Tópicos | mosquitos

A primavera ainda não chegou, mas o calor no fim do inverno já trouxe uma invasão de mosquitos na região do Rio Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. De acordo com a administração municipal, o Portal de Atendimento da Prefeitura de São Paulo 156 já recebeu 526 reclamações sobre mosquitos apenas nas duas primeiras semanas de setembro, ante 221 em todo o mês de agosto. Em julho foram realizadas 331 solicitações.

Moradores que têm reclamado constantemente nas redes sociais fizeram um abaixo-assinado para tentar solucionar a questão. Até o momento, o documento tem 26,6 mil assinaturas. "Solicito que os políticos e entidades da cidade de São Paulo verifiquem e façam a dedetização e também incluam em sua agenda periódica para população não pagar a conta com a sua saúde em risco", diz o texto da petição.

##RECOMENDA##

A redatora Lívia Vasconcelos, de 31 anos, mora na Rua Mourato Coelho há cerca de dois anos e meio e, segundo ela, nunca havia sentido na pele, literalmente, uma infestação de pernilongos nesta dimensão. A moradora disse que os mosquitos têm incomodado há duas semanas, mas, na última sexta-feira, 11, a situação ficou ainda pior. "Eu virei a noite, não consegui pregar o olho. Quando dormia, mais mosquito me picava. Eu estou com o corpo inteiro picado, braços, costas, pernas. Está muito calor. Imagina dormir com a janela fechada, com calça, casaco, cobertor, não tem condições", disse.

No sábado, dia 12, Lívia contou que saiu para comprar ventilador, raquete elétrica e repelente corporal para tentar amenizar o problema. Lá se foram quase R$ 350. Além destes produtos, a redatora disse que também queria o repelente de tomada, mas não encontrou o suporte nos supermercados da região, apenas o refil. "Está parecendo o começo da pandemia, quando todo mundo foi comprar álcool gel e não tinha", comparou.

"Se pernilongo passasse coronavírus, Pinheiros era dizimada numa única noite", escreveu Lívia no Twitter, ao publicar fotos da ação dos mosquitos no seu corpo. Apesar de não transmitir coronavírus, os insetos podem causar outras doenças. "É um perigo para todo mundo. Não é só a picada que dói, a gente pode pegar alguma doença", ressalta Lívia.

Veronica Bilyk, presidente da Associação de Moradores e Amigos dos Predinhos de Pinheiros (AMAPP), disse que começou a receber muita reclamação de moradores devido à infestação de mosquitos. De acordo com ela, essa é uma situação atípica no que se refere à quantidade de insetos e à época do ano. "Nós fizemos um mutirão de ligações no 156 e no aplicativo, que é a maneira correta", disse Veronica.

De acordo com ela, na última semana, a Prefeitura fez a aplicação do fumacê por três dias, em Pinheiros. No entanto, a presidente da associação informou que os mosquitos ainda resistem e ponderou a ação "paliativa" e "danosa" da substância. Ela citou o prejuízo aos agentes polinizadores e a alguns cachorros, que passam mal após a passagem do fumacê.

Procurada, a Prefeitura de São Paulo informou que, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, "realiza diariamente ações de monitoramento e controle preconizadas pelo Programa de Controle do Culex no Rio Pinheiros. A Unidade de Vigilância em Saúde (UVIS) Lapa/Pinheiros tem realizado ações de fumacê para o combate aos mosquitos, por meio de Ultra Volume Baixo (UBV) veicular em toda a região".

A Prefeitura disse ainda que a aplicação de inseticida vem ocorrendo desde o início de agosto e continuará nas próximas semanas, cumprindo todos os critérios técnicos do programa. Dentre as ações preventivas realizadas estão: monitoramento quinzenal de todos os córregos pertencentes à área de abrangência da região; envio de relatórios mensais à Divisão de Vigilância em Zoonoses e à Subprefeitura local; solicitação de manutenção e limpeza de bueiros e galerias; vistorias nos endereços solicitados; mapeamento e diagnóstico de área, com o cruzamento de informações obtidas em vistorias; aplicação de inseticida em áreas delimitadas, disse em nota.

