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O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) anunciou a reabertura do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, na Bahia, à visitação de turistas a partir desta sexta-feira (8).

Na prática, a suspensão preventiva das visitas entrou em vigor na segunda-feira (4), dois dias após fragmentos do óleo que já poluiu praias, mangues e outros habitats dos nove estados da Região Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) terem atingido uma pequena área do parque nacional.

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A expectativa do ICMBio era autorizar a entrada de turistas na unidade de conservação às vésperas do feriado de 15 de novembro (Proclamação da República).

A reabertura do parque foi antecipada após cinco dias sem que novos fragmentos de óleo tenham sido encontrados na região. Em nota divulgada pelo ICMBio, o chefe do parque, Fernando Repinaldo Filho, garante que os vestígios recolhidos no último sábado não produziram impactos negativos diretos nem à fauna, nem à flora de Abrolhos.

Na terça-feira (5), o instituto afirmou não descartar a hipótese de as correntes marítimas voltarem a carregar novos fragmentos do produto para o arquipélago, que continua sendo monitorado não só por navios da Marinha e equipes do ICMBio, mas também por pesquisadores, ambientalistas, pescadores e mergulhadores autônomos.

Localizado a cerca de 70 quilômetros da cidade litorânea de Caravelas (BA), o parque nacional, criado em 1983, é uma das regiões mais ricas em biodiversidade marinha do Brasil e do Atlântico Sul, com estruturas de recifes únicas.

Segundo o ICMBio, a região é o principal berçário das baleias jubarte no Atlântico Sul e refúgio de espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção, além de aves marinhas que aproveitam o fato de as águas ao redor do arquipélago serem fartas em peixes e outras espécies marinhas. A pesca é fonte de subsistência de milhares de moradores da região.

Resíduos

Segundo o último balanço do Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), divulgado na noite desta quinta-feira (7), desde o fim de agosto, quando as primeiras manchas de óleo foram avistadas ao longo do litoral nordestino, cerca de 4.300 toneladas de resíduos contaminados por óleo já foram recolhidos. Além de petróleo bruto, este material é composto por areia, lonas, equipamentos de proteção individual (EPIs) e outros materiais utilizados para a coleta do material contaminado.

O último informe do grupo de acompanhamento formado pela Marinha, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aponta que, até ontem, era possível encontrar vestígios de óleo em ao menos sete das localidades atingidas até o momento: Cumbuco, Barra do Cauípe, no Ceará; e Maragogi, Japaratinga, Barra de São Miguel, Feliz Deserto e Piaçabuçu, em Alagoas.

A Marinha deslocou em caráter preventivo um grupo de 30 fuzileiros navais destacados para os municípios capixabas de Conceição da Barra e São Mateus, na divisa entre o Espírito Santo e a Bahia, monitorando a região a fim de antecipar a eventual chegada do óleo ao Espírito Santo, na região Sudeste.

Especialistas detectaram uma grande mancha de óleo no litoral do Nordeste dois dias antes da passagem do navio grego Bouboulina, apontado pela Polícia Federal como o principal suspeito pelo vazamento. A imagem, encontrada pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a 40 quilômetros do Rio Grande do Norte, levanta a hipótese de que o petroleiro grego não seja o responsável pelo derramamento. A Delta Tankers, dona do navio, nega envolvimento.

Segundo Humberto Barbosa, coordenador do Lapis e responsável pela análise da imagem, a mancha detectada teria 85 quilômetros de extensão por 1 quilômetro de largura. A imagem do Sentinel 1A é do dia 24 de julho e mostra a mancha de um fluido, "possivelmente associada a petróleo", segundo os cientistas, seguida por dois navios, um maior e outro menor. A embarcação de pequeno porte está mais próxima à mancha e poderia ser a fonte do vazamento.

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A embarcação detectada na imagem não pode ser o petroleiro Bouboulina, segundo Barbosa. Outra imagem do satélite europeu analisada pelo grupo de pesquisadores anteriormente revela que o navio grego só passou pelo local dois dias mais tarde, em 26 de julho. O laboratório da Ufal também acompanhou todo o itinerário do navio grego, da Venezuela até a Malásia. E sustenta que é improvável que seja o Bouboulina o causador do vazamento. "Verificamos que, aparentemente, não houve paradas do navio durante o percurso", disse Barbosa.

Em nota divulgada no sábado, a petroleira Delta Tankers, responsável pelo Bouboulina, afirmou que não havia provas de que o navio tivesse vazado óleo na costa do Brasil. O texto informava também que não havia indícios de que o navio tenha parado, realizado transferência de óleo para outra embarcação, desacelerado ou desviado de rota. O comunicado dizia ainda que toda a carga de óleo cru recebida na Venezuela foi entregue na Malásia.

Ontem, a empresa informou que tem toda a documentação que comprova que o Bouboulina não é o responsável pelo vazamento. A Delta prometeu entregar o material às autoridades.

Investigação

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o gabinete de crise, que responde por Marinha, Ibama e PF, informou que não vai se pronunciar sobre a investigação em andamento. O Estado também procurou a Hex Tecnologias Geoespaciais, empresa que fez a análise por satélite do óleo e de embarcações que circularam pela região, mas não conseguiu contato ontem. A companhia foi a responsável por enviar informações à PF. Em nota em seu site, a Hex afirma que "em nenhum momento atribuiu responsabilidades" pelo vazamento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto o óleo avança pelo litoral baiano, o Espírito Santo se mobiliza para enfrentar a possível chegada do poluente. Nos últimos dias, técnicos e militares foram treinados. Já comerciantes e donos de pousadas estão apreensivos com o efeito negativo da substância no litoral.

Caso o óleo chegue ao Sudeste, a projeção é que Riacho Doce, em Conceição da Barra, seja a primeira área afetada. Em todo o Nordeste, 353 localidades já foram atingidas.

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Superintendente do Ibama no Espírito Santo, Diego Libardi Leal disse que, caso o óleo chegue ao local, será necessário isolar a região, que poderá ficar imprópria para banho até que toda a limpeza seja finalizada.

