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Milhares de muçulmanos vestidos com túnicas se reuniram nesta quarta-feira (28) para o ritual de "apedrejamento de satanás" na Arábia Saudita, nos momentos finais da maior peregrinação (hajj) desde o início da pandemia de covid.

Durante o amanhecer, centenas de milhares de fiéis começaram a atirar pedras contra os três monólitos de concreto que representam satanás, o último grande ritual da peregrinação.

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Os peregrinos caminharam até Mina, perto de Meca, um dia após as orações no Monte Arafat, que aconteceram sob a impressionante temperatura de 48ºC.

"Não voltarei a fazer o hajj até que aconteça no inverno", disse Farah, uma tunisiana de 26 anos, sobre o evento que segue o calendário lunar e acontece no verão (hemisfério norte).

"Meu corpo está derretendo", acrescentou.

Mais de 1,8 milhão de peregrinos, em sua maioria do exterior, participaram no primeiro hajj sem restrições desde 2019, antes da pandemia, quando a Arábia Saudita recebeu 2,5 milhões de pessoas.

O número de participantes, anunciado na terça-feira pelas autoridades sauditas, ficou abaixo das expectativas de superar o balanço de 2019.

O hajj é uma fonte de prestígio e faturamento para a Arábia Saudita, que tenta diversificar sua economia - muito dependente do petróleo - com outras atividades, como o turismo.

O apedrejamento de satanás marca o início da festa de Eid al-Ada (celebração do sacrifício), quando os muçulmanos compram e matam animais para recordar a disposição de Abraão de matar o filho.

Mais tarde, os peregrinos retornam a Meca para a despedida, chamada "tawaf", e dão sete voltas ao redor da Kaaba, o enorme cubo preto da Grande Mesquita que é o ponto focal do Islã.

- Incidentes -

Alguns incidentes em Mina provocaram muitas vítimas há alguns anos. Um grande tumulto em 2015 deixou pelo menos 2.300 mortos na maior tragédia registrada na história do hajj. Um incidente similar matou 364 fiéis em 2006.

Também foram registrados incidentes similares em 2004, 1998 e 1994.

Em 1990, a falha em um sistema de ventilação provocou uma correria que matou 1.426 peregrinos, a maioria procedentes da Ásia.

Desde 2015 não são registrados grandes incidentes e o local passou por reformas, que incluem uma ponte de vários níveis para permitir o acesso seguro dos peregrinos aos monólitos de apedrejamento.

Nos últimos anos, o hajj coincidiu com o verão saudita, agravado pela mudança climática que tornou o clima no deserto ainda mais intenso.

Os 48ºC de terça-feira marcaram o dia mais quente do hajj este ano. Cientistas alertam que temperaturas de 50ºC podem ser frequentes na Arábia Saudita até o fim do século.

Para evitar os efeitos do calor, muitos peregrinos caminham com guarda-chuvas e outros colocam as mantas de oração sobre as cabeças para evitar o sol.

Mais de 32.000 profissionais de saúde foram mobilizados para atender pessoas com insolação e outras crises de saúde. Garrafas de água são distribuídas de modo gratuito.

Ao sair do Monte Arafat na terça-feira, o egípcio Sobhi Saeed, 56 anos, declarou que estava realizado, mas também esgotado, com o fim do hajj.

"Estou muito exausto. Estou muito desidratado", comentou.

O hajj começou no domingo na Grande Mesquita de Meca, o local mais sagrado do Islã, e na terça-feira aconteceram as orações no Monte Arafat, onde os fiéis acreditam que o profeta Maomé proferiu seu último sermão.

Os fiéis muçulmanos chegam à Arábia Saudita para a grande peregrinação de Meca, o hajj, que começa oficialmente no domingo com mais de dois milhões de participantes, número similar ao registrado antes da pandemia de Covid-19 e suas restrições sanitárias.

O hajj é um dos cinco pilares do islã que todo muçulmano com recursos suficientes deve cumprir ao menos uma vez na vida.

Mas desde o início da pandemia de 2020, as autoridades sauditas limitaram o número de visitantes, elevando progressivamente a cota de peregrinos até quase um milhão em 2022.

Berço do islã, a rica monarquia do Golfo, que abriga os locais mais sagrados desta religião, acabou neste ano com as restrições relativas à quantidade e idade dos peregrinos, mas continua com a exigência de vacinação.

"Mais de dois milhões de peregrinos virão de mais de 160 países para a maior congregação muçulmana da história", celebrou o ministro saudita do hajj, Tawfiq al Rabiah.

Em 2019, antes da pandemia, quase 2,5 milhões de muçulmanos participaram na peregrinação.

Nos últimos meses, o reino já recebeu sem restrições os fiéis que cumprem a omra, ou "pequena peregrinação" à Meca, que pode ser realizada ao longo do ano.

Para o hajj anual, as ruas da cidade sagrada já estão lotadas. Os homens, grande maioria do público, usam o ihram, que consiste em dois mantos de tecido branco que envolvem o corpo.

- Desafio logístico -

Depois do petróleo, o turismo representa uma fonte de recursos essencial para a Arábia Saudita. Antes da pandemia, o hajj e a omra proporcionavam quase 12 bilhões de dólares por ano ao país.

Cada vez mais preocupada em diversificar sua economia, a monarquia aspira mais e pretende receber 30 milhões de peregrinos até 2030.

Para Riad, a peregrinação também significa "uma importante fonte de prestígio no mundo muçulmano", afirma Umar Karim, especialista em Arábia Saudita da Universidade de Birmingham (Reino Unido).

O hajj, no entanto, também representa um desafio logístico "que vai da gestão da multidão até o controle sanitário, passando pela instalação de abrigos adequados para um fluxo tão grande", afirmou o pesquisador à AFP.

A história da peregrinação é marcada por várias tragédias, incluindo tumultos fatais. Mas desde 2015 não acontece um incidente de grandes proporções.

As temperaturas elevadas em uma das regiões mais quentes do mundo também representam um desafio cada vez mais importante: as autoridades instalaram vários centros de atendimento e convocaram 32.000 profissionais de saúde.

Ao longo dos anos, o governo também desenvolveu infraestruturas e mecanismos para aumentar a fluidez da passagem dos peregrinos.

- "Rota de Meca" -

Uma das iniciativas é a "Makkah Route" (Rota de Meca), adotada em 2019. Com a medida, ao desembarcar dos aviões os fiéis são transportados de ônibus diretamente da pista para os hotéis, onde recebem suas bagagens.

Isto permite aos visitantes "organizar todos os procedimentos relacionados à bagagem, saúde e vistos no país de origem", disse à AFP o tenente-general Suleiman al-Yahia, do ministério do Interior.

Ele explica que "quando o peregrino embarca no avião é como se entrasse em um voo doméstico".

No coração da Grande Mesquita de Meca, alguns peregrinos já começaram a circundar a Kaaba, uma estrutura cúbica preta na direção da qual rezam os muçulmanos de todo o mundo.

Na segunda-feira, os fiéis seguirão para Mina, a cinco quilômetros da Grande Mesquita, antes de subir o Monte Arafat no dia seguinte.

