação dos crimes hediondos em análise".

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Marielle Franco

Com a decisão, está proibida a divulgação de declarações feitas por testemunhas a policiais civis da Delegacia de Homicídios, mesmo sem a identificação dos depoentes. Também está vedada a divulgação de técnicas e procedimentos sigilosos usados na investigação e qualquer conteúdo retirado da investigação, o que inclui imagens, áudios e mensagens.

O posicionamento da Justiça saiu três dias após a emissora divulgar com exclusividade informações sigilosas retiradas de documentos da Polícia Civil. Foi noticiado, entre outros pontos do inquérito, que três pessoas estavam no carro de onde partiram os tiros que mataram Marielle e Anderson, há oito meses. Até então, era de conhecimento público a existência de apenas duas pessoas no veículo: o motorista e o atirador.

"A TV Globo, evidentemente, vai cumprir a decisão judicial. Mas, por considera-la excessiva, vai recorrer da decisão, porque ela fere gravemente a liberdade de imprensa e o direito de o público se informar, especialmente, quando se leva em conta que o crime investigado no inquérito é de alto interesse público, no Brasil e no exterior", afirmou a emissora, em nota lida por jornalistas.

No texto, a Globo declarou ainda que, ao noticiar informações sigilosas, pretende assegurar o "direito constitucional do público de se informar sobre eventuais falhas do inquérito que, em oito meses, não conseguiu avançar na elucidação dos bárbaros assassinatos da vereadora Marielle e do motorista Anderson".

O Grupo Estado procurou a Polícia Civil, por meio de sua assessoria de imprensa, para saber o que motivou o pedido à Justiça, mas não obteve resposta.

Três pessoas, e não duas como a polícia acreditava inicialmente, estavam no carro de onde partiram os tiros que mataram a vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, na noite do dia 14 de março, segundo a TV Globo, que teve acesso ao inquérito de investigação das execuções. O documento tem milhares de páginas, mas poucas conclusões.

No documento, a Polícia Civil do Rio registra a presença de uma pessoa ao lado do motorista do carros dos assassinos de Marielle. Num primeiro momento, acreditava-se que havia apenas mais uma pessoa no banco de trás. Mas uma câmera instalada no percurso por onde passou a vereadora minutos antes de ser assassinada captou uma imagem de frente do carro do atirador, que foi capaz de detectar a presença de alguém no banco do carona.

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Os vidros do veículo foram cobertos por uma película escura que dificulta a identificação dos ocupantes. Mas, com recursos tecnológicos, foi possível atestar a presença dessa terceira pessoa.

No inquérito, a Divisão de Homicídios ainda concluiu que o carro utilizado no crime, da marca Cobalt, foi preparado para o assassinato. Uma análise mais detalhada do veículo clonado demonstrou que suas maçanetas pretas são raras e que o formato da janela não coincide com o de outros carros do mesmo tipo.

A polícia constatou também que das nove munições utilizadas, oito eram brasileiras e uma era colombiana. O vereador carioca Marcelo Siciliano (PHS) e o ex-PM Orlando Curicica continuam sendo tratados como os principais suspeitos.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, divulgou nota, por meio da assessoria de comunicação da pasta, em que rebate entidades de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro que criticaram sua fala durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 1, em Brasília. Segundo a nota, "em nenhum momento" o ministro "identificou os agentes públicos que poderiam estar envolvidos com uma possível rede de proteção a criminosos".

Jungmann anunciou nesta quinta que a Polícia Federal vai investigar a existência de um grupo criminoso articulado para atrapalhar e impedir as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, em março. O ministro solicitou ainda a instauração de inquérito policial para apurar o envolvimento de agentes públicos, milicianos e contraventores que estariam atuando em conjunto.

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Nesta sexta-feira, o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (Sindelpol-RJ) e a Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro (Adepol-RJ), em nota conjunta, lamentaram "as declarações e nova tentativa" do ministro "de capitalizar dividendos políticos em cima da investigação dos homicídios da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes".

Na avaliação das entidades, Jungmann "se apressa em expor e por em cheque a credibilidade das investigações", atitude que, de acordo com elas, "tenta induzir um descrédito da sociedade na polícia investigativa, o que somente interessa aos marginais e representa uma total inversão de valores, dissociada do anseio da população, em nada auxiliando na promoção do almejado interesse público".

De acordo com a nota da assessoria de comunicação do ministério, Jungmann "limitou-se a informar os termos da determinação expressa recebida da Procuradoria-Geral da República para que a Polícia Federal, a ele subordinada, investigasse essa possibilidade a partir de denúncias graves obtidas pelo Ministério Público Federal".

A nota reforça ainda que "a medida não configura a federalização das investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes, que continuam a cargo das autoridades policiais estaduais".

Leia a nota das entidades:

"O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (Sindelpol RJ) e a Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro (Adepol-RJ) vêm a público lamentar com veemência as declarações e nova tentativa do ministro da Segurança Pública Raul Jungmann de capitalizar dividendos políticos em cima da investigação dos homicídios da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes. Não é a primeira vez que isso acontece, em abril deste ano, de forma açodada, atécnica e descompromissada, o ministro revelou algumas linhas de investigação, o que contraria os manuais mais básicos de policia judiciária.

Desta vez, com base em uma denúncia formulada por um miliciano homicida desacompanhada de qualquer outro elemento de prova que pudesse ratificar suas declarações e que ataca a própria Delegacia de Homicídios responsável por sua prisão, o ministro Raul Jungmann, dando maior credibilidade à palavra do referido criminoso em detrimento de agentes do Poder Público de notória história de combate à criminalidade, se apressa em expor e por em cheque a credibilidade das investigações, de uma instituição bicentenária como a PCERJ, da Divisão do Homicídios e de grandes profissionais que têm suas biografias dedicadas à sociedade e a proteção de direitos.

Essa atitude tenta induzir um descrédito da sociedade na Polícia investigativa, o que somente interessa aos marginais e representa uma total inversão de valores, dissociada do anseio da população, em nada auxiliando na promoção do almejado interesse público, ao contrário, apenas acaricia a vaidade do ministro, Raul Jungmann encarna um dos maiores males, em se tratando de gestão de segurança pública. Político profissional e sem qualquer habilitação na área, comanda um Ministério responsável por uma matéria estritamente técnica, entretanto, não hesita em optar sempre por espaço na mídia e ganhos políticos mesmo que em malefício da investigação e do trabalho dos profissionais de segurança.

Cabe consignar, ainda, a máxima confiança que depositamos na Divisão de Homicídios, que já provou em diversas oportunidades comprometimento e competência, considerando a alta taxa de elucidação de crimes contra a vida, muitos deles extremamente complexos, cometidos em área de risco e contando com reduzidos recursos materiais e humanos. Acreditamos, ainda, em dias melhores nos quais os ministros serão escolhidos por critérios técnicos, ao invés de políticos, daqueles que pretendem fazer politicagem com a segurança pública."

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