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A empresa grega Delta Tankers, dona do navio Bouboulina, apontado ontem como responsável pelo vazamento do óleo que atingiu o litoral brasileiro, pode ser condenada a pagar multa de até R$ 50 milhões aos órgãos ambientais brasileiros por crime ambiental. Além disso, pode ter de indenizar todos os trabalhadores afetados pela sujeira, incluindo pescadores e donos de pousadas, de acordo com o prejuízo de cada um, e os governos federal, estaduais e municipais, conforme o gasto que tiveram com a operação de contenção e recolhimento do óleo, segundo advogados consultados por O Estado de S. Paulo.

O valor total que pode ser cobrado da empresa, portanto, ainda é impossível de calcular, porque os prejuízos vêm aumentando. "Esse tipo de acidente envolve tanto o Direito Ambiental como o Direito Marítimo, cujas regras acabam se entrelaçando, e o foco principal é o prejuízo ambiental. Os processos devem tramitar na Justiça Federal, e cabe à empresa acusada a responsabilidade de provar que não foi ela. Claro que a investigação precisa apontar algum nexo causal, como por exemplo a constatação de que esse navio foi o único que transportava petróleo e passou pela região atingida, em datas compatíveis. Apontada essa ligação, o ônus da prova passa aos acusados, a quem caberá demonstrar que não foram eles os responsáveis pelo acidente", afirma Flávia Limmer, professora de Direito Ambiental e Direito do Petróleo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

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Notificação

O advogado Godofredo Mendes Vianna, sócio do escritório Kincaid e presidente da Comissão de Direito Marítimo e Portuário do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, afirma que a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, lançada na Jamaica em 1982 e ratificada pelo Brasil, prevê que os navios têm obrigação de informar aos países costeiros próximos a ocorrência de vazamentos como esse que atingiu a costa brasileira. Vianna lamenta que o Brasil ainda não tenha ratificado uma outra convenção, lançada em 1992, que estabelece um fundo internacional de compensação para acidentes envolvendo petróleo. "Se o Brasil estivesse nessa convenção, teria uma verba imediata para essa emergência, além da expertise de um grupo especializado nesse tipo de acidente", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Convidado pela Marinha só no dia 25 para colaborar com as investigações sobre o derramamento de óleo, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tem uma tecnologia que permite estimar por onde alguns bolsões com óleo podem estar se deslocando. Isso abre a possibilidade para tentar contê-lo antes de chegar às praias.

É assim que o instituto, ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, deve colaborar a partir de agora. Especialista em monitoramento por satélite, o Inpe confirma o que vem sendo dito pelo governo federal, de que não tem sido possível ver por satélite o óleo se deslocando. O oceanógrafo Ronald Buss de Souza, interinamente como vice-diretor do Inpe, afirma que foram checadas as imagens disponíveis - e referentes às áreas mais próximas da costa - e não foram detectadas as manchas. Isso corrobora a ideia de que o deslocamento se dá na subsuperfície.

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A partir de agora, o órgão vai fazer um direcionamento específico do satélite CBERS para obter imagens de alto-mar em áreas específicas. Além disso, o núcleo de oceanografia consegue analisar, a partir de dados de ventos e correntes marítimas, para onde o óleo pode estar indo - podendo chegar ao Espírito Santo e ao Rio. "O ponto é que existe mais óleo para vir e podemos mostrar onde está, antes que chegue às praias." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Bouboulina é o nome do navio petroleiro de bandeira grega supostamente responsável pelo derramamento de óleo que atinge a costa nordestina. De propriedade da Delta Tankers, a identificação do navio mercante motivou a Operação Mácula, deflagrada na manhã desta sexta-feira, dia 1º, pela Polícia Federal, por ordem do juiz Francisco Eduardo Guimarães, da 14ª Vara Federal de Natal.

A ação cumpre dois mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro - nos endereços da Lachmann Agência Marítima e da empresa Witt O Brien's. As companhias teriam relação com o navio petroleiro de bandeira grega.

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Segundo o delegado Agostinho Cascardo, um dos responsáveis pela investigação no Rio Grande do Norte, as empresas não são suspeitas em princípio, mas podem ter arquivos, informações e dados que sejam úteis às investigações.

Defesas

A reportagem tenta contato com representantes da Delta Tankers, Lachmann Agência Marítima e Witt o Brien's. O espaço está aberto para as manifestações.

Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, o secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, reiterou que a população do Nordeste pode continuar consumindo pescados apesar das manchas de petróleo que atingem a costa da região há dois meses. Segundo o secretário, o peixe tem inteligência e foge ao perceber a presença de óleo no mar.

"O peixe é um bicho inteligente. Quando ele vê uma manta de óleo ali, capitão, ele foge, ele tem medo", afirmou Seif Júnior na live transmitida nas rede sociais de Bolsonaro nesta quinta-feira (31). "Então, obviamente que você pode consumir seu peixinho sem problema nenhum. Lagosta, camarão, tudo perfeitamente sano."

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O secretário afirmou ainda que até o momento o Ministério da Saúde não detectou nenhum peixe contaminado pelo óleo.

