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Nesta segunda-feira, 20, um grupo de 28 bebês prematuros de Gaza foi levado de um dos hospitais que se encontram na zona de conflito para o Egito, onde devem receber tratamento.

"Os bebês chegaram até mim do Hospital al-Shifa. Eles estavam em uma condição catastrófica quando chegaram aqui", disse o Dr. Mohammad Salama, chefe da unidade neonatal do Hospital Maternidade Al-Helal Al-Emirati em Rafah, no sul de Gaza.

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A equipe médica no lado egípcio da passagem de fronteira de Rafah foi vista na segunda-feira pegando cuidadosamente os bebês de dentro das ambulâncias e colocando-os em incubadoras móveis, que foram então levadas por um estacionamento em direção a outras ambulâncias.

Os bebês, de um total de 31 que foram transferidos no domingo do Hospital al-Shifa, da Cidade de Gaza, para a maternidade em Rafah como um primeiro passo para a transferência, usavam apenas fraldas e pequenos chapéus verdes.

"Os 28 bebês já chegaram em segurança ao Egito. Três bebês ainda permanecem no Hospital dos Emirados e continuam recebendo tratamento", disse um porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) a agências de notícias.

De acordo com o porta-voz, "todos os bebês estão lutando contra infecções graves e continuam precisando de cuidados médicos."

Prematuridade, baixo peso ao nascer e malformações. Ao menos uma das causas desses problemas no Brasil é completamente alheia ao controle das gestantes e sua temporada está se aproximando: as queimadas. Três estudos da Escola de Políticas Públicas e Governo da Fundação Getulio Vargas (FGV EPPG) demonstram essa relação. Um deles aponta que, na Região Sudeste, a exposição à fumaça dos incêndios nas matas durante o primeiro trimestre da gravidez está relacionada a um aumento de 31% na probabilidade de o bebê nascer prematuro. Na Região Norte, esse incremento é de 5%.

O estudo cruzou dados dos mais de 190 mil nascimentos prematuros no País, entre 2001 e 2018, utilizando como base o DataSUS, e informações sobre queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram considerados apenas os nascimentos de bebês até a trigésima sétima semana de gestação, e de mães entre 18 e 45 anos.

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A exposição às queimadas, durante o mesmo período da gestação, também está ligada ao baixo peso do bebê ao nascer. De acordo com outra pesquisa, também da FGV, publicada na revista científica The Lancet, o aumento de 100 focos de queimadas esteve associado com 18,55% de chance a mais de uma criança nascer com peso abaixo do esperado na Região Sul do Brasil. No Centro-Oeste a correlação foi de 1% a mais. O estudo teve a participação de pesquisadores do Canadá, Dinamarca e também dos Estados Unidos.

A temporada das queimadas no Brasil vai de junho a novembro. De acordo com dados do Inpe, nessa época são registradas as maiores quantidades de focos de incêndios florestais. A Amazônia e o Cerrado são os biomas mais atingidos, mas não os únicos.

Resistência

Uma das hipóteses para os resultados mais preocupantes estarem longe do chamado arco do fogo, nos Estados do Norte e Centro-Oeste, é que "as gestantes da Região Norte, por estarem mais expostas ao longo da vida, podem desenvolver algum tipo de resistência quando comparadas às do Sul e Sudeste", diz Weeberb Réquia, professor da Escola de Políticas Públicas e Governo da Fundação Getulio Vargas, que coordenou as pesquisas.

Outra hipótese recai sobre a natureza do material queimado. "Há pesquisas que mostram que a queima da cana, por exemplo, é mais prejudicial à saúde do que a queima da matéria orgânica da floresta", afirma o pesquisador.

Os resultados encontrados por Réquia estão alinhados com pesquisas internacionais, muito mais numerosas em locais como os Estados Unidos, a Europa e a China. "Hoje, já há uma certeza em relação aos efeitos da poluição do ar e das queimadas para a saúde vindos de diversos estudos", diz o professor da Faculdade de Medicina da USP Paulo Saldiva.

O terceiro estudo analisou o impacto nas malformações congênitas. Entre a população analisada, de 2001 a 2018, 7.595 crianças nasceram com alguma das malformações consideradas pela pesquisa. As mais relevantes foram constatadas na região do palato e nariz, que apresentaram aumento de ocorrência de 0,7% em casos de contato das gestantes, durante o segundo trimestre da gravidez, com as queimadas.

As doenças no sistema respiratório tiveram aumento de 1,3% para casos de contato durante o mesmo período, e no sistema nervoso, 0,2%, quando se considera o terceiro trimestre. As regiões mais afetadas pelo impacto das queimadas na malformação congênita de bebês foram Norte, Sul e Centro-Oeste.

Nascimento saudável

Segundo Réquia, esses três fatores - prematuridade, baixo peso e malformação - são alguns dos indicadores para categorizar um nascimento saudável. Além disso, o professor destaca ainda que os três primeiros meses de gravidez são fundamentais para a saúde do bebê, pois é o momento crucial de sua formação.

Poluição

Os efeitos das temporadas de queimadas são mais nocivos à saúde do que o ar que se respira em São Paulo, a maior metrópole do Brasil, atesta o professor da USP Paulo Saldiva. Eles não se restringem às crianças e recém-nascidos. Estudo publicado em dezembro na revista Nature, feito pelo médico e pesquisador brasileiro, mostra as consequências do problema para a população em geral.

