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Entre as publicações no Facebook com um milhão de interações ou mais, e cujos temas de discussão foram a fraude nas urnas e o voto impresso, a maior parte foi realizada no tráfego de contas de representantes eleitos, como a do presidente Jair Bolsonaro (PL). 12 contas na rede social foram apontadas como as líderes em espaço para esse tipo de debate, segundo o relatório mais recente da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP), divulgado nesta terça-feira (22). 

O perfil que mais proporcionou a discussão, sem base científica ou documental, foi o da deputada federal e bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), com 1.576 publicações em 15 meses. 

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Ao todo, 23 contas postaram mais de mil vezes sobre tais temas ligados à desconfiança eleitoral no Facebook. A figura de Jair Bolsonaro é referência – em apoio ou oposição – a todas essas páginas e grupos públicos, com destaque para “Movimento Brasil”, com 11.856 posts, e “Bolsonaro 2022”, com 7.413 publicações. Outras centenas de contas parecidas também apresentam índices altos de publicação sobre as temáticas. 

Média de 888 posts diários 

Ainda de acordo com a pesquisa, os temas voto impresso e fraude nas urnas eletrônicas mobilizaram uma média de 888 posts por dia no Facebook, entre novembro de 2020 e janeiro de 2022. No total, foram monitoradas pelo DAPP 394.370 postagens sobre os assuntos, mostra o levantamento recém-lançado “Desinformação on-line e contestação das eleições”. 

Os períodos das eleições municipais de 2020 e de discussão da PEC do Voto Impresso, em agosto de 2021 foram os destaques em volume de publicações. O pico de menções, por exemplo, ocorreu no dia 10 de agosto de 2021, com 10.619 mensagens em apenas um dia. O mês de novembro — mês eleitoral — também se destaca com 50.574 postagens. 

Um total de 40 postagens pró-fraude nas urnas são as mais populares, gerando 6.809.193. Entre as 20 primeiras mensagens desse subconjunto, 13 (32,5%) são da página de Jair Bolsonaro, atraindo quase metade das interações (3.227.981, ou 47%). 

Mais de 130 mil postagens continham links internos e externos ao Facebook, tipo de conteúdo que representou 23,9% das interações. Esses links estiveram em circulação por até 435 dias. A maior parte dos links externos com mais interações convoca para a consulta pública de uma sugestão legislativa para inserção de 100% de voto impresso nas urnas e material de mobilização sobre a PEC do Voto Impresso – esse link do Senado esteve em 8.412 publicações no Facebook. 

Além disso, o estudo mostra que a temática é frequente em volume de publicações, pelo menos, desde 2014. O ano de 2021 chama atenção pela quantidade de postagens e interações, que, em alguns meses, chega a ultrapassar o ano eleitoral de 2018, referência na temática no contexto recente. 

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as fake news (CPMI das Fake News) vai ouvir, na próxima terça-feira (26), o ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência Carlos Alberto dos Santos Cruz.

O depoimento foi pedido pelo deputado Marcelo Ramos (PL-AM) e pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE). “Em recente entrevista, o ex-ministro afirmou que sua saída do Ministério foi o resultado de ataques de ‘uma milícia digital, uma gangue de rua que se transfere para dentro da internet’, ligada a apoiadores do presidente Jair Bolsonaro”, disse Carvalho.

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“As afirmações do general vêm ao encontro do tema debatido nesta CPMI”, acrescenta Ramos. O depoimento de Santos Cruz está marcado para as 13h.

*Da Agência Câmara

Mesmo em lados opostos na política e até em pensamentos ideológicos, Manuela D'Ávila, que é ex-deputada pelo PCdoB e foi candidata à vice-presidência na chapa de Fernando Haddad (PT) na última corrida eleitoral, compartilhou uma carta pública se solidarizando com a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que vem sofrendo ameaças e ataques machistas desde que começou um atrito com os filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) - principalmente com o vereador Carlos Bolsonaro (PSL).

Na carta, Manuela escreveu que ela e Joice nunca estiveram juntas, mas recentemente haviam participado, por telefone, de uma entrevista. Naquela ocasião, Hasselmann ainda era líder do governo e ambas divergiam sobre a existência do machismo no congresso nacional. “Fico sinceramente triste por você ter percebido, na prática, que aquilo que eu dizia era real de uma maneira tão brutal e cruel. O machismo existe alí porque existe no mundo”, escreveu D'Ávila.

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Essa solidariedade para com a deputada federal acontece depois dela ter subido na tribuna chorado na Câmara dos Deputados ao falar sobre ataques que vem sofrendo nas redes sociais pela chamada "milícia digital" bolsonarista. Hasselmann disse na ocasião que esses ataques já chegaram aos seus filhos e outros familiares.

“Eu lhe escrevo para ser solidária com tudo o que você tem passado. Não é mesmo nada fácil ser mulher e cair nas mãos da milícia virtual que governa o Brasil. Não é fácil ver como eles envolvem os nossos filhos para buscar nos destruir emocionalmente. Eles buscam nos liquidar, Joice, nos levar às lágrimas. Como te levaram na tribuna, como me levam quase todos os dias há longos quatro anos”, pontua Manuela.

O texto de apoio a Joice fez com que o nome de Manuela D'Ávila ficasse entre os assuntos mais comentados do Twitter hoje. Muitos classificaram a ação de Manuela como uma atitude nobre, tendo em vista que, durante a corrida presidencial, Joice participou de alguns movimentos contra a esquerda - inclusive foi apontada como uma das pessoas que disseminaram informações falsas contra Manuela. 

Na rede social, vários internautas falaram do assunto: "Eu senti vontade de chorar vendo a Joice chorando no Congresso, depois chorei de fato com a carta aberta que a Manuela D'Ávila fez sobre o choro da Joice"; "Manuela D´Ávila é gigante! já foi vítima do exército dos Bolsonaros enquanto Joice os apoiava, mas ao invés de tripudiar em cima da sua dor, Manu se solidariza e chama na responsabilidade de denunciar esse esquema mafioso".

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