A Secretaria Municipal das Subprefeituras informou também que realiza limpeza de córregos na região periodicamente. Desde janeiro deste ano, foram limpos 1.223.123 metros de extensão.

O governador João Doria (PSDB) publicou na manhã desta segunda-feira, 14, que o trabalho de despoluição do Rio Pinheiros continua em meio à pandemia do novo coronavírus. De acordo com ele, o rio estará limpo até 31 de dezembro de 2022. A reportagem aguarda retorno da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente.

Moradores da zona oeste de São Paulo têm travado uma guerra contra pernilongos e, pela primeira vez, reclamam da proliferação do inseto durante o inverno. Após detectar aumento de queixas, a Prefeitura começa nesta quinta-feira, 2, força-tarefa com ações para combater focos do mosquito nas margens do Rio Pinheiros.

"A gente tem acordado duas, três vezes por noite para matar pernilongo", reclama a agente de viagem Gisela Hoeppner, de 51 anos, que há mais de 30 mora na mesma quadra em Pinheiros, região de rios e córregos canalizados. Segundo conta, o problema havia dado uma trégua no verão de 2017. "Agora, voltou com tudo. Está péssimo."

##RECOMENDA##

Em várias janelas do apartamento, Gisela instalou redes contra o mosquito. "Onde não tem, deixo fechado. E, mesmo assim, preciso catar dentro de casa." Também diz ter testado todas as marcas de inseticida. "Em todos os cômodos têm raquete. Precisa ser assim", diz. "Na semana passada, matei oito pernilongos em dez minutos. O problema não está no meu jardim: é o Rio Pinheiros."

"Estamos com aumento de temperatura que ajuda a aumentar a proliferação (de pernilongo, o Cúlex)", diz Margareth Capurro, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP). O pernilongo, afirma, acha no sistema de esgoto um "criadouro abundante", o que explicaria sua presença em outras áreas da cidade.

"Estou dormindo com a tomadinha na parede (repelente), porque a quantidade está enorme", relata a secretária Patrícia Macedo, de 40 anos, moradora de Alto dos Pinheiros. Ela também recorre a velas de citronela e raquete. "Mas está difícil."

Membro da Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros (Saap), diz que o grupo tem recebido muitas queixas. "As pessoas da região estão se armando contra o mosquito." No Córrego das Corujas, que separa Pinheiros de Alto dos Pinheiros, a vigilância ambiental identificou foco de Cúlex, segundo ela. "Há córregos que o acesso fica atrás das casa, então as equipes não conseguem entrar", diz ela.

"Pernilongo, mesmo no frio, é a primeira vez que eu vejo", diz o físico Fernando Bonicelli Melenas, de 59 anos, do Alto da Lapa. "Boa parte das casas na rua é muito velha e o pessoal não liga para prevenção."

Nesta quinta-feira, o prefeito Bruno Covas (PSDB) participa de ações de controle das formas imaturas do pernilongo nas margens do Pinheiros. Segundo a Prefeitura, a iniciativa foi motivada principalmente por causa de reclamações por canais de atendimento sobre o aumento de mosquitos. A gestão avalia que as ações de controle precisam ser feitas mesmo em épocas de tempo mais frio, como a atual.

Outras áreas

Moradora da Vila Carrão, zona leste, a auxiliar administrativa Elisabete Fonseca, de 45 anos, também reclama. "Está desesperador. Depois de passar inseticida, tenho de recolher (os mosquitos) com pá."

Sobre o planejamento do combate a mosquitos em outras áreas, a Secretaria Municipal da Saúde informou que as ações são programadas, principalmente, por meio do recebimento de queixas ao Serviço de Atendimento ao Cidadão.

Para evitar a proliferação do Cúlex, a pasta recomenda não deixar água parada nem jogar lixo em córregos e bueiros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais de 640 mil casos de doenças como Zika, Lyme e Nilo foram registrados nos Estados Unidos nos últimos 13 anos, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

O relatório divulgado pelo CDC nesta semana aponta que essas patologias causadas por mosquitos, carrapatos e pulgas têm confrontado os Estados Unidos e deixado muitas pessoas doentes. Doenças transmitidas por carrapatos chamaram a atenção dos pesquisadores por terem crescido 60%.