Para avaliar os riscos de mortalidade e os problemas associados à exposição de curto prazo a partículas resultantes de incêndios florestais, o pesquisador coletou dados de mortalidade entre 2000 e 2016, para 510 regiões do País mais propensas a incêndios florestais. Os resultados apontaram um aumento de 3,1% nas mortes por todas as causas, 2,6% na mortalidade cardiovascular e 7,7% nas causadas por doenças respiratórias.

O estudo encontrou associações mais fortes em mulheres e adultos com idades acima de 60 anos e diferenças geográficas nos riscos de mortalidade.

"O aumento da mortalidade estimada entre 2000 e 2016, por todas as causas, foi de 121 mil pessoas, mais de 29 mil por doenças cardiovasculares e 31 mil por causas respiratórias", analisa Saldiva. "A poluição é um risco para qualquer um, não há defesas individuais. Você pode se afastar de um local em que se fuma, mas não da poluição."

Na Amazônia, as emissões de queimadas são maiores em anos com maiores taxas de desmatamento e o período abordado abrangeu os anos de 2005, 2007 e 2010, marcados por secas severas em que as emissões de incêndios aumentaram de 1,5 a 2,8 vezes em comparação com anos sem seca.

O que a inalação provoca?

O vilão desse processo chama-se material particulado fino (PM2,5) , resultante das queimadas. Com diâmetro inferior a 2,5 micrômetros, ou 2,5 milésimos de milímetros, as partículas são carregadas pelo vento, inaladas pelos seres humanos e carregadas para a corrente sanguínea.

A presença dessas partículas na corrente de gestantes, por exemplo, pode levar ao estresse oxidativo, inflamação pulmonar e da circulação placentária. Estudos indicam que isso pode diminuir a troca de nutrientes e oxigênio através da placenta, resultar em desenvolvimento fetal adverso e aumento do risco de parto prematuro. Pesquisa recente mostrou que em incêndios florestais, o material particulado é mais tóxico do que em doses iguais de outras fontes de poluição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dados da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) indicam que anualmente nascem mais de um milhão de bebês prematuros, pequenos e gravemente doentes, nas Américas. Nesta quarta-feira (17), é celebrado o Dia Mundial da Prematuridade. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa a 10ª posição entre as nações onde são registrados mais casos de prematuridade.

O bebê é considerado prematuro, segundo parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), quando nasce antes das 37 semanas de gestação. Essa foi a principal causa de mortalidade infantil em todo o mundo, segundo a organização.

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Amora Dias, de 6 anos, chegou ao mundo com apenas 27 semanas de gestação e 760 gramas. Enfrentou quase três meses de internação em UTI neonatal e uma série de desafios durante o período de internação hospitalar.

“Assim que ela nasceu, já foi para CTI neo e foram 111 dias de internação. Ela teve bastante intercorrência nesse tempo, como ritnopatia da prematuridade, hemorragia intracraniana, crises convulsivas, anemia e precisou de [transfusão de] sangue quatro vezes, foi muita coisa. Por conta da hemorragia, ela tem paralisia cerebral. As pessoas acham que prematuridade é só ganhar peso. Isso é um mito que tentamos combater porque, na verdade, a situação do prematuro é muito grave”, contou Agda Dias, mãe de Amora.

Segundo Agda, a possibilidade de acompanhar de perto e integralmente a recuperação da filha, por meio do método canguru, foi o que amenizou as dificuldades que enfrentava. A medida é indicada pelo Ministério da Saúde para que mães de bebês que nasceram prematuros possam ter contato pele a pele com o filho.

“Peguei a Amora no colo com um mês de internação, porque é muito arriscado pegar antes porque o bebê corre risco com essa manipulação e ali mudou muito a minha relação com ela porque senti o pertencimento, a falta que ela me fazia, de tê-la comigo e depois desse dia, todos os dias fizemos ‘canguru’, disse.

Agda alerta para os desafios e desinformações em torno da prematuridade. Segundo ela, é fundamental buscar psicológico e a troca de informações com mães que enfrentam situações semelhantes. Em virtude do nascimento prematuro, Amora tem paralisia cerebral e comprometimento motor.

“O que a gente lida com a prematuridade é pesadíssimo e a gente não dá conta. Buscar uma ajuda profissional psicológica e até mesmo um psiquiatra para ajudar com medicação, se for preciso, porque é pesado. E buscar compartilhar isso, buscar outras mães que já passaram por isso. A sensação que dá é que só o seu filho está passando por aquilo, a gente não conhece tantos prematuros assim.” Para ajudar pessoas que vivem os mesmos desafios, Agda mantém um perfil com vídeos e fotos das atividades da pequena Amora.

Pais e bebês juntos

Para alertar e informar sobre a prematuridade, a Rede Mundial de Prematuridade realiza anualmente uma campanha de sensibilização. Em todo o mundo, monumentos e prédios públicos são iluminados de roxo para chamar a atenção para a causa, na chamada Global Illumination Initiative.

Neste ano, o foco é a separação zero entre mãe e bebê prematuro, ou seja, permitir que a mãe tenha condições de ficar internada para acompanhar o filho prematuro o tempo todo e que o pai também tenha livre acesso. Em virtude da pandemia de covid-19, o ambiente hospitalar precisou se readequar às normas de segurança, o que acabou separando os bebês de seus pais.