"Temos uma equipe capacitada para atender à demanda. Faremos o isolamento, limpeza e depois liberamos a área. Temos 75 homens das Forças Armadas em São Mateus para atender a possíveis regiões afetadas. O produto recolhido do mar será colocado em tambores e descartado em um aterro na cidade de Vitória."

"Todo mundo está comentando na rua que pode acontecer um novo desastre", disse Sandra Nazer, gerente de um restaurante tradicional no litoral norte há mais de 40 anos. "Nossa vila é pequena e sofremos demais quando a lama atingiu o balneário", diz ela, referindo-se aos rejeitos da barragem que se rompeu em Mariana (MG), em novembro de 2015, e atingiram o Estado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para localizar possíveis manchas de óleo na costa do Espírito Santo, a Marinha deslocou, em caráter preventivo, 30 fuzileiros navais para Conceição da Barra e São Mateus, de modo a facilitar a atuação caso o óleo chegue ao estado. Uma equipe de profissionais da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e da Secretaria da Agricultura do Estado, com o apoio da Marinha, coletou amostras de água, sedimentos e fauna em dois municípios sergipanos: na praia do Viral e no Rio Vaza-Barris. As análises químicas servirão para determinar o grau de contaminação por óleo nas amostras.

O Grupo de Acompanhamento e Avaliação, formado pela Marinha, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que as praias dos estados do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco estão limpas, sem vestígios de óleo.

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As praias que estão com equipes de limpeza em andamento, devido ao aparecimento de óleo, são: Japaratinga, Barra de São Miguel, Coruripe, Feliz Deserto e Piaçabuçu, em Alagoas. Cumbuco e Barra do Cauípe, no Ceará, além de Coroa do Meio, em Sergipe e Cairu, na Bahia.

De acordo com o Ibama, foram contabilizadas aproximadamente, até agora, 4,3 mil toneladas de resíduos de óleo retirados das praias nordestinas. O Ibama informou que a contagem do material não inclui somente óleo, mas também areia, equipamentos de proteção individual utilizados na coleta, lonas, entre outros. O descarte vem sendo feito pelas secretarias de Meio Ambiente dos estados.

A possibilidade de o óleo ter chegado na praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, foi descartada. Depois que vídeos e fotos foram compartilhadas com o poder público da capital pernambucana, os órgãos confirmaram se tratar de um alarme falso.

A Defesa Civil, Guarda Municipal, Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), Brigada Ambiental e Vital Engenharia, responsável pela limpeza das praias, foram mobilizadas para a possível chegada da mancha. Horas depois, um drone e uma embarcação chegaram mais perto e confirmaram que a suposta mancha de óleo era apenas sargaço (alga marinha). 

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De acordo com Cássio Sinomar, Chefe da Defesa Civil do Recife, a prefeitura já tem o seu próprio plano de ação caso o óleo, que vem devastando o Nordeste, inclusive cidades vizinhas como Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, chegue na capital pernambucana.

“Nesse momento a gente recebeu uma informação de que existiria a possibilidade de chegada da mancha de óleo aqui na praia. De pronto foi articulado todo um plano de ação para que as equipes da prefeitura se deslocassem - seguindo o plano de ação. Mas já constatamos que se trata de sargaço”, afirmou Sinomar. 

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Fragmentos escuros na Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, estão sendo monitorados na tarde desta quarta-feira (5) sob suspeita de serem resíduos do vazamento de óleo. Estão no local, nas proximidades do Parque Dona Lindu, funcionários da Brigada Ambiental do Recife, Defesa Civil do Recife, Guarda Municipal, Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) e da empresa terceirizada Vital Engenharia Ambiental.

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Uma equipe com 200 funcionários de limpeza da Vital foi convocada à praia. A orientação é para que se preparem para uma possível remoção de óleo.

Os resíduos poderiam se tratar de sargaço, já que é uma área de mar com presença significativa dessas algas marinhas. O comportamento dos fragmentos no mar, entretanto, tem chamado a atenção. 

 O secretário-executivo da Defesa Civil, coronel Cássio Sinomar, também está no local. Ele informou que um drone e um barco foram acionados para fazer a observação aproximada.

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O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) decidiu prorrogar até o dia 14 próximo a suspensão de visitas ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos, no litoral da Bahia. A expectativa é que possa ser reaberto aos turistas no feriado de 15 de novembro (Proclamação da República).

Na prática, a suspensão das visitações entrou em vigor na segunda-feira (4), dois dias após fragmentos do óleo que já poluiu praias e mangues dos nove estados da Região Nordeste terem atingido uma pequena área do parque nacional.

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O ICMBio garante que, até o início da noite desta terça-feira (5), nenhum novo vestígio de óleo tinha sido encontrado na região. Ainda assim, por precaução,  optou por prorrogar a suspensão a fim de facilitar o trabalho de controle e remoção do óleo, e também para minimizar ao máximo os eventuais riscos à saúde de turistas.

Correntes marítimas

O instituto não descarta que as correntes marítimas podem voltar a carregar novos fragmentos do produto para o arquipélago, que está sendo monitorado não só por navios da Marinha e equipes do ICMBio, mas também por pesquisadores, ambientalistas, pescadores e mergulhadores autônomos.

Na segunda-feira (4), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, esteve em Abrolhos, onde acompanhou os trabalhos de limpeza e avaliação dos impactos ambientais desenvolvidos pelas equipes da Marinha e do ICMBio.

Naquela dia, o ministro garantiu que apenas “algumas poucas e pequenas manchas” de óleo bruto tinham chegado ao arquipélago, e que a substância poluente estava sendo “prontamente recolhida”, inclusive com a ajuda de pescadores voluntários.

Segundo o ICMBio, uma barreira de contenção foi montada no estuário do rio Caravelas para tentar impedir que o óleo atinja o local. Cedida pela empresa Suzano Papel e Celulose, a barreira de lona sintética tem 84 centímetros de altura, sendo que 42 centímetros ficam submersos.