Pela janela do avião, tentei ver Doha de cima e ter uma primeira impressão da cidade que concentra quatro dos oito estádios da Copa do Mundo deste ano (os outros quatro ficam em municípios vizinhos). Imaginei que, conforme nos aproximássemos da aterrissagem, veria o azul claro do mar do Golfo Pérsico e prédios envidraçados modernos, mas não enxerguei nada. Uma espécie de nuvem de poeira e areia cobria totalmente a cidade, e logo o monitor que informava a velocidade e a altitude do avião se tornou mais interessante que tentar ver algo do lado de fora pela janela.

Se a vista rapidamente se tornou desinteressante do alto, o Catar foi, aos poucos, ficando cada vez mais atraente. Viajei pensando se tratar apenas de um país muito rico, graças às abundantes reservas de petróleo, mas que viola os direitos humanos, seja da população LGBT+, das mulheres ou dos trabalhadores imigrantes.

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Tinha também o preconceito de que era um país que tentava ser os Emirados Árabes Unidos, copiando as construções modernas de Dubai e tentando fazer com que o turista que vai do Ocidente para o Oriente (ou o contrário) permaneça ali por um pouco mais de tempo do que algumas horas de conexão no aeroporto, motivado por atrações artificiais. Voltei, entretanto, com vontade de ter passado mais tempo lá, tirado uns dias de folga e ido até o deserto. Se você pretende viajar para assistir a Copa do Mundo em novembro e dezembro, portanto, a primeira dica é ficar mais tempo para conhecer melhor o país.

O Catar despertou minha curiosidade pela sua cultura, tão diferente para uma ocidental, e por misturar 183 nacionalidades em um território um pouco maior que metade de Sergipe, o menor Estado do Brasil. São 2,7 milhões de habitantes. Cataris mesmo são 300 mil. Assim, apesar de o árabe ser o idioma oficial, o inglês é falado por quase todos nas ruas. Uma das vitrines dessa mistura de povos é o supermercado: em alguns, há bandeirinhas de diferentes países para indicar onde encontrar os alimentos típicos para cada nacionalidade.

Me contaram que, para os estrangeiros que vivem ali, é difícil fazer parte da vida social dos locais. Também disseram que seria improvável esbarrar em um deles. Conheci três mulheres cataris que foram muito amáveis. Duas delas, mais velhas, não pararam de conversar comigo e sugerir pratos típicos para eu provar.

Doha me chamou atenção por mesclar o antigo e o tradicional com o contemporâneo e o moderno. O centro da cidade, com o Souq Waqif - um grande labirinto onde se vende desde as roupas típicas até passarinhos e galinhas -, contrasta com a luxuosa ilha artificial The Pearl, com prédios modernos que você possivelmente já viu em fotografias. Em qualquer uma dessas regiões, porém, é certo que você vai ouvir, algumas vezes por dia, o bonito som das mesquitas convocando os fiéis para a reza, o chamado "azam".

O islamismo, como era de se esperar, está por toda a parte. Na gaveta do hotel, por exemplo, há uma edição guardada não só do Alcorão, mas também um tapete para o visitante se ajoelhar a fim de rezar. No teto, uma marcação indica o lado em que fica Meca, para onde o fiel deve se curvar. No café da manhã, a linguiça é de frango ou carne bovina, jamais de porco. E aonde você for, seja na estação de metrô, em um shopping ou em um estádio de futebol, você vai encontrar uma sala para orações.

Shoppings são um dos grandes atrativos do país, e passeios neles, atividades frequentes dos cataris, sobretudo quando a temperatura na rua se aproxima dos 50ºC. Por isso também que a Copa foi mudada de data: por causa do calor do meio do ano. Praticamente todas as marcas europeias e americanas (de luxo ou não) estão nesses centros de compras. As francesas Galeries Lafayettes (loja de departamentos) e Ladurée (que vende doces), por exemplo, estão lá.

Nos shoppings, você também verá um grande número de pessoas vestidas com trajes típicos de países árabes: mulheres com abaya (vestido preto longo) e niqab (espécie de lenço que só deixa os olhos de fora) e homens com kandura (veste branca e longa). Nos restaurantes, mulheres levantam o niqab para levar o talher à boca, causando estranhamento aos ocidentais.

O cumprimento entre homens, que encostam os narizes ou apertam as mãos com força, um olhando no olho do outro e as soltam de um jeito rápido e brusco, também chama a atenção. Homens andando de mãos dadas, aliás, é algo comum e um sinal de respeito e amizade entre eles.

As vestes tradicionais também são vistas nas praias. Apesar de os homens usarem bermudas, as mulheres vestem burkinis, shorts até o joelho e camisetas sem decotes, cobrindo pelo menos os ombros, ou a própria abaya. Para nós, ocidentais, a impressão é de total repressão às mulheres. Mas tentei sempre me lembrar que parte delas usa as vestes tradicionais por opção própria, como me falaram as cataris com quem conversei.

As praias, aliás, mesmo as públicas, cobram ingresso (ao redor de R$ 15 em Catara, por exemplo, um vilarejo de Doha). Nas privadas, que ficam em hotéis internacionais opulentos, a entrada se aproxima de R$ 500 por dia. Ali, porém, é possível usar biquíni e sunga e, o mais importante, se refrescar nas piscinas. Isso porque, ao menos no verão, a água do mar é tão quente que chega a ser bastante desagradável. Não é de se estranhar que as piscinas recebam um número muito maior de pessoas.

Em novembro e dezembro, quando o país será sede do Mundial, é provável que o mar esteja mais refrescante, refletindo as temperaturas do inverno catari. No verão, no entanto, os termômetros marcam um número que eu não acreditava ser possível ver. Quando a reportagem esteve em Doha, em julho, houve um dia em que a máxima prevista era de 50ºC - chegou a 48ºC. Já no fim do ano, durante o dia, a temperatura deve ficar ao redor dos 25ºC, podendo cair para 15ºC à noite.

Foram as altas temperaturas do verão - 42ºC podem ser registrados às 8h da manhã - que empurraram a Copa para o fim do ano (começa dia 20 de novembro). Apesar de quase todos os estádios terem sistema de refrigeração e poderem receber jogos mesmo no verão, a vida no Catar fica mais restrita nos meses quentes. As ruas se esvaziam de dia, quando todos estão em locais com ar condicionado. E sair do hotel depois das 10h significa ficar com a boca seca, sentir o calor do asfalto queimando o pé se a sandália tiver um solado mais fino e desistir de caminhar após percorrer duas quadras.

Em uma das noites mais quentes em que o Estadão esteve no país da Copa, até as ruas de um bairro repleto de restaurantes luxuosos estavam com baixo movimento. Um garçom disse que isso se devia ao calor extremo.

Além das altas temperaturas, nuvens de pó e areia, como a vista quando, no avião, ainda me aproximava de Doha, também marcam o verão no Catar. Assim, é sempre difícil enxergar prédios no horizonte, por exemplo. É como se as vistas fossem cobertas por um filtro sépia usado em fotografias, aquele que as fazem parecer mais envelhecidas.