Para a enfermeira neonatal e vice-diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Aline Hennemann, o contato direto entre mãe e bebê é fundamental para recuperação da criança.

“O nosso principal desafio hoje é mostrar para as pessoas que o prematuro não é um mini adulto, ele é um ser em formação. O lugar dele seria dentro do útero materno. Dentro das UTIs neonatais, a gente tenta reproduzir o útero materno, então os nossos desafios são levar atenção integral para esse bebê prematuro, para essa família, levar ambulatórios de segmentos que possam fazer o acompanhamento pós alta desse bebê prematuro e dessa família”, explica.

Anualmente, a ONG realiza atividades de sensibilização sobre o nascimento de bebês prematuros no Brasil. Em decorrência da pandemia, as atividades são realizadas de forma virtual este ano. Saiba como participar.

“Em virtude da pandemia de Covid-19, a campanha tem sido restrita ao ambiente virtual por meio das redes sociais, com material de sensibilização sobre o assunto”, disse a enfermeira. “Pai e mãe que passam por uma internação em UTI neonatal são comparados a soldados que participaram de uma guerra de tão traumática que é essa internação. E vão além das questões que a prematuridade provoca. Os impactos do nascimento de um bebê prematuro vão muito além do que as sequelas de saúde podem causar. Ela traz um trauma psicológico para as famílias”, afirmou.

O Novembro Roxo, mês da conscientização para os cuidados e prevenção da prematuridade, também alerta sobre o crescente número de partos prematuros, e como preveni-lo, além de informar sobre as consequências do nascimento antecipado para o bebê, para sua família e para a sociedade.

“Hoje, no Brasil, 11,8% dos bebês nascidos vivos são prematuros. A prematuridade é a maior causa de morte infantil antes dos cinco anos. Poucos conhecem isso. A prematuridade causa 10 vezes mais de óbitos de crianças do que o câncer. Então, é muito representativo”, explicou Aline.

Uma gravidez conturbada, perda de líquido ou de sangue, repleta de sintomas que trazem preocupação e mal-estar psicológico. As histórias sobre nascimentos de prematuros têm vários fatores em comum, mas no centro de todos estão mães que passaram por situações físicas e mentais extremamente desgastantes e lutam pela vida de bebês que podem ser tão pequenos quanto a palma da mão.

O Brasil apresenta estatísticas alarmantes sobre a prematuridade. Uma em cada 10 crianças brasileiras nasce antes de 37 semanas de gestação, de acordo os dados do Ministério da Saúde. E isso se reflete diretamente no bem-estar da família e das mulheres. O mês de novembro, além da conscientização sobre o câncer de próstata em homens, foi escolhido também para tratar o tema da prematuridade.

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Para discutir o assunto, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) promoveu, hoje (22), o painel Prematuridade: o cuidado centrado na família. Considerado referência no tratamento de crianças prematuras, o hospital já recebeu, apenas em 2019, mais de 200 bebês prematuros.

“Idealizamos um bebê totalmente diferente. Toda mãe pensa que aquele bebê que ela está gestando vai, assim que sair, para o colo. Mas a realidade neonatal dos prematuros é bem diferente. Eles vão direto para o auxílio da respiração mecânica”, explicou a especialista neonatal Lizandra Paravidine Sasaki, chefe da UTI Neonatal do HUB. “Esse grupo de pacientes existe, e eles precisam ser escutados. A rede de apoio e o suporte dessas famílias não vêm apenas da obstetrícia ou da ginecologia, vêm de uma equipe multidisciplinar que conta com psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais. Os cuidados precisam acontecer não apenas durante a fase crítica do bebê, mas durante todo o tratamento da família”, disse a doutora.

Saúde mental

Para Evandro de Quadros Scherer, doutor em psicologia clínica e pesquisador, o elo psicológico com o recém-nascido pode ser afetado pela necessidade de cuidados especiais. “Esses bebês quando nascem não estão com a psiquê completamente desenvolvida. O laço da relação com o filho é dificultado pela distância da UTI neonatal. É uma criança que não é aquele bebê idealizado, que não é aquele bebê coradinho, gorduchinho. São fatores que atrapalham a criação de vínculos psíquicos entre mãe e filho”.

Outro quadro possível é o de depressão pós-parto. De acordo com Scherer, a idealização da vida materna pode se tornar uma enfermidade quando o quadro de saúde do bebê não evolui como deveria. “A mulher cria uma imagem completamente diferente da maternidade, e os problemas da prematuridade podem se tornar empecilhos na criação de um vínculo materno e do investimento afetivo necessário”, explicou.

O valor do pré-natal

Bruna Heloísa Sousa, mãe de Samuel, que nasceu com 37 semanas de gestação e agora tem 2 meses, passou a compreender o valor do acompanhamento pré-natal após uma gravidez conturbada. Após ter dengue, zika, perda de líquido amniótico e sangramentos, o pequeno Samuel surpreendeu a mãe por ter nascido com síndrome de down. “Eu achava que o pré-natal era chato. Todas as consultas eram iguais. Mas entendi depois que cada exame é diferente, que cada fase trata de uma coisa diferente. Se eu pudesse voltar atrás e fazer, faria certinho”, lamenta a mãe de Samuel. “Se eu pudesse dar um conselho a todas as mamães do Brasil, eu diria: façam o pré-natal. A gente acha que é besta, mas é muito importante”.