Localizado a cerca de 70 quilômetros da cidade litorânea de Caravelas (BA), o parque nacional, criado em 1983, é uma das regiões mais ricas em biodiversidade marinha do Brasil e do Atlântico Sul, com estruturas de recifes únicas.

Segundo o ICMBio, a região é o principal berçário das baleias jubarte no Atlântico Sul e refúgio de espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção, além de aves marinhas que aproveitam o fato de as águas ao redor do arquipélago serem fartas em peixes e outras espécies marinhas, o que faz da pesca fonte de subsistência de milhares de moradores da região.

Na segunda-feira, a Agência Brasil conversou, por telefone, com funcionárias de empresas de turismo autorizadas a transportar os visitantes de Caravelas até o arquipélago dos Abrolhos.

Explicando que, inicialmente, a repercussão da suspensão das visitas por três dias não causaria grande impacto para as operadoras turísticas, pois a temporada de observação de baleias jubarte está perto do fim e as férias de fim  de ano ainda não começaram, as pessoas entrevistadas disseram temer mais a repercussão negativa das notícias sobre a presença de óleo na região.

Desde o fim de agosto, quando manchas de óleo começaram a ser avistadas ao longo do litoral nordestino, a substância de origem desconhecida já atingiu Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Óleo recolhido

Segundo o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), até o último sábado cerca de 4,3 mil toneladas de resíduos de óleo já tinham sido recolhidas das praias nordestinas.

Ao todo, 3.370 militares da Marinha, além de 27 embarcações da Marinha (23) e da Petrobras (4); 15 aeronaves; 140 viaturas e servidores do Ibama, do ICMBio e da Petrobras atuam na operação.

Além disso, a Polícia Federal (PF) tenta identificar os responsáveis por este que já é o maior desastre ecológico em extensão ocorrido no Brasil. Investigadores suspeitam que o óleo pode ter sido derramado por um navio de bandeira grega, o Bouboulina, a 700 km da costa brasileira.

Na sexta-feira (1º), a PF deflagrou uma operação (Mácula) e, com autorização judicial, apreendeu documentos em escritórios de empresas ligadas à proprietária do Bouboulina, a empresa Delta Tankers – que já negou ter qualquer relação com o óleo e afirma poder comprovar a regularidade de suas operações. Estudos da Petrobras atestam que o óleo cru é proveniente de campos petrolíferos na Venezuela, onde o Boubolina aportou recentemente.

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse ontem que não sabe a quantidade de óleo derramado que ainda poderá atingir o litoral brasileiro. Até anteontem, 321 localidades, de 125 municípios, haviam sido afetadas. "É uma situação inédita. Esse desastre nunca aconteceu no Brasil ou no mundo. Esse tipo de óleo não é perceptível pelo radar, pelo satélite. Não sabemos a quantidade de (óleo) derramado que está por vir", afirmou Azevedo e Silva.

A declaração do ministro foi uma resposta a uma fala do presidente Jair Bolsonaro, no domingo (3), sobre o derramamento de óleo. O presidente disse que o "pior está por vir" e que uma "catástrofe ainda maior está para acontecer", sem, no entanto, dar detalhes. Ontem, o porta-voz da presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse que as declarações de Bolsonaro foram feitas antes de ele receber informações da Defesa.

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O governo federal anunciou ontem o início da segunda etapa da Operação Amazônia Azul - Mar Limpo é Vida, para conter o avanço do óleo. As Forças Armadas devem realizar "ações humanitárias relacionadas ao meio ambiente, cooperação na recuperação de áreas marítimas atingidas e monitoramento das águas jurisdicionais do Brasil", informou a Defesa.

Azevedo e Silva disse que as ações da pasta ocorrem em três frentes: apuração sobre responsáveis, identificação das manchas de óleo no mar e contenção de danos nas praias. Ainda não foi determinada a causa e a responsabilidade pelo derramamento do poluente. A Polícia Federal apontou o navio Bouboulina, de bandeira grega, como o principal suspeito pelo vazamento, mas a empresa Delta Tankers, dona da embarcação, nega irregularidades.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indicou que foram recolhidas quase 4 mil toneladas de resíduos de óleo das praias, mas manchas voltaram a aparecer ontem em algumas regiões.

Comandante de Operações Navais da Marinha, Leonardo Puntel afirmou que diminuiu a quantidade de óleo que chega às praias. Mas, assim como Azevedo e Silva, disse que não é possível estimar um prazo para o fim do problema. "Como o óleo navega submerso, é muito difícil detectá-lo", afirmou.

Bolsonaro esteve na Defesa, ontem, para receber informações sobre as investigações. Já o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi ao Parque Nacional de Abrolhos, no sul da Bahia. No fim de semana, o poluente chegou a uma ilha do Arquipélago de Abrolhos, uma das áreas mais ricas em biodiversidade da América do Sul, e a visitação no parque foi suspensa para não atrapalhar atividades de remoção dos fragmentos de óleo e minimizar "possíveis danos à saúde dos visitantes", informou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Investigação

O governo brasileiro pediu, por meio da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), informações à Delta Tankers sobre o navio Bouboulina. "Ela vai tomar conhecimento da investigação toda e vai ter oportunidade de apresentar estes documentos que alega ter", disse ontem o delegado Franco Perazzoni, chefe do serviço de geointeligência da Polícia Federal (PF).

No fim de semana, a empresa afirmou que uma investigação em material de câmeras e sensores de suas embarcações não encontrou evidências de que o navio "tenha parado para fazer qualquer tipo de operação entre dois navios, vazado óleo, desacelerado e desviado do seu curso, na passagem da Venezuela para Malaca, na Malásia".

Segundo a PF, a embarcação partiu dos Estados Unidos em maio, atracou e abasteceu na Venezuela em meados de julho e, em seguida, passou pela costa brasileira, a 730 quilômetros da Paraíba, com destino a Cingapura. Perazzoni ponderou que a empresa é suspeita, mas não foi indiciada. "A gente vai reunir todos estes elementos e avaliar."