Se, com todos esses poréns do verão catari, ainda assim gostei de conhecer Doha, o torcedor que viajar no fim do ano provavelmente terá uma experiência melhor nesse país tão diferente para os ocidentais, sobretudo se for alguém que se interessa por culturas distantes da nossa.

Com certeza, ficará impressionado com a infraestrutura do país, boa parte dela montada exclusivamente para o Mundial. Os estádios, com uma exceção, foram todos construídos para o evento. São luxuosos, confortáveis e bonitos. Os hotéis, os shoppings, o metrô e regiões como Msheireb, The Pearl, Catara e West Bay são suntuosos e refletem a riqueza do Catar, que, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), tem o quinto maior PIB per capita do mundo. O campeonato deve ainda ser único, com todos os estádios uns próximos dos outros.

"Será um grande evento para os fãs de futebol. As pessoas não terão de viajar para ver os jogos. E o país está diante de uma oportunidade de se construir como nação. Muita gente não sabe onde o Catar fica e essa é a oportunidade de eles trazerem o foco para eles", me disse um ex-dirigente da Fifa.

De fato, o país não quer perder essa chance. Em dez anos, foram investidos ao redor de US$ 200 bilhões em projetos de infraestrutura para o Catar realizar a Copa, segundo a consultoria Deloitte. O montante inclui aeroporto, metrô, bairros e cidades inteiras. Em 2014 no Brasil, foram R$ 25,5 bilhões aplicados em obras de mobilidade, estádios e aeroportos, de acordo com o Tribunal de Contas da União.

Os fiéis vacinados puderam rezar juntos neste domingo (17) na Grande Mesquita de Meca pela primeira vez desde o começo da pandemia de covid-19, depois que as autoridades sauditas levantaram as medidas de distanciamento social.

Essa mesquita de Meca (oeste), principal lugar sagrado do Islã, recebia milhões de muçulmanos antes da propagação da doença no final de 2019.

No entanto, a epidemia obrigou a imposição de restrições de acesso que foram sendo flexibilizadas paulatinamente durante os últimos meses, especialmente para os peregrinos vacinados.

A partir de agora, "a Grande Mesquita pode ser usada em sua capacidade máxima, com a obrigação de que os funcionários e visitantes usem máscara a todo momento", anunciou o ministério do Interior em um comunicado publicado pela agência de notícias oficial SPA.

A decisão se aplica a partir deste domingo para as pessoas completamente vacinadas contra o coronavírus, disse.

Os lugares públicos, como o transporte, os restaurantes e os cinemas, também poderão funcionar com a capacidade máxima em todo o país e não é mais obrigatório usar máscara ao ar livre, segundo o comunicado.

Em tempos normais, o hach e a umrah (pequena peregrinação) mobilizam cerca de 12 bilhões de dólares por ano na Arábia Saudita, que tenta diversificar sua economia, muito dependente do petróleo.

A Arábia Saudita registrou oficialmente quase 548.000 casos de infecção e 8.760 mortes.

Bushra Shah finalmente realizou seu "sonho de infância": fazer a grande peregrinação a Meca. E ela fez isso sozinha, beneficiando-se da recente decisão da Arábia Saudita de permitir que as mulheres cumprissem esse rito essencial do Islã sem uma escolta masculina.

Este ano, o ministério encarregado da peregrinação, o hajj, autorizou as mulheres, sem distinção de idade, a irem sem um "tutor", ou "guardião", ou seja, sem um membro masculino da família, podendo partir em grupo.

"É um sonho que se tornou realidade. Meu sonho de infância era fazer o hajj", disse Bushra Shah à AFP.

Para essa mãe de família paquistanesa, passar pela peregrinação com o marido e o filho teria sido uma distração que a teria impedido de "se concentrar totalmente nos rituais".

Vestindo roupas brancas que cobrem todo corpo, exceto o rosto, ela é uma dos 60.000 residentes da Arábia Saudita selecionados para participar do hajj. Pelo segundo ano consecutivo, a cerimônia acontece em um formato reduzido, devido à pandemia da covid-19.

"Muitas mulheres também virão comigo. Estou muito orgulhosa de que agora somos independentes e não precisamos de um tutor", celebra, antes de se despedir do marido.

Seu marido, Ali Murtado, conta que a "encorajou muito" a viajar sozinha, após a decisão do governo de proibir crianças de participarem do hajj este ano.

Antes, as autoridades exigiam a presença de um companheiro do sexo masculino para todas as mulheres com menos de 45 anos. Isso impedia milhares de muçulmanas no mundo de participarem de um dos cinco pilares do Islã, o qual todo fiel deve seguir, se tiver capacidade física e financeira.

"Hajj sem guardião é um milagre", disse à AFP Marwa Shaker, uma egípcia que mora em Riade.

Em Meca, com três amigas, esta mãe de três filhos, funcionária de uma organização internacional, tentou várias vezes cumprir o hajj antes da pandemia. Não conseguiu, porque seu marido não pôde acompanhá-la.

- Abertura com muitas nuances -

Apesar do novo regulamento, cuja data de entrada em vigor não estava muito clara, algumas agências de viagens relutam em aceitar mulheres que viajam desacompanhadas de uma figura masculina, apurou um jornalista da AFP.

Desde a ascensão do príncipe herdeiro e líder de facto do reino, Mohamed bin Salman, a Arábia Saudita empreendeu reformas sociais, especialmente no que diz respeito aos direitos das mulheres, na tentativa de melhorar a imagem internacional deste país ultraconservador.

Agora, as mulheres podem dirigir, ou viajar, sem um tutor masculino. Essa abertura é acompanhada, no entanto, de uma rejeição implacável às vozes críticas ao poder, com inúmeras ativistas dos direitos femininos detidas, ou na mira da Justiça.

Fiéis muçulmanos retornaram neste domingo (4) à Meca para a 'umrah', a peregrinação menor, em meio a rígidas medidas de precaução após sete meses de interrupção pela pandemia de Covid-19. Em pequenos grupos, cercados por profissionais de saúde que supervisionavam o uso de máscara e o distanciamento social, os fiéis começaram o "tawaf", que consiste em dar sete voltas ao redor da Kaaba, a construção cúbica no centro da Grande Mesquita de Meca.

Esta peregrinação pode acontecer durante todo o ano, ao contrário do hajj (a grande peregrinação), que acontece uma vez por ano e normalmente reúne milhões de fiéis de todo o planeta. "Em uma atmosfera de fé, o primeiro grupo de fiéis começou a peregrinação (menor) entre as medidas de precaução previstas", anunciou neste domingo o ministério do hajj e da umrah no Twitter.

Devido à pandemia, as autoridades sauditas decidiram retomar a peregrinação menor em três etapas, com medidas para evitar os contágios, como aconteceu no fim de julho durante o hajj.

Em uma primeira etapa, apenas 6.000 sauditas e residentes estrangeiros serão autorizados a cada dia, a partir deste domingo, a fazer a peregrinação. Os 6.000 fiéis serão divididos em 12 grupos para permitir o fluxo de movimento e garantir o respeito ao distanciamento físico durante as voltas ao redor da Kaaba, explicou o ministro do hajj, Mohamed Benten.