Quando uma criança nasce prematura e abaixo do peso, o bebê é levado imediatamente para a incubadora. Até quatro décadas atrás, esse recém-nascido tinha que ficar isolado da mãe porque os médicos temiam principalmente o risco de infecções. Criado em 1979, em Bogotá, na Colômbia, o Método Canguru tira os bebês desse isolamento e estabelece o protagonismo materno no tratamento neonatal.

Os bebês são colocados em posição vertical no colo da mãe ou do pai, amparados por um tecido, como se fossem filhotes de canguru e podem ficar ali por horas. Não é que as incubadoras passem a ser substituídas, mas essa tecnologia humanizada funciona como um complemento importante no tratamento.

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“As incubadoras são muito boas, a tecnologia é muito apropriada para a saúde e a sobrevivência das crianças. O que fizemos foi permitir que as mães entrassem em todos os serviços de recém-nascidos, assim o bebê ficava com a pessoa mais importante para ele,” afirma Hector Martinez, pediatra e criador do Método Canguru. Ele ressalta que a presença da mãe é fundamental para o desenvolvimento do bebê.  

Além do vínculo afetivo que é fortalecido com esse contato pele a pele diário, os benefícios da prática incluem regularização da temperatura do bebê – por causa do calor do colo dos pais – e ganho de peso. “O Método Canguru favorece muito o aleitamento materno. Todas as pesquisas realizadas demonstram que os bebês que utilizam o método mamam por mais tempo exclusivamente no peito, e a mãe tem facilidade maior para amamentar,” ressalta a pediatra neonatologista e consultora do Ministério da Saúde Zeni Lamy. Segundo a especialista, que é uma das precursoras da introdução da prática no Brasil, estudos demonstram que, a longo prazo, ela leva a uma melhor escolaridade e a menos comportamentos de desvios, como o uso de álcool e outras drogas, além da violência.

No Brasil, o Método Canguru é adotado há 20 anos e hoje é utilizado por 200 unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). A mãe fica em um leito próximo ao do bebê e pode ficar com a criança no colo quanto tempo quiser. No mundo, a metodologia está presente em cinco continentes e é uma ferramenta para ajudar os 20 milhões de bebês prematuros que nascem todos os anos.

O parto teve de ser feito de urgência, ela já estava com oito dedos de dilatação, mas ainda com 24 semanas de gestação. A bolsa amniótica saiu antes, caiu no vaso sanitário após a mulher fazer xixi. Bateu o desespero. "Lembro de alguns flashs", conta. Eva nasceu de olhos abertos, fez até movimento de choro, mas o som não saiu. Com todos os seus 29 centímetros e 740 gramas, a pequena foi levada para a unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal.

Três anos depois, a analista de sistemas Priscila Lopes, de 31 anos, relembra o quanto foi inesperado viver um parto prematuro. A experiência, apesar de traumática para mães e pais, também lhe trouxe algumas lições. "A gente aprende a ter paciência e a valorizar as pequenas coisas."

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A Organização Mundial da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmam que 30 milhões de bebês nascem cedo demais, pequenos demais ou adoecem a cada ano no mundo. No Brasil, o décimo no ranking, estima-se que sejam 300 mil partos prematuros anualmente.

"É um momento muito crítico. Além da desconstrução do bebê idealizado, que viria com 3,5 quilos, iria para o quarto do hospital por uns dias e depois para casa, tem a preocupação com a saúde. Vendo o filho lutando para sobreviver, eles [os pais] se sentem de mãos atadas", afirma Denise Suguitani, diretora executiva da ONG Prematuridade.com.

São considerados bebês prematuros aqueles que nascem antes das 37 semanas de gestação. Quanto menor a idade gestacional, maiores os riscos de problemas futuros e mais intensos serão os cuidados. Mas o avanço da medicina e, principalmente, da neonatologia permite que esses pequenos guerreiros - porque, sim, eles também lutam pela vida - se desenvolvam da forma mais normal possível.

"Hoje, um bebê nascer com 30, 32 semanas não é tão complicado quanto antes. Trabalhamos exatamente para evitar as sequelas", diz a neonatologista Edinéia Vaciloto Lima, chefe responsável pela UTI neonatal da Pro Matre Paulista. Ela explica que, a menos que a mulher apresente sinais que indiquem um parto prematuro, não há como prever a situação.

O mais importante, segundo a especialista, é fazer o pré-natal corretamente e acompanhar a gestação. Caso o médico identifique algo que possa levar a um parto prematuro, algumas medidas podem ser adotadas. "Pode-se inibir com internação, repouso, para que o parto seja o menos prematuro possível", afirma.

A escritora Marina Barbieri, de 32 anos, foi indicada, por exemplo, a inserir uma medicação na vagina para evitar o trabalho de parto. A medida foi recomendada no momento em que ela estava para viajar aos Estados Unidos para se casar. "Fiquei com muito medo de nascer prematuro porque eu fui prematura", diz. Ela tinha alguns fatores de risco: colo do útero curto e início de diabete gestacional.

Ao retornar da viagem, ela notou que a pressão arterial começou a aumentar, problema que nunca teve antes. Os pés e rosto estavam inchados. Um dia, como que por instinto, resolveu ir ao hospital, onde mediram a pressão arterial, coletaram urina para exame e detectaram pré-eclâmpsia, um quadro potencialmente perigoso caracterizado justamente pela hipertensão. Ela foi internada e, no segundo dia, a pressão chegou a 22 por 14. O parto de Francisco tinha de ser naquele momento, em novembro do ano passado, dois meses antes do esperado. "Foi desesperador", ela define. Ele nasceu às 30 semanas de gestação, com 1,5 quilo e 41 centímetros.