Segundo Puntel, foram abertos ainda dois inquéritos administrativos sobre o caso, por crime ambiental e para apurar fatos de navegação. A PF informou que o Brasil aguarda informações sobre o navio pedidas via cooperação internacional a Cingapura, Venezuela, África do Sul, Nigéria e Grécia. ( COLABOROU LÍGIA FORMENTI)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, disse nessa segunda-feira (4) que a reparação do dano ambiental provocado pelo óleo em praias do Nordeste "com certeza" será na "casa dos bilhões". A responsabilização depende ainda da conclusão das investigações.

De acordo com Bim, mais de uma multa ambiental pode ser aplicada em casos desta proporção. Cada uma delas tem valor máximo de R$ 50 milhões.

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Segundo o delegado Franco Perazzoni, chefe do serviço de geointeligência da Polícia Federal, diversas medidas de "descapitalização" do responsável pela tragédia também são possíveis, além da multa, como sequestro de bens e arresto.

Ele disse que os danos pelo derramamento de óleo são de "tal monta" que acabam sendo irreparáveis. A pena para crimes como de poluição, não notificar incidentes ao mar e delito ambiental pode chegar a 10 anos, segundo Perazzoni.

Advogados ouvidos pelo Estado avaliaram que, além da questão ambiental, também poderão ser cobradas indenizações pelo prejuízo causado a trabalhadores, como pescadores e donos de pousadas em áreas turísticas afetadas. No caso da pesca, há relatos de dificuldade em vender os produtos, uma vez que a população teme a contaminação.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai avaliar os riscos do consumo após resultado de análises encomendadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No momento crítico que os manguezais estão passando, em meio ao derramamento de óleo no Nordeste, o governo federal fez uma alteração em um plano de proteção que pode vir a fragilizá-los ainda mais. À revelia de pareceres contrários de seu corpo técnico, o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) publicou no dia 30 uma alteração no Plano de Ação Nacional (PAN), revogando um item que previa ações para a erradicação de carcinicultura (criação de camarão em cativeiro) e a recuperação dos sistemas já afetados.

A mudança foi feita após pedido do secretário da Pesca, Jorge Seif Júnior - o mesmo que afirmou na quinta-feira (31) que os peixes são inteligentes e fogem quando veem óleo e, por isso, não haveria problema em comer pescado no Nordeste. A secretaria é ligada ao Ministério da Agricultura.

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De acordo com o ICMBio, os PANs são instrumentos de políticas públicas que identificam e orientam ações prioritárias para combater as ameaças que põem em risco populações de espécies e os ambientes naturais. Existem PANs para mais de 60% das espécies brasileiras ameaçadas de extinção. O dos manguezais foi o primeiro a contemplar todo um ecossistema. Cada PAN conta com um grupo de assessoramento técnico (GAT), mas todos foram extintos no começo deste ano quando o presidente Jair Bolsonaro decretou um "revogaço". Por isso, precisaram ser reeditados.

Criado em janeiro de 2015, o PAN Manguezal tinha vigência até janeiro do ano que vem. Ele foi republicado por meio de portaria do ICMBio no dia 10 de setembro, nos mesmos termos da versão original. Logo na sequência, conforme apurou o Estado, Seif Júnior entrou em contato com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pedindo a revogação do objetivo 9 do PAN - justamente o que estabelecia ações contra a carcinicultura. No dia 16, ele enviou um ofício formal ao presidente do ICMBio, Homero de Giorge Cerqueira, alegando que o item contraria o Código Florestal.

A lei, reformulada em 2012, considera manguezais como áreas de preservação permanente, mas permite cultivos no chamado apicum, um trecho mais seco e sem árvores. O Estado teve acesso a toda a documentação do processo interno dentro do ICMBio. Houve várias manifestações técnicas das coordenações responsáveis a favor do objetivo 9 e até mesmo um parecer jurídico da Procuradoria Federal especializada.

Explicação

A carcinicultura, explica a oceanógrafa Yara Schaeffer-Novelli, professora sênior da USP, é considerada danosa para o sensível ambiente dos manguezais, que servem de berçário para diversas espécies, além de serem fonte econômica para diversas comunidades de pescadores e marisqueiras. Yara fez parte do GAT até o começo deste ano, quando foi extinto. Ela estava fazendo justamente um estudo sobre impacto da carcinicultura nos manguezais. "A exclusão desse item acaba fazendo com que esses resultados acabem sendo jogados para debaixo do tapete."

Segundo ela, um dos problemas é que os manguezais são ecossistemas de usos múltiplos. "A carcinicultura acaba tirando isso. Além disso, é introduzida uma espécie exótica naquele ambiente e os despejos da água dos tanques, com alimentação dos camarões, com antibióticos, vão parar no estuário", explica Yara. A pesquisadora lembra ainda que a maior parte dessas fazendas de camarão está justamente no Rio Grande do Norte e no Ceará, alguns dos Estados mais afetados pelas manchas de óleo. Ela pondera também que, apesar da permissão do Código Florestal, boa parte do cultivo é ilegal e escapa dos apicuns, atingindo outras áreas dos manguezais. O ICMBio, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura foram procurados, mas não se manifestaram.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dois porta-aviões e uma fragata da Marinha partiram do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (4) para atuar em ações humanitárias relacionadas ao meio ambiente, na recuperação de áreas atingidas pelo óleo e no monitoramento das praias da região.

Com previsão de chegada no próximo domingo (10), os porta-aviões Atlântico e Bahia e a fragata Liberal levam mais de 2 mil militares, entre os quais 725 fuzileiros navais. Também estão sendo transportados oito helicópteros, que atuarão em conjunto com a Força Aérea Brasileira (FAB).

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Até agora, mais de 3.370 militares da Marinha, com apoio de 23 navios da esquadra, além de mais quatro da Petrobras, estão trabalhando para reverter a situação no litoral do Nordeste, atingido há mais de dois meses por resíduos de óleo cru. As ações contam também com o apoio de 5 mil militares do Exército, que dispõem de 140 viaturas e equipamentos. Também auxiliam os trabalhos 15 aeronaves da Marinha, da Força Aérea Brasileira (FAB), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Petrobras.