"Os únicos casos de contaminação foram pessoas que estavam sujas desse óleo e usaram tíner ou óleo diesel para retirar do corpo", disse. "Podem consumir pescado, está 100% avaliado pelo Ministério da Agricultura, pelo Serviço de Inspeção Federal."

Após a fala de Seif Júnior, Bolsonaro fez a ressalva de que alguns animais foram encontrados no meio das manchas de óleo. "Obviamente, de vez em quando fica uma tartaruga ali na mancha de óleo - para não falar que ninguém fica, né? Um peixe, um golfinho pode ficar, mas tudo bem", disse o presidente.

Até esta quinta, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 110 animais foram encontrados sujos de óleo no litoral nordestino, entre tartarugas-marinhas, aves e um peixe-boi. Do total, 81 estavam mortos.

Ainda de acordo com o Ibama, 286 localidades de 98 municípios dos nove Estados do Nordeste foram atingidas pelo óleo.

'Mimimi'

Depois da repercussão de sua fala, Seif Júnior foi às redes sociais e afirmou que gosta de "mimimi". "Adoro o mimimi... amo", publicou o secretário no Twitter.

Um dia após anunciar o veto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pasta à qual a Secretaria da Agricultura e Pesca (SAP) está subordinada, recuou e liberou a pesca de camarão e lagosta no Nordeste a partir desta sexta-feira, 1º. O governo federal não apresentou os estudos técnicos que motivaram a nova decisão.

Investigações

Na mesma transmissão, Bolsonaro ressaltou a complexidade das investigações para descobrir o responsável pelo vazamento do óleo e negou que o governo tenha demorado para agir.

"Eu só podia agir quando o óleo chegou na praia, meu Deus do céu, porque os satélites, os aviões não conseguiram detectar nada", disse o presidente. "O óleo, ela tem uma densidade um pouquinho maior do que a da água salgada. Em consequência disso, não ficava na flor da água, ficava, em média, um metro abaixo."

Bolsonaro citou um laudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que identificou que o petróleo encontrado na costa do Nordeste é proveniente da Venezuela para culpar o país vizinho pelo vazamento.

"Já está mais do que comprovado (pela) Universidade Federal da Bahia que o óleo é da Venezuela. Talvez por isso que a esquerda começa a me atacar como se eu fosse o responsável por isso, como se tivesse agido tarde."

Segundo o presidente, a Venezuela contrabandeia petróleo para escapar dos embargos econômicos impostos contra ela.

Visita

Bolsonaro afirmou ainda que, apesar de ter uma "agenda muito grande", deve visitar as regiões atingidas pelo óleo e até "mergulhar em algum lugar" e "ouvir o povo". Ele elogiou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que foi à região como presidente da República em exercício. "Davi Alcolumbre me representou muito bem num sobrevoo no Nordeste", disse.

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta sexta-feira (1º), a Operação Mácula, para apurar a origem e autoria do vazamento de óleo que atingiu mais de 250 praias do Nordeste. A investigação aponta como principal suspeito do derramamento um navio petroleiro de bandeira grega.

De acordo com a PF, a entidade conseguiu identificar a localização da mancha inicial de petróleo cru em águas internacionais, a aproximadamente 700 km da costa brasileira, em sentido leste, com extensão ainda não calculada. A partir da localização, com técnicas de geointeligência e cálculos oceanográficos regressivos, foi possível identificar o único navio petroleiro que navegou pela área suspeita.

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A embarcação atracou na Venezuela em 15 de julho, permaneceu por três dias e seguiu rumo a Singapura pelo Oceano Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul. “O derramamento investigado teria ocorrido nesse deslocamento”, diz nota da PF. Acredita-se que o vazamento ocorreu entre 28 e 29 de julho.

O navio grego está vinculado, inicialmente, a uma empresa de mesma nacionalidade. Ainda não há dados sobre a propriedade do petróleo transportado pelo navio identificado. Foram solicitadas diligências em outros países por meio de mecanismos de cooperação internacional, pelo canal Interpol. Com isso, espera-se levantar dados adicionais sobre a embarcação, tripulação e empresa responsável.

A investigação criminal visa punir os responsáveis pela poluição e pela não comunicação do incidente às autoridades. Nesta sexta-feira, estão sendo cumpridos dois mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro expedidos pela 14ª Vara Federal Criminal de Natal-RN, em sedes de representantes e contatos da empresa grega no Brasil.

Paralelamente, a Polícia Federal está realizando diversos exames periciais no material oleoso recolhido em todos os estados brasileiros atingidos, bem como exames em animais mortos, já havendo a constatação de asfixia por óleo, assim como a similaridade de origem entre as amostras.

De acordo com o Ibama, 286 localidades foram afetadas no Nordeste. Isto significa 98 municípios de nove estados atingidos. Em Pernambuco, foram recolhidos até o momento 1561 toneladas do resíduo.

A investigação teve ação integrada com a Marinha do Brasil, o Ministério Público Federal, o IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, Agência Nacional do Petróleo, a Universidade Federal da Bahia, Universidade de Brasília e Universidade Estadual do Ceará, bem como o apoio espontâneo de empresa privada do ramo de geointeligência.