Causas do parto prematuro

 

O Novembro Roxo é uma campanha que busca discutir a prematuridade, cujo dia mundial é celebrado em 17 de novembro. As causas de uma parto prematuro são multifatoriais. Pode ocorrer devido a doenças prévias na mulher, como pressão alta e diabete, por enfermidades que surgem durante a gestação, como infecção urinária, e gravidez de gêmeos. A idade avançada da mãe também é um dos fatores, mas não determinante. Esses e outros quadros que variam de uma mulher para outra podem levar ao trabalho de parto prematuro e necessidade de uma cesárea precoce.

Prematuridade e apoio emocional

 

Marina e Priscila são exemplos de que a prematuridade independe de todos os cuidados que a mulher tenha. E a ocorrência, definitivamente, não é culpa da mãe. Esse sentimento, de alguma forma, fica no pensamento e no subconsciente dessas mulheres e, por isso também, é importante que elas tenham apoio emocional e psicológico.

"Uma das principais dificuldades relatadas é a falta de apoio psicológico", diz a diretora da ONG Prematuridade.com, que há cinco anos convive com famílias de prematuros. "A gente sabe que, na maioria dos hospitais, o profissional de psicologia se divide em várias unidades e não consegue dar atenção específica para essas famílias. Mas isso faz toda diferença. Ao chegar na UTI, precisa de preparo, de cuidado humanizado", afirma Denise.

O atendimento é necessário porque viver dias, meses à espera da melhora do bebê pode ser devastador. A americana Kim Roscoe, cujo filho nasceu três meses antes do esperado, passou quase 190 dias com ele na UTI neonatal. Em entrevista ao The New York Times, ela contou que foi diagnosticada com estresse pós-traumático, doença mental frequentemente associada a sobreviventes de guerra.

Priscila teve o atendimento de uma psicóloga no hospital, mas conta que conversar com outros pais e mães de prematuros foi o que mais lhe ajudou. A rede de apoio familiar, com a mãe e sogra ajudando na rotina da casa para que ela se dedicasse à filha, também foi essencial. Igualmente, Marina valoriza o grupo de apoio mútuo que se forma na UTI neonatal. "Quando aconteceu tudo, me fechei para o mundo exterior, porque ninguém entendia", diz.

Denise destaca que, nesses momentos, a presença do pai da criança é tão importante quanto a da mãe. "No primeiro momento, ele dá suporte à mãe, que tem de estar tranquila, o mais calma possível, até pela questão do leite. A presença na UTI também é importante, porque o bebê já ouvia a voz dele quando estava na barriga. Ele pode ajudar participando do final da gestação externa, fazendo posição canguru", explica.

Possíveis consequências do parto prematuro

 

A neonatologista Ednéia afirma que o número de sequelas e intercorrências para o bebê está diretamente ligado à idade gestacional na hora do nascimento. Uma pesquisa da Prematuridade.com, feita com três mil pais, familiares e amigos de bebês prematuros entre outubro de 2016 e junho de 2019, mostrou que a complicação mais comum é motora, com 40,1% dos casos. Em seguida, aparecem os problemas respiratórios (34,4%), a dificuldade visual (21,4%) e as dificuldades nutricionais e alimentares (14,5%).

Medidas também podem ser adotadas para evitar esses problemas, como medicamentos que ajudam no amadurecimento do pulmão do bebê, órgão que é um dos últimos a se formar, e que protegem o sistema neurológico. "Esse bebê também corre risco de hemorragia intracraniana, problema cardíaco, que precisa de intervenção cirúrgica", elenca Ednéia. Eva, filha de Priscila, teve de fazer uma cirurgia para fechar um canal arterial 18 dias após nascer. Ela pesava 800 gramas.

O leite materno é sempre essencial e ainda mais para o bebê prematuro. A neonatologista explica que o organismo da mulher se adequa e começa a produzir leite após o nascimento do bebê. Priscila conseguiu proporcionar leite para a filha, ainda que pouco, em algumas mamadas, porém Marina, devido ao estresse, sofreu com ausência de leite.

Existe vida após a UTI

 

Eva passou 120 dias na unidade de terapia intensiva. Francisco ficou 85 dias. Cada dia foi uma batalha, tanto para os bebês quanto para as famílias. Felizmente, eles se desenvolveram bem, cresceram saudáveis e sorridentes.

Priscila teve mais um filho depois disso, o João, que nasceu com 38 semanas de gestação e tem agora sete meses de vida. Marina, que compartilha relatos sobre a experiência em seu perfil no Instagram, está escrevendo um livro para contar a história do filho e dos bebês que viu na UTI.

"O importante é a gente sempre ter na cabeça que aqueles dias vão passar, mesmo que demore um pouco mais. Todo aquele medo, incerteza se transformam em coisa boa, muito bonita, que é ver o filho bem. A gente fica muito orgulhosa", afirma a escritora.

Quando nasceu, em 28 de março de 2017, Rafaella cabia nas palmas das mãos ou "numa caixinha de sapato, com espaço sobrando ainda", conta a mãe, a operadora de telemarketing Greice Kelly Amaral, de 30 anos.