Em 18 de outubro, o número de fiéis (sauditas e residentes estrangeiros) autorizados a fazer a peregrinação aumentará a 15.000 por dia e outros 40.000 serão admitidos na Grande Mesquita para as orações diárias. Os fiéis procedentes do exterior serão autorizados a partir de 1 de novembro, quando o número de peregrinos admitidos aumentará a 20.000 por dia e o das pessoas autorizadas a fazer as orações a 60.000.

Os países de origem dos peregrinos estrangeiros serão selecionados pelo ministério da Saúde de acordo com a evolução da pandemia do novo coronavírus As autoridades decidiram autorizar o retorno da umrah para responder aos desejos dos muçulmanos do país e do exterior de visitar os locais sagrados, afirmou o ministério do Interior.

O retorno à normalidade só acontecerá quando as autoridades competentes decidirem que "qualquer risco (de contágio) está definitivamente descartado". Os fiéis não poderão tocar, como era comum, a Kabaa. A Grande Mesquita terá operações de limpeza todos os dias, antes e depois da passagem de cada grupo.

Durante o último hajj, que aconteceu entre o fim de julho e o início de agosto, pouco mais de 10.000 fiéis residentes na Arábia Saudita participaram na peregrinação, contra 2,5 milhões de pessoas de todo o mundo em 2019.

A drástica redução do número de peregrinos e as restrições sanitárias permitiram ao país afirmar que nenhum contágio por coronavírus foi registrado. O hajj não resultou em nenhum benefício econômico ao país, quando normalmente gera bilhões de dólares por ano.

A Arábia Saudita sediará, a partir de quarta-feira (29), o haje, a grande peregrinação de muçulmanos a Meca, mas com um número reduzido de peregrinos devido à pandemia de coronavírus, fato inédito em tempos contemporâneos.

Apenas 10.000 sauditas e outros residentes estrangeiros no reino wahhabi poderão realizar o haje este ano, um dos cinco pilares do Islã.

No ano passado, cerca de 2,5 milhões de muçulmanos completaram a grande peregrinação, muitos deles oriundos de outros países.

A imprensa estrangeira também não poderá cobrir esse evento, já que as autoridades sauditas restringiram o acesso à cidade sagrada aos muçulmanos.

O número de pessoas infectadas com Covid-19 no mundo superou, no domingo (26), 16 milhões, das quais 260.000 na Arábia Saudita.

Os peregrinos, protegidos por máscaras, começaram a chegar no final de semana em Meca, onde foram submetidos a verificações de temperatura e isolamento, segundo as autoridades.

Também receberam um kit que incluía pedras esterilizadas para o ritual de apedrejamento, álcool em gel, máscaras, um tapete de oração e um ihram, a túnica branca sem costura que os peregrinos devem usar, de acordo com um documento do ministério do Haje.

Os peregrinos também deverão ser testados para o coronavírus antes de chegar à cidade santa e ficarão em quarentena após a peregrinação.

O governo saudita garantiu que preparou vários centros de saúde, clínicas móveis e ambulâncias para garantir a saúde dos peregrinos, que deverão respeitar as distâncias de segurança.

- Seleção 'opaca' -

Nas últimas semanas, as autoridades receberam uma onda de perguntas e críticas no Twitter daqueles que tiveram negado o acesso a Meca este ano, depois de uma seleção considerada por alguns como "opaca".

A escolha dos peregrinos foi baseada em "razões de saúde", defendeu o ministro do Haje, Mohamad Benten, em declarações à rede saudita Al-Arabiya, na qual descreveu o processo como transparente.

Muçulmanos de 160 países diferentes participaram de um sorteio organizado pelo governo saudita.

"Esse sentimento é indescritível", comentou à AFP Nasser, um nigeriano residente em Riade, escolhido para fazer o haje.

Os peregrinos sauditas foram escolhidos entre um grupo de militares e profissionais da saúde que contraíram a Covid-19, mas que já se recuperaram, de acordo com as autoridades.

Os estrangeiros enviaram suas inscrições on-line e Riade prometeu representar 70% dos peregrinos, embora não tenha indicado o número de candidatos e pessoas selecionadas.

A pandemia pode ter um forte impacto econômico na Arábia Saudita, onde o turismo religioso gera cerca de 12 bilhões de dólares (10,6 bilhões de euros) a cada ano.

Após a queda do preço do petróleo e a paralisia da atividade econômica, Riade adotou medidas de austeridade, como cortes no orçamento, suspensão da assistência social e triplicação do IVA.

"A limitação do haje aos residentes (na Arábia Saudita) representa um custo substancial, mas que a economia pode suportar", acredita Sofia Meranto, analista do Eurasia Group.

Meranto lembra que Riade espera recuperar uma parte da renda perdida por meio da umra, a pequena peregrinação que teve que ser suspensa em março, mas que pode ser realizada em qualquer época do ano.

Meca sofreu um boom imobiliário nos últimos anos com a construção de shopping centers, casas e hotéis de luxo.

Mas a maioria desses lugares ficou deserta com a pandemia, que afetou inúmeras empresas do setor de turismo saudita, das quais centenas de milhares de trabalhadores dependem.

Entre restaurantes de fast food e barracas que oferecem lembranças feitas na China dia e noite, Meca parece um grande bazar durante o hajj, a grande peregrinação anual dos muçulmanos.

"Os negócios vão muito bem, louvado seja Deus", diz Fayzal Addais, que administra uma barraca em uma avenida comercial a alguns metros da Kaaba, o santuário mais sagrado do islã, na Grande Mesquita.

"Os clientes são estrangeiros e falam todos os idiomas", acrescenta este comerciante iemenita de 41 anos, que vende lembranças religiosas.

Nesta avenida movimentada, fileiras de barracas e vitrines se sobrepõem, sobressaem na calçada e disputam com cartazes variados para atrair os clientes.

O comerciante Ali "multiplica por cinco" seu volume de negócios durante o hajj, que entre 9 e 14 de agosto atrairá cerca de 2,5 milhões de fiéis peregrinos que vêm do mundo inteiro.

Esta peregrinação é um dos cinco pilares do islã, e todo muçulmano deve realizá-a ao menos uma vez na vida, se tiver condições para isso.

"Culto do dinheiro"

"Em qualquer lugar da cidade há, muito perto, alguém para vender algo", resume o intelectual britânico de origem paquistanesa Ziauddin Sardar, em sua obra "História de Meca", publicada em 2014.

O comércio em Meca é "onipresente e onipotente" e os peregrinos se veem "incitados sem cessar a gastar seu dinheiro", ressalta o autor, que aponta um "culto do dinheiro e do consumismo".

Há itens que os peregrinos compram em grande quantidade: tapetes de oração, incenso, exemplares do Corão, terços de madeira ou de pérolas de plástico brilhantes, lenços, água de Zamzam (um poço) que supostamente tem virtudes milagrosas, relógios que emitem cantos de chamada à oração, estatuetas da Kaaba fabricadas na China, etc.

Mas também se encontra ouro saudita (muito cobiçado), relógios, roupas 'prêt-à-porter' ou produtos tecnológicos.