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A Fundação Oswaldo Cruz passará a monitorar a partir da próxima semana o impacto das manchas de óleo no litoral do Nordeste na saúde da população. Um dos pontos considerados prioritários pela equipe, que foi destacada nos últimos dias pelo Ministério da Saúde para apoiar o Centro de Operações de Emergência, é rastrear o risco para pescadores e marisqueiras que, além de um contato direto com material contaminado, têm no pescado sua principal fonte de alimentação. "Temos de ter um cuidado redobrado com esse grupo", afirmou o pesquisador da Fiocruz, Guilherme Franco Neto.

A estimativa é de que cerca de 164 mil pescadores e pescadoras atuem no litoral do Nordeste. Pesquisadores avaliam que um porcentual significativo poderá estar afetado ou exposto pelo petróleo. Franco Neto observa não haver ainda mecanismos para estimar o período em que essa população ficará exposta a fatores de risco.

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Uma das maiores preocupações é o benzeno, componente do petróleo com uma conhecida capacidade de provocar danos ao sistema de defesa do organismo. Pessoas expostas a níveis expressivos do componente têm maior risco, por exemplo, para leucemias.

Uma das estratégias já avaliadas é rastrear níveis de benzeno no organismo destes trabalhadores, por meio de exames. Outra frente de ação, disse Franco Neto, é acompanhar de perto gestantes que vivam e trabalhem na região costeira e identificar eventuais danos aos fetos.

As primeiras manchas de óleo surgiram no litoral em 30 de agosto e desde então, mais de 90 municípios foram afetados. "Há ainda muitas incertezas", afirmo o pesquisador. A partir da próxima terça, uma sala de situação entrará em funcionamento na Fiocruz do Rio. Ela contará com a participação de pesquisadores e diretores dos institutos das unidades da fundação instaladas no Nordeste.

Em nota, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, observou haver ainda outros grupos expostos a diferentes níveis de contaminação: militares, integrantes da defesa civil e voluntários. O contato ocorre tanto pela inalação como pelo contato da pele e pela ingestão de alimentos. A previsão é de que a Fiocruz dê ainda apoio também na assistência diante dos riscos e suporte científico para os Estados atingidos.

O cientista José Carlos Seoane, doutor do departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reafirmou que a detecção de uma grande mancha no litoral sul da Bahia trata-se, efetivamente, de óleo.

Na quarta-feira, 30, depois de o professor ter divulgado imagens e análises técnicas do que seria uma mancha de óleo a cerca de 54 quilômetros do litoral baiano, a Marinha negou que se tratava de óleo. Uma nota técnica também foi publicada pelo Ibama, atribuindo a imagem da mancha a registros meteorológicos.

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Ao jornal O Estado de S. Paulo, o professor José Carlos Seoane disse que mantinha sua posição. "Com todo respeito aos colegas do Ibama, refuto totalmente essa análise técnica de que se trata de uma questão meteorológica. São manchas de óleo", comentou.

Nesta quinta-feira, 31, Seoane recebeu relatos de voluntários que estiveram na região do mar que ele apontou e, segundo o professor, confirmaram a presença de partículas de óleo sobre água.

Na quarta, o pesquisador Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis) da Ufal, também informou que a mancha tem formato de meia-lua, com 55 quilômetros de extensão e seis quilômetros de largura. José Carlos Seoane mediu a área e constatou cerca de 200 km2.

A Marinha, o Ibama e a Petrobras estão fazendo monitoramento constante com embarcações na região, para detectar qualquer possibilidade de o óleo chegar à região do arquipélago de Abrolhos, uma das áreas mais belas e ricas em biodiversidade em toda a América do Sul.

Até a noite de quarta, o governo afirmava que o óleo não tinha sido detectado na região, apesar de admitir que a rota das manchas segue para o sul da Bahia, podendo, inclusive, avançar para a região Sudeste do Brasil.

O Ministério da Agricultura recuou e liberou a pesca de camarão e lagosta no Nordeste a partir de 1º de novembro, um dia após anunciar o veto à atividade. O motivo da proibição era o vazamento de óleo no litoral, que já foi identificado em 283 pontos em nove Estados, segundo o Ibama, órgão do Ministério do Meio Ambiente. O governo federal não apresentou os estudos técnicos que motivaram a nova decisão. Cientistas têm alertado para riscos de contaminação em peixes e frutos do mar e um estudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) já apontou resquícios do poluentes nesses animais.

Em nota, a ministra Tereza Cristina informou que a instrução normativa publicada esta semana, que antecipava para 1.º de novembro o período de defeso de camarão e lagosta, será cancelada. "O Ministério fez isso pelo princípio da precaução. Como nós não sabíamos como era essa mancha, enquanto isso estava sendo analisado, suspendemos a pesca em vários Estados brasileiros onde esse petróleo chegou", disse. "A gente já tem dados mostrando que não é necessário. A lagosta está sendo examinada, o Ministério da Agricultura está fazendo uma série de testes, não há nada que justifique acabar com a pesca agora."