Durante a gravidez, a paulistana foi diagnosticada com uma doença rara que enfraquece os músculos, a dermatomiosite. Descobriu ainda que o problema de saúde prejudicava o andamento da gestação: uma das crianças - a gravidez era de gêmeos - tinha baixo peso e redução do fluxo sanguíneo na placenta. O outro bebê, Hulisses, se desenvolvia normalmente.

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Ao completar cinco meses de gravidez, já internada por causa da doença e das complicações, Greice foi informada pela equipe médica que teria de fazer uma escolha difícil. "Ou eu prosseguia a gestação para dar maiores chances ao Hulisses, mas com grande risco de a Rafaella morrer na minha barriga, ou eu tirava os dois e entregava na mão de Deus", conta a mãe. "Não pensei duas vezes. Nem liguei para o meu marido para perguntar. Decidi fazer a cesárea dos dois porque eu não ia desistir da minha filha", relata.

O parto foi feito. Hulisses nasceu com 720 gramas, peso esperado para a idade gestacional. Rafaella, porém, veio ao mundo com apenas 340 gramas, condição dramática, segundo os médicos. "É rara a sobrevida de bebês com menos de 400 gramas. A taxa de sobrevivência não passa de 5%", diz Graziela Del Ben, médica chefe da UTI neonatal do Hospital São Luiz, onde a bebê nasceu.

Tensão

A mãe relembra a tensão dos primeiros dias. "Os médicos falaram que as 48 horas iniciais eram cruciais porque é nesse período que muitos prematuros não resistem. Ela sobreviveu e no primeiro mês teve duas paradas cardíacas. Era tão frágil que fraturou os dois braços e uma perna ao se movimentar muito na incubadora. A gente ia para casa com medo de ela não estar viva no dia seguinte."

Ao longo dos meses, porém, Rafaella foi mostrando que poderia ser uma exceção às estatísticas. Passadas as semanas iniciais, foi ganhando peso e deixando a família mais esperançosa. "O aspecto mais crítico era o respiratório. O pulmão era muito imaturo. Aos três meses, ela saiu da intubação. Aos poucos, foi evoluindo", conta a médica. "Nosso desafio era monitorar essa parte respiratória, fazer de tudo para ela não perder calor e trabalhar com manipulação mínima da criança", conta.

O contato físico com o bebê tinha de ser tão criterioso que a mãe só pôde segurá-la nos braços quando ela tinha seis meses. Na quarta-feira passada, a história que tinha tudo para ser triste ganhou o seu primeiro final feliz. Prestes a completar 10 meses, Rafaella teve alta e se tornou a menor bebê nascida no Brasil a sobreviver, segundo a equipe médica do Hospital São Luiz. O irmão já havia ido para casa bem antes: aos 6 meses de vida.

A bebê foi liberada pelos médicos após alcançar surpreendentes 6,6 quilos e melhorar a capacidade pulmonar. "Ela ainda está com um suporte de oxigênio e uma sonda de alimentação, mas não são coisas permanentes", conta a mãe. "A primeira vez que minha filha me viu chorar foi quando ela teve alta. Mesmo com todas as dificuldades, eu não chorava na frente dela porque achava que não ia fazer bem, que eu precisava demonstrar força. Fico feliz que as primeiras lágrimas que ela viu no meu rosto tenham sido de felicidade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pedro não fala nem anda, mas já é cliente de um spa. Aos 6 meses, recebe sua dose semanal de mordomia, que inclui flutuação em água morna e massagem. As sessões começaram quando a criança tinha só 2 meses. "Ele pula tanto dentro da água, faz gracinhas e já empurra a beirada da piscina para ganhar espaço", diz a mãe, a enfermeira Ana Raquel Côrtes, de 36 anos. Depois, Pedro faz shantala - massagem de origem indiana -, "sai de lá e capota". A mãe diz que ele está dormindo melhor e tem menos cólicas.

O Vila Baby Spa, em Belo Horizonte, é o primeiro do País a oferecer a flutuação para bebês. Os pequenos são colocados em uma boia apoiada no pescoço e ficam sozinhos na água aquecida a 37ºC durante 15 minutos.

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Spas com método semelhante já funcionam em outras partes do mundo, como Austrália, Estados Unidos e Portugal. "As mães procuram porque o bebê não dorme e está com cólica. O método é eficaz para essas situações", diz Ellen Rocha, enfermeira e gerente do espaço, que abriu em outubro de 2016 e já atendeu 144 bebês.

Autonomia

Metade deles, diz Ellen, são crianças que nasceram prematuras. A técnica, segundo ela, ajuda no sistema cardiorrespiratório e no desenvolvimento neuropsicomotor, além de estimular a autonomia das crianças. As sessões - que custam R$ 150 - têm acompanhamento de profissionais como enfermeiras, terapeutas ocupacionais e nutricionistas e a presença do pai ou da mãe é obrigatória. "A criança está solta (na água), mas o ponto de referência, de segurança, tem de estar ali. Isso fortalece o vínculo e a confiança", diz Ellen.

A gerente de recursos humanos Karin Lundberg, de 39 anos, procurou o método para o casal de gêmeos Maya e Gael. Os bebês nasceram de 31 semanas e ficaram um mês na UTI. Começaram a frequentar o spa com 8 semanas de vida - idade mínima para início das sessões. "Meu filho até dormiu na piscina. Se sentia à vontade", afirma Karin. "Saíam morrendo de fome e dormiam bem à noite", completa.