Mesmo que às vezes a comunicação entre os vendedores e os peregrinos seja difícil, devido à diversidade de idiomas, a barganha continua sendo possível: uma calculadora permite a compreensão entre as duas partes.

Perto da esplanada da Grande Mesquita, shopping centers climatizados recebem incessantemente milhares de fiéis. As lojas, incluindo as de luxo, sempre estão cheias ou quase - suas persianas estão fechadas apenas durante a oração.

A isto se somam os inúmeros restaurantes baratos e de fast food nas ruas estreitas e nas ruidosas artérias desta cidade do oeste saudita.

"A mesquita e o comércio"

Esta tendência ao consumo desenfreado não é nova: "Ao longo dos séculos, os peregrinos dividiam seu tempo entre a mesquita e o comércio", resume Abdellah Hamudi, antropólogo na universidade de Princeton nos Estados Unidos, em seu livro "Uma temporada em Meca".

"As dimensões mercantil e religiosa sempre estiveram relacionadas em Meca, [...] já estavam presentes na peregrinação pré-islâmica", afirma Luc Chantre, professor na universidade francesa de Rennes 2, autor de várias obras sobre o hajj na época contemporânea.

"O que é novo são essas imensas galerias comerciais de vários andares que substituíram os velhos souks (mercados) em volta da Grande Mesquita", explica à AFP.

Nos grandes lugares de peregrinação, como em San Giovanni Rotondo na Itália, em Lourdes na França ou em Nuestra Señora de Guadalupe no México, comércio e fé costumam caminhar juntos.

Mas "é um comércio ligado exclusivamente às lembranças e às oferendas", afirma o professor francês.

A porta de entrada de Meca, a cidade de Jidá, a menos de 90 km de distância, é o reduto histórico das famílias comerciantes, em parte devido a seu imenso porto.

Além do hajj, os muçulmanos podem realizar a peregrinação ao longo de todo o ano.

Este turismo religioso contribui com bilhões de euros ao ano. O reino rico em petróleo, que busca diversificar sua economia, aposta nele.

A linha de trem de alta velocidade que une em duas horas as cidades de Meca e Medina, duas cidades santas do Islã, na região oeste da Arábia Saudita, foi inaugurada nesta quinta-feira (11).

Dois trens com 417 passageiros a bordo cada um partiram respectivamente das duas cidades no início da manhã, segundo a agência oficial SPA.

Esta linha de alta velocidade, construída e operada por um consórcio espanhol, transportará peregrinos muçulmanos e outros viajantes ao longo dos 450 km que separam as duas cidades.

O rei Salman inaugurou em 25 de setembro este trem batizado como Haramain e considerado pelas autoridades como o maior projeto de transporte no Oriente Médio.

Trinta e cinco trens capazes de rodar a uma velocidade de 300 km/h transportarão centenas de passageiros em duas horas, quando o trajeto antes levava cinco horas.

No final de 2011, o consórcio Al Shula, composto por 12 empresas espanholas e dois sauditas, recebeu o contrato inicialmente avaliado em cerca de 6,7 bilhões de euros, mas que sofreu alguns atrasos e teve o montante reajustado.

Cabines minúsculas com ar condicionado, colchão e lençóis, que lembram os "hotéis cápsula" japoneses, permitirão que os fiéis façam a sesta e fiquem como novos durante a peregrinação a Meca.

Dois milhões de muçulmanos realizarão a partir de domingo a grande peregrinação anual à Meca. Os rituais se prolongarão até sexta-feira em meio a temperaturas de mais de 40ºC.

Para facilitar a peregrinação dos que não podem pagar por um quarto de hotel, uma associação de caridade decidiu, em colaboração com as autoridades sauditas, instalar este ano cerca de 20 "cápsulas de sesta" na cidade de Mina (oeste), limítrofe com Meca.

Esses peculiares "quartos" serão gratuitos e representam uma "solução econômica" para os peregrinos, assegura à AFP Mansur al-Amer, diretor da Haji and Mutamer Gift Charitable Association.

As cabines de 2,64 m2 e 1,2 metro de altura, foram fabricadas em fibra de vidro para proteger do sol e podem ser colocadas umas sobre as outras para economizar espaço.

O usuário pode regular a temperatura do interior, onde dispõe de um espelho e uma tomada para carregar o celular.

Os peregrinos poderão descansar nelas durante três horas e os serviços de limpeza aproveitarão o horário de oração (cinco vezes ao dia) para trocar os lençóis e esterilizar as cabines, explica Amer.

- Economia colaborativa -

"Esta ideia já está estendida em vários países, como o Japão. Achamos que se adapta perfeitamente aos lugares muito concorridos como a Meca", comenta Amer.

"As cápsulas fazem parte da economia colaborativa, como as bicicletas alugadas por uma hora", argumenta.

Doze cabines como essas foram testadas com sucesso perto de Meca durante o Ramadã, o mês do jejum dos muçulmanos, com 60 pessoas por dia, afirma Amer.

Como todos os fiéis devem realizar o haje ao menos uma vez na vida se dispuserem de meios econômicos para fazê-lo, a chegada de centenas de milhares de pessoas supõe um desafio logístico considerável.

Este ano, as autoridades sauditas lançaram uma iniciativa chamada "smart hajj" (haje inteligente) com aplicativos para ajudar os peregrinos a se orientar, ou obter atendimento médico urgente do Crescente Vermelho saudita.

O aplicativo também permite localizar os peregrinos se estes se perderem.

O Ministério da Peregrinação administra também o aplicativo "Manasikana" com traduções ao árabe.

A peregrinação de 2018 ocorre em um contexto de modernização na Arábia Saudita, um dos países mais conservadores do mundo. Desde junho as mulheres podem dirigir, uma mudança promovida pelo príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, considerado reformista.

Mas, ao mesmo tempo, o reino sunita usa mão de ferro para calar as vozes dissidentes. Prova disso foi a detenção nas últimas semanas de uma dezena de ativistas defensores dos direitos humanos, alguns dos quais foram libertados.

Mais de dois milhões de muçulmanos do mundo inteiro começaram, nesta quarta-feira (30), a peregrinação a Meca, um rito com várias etapas no lugar mais sagrado do Islã.

As autoridades sauditas mobilizaram um reforçado dispositivo de segurança, incluindo mais de 100.000 homens, dois anos depois que uma gigantesca confusão deixou cerca de 2.300 mortos - muitos pisoteados - durante o "hajj", um dos cinco pilares do Islã.

Além disso, o "hajj" acontece sob a ameaça do grupo extremista Estado Islâmico, cercado no Iraque e na Síria, mas que continua espalhando o terror, em especial no Oriente Médio e na Europa.

Ao amanhecer desta quarta, já se podia sentir o fervor religioso na Esplanada da Grande Mesquita, com os peregrinos prontos para chegar a Mina, cinco quilômetros ao leste de Meca.

Enquanto alguns esperam no ônibus, outros cumprem o "tawaf", o ritual de dar sete voltas em torno da Kaaba, uma construção cúbica envolta em um pesado manto preto com versículos do Alcorão bordados em ouro. Muçulmanos de todo mundo oram em sua direção.