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Apesar de a pesca estar liberada, o governo vai manter o pagamento de um salário mínimo para os pescadores em novembro, como já havia anunciado. Um total de 60 mil dos mais 470 mil pescadores cadastrados do Nordeste receberão auxílio. O defeso originalmente é acionado para assegurar a reprodução.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou na terça-feira, 29, que só quando os exames laboratoriais conduzidos pelo Ministério da Agricultura tiverem resultados será possível avaliar o risco e a segurança para o consumo desses produtos.

Estudos

Pesquisa do Instituto de Biologia da UFBA, divulgada na semana passada, detectou resquícios de óleo em 38 animais marinhos de várias espécies. Os cientistas acharam metais pesados nas amostras, o que pode causar problemas de saúde em humanos.

O óleo se deposita em rochas, areias e manguezais, que são onde mariscos, caranguejos, ostras e siris se alimentam. Quando esses animais filtram a água do mar, o petróleo pode entrar no sistema respiratório. Segundo especialistas, a lagosta está mais sujeita à contaminação por ter "movimento restrito".

Já outra pesquisa divulgada essa semana, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), avaliou 25 peixes da espécie carapeba entre a Praia de Ipioca, em Maceió, e Paripueira, no litoral norte do Estado, e não achou vestígios do poluente. Outros exames ainda serão feitos.

"Avaliamos em nível microscópico e macroscópico, mas faremos análises dos órgãos para detecção de metais e hidrocarbonetos", diz o especialista em toxicidade em peixes Emerson Carlos Soares, da Ufal. Também não foi identificada contaminação em corais.

Outras instituições, como a estatal Bahia Pesca e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, também vão fazer análises similares, mas ainda não há resultados divulgados. Empresas do setor afirmam que os peixes e frutos do mar consumidos no Sudeste não são oriundos das áreas afetadas pelo óleo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A origem do derramamento de óleo no Nordeste ainda é desconhecida pelo Governo Federal. No entanto, estudos do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), levantam a hipótese de que a poluição pode ter sido causada por um grande vazamento em minas de petróleo, além de também poder ter acontecido na região do pré-sal. A observação foi feita por um satélite da Agência Espacial Europeia.

Se tal suspeita se confirmar, a teoria de que o petróleo veio da Venezuela, levantada pelo Ministério do Meio Ambiente, pode cair por terra. De acordo com o Lapis, nesta última segunda-feira (29), foi detectado um padrão característico de manchas de óleo no oceano, com 55 km de extensão e 6 km de largura, a uma distância de 54 km da costa da Bahia. 

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O pesquisador do laboratório, Humberto Barbosa, aponta que o vazamento pode estar acontecendo abaixo da superfície do mar. "Foi a primeira vez que observamos, neste caso, uma imagem de satélite que detectou uma faixa da mancha de óleo original ainda não fragmentada e ainda não carregada pela correnteza", explica Barbosa.

As imagens foram observadas retroativamente, desde o mês de maio, processando esses dados por faixas, a partir de uma grande quantidade de dados de toda a Costa do Nordeste brasileiro, chegando até o Espírito Santo. 

A pesquisa aponta que as imagens demonstram que se trata de algo maior do que um mero derramamento acidental ou proposital de óleo a partir de um navio. Humberto alerta que é um vazamento que está abaixo da superfície do mar, consequência de perfuração. "Tivemos um grande impacto porque, pela primeira vez, encontramos uma assinatura espacial diferenciada", disse Barbosa.

Por meio de nota, a Marinha negou que haja óleo no mar próximo à costa da Bahia. "Em relação à possível mancha que estaria avançando pelo mar da Bahia, informamos que não se trata de óleo. Foram feitas quatro avaliações para confirmar: consulta aos especialistas da ITOF, monitoramento aéreo e por navios na região e por meio de satélite", sustenta a nota. "Segundo especialistas do ITOF, ela possui diversas características, podendo ser nuvem, fenômeno da ressurgência no mar etc".

A Marinha acrescentou que "a gravidade, a extensão e o ineditismo desse crime ambiental exigem constante avaliação da estrutura e dos recursos materiais e humanos empregados, no tempo e quantitativo que for necessário".

*Com informações da Agência Estado

Integrantes do movimento Livres, que prega a renovação da política brasileira, protocolaram na última segunda-feira (28) uma Ação Popular (AP) contra a União (Ministério do Meio Ambiente) e o Governo do Estado de Pernambuco na 13ª Vara Cível da SJDF, em BrasíliaA ação questiona a "omissão dos entes federativos no combate aos danos causados ao meio ambiente e da inércia na aplicação de medidas de contenção e proteção ambiental ante o vazamento de petróleo no litoral brasileiro". 

A juíza responsável pela ação, Edna Márcia Silva Medeiros Ramos, determinou aos governos o prazo de 72 horas para manifestações.

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Desde o dia 30 de agosto, praias do nordeste brasileiro sofrem com o aparecimento de manchas de óleo no litoral. O material vazado - petróleo cru - é uma substância  tóxica. Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, foram atingidos. O Estado mais atingido é Pernambuco, onde residem os autores da Ação Popular.