##RECOMENDA##

O CDC informou que o aumento de casos está relacionado à maior exposição da população que viaja ou recebe visitantes de áreas contaminadas trazendo o vírus e infestando os vetores dentro dos EUA.

 A conclusão do estudo, o primeiro a examinar coletivamente as tendências de várias doenças transmitidas por diferentes insetos, é de que o país não está completamente preparado para combater as enfermidades. A agência de controle de doenças recomenda que os estados e o governo federal invistam na redução da propagação das doenças para responder efetivamente aos surtos.

A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), está realizando com sucesso, no Brasil, testes com drones para combater mosquitos transmissores de doenças. Os pequenos veículos não tripulados transportam milhares de insetos tornados estéreis através de radiação, que são liberados no meio ambiente e cruzam com mosquitos nativos sem gerar descendentes. Com isso, ao longo do tempo, a população de insetos diminui, reduzindo a propagação de doenças como dengue, zika e outras. 

O Brasil deve começar a usar este sistema em zonas rurais e urbanas em janeiro do próximo ano, no pico do verão e época do mosquito. A biofábrica de insetos estéreis Moscamed Brasil, localizada na cidade de Juazeiro, na Bahia, que colabora com a agência da ONU, faz parte do projeto. 

##RECOMENDA##

A instituição foi escolhida pela agência de energia nuclear das Nações Unidas e é a primeira biofábrica do mundo a utilizar a tecnologia de raios-x para esterilização de insetos e controle biológico de pragas. O doutor em radioentomologia pelo Centro de Energia Nuclear Aplicada à Agricultura da Universidade de São Paulo (USP) e diretor-presidente da Moscamed, Jair Virgínio, disse que está “esperançoso sobre os resultados”, devido aos testes já realizados.

Testes

O sistema foi testado, pela primeira vez no mês passado. Os machos são tornados estéreis com radiação, usando a Técnica dos Insetos Estéreis (Sterile Insect Technique, ou SIT, na sigla em inglês), e lançados na natureza. Como não produzem descendência, a população de insetos reduz-se ao longo do tempo.

O entomologista Jeremy Bouyer, pesquisador da divisão conjunta entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Aiea, explicou que o mecanismo de libertação de mosquitos usado até agora tem sido manual. Por isso, o uso de drones “é um grande avanço, abrindo caminho para libertações de larga escala, com custo controlado, em zonas densamente povoadas.” 

Um dos maiores desafios é manter os mosquitos vivos quando são transportados. Com outros tipos de insetos, são usados aviões na liberação, mas este tipo de prática é danosa para mosquitos, pois danifica suas asas e pernas. Já com a técnica dos drones, a taxa de mortalidade foi reduzida para apenas 10%.

50 mil por carga

Bouyer diz que “usando um drone, pode tratar-se 20 hectares de área em cinco minutos.” Um drone pesa apenas 10 quilos, mas carrega até 50 mil insetos. Além disso, o custo de cada aparelho é de cerca de US$ 10 mil, o que corta os custos de liberação dos insetos pela metade.

A Aiea e os seus parceiros tentam agora reduzir o peso do drone e aumentar sua capacidade de transporte para 150 mil mosquitos.

A técnica SIT, que faz a esterilização por radiação, é usada há mais de 50 anos para controlar pestes como a mosca da fruta, mas só nos últimos anos começou a ser usada em mosquitos. A Aiea trabalhou neste projeto junto com a FAO e com a organização americana WeRobotics (empresa com sede em Genebra e nos Estados Unidos, que trabalha para viabilizar a utilização drones em ações que tenham um impacto social positivo).

* Com informações da Agência Brasil

Drones que dispersam enxames de mosquitos estéreis em amplas áreas estão sendo desenvolvidos para ajudar a prevenir a propagação de doenças como a malária e dengue. Esses insetos não podem produzir descendentes quando se acasalam com fêmeas e, por isso, ajudam a reduzir a população de pernilongos. As informações são da BBC.