Nur, uma saudita de 30 anos, acelera o passo. "Ainda tenho de terminar o tawaf" antes de ir para Mina, explica ela, sem se deter.

Já Risvana parece mais tranquila. Sentada em uma cadeira dobrável no meio da esplanada, ela segura seu bebê de seis meses, com quem espera fazer a peregrinação.

"Tenho tudo preparado para ele", afirmou, mostrando a garrafa de água na bolsa.

"A cada vez, surgem novas emoções", conta Tidjani Traore, um funcionário de Benin de 53 anos, que se prepara para sua 22ª peregrinação.

"Há inovações na organização e na recepção aos peregrinos. Agora, por exemplo, as instalações têm ar-condicionado", relata.

- Segurança: prioridade -

Enquanto isso, equipes de funcionários, asiáticos em sua maioria, limpam a esplanada com jatos d'água várias vezes ao dia.

Este ano, os peregrinos iranianos participarão do "hajj". Em 2016, eles não puderam comparecer, devido à ruptura de relações entre a república islâmica e o reino saudita.

Na confusão de 2015, 464 iranianos morreram. Alguns meses depois, Riad e Teerã romperam relações depois que uma liderança xiita foi executada na Arábia Saudita e do ataque às missões diplomáticas sauditas no Irã.

"Garantir a segurança dos peregrinos é nossa prioridade", insistiu nesta terça o porta-voz do Ministério do Interior, general Mansur Al Turki.

Este ano, a peregrinação acontece em um momento de crise entre a Arábia Saudita e seus aliados e o Catar. O reino acusa Doha de apoiar o "terrorismo" e de ser muito próximo ao Irã.

Desde 5 de junho passado, o Catar vive isolado e sob um duro embargo. O bloqueio complica a peregrinação dos catarianos, mas, na semana passada, os sauditas anunciaram que a fronteira ficaria aberta para os fiéis que quisessem ir a Meca. Além disso, aviões sauditas seriam enviados para Doha para transportá-los.

- De cadeira de rodas -

A alguns passos da Kaaba, Fatiya Taha, de 67 anos, não esconde sua alegria.

"Esperava fazer essa peregrinação há quatro anos", disse Taha, a mais velha de um grupo de egípcias, em sua cadeira de rodas.

O ápice do "hajj" será na quinta-feira, com a subida ao monte Arafat para um dia de orações e invocações.

Antes do início dos rituais, o odor do almíscar inunda os acessos. De vivas cores, kanduras, farashas e caftãs — vestes tradicionais dos países de origem dos peregrinos — estão por toda parte.

O peregrino é uma importante fonte de receita para o reino saudita.

O programa de reformas econômicas "Visão 2030", elaborado em um contexto de queda de preços do petróleo, inclui o impulso do turismo religioso. Segundo números oficiais, o número de peregrinos chegados do exterior será maior do que em 2016.

Mais de 1,8 milhão de peregrinos muçulmanos celebravam nesta segunda-feira (12) o Eid al-Adha, a Festa do Sacrifício, e o ritual do apedrejamento de Satanás em Mina, abalada no ano passado pela pior tragédia de sua história.

O apedrejamento, no qual os peregrinos lançam simbolicamente pedras contra estelas, é um momento de alto risco do Hajj. No dia 24 de setembro de 2015, o ritual terminou em pesadelo: 2.300 peregrinos, 464 deles iranianos, morreram em um grande tumulto.

Na manhã desta segunda-feira a celebração teve início sob uma vigilância rígida: câmeras de segurança filmavam todos os movimentos, centenas de policiais estavam mobilizados em cada um dos quatro andares, unidos por escadas rolantes, de onde os peregrinos podem lançar suas pedras.

Nos arredores, dezenas de policiais organizavam o fluxo de peregrinos. Sobre um promontório de metal branco, três policiais transmitiam por rádio as instruções aos seus colegas. Ao pé de cada uma das três estelas, os pequenos muros de pedra que mantêm os peregrinos à distância, havia uma grossa camada de espuma destinada a evitar os impactos em caso de tumulto.

- Melhora um ano após tragédia -

Brahim Ayed, peregrino saudita de 40 anos, costumava realizar a peregrinação todos os anos. Mas em 2006 parou de fazê-lo. Neste ano voltou pela primeira vez e disse estar impressionado.

"Tudo é tão diferente: para o apedrejamento, antes era preciso se preparar na véspera para conseguir chegar à estela, hoje tudo foi muito rápido, há uma clara melhora", afirmou à AFP a partir de um dos caminhos superiores que permitem que os peregrinos cheguem aos acampamentos de Mina depois de fazer os lançamentos.

Para Faruq Hamlaui, a "catástrofe do ano passado" explica em grande parte estas melhorias. "As pessoas aprenderam e compreenderam que apenas a organização e o respeito dos itinerários impostos para controlar a multidão permitem evitar dramas", declarou este argelino que guia os grupos de compatriotas todos os anos.

Riad ainda não anunciou os resultados de sua investigação sobre a tragédia de 2015, a mais mortífera da história do Hajj, mas afirma que neste ano tomou as medidas necessárias, em particular equipando peregrinos com uma pulseira eletrônica que guarda seus dados pessoais.

No total, 1.862.909 peregrinos participam neste ano da peregrinação, dos quais 1.325.372 chegaram do exterior, segundo as autoridades.

Quase 1,5 milhão de fiéis de todo o mundo iniciam neste sábado a peregrinação a Meca, ponto máximo do calendário muçulmano, que no ano passado foi marcado por uma tragédia que deixou mais de 2.000 mortos e provocou uma crise entre Arábia Saudita e Irã.

A grande peregrinação a Meca, conhecida como hajj, é um dos cinco pilares do islã que todo fiel deve cumprir ao menos uma vez na vida, caso tenha os recursos necessários.

"Consegui reunir o dinheiro necessário para viagem. É magnífico estar aqui", comemorou Mohamed Hasan, peregrino egípcio de 28 anos.

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Neste sábado, os peregrinos seguem para o Vale de Mina, alguns quilômetros ao leste de Meca, antes de iniciar a escalada do Monte Arafat, as primeiras etapas dos cinco dias de rituais.

Administrar o fluxo contínuo de peregrinos, organizar a recepção e transporte, assim como garantir a segurança de todos é uma enorme operação logística que representa um desafio para a Arábia Saudita, que será acompanhado de perto.

Riad recebeu muitas críticas após o tumulto - o mais mortal da história do hajj - de 24 de setembro de 2015, que aconteceu durante o ritual de apedrejamento de Satanás, que este ano acontecerá na segunda-feira.

Ao menos 2.297 fiéis morreram na tragédia, de acordo com os balanços divulgados por vários países.

A Arábia Saudita anunciou um balanço de 769 vítimas fatais. Os resultados de uma investigação das autoridades do país ainda não foram divulgados, um ano depois da tragédia.

Este ano, os sauditas começaram a distribuir entre os fiéis braceletes eletrônicos com dados de identificação, para o caso de um novo tumulto, perda de consciência ou qualquer outro incidente.