Um dos pontos levantados na AP é o fato de que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou investigação sobre a origem do óleo apenas apenas um mês após a contaminação acontecer.

"O que está amenizando os impactos desse desastre nas praias do nordeste não vem do Estado; vem de pessoas comuns, cidadãos. Elas se organizaram em grupos de amigos, algumas por meio de suas empresas e há ainda algumas pequenas ONGs atuando na região. Isso já configura a omissão do poder público", afirma Karla Falcão, uma das 12 lideranças do Livres que assinam a Ação.

"Tomando como óbvio o dano causado ao meio-ambiente, não teria sido melhor exercer rapidamente uma medida de contenção, independentemente de quem fossem os culpados?", questionou o advogado Nauê Bernardo. "Por semanas o óleo se espalhou livremente pelo litoral nordestino sem que fosse impedido por um plano contingencial sequer", acrescentou Bernardo.

Ronan Gomez de Holanda, advogado que assina com Nauê Bernardo a AP, destacou a responsabilidade solidária dos entes no combate aos danos ao meio-ambiente e na reparação destes danos à população, à fauna e à flora. A responsabilidade solidária, explica Holanda, "significa que todos os entes federativos são conjuntamente responsáveis e devem juntos estipular medidas de reparo".

*Da assessoria de imprensa

O Paço do Frevo entrou na 'campanha' em prol do litoral pernambucano. O equipamento cultural, localizado no Bairro do Recife, pintou sua fachada na cor preta para chamar a atenção do público para o desastre ambiental que acometeu a costa nordestina nos últimos dias. 

Em uma verdadeira tragédia sem precedentes, um vazamento de óleo no Oceano Atlântico atingiu mais de 150 praias na região Nordeste do país. Desde o início de setembro, o óleo se expande pelo litoral manchando verdadeiros cartões postais brasileiros. 

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Como uma forma de se solidarizar e protestar contra o fato, o Paço do Frevo, em uma iniciativa promovida pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), organização gestora do museu, pintou sua fachada de preto para sensibilizar os visitantes e transeuntes do Bairro do Recife. Em nota oficial, o instituto explicou sua atitude.

Confira na íntegra: 

Nossa casa está manchada

Ante aos drásticos acontecimentos do acidente ambiental sem precedentes do vazamento de óleo que atinge as praias do Nordeste, é nossa obrigação, como espaço de cultura e cidadania, expressarmos nossas severas preocupações com a urgente necessidade de medidas de enfrentamento e redução dos danos. Cabem às instituições governamentais federais zelar pelo bem estar não apenas de todas as populações brasileiras mas também prover um ecossistema sustentável para as gerações futuras.

A inoperância de soluções a contento e em tempo hábil coloca em questão a vida de toda uma região. Somos um centro de referência de um patrimônio da humanidade, o Frevo, e falamos todos os dias sobre a preservação de bens de incomensurável valor, nos posicionando sempre pelas garantias dos direitos humanos e por ações que transformadoras para um mundo mais justo, seguro e acolhedor. Somos também um espaço para debater o meio ambiente e sustentabilidade, recebendo no próximo mês atividades da Conferência Brasileira de Mudança do Clima, encontro anual de organizações não governamentais, movimentos sociais, governos, comunidade científica e o setor privado e público brasileiro. O meio ambiente é assunto de todos nós.

Dessa forma, estamos solidários a todas as populações litorâneas atingidas diretamente pela tragédia, a todos os voluntários que, mesmo em condições impróprias, arriscam-se a dirimir o impacto do petróleo na vida marinha e a todas entidades ambientais que estão envolvidas para que as medidas necessárias não sejam mais ignoradas. Não há patrimônio sem salvaguarda e o meio ambiente é o patrimônio vital da nossa existência.

O óleo que suja o Nordeste brasileiro já atingiu pelo menos quatro áreas de mangues de Pernambuco, um ecossistema rico em biodiversidade e que, uma vez contaminado, torna-se praticamente impossível de ser limpo, por causa do emaranhado de suas raízes, da vegetação e da composição do solo desses locais.

A contaminação foi confirmada pela Marinha. Há relatos de contaminações de mangues em outros Estados, como Alagoas e Bahia. O trabalho de limpeza dessas áreas é feito com as mãos, dada a complexidade e fragilidade dos manguezais.

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Segundo o almirante da Marinha, João Alberto Lampert, por causa do ineditismo da situação, não havia um protocolo ambiental sobre como lidar com esse tipo de contaminação de mangues.

"Fizemos um congresso científico em Pernambuco. Estamos reunindo informações com universidades e institutos para fazer maiores estudos e o estabelecimento de protocolos específicos que podem ajudar a lidar com isso", comentou Lampert.

Nesta terça-feira (29), o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, disse que houve registro de novas manchas em 19 localidades do Nordeste, mas não deu detalhes sobre essas localidades. O governo tem afirmado que, apesar das novas ocorrências, o volume total do petróleo cru tem diminuído.

Instrução Normativa (IN) 52 do Ministério da Agricultura, publicada na segunda-feira, 28, proíbe a pesca da lagosta e do camarão em áreas do Nordeste afetadas pelo vazamento de óleo e permite o pagamento de até duas parcelas extras do seguro-defeso aos pescadores atingidos.