Como é difícil espalhá-los em áreas sem estradas, a organização de tecnologia WeRobotics vem desenvolvendo drones para fazer esse trabalho. Mas um dos desafios é empacotar centenas de milhares de mosquitos frágeis sem danificar suas pernas e asas finas.

##RECOMENDA##

É por isso que antes de serem colocados nos drones, os insetos são refrigerados. Desta forma, eles entram em um estado de sono e não se movimentam. O próximo desafio é liberá-los gradualmente em uma ampla área, sem despertar todos ao mesmo tempo.

Para fazer isso, a equipe projetou uma plataforma rotativa com orifícios, através dos quais os mosquitos são soltos. Eles pousam em uma câmara de espera onde acordam, e podem voar para a natureza. Os drones ainda estão em desenvolvimento, mas a empresa espera testar sua tecnologia na América Latina em 2018.

LeiaJá também

--> Uso em excesso de smartphones aumenta risco de depressão

Os mosquitos fêmea podem transmitir o vírus zika aos seus ovos e à sua prole - afirmou um estudo nesta segunda-feira (29), sugerindo que os esforços para matar insetos adultos são insuficientes.

Cientistas da Universidade do Texas, em Galveston, queriam saber se os mosquitos fêmea podiam passar a infecção pelo zika aos seus ovos da mesma forma que ocorre com a dengue e com a febre amarela.

[@#video#@]

Os mosquitos foram injetados com o vírus zika em laboratório e botaram ovos uma semana depois. Os pesquisadores então incubaram os ovos e criaram as larvas após a eclosão. Testes posteriores mostraram que uma em cada 290 tinha o vírus.

"A proporção pode parecer baixa, mas se considerarmos o número de mosquitos em uma comunidade urbana tropical, o mais provável é que este seja alto o suficiente para permitir que o vírus persista, inclusive após a morte dos mosquitos adultos infectados", disse Robert Tesh, coautor do estudo.

"Fumigar os adultos afetados nem sempre mata as formações imaturas de ovos, ou de larvas", afirmou Tesh, cujo estudo foi publicado no periódico American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. "Usar inseticida reduzirá a transmissão, mas provavelmente não eliminará o vírus", acrescentou.

A "transmissão vertical" dos mosquitos fêmea aos seus ovos pode ajudar o vírus a sobreviver, inclusive em condições adversas, como acontece durante a temporada seca em zonas tropicais. Agora, os pesquisadores têm de descobrir se a transmissão natural ocorre da mesma forma que em laboratório.

"Encontrar larvas infectadas em um pneu abandonado, ou em um recipiente com água, poderia provar a transmissão vertical", alertou Tesh. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o zika como uma emergência de Saúde internacional, porque o vírus pode causar más-formações congênitas em fetos de mães infectadas, como a microcefalia e outros danos cerebrais graves.

O zika é transmitido principalmente pelo mosquito mastambémporcontato sexual. Autoridades de muitos países recomendaram às mulheres grávidas e a seus parceiros que não viajem para regiões - em sua maioria no Caribe e na América Latina - onde há transmissão ativa do vírus.

Desde o final de julho, o estado americano da Flórida registrou 43 casos de transmissão local do zika em algumas partes de Miami e de Palm Beach.

A crise em torno do zika vírus se deve a décadas de políticas falhas de controle de mosquitos e à falta de acesso a serviços de planejamento familiar, informou nesta segunda-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS).

"A propagação do zika (...) é resultado da desastrosa política que levou ao abandono do controle de mosquitos nos anos 1970", declarou Margaret Chan, diretora-geral da OMS, no início da assembleia anual de saúde da organização em Genebra. Essas falhas permitiram que o vírus se espalhasse rápido e criasse "uma ameaça significante para a saúde global", disse Chan à cerca de 3.000 delegados dos 194 países-membros da OMS.

Especialistas afirmam que o zika vírus está por trás do surto de microcefalia - doença que se caracteriza por um perímetro craniano menor que o normal - na América Latina, em bebês nascidos de mulheres que contraíram o vírus durante a gravidez. O zika, que também causa distúrbios neurológicos como a síndrome de Guillain-Barré, na qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso, é transmitida principalmente pelo Aedes aegypti, mas também por contato sexual.