Consultado sobre a técnica, o fisioterapeuta e diretor científico da Sociedade Brasileira de Fisioterapia (SBF) Wiron Lima disse que "abordagens aquáticas são sempre positivas para bebês".

Segundo ele, as vantagens obtidas incluem "simular ambiente uterino, conforto térmico e a redução de impactos nas atividades". Lima destaca ainda a importância da revisão das boias e a necessidade de acompanhamento de profissionais para a atividade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto a população norte-americana se recupera do trauma de mais um ataque extremista no país, um senhor de 82 anos se dedica às crianças que nascem prematuras.

Este senhor é David Deutchman, ex-empresário, que há 12 anos é voluntário na UTI neonatal no Scottish Rite Hospital, em Atlanta, EUA. Ele se dedica a oferecer carinho aos bebês internados, cantarolando e embalando esses prematuros, por algumas horas, duas vezes por semana.

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Para os médicos do hospital, carinho do idoso é essencial para os bebês que, em muitos casos, não tem os pais muito presentes por conta de trabalho e/ou porque tem outros filhos e não ter com quem deixar. David, que é conhecido por todos os funcionários do hospital, tem duas filhas e dois netos já adultos.


No dia em que o Brasil disputa as quartas de final da Copa do Mundo, a torcida pela seleção vem também dos recém-nascidos do Recife. No Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP), localizado no bairro da Ilha do Leite, área central da Capital, as mães, da unidade Mãe Canguru, vestiram seus filhos com roupas nos tons verde amarelo. Os bebês são prematuros.

A Unidade Mãe Canguru é onde a mãe e o filho prematuro ficam juntos por 24 horas, até a alta hospitalar. Durante esse período, as mães recebem orientação especial, como cuidados com higiene da criança e a importância da amamentação, translactação e lactação. Desde a sua criação, em 1994, o projeto já atendeu mais de três mil crianças.

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Os compromissos do pré-candidato à Presidência da República, senador Aécio Neves (PSDB), no Recife e em Jaboatão nesta segunda-feira (9) foi adiada em virtude do nascimento dos gêmeos do parlamentar: Julia e Bernardo. Os filhos do parlamentar com Letícia Weber nasceram no último sábado (7) no Rio de Janeiro.

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Segundo informações da assessoria do PSDB a nova vinda do tucano a Pernambuco deverá ser redefinida em breve, no entanto, ainda não há data oficial da visita. No Estado, o líder nacional do PSDB iria conversar com o governador João Lyra Neto (PSB), conceder entrevista de imprensa, almoçar com correligionários no Mercado da Boa Vista, receber título de cidadão recifense na Câmara de Vereadores, e por fim, participar de ato político ao lado de militantes em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife.

Prematuros – Os filhos do senador nasceram prematuros e estão em acompanhamento clínico na UTI Neonatal da Perinatal Laranjeiras, Zona Sul do Rio.

Bebês prematuros que nascem no Hospital Regional de Santa Maria, região administrativa localizada a 26 quilômetros de Brasília, estão sendo colocados em minirredes de algodão, adaptadas dentro das incubadoras, como uma alternativa para melhorar o conforto. A UTI Neonatal também usa o recurso da música clássica e instrumental como som ambiente para acalmar os recém-nascidos.

De acordo com o supervisor de Enfermagem da UTI Neonatal, Wilian Barbosa, o trabalho é complementar e não chega a ser classificado como tratamento, mas auxilia os bebês que nasceram com menos de 37 semanas no ganho de peso e antecipa a alta médica. “Todas as medidas de conforto que podemos oferecer auxiliam no tratamento”, explicou.

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Segundo ele, o bebê colocado na minirrede fica em posição similar à posição intrauterina. A prioridade é dada aos prematuros mais agitados ou mais chorosos e também aos que não contam com o acompanhamento da mãe durante o tratamento (seja por abandono ou por morte após o parto).

Dependendo da aceitação da criança, o período na minirrede pode durar até quatro horas seguidas. Já a música clássica e instrumental é usada durante todo o dia para ajudar a tranquilizar os bebês e só é desligada à noite.

“A maioria das crianças está internada para ganhar peso. E, quanto mais confortável a criança fica, mais peso ela ganha. A criança fica mais calma e isso diminui o tempo de internação”, disse Barbosa.

As grávidas expostas a ftalatos, um composto químico usado principalmente em plásticos, tintas e cosméticos como desodorantes, correm mais risco de dar à luz bebês prematuros, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira (18).

Os autores desta pesquisa, entre eles Kelly Ferguson, da faculdade de Saúde Pública da Universidade de Michigan (norte), estudaram os casos de 130 mulheres que tinham dado à luz de forma prematura e os de outras 352 que tiveram analisadas amostras de urina durante a gravidez para determinar o nível de resíduos de ftalatos.

"Nossos resultados mostram um vínculo significativo entre uma exposição a ftalatos durante a gravidez e nascimentos prematuros, o que confirma observações precedentes feitas no laboratório e resultados de estudos epidemiológicos", destacou Ferguson no artigo, publicado no periódico Journal of the American Medical Association (JAMA, na sigla em inglês).

Na opinião da especialista, as conclusões deste estudo podem ser aplicadas ao conjunto de grávidas nos Estados Unidos e em outros países. Os dados levantados pela pesquisa criam uma base sólida para prevenir ou reduzir a exposição aos ftalatos durante a gravidez, afirmaram seus autores.