O Grupo de Acompanhamento e Avaliação do governo informou hoje que as praias dos estados do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco não apresentam, no momento, resíduos de óleo.

Em Alagoas, as praias de Maragogi, Japaratinga, Barra de São Miguel e Coruripe estão com vestígios de óleo. Em Sergipe, as praias atingidas são: Artistas, Aruana, Mosqueiro e Náufragos. Na Bahia, as Forças Armadas e equipes de voluntários trabalham na limpeza das praias em Jacuípe, Itacimirim, Flamengo, Barra Grande e Cairu.

De acordo com levantamento feito pelo Ibama, até o dia de hoje foram contabilizadas cerca de 4.200 toneladas de resíduos de óleo retirados das praias nordestinas. O descarte do material é feito pelas secretarias de Meio Ambiente dos estados.

A Marinha e o Ibama trabalham em conjunto com o Laboratório de Biologia Pesqueira da Universidade Estadual de Feira de Santana e o Laboratório de Gestão Territorial e Educação Popular da Universidade Federal da Bahia, além de pescadores e gestores de áreas de proteção ambiental do Estado, com a finalidade de elaborar procedimentos para a prevenção da contaminação dos estuários e costa.

O Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) disponibilizou à Marinha diversas redes de pesca apreendidas em operações que foram distribuídas às colônias de pescadores de Caravelas, Alcobaça, Prado, Nova Viçosa e Mucuripe, na Bahia, com objetivo de serem empregadas para a contenção de resíduos oleosos.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda não decidiu se vai instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o vazamento de óleo no Nordeste. Ele previa tomar a decisão nesta segunda-feira (4), mas hoje, cumprindo agenda em Pernambuco, afirmou que decisão será tomada até a terça-feira (5).

 De acordo com Maia, os deputados do Nordeste serão procurados. "Vou ouvir os prós e contras e depois vamos decidir sobre ela [CPI]", disse.

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 O pedido para a instalação da CPI foi apresentado pelo deputado João Campos (PSB-PE). O requerimento apresentado à Secretaria Geral da Mesa da Câmara contou com assinatura de 250 deputados. 

 Na última semana, Maia já havia demonstrado preocupação de que a CPI virasse espaço de disputa político-partidária entre o governo federal e os governos do Nordeste. Existe ainda o temor que a instalação da comissão resulte em prejuízos para o setor hoteleiro na região.

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Paulo Câmara rebateu a liberação do consumo de pescados de áreas atingidas por petróleo cru feita pelo secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif. O governador de Pernambuco questionou a falta de um laudo que comprove a qualidade dos pescados e revelou que, ainda nesta semana, sairá o resultado de uma pesquisa encomendada pelo Governo do Estado sobre o tema.

“Cadê o exame, cadê a prova de que pode? Não há nenhum risco de contaminação? Tudo isso a população pede respostas e nós também”, questionou o governante do PSB ao HuffPost Brasil.

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Sem estudos comprobatórios, Câmara pontuou o descompromisso do Governo Federal e informou que, ainda nesta semana, os pernambucanos terão o resultado de um laudo sobre os peixes locais. “Estamos contratando as universidades e aguardamos para 8 de novembro a análise da água para mostrar se há existência de hidrocarbonetos e outros produtos químicos — benzeno, tolueno, xileno e etilbenzeno. Já foi mandada amostra para exame da qualidade da água e também da qualidade do solo. Contratamos também, a partir da Universidade Rural de Pernambuco, para se fazer exames em amostras de pescados, em vários tipos, buscando saber se há algum risco para a saúde ou não, em áreas que possam ter sido contaminadas”

O representante também desaprovou a live que incentivava o consumo de peixes, feita pelo presidente Jair Bolsonaro junto ao secretário de Agricultura e Pesca, na qual afirmou que o peixe é 'inteligente e foge ao ver uma manta de óleo'. "Quando se fala em uma live que pode comer os peixes, a gente entende que deve ter tido algum teste, em alguma área infectada e deve ter dado negativo, mas nunca nos foi apresentado. Então, é importante também ter transparência de todos esses procedimentos, porque isso é fundamental".

Dois dias após fragmentos do óleo que já poluiu praias e mangues dos nove estados da Região Nordeste ter atingido uma pequena área do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade(ICMBio) decidiu suspender, temporariamente, as visitas de turistas à unidade de conservação.

Localizado a cerca de 70 quilômetros (km) da cidade de Caravelas (BA), o parque nacional, criado em 1983, tem uma das mais rica biodiversidade marinha do Brasil e do Atlântico Sul, com estruturas de recifes únicas. Segundo o ICMBio, a região é o principal berçário das baleias jubarte no Atlântico Sul e refúgio de espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção, além de aves marinhas que aproveitam o fato de as águas ao redor do arquipélago serem fartas em peixes e outras espécies marinhas – o que faz da pesca fonte de subsistência de milhares de moradores da região.

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Anunciada na tarde deste domingo (3), a suspensão das visitas entrou em vigor hoje (4). Inicialmente, a medida deve vigorar por três dias, mas pode ser prorrogada caso as ações de remoção do óleo não surta efeito até esta quarta-feira (6) ou novas manchas de óleo atinjam a região.

Visitas

As visitas foram suspensas para que a presença de turistas não atrapalhe o serviço de limpeza e controle das áreas já afetadas. Funcionários de empresas de turismo autorizadas a transportar os visitantes de Caravelas até o arquipélago dos Abrolhos entrevistados pela Agência Brasil disseram esperar que não seja necessário ampliar o período de suspensão das visitas.

Segundo Daniela Figueiredo, vendedora de uma das operadoras de passeios turísticos credenciadas, os “pequenos fragmentos de óleo” encontrados no sábado estavam concentrados em um pequeno trecho da Ilha de Santa Barbara, não tendo, até agora, sido avistados em outros pontos do arquipélago, de 87.943 hectares distribuídos por cinco ilhas. Um hectare corresponde a aproximadamente às medidas de um campo de futebol oficial.