Nas décadas de 1950 e 1960, foram realizados programas de controle de mosquitos para evitar a propagação da dengue e da febre amarela, e o Aedes aegypti quase foi erradicado na América do Sul e Central. Quando os programas foram interrompidos na década de 1970, porém, o mosquito voltou.

Chan denunciou, ainda, políticas falhas em relação aos direitos reprodutivos. Muitos dos países mais atingidos pelo surto atual de zika são católicos e conservadores, e a sua "incapacidade de fornecer acesso universal a serviços de planejamento familiar e contracepção" agravou a crise, disse Chan.

Com o vírus presente atualmente em 60 países, inúmeras mulheres que podem querer adiar a gravidez não têm acesso à contracepção, e menos ainda ao aborto. Chan afirmou que a América Latina e o Caribe "têm a maior proporção de gravidezes não desejadas do mundo". "Sem vacinas nem exames confiáveis ​​e amplamente disponíveis para proteger as mulheres na idade fértil, tudo o que podemos oferecer são conselhos", disse.

"Evitar picadas de mosquito, adiar a gravidez, não viajar para áreas com transmissão em curso", completou. No Brasil, o país mais atingido, mais de 1,5 milhão de pessoas foram infectadas com zika, e cerca de 1.400 casos de microcefalia foram registrados desde o início do surto, no ano passado. Pesquisadores estimam que uma mulher infectada com zika durante a gravidez tem 1% de chance de dar à luz a um bebê com microcefalia.

O vírus da zika está presente na África e na Ásia desde pelo menos a década de 1940, tendo circulado por muito tempo sem causar preocupação. Por si só, a zika não é grave, já que provoca sintomas similares aos de uma gripe leve. Mas quando a linhagem asiática do vírus chegou à América Latina, no ano passado, causou muitos estragos em uma população nunca antes exposta ao vírus.

Na semana passada, a OMS disse que a linhagem asiática está agora, pela primeira vez, se propagando por um país africano - Cabo Verde -, aumentando a preocupação sobre o impacto que pode ter sobre a população do continente.

"O que estamos vendo agora se parece cada vez mais com um ressurgimento dramático da ameaça de doenças infecciosas", disse, e alertou: "O mundo não está preparado para enfrentar" este cenário.

Pesquisadores de México e Canadá disseram nesta quinta-feira ter inventado uma armadilha de mosquitos a partir de velhos pneus capaz de recolher milhares de ovos que poderiam portar o zika vírus.

Este artifício, batizado de "ovillanta" ("ovopneu"), consiste em pedaços de borracha cortados e uma solução líquida que atrai os mosquitos Aedes aegypti, que, além, do zika transmitem a dengue e a chikungunya.

As fêmeas depositam seus ovos em uma tira de madeira ou papel dentro da armadilha de borracha molhada nesta solução. A tira pode ser removida semanalmente e os ovos destruídos com fogo ou etanol.

Especialistas em saúde esperam que esta armadilha possa ajudar as pessoas em áreas remotas onde outros métodos, como o ar condicionado, são pouco frequentes.

A ideia é reduzir o contato das pessoas com os mosquitos que propagam o zika, uma doença aparentemente leve, mas que foi vinculada ao nascimento de bebês com microcefalia no Brasil.

"Decidimos usar pneus reciclados, em parte porque já representam 29% dos locais de reprodução escolhidos pelos mosquitos Aedes aegypti, em parte porque os pneus são universalmente acessíveis em ambientes de baixos recursos, e em parte porque dar aos velhos pneus um novo uso cria uma oportunidade de limpar o meio ambiente local", disse o pesquisador Gerardo Ulibarri, da Universidade Laurentian de Ontário.

Os especialistas testaram as armadilhas na cidade guatemalteca de Sayaxche ao longo de 10 meses.

"Recolheram e destruíram mais de 18.100 ovos de Aedes por mês usando 84 'ovillantas' em sete vizinhanças", indica o estudo.

Isso foi "quase sete vezes os cerca de 2.700 ovos que recolhem mensalmente 84 armadilhas padrão (feitas com cubos de um litro) na mesma área de estudo".