"Têm direito ao benefício os pescadores profissionais artesanais que trabalham nas áreas atingidas pelo óleo, conforme mapeamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama)", disse a pasta em nota.

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Esses trabalhadores precisam estar regularmente inscritos no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), e a parcela será depositada diretamente na conta em que os beneficiados já recebem o seguro-defeso.

Conforme o Ministério, o prolongamento do período de defeso foi adotado como precaução, devido à situação ambiental decorrente da provável contaminação química por derramamento de óleo no litoral do Nordeste.

O Decreto 10.080/2019, publicado na última sexta-feira, 25, permite que o período de defeso seja ampliado, quando houver "grave contaminação por agentes químicos, físicos e biológicos".

Estão aptos a receber as parcelas extras do seguro-defeso cerca de 60 mil pescadores artesanais nas áreas atingidas pelo óleo, mapeadas pelo Ibama.

Uma tartaruga foi encontrada morta na manhã desta terça-feira (29) na Praia de Casa Caiada, em Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR). O animal está com o casco quebrado e não existe indícios de que a morte esteja relacionada ao vazamento de óleo que atinge o litoral.

A tartaruga foi encontrada por volta das 6h30 desta manhã pela equipe que faz a limpeza das praias. A Secretaria Executiva de Planejamento Ambiental de Olinda enviou um técnico ao local.

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A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) foi acionada para a retirada do animal. A investigação das causas será realizada pela agência. A suspeita inicial é que o réptil tenha sido atacado por tubarão.

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Artistas de diversos segmentos estão atentos ao desastre ambiental que acometeu algumas praias do litoral nordestino. Além de muitas manifestações nas redes sociais, fora delas também está havendo mobilizações. A exemplo do rapper, beatmaker e produtor T-Bat, que lançou uma campanha para estimular a doação de garrafas pet para fazer a barreira de contenção do óleo nas praias. Ele vai trocar as garrafas por beats para MCs. 

Através de seu Instagram, T-Bat tem compartilhado a iniciativa. Ele  está oferecendo beats - a parte instrumental que dá melodia a uma música - para voluntários que doarem 10 ou mais garrafas pets nos pontos de arrecadação. "Você, MC que está precisando daquela força de um beat autoral, vai ganhar um", diz o texto da campanha.

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Em entrevista ao LeiaJá, T-Bat explicou como vai funcionar. O voluntário precisa comprovar a doação do material para ganhar um beat produzido por ele. "Eu tenho um arsenal de beats guardados. Qualquer pessoa que me provar que vai entregar as 10 garrafas pra ajudar nessa questão, eu vou ajudar também no beat". A ideia é estimular mais voluntários a ajudarem na limpeza das praias e movimentar o mundo da música em Pernambuco.  

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O governador Paulo Câmara  (PSB) reuniu parlamentares federais, na manhã desta segunda-feira (28), no Palácio do Campo das Princesas, para agradecer o apoio da bancada pernambucana, que destinou parte de suas emendas impositivas para garantir três importantes obras: a conclusão da Barragem de Gatos, a duplicação da BR - 104 e a recuperação da pista de pouso do Aeroporto de Fernando de Noronha.

Ao todo, o Estado contará com R$ 62 milhões repassados pelos parlamentares. Paulo aproveitou o encontro para passar uma atualização sobre o trabalho de combate ao derramamento de óleo no litoral de Pernambuco.

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"A parceria com os nossos parlamentares é fundamental para avançarmos em obras que vão nos ajudar muito na prevenção, na Mata Sul, e garantir mais desenvolvimento, com uma infraestrutura cada vez melhor. Também tratamos das manchas de óleo que atingem o nosso litoral. Apresentamos aos parlamentares o que temos feito, por meio das equipes do Governo de Pernambuco, para monitorar e remover esse óleo das nossas praias e estuários", afirmou Paulo Câmara.

Momentos antes da reunião com os deputados, o governador conversou com o senador Jarbas Vasconcelos a respeito do assunto. Diante da dimensão dos danos causados pelo que já se configura como um dos maiores desastres ambientais da história, Paulo Câmara alertou os parlamentares sobre a necessidade urgente de limpeza dos estuários dos rios, locais de preservação e reprodução da vida marinha, que depende de autorizações de órgãos federais.  

“Em Tamandaré, por exemplo, temos o estuário do Rio Mamucabas. O óleo chegou até lá, mas não temos autorização do IBAMA para retirar. Temos condições de tirar esse óleo com equipamentos que já existem, mas precisamos dessas autorizações para não se cometer ou ser acusado de cometer algum tipo de dano ambiental maior”, argumentou.

Segundo o governador, a ausência de informações dificulta o planejamento, mas mesmo diante da falta de estrutura em relação à mobilização nacional, o Governo do Estado não tem se omitido. Os secretários de Planejamento e Gestão, Alexandre Rebêlo, e de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti, que também participaram da reunião, explicaram o cronograma e o fluxo de ações do Estado aos representantes da bancada federal.