A identificação das vítimas em 2015 foi muito complicada e os governos estrangeiros criticaram a confusão provocada pelo regime saudita.

Apesar da nova medida, Riad não informou o percentual de pessoas que receberam os braceletes.

Abdelatti Abu Zayan, peregrino líbio de 44 anos, afirmou que está confiante na organização saudita, depois de ter comparecido à oração de sexta-feira na Grande Mesquita de Meca.

"Foi um sentimento incrível, milhões de pessoas vieram rezar na mesquita e, graças a Deus, tudo transcorreu bem", declarou à AFP.

- Um hajj sem iranianos -

Este ano, nenhum peregrino do Irã viajará até Meca, algo que não acontecia há três décadas. Dos 60.000 iranianos que participaram no hajj em 2015, mais de 460 morreram no tumulto, o que provocou a revolta de Teerã, que mantém uma relação tensa com a Arábia Saudita, sua grande rival sunita da região.

Na sexta-feira, milhares de pessoas protestaram em Teerã contra a Arábia Saudita por sua exclusão do hajj. Eles gritaram que "não perdoarão", depois que os dois países fracassaram nas negociações a respeito da participação dos iranianos na peregrinação.

A situação provocou uma dura troca de acusações. O guia supremo iraniano, Ali Khamenei, classificou os dirigentes sauditas de família "maldita e maléfica". O grande mufti saudita respondeu que os iranianos "não são muçulmanos".

As relações entre Teerã e Riad já eram complicadas antes da tragédia do ano passado: as potências regionais mantêm uma batalha à distância por influência, com apoio a grupos rivais nos conflitos do Iêmen e da Síria.

Vários peregrinos, no entanto, não parecem preocupados com a crise.

Ashraf Zalat, egípcio de 43 anos, prefere destacar que "há pessoas de todos os países do mundo, que falam todos os idiomas do mundo e que se reúnem aqui em um único lugar sob apenas uma bandeira, a da professar a fé muçulmana: há apenas um Deus e Maomé é seu profeta".

Centenas de milhares de fiéis rezaram na Grande Mesquita em Meca, nesta sexta-feira, um dia antes da peregrinação do hajj, ao passo em que as autoridades sauditas completam as preparações de segurança, na sequência da debandada que resultou na morte de centenas de peregrinos que foram pisoteados no ano passado.

Espera-se que a peregrinação deste ano atraia mais de um milhão de participantes. O evento acontece em meio a tensões entre a Arábia Saudita e seu rival na região - o Irã -, que questionou a habilidade do reino em administrar o hajj.

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O governo saudita disse que 769 pessoas morreram pisoteadas em setembro do ano passado, enquanto as multidões encenavam o ritual de apedrejamento do diabo em Mina, um sítio nas proximidades de Meca. A Associated Press, no entanto, examinou os relatórios da imprensa estatal e comentários de autoridades de países que participaram do hajj e diz que o número de mortos foi pelo menos 2.426.

Peregrinos de todo o mundo já começaram a viagem para a Arábia Saudita no mês passado, nas vésperas do hajj, um evento religioso de cinco dias, que são as datas mais importantes do calendário islâmico. A prática é um dos cinco pilares do Islã, e todos os muçulmanos capacitados são convidados a participar pelo menos uma vez na vida.

Encarando criticas cada vez mais numerosas após o ocorrido no ano passado e alarmada por uma onda de ataques de militantes, a Arábia Saudita introduziu novas medidas de segurança para o hajj deste ano, incluindo pulseiras eletrônicas para os peregrinos e mais câmeras de segurança para o controle das multidões.

Autoridades sauditas pedira, a líderes de delegações do hajj para que respeitem o movimento e os planos de transporte estabelecido pelos oficiais para evitar tumulto. "Não hesitaremos em nos sacrificarmos para proteger os peregrinos e frustrar os planos daqueles que procuram prejudicar sua segurança", disse um porta-voz do Ministério do Interior, nesta sexta-feira. Fonte: Dow Jones Newswires.

Quase 2 milhões de fiéis afluíam nesta sexta-feira (9) em direção a Meca para a peregrinação anual muçulmana - o hajj -, um ano depois de um pisoteamento com vítimas que contribuiu para aumentar a tensão entre a Arábia Saudita e o Irã.

As autoridades sauditas reforçaram as medidas de segurança e a mobilização policial para impedir a repetição da tragédia de 2015, que deixou 2.300 mortos, sendo mais de 450 iranianos.

Este ano não está prevista a presença de nenhum peregrino desse país. Na Grande Mesquita e na esplanada, milhares de fiéis do mundo inteiro rezam ou caminham permanentemente.

Durante a hora de cada uma das cinco orações diárias, militares com boina vermelha e uniforme de camuflagem colocam barreiras de plástico verde para orientar a multidão. Se um peregrino tentar mudar de percurso é automaticamente bloqueado.

Nesta sexta-feira, por ocasião da grande oração semanal, um helicóptero sobrevoa o local da oração, enquanto que os principais eixos da cidade estavam fechados à circulação para dar espaço aos peregrinos que convergem para a Kaaba, a construção cúbica em torno da qual muçulmanos do mundo inteiro rodam enquanto rezam.

- Pulseiras de identificação -

Este ano, a Arábia Saudita começou a entregar aos peregrinos uma pulseira de identificação. Riad afirma que melhorou a organização e reforçou a segurança da grande peregrinação anual muçulmana, que começa no sábado e deve receber dois milhões de pessoas.

As pulseiras plastificadas incluem um código de barras que pode ser lido por smartphone, que fornece a identidade, nacionalidade, local de alojamento do peregrino, contato dos coordenadores do grupo ao qual pertence, além de outras informações sobre o visto, explicou Assa Rawas, vice-secretário do ministério do Hajj.

"O objetivo é equipar todos os peregrinos procedentes do exterior, quase 1,4 milhão de fiéis", completou o ministro, sem revelar quantas pulseiras já foram distribuídas. A Arábia Saudita sofreu muitas críticas pela tragédia do ano passado, cujas causas ainda não foram descobertas.

- 'A morte chegará' -

Lawan Nasir, de 45 anos, perdeu um primo em 2015. Este ano, o nigeriano foi à Meca ainda sofrendo pelo parente. "Teria sido estupidez não vir, a morte chegará quando for a minha hora", explicou.

"Houve enormes falhas em termos de organização no ano passado", afirma Jane Kinninmont, do Centro de Estudos Chathan House de Londres, destacando a importância desta operação para Riad em termos religiosos e econômicos.

Zakou Bakar, de 50 anos, que veio do Níger. Como já recebeu seu bracelete, não está preocupado. "Se morrer ou tiver problemas, sei que serei identificado". Além da segurança, outro grande problema para a Arábia Saudita, que é sunita, é sua rivalidade com o Irã, xiita.

Ante a chegada do hajj, a guerra de declarações sofreu uma escalada. O guia supremo iraniano, Ali Khamenei, classificou os dirigentes sauditas "malditos e maléficos". "Os iranianos não são muçulmanos", respondeu o grande mufti saudita. A Liga Árabe se alinhou com Riad, condenando as declarações de Khameni.