“O que chegou no arquipélago, entre a Ilha de Santa Barbara e o Portinho Norte, foram pequenas bolotas de óleo. Para facilitar o recolhimento dos resíduos, o chefe do parque nacional [Fernando Pedro Marinho Repinaldo Filho] determinou a suspensão das visitas por três dias”, disse Daniela.

A empresa em que trabalha, a Horizonte Aberto, foi comunicada da decisão na tarde deste domingo (3). “Embora não vejamos a necessidade disso, já que, até o momento, a área atingida é pequena, compreendemos que se trata de uma questão de precaução”, disse Daniela, acrescentando que, no sábado (2), a empresa levou um grupo de mergulhadores esportivos até o local e “não vimos nada de alarmante, embora, de fato, estejamos torcendo para que nada de pior aconteça”.

Já Gislene Amaro dos Santos, auxiliar administrativa de outra empresa de turismo, teme a repercussão negativa das notícias de óleo na região. “Segundo nos informaram, as visitas serão suspensas só por três dias, e apenas para facilitar a limpeza dos fragmentos de óleo que chegaram à região. Não sabemos ainda o impacto futuro que isso pode ter, se as pessoas, vendo as notícias na TV, podem decidir adiar ou até desistir de vir conhecer à região, cancelar viagens que já estavam programadas.”

De acordo com Gislene, como a temporada de observação de baleias jubarte já está chegando ao fim e a temporada de verão ainda não começou, a suspensão temporária das visitas tende a não causar um grande impacto imediato para as operadoras turísticas. “Mas temos que esperar e torcer para que o problema seja logo resolvido, que os locais já afetados sejam limpos e que não voltem a ser atingidos”, disse Gislene, acrescentando que embarcações locais e moradores da região têm ajudado na limpeza e monitoramento do óleo.

Prefeitura

Nas redes sociais, a prefeitura de Caravelas, em cujas praias o óleo começou a ser encontrado na sexta-feira (1), informou que a limpeza estava a cargo não só de funcionários das secretarias municipais de Obras, Meio Ambiente e Saúde, mas também de voluntários, que se organizaram para ajudar. A prefeitura também alerta os munícipes e turistas a evitarem o contato direto com a substância sem o uso de equipamentos adequados, tais como luva de borracha, máscara, botas. O recomendável é que, caso necessário, utilize-se pás ou algum objeto para remover o óleo, que deve ser armazenado em sacolas resistentes ou baldes.

Desde o fim de agosto, quando manchas de óleo cru começaram a ser avistadas ao longo do litoral nordestino, a substância de origem desconhecida já atingiu os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Segundo o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), até o último sábado (2), mais de 3,8 mil toneladas de resíduos de óleo já tinham sido recolhidas.

Segundo investigações da Polícia Federal, há suspeitas de que o óleo tenha sido derramado por um navio de bandeira grega, o Bouboulina, a cerca de 700 km da costa brasileira. Estudos da Petrobras atestam que o óleo cru é proveniente de campos petrolíferos na Venezuela.

O volume de petróleo que chegou às praias do Nordeste e foi recolhido até agora representa apenas uma pequena quantidade do que foi derramado, "então, o pior ainda está por vir". A declaração foi dada pelo presidente Jair Bolsonaro, durante entrevista veiculada na noite deste domingo (3) na TV Record. "Temos um anúncio de uma catástrofe ainda maior que está para acontecer por causa desse vazamento que, pelo que tudo parece, foi criminoso", acrescentou.

O presidente comentou sobre a possibilidade de nem todo o óleo derramado chegar às praias brasileiras, "se bem que, as correntes, tudo indica, foram para a costa do Brasil" admitiu. "Ele pode ter passado pelo Brasil e retornado para costa africana e para outro local qualquer", sugeriu. Bolsonaro reiterou que todos os indícios levam para o derramamento tenha sido feito pelo cargueiro grego, de forma criminosa. "Falta apenas bater o martelo", disse.

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Na semana passada, a Polícia Federal informou que a partir da localização da mancha inicial de petróleo cru, a aproximadamente 700 quilômetros da costa brasileira, foi possível identificar um único navio petroleiro de origem grega que navegou pela área suspeita entre os dias 28 e 29 de julho, datas em que se suspeita que o derramamento tenha ocorrido. O presidente também disse que quando as manchas começaram a aparecer na praias da Paraíba, em 2 de setembro, ninguém imaginava o tamanho da catástrofe, mas Forças Armadas, Ibama, ICMBio, prefeituras e voluntários passaram a atuar na limpeza das praias. "Conforme foram avolumando a quantidade de óleo, outras medidas foram tomadas", disse o presidente, tentando rechaçar as críticas de que o governo demorou a tomar atitude para combater as manchas.

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, destacou no domingo (3) que a força-tarefa formada por agentes públicos de diversas instâncias, pescadores e voluntários tentará conter a poluição por óleo que atingiu neste fim de semana o Arquipélago de Abrolhos, no sul da Bahia. Um plano de contenção civil está sendo executado desde o dia 12 e já evitou a chegada à área de 19,2 mil quilos de resíduos.

Silva sobrevoou Abrolhos no domingo e destacou que nenhuma mancha havia sido relatada e a limpeza do material encontrado sábado estava em andamento. Segundo ele, foi montado um cerco com seis embarcações, quatro da Marinha e duas da Petrobrás. "E temos também lançado botes e mergulhadores nossos para fazer vistoria nos corais. Isso sem contar o pessoal do ICMBio (ambiental). E há a participação fundamental das pequenas embarcações - que só elas podem entrar em alguns lugares. Se precisar, ainda mobilizaremos o Exército."