Novas iniciativas a serem postas em prática também foram citadas, como a extensão e a ampliação das barreiras de contenção, que já estão sendo utilizadas, e que serão implementadas em todo o litoral norte. “Temos uma espécie de proteção ou de minimização de danos, o plano já está feito, mas temos agora que cuidar do que já foi atingido, principalmente os ecossistemas e os rios”, resumiu o governador.

Estiveram presentes ao encontro os deputados federais Danilo Cabral, Felipe Carreras, Augusto Coutinho, Fernando Monteiro, Tadeu Alencar, Wolney Queiroz e Carlos Veras. Além de Rebêlo e Bertotti, marcaram presença os secretários José Neto (Casa Civil), André Longo (Saúde), Bruno Schwambach (Desenvolvimento Econômico), Fernandha Batista (Infraestrutura e Recursos Hídricos), Marcelo Bruto (Desenvolvimento Urbano e Habitação) e Eduardo Machado (Imprensa).

*Da assessoria de imprensa

Bermuda, galocha, camiseta ou regata, máscara e luva são as vestimentas e equipamentos padrão utilizados por integrantes do Exército e da Marinha na retirada de óleo de praias do Nordeste. Os itens não seguem a orientação técnica para a remoção manual divulgada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que prevê o uso de macacão de polietileno e óculos de proteção e, no caso de trabalhos sobre pedras, também de capacete.

A situação se repete entre funcionários e empregados de empresas terceirizadas de prefeituras e, até mesmo, entre os apenados do Estado de Pernambuco que atuaram nas praias. No âmbito municipal, a reportagem flagrou trabalhadores manuseando o óleo sem camisa ou diretamente com as mãos.

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A substância é considerada tóxica e, nos últimos dias, tem crescido o número de relatos de pessoas que tiveram náuseas, dor de cabeça, alergias e outras reações após terem contato com o petróleo. Os efeitos a médio e longo prazo ainda não estão claros.

O contraste entre os equipamentos utilizados por funcionários do Ibama e dos demais envolvidos era evidente nas praias pernambucanas visitadas pela reportagem na última semana. Com parte do corpo exposto, os oficiais da Marinha e Exército entravam na água e chegavam a ficar com a pele suja de óleo, enquanto, os membros do Ibama estavam de macacão ou calça e camisa compridas. A situação era ainda mais grave no caso dos voluntários.

A reportagem testemunhou esse tipo de situação em praias como Itapoama, em Cabo de Santo Agostinho, Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes, e Janga, em Paulista, todos municípios da região metropolitana do Recife. Nas demais praias visitadas, a reportagem não encontrou representantes do poder público federal, mas viu, por exemplo, salva-vidas que utilizavam uniforme convencional (bermuda e regata) enquanto tiravam óleo de uma área próxima a corais.

O próprio site da Marinha traz dezenas de imagens de atividades de remoção de óleo em que seus oficiais aparecem de bermuda e regata e sem o uso de proteção ocular e macacão durante ações em Estados como Bahia e na Paraíba. Segundo a instituição, mais de 2,7 mil militares participaram de ações de combate às manchas de petróleo.

A recomendações de tipos de Equipamento de Proteção Individual (EPI) estão no site do Ibama, em uma publicação chamada "Orientações gerais à população sobre o derramamento de óleo". Na parte sobre "remoção manual", por exemplo, é destacado o uso de "EPI básico", que lista "Tyvek" (tipo de macacão de polietileno), luvas, botas e proteção ocular. Outro arquivo, sobre "recuperação manual em áreas rochosas", também inclui o uso de capacetes.

"Todos os trabalhadores devem usar EPI apropriados enquanto trabalham, incluindo proteção solar", destaca a publicação. As mesmas recomendações foram reproduzidas no site da própria Marinha.

Em nota, a Marinha afirmou que "os militares envolvidos diretamente nas ações de limpeza utilizam o EPI apropriado". A reportagem também entrou em contato com o Exército, que enviou cerca de 400 militares para Pernambuco, mas não recebeu um posicionamento oficial até a publicação desta matéria.

O governo informou que não foram encontradas, neste domingo (27), novas manchas de óleo no litoral do Nordeste, atingido pelo vazamento de petróleo observado há quase dois meses. Em nota, o Grupo de Avaliação e Acompanhamento (GAA), formado por Marinha, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Ibama, informou que novos resíduos não foram observados chegando à costa pelas equipes de monitoramento.

O relato do governo demonstra que a situação do litoral melhorou em relação ao dia anterior. Sábado, em coletiva de imprensa, a Marinha informou que as praias do Nordeste já não apresentavam óleo do vazamento, mas, apenas "pelotas" de petróleo no mar que poderiam ser recolhidas quando chegassem às praias. Agora, há outra preocupação: parte do óleo avançou para os manguezais.

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O governo já registrou 249 locais afetados. Mais de 1 mil toneladas de resíduos oleosos, diz a nota, foram recolhidos. As ações do grupo continuam em Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia - Estados mais atingidos. Em outros locais, de acordo com o governo, a situação é estável.

O prefeito do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), Lula Cabral (PSB) vem acompanhando os trabalhos de monitoramento e limpeza das praias afetadas pelas manchas de óleo na cidade. Até sábado (26), o município recolheu mais de mil toneladas de resíduos.