Os iranianos não vão fazer a peregrinação anual a Meca, anunciou neste domingo o ministro iraniano da Cultura, acusando a Arábia Saudita de colocar "obstáculos", segundo a televisão estatal.

"Depois de duas rodadas de negociações sem resultados devido às limitações dos sauditas, os peregrinos iranianos não vão poder, infelizmente, celebrar o Hajj", a peregrinação anual a Meca, disse o ministro Ali Janati.

Uma delegação iraniana viajou para a Arábia Saudita numa última tentativa de chegar a um acordo sobre a peregrinação de fiéis iranianos a Meca. Mas a delegação retornou a Teerã na sexta-feira, sem chegar a um acordo.

"O ministério saudita do Hajj e seus líderes não tinham autoridade para tomar decisões", disse Said Ohadi, presidente da organização iraniana do Hajj. Ele acrescentou que os sauditas não aceitaram as condições do Irã.

O ministério saudita do Hajj indicou, por sua vez, que o lado iraniano era o culpado.

Estas discussões foram a segunda tentativa entre as duas grandes potências rivais no Oriente Médio de estabelecer as condições para a organização da peregrinação deste ano, em setembro, depois de no ano passado um enorme tumulto deixar 2.300 mortos, 464 deles iranianos.

A Arábia Saudita, um país com uma população de maioria sunita, e o Irã, xiita, discordam sobre muitas questões, como a guerra na Síria, onde Teerã apoia o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, e Riad os grupos rebeldes.

O balanço da tragédia ocorrida durante a peregrinação à Meca subiu a pelo menos 2.097 mortos, de acordo com números divulgados por 34 países - a pior catástrofe na história moderna do Hajj.

Desde o balanço oficial de 769 mortos anunciado em 26 de setembro, dois dias após o drama, as autoridades sauditas não divulgam números atualizados.

O número de peregrinos mortos quase triplicou em comparação ao balanço oficial saudita, de acordo com vários governos e comissões nacionais de peregrinação.

Vários peregrinos continuam desaparecidos.

O país com o maior número de vítimas é o Irã, com 464 mortos, seguido pela Nigéria (199), Mali (198) e Egito (182).

O tumulto aconteceu durante o ritual de apedrejamento simbólico do diabo em Mina, perto de Meca, região oeste do país.

Até então, a tragédia mais grave registrada durante a peregrinação muçulmana acontecera em 2 de julho de 1990, quando um tumulto em um túnel de Mina deixou 1.426 mortos - asiáticos em sua maioria.

O balanço da tragédia ocorrida durante a peregrinação a Meca chega a pelo menos 1.849 mortos, de acordo com números divulgados por 31 países - a pior catástrofe na história do Hajj.

Desde o boletim oficial com 769 mortos informado em 26 de setembro, dois dias após o drama, as autoridades sauditas não divulgam notícias atualizadas. Também não há informações sobre as nacionalidades das vítimas.

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Segundo governos estrangeiros e comissões nacionais de peregrinação, o número de mortos mais do que dobrou em relação ao balanço do reino. Além disso, vários peregrinos continuam desaparecidos após o tumulto, que levou à tragédia em Mina, próximo a Meca.

Até então, a mais grave tragédia já registrada durante uma peregrinação muçulmana remontava a 2 de julho de 1990, quando um tumulto em um túnel de Mina deixou 1.426 mortos - asiáticos em sua maioria.

A seguir a contagem de corpos por nacionalidade, de acordo com esses países:

- Irã: 464 mortos

- Egito: 182 mortos

- Nigéria: 145 mortos

- Bangladesh: 137 mortos

- Indonésia: 129 mortos

- Índia: 101 mortos

- Paquistão: 87 mortos

- Camarões: 76 mortos

- Níger: 72 mortos

- Senegal: 61 mortos

- Mali: 60 mortos

- Chade: 52 mortos

- Costa do Marfim: 52 mortos

- Marrocos: 36 mortos

- Benin: 34 mortos

- Etiópia: 31 mortos

- Sudão: 30 mortos

- Argélia: 28 mortos

- Burkina Faso: 22 mortos

- Líbia: 10 mortos

- Somália: 8 mortos

- Tunísia: 7 mortos

- Quênia: 6 mortos

- Gana: 5 mortos

- Ilhas Maurício: 5 mortos

- Tanzânia: 4 mortos

- Burundi: 1 morto

- Iraque: 1 morto

- Jordânia: 1 morto

- Omã: 1 morto

- Holanda: 1 morto

O tumulto ocorrido durante a peregrinação a Meca, conhecida como hajj, no dia 24 de setembro, deixou ao menos 2.110 peregrinos mortos, segundo os números comunicados por 31 países, o que o converteria na catástrofe mais mortífera da história do hajj.

As autoridades da Arábia Saudita não voltaram a comunicar nenhum balanço de vítimas desde o dia 26 de setembro, quando indicaram que 769 peregrinos haviam morrido e 934 tinham se ferido. Uma investigação sobre as causas da tragédia está em curso.

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O acidente mais mortífero durante o hajj tinha sido em 1990, quando 1.426 pessoas morreram. Fonte: Associated Press.

O balanço da tragédia ocorrida durante a peregrinação a Meca chega a pelo menos 1.687 mortos, de acordo com números divulgados por 31 países - a pior catástrofe na história do Hajj.

Desde o boletim oficial com 769 mortos informado em 26 de setembro, dois dias após o drama, as autoridades sauditas não divulgam notícias atualizadas. Também não há informações sobre as nacionalidades das vítimas.

Segundo governos estrangeiros e comissões nacionais de peregrinação, o número de mortos mais do que dobrou em relação ao balanço do reino. Além disso, vários peregrinos continuam desaparecidos após o tumulto, que levou à tragédia em Mina, próximo a Meca.

Até então, a mais grave tragédia já registrada durante uma peregrinação muçulmana remontava a 2 de julho de 1990, quando um tumulto em um túnel de Mina deixou 1.426 mortos - asiáticos em sua maioria.

A seguir a contagem de corpos por nacionalidade, de acordo com esses países:

- Irã: 464 mortos

- Egito: 177 mortos

- Nigéria: 145 mortos

- Indonésia: 127 mortos

- Índia: 101 mortos

- Paquistão: 87 mortos

- Bangladesh: 79 mortos

- Níger: 72 morts

- Senegal: 61 mortos

- Mali: 60 mortos

- Chade: 52 mortos

- Benin: 34 mortos

- Marrocos: 33 mortos

- Etiópia: 31 mortos

- Sudão: 30 mortos

- Argélia: 28 mortos

- Burkina Faso: 22 mortos

- Camarões: 20 mortos

- Costa do Marfim: 14 mortos

- Líbia: 10 mortos

- Somália: 8 mortos

- Quênia: 6 mortos

- Tunísia: 7 mortos

- Gana: 5 mortos

- República de Maurício: 5 mortos

- Tanzânia: 4 mortos

- Burundi: 1 morto

- Iraque: 1 morto

- Jordânia: 1 morto

- Omã: 1 morto

- Holanda: 1 morto

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