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A Associação Mãe Reserva Extrativista de Canavieiras (Resex), que trabalha com pescadores e voluntários, observou que a primeira mancha de petróleo foi relatada no dia - com 120 quilos de óleo. Chamada de "SOS Mangue Mar Canes", a iniciativa já retirou quase 20 mil quilos de poluentes de dentro do mar e da faixa de areia. De acordo com Carlos Pinto, da Resex, a região é monitorada 24 horas, com aval do ICMBio, que ajuda com transporte e alimentação, além de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). "Nossa equipe está agindo em caráter de urgência mesmo. Como o vento mudou de direção, pode ser que isso colabore com a chegada de mais óleo", completa.

Ele destaca o risco à economia local, pois mais de 2,5 mil famílias sobrevivem da venda de pescados. "Quando não encontrarmos mais nada, ainda vamos observar por mais 15 a 30 dias."

Investigação

O total de resíduos retirados de praias do Nordeste já chega a 4 mil toneladas. Silva reiterou ontem que a investigação sobre o derrame foca no navio Bouboulina, sem dar detalhes. A empresa do petroleiro nega vazamento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Assustados com a chegada de manchas enormes de petróleo a suas praias paradisíacas, moradores de Pernambuco se organizaram rapidamente para limpar o estado. Mas duas semanas depois, com as praias já sem vestígios de óleo, eles temem que seja tarde demais para salvar a alta temporada do turismo, que se aproxima.

Moradores das praias do Paiva e Itapuama e da Enseada dos Corais, cerca de 30km ao sul do Recife, contam que quando a maré negra apareceu - quase dois meses depois do surgimento das primeiras manchas, na Paraíba - eles estavam sozinhos, sem equipamento de proteção ou conhecimento sobre como enfrentar o desastre.

Pescadores, guias de turismo, trabalhadores das praias e vizinhos se jogaram no mar para tentar capturar a massa viscosa, em meio ao odor penetrante de combustível.

"Fiquei impactada, porque tinha gente entrando no mar sem luva, sem equipamento nenhum, em meio àquele óleo. Nunca tinha acontecido isso", conta a vendedora de coco Glaucia de Lima, 35, que continua limpando voluntariamente as pequenas partículas que chegam.

A correria inicial de funcionários e voluntários se reduziu. Com um misto de tristeza e euforia, eles mostram no celular imagens daqueles dias de caos, principalmente de um menino saindo do mar com o corpo coberto de petróleo.

O governo federal, através da Marinha, informou que, desde o começo do desastre, mobilizou mais de 2,7 mil militares, dezenas de navios e aviões para monitorar o vazamento, e que reforçou o número de agentes de controle ambiental em terra. Mas entre os moradores dos locais afetados, a ajuda é considerada tardia e insuficiente.

- Natureza pede socorro -

A areia agora parece limpa, se vista de longe. Mas a poucos quilômetros de distância, no rio Massangana, o óleo está impregnado nas raízes de um manguezal, bioma de transição entre as águas do rio e do mar.

"Estamos vendo que a natureza pede socorro. Não tem como esperar" que o poder público realize a limpeza, alerta o marisqueiro Vandécio Santana, que, vestindo um macacão branco impermeável, luvas industriais e colete salva-vidas, retira do manguezal outra sacola contendo sedimento orgânico contaminado.

Vandécio se tornou um dos rostos da tragédia ao denunciar, aos gritos, as consequências de não se responder ao vazamento a tempo, em um vídeo que viralizou na internet e o levou a dar entrevistas na TV.

- O que acontecerá com o turismo? -

Enquanto aguardam os resultados químicos que dirão se a água de suas praias está própria para o banho e os frutos do mar estão aptos para o consumo, os moradores do sul de Pernambuco se perguntam como o problema afetará a alta temporada do turismo, às vésperas das festas de fim de ano.

Giovana Eulina é guia de ecoturismo, professora de gestão ambiental e conhece a fundo o município de Cabo de Santo Agostinho: “Vai prejudicar o turismo? Vai. Vai ser necessário trabalhar em alguma campanha para incentivar as pessoas a virem para cá."

A experiência de Giovana contrasta com a da turista Beatriz Bastos, gerente de loja, que aproveita seu último dia de férias com amigas na praia de Calhetas, uma pequena enseada de águas cristalinas em Pernambuco. Em seu itinerário desde Maceió, em que passou pelas famosas piscinas naturais de Maragogi, em Alagoas, elas quase não perceberam os efeitos do vazamento.

"Teve uma praia só em que a gente encontrou um pouquinho de mancha, que ficou no pé. Vimos muitos turistas, os hotéis, pousadas e praias estavam cheios, nenhum lugar estava vazio", contou Beatriz.

Vizinhos de Cabo de Santo Agostinho e outros municípios do sul de Pernambuco convocaram para este domingo um grande ato para agradecer aos voluntários por seu trabalho e mostrar aos turistas que as praias estão limpas. "Vamos abraçar a praia, mostrar que os turistas têm que vir, não deixem de vir não, porque está amenizando", pede a vendedora Gláucia.

Desde o início do aparecimento de manchas de óleo nas praias nordestinas, mais de 4 mil toneladas de resíduos já foram retirados desses locais, informou neste sábado (2) o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha do Brasil (MB), Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O descarte desse material é feito pelas secretarias de Meio Ambiente dos estados. 

Em nota, o GAA informou também que "foram detectados e removidos pequenos fragmentos de óleo em Ponta da Baleia, em Caravelas e na Ilha de Santa Bárbara, em Abrolhos-BA, por equipes e navios da Marinha, juntamente com o ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]".

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De acordo com o grupo, de maneira a incrementar a prevenção da chegada do óleo a Abrolhos, os seguintes navios da Marinha permanecem atuando e monitorando a região: fragatas Independência e Constituição, Navio de Desembarque de Carros de Combate Almirante Saboia, Navio Varredor Atalaia, Navio Oceanográfico Antares, Navio-Tanque Almirante Gastão Motta, Corveta Caboclo e Navios OSRV Viking Surf e Mar Limpo IV da Petrobras.