“Os trabalhos não vão parar até limparmos todas as praias”, declarou o pessebista, que voltou ao comando do município no último dia 15, poucos dias antes do petróleo atingir o litoral da cidade.

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A prefeitura do Cabo afirmou que mantém 400 funcionários por dia nas operações, entre técnicos e equipes de saúde, limpeza pública, defesa civil, entre outros. Três bases de apoio, segundo a gestão, estão em funcionamento desde o dia 20 em Suape, Itapuama e Paiva. Neste domingo (27), outro ponto de apoio foi instalado na praia de Enseada dos Corais.

Ainda de acordo com a prefeitura, cerca de 70% do efetivo da limpeza pública tem trabalhando no recolhimento de resíduos e a coordenação municipal de defesa civil criou um plano de atuação para facilitar os trabalhos e a participação dos voluntários. Nas proximidades das pedras de Itapuama tendas da Defesa Civil estão responsáveis pelo distribuição de equipamentos de proteção individual (EPIs).

Funcionários da prefeitura estão realizando o cadastro dos voluntários e o movimento Salve Maracaípe colabora com o recrutamento de pessoal, arrecadação de doações e distribuição de alimentos e EPIs. Na tenda principal foi instalada a unidade de atendimento da Secretaria de Saúde Municipal. Além disso, uma área de descontaminação foi criada para a limpeza de materiais e dos voluntários.

“Estamos a cada dia buscando aprimorar os trabalhos nas praias e, principalmente, manter os cuidados necessários com a saúde de quem participa da limpeza”, destacou Lula Cabral.

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*Com informações da assessoria de imprensa

O governo federal notificou 11 países cobrando esclarecimentos sobre 30 navios mapeados dentro da investigação sobre a origem do vazamento de óleo que atingiu diversas praias do Nordeste. A informação foi dada pelo coordenador de operações navais da Marinha, almirante de esquadra Leonarndo Puntel, em entrevista a jornalistas no sábado (26).

A investigação conduzida pela Marinha trabalha com a tese de que o responsável teria sido um navio-tanque. A apuração inicial avaliou 1.500 embarcações e afunilou a análise para 30 veículos marinhos de 11 países. O comandante não detalhou que nações estariam neste grupo, mas disse que o requerimento pede informações para os governos para saber se têm conhecimento de algum acidente.

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Os 30 navios estão entre os que passaram pela costa do Nordeste no período, identificados por fazerem comunicações por sistemas marítimos. Conforme Puntel, os investigadores calculam que o vazamento teria ocorrido no mês de agosto, com o óleo chegando às praias no fim daquele mês.

O almirante não descartou a possibilidade de que o episódio tenha sido causado por embarcações não oficiais, denominadas “dark ships”. Neste caso, contudo, a apuração será mais complexa e terá de envolver outras fontes de informação, como análise de imagens de satélite.

Puntel declarou que não é possível afirmar que o veículo era venezuelano. Mas que pesquisas da Petrobrás teriam identificado o óleo como proveniente daquele país. “Laudo da Marinha concluiu que óleo não era brasileiro. O laudo da Petrobrás foi além, porque tem amostras de óleos de outros países. Ele é de bacias venezuelanas. O navio a gente não sabe”, comentou.

Manchas

A coordenadora-geral de emergências ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fernanda Pirilo, afirmou na entrevista coletiva que não há novo óleo nas praias.

“Não há mais chegada de óleo novo, mas algumas praias ainda têm vestígio de óleo, temos os pontos identificados em que ainda há óleo residual, a maioria nos estados de Pernambuco e Bahia”, pontuou.

O comandante Leonardo Puntel acrescentou que a despeito da dificuldade de monitorar a evolução das manchas, dado que elas se deslocam debaixo da água a partir das correntezas marinhas, o exame realizado pelos órgãos envolvidos no grupo de acompanhamento detectou que houve um decréscimo da quantidade.

“As manchas de óleo tiveram dinâmica diferente. No início de setembro e outubro ela estava tranquila, não tinha grandes quantidades. Teve período na semana passada que houve aumento do volume no óleo na Bahia, Sergipe, Alagoas e Sul de Pernambuco. E este volume começou a decrescer agora”, observou.

A coordenadora do Ibama orientou a população dos locais a não entrar em contato com a substância. Já as condições de banho de cada praia são avaliadas pelos órgãos de saúde dos estados e municípios e devem ser verificadas juntamente a esses órgãos.

Brasília

O grupo de órgãos federais encarregados da coordenação das atividades mudou sua base para Brasília. Durante esta semana, várias autoridades do governo federal estiveram em Pernambuco. O comandante da Marinha relatou que ainda permanecem coordenações locais montadas em Recife e Salvador.

A coordenadora de emergências ambientais do Ibama acrescentou que a mudança facilita a atuação do grupo, já que aproxima seus integrantes do centro de decisão política do país. Questionada por jornalistas, ela negou dificuldades na interlocução das entidades tanto em relação ao Executivo quanto no tocante a administrações estaduais.

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