As armadilhas de pneus também são muito mais baratas: custam apenas 20% do que custaria combater o inseto com pesticidas, dizem os pesquisadores.

O projeto foi pago pelo governo canadense. Ulibarri colaborou com Ángel Betanzos e Mireya Betanzos do Instituto Nacional de Saúde Pública do México e do Ministério da Saúde da Guatemala.

A solução baseada em leite utilizada para atrair os mosquitos foi desenvolvida pela universidade Laurentian.

Os pesquisadores também divulgaram um vídeo (bit.ly/1S3YFjH) com instruções para fazer as armadilhas.

Após o vírus zika surpreender com sua rápida disseminação e possível associação com a microcefalia, especialistas brasileiros alertam para os riscos de outras doenças virais transmitidas por mosquitos, as chamadas arboviroses. Nas últimas três décadas, mais que dobrou o número de arbovírus catalogados no Brasil. Segundo registros do Instituto Evandro Chagas, órgão referência em medicina tropical e vinculado ao Ministério da Saúde, já circulam no território nacional 210 arbovírus, ante 95 na década de 1980. Pelo menos 37 são capazes de provocar doenças em humanos e três deles chamam a atenção por já terem causado pequenos surtos em áreas urbanas.

Uma delas é a febre do Mayaro, doença com sintomas parecidos com os da chikungunya e transmitida por mosquitos do gênero Haemagogus, mesmo vetor da febre amarela silvestre. A arbovirose já foi registrada em vários Estados do Norte e Centro-Oeste. Os mais recentes dados epidemiológicos disponíveis no site do Ministério da Saúde mostram que, entre dezembro de 2014 e junho de 2015, foram 197 notificações distribuídas por nove Estados brasileiros. Não há registros de mortes provocadas pela doença, mas, assim como na chikungunya, os infectados podem permanecer com dores articulares por semanas ou meses.

##RECOMENDA##

Caracterizada por quadros febris altos e dores intensas de cabeça, a febre do Oropouche é outra arbovirose que já causa surtos localizados, sobretudo em Estados da região amazônica, até mesmo em bairros de capitais como Manaus e Belém. Transmitida por um mosquito conhecido como maruim, do gênero Culicoides, a doença já foi notificada nas últimas décadas em todas as regiões brasileiras, com exceção do Sul, e também não costuma levar à morte.

Há ainda a encefalite de Saint Louis, doença transmitida principalmente por mosquitos silvestres do gênero Culex - o mesmo do pernilongo comum -, que pode causar comprometimento neurológico e já foi responsável por um surto em São José do Rio Preto, no interior paulista, em 2006.

De acordo com o virologista Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas e pesquisador participante do grupo que catalogou boa parte dos arbovírus no País, embora essas três doenças sejam transmitidas principalmente por insetos silvestres de diferentes gêneros, há experimentos científicos que já indicam que mosquitos Aedes também teriam capacidade de transmiti-las.

"No caso da febre do Oropouche, por exemplo, o Aedes nunca foi encontrado infectado na natureza, mas um estudo experimental em laboratório mostrou que ele pode ser vetor dessa doença e que seria um bom transmissor", afirma o especialista.

Segundo Vasconcelos, o fato de os três vírus estarem presentes no Brasil há mais de 60 anos - eles foram isolados entre as décadas de 1950 e 1960 - sem terem causado epidemias de alcance nacional não permite dizer que nunca farão estragos. "Eu não quero ser pessimista, mas o zika passou 60 anos no mundo sem causar nenhum problema e vimos o que aconteceu (foi descoberto em 1947 na África). Não dá para dizer que esses três vírus não provocarão nenhum problema por já estarem no Brasil. Pode ser que nunca causem, mas é bom não duvidar", diz o diretor do Instituto Evandro Chagas, que cobra mais pesquisas na área.

"Dos 210 arbovírus catalogados no Brasil, há esses 37 que já comprovamos que causam doença em humanos, mas, do restante, a maioria a gente desconhece completamente", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um grupo de jovens mosquitos machos vive tranquilamente em um laboratório nos arredores de Viena, totalmente inconscientes do destino que lhes espera: serão esterilizados em massa com o uso de radiação para diminuir a quantidade de insetos que transmitem doenças como o vírus do zika.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas conhecida por seu papel na diplomacia internacional, é o organismo que trabalha nesta técnica de esterilização de insetos em seu laboratório da localidade de Seibersdorf, 35 quilômetros ao sul de Viena.