A principal causa de mortalidade entre recém-nascidos são os nascimentos antes da 37ª semana de gestação, o que não se estuda suficientemente, advertiram os pesquisadores. O trabalho lembrou, por outro lado, que exames precedentes revelaram que mulheres expostas a ftalatos tinham níveis hormonais que podiam desajustar o funcionamento da tiroide e estavam vinculados ao câncer de mama e à endometriose.

Em um editorial publicado junto com a pesquisa, a doutora Shanna Swan, da faculdade de Medicina do hospital Monte Sinai de Nova York, avaliou que este estudo "é o mais forte até agora que sugere que os ftalatos estão em tudo o que cerca as grávidas e que poderiam ser um importante fator que explique os nascimentos prematuros, cujas causas são desconhecidas hoje em dia".

Estudo aponta que 11,7% dos partos feitos no Brasil são prematuros, ou seja, ocorrem antes de a gestação completar 37 semanas. Segundo o levantamento, coordenado pelo Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, feito com a participação de 12 universidades, entre as gestantes menores de 15 anos, o índice de partos prematuros é 10,8%. Entre as mães na faixa dos 20 aos 34 anos, 6,7% dos partos são prematuros.

O estudo Prematuridade e Suas Possíveis Causas, referente a 2010, também mostra que as regiões Sul e Sudeste são as que têm os maiores percentuais de prematuridade, 12% e 12,5%, respectivamente. No Centro-Oeste, o índice é 11,5%; no Nordeste, 10,9%; e no Norte, 10,8%.

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2010, nasceram 15 milhões de crianças prematuras em todo o mundo. O Brasil está na décima posição entre os países onde mais nascem prematuros. A pesquisa também aponta que enquanto a taxa de mortalidade infantil está diminuindo, há um crescimento de desse tipo de ocorrência.

De acordo com o estudo, as mulheres indígenas apresentam o maior percentual de partos prematuros, 8,1%. Entre as brancas, o índice é 7,8%; entre as negras, 7,7%; entre as pardas, 7,1%; e entre as de pele amarela, 6,3%.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) indica a relação entre o aumento da prematuridade e a realização de cesarianas. As mais altas taxas de cesarianas verificam-se nas regiões mais desenvolvidas (Sudeste, Sul e Centro-Oeste), enquanto as mais baixas estão nas regiões Norte e Nordeste. A entidade, porém, ressalta que é preciso um estudo mais aprofundado para ter certeza dessa relação.

O Brasil apresenta as mais altas taxas de cesarianas no mundo, segundo o Unicef. A entidade destaca que a incidência aumentou de 37,8% do total de partos, em 2000, para 52,3%, em 2010. A OMS recomenda que a taxa não ultrapasse os 15%, e alerta que o excesso de cesarianas aumenta a mortalidade de mães e de crianças.

De acordo com o levantamento, que teve o apoio do Unicef e do Ministério da Saúde, a prematuridade é a principal causa de morte de crianças no primeiro mês de vida.  No Brasil, a taxa de mortalidade de crianças abaixo de 1 ano é 16 para cada mil nascidos vivos, segundo a Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa).

O estudo também mostrou que no Brasil aproximadamente 8% dos bebês nascem com baixo peso, ou seja, com menos de 2,5 quilos. As mulheres negras respondem pelo maior percentual de nascimentos de crianças abaixo do peso, 9,4%, seguida pelas brancas, com 8,3%, e as pardas, com 8,2%. Entre as de pele amarela e as indígenas, os índices são 7,6% e 7,7%, respectivamente.

Aproximadamente 15 milhões de bebês nascem de forma prematura (antes de 37 semanas de gestação) a cada ano no mundo, o que representa mais de um em cada 10 bebês, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) publicados nesta sexta-feira, véspera do Dia Mundial da Prematuridade.

"Há no mundo 15 milhões de bebês prematuros, dos quais um milhão morre a cada ano", declarou a diretora do departamento de Saúde e Desenvolvimento da Criança e do Adolescente da OMS, Elizabeth Mason, durante uma coletiva de imprensa.

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O nascimento prematuro é a principal causa da morte de bebês em suas quatro primeiras semanas de vida, e a segunda causa de morte, depois da pneumonia, em crianças menores de cinco anos.

"Sessenta por cento (dos casos de prematuros) se encontram na África e no Sul da Ásia", indicou Mason.

Nos países mais pobres, em média, 12% dos bebês nascem prematuros, contra 9% nos países com renda mais elevada. A taxa de sobrevivência também apresenta desigualde segundo a riqueza dos países.

Para a OMS, é um "problema global". Os 10 países com as maiores taxas de partos prematuros são Índia, China, Nigéria, Paquistão, Indonésia, Estados Unidos, Bangladesh, Filipinas, República Democrática do Congo e Brasil.

A OMS enfatiza que em quase todos os 65 países que apresentam dados confiáveis, este fenômeno tem aumentado nos últimos 20 anos.

Isto pode ser explicado, de acordo com a OMS, por um aumento do número de mulheres mais velhas que têm seus bebês, e o aumento do uso de tratamentos de fertilidade que leva a maiores taxas de gestações múltiplas.

A OMS estima que parte dos bebês prematuros pode ser salva sem recorrer aos tratamentos intensivos neonatais com, por exemplo, a injeção de esteróides durante o pré-natal nas mães com contrações prematuras.

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