No dia 31 de outubro, de acordo com a nota, o GAA solicitou à Petrobras a transferência da área monitorada pelo satélite CosmoSkymed, da Bacia de Campos (Rio de Janeiro) para a região de Abrolhos, com objetivo de incrementar o monitoramento.

A notícia positiva, de acordo com o GAA, é que estão limpas as praias do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco. As localidades que ainda permanecem com vestígios de óleo e com ações de limpeza em andamento são as seguintes: Maragogi, Japaratinga, Barra de São Miguel, Coruripe, Feliz Deserto e Piaçabuçu, em Alagoas; Artista, em Sergipe; Arembepe, Berlinque, Barra Grande, Cueira, Pratigi, Alcobaça, Mar Moreno e Piracanga, na Bahia.

Neste sábado, de acordo com a nota, foram empregados nos trabalhos de limpeza das praias e observação marítima 15 navios, quatro aeronaves, três drones e mais de 2.350 militares e 85 servidores do Ibama e ICMBio. 

A nota faz um levantamento dos equipamentos e de pessoas até o momento empregados na prevenção e limpeza do óleo que chega às praias nordestinas: mais de 3.370 militares da Marinha, 26 navios, sendo 22 da Marinha e quatro da Petrobras, 14 aeronaves, sendo três da Marinha, seis da Força Aérea Brasileira (FAB), três do Ibama e dois da Petrobras. Também foram mobilizados 5 mil militares e 140 viaturas do Exército Brasileiro, 140 servidores do Ibama, 40 do ICMBio e 440 funcionários da Petrobras. 

De acordo com a nota, a Operação Amazônia Azul – Mar Limpo é Vida, em fase final de planejamento, terá início a partir da próxima semana. A Marinha realizará, em conjunto com o Exército e a FAB, ações humanitárias relacionadas ao meio ambiente, cooperação na recuperação de áreas marítimas atingidas e monitoramento das águas jurisdicionais brasileiras.

A nota afirma, por último, que a "gravidade, a extensão e o ineditismo desse crime ambiental exigem constante avaliação da estrutura e dos recursos materiais e humanos empregados, no tempo e na quantitade que for necessária".

A empresa gestora Delta Tankers Ltd, do petroleiro grego Bouboulina, "principal suspeito", segundo autoridades brasileiras, pelo vazamento de petróleo no litoral nordeste do país, negou neste sábado estar envolvida na poluição.

O navio, que fazia o trajeto da Venezuela à Malásia, "chegou a seu destino sem problemas e descarregou toda a carga sem perdas", afirma um comunicado da empresa.

"Não há evidências de que o navio parou, realizou qualquer tipo de operação STS (de navio para navio), sofreu algum vazamento, ou desviou-se de sua rota, em seu caminho da Venezuela para Melaka, na Malásia", afirma a empresa.

A companhia de navegação, com sede em Atenas, disse ter realizado "uma investigação completa do material das câmeras e sensores que todos os nossos navios carregam como parte de nossa política de segurança e respeito ao meio ambiente".

A Delta Tankers explicou que o "Bouboulina" saiu da Venezuela em 19 de julho e "foi diretamente, sem parar em nenhum outro lugar, para Melaka, na Malásia, onde descarregou sua carga total sem perdas".

Antes, autoridades gregas afirmaram, neste sábado, que, no total, cinco navios, incluindo um grego, eram suspeitos da mancha de óleo que polui mais de 2.000 km de litoral no Nordeste do Brasil.

"Investigações realizadas no Brasil mostraram que cinco navios de diferentes países são suspeitos, incluindo um grego", disse à AFP um chefe da assessoria de imprensa da polícia portuária grega, subordinada ao Ministério da Marinha Mercante.

A fonte, que solicitou anonimato, não divulgou os nomes dos navios ou a quais empresas pertencem, apenas enfatizou que "as autoridades gregas realizarão verificações escrupulosas se esses navios atracarem em um porto do país", sem fornecer mais informações sobre o assunto.

Nesta sexta-feira, autoridades brasileiras anunciaram que o "Bouboulina", um navio-tanque de bandeira grega, era o "principal suspeito" da mancha negra.

A primeira mancha foi identificada em 29 de julho, a cerca de 700 km do litoral da Paraíba, enquanto os primeiros rastros de petróleo chegaram em terra no dia 30 de agosto. Desde então, sua origem é um mistério.

O Ministério da Defesa, a Marinha e a Polícia Federal brasileiros explicaram ontem, em declaração conjunta, que identificaram graças a dados de satélite o navio de bandeira grega que estava transportando petróleo bruto de um terminal de petróleo na Venezuela e se dirigia para a África do Sul.

Autoridades brasileiras ainda tentam determinar se o derramamento foi "acidental ou intencional", e pediram "a cooperação internacional através da Interpol", segundo a Polícia Federal.

O site G1 acompanhou a jornada do navio grego "Bouboulina", atualmente na África do Sul: depois de permanecer nos Estados Unidos por quatro dias devido a problemas técnicos, ele reabasteceu na Venezuela, antes de continuar para a Malásia e, depois, para a África do Sul.

Por seu lado, a polícia portuária grega indicou que os cinco navios suspeitos "deixaram o Brasil", mas não especificaram seu destino.

A Marinha confirmou neste sábado, 2, que fragmentos do óleo que atinge as praias do Nordeste foram encontrados em uma das ilhas do arquipélago de Abrolhos, localizado no sul da Bahia, região que é umas das áreas mais ricas em biodiversidade da América da Sul. As partículas foram detectadas na Ilha de Santa Bárbara, que não faz parte do Parque Nacional Marinho de Abrolhos.

Equipes atuam no local para a remoção do material, que também foi encontrado em Ponta da Baleia, em Caravelas. A localização dos fragmentos encontrados foi informada pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha do Brasil, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

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Na última quarta-feira, 30, uma equipe do Ibama sobrevoou o local e não encontrou vestígios de óleo na região. Com a possibilidade de chegada das manchas, que estavam se deslocando para o sul da Bahia, o monitoramento na área do entorno do arquipélago tinha sido intensificado.

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