A ideia parece simples. Os machos esterilizados, mas ainda ávidos de sexo, são soltos em zonas específicas com a missão de seduzir as fêmeas. A cópula, infértil, leva então a um processo natural de extinção.

Contudo, a implementação do plano é mais complexa, já que requer primeiro isolar os machos das fêmeas, para poder esterilizá-los com o uso da radiação quando estão em um estado larvário. Para consegui-lo, os especialistas da AIEA trabalham em um processo há vários anos utilizando cobalto 60 ou raios X. "É como uma forma de planejamento familiar para insetos", explicou Jorge Heindrich, chefe da divisão para o controle de insetos parasitas do organismo, que lidera um grupo de cientistas de vários países.

Esta técnica permitiu erradicar insetos como a mosca da fruta em algumas regiões da Argentina e da África do Sul e a mosca do melão em Okinawa, no Japão. O vírus do zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que também contagia a dengue e a chikungunya, está agora no alvo destes esterilizadores de insetos.

Uma mudança na escala - Milhares de mosquitos zumbem em caixas quadradas cobertas por um isolante, sob uma luz neon amplificada. O calor lembra as zonas tropicais e o odor do cultivo de insetos é nauseante. Quando um dos insetos sobrevoa a sala e zumbe perto dos jornalistas que visitam o laboratório, um pânico irracional se apodera dos presentes.

O zika, descoberto em Uganda em 1947, provoca sintomas leves como febre, dor de cabeça e articular e erupções. Mas suspeita-se que em grávidas pode causar microcefalia, uma doença congênita que provoca danos neurológicos irreparáveis no desenvolvimento do bebê.

Com mais de 1,5 milhões de doentes no Brasil, a América do Sul é a região do mundo mais afetada pelo zika. O vírus é transmitido pelas fêmeas. "São elas que necessitam de sangue para alimentar seus ovos. Os machos se alimentam do açúcar das flores e de néctar", explica Rosemary Lees, uma das pesquisadoras.

Segundo conta, uma das principais dificuldades é separar as fêmeas dos machos. Atrás da especialista há caixas etiquetadas com mosquitos provenientes de Brasil, Indonésia e Tailândia.

Competir com os machos selvagens - Um dos problemas possíveis na aplicação é que os machos "tratados" não sejam suficientemente fortes para competir com os insetos selvagens. Mas no terreno, este desafio toma outra dimensão. "Temos demonstrado que a técnica é eficaz em pequena escala: podemos atuar na periferia de uma cidade, quiçá até em uma localidade de 250.000 pessoas. Agora temos que ampliar a escala" para estes mosquitos, declarou a entomologista.

Atualmente, há dois experimentos em desenvolvimento. Um no Sudão, em uma região agrícola afetada endemicamente pela malária, e outro na ilha francesa de La Reunión, após a forte epidemia de chikungunya entre 2005 e 2006. Lançado em 2009, o projeto de La Reunión está em sua fase piloto, e a produção em série de mosquitos estéreis ainda não começou.

Uma vez que esteja finalizado o estudo ecológico da biologia específica do mosquito, ainda é necessário que "os Estados tenham a vontade de produzir insetos modificados, investir nas instalações e ter uma fonte de raios eficaz", explica Marc Vreysen, chefe do laboratório especializado em insetos nocivos de uma divisão mista da AIEA e da FAO.

Esta técnica é eficaz sobretudo combinada com outros métodos, incluindo a utilização de inseticida para reduzir a população de mosquitos. Em fevereiro, será realizada uma reunião no Brasil com estados-membros da AIEA, especificamente países da América Latina, para estudar as possíveis aplicações do processo para lutar contra o vírus do zika.

Secretários municipais de saúde de cidades paulistas cobraram um auxílio maior do governo do Estado no combate ao Aedes aegypti. Em entrevista coletiva realizada ontem, representantes do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems-SP) afirmaram que, como a responsabilidade principal de repasses para ações de prevenção é do Ministério da Saúde, o Estado não repassa nenhuma verba para auxiliar as prefeituras nessas despesas. Disseram ainda que não foram informados pela Secretaria Estadual da Saúde sobre o fundo emergencial de R$ 50 milhões anunciado na semana passada pelo secretário estadual David Uip.

"Do Estado, para o controle de vetores, não tivemos nenhum tipo de repasse. O Estado entra nessa parte com as ações da Superintendência de Controle de Endemias, que faz um apoio técnico aos municípios, avalia a situação epidemiológica, a presença do mosquito e, esporadicamente, faz ações pontuais com agentes próprios. Mas são ações não continuadas. E o importante contra a dengue é que ela tenha continuidade", disse Stenio Miranda, secretário de Saúde de Ribeirão Preto e presidente do Cosems-SP.

##RECOMENDA##

A secretaria estadual afirmou que o Cosems-SP "sabe que a atuação do governo no controle de vetores se dá, historicamente, mediante envio de equipes para apoio no trabalho de campo como ações de nebulização e envio de máquinas pesadas", capacitação profissional e confirmação laboratorial de casos de dengue e zika, além de campanhas educativas. A secretaria afirma que auxiliará os municípios com força-tarefa criada para combater o mosquito.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse nesta quarta-feira (9), na capital paulista, que está em negociação com o Exército para produção de repelente que será distribuído para mulheres grávidas. “Nós sabemos que houve grande consumo de repelente. Nós estamos em contato com o laboratório do Exército, que fabrica normalmente esses repelentes para suas tropas. Entramos em contato e vamos estabelecer uma parceria”, declarou após evento do Seminário Lide, que reuniu mais de 400 lideranças empresariais da área da saúde.

Castro informou que os repelentes serão distribuídos somente para mulheres grávidas do país, com exceção do Rio Grande do Sul, onde o vírus Zika ainda não circula. “Estamos dando atenção especial às gestantes e mulheres em período fértil. É o nosso grande foco. É drama humano, de dimensões extraordinárias, uma mulher grávida saber que foi picada por um mosquito. Ela vai entrar, seguramente, em pânico, porque sabe das consequências que isso poderá trazer para o seu filho”, declarou.

##RECOMENDA##

O ministro destacou também a atenção à Região Nordeste, onde estão registrados o maior número de casos de microcefalia relacionados ao vírus Zika. O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado ontem (8), mostra que são 1.761 casos suspeitos em 422 municípios brasileiros, sendo que Pernambuco permanece como o estado com o maior número de casos (804). O ministro reforçou a necessidade de as mulheres, além de usarem repelente, priorizem roupas que deixam o corpo encoberto e, se possível, coloquem tela nos apartamentos.

PMDB no Congresso

Castro disse que foi surpreendido pelo pedido de peemedebistas, que se declaram contrários ao governo Dilma Rousseff, que protocolaram um pedido na Mesa Diretora da Câmara para substituição do líder da bancada do partido, passando do deputado Leonardo Picciani (RJ) para Leonardo Quintão (MG).

O ministro explicou que é prática do PMDB eleger o líder em votação secreta para um mandato de um ano e que o de Picciani iria até fevereiro. “Parece-me que houve contaminação [pelo processo de impeachment]. A maioria do PMDB, sem ir para eleição, se antecipou e assinou um documento”, disse.

O ministro da Saúde defendeu ainda que o pedido de impeachment de Dilma Roussef não tem base jurídica e que se trata de um “processo exclusivamente político”, o qual não cabe para o regime democrático presidencialista do Brasil.

“Se a presidenta Dilma cometeu alguma pedalada em 2014, era outro mandato, não vale para 2015. E este ano não terminou ainda e ninguém sabe como as contas serão fechadas. E a meta fiscal que tinha sido estabelecida, o Congresso Nacional mudou e ela está cumprindo a meta [que foi alterada]. Eu não chegaria a dizer que seria um golpe, mas teria a condição de dizer que não tem fundamento, portanto, é uma imposição de forças políticas”, disse